Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O r t o p e d i aO r t o p e d i a Resumo Gab r i e l Ba g a r o l o P e t r o n i l h o O que é Fratura? É uma solução de continuidade do tecido ósseo, podendo ser causada por um trauma de alta energia ou por pequenos traumas repetitivos - fraturas por estresse. Consolidação Óssea É o termo que utilizamos para descrever o reparo do tecido ósseo. A cura de uma fratura. Após cerca de 4-8 meses o osso fraturado se consolida sem deixar cicatriz, portanto o osso não sofre cicatrização como outros tecidos moles do nosso corpo. A consolidação óssea é realizada em etapas: fase inflamatória, fase repartida e fase de remodelação. ●Fase inflamatória e de Reparo (Hematoma Fraturário, Calo Mole e Calo Ósseo) → é um processo benéfico na consolidação da fratura que possuímos a tendência de ir contra o mesmo por gerar dor, etc. Porém, existem algumas situações que, principalmente, na utilização de Anti-inflamatórios esteroides haverá prejuízo no processo de reparo do tecido ósseo. A inflamação e o reparo acontecem quase que simultaneamente e surge algo após a fratura por meio do hematoma fraturário. O hematoma é base, início do reparo ósseo. Ele deve ocorrer. Para que aconteça o reparo é fundamental a fatores essenciais presentes e funcionais, como periósteo e endósteo - vascularização. A partir do hematoma, há formação do calo mole - 2 semanas - que é a formação de um novo osso por ossificação endocondral que posteriormente é mineralizado transformando-se em calo duro (6 semanas) - ele devolve a resistência óssea, melhorando dor e estabilidade. Nesse momento ocorrem duas implicações: consolidação clínica e consolidação radiográfica. A consolidação clínica ocorre quando o tecido/ foco da fratura já não possui mais mobilidade e está rígido. A consolidação radiográfica é a visualização da continuidade óssea no rx. Dois fatores podem interferir na consolidação da fratura: estabilidade (imobilização, redução e fixação) e suporte biológico (vascularização, cond ição de partes moles, hematoma fraturário). A falha em qualquer um desses dois fatores implica na pseudoartrose. Pseudoartrose É a não consolidação da fratura. Para cons iderar o estabe lec imento da pseudoartrose devemos considerar cada osso individualmente, pois um fêmur pode levar até 1 ano para consolidar e uma falange alguns dias. A pseudoartrose estabelecida nos indica que o osso não irá mais consolidar de forma alguma. Diferente do retardo de consolidação em que a fratura demora mais do que o esperado para consolidar, mas ainda existe a possibilidade da mesma. Em casos de pseudoartrose deverá haver uma intervenção médica que na maioria das vezes é a cirurgia. Com base na estabilidade e suporte biológico, dividimos a pseudoartrose em dois tipos: atrófica - existe uma falha biológica - e hipertrófica - falha na estabilidade. A pseudoartrose atrófica é denominada assim porque não existe a etapa de formação do calo. Já a pseudoartrose hipertrófica ocorre quando ainda existe um micro ou macro movimento que faz com que o osso não consolide. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Princípios Gerais do Tratamento de Fraturas Na imagem da esquerda temos uma pseudoartrose hipertrófica e na direita, pseudoartrose atrófica. Maneiras de Estabilizar uma Fratura ●Conservadora → maneira conservadora sem utilizar da cirurgia para realizar a estabilização. Ex.: gesso, talas, etc. ●Cirúrgica → métodos cirúrgicos que fazem a estabilização do osso por meio de placas, parafusos, pinos, fios, cimentos, etc -material de síntese. Redução Reduzir uma fratura é ‘colocar o osso/estrutura no lugar’ corrigindo o desvio de uma fratura ou luxação. Deve-se reduzir uma fratura para obtenção da consolidação funcional, com deformidades ‘aceitáveis’. Formas de redução → aberta, cruenta ou direta é quando fazemos o uso de cirurgia para realizar a redução; fechada, incruenta ou indireta é quando a redução é realizada por meio de manobras externas. Tratamento Conservador das Fraturas Aproximadamente ⅔ de todas as fraturas em adultos aceitam o tratamento conservador e apenas 7,3% dos pacientes menores que 5 anos necessitam de cirurgia - como padronização , criança em quase todas as fraturas se recuperam bem com tratamento conservador. Quanto maior a idade, maior a necessidade de cirurgia. As fraturas de mmss são mais comuns do que mmii. E, quanto maior a complexidade da fratura, maior a necessidade de cirurgia. Figura 3 - Edinburgh, 2.000. Técnicas de Imobilização Tração A tração é pouco utilizada como tratamento definitivo, mas sim, como método temporário de fixação até cirurgia definitiva. Situações de utilização: fratura de fêmur em crianças, fraturas de acetábulo, luxação e fraturas-luxações coxo demorais e fraturas e luxação da coluna cervical. Existem duas técnicas: - Tração Esquelética → utiliza-se um pino transósseo no ⅓ distal do fêmur ou ⅓ proximal da tíbia e nesse pino prende o dispositivo que fará a tração. - Técnica Cutânea → a tração é feita por meio de um dispositivo preso na pele. Trações cutâneas auxi l iam bastante no transporte de pacientes com fratura de fêmur, Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG porém, quando mal aplicada evoluem problemas de pele. Imobilizações Não Gessadas São as tipóias e enfaixamento. ●Tipóia Simples e Canadense → todas as lesões de mmss devem ser imobilizadas