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02_Lei Penal

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LEI PENAL
A LEI PENAL  é a fonte formal imediata do 
Direito Penal 
✔ Art. 5º, XXXIX, da CF/88: não há crime sem lei anterior 
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
✔ Art. 1º, CP: (Anterioridade da Lei) Não há crime sem 
lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação 
legal;
ESTRUTURA DA LEI PENAL 
PRECEITO PRIMÁRIO – DESCRIÇÃO DE UMA CONDUTA EM 
ABSTRATO
Ex.: Art. 121, CP: Matar alguém.
PRECEITO SECUNDÁRIO – COMINAÇÃO DE PENA
Ex.: Art. 121, CP: Pena – Reclusão de seis a vinte anos.
✔A lei penal não é proibitiva, mas descritiva;
✔A lei penal não proíbe a conduta de “matar alguém”  descreve tal 
comportamento como criminoso
CLASSIFICAÇÃO DA LEI PENAL 
Incriminadoras - são as que criam crimes e cominam penas. 
Estão contidas na Parte Especial do Código Penal e na legislação 
extravagante; 
Não-incriminadoras* - são as que não criam crimes nem 
cominam penas; 
Completas ou perfeitas - apresentam todos os elementos da 
conduta criminosa. Ex.: art. 157, caput, do CP
Incompletas ou imperfeitas - reservam a complementação da 
defnição da conduta criminosa a uma outra lei, a um ato da 
Administração Pública ou ao julgador. 
Ex.: as leis penais em branco, nos dois primeiros casos, e os tipos 
penais abertos, no último.
NÃO-INCRIMINADORA 
Permissivas - autorizam a prática de condutas típicas (causas 
de exclusão da ilicitude). 
Estão previstas na Parte Geral (CP, art. 23); 
Algumas são também encontradas na Parte Especial, tal como 
ocorre nos arts. 128 (aborto legal) e 142 (exclusão da ilicitude 
nos crimes contra a honra) do Código Penal;
Exculpantes - estabelecem a não culpabilidade do agente ou 
ainda a impunidade de determinados delitos. 
Exemplos: doença mental, menoridade, prescrição e perdão 
judicial. 
NÃO-INCRIMINADORA 
Interpretativas - esclarecem o conteúdo e o signifcado de 
outras leis penais. 
Ex.: arts. 150, § 4.º (conceito de domicílio), e 327 (conceito de 
funcionário público), CP 
De aplicação, finais ou complementares - delimitam o campo 
de validade das leis incriminadoras. 
Ex.: arts. 2.º e 5.º, CP
NÃO-INCRIMINADORA 
Diretivas - são as que estabelecem os princípios de determinada 
matéria. 
Ex.: princípio da reserva legal (CP, art. 1.º)
 
