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Aula 2 Teologia conceitos e métodos

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Introdução aos
Estudos Teológicos
Aula 2: Teologia: conceitos e métodos
INTRODUÇÃO
Na aula anterior, compreendemos o que é Teologia e, agora, vamos estudar a Teologia como
uma ciência, um campo de pesquisa, identi�cando os pontos relevantes para re�exão.
Relacionaremos fé e razão.
A Teologia é uma re�exão humana no contexto e em seus limites, bem como na pluralidade e
relação.
Servidora da Igreja, a Teologia traz uma marca confessional. Não é limitada a ela, mas
enriquecida no diálogo intereclesial com outras perspectivas e múltiplas linhas de pesquisa.
Falaremos mais sobre esse assunto, nesta aula.
Bons estudos!
OBJETIVOS
Estabelecer a Teologia cristã como ciência.
Relacionar Teologia e matriz cultural.
Aqui se distinguem, sem dúvida, duas coisas: dá o conselho para crermos
em primeiro lugar, para que em seguida possamos entender o que
cremos. Portanto, é a própria razão que exige a precedência da fé sobre a
razão. Já vês que, se esse preceito não fosse racional, haveria de ser
irracional: Deus te livre de pensar em tal coisa. Logo, se este preceito é
racional, não cabe dúvida de que a mesma razão, que dá precedência à fé
sobre a razão quando se trata das grandes questões que não se podem
ainda compreender, deve ela própria preceder à fé. (Agostinho apud Boff,
2014, p. 27)
A Teologia como ciência
Ciência (glossário) é o conhecimento em que
de�nimos sua causa para demonstrá-la. A partir
do desenvolvimento da ciência, obtemos o
conhecimento sistematizado por meio de um
método.
Na Teologia, “o que faz uma ciência não é seu assunto (objeto material), mas o modo como
esse assunto é tratado (objeto formal)” (BOFF, 2014, p. 21).
Apesar de não ser um posicionamento unânime (glossário), vamos trabalhar com a seguinte
de�nição:
Teologia é a ciência que apresenta a Revelação de modo crítico,
sistemático e amplo, buscando a compreensão do Mistério revelado em
si mesmo e suas consequências para a existência humana.
Existem muitas maneiras de fazer e pensar a Teologia. São escolhas que consideram a doutrina
sobre a vida cristã na comunidade eclesial e social. O modo de fazer e o objeto da Teologia são
inseparáveis. Considerando o campo plural em que nos encontramos, cabe observar alguns
princípios:
REFERENCIAL E BUSCA
• Verdade como referencial e busca. 
• Na convivência com a pluralidade de verdades, a pesquisa teológica é
entendida no campo da religião e esta tem seu espaço limitado ao
privado. 
• A Teologia reivindica seu estatuto como ciência, e o espaço público,
tanto pelo seu pressuposto antropológico como pelo diálogo com a
Filoso�a e com a área de Ciências Humanas.
HISTORICIDADE E USO DE MÉTODOS HISTÓRICOS
• Como campo de conhecimento, a Teologia se desenvolve na História,
aprofundando a Revelação, as leituras da realidade, a relação entre Deus
e a humanidade, da humanidade entre si, identi�cando aspectos e
iluminando questões. 
• O avanço do saber é progressivo e diretamente relacionado à
signi�cação da vida, tanto em seu entendimento como em seu agir.
O aprofundamento do conhecimento teológico demanda que a Teologia seja aberta às demais
ciências, das quais busca e recebe contribuições, de modo a compreender melhor as realidades
da fé. A Teologia contribui para a construção de uma cultura de paz.
Podemos dizer que, para fazer Teologia, precisamos estar de joelhos. Ou seja, a fé pede que o
Espírito ilumine a inteligência para desenvolver o trabalho teológico. É a dimensão espiritual que
alimenta a fé enquanto infundida com os dons do Espírito (cf. Boff, 2014, p. 24).
EXERCÍCIO!
