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Enfermagem na morte e no morrer

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CENTRO UNIVERSITÁRIO LUSÍADA 
Curso de Enfermagem 
Bioética 
 
 
 
 
 
 
MIRIÃ CRISTINE JESUS DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Enfermagem na morte e no morrer 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTOS 
2020 
ENFERMAGEM NA MORTE E NO MORRER 
Segundo o dicionário, morte significa cessação da vida, termo, fim, destruição, ruína, 
pesar profundo; enquanto morrer significa perder a vida, falecer, finar-se, fenecer, 
expirar, desaparecer, descansar, desencarnar, ir, perecer, sucumbir, extinguir-se, 
acabar-se, perder o vigor, estiolar-se, não chegar a efetuar-se, parar de funcionar, 
experimentar em grau muito intenso (sentimento, sensação, desejo), achar-se (em 
certo estado ou condição) no fim da vida. 
Cientificamente, morrer é deixar de existir. Por algum motivo, seja ele patológico ou 
um acidente, há a parada dos órgãos vitais seguido da cessação das atividades do 
organismo e, posteriormente, haverá degeneração dos tecidos. 
A bioética surgiu em 1927 por Fritz Jahr, sendo o reconhecimento de obrigações 
éticas em relação ao ser humano e à humanidade. Em 1979 foram estabelecidos 
fundamentos que incluem autonomia, beneficência. justiça e não maleficência, 
posteriormente precaução também foi adicionada; estes fazem com que os 
profissionais entendam seus limites e responsabilidades, assim como seus direitos e 
deveres com o cliente e a sociedade inserida. Para Segre e Cohen (1995), a bioética é 
o ramo da ética que tem como foco tratar questões relativas à vida e à morte, lidando 
com temas conflitantes e trazendo para discussão pautas como prolongamento da 
vida, suicídio assistido e eutanásia, um campo em constante desenvolvimento que se 
adequa à realidade da época determinada. 
 Para o profissional de enfermagem, que é preparado para preservar a vida, os termos 
“destruição” ou “ruína” não deveriam ser aplicados como significado para morte ou 
morrer, mesmo que o processo traga uma gama de sentimentos delicados. Por mais 
que os enfermeiros saibam e lidem com a morte constantemente, a formação nesse 
âmbito ainda é muito escassa e, quando a vida é o grande triunfo e a cura é exaltada, 
a visão dos profissionais fica limitada e restrita e acaba por ser difícil enxergar a morte 
como curso natural. 
Os enfermeiros são formados para o processo do cuidar que visa promover o bem 
estar do ser fragilizado, incluído o (cuidado) paliativo, que trouxe à tona a 
humanização do processo do morrer, o que se opõe a visão de um “inimigo” a ser 
combatido. A morte passa a ser parte da vida e os tratamentos passam a visar a 
qualidade da vida mesmo quando não é possível a cura do quadro do indivíduo, 
apenas aliviando e prevenindo seu sofrimento, lhe proporcionando dignidade. Não 
deve ser confundido com distanásia, o objetivo não é prolongar a vida, podendo tornar 
o processo de morrer até mesmo mais doloroso para o paciente e família. Também 
não se pretende, apressar, eutanásia, não é omissão de tratamento quando se sabe 
que certas terapêuticas serão inócuas para o paciente. Seu tratamento, nesses casos, 
deve entender e realizar a pessoa como ser integral e não só a doença que carrega. 
A enfermagem é a responsável por humanizar a assistência. Sendo assim, é 
necessário que o enfermeiro seja instruído para que saiba que é preciso se envolver 
com o paciente e criar laços a fim de promover um cuidado mais eficaz e uma troca 
positiva para ambas as partes sendo o cuidado curativo, intervencionista ou comum. 
Jean Watson, baseada em Madeleine Leininger, propôs a Teoria do Cuidado 
Transpessoal, onde descrevia o cuidado como essência da enfermagem e processo 
que exigia proximidade e compreensão. O que acaba a ir contra aos mecanismos de 
defesa que alguns profissionais acabam criando para proteger o seu próprio 
emocional, aqueles que não se envolvem com paciente, não desejam saber sua 
história e até acabam se tornando “frios” na visão de colegas de profissão. 
Ao enfermeiro acaba sendo atribuído não só as necessidades fisiológicas, mas as 
psicossociais, espirituais e afetuosas também. Por conta disso, o profissional se 
encontra várias vezes em situações estressantes e que geram fadiga mental. Ainda 
assim, a escuta é importante e saber lidar com os diferentes pacientes e familiares é 
essencial, a fim de lhes passar segurança e tranquilidade, por mais que, até para os 
profissionais de saúde, a morte e o morrer sejam “um escuro no ambiente hospitalar”, 
já que o ambiente hospitalar é idealizado como um local de cura não havendo espaço 
para morte. 
“Lidar com pacientes é uma tarefa que exige um grande desprendimento e capacidade 
de suportar frustrações e dor no entrechoque constante entre a vida e a morte” 
(FISCHER et al, 2007, p.23). 
Alguns profissionais enfermeiros têm constante medo em lidar com a morte e outros 
dizem que pensar sobre ela é muito mais difícil do que a experiência em si, mostrando 
que depende do ser humano, de suas vivências e preparo. Pensar sobre a morte e 
