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Tratamento Fisioterapêutico em pacientes com Osteogênese Imperfeita

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Tratamento Fisioterapêutico em pacientes com Osteogênese Imperfeita
Programas de reabilitação, incluindo fisioterapia, podem melhorar a qualidade de vida de pacientes com OI. A fragilidade destas crianças e o pouco conhecimento acerca dos possíveis resultados, porém, costumam ser os maiores empecilhos para a administração destes programas. Os objetivos específicos da fisioterapia são: aumentar a estabilidade ósteo-articular, melhorar a mobilidade, prevenir contraturas e melhorar aptidão aeróbica7. Engelbert et al relatam que as estratégias de tratamento em OI devem focalizar, primariamente, a melhora das habilidades funcionais, por exemplo: o sentar, o ortostatismo e a deambulação.
Além disso, um ciclo de fratura, imobilização, fratura repetida e imobilização adicional pode resultar em fraqueza muscular, que pode impedir o progresso do DM.  Assim, um programa para restaurar a força e a amplitude de movimento nas articulações imobilizadas é necessário.
Estudos sobre a implementação de abordagens de reabilitação foram realizados e bons resultados foram obtidos. Binder et al relatam a importância da supervisão do fisioterapeuta desde o nascimento da criança com OI, para orientar os pais quanto ao manuseio, posicionamento e cuidados nas AVDs da criança, como por exemplo nas trocas de fraldas, que deve ser feita evitando-se suspender a criança pelas pernas; ou no banho, que deve ser feito em bacias plásticas ou em bacias acolchoadas com toalhas. O fisioterapeuta teria igualmente um importante papel no incentivo à amamentação, desde que o bebê tenha condições de sugar.
Através de posturas, como deitado em decúbito ventral (que permite o alongamento dos músculos flexores do quadril, fortalecimento da musculatura das costas e extensores do pescoço e o uso dos membros superiores) e da utilização de apoios, órteses que  permitem à criança a bipedestação, além de um programa de exercícios, incluindo exercícios na água, a fisioterapia fortalece a musculatura, auxilia na prevenção de  deformidades e fraturas, melhora o estado ósseo, beneficia o aparelho respiratório e promove  melhor desenvolvimento apropriado para a idade e socialização.
Binder et al aplicaram um protocolo de tratamento em 25 crianças com OI severa, estas foram divididas em 3 grupos de acordo com suas características físicas e capacidades funcionais. O tratamento seguiu uma seqüência de progressão e foi aplicado a cada grupo de acordo com suas capacidades. Basicamente, consistiu em orientações de posicionamentos, para evitar contraturas, deformidades e mau-alinhamento dos membros, exercícios para fortalecer a musculatura e ganhar amplitude de movimento, exercícios em posturas mais altas e trocas posturais, como também exercícios para melhorar a endurance, e exercícios de coordenação. Os autores observaram que a maior parte das crianças com potencial para marcha independente tem pobre alinhamento articular e equilíbrio, modelo de passo abaixo do ideal e baixa endurance. De acordo com os autores, estas condições podem ser melhoradas pela insistência de fisioterapia e terapia ocupacional, as quais devem ser iniciadas tão precoces quanto possíveis.
De acordo com Binder et al o fisioterapeuta deve evitar movimentos dos membros em diagonal ou em rotação, pois podem levar a fraturas. Sendo a criança candidata à bipedestação ou marcha independente, deve-se prevenir contraturas de flexores do quadril e fortalecer abdominais, extensores do quadril, abdutores e quadríceps, sendo que isto pode ser realizado de forma convencional, com pequenos pesos adicionados proximamente ao quadril ou joelho, para evitar um longo braço de alavanca que possa proporcionar fraturas. 
Além de indicarem o uso de órteses para estas crianças, sendo o controle de cabeça e tronco pré-requisito para o ortostatismo com apoio, estes autores também observaram limitação da amplitude de flexão e extensão do ombro, principalmente em pacientes que não andam. Assim, enfatizaram atividades funcionais que solicitam os movimentos limitados, pois estas limitações trazem maiores prejuízos a estas crianças.
Geber et al desenvolveram um programa visando maximizar atividades funcionais e minimizar riscos de fraturas, que emprega fisioterapia, órteses e procedimentos ortopédicos, quando necessários. O programa consistiu em intervenções precoces, fortalecimento muscular, condicionamento aeróbico e favorecimento da deambulação. Com o uso das órteses os autores observaram que as crianças foram rapidamente hábeis ao ortostatismo e a marcha, sendo visivelmente diferente a marcha com ou sem a órtese. Seu uso lentifica o ritmo da marcha, mas fornece um balanço mais normal, com menos rotação femoral e menor rotação externa do quadril, tornando a marcha mais simétrica. 
Assim, os autores sugerem que a órtese fornece sensação de segurança e talvez reduza a energia necessária à deambulação por regularizar cada passo. Sendo a fraqueza muscular um problema clínico significante e o uso exclusivo de órtese poder resultar em atrofia e fraqueza musculares, os autores sugerem, que o programa de fortalecimento deve ser continuo, para assegurar a manutenção das atividades em pé e deambulação.
A hidroterapia é um excelente meio para favorecer os movimentos ativos e para iniciar a sustentação do peso corporal de lactentes e crianças que sofrem de OI, sendo importantes para diminuir a osteoporose concomitante. A hidroterapia também favorece a respiração profunda e controlada, trazendo benefícios ao aparelho respiratório destas crianças, sujeitas a infecções respiratórias freqüentes23.
A Osteogenesis Imperfecta Foundation relata que a dor dos pacientes com OI pode estar associada a múltiplas fraturas, colapsos vertebrais, osteoartrites, contraturas, deformidades ou mal alinhamento dos membros e dores abdominais.
O portador de OI ao ser incluído em um programa de reabilitação, deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar, sendo esta indispensável, principalmente para avaliação e tratamento do quadro álgico, onde além de anti-álgicos e antiinflamatórios não esteróides, métodos psicológicos como treino de relaxamento, biofeedback, hipnose e terapia individual ou familiar, podem ser usados. Entre os métodos fisioterapêuticos relatados estão: termoterapia; TENS – Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation (neuroestimulação elétrica transcutânea); massoterapia e exercícios.
Dentro deste aspecto multidisciplinar, é importante combater a osteoporose por desuso e estimular as crianças com OI a praticar natação e exercícios de baixo impacto3. Root relata que a melhora da massa muscular diminui a incidência de fraturas, e os exercícios elevam o nível de endorfinas, dando ao paciente com OI uma sensação de bem-estar, confiança em si e uma visão mais positiva da vida.
OSTEOGÊNESE IMPERFEITA: PRINCÍPIOS PARA ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA – interfisio

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