Faça esta atividade por escrito, como técnica de desenvolver sua re�exão. 
Escolha uma perícope (glossário) da Sagrada Escritura. 
1. Leia com calma;
2. Identi�que as áreas de conhecimento que auxiliam a compreensão; 
3. Justi�que ao lado de cada área o modo como seria o auxílio.
Resposta Correta
Fazer teológico
As etapas do fazer teológico são:
Fixar os dados da Revelação (objetos material e formal, fonte);
Determinar as questões que estes dados suscitam (problema e
delimitação);
Re�etir sobre os dados (objetivos e fundamentação teórica).
Vejamos, detalhadamente, cada etapa do fazer teológico.
Objeto material e objeto formal
Nos trabalhos de pesquisa, precisamos:
Identi�car o objeto de estudo, que, na Teologia, é Deus e sua
Revelação;
De�nir qual a perspectiva da pesquisa;
Estabelecer uma relação objetiva (objeto material (glossário)) e
uma relação subjetiva (objeto formal (glossário)).
EXEMPLO!
, Exemplo 1: 
Objeto material: as cinco vias de Tomás de Aquino para provar a existência de Deus. 
Objeto formal: pressupostos da fé e da razão na construção do conhecimento. 
Exemplo 2: 
Objeto material: Mt 28, 19-20. 
Objeto formal: o princípio educativo cristão.
Fontes
A Teologia é uma ciência que surge e se desenvolve a partir da própria fé, busca compreender o
que professa. A fé é a fonte subjetiva.
Quais seriam as fontes objetivas?
SAGRADA ESCRITURA
A Palavra de Deus é a primeira fonte da Teologia, a Revelação portadora
de primado absoluto sobre a razão, segundo a ótica teológica. Sob o
Espírito, a Igreja aprofunda sua compreensão por meio da
contemplação, do estudo, da meditação e da relação amorosa que
desenvolve com Deus, anunciando ao mundo e transmitindo a todas as
gerações o que acredita e vive. Lida na e pela comunidade eclesial, a
Sagrada Escritura ilumina a realidade, norteia a interpretação dos fatos,
atinge o coração e a inteligência, fazendo-nos compreender o mistério
cristão e tornando-nos participantes.
TRADIÇÃO
É o processo dinâmico de nossa identidade como pessoa e da
comunidade, que orienta na vivência da fé, na continuidade histórica.
Podemos distinguir: 
• A tradição apostólica, norma de qualquer tradição eclesial; 
• A tradição eclesial, em continuidade com a apostólica, atualizando-a e
desenvolvendo-a nas diferentes culturas e épocas. É composta de toda
a vida intelectual, orante e litúrgica, bem como do conjunto de
testemunhos. Passa pelos escritos dos padres, relato de testemunhos,
produção dos místicos, ensinamentos, legislação e sensus �delium
(experiência de fé do conjunto de membros).
MAGISTÉRIO
A formação de discípulos é um mandato evangélico (cf. Mt 28, 19-20),
que podemos exercer de vários modos. Nosso primeiro magistério é o
da Palavra de Deus, que ensina seu povo ao longo da história. Todos
somos chamados a assumir esse magistério, que podemos chamar de
magistério comum, pela vivência da Verdade da Palavra no conjunto da
vida, no testemunho da fé na realidade. Neste ensinar, nossos pastores
são chamados a uma função estrita, a partir do estudo e da
continuidade da tradição eclesial, oral e escrita, guardando e ensinando
a Palavra em sua unidade. Magistério é sempre pastoral, de testemunho
da fé, da interpretação da realidade à luz da Revelação, de discernir de
modo coerente com a unidade da Sagrada Escritura. Por todos sermos
chamados, o magistério traz consigo a atenção a outras con�ssões e
religiões, sendo um diálogo que ensinamos e também aprendemos.
HISTÓRIA
Ainda que a História não seja propriamente uma fonte, é inegável seu
auxílio para melhor compreensão da Revelação na vida da Igreja ao
longo do tempo.
