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AGRAVO EM EXECUÇÃO

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MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1842
conhecidos, em virtude, por exemplo, da intempestividade, não haverá a interrupção do prazo 
para oposição dos outros recursos. O início do prazo recursal terá tido início, portanto, no pri-
meiro dia útil subsequente à intimação da decisão embargada.193
Na mesma linha, quando os embargos de declaração forem reconhecidos como meramente 
protelatórios, não se deve conceder aos mesmos a interrupção, nem tampouco a suspensão do 
prazo de outro recurso, pois se estaria premiando a manobra fraudulenta (v.g., Regimento Interno 
do STF, art. 339, caput, e § 2º). A propósito, segundo a súmula 98 do STJ, “embargos de decla-
ração manifestados com notório propósito de prequestionamento não tem caráter protelatório”.
Na vigência da redação original da Lei n. 9.099/95, quando opostos contra sentença, os 
embargos de declaração suspenderiam o prazo para o recurso (Lei nº 9.099/95, art. 83, § 2º), 
ou seja, julgados os embargos, o prazo para eventual apelação voltaria a ocorrer pelo tempo 
que faltava. Perceba-se que o art. 83, § 2º, da Lei nº 9.099/95, referia-se apenas aos embargos 
declaratórios opostos contra sentença. Logo, a suspensão do prazo recursal não se aplicaria aos 
embargos opostos contra acórdão de Turma Recursal: aqui, o efeito seria a interrupção do prazo 
para interposição de outro recurso, aplicando-se, por analogia, o quanto disposto no art. 1026, 
caput, do novo CPC.194 Ocorre que o art. 1.066 do novo CPC alterou a redação do art. 83, §2º, 
da Lei n. 9.099/95, que passou a prever que os embargos de declaração interrompem o prazo 
para a interposição de recurso.
Quanto aos embargos de declaração no âmbito do STJ, o art. 265, caput, do RISTJ prevê 
que sua oposição acarretará a suspensão do prazo para a interposição de recursos por qualquer 
das partes. Por sua vez, no âmbito do Supremo, os embargos de declaração suspendem o prazo 
para interposição de outro recurso, salvo quando reconhecido seu caráter protelatório (RISTF, 
art. 339, caput, e § 2º).
6. AGRAVO EM EXECUÇÃO
De acordo com o art. 197 da Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84), das decisões profe-
ridas pelo juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo. Portanto, tratando-se de decisão 
proferida pelo juízo das execuções, o recurso adequado será o agravo em execução.
6.1. Hipóteses de cabimento
Considerando que o recurso de agravo em execução é o instrumento adequado para a 
impugnação das decisões proferidas pelo juízo das execuções, parece-nos que, antes mesmo 
de analisarmos as peculiaridades desse recurso, é de fundamental importância relembrarmos a 
competência do juízo da execução.
Acerca do assunto, o art. 66 da LEP preceitua que compete ao Juiz da execução: I – aplicar 
aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado; II – declarar extinta 
a punibilidade; III – decidir sobre: a) soma ou unificação de penas; b) progressão ou regressão 
nos regimes; c) detração e remição da pena; d) suspensão condicional da pena; e) livramento 
condicional; f) incidentes da execução. IV – autorizar saídas temporárias; V – determinar: a) a 
forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e fiscalizar sua execução; b) a conversão 
da pena restritiva de direitos e de multa em privativa de liberdade; c) a conversão da pena pri-
vativa de liberdade em restritiva de direitos; d) a aplicação da medida de segurança, bem como 
a substituição da pena por medida de segurança; e) a revogação da medida de segurança; f) a 
desinternação e o restabelecimento da situação anterior; g) o cumprimento de pena ou medida 
de segurança em outra comarca; h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1º, do 
193. No sentido de que embargos de declaração intempestivos não interrompem o prazo para a interposição de 
outros recursos: STF, 1ª Turma, AI 534868 AgR/SP, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 24/05/2005, DJ 17/06/2005.
194. Com esse entendimento: STF, 1ª Turma, AI 451.078 AgR/RJ, Rel. Min. Eros Grau, j. 31/08/2004, DJ 24/09/2004.
TÍTULO 14 • RECURSOS 1843
artigo 86, desta Lei. VI – zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de segurança; 
VII – inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais, tomando providências para o ade-
quado funcionamento e promovendo, quando for o caso, a apuração de responsabilidade; VIII 
– interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver funcionando em condições 
inadequadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei; IX – compor e instalar o Conselho 
da Comunidade. X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir.
Ainda em relação à competência do Juízo da execução, convém lembrar que tem sido 
admitida pelos Tribunais a concessão antecipada de benefícios prisionais ao preso cautelar, 
enquanto se aguarda o julgamento de recurso interposto pela defesa, mas desde que tenha se 
operado o trânsito em julgado da sentença condenatória para o Ministério Público, pelo menos 
em relação à pena (princípio da non reformatio in pejus – CPP, art. 617). Prova disso é o teor 
da súmula nº 716 do STF: “Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a 
aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da 
sentença condenatória”. Nesse caso, a quem compete a concessão dos benefícios: ao juízo da 
condenação ou ao juízo da execução? Uma primeira corrente entende que a competência é do 
Juiz da condenação. Prevalece, todavia, o entendimento de que a competência é do Juízo da 
Execução Penal. Destarte, na hipótese de haver decisão referente à concessão antecipada de 
benefícios prisionais pelo juízo da execução (v.g., progressão de regimes ao preso cautelar), o 
recurso adequado também será o agravo em execução.195
6.2. Procedimento
O art. 197 da LEP nada diz acerca do procedimento recursal do agravo em execução. À 
época em que a Lei nº 7.210/84 entrou em vigor, houve certa controvérsia acerca do proce-
dimento a ser observado. Parte da doutrina entendia que o procedimento a ser utilizado seria 
aquele do agravo de instrumento. Prevalece, no entanto, o entendimento no sentido de que 
devem ser aplicadas, subsidiariamente, as normas procedimentais pertinentes ao recurso em 
sentido estrito. Afinal, antes de utilizarmos subsidiariamente o Código de Processo Civil, 
devemos verificar se não há, no próprio Código de Processo Penal, procedimento que possa 
ser utilizado, tal como ocorre nesta hipótese. Prova disso, aliás, é o teor da súmula 700 do 
Supremo, que diz que “é de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do 
juiz da execução penal”.