Integrativas - são as que complementam a tipicidade no 
tocante ao nexo causal nos crimes omissivos impróprios, à 
tentativa e à participação (CP, arts. 13, § 2.º, 14, II, e 29, caput, 
respectivamente)
CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL 
Exclusividade - só a lei pode criar delitos e penas (CF, art. 5.º, 
XXXIX, e art. 1.º do CP).
Imperatividade - o seu descumprimento acarreta a imposição 
de pena ou de medida de segurança, tornando obrigatório o seu 
respeito.
Generalidade - dirige-se indistintamente a todas as pessoas, 
inclusive aos inimputáveis. 
Ex.: art. 6º da LINDB: A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, 
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL 
Impessoalidade - projeta os seus efeitos abstratamente a fatos 
futuros, para qualquer pessoa que venha a praticá-los. 
Anterioridade - as leis penais incriminadoras apenas podem ser 
aplicadas se estavam em vigor quando da prática da infração 
penal.
(no direito penal a norma pode retroagir para benefciar o réu)
cipação (CP, arts. 13, § 2.º, 14, II, e 29, caput, respectivamente)
CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL 
Impessoalidade - projeta os seus efeitos abstratamente a fatos 
futuros, para qualquer pessoa que venha a praticá-los. 
Anterioridade - as leis penais incriminadoras apenas podem ser 
aplicadas se estavam em vigor quando da prática da infração 
penal.
(no direito penal a norma pode retroagir para benefciar o réu)
cipação (CP, arts. 13, § 2.º, 14, II, e 29, caput, respectivamente)
LEI PENAL EM BRANCO 
LEI PENAL EM BRANCO
A lei penal em branco é a espécie de lei penal cuja defnição da 
conduta criminosa necessita complementação, que pode ser por 
outra lei, ou por ato da Administração Pública. 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
Interpretação é a tarefa mental que procura estabelecer a 
vontade da lei, ou seja, o seu conteúdo e signifcado. 
- a ciência que disciplina este estudo é a hermenêutica 
jurídica. 
- a atividade prática de interpretação da lei é chamada de 
exegese. 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
Há diversas classifcações, vejamos: 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
i) Quanto ao sujeito: autêntica, judicial ou doutrinária 
refere-se ao sujeito ou órgão que realiza a interpretação; 
- autêntica  legislador
Ex.: art. 327, CP: conceito de funcionário público para fns 
penais. 
- judicial ou jurisprudencial  membros do Poder Judiciário
✔em regra, não tem força obrigatória, salvo em dois casos: na 
situação concreta (em virtude da formação da coisa julgada 
material) e quando constituir súmula vinculante (CF, art. 103-A, e 
Lei 11.417/2006).
- doutrinária ou científca  doutrinadores, escritores e 
articulistas
✔não tem força obrigatória e vinculante, em hipótese alguma.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
ii) Quanto aos meios ou métodos: gramatical e lógica 
- gramatical, literal ou sintática  acepção literal das palavras 
contidas na lei; 
✔é a mais pobre, em face da ausência de técnica científca; 
- lógica ou teleológica  realizada com a fnalidade de 
desvendar a vontade manifestada na lei, nos moldes do art. 5.º 
da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro; 
✔é mais profunda e a que tem o maior grau de confabilidade; 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
- lógica ou teleológica
✔o intérprete se utiliza todos os elementos que tem à sua 
disposição: 
histórico (evolução histórica da lei e do objeto nela tratado);
sistemático (análise da lei em compasso com o sistema em que se 
insere);
direito comparado (tratamento do assunto em outros países);
elementos extrajurídicos (quando o signifcado de determinados 
institutos se encontra fora do âmbito do Direito, ex.: conceito de 
veneno, relacionado à química).
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
iii) Quanto ao resultado: declaratória, extensiva e restritiva 
- declaratória, declarativa ou estrita  resulta da perfeita 
sintonia entre o texto da lei e a sua vontade. Nada resta a ser 
retirado ou acrescentado. 
- extensiva  destina a corrigir uma fórmula legal 
excessivamente estreita. A lei disse menos do que desejava. 
Amplia-se o texto da lei, para amoldá-lo à sua efetiva vontade. 
- restritiva  diminuição do alcance da lei, concluindo-se que a 
sua vontade, manifestada de forma ampla, não permite seja 
atribuído à sua letra todo o sentido que em tese poderia ter. A lei 
disse mais do que desejava
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
iv) Interpretação progressiva, adaptativa ou evolutiva 
- busca amoldar a lei à realidade atual. Evita a constante reforma 
legislativa e se destina a acompanhar as mudanças da 
sociedade. É o caso do conceito de ato obsceno, diferente 
atualmente do que era há algumas décadas.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
v) Interpretação analógica ou intra legem
- é a que se verifca quando a lei contém em seu bojo uma 
fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica. É 
necessária para possibilitar a aplicação da lei aos inúmeros e 
imprevisíveis casos que as situações práticas podem apresentar. 
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
…
Homicídio qualifcado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro 
motivo torpe;
ANALOGIA NO DIREITO PENAL 
- é a aplicação, ao caso não previsto em lei, de lei reguladora de 
caso semelhante. 
Analogia in malam partem  é aquela pela qual aplica-se ao caso 
omisso uma lei maléfca ao réu, disciplinadora de caso 
semelhante. (não é possível no direito penal)
Analogia in bonam partem  é aquela pela qual se aplica ao caso 
omisso uma lei favorável ao réu, reguladora de caso semelhante. 
(é possível no direito penal)
LEI PENAL NO 
TEMPO
(Art. 2º, CP)
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
Quando a lei penal ingressa no ordenamento jurídico (após o 
devido processolegislativo) vigora até ser revogada por outro 
ato normativo de igual natureza;
 princípio da continuidade das leis;
Revogação  é a retirada da vigência de uma lei  uma lei 
somente é revogada por outra lei
Exceção: 
- as leis temporárias e excepcionais, pois são autorrevogáveis. 
- os costumes  não revogam leis
- o desuso  não revoga lei 
- decisão judicial  não revoga lei
 
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
Declaração de inconstitucionalidade (STF) limita-se a retirar a 
efcácia da lei em contrariedade com o texto constitucional, sem 
revogá-la, função exclusiva do Poder Legislativo.
 
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
 
Revogaçaão
(alcance)
Revogaçaã o
(alcance)
AB-ROGAÇAÃ O 
(absoluta)
AB-ROGAÇAÃ O 
(absoluta)
DERROGAÇAÃ O 
(parcial)
DERROGAÇAÃ O 
(parcial)
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
 
Revogaçaão (modo)Revogaçaã o (modo)
ExpressaExpressa
indica 
expressamente qual 
lei ou dispositivos foi 
revgado
indica 
expressamente qual 
lei ou dispositivos foi 
revgado
Taá citaTaá cita
nova lei se mostra 
incompatíável com a 
anterior
nova lei se mostra 
incompatíável com a 
anterior
GlobalGlobal
nova lei regula 
inteiramente 
mateária constante 
em lei anterior
nova lei regula 
inteiramente 
mateá ria constante 
em lei anterior
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
Observação importante: lei de natureza geral não revoga a 
especial, da mesma forma pela qual a especial também não 
revoga a geral. 
 