Problema
No problema de�nimos a questão que
queremos resolver, a pergunta que fazemos em
relação ao que desejamos estudar, o enunciado
de uma perspectiva teológica com a qual
olhamos a realidade e esta nos questiona.
A Teologia se desenvolve a partir deste problema que desejamos solucionar. A Teologia
patrística, em sua apologética, teve muitos problemas que precisou responder e, no processo,
aprofundou a compreensão da fé.
EXEMPLO!
, O problema em responder quanto às naturezas humana e divina de Jesus Cristo, próprias dos séculos
V-VII.
Delimitação
Na pesquisa, em qualquer olhar de estudo, de
aprofundamento, precisamos aprender a limitar
nossa análise para torná-la viável. É necessário
considerar o assunto, a extensão e os fatores
envolvidos.
Nossa limitação de tempo e de diferentes recursos precisam ser ponderados,como:
Acesso à bibliogra�a especí�ca.
EXEMPLO 1
Retomando o exemplo anterior sobre objetos, as delimitações para eles
podem ser: 
Objeto material: as cinco vias de Tomás de Aquino para provar a
existência de Deus. 
Objeto formal: pressupostos da fé e da razão na construção do
conhecimento. 
Para delimitar, podemos considerar: 
• O conceito de fé, de razão e de conhecimento; 
• Grupo (eclesial, acadêmico); 
• Lugar (universidade, igreja); 
• Período de tempo (neste caso, o próprio objeto indica o século XIII); 
• Fatores envolvidos (na produção de Tomás de Aquino, nas cinco vias,
na relação entre as questões e o método, em autores que estudaram).
A possibilidade de tempo que envolve entrevistas, caso seja esta a escolha metodológica.
EXEMPLO 2
Retomando o exemplo anterior sobre objetos, as delimitações para eles
podem ser: 
Objeto material: Mt 28, 19-20. 
Objeto formal: o princípio educativo cristão. 
Para delimitar, podemos considerar: 
• O conceito educativo; 
• A relação entre Cristianismo e educação; 
• O grupo (con�ssão religiosa, nas formações de crianças como as
formações religiosas, na família, pelos responsáveis eclesiais em
relação ao grupo); 
• Lugar (na sociedade, na Igreja); 
• Período de tempo (nas primeiras comunidades, em um período da
história, no tempo atual, durante pregações em geral ou especí�cas); 
• Fatores envolvidos (instrumento de pesquisa, metodologia, prazo,
oportunidades).
SAIBA MAIS!
, O artigo de Taborda (1987) auxilia a considerar a realidade social na delimitação, a partir das
possibilidades metodológicas.
Objetivo (para quê)
Na Teologia, o objetivo é compreender e
aprofundar a Revelação à luz da razão e
iluminada pela fé. A partir desse objetivo,
de�nimos o que desejamos alcançar com o
estudo, a meta que almejamos. Na pesquisa
teológica, a relação entre Deus e a humanidade
é o objetivo último.
De que modo podemos de�nir que um estudo especí�co contribui nessa relação?
A experiência espiritual e a prática da fé são consideradas. A vida humana pode nos indicar um
caminho, uma prática teológica especí�ca, a leitura teológica da realidade. A relação com a
delimitação é muito importante.
A preocupação com o serviço pastoral se destaca como contribuição importante da pesquisa
na formação de discípulos, no processo educativo, na relação fé e vida.
ATENÇÃO!
, Ao de�nir os objetivos, o verbo sempre vem no in�nitivo. Veja alguns exemplos: 
• Enumerar os pressupostos do conhecimento na escolástica medieval. 
• Compreender o processo universitário escolástico como elemento de unidade social e formativo da
sociedade moderna. 
• Conceituar educação a partir do Cristianismo. 
• Reconhecer o mandato evangélico de Mt 28, 19-20 como identidade e caráter do discipulado cristão.
