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1 UNIVERSIDADE FEDERAL SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS NATUREIS E EXATAS DEPARTAMENTO DE FÍSICA FSC1133 – LABORATÓRIO DE OSCILAÇÕES ONDAS E FLUIDOS Prof. Dr. Aguinaldo Medici Severino Aluno: Caio Aguiar. Experimento 4 Ondas sonoras e velocidade do som 1. Resumo O experimento teve como objetivo determinar a velocidade do som no ar através da técnica de ressonância utilizando diapasões e tubos de água. Para isso, foram utilizados diapasões de frequências conhecidas. Inicialmente, cada diapasão foi colocado sobre um tubo contendo água e conectado a outro tubo também preenchido com água. Quando o diapasão era soado, o tubo auxiliar era gradualmente elevado, aumentando assim o nível de água no tubo abaixo do diapasão. Esse aumento de água resultava em um ponto de ressonância, identificado pela intensificação do som percebido. Ao final do experimento, os dados coletados permitiram a determinação precisa da velocidade do som no ar, fornecendo uma compreensão prática e experimental desse importante parâmetro físico. Palavras-chave: Diapasão, velocidade, som, tubo, ressonância. 2. Objetivos Cálculo da velocidade do som Determinação do comprimento de onda Determinação da coluna de ar acima da água 3. Fundamentação teórica As ondas sonoras são classificadas como ondas longitudinais, o que significa que sua direção de propagação coincide com a direção da perturbação que as gera. Quando a perturbação é pontual, a frente de onda é esférica; se a perturbação é um plano, a frente de onda é plana. No caso de uma perturbação harmônica, o deslocamento da onda é descrito pela função s(x,t) = s0 . sen (κ ⋅ x ± ω ⋅ t + ϕ), onde s0 e ϕ são constantes de integração derivadas das condições iniciais, ω =2π.f é a frequência angular de oscilação e κ= λ.2π é o número de onda da oscilação. 2 A velocidade de propagação das ondas longitudinais é determinada pela relação v=λ/T, onde λ é o comprimento de onda e T é o período de oscilação. Os sinais ± na função s(x,t) representam os dois sentidos que as ondas longitudinais progressivas podem ter. Quando as ondas sonoras se propagam, o deslocamento das partículas do ar resulta em regiões de compressão (alta pressão) e expansão (baixa pressão). A diferença de pressão entre essas regiões adjacentes pode ser descrita por Δp(x,t) = Δp0 ⋅sen(κ⋅x±ω⋅t). A amplitude de pressão sonora Δp0 é normalmente muito menor que a pressão do meio (p), podendo ser expressa em termos da amplitude do deslocamento da onda. Quando duas ondas sonoras progressivas, de mesma amplitude, número de onda e frequência, mas de sentidos opostos, interferem entre si, ocorre o fenômeno de ressonância. Nesse caso, a amplitude da oscilação aumenta consideravelmente e a onda é dita estacionária, correspondente a um modo normal de vibração. O deslocamento da onda estacionária é descrito por s(x,t) = 2.s0 ⋅ sen(κ⋅x)⋅cos(ω⋅t), onde a parte espacial da função é desacoplada da parte temporal. No experimento realizado, estudam-se ondas estacionárias no ar dentro de um tubo de comprimento L, com uma extremidade aberta e outra fechada. Em uma primeira aproximação, as partículas próximas à extremidade fechada estão em repouso (nó), enquanto as próximas à extremidade aberta estão em máximo de amplitude (ventre). A condição para ressonância ocorre quando sen(κ⋅x) = ±1, o que implica em κ⋅L = ±n.π, onde n é um número inteiro. Os harmônicos nesse caso são ímpares, correspondendo a frações do comprimento da onda no tubo. Já quando incluímos a temperatura ao sistema molecular, para deduzir a relação entre a velocidade do som e a temperatura, podemos considerar a relação entre a velocidade do som e a velocidade média das moléculas do ar. Sabemos que a velocidade média das moléculas está diretamente relacionada com a temperatura, de acordo com a teoria cinética dos gases. A velocidade média das moléculas do ar (vm) pode ser expressa em termos da energia cinética média das moléculas vsom= √3kT/m onde k é a constante de Boltzmann, T é a temperatura em Kelvin, e m é a massa molecular do ar. Por outro lado, a velocidade do som (vsom) em um gás está relacionada à velocidade média das moléculas e ao coeficiente adiabático (γ) do gás pela equação vsom= √𝛾 ⋅ 𝑃/𝜌 onde P é a pressão do gás, e ρ é a densidade do gás. 3 Para o ar em condições normais de pressão e temperatura, podemos assumir que a densidade do ar e a pressão atmosférica são constantes. Portanto, podemos simplificar a equação da velocidade do som para vsom = √𝛾 ⋅ 𝑃/𝜌 ≈√𝛾 ⋅ 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒/𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 . O coeficiente adiabático para o ar é aproximadamente 1,4. Assumindo que a pressão e a densidade do ar sejam constantes em condições normais, podemos considerar apenas a relação entre a temperatura e a velocidade média das moléculas. Substituindo a expressão para a velocidade média das moléculas do ar na equação para a velocidade do som, temos vsom= √𝛾 ⋅ 3kT/m Como estamos trabalhando com temperaturas em graus Celsius, precisamos converter para Kelvin (Tk = TC + 273,15). Após a conversão, podemos reescrever a equação como vsom= √𝛾 ⋅ 3k(Tk = 𝑇𝐶 + 273,15)/m. Substituindo a constante de Boltzmann (k=1,38×10−23 J/K) e a massa molecular do ar (m = 28,97 g/mol), e aproximando γ para 1,4, obtemos: vsom = 331,3 + 0,607 . 