Destarte, se o procedimento a ser observado é semelhante ao do RESE, conclui-se que o 
agravo em execução pode ser interposto por petição ou por termo nos autos, facultando-se ao 
recorrente a apresentação das razões em momento subsequente à interposição, ou, se preferir, 
sua imediata juntada.
Nos mesmos moldes que o RESE, o agravo em execução deve subir para o Tribunal com-
petente por meio de instrumento. Daí por que a parte deve indicar, no ato da interposição, as 
peças dos autos que pretende traslado.
6.3. Prazo
O prazo é semelhante ao RESE: 05 (cinco) dias para interposição (CPP, art. 586, caput) e 
02 (dois) dias para apresentação de razões e contrarrazões (CPP, art. 588, caput).
195. STF, 1ª Turma, RHC 92.872/MG, Rel. Min. Cármen Lúcia, Dje 26 14/02/2008. Ainda no sentido da competência 
do juízo da execução para processar e julgar pedido de progressão de regime feito por preso cautelar: STJ, 5ª 
Turma, HC 89.711/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 09/06/2008. Em sentido diverso: STJ, 6ª Turma, HC 7.955/MT, 
Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 17/02/1999 p. 167.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1844
6.4. Efeitos
Em relação aos efeitos, é sabido que, como todo e qualquer recurso, o agravo em execução 
também é dotado de efeito devolutivo. Como é aplicável, subsidiariamente, o mesmo proce-
dimento do RESE, conclui-se que o agravo também é dotado de efeito regressivo(diferido ou 
iterativo), permitindo que o juiz da execução possa se retratar de sua decisão.
No tocante ao efeito suspensivo, o art. 197 da LEP é categórico ao dizer que o agravo em 
execução não o possui.196
Se, pelo menos em regra, o agravo em execução não é dotado de efeito suspensivo, especial 
atenção deve ser dispensada ao quanto disposto no art. 179 da LEP, que dispõe que “transitada 
em julgado a sentença, o juiz expedirá ordem para a desinternação ou a liberação”. Como se 
percebe, a partir do momento que o dispositivo condiciona a desinternação ou a liberação do 
agente inimputável ou semi-imputável cuja periculosidade tenha cessado ao trânsito em julgado 
da referida decisão, é de se concluir que, nesse caso, o agravo em execução é dotado de efeito 
suspensivo, visto que sua simples interposição tem o condão de impedir o trânsito em julgado, 
ao qual está condicionada a produção dos efeitos da referida decisão.
7. CARTA TESTEMUNHÁVEL
De acordo com o art. 639 do CPP, a carta testemunhável será cabível contra a decisão que 
denegar o recurso ou contra a decisão que, admitindo embora o recurso, obste à sua expedição 
e seguimento para o juízo ad quem.
7.1. Hipóteses de cabimento
Trata-se de instrumento criado para obstar os problemas decorrentes de os juízes se oculta-
rem para não receber os recursos ou de determinarem aos escrivães que não lhes deem andamento. 
Sobre sua origem, a doutrina aponta que “o recorrente comparecia ao cartório, acompanhado 
de duas testemunhas, e relatava o que estava sucedendo ao escrivão, manifestando sua intenção 
de recorrer. Caso o escrivão admitisse a veracidade dos fatos narrados, fornecendo atestado a 
respeito, o problema ficava solucionado. Em caso de relutância do escrivão, o recorrente com-
parecia ao tribunal com as duas testemunhas”.197
Leitura isolada do art. 639 do CPP pode levar à conclusão (equivocada) de que a carta 
testemunhável seria a impugnação adequada contra toda e qualquer decisão que não recebesse 
um recurso interposto ou que negasse seu seguimento.
Porém, não se pode perder de vista que a lei processual penal também faz referência ao 
cabimento de outras impugnações contra decisões que não conhecerem determinado recurso. 
É o que ocorre, por exemplo, com o não conhecimento de apelação interposta. De acordo com 
o art. 581, XV, caberá RESE contra a decisão que denegar a apelação ou a julgar deserta. Nos 
casos de não acolhimento de embargos declaratórios e embargos infringentes nos tribunais, os 
regimentos, em regra, possibilitam o uso de agravo. Na mesma linha, segundo o art. 1042, I, 
in fine, do novo CPC, denegado o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo 
de instrumento, no prazo de quinze dias, para o Supremo Tribunal Federal ou para o Superior 
Tribunal de Justiça, conforme o caso.
196. Para mais detalhes acerca do cabimento de mandado de segurança para atribuir efeito suspensivo a recurso 
criminal interposto pelo Ministério Público, objeto do enunciado da súmula n. 604 do STJ (“O mandado de 
segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público”), 
remetemos o leitor ao Título 13, referente aos Recursos, mais precisamente ao item 7.3, atinente ao efeito 
suspensivo.
197. Nessa linha: GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. 
Recursos no processo penal. 6ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 159.

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