Fundamentação teórica
Conhecido, também, como referencial teórico. É aqui que nos apresentamos inseridos na
tradição eclesial e acadêmica, e buscamos atualizar e expressar a Verdade revelada. O
compromisso da fé com o instrumental intelectual se manifesta na excelência do trabalho que
desenvolvemos.
Fundamentamos teoricamente o assunto que pesquisamos, apresentando os conceitos
centrais, as abordagens possíveis e as perspectivas desejadas.
Teologia é sempre uma continuidade - precisamos considerar e respeitar autores que já
estudaram sobre o tema que desejamos aprofundar, ainda que seus problemas, hipóteses e
objetivos sejam diferentes.
A validade de uma pesquisa acadêmica está em nos inserirmos em um grupo que já caminha,
que pensou antes, que buscou respostas.
O primeiro passo da fundamentação teórica é
identi�carmos e analisarmos autores que
tenham estudado sobre o tema e seguirmos
apresentando os conceitos centrais que vamos
desenvolver, a partir da produção desses
autores. Observamos as diferentes abordagens
entre eles e construímos uma estrutura de
argumentação, de como pretendemos
desenvolver cada ponto.
Na fundamentação podemos apontar novas hipóteses, abordagens, perspectivas teológicas
que respondam ao problema, que nos auxiliem alcançar os objetivos, que participem do avanço
na compreensão da fé.
Um bom projeto de pesquisa vem de uma boa organização, da clareza do que se deseja e do
cuidado para não perdermos o ponto central.
EXERCÍCIO!
1 - De acordo com a perspectiva, a Teologia pode ser ou não compreendida como ciência.
Diante do campo acadêmico, qual dos itens consideramos ao situar a Teologia como ciência?
Seu tema.
O objeto material.
O objeto formal.
O problema.
A fundamentação teórica.
Justi�cativa
2 - Em todo campo de pesquisa, as fontes são referências que oferecem informações que
sustentam o desenvolvimento do estudo. Na Teologia, qual a fonte principal?
A fé da comunidade.
A Sagrada Escritura.
A Tradição.
O Magistério.
A História.
Justi�cativa
A Teologia na relação entre fé e
razão
Os pressupostos metodológicos implicam a Teologia como resposta humana a Deus que se dá
a conhecer, que se revela, que é uma realidade atuante na História. Reconhecemos a
capacidade da razão em identi�car a Verdade e buscar o sentido último das coisas.
O pensar �losó�co é apresentado como aceitação da realidade do mundo, como exigência da
razão, e como um processo pneumatológico (glossário).
Fé X Razão
A relação entre fé e razão é própria do Cristianismo, como podemos veri�car no modo como as
cartas de Paulo de Tarso (5-67) são escritas:
A fé, única via de acesso à Verdade Eterna, é conciliada à razão, instrumento para sistematizar a
doutrina.
Vejamos como essa relação Fé e Razão foi desenvolvida ao longo do tempo:
AGOSTINHO DE HIPONA (354-430)
É in�uenciado pelo maniqueísmo em seu padrão dualista, no confronto
de dois pensamentos opostos. No maniqueísmo, o conhecimento é a
aceitação somente do que pode ser captado pelos sentidos e pelo
intelecto. Agostinho sustenta a necessidade da razão para o
conhecimento e a responsabilidade moral de cada um. 
Nessa perspectiva ele desenvolve a teoria da Iluminação Divina, em dois
tipos de conhecimento: 
• O limitado aos sentidos e às imagens dos objetos exteriores; 
• O conhecimento imutável e eterno, verdadeiramente recebido através
da iluminação divina. 
A razão é eterna e procede de Deus, sempre presente, tornando a
Verdade acessível e de modo inteligível (cf. Agostinho, 2009, p. 150-
152).
IMPÉRIO ROMANO
Com as crises internas e as invasões bárbaras, o Império Romano no
Ocidente cai e segue-se um período de estagnação cultural. O
surgimento e a difusão dos mosteiros deixam aos monges a compilação
e a guarda de manuscritos antigos que se conseguiu preservar. Com a
acomodação dos bárbaros e sua conversão progressiva ao
Cristianismo, a cultura e as manifestações intelectuais ressurgem. Há a
fundação de universidades, que produzirão o pensamento escolástico,
ou seja, as doutrinas teológico-�losó�cas predominantes entre os
séculos IX e XVII.