𝑻𝑪 equação 1 Sendo essa equação válida para temperaturas normais do ar, onde a pressão atmosférica é aproximadamente 1 atm. 4. Arranjo e método experimental Para realização do experimento foram utilizados os seguintes materiais e equipamentos: ● 1 diapasão; ● 1 papel milimetrado; ● 1 régua milimetrada; ● 1 termômetro de mercúrio; ● 2 tubos conectados por uma mangueira; Inicialmente, cada diapasão foi colocado sobre um tubo contendo água e conectado a outro tubo também preenchido com água. Quando o diapasão era soado, o tubo auxiliar era gradualmente elevado, aumentando assim o nível de água no tubo abaixo do diapasão. Esse aumento de água resultava em um ponto de ressonância, identificado pela intensificação do som percebido, assim um ponto era marcado no papel milimetrado, na descida do tubo, o mesmo procedimento era feito, obtendo assim dois valores para cada frequência. As medidas individuais de L = λ/4 foram associadas a cada frequência de diapasão e o ponto de ressonância foi determinado pela altura da água no tubo. Essas informações foram utilizadas para calcular a velocidade do som no ar através da fórmula. A temperatura do laboratório também foi anotada (25 ºC) de modo que pudéssemos calcular a velocidade do som quando influenciada pela temperatura. 4 5. Resultados e discussões: A partir dos dados obtidos montou-se a tabela a seguir. Frequência n1 (m) n2 (m) f1 = 512 Hz 0,145 0,145 f2 = 440 Hz 0,170 0,171 f3 = 384 Hz 0,199 0,199 f4 = 320 Hz 0,244 0,246 f5 = 256 Hz 0,316 0,316 A partir dos dados obtidos, utilizando a equação 1, calculou-se a velocidade do som de acordo com a temperatura da sala onde fora realizado o experimento, o que resultou em vsom = 346,5 m/s. Com os dados tabelados, também pode-se estimar o comprimento de onda e da coluna de ar que corresponde a cada frequência utilizando a velocidade do som já calculada. Porém, como o procedimento experimental está sujeito a algumas imprecisões, calculamos as incertezas envolvidas. f1=512 Hz f2=440 Hz f3=384 Hz f4=320 Hz f5=257 Hz Valor médio L 0,145 0,1705 0,199 0,245 0,316 Desvio padrão 𝜎L 0 0,001 0 0,001 0 Desvio padrão da média 𝜎Lmed 0,004 0,004 0,004 0,004 0,004 Vsom (4.L.f) 296,96 300,08 305,664 313,6 324,848 Desvio padrão velocidade 𝜎v 8,192 7,04 6,144 5,12 4,112 Vsom (Vméd ± 𝜎v ) 308,03 308,03 308,03 308,03 308,03 Incerteza em L(m) 𝜎L ±0,001 ±0,001 ±0,001 ±0,001±0,001 Com os dados obtidos na primeira tabela, e os valores da tabela 2, buscou-se determinar o comprimento da onda sonora emitida pelo diapasão, a altura da coluna de ar presente no primeiro harmônico e a coluna no segundo harmônico, vide tabela abaixo: f1=512 Hz f2=440 Hz f3=384 Hz f4=320 Hz f5=257 Hz comprimento de onda λ (m) 0,68 0,79 0,90 1,08 1,35 1º harmônico L = λ/4 (m) 0,17 0,20 0,225 0,27 0,34 2º harmônico L = 3λ/4 (m) 0,51 0,60 0,675 0,81 1,02 Por fim, fora gerado um gráfico para as frequências utilizadas e os correspondentes comprimentos de onda nas ressonâncias (λ x f-1), gráfico este que quando ajustada uma função linear, resulta na velocidade do som no ar da sala. 5 6. Conclusão A partir dos resultados obtidos, foi possível perceber que quando a altura da coluna de ar no tubo atinge um valor que corresponde a um múltiplo inteiro do comprimento de onda sonora, ocorre ressonância. Isso gera uma onda estacionária dentro do tubo, com ventres e nós em posições específicas. Calculou-se a velocidade do som com uma precisão razoável, considerando as incertezas experimentais, o valor obtido para a velocidade do som foi em torno de 308m/s. Ao compararmos esse valor com a velocidade teórica do som no ar a 25 ∘C, que é aproximadamente 343m/s, percebemos que os valores experimentais ficaram ligeiramente abaixo do valor teórico. É importante ressaltar que o experimento apresenta algumas fontes de incerteza, como, variações na temperatura ambiente e imprecisões no procedimento experimental, como o fato de medidas de altura da coluna de ar estarem sujeitas a erros de leitura devido a imprecisões no posicionamento da régua e a determinação precisa do ponto de ressonância por ouvido humano destreinado é imprecisa. Esses fatores podem ter influenciado os resultados e contribuído para as incertezas associadas às medições. Apesar das limitações, o experimento proporcionou uma compreensão prática e experimental da velocidade do som no ar, demonstrando a aplicação dos princípios de ressonância e ondas sonoras. Os resultados obtidos, embora um pouco abaixo do valor teórico, estão em acordo com as expectativas teóricas. 7. Referências Young, H. D., & Freedman, R. A. (2009). Física II: Termodinâmica e ondas. 12ª ed. Pearson Addison Wesley .
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