lidar com ela gera aversão e desconforto, pois a pessoa acaba por realizar sua própria 
existência e ressaltar sua fragilidade por isso as pessoas tendem a se afastar a fim de 
se proteger, como se as preocupações fossem sumir caso não se pense nelas. 
Segundo Rosa et al (2006), o primeiro contato com o óbito é sempre traumático, mas 
se torna mais fácil a aceitação no decorrer do ganho de experiência ao se trabalhar na 
área da saúde. Apesar disso, afirma que o pesar e a tristeza permanecem. 
Entre os sentimentos expressados pelos profissionais de enfermagem, a impotência é 
um dos mais citados. A reação de frustração pode causar sofrimento ao profissional e 
acarretar em travas na sua assistência. Os enfermeiros acabam sentindo pena e culpa 
e podem até entrar em estado de negação, levando em conta até o tempo que 
demorou para liberar um leito na unidade de terapia intensiva (UTI), por exemplo, ou 
que outra terapêutica deveria ter sido aplicada ao caso. 
Tende a agravar alterações emocionais, o fato do trabalho e assistência hospitalar 
serem fragmentados. Profissionais como médicos, fisioterapeutas, assistentes sociais, 
também estão expostos a situações estressantes e podem vir apresentar problemas 
quando não estão preparados psicologicamente. 
É fundamental que o enfermeiro esteja preparado para dar apoio não só ao paciente 
sendo assistido, mas aos familiares deste também, orientar e ajudar em decisões de 
terapêuticas, informando-os caso possa haver intercorrências no meio dos 
tratamentos. Além disso, a enfermagem deve entender que a morte não é uma doença 
e não deve ser tratado como fracasso quando um paciente vem a óbito mesmo com 
todos os recursos que foram utilizados com ele. É necessário entendê-lo como ser 
social e com crenças, respeitá-las e entendê-las, segundo Rosa e Couto (2015). 
Compreender a diversidade do ser humano é imprescindível, humanizar o momento 
do preparo do corpo de acordo com o que o paciente acreditava quando vivo. Os 
judeus, por exemplo, tem a sua maneira de lidar com a morte, assim como cristãos e 
espíritas. Saber sobre é importante para não acabar causando mais sofrimento as 
pessoas que tinham o indivíduo quês e foi como querido. 
Muitas vezes, o enfermeiro acaba se permitindo viver o luto, principalmente quando o 
paciente era uma criança ou mais jovem, pois se afirma e é usado como argumento 
que eram indivíduos “com a vida toda pela frente”, pessoas que não viveram o 
suficiente, enquanto que já se espera e aceita como natural a morte na velhice. 
Estudos sobre o tema, no geral, mostram insegurança e deficiência no preparo dos 
profissionais quando confrontados sobre o tema. O profissional, enquanto em 
estudante em formação, precisa ser instruído a pensar além do biológico, estudar 
temas como psicologia e antropologia que o permitam refletir sobre a esfera emocional 
do ser humano para, assim, já sentir que está sendo preparado para aquele tipode 
enfrentamento: o da morte e o morrer. Quanto mais se conhece um fenômeno, mais 
se entende sobre ele. Cuidar da vida implica em cuidar da morte. Como profissionais 
que tratam de pessoas do nascimento até sua morte, conhecer a subjetividade é 
extremamente necessário para que possam exercer suas atividades conscientes da 
importância de seu papel. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
MATTOS, T. A. D. et al. Profissionais de enfermagem e o processo de morrer e morte 
em uma unidade de terapia intensiva. 2009. Disponível em: 
http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/197 
LIMA, R. et al. A morte e o processo de morrer: ainda é preciso conversar sobre isso. 
2017. Disponível em: http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/1178 
MODOLO, F. H. VIVÊNCIAS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM FRENTE AO 
PROCESSO DE MORTE E MORRER. Disponível em: 
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/enfermagem/vivencias-equipe-
enfermagem-frente-ao-processo-morte-morrer.htm 
KOVÁCS, M. J. Bioética nas questões da vida e da morte. 2003. Disponível em: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642003000200008 
ROSA, D. S. S.; COUTO, S. A. O ENFRENTAMENTO EMOCIONAL DO 
PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE NO 
PROCESSO DA TERMINALIDADE DA VIDA. 2015. Disponível em: 
https://www5.bahiana.edu.br/index.php/enfermagem/article/view/467/438 
SOU ENFERMAGEM. O processo de Morte e Morrer e a Bioética na Assistência de 
Saúde e de Enfermagem. 2019. Disponível em: 
https://souenfermagem.com.br/fundamentos/o-paciente/o-processo-de-morte-e-morrer-
e-a-bioetica-na-assistencia-de-saude-e-de-enfermagem/ 
BANDEIRA, D. et al. A MORTE E O MORRER NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE 
ENFERMEIROS SOB A ÓTICA DE DOCENTES DE ENFERMAGEM. 2014. Disponível 
em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
07072014000200400&script=sci_arttext&tlng=pt 
LIMA, R. S.; JÚNIOR, J. A. C. O PROCESSO DE MORTE E MORRER NA VISÃO DO 
ENFERMEIRO. 2015. Disponível em: 
https://www.facema.edu.br/ojs/index.php/ReOnFacema/article/view/13/8

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