ORDENS MENDICANTES
Com novo centro de estudos, a Teologia cristã vai para um ambiente
desenvolvido propriamente para a re�exão. Na universidade, apropria-se
do pensamento �losó�co de Aristóteles e das �loso�as árabe e judaica.
Tanto pelos pressupostos religiosos quanto pelos �losó�cos, podemos
identi�car a Teologia em uma nova forma de relação entre fé e razão por
meio dos debates abertos entre professores e estudantes. As ordens
mendicantes dominicana e franciscana apresentam modos próprios
desta relação, sendo a primeira mais voltada para a especulação
�losó�ca, e a segunda, para a prática caritativa.
TOMÁS DE AQUINO (1225-1274)
Desenvolve seu pensamento conciliando Aristóteles e o Cristianismo.
Criticado pelos escolásticos devido a seu intelectualismo e realismo, só
é reconhecido na A�rmação Católica, por solucionar o con�ito entre fé e
razão: a Teologia é compreendida como revelação divina e a Filoso�a,
como exercício da razão humana; são independentes, mas têm o objeto
material em comum: Deus e sua realidade. 
A diferença entre Teologia e Filoso�a, fé e razão respectivamente,
encontra-se no objeto formal: 
• A Teologia estuda a doutrina pela autoridade daRevelação; 
• A Filoso�a, por demonstração racional. 
O Tomismo renasce entre os séculos XVIII e XIX, tornando-se corrente
�losó�ca predominante em alguns ambientes acadêmicos.
IDADE MODERNA (SÉCULOS XVI-XVIII)
Apresenta um mundo em descoberta: ciências, expansão marítima,
renascimento cultural e artístico dos valores greco-romanos, novas
ideias e concepções de mundo. 
Conceitos exigem ser revistos, como os princípios religiosos. A
cosmovisão medieval é abalada e é necessário uma nova leitura da
realidade a partir da fé. 
Surge o Deísmo, a fé em um Deus impessoal, “causa primeira” do
universo. Seu pressuposto é Deus criou o mundo e de�niu “leis naturais”
para seu governo, não intervindo mais. A humanidade é �lha desta
natureza, capaz de entender as leis que a regem pelo exercício da razão.
Podemos conhecer a criação e, por seu intermédio, os atributos de Deus,
mas não a Ele mesmo. 
Essa distinção e sobreposição da razão à fé, princípio material ao
espiritual, o corpo à alma, vai se desenvolver até o Racionalismo e o
Ateísmo do século XIX. Sendo a humanidade entendida como o centro
da razão, como no enunciado “penso, logo existo” de Descartes (1596-
1650), caberia a cada um escolher entre o bem e o mal. Em coerência à
primazia da razão, desenvolve-se uma concepção ética e cientí�ca,
expandindo-se nos espaços intelectuais.
SÉCULO XIX
Identi�car algumas tentativas religiosas de sobrepor a fé à razão
(Fideísmo), o que contribui para a di�culdade de diálogo entre ciência e
religião, permanecendo ainda hoje. Existem muitas incompreensões,
causando descon�anças tanto por parte dos religiosos como dos
praticantes das ciências humanas e �losó�cas. 
Podemos situar a contribuição da Teologia para a ciência, da exposição
racional de sua fé, ou seja, do discurso tanto sapiencial quanto cientí�co
em compreender e intervir na realidade. As duas asas de compreensão
humana, como disse Agostinho de Hipona (354-430), distinguem a
Teologia como o ponto mais alto a que a razão humana pode chegar.
A Teologia e sua matriz cultural
Na Sagrada Escritura, observamos distintas perspectivas da única Verdade, como nos quatro
evangelhos. Cada livro retrata um contexto cultural especí�co e por ele é direcionado.