com tipóia - cotovelo em 90º, mão e punhos livros. ● Imobilização em ‘8’ posterior → utilizados em fraturas de clavícula com encurtamento - cotovelo, mãos e punhos livres. Não deve-se utilizar gesso, pois causa escaras e lesões na pele. ● Imobilização Torocobraquial (Velpeau) → fraturas de clavícula e úmero proximal - mão e punhos livres. Também não se utiliza gesso, somente em casos excepcionais, como pacientes psiquiátricos, etc. ●Enfaixamento de Jones → entorses de joelho - ⅔ da coxa até a região supramaleolar. Essa imobilização não é 100%. É mais um tratamento ‘psíquico’ do que ortopédico, mas ainda é melhor do que deixar sem nada. ● Enfaixamento de Tornozelo → entorses de tornozelo - ⅓ disto da perna até a base dos dedos. Imobilizações Gessas É o ‘carro chefe’ do tratamento conservador. Podem ser as talas gessadas ou gessos circulares. ●Gesso → possui fórmula química que quando misturada com água libera calor e causa seu endurecimento. Quanto mais gesso e maior a temperatura da água, mais calor é liberado e quanto maior a temperatura, mais rápida a secagem. Porém, deve-se tomar cuidado com a temperatura por conta de desconforte e queimadura. Deve-se evitar a aplicação no primeiro momento do atendimento - edema, etc. ●Talas Gessadas → são imobilização provisórias e utilizadas para analgesia antes de cirurgias. É feita com atadura gessada (calha) e presa ao membro com atadura de crepe. Princípio de Fixação em 3 Pontos → um gesso ‘torto’ para deixar o osso reto. Faz-se a tração e manobra de redução. Aplica-se o gesso com 3 Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Gesso Circular VANTAGENS DESVANTAGENS Imobilização Definitiva Prurido TTO Definitivo da Fratura Úlcera de pressão Após ou Não Redução Síndrome Compartimental Baixo Custo pontos de fixação - 1 no centro da fratura e 2 longes. Tala Gessada Gesso Circular Tipos de Gesso ●Gesso Braquiopalmar (‘Long Arm’) → fraturas de antebração (proximal, diáfise e distal) e úmero distal - da prega palmar distal até ⅔ do braço, cotovelo em 90º, polegar livre e punho em 10º de extensão. ● Pinça de Confeiteiro (‘U-shaped’) → gesso especial utilizado para fraturas de diáfise de úmero - do ⅓ proximal do antebraço até a axila, cotovelo em 90º e associar ou não a tipóia. ●Gesso Antebraquiopalmar englobando o polegar (‘Scaphoid cast’) → fratura de escafóide - da pega palmar dista a ⅓ do antebraço, punho em 10º de extensão e polegar envolvidopelo gesso. ●Gesso de Burkhalter/ James → fratura de metacarpos e falanges - da ponta dos dedos até ⅔ do antebraço, punho em 40º de extensão, metacarpofalangeanas em 70-90º de flexão e polegar livre. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Qual o tamanho adequado do gesso? Via de regra, ao aplicar o gesso imobilizamos um articulação abaixo e uma articulação acima da fratura, exceto em fraturas distais, como Fratura de Falanges - Tala de Zimmer É uma tala de alumínio com uma espuma aderida à mesma e é maleável para a sua moldagem. A regra das articulações também vale aqui: fx da falando média - imobiliza a falange distal e a proximal. Fx de falange distal → imobiliza só a proximal, não precisa a mão inteira. Fratura de Falanges do Pé - Espica Não Engessada É um material que faz a imobilização/solidarização de um dedo no outro com esparadrapo. Utiliza-se o maior dedo saudável ao lado para imobilizar um dedo fraturado. Ex.: fratura no 3º dedo, imobiliza com 2º (sempre o maior), não o 4º. Porém, se o maior dedo saudável ao lado for o dedo, não utiliza ele, mas sim o 3º, para que o paciente possa usar calçados abertos como chinelo. ●Suropodálico - tipo bota (‘Below knee”) → fraturas de tornozelo e pé, fraturas de tíbia distal sem desvio - da ponta dos dedos até ⅔ da perna, tornozelo em 90º e joelho livre. ● Inguino Pédico (‘Long leg’) → fraturas de diáfise da tíbia, tíbia proximal e fêmur distal - da ponta dos dedos até ⅔ da coxa, tornozelo em 90º e joelho em 10-30º de flexão. ●Bota com Apoio Patelar (PTB ou Sarmiento) → fratura de diáfise da tíbia em fase final de consolidação - ponta dos dedos até em cima da patela na região anterior e fossa poplítea livre, tornozelo em 90º, permite graus de flexo- extensão do joelho e não permite rotação dos fragmentos. Gesso próprio para o paciente pisar. ●Tó r a c o p é d i c o , t ó r a c o ma l e o l a r e pelvipodálico → fraturas de diáfise de fêmur, ⅓ proximal do fêmur. Bastante utilizado em crianças - da ponta dos dedos ou região supramaleolar até o tórax, quadril em 60-90º e joelhos a 30º. Fraturas de fêmur em crianças, como regra, não opera. É difícil o tratamento pela extensão do gesso. ●Gesso Sintético → não é gesso propriamente dito. É um material plástico, leve e resistente à água. Porém, possui um custo maior do que o tradicional. Órteses ou Braces Todos os tipos de gessos tradicionais já foram desenvolvidos pela indústria, eles são os chamados Órteses ou Braces. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Tempo de Imobilização Cada fratura e cada local possui um tempo diferente de acordo com a clínica e o paciente. Mas é sabido que em crianças as fraturas se consolidam mais rápido do que em adultos. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Órteses ou Braces VANTAGENS DESVANTAGENS Leves Custo Removíveis Somente Pós-redução Laváveis Tratamento Conservador de FX sem Desvio Imobilização Antálgica Lesão Ligamentar
Compartilhar