É desse modo que temos a Teologia como própria da comunidade eclesial para a qual foi
escrita, e a partir da qual surge e se desenvolve:
É a fé de quem primeiro acredita e depois busca entender.
A experiência de fé da comunidade eclesial pressupõe uma iniciação ao conhecimento e
iluminação desta fé. Esse processo se desenvolve com a História, com os desa�os à fé que
exigem aprofundamento da Verdade divina para melhor anunciá-la. Aspectos e perspectivas
são observados e iluminados.
Como a expansão do cristianismo in�uenciou nesse processo?
A expansão do Cristianismo exige atualizações da Revelação, a partir dos novos contextos
culturais, confrontando com a vida dos grupos, das sociedades. Essas atualizações são
vinculadas à vida da comunidade eclesial que é o modo como se organizam, como constroem
sua tradição e as condições de que dispõem.
É no cotidiano da própria realidade que as pessoas e os grupos vivem o mistério de Deus. O
culto e o testemunho são lugares privilegiados da experiência da fé. O modo como
compreendem sua relação com Deus, como se relacionam entre si e com o Mistério, identi�cam
o grupo com uma con�ssão religiosa.
A Teologia, servidora da Igreja, é realizada nesta e a partir desta, tendo a con�ssão religiosa
como referência. Encontramos tanto na comunidade eclesial como na comunidade cientí�ca,
na qual buscamos a compreensão do que vivemos e acreditamos, em diálogo com a nossa
própria fé.
Trazemos em nós os pressupostos, os princípios que confessamos e que precisam ser
explicitados com clareza, buscando diálogo com outros modos de viver a fé, outras con�ssões,
outras teologias, outros campos de conhecimento:
O primeiro momento é a vivência da fé;
O segundo, o rigor da pesquisa.
Aprofundamos nossa fé e nos tornamos
exegeta, historiador, sociólogo, �lósofo, com o
conhecimento necessário e a disciplina
cientí�ca para nossa pesquisa.
CUIDADOS NO EXERCÍCIO DA TEOLOGIA
• Excesso de centralidade na humanidade e da materialidade da
realidade, perdendo o foco de Deus e sua Revelação, centro por
excelência da Teologia; 
• Firmeza no núcleo central da fé;
• Linguagem e a postura religiosa: a Palavra de Deus deve ser dirigida ao
coração e ao intelecto, aprofundando a in�nitude do mistério cristão.
Objetivos pessoais ou de grupos podem se sobrepor em um “discurso
de poder”, expressão comum a algumas áreas humanas, que identi�cam
o ser humano e suas relações sociais e institucionais como centrais; 
• A vida social é o lugar privilegiado da evangélica “opção preferencial
pelos pobres”. A prática teológica exige o confronto entre fé e vida, entre
o testemunho e a realidade social (material, econômica, cultural, política,
ideológica e até mesmo religiosa). A fé é processual, permanentemente
atualizada na lógica da prática, dos frutos, propondo objetivos e meios
concretos de ação; 
• Nenhuma Teologia esgota a transcendência da fé, sendo necessárias
várias teologias para enriquecer com novas perspectivas o Mistério
“sempre maior”. Uma fé, muitas teologias; 
• Consciência de nossa limitação humana, do contexto cultural, histórico
e religioso, da metodologia, do instrumental necessário e do tempo em
que vivemos e que dispomos;
• Coragem para avançar em novas perspectivas; 
• Compromisso com a comunidade eclesial e social, com as implicações
de nossa pesquisa; 
• Generosidade, respeito e diálogo com outras perspectivas teológicas.
ATIVIDADE
1 - Vamos fazer uma técnica chamada “tempestade mental”. 
- Escreva cinco pressupostos da fé. Só pense e escreva. 
- Leia com atenção o que escreveu. Re�ita sobre cada um deles. 
- Pense qual seria o mais central, o mais importante. Coloque o número 1 ao lado. 
- Faça o mesmo com os demais, continuando a sequência até 5. 
- Agora, escreva-os na ordem. 
É importante observar que os pressupostos são inter-relacionados e que poderíamos organizá-
los em círculos concêntricos, em que o mais importante ilumina os demais. Mas que o
segundo, além de ser iluminado pelo primeiro, vai iluminar o terceiro, o quarto e o quinto. E
assim sucessivamente.
Resposta Correta
2 - Cada con�ssão religiosa considera a diversidade sociocultural do grupo a que dirige o
anúncio. Como podemos compreender o encontro entre a mensagem cristã e as comunidades
religiosas?
A Teologia parte do contexto social em que está inserida.
A Teologia, é ciência objetiva, e não sofre interferência da realidade.
Como servidora da Igreja, a Teologia tem a con�ssão religiosa como referência.
Para se desenvolver, a Teologia precisa se limitar a uma con�ssão religiosa.
Na pesquisa teológica, fé e rigor cientí�co se encontram em posições opostas.
Justi�cativa
3 - Ao longo da história, o Cristianismo expressa-se por meio da relação entre fé e razão. Como
essa relação pode ser compreendida pela Teologia atualmente?
A fé deve sempre se sobrepor à razão.
A razão é mais importante do que a fé.
A relação é sempre a mesma na História.
Fé e razão não se relacionam.
Fé para conhecer, razão para explicar o que conhece.
Justi�cativa
4 - Com a in�uência do pensamento �losó�co grego, a Teologia e a Filoso�a foram se
relacionando de diferentes maneiras. Como era essa relação entre Teologia e a Filoso�a na
escolástica medieval?
Teologia e Filoso�a têm o mesmo objeto formal.
Teologia apresenta a Revelação pela autoridade e Filoso�a, pela razão.
Teologia e Filoso�a são dependentes uma da outra.
Teologia e Filoso�a são diretamente relacionadas com o judaísmo.
Teologia e Filoso�a re�etem o mundo ideal de Platão.
Justi�cativa
Glossário
CIÊNCIA
Do grego scientia.
POSICIONAMENTO UNÂNIME
Fontana (2008) apresenta sua defesa a partir da demarcação de Karl Popper, por considerar a Teologia
como transmissão dogmática da doutrina e, portanto, irrefutável e resistente a críticas, além de serum
discurso interno da comunidade de fé. 
Reblin (2009) observa a modi�cação do conceito de ciência na história, questionando sobre o sujeito da
de�nição do conceito de ciência e seus critérios, bem como sua relação com a sociedade pragmática e
capitalista, o que incide tanto no estatuto da Teologia quanto no da ciência. Sua posição se relaciona
com a de Boff (2014): “a questão de a Teologia ser ou não ser ciência está relacionada ao método de se
fazer e de se pensar Teologia”.
PERÍCOPE
É uma parte, um trecho do texto bíblico, a ser estudada ou anunciada.
OBJETO MATERIAL
O que estudamos, sobre o que se trata. Na identi�cação do objeto material da Teologia temos Deus em
suas realidades criadas e seu plano de salvação, entendendo a realidade como ordenada para este
plano. É um princípio que tudo pode ser teologizável, ainda que na prática haja uma medida (cf. Boff,
2014, p. 21).
OBJETO FORMAL
O aspecto, a perspectiva, o ponto de vista. É o uso da fé à luz da Revelação e da razão para iluminar o
objeto material.
PNEUMATOLÓGICO
Pneumatologia, pneumatológico: do grego pneuma, respiração. É referente ao estudo sobre o Espírito
Santo.
INTELIGÍVEL
Que se compreende.
ORDENS MENDICANTES
Ordens religiosas surgidas no século XIII que viviam na pobreza, tanto individual como comunitária,
tendo o centro de sua ação na pregação, como os dominicanos, e no serviço aos pobres e obras de
caridade, como os franciscanos.
FIDEÍSMO
Posição religiosa de sobrepor a fé e os fundamentos doutrinais, desprezando a razão.

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