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
CONFLITO DE LEIS PENAIS NO TEMPO 
- verifca-se o confito de leis no tempo quando uma lei nova 
entra em vigor, revogando a anterior
REGRA GERAL  é a da prevalência da lei que se encontrava em 
vigor quando da prática do fato
 aplica-se a lei vigente quando da prática da conduta (tempus 
regit actum)
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
Possibilidades de sucessão de leis penais no tempo: 
- a lei cria uma nova fgura penal (novatio legis 
incriminadora); 
- a lei posterior se mostra mais rígida em comparação com 
a lei anterior (lex gravior); 
- a lei posterior extingue o crime (abolitio criminis); 
- a lei posterior é benigna em relação à sanção penal ou à 
forma de seu cumprimento (lex mitior); 
- a lei posterior contém alguns preceitos mais rígidos e 
outros mais brandos. 
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
Lei penal no tempo
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior 
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a 
execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda 
que decididos por sentença condenatória transitada em 
julgado. 
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
i) novatio legis incriminadora 
✔ é a lei que tipifca como infrações penais 
comportamentos que não eram crime; 
✔ a neocriminalização somente pode atingir situações 
consumadas após sua entrada em vigor. Não poderá 
retroagir, em hipótese alguma, conforme determina o art. 
5.º, XL, da Constituição Federal; 
✔ a novatio legis incriminadora, portanto, somente tem 
efcácia para o futuro. Jamais para o passado;
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
ii) lei penal mais grave ou lex gravior 
✔ lei penal mais grave é a que de qualquer modo implicar 
tratamento mais rigoroso às condutas já classifcadas como 
infrações penais;
 
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
ii) lei penal mais grave ou lex gravior 
“de qualquer modo”  deve ser considerada de forma 
ampla, qualquer situação prejudicial ao réu:
- aumento de pena;
- criação de qualifcadora;
- criação de agravante genérica;
- criação de causa de aumento da pena;
- imposição de regime prisional mais rígido;
- aumento do prazo prescricional;
- supressão de atenuante genérica;
- supressão causa de diminuição da pena, e etc. 
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
ii) lei penal mais grave ou lex gravior 
✔ se mais grave, a lei terá aplicação apenas a fatos 
posteriores à sua entrada em vigor. Jamais retroagirá, 
conforme expressa determinação constitucional. 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Essa regra tem incidência 
sobre todas as leis com conteúdo material, direito penal;
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
iii) Abolitio criminis e lei posterior benéfica 
✔ abolitio criminis é a nova lei que exclui do âmbito do Direito 
Penal um fato até então considerado criminoso. 
✔ fundamento legal no art. 2.º, caput, do Código Penal;
✔ natureza jurídica de causa de extinção da punibilidade 
(art. 107, inc. III, CP).
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
iii) Abolitio criminis e lei posterior benéfica 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE (1): alcança a execução e os efeitos 
penais da sentença condenatória, não servindo como pressuposto 
da reincidência, e também não configura maus antecedentes. 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE (2): a abolitio criminis não alcança 
os efeitos civis decorrentes de uma eventual condenação.
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
iii) Abolitio criminis e lei posterior benéfica 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE (3): são necessários dois requisitos 
para a caracterização da abolitio criminis: 
(i) revogação formal do tipo penal; e 
(ii) supressão material do fato criminoso. 
Não basta a simples revogação do tipo penal. É necessário que o 
fato outrora incriminado torne-se irrelevante perante o ordenamento 
jurídico, a exemplo do que aconteceu com o antigo crime de 
adultério, cuja definição encontrava-se no art. 240 do Código Penal. 
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
iii) Abolitio criminis e lei posterior benéfica 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE (3): são necessários dois requisitos 
para a caracterização da abolitio criminis: 
(i) revogação formal do tipo penal; e 
(ii) supressão material do fato criminoso. 
Não ocorreu abolitio criminis no caso do atentado violento ao 
pudor. O art. 214 do CP foi revogado pela Lei 12.015/2009, mas 
o que até então era considerado atentado violento ao pudor, 
passou a ser alcançado pelo art. 213 do CP, agora como 
“estupro”  trata-se do PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE 
NORMATIVA. 
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
Lei penal benéfica (lex mitior ou novatio legis in mellius)
- se verifica na sucessão de leis penais no tempo, um fato previsto 
como crime ou contravenção penal tenha sido praticado na vigência 
da lei anterior, e o novel instrumento legislativo seja mais vantajoso 
ao agente, favorecendo o de qualquer modo. 
Art. 5º, XL, CF - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o 
réu;
A retroatividade é automática, dispensa cláusula expressa e alcança 
inclusive os fatos já definitivamente julgados. 
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
Lei penal benéfica (lex mitior ou novatio legis in mellius)
✔Qual é o juízo competente para aplicar a “abolitio criminis” e 
a nova lei mais favorável? 
- pelo órgão do Poder Judiciário em que a ação penal estiver em 
trâmite. 
- Tratando-se de inquérito policial ou de ação penal que se encontre 
em 1.º grau de jurisdição, ao juiz natural compete a aplicação da lei 
mais favorável. 
- No caso de ação penal em grau de recurso, ou ainda na hipótese 
de crime de competência originária dos Tribunais, tal mister será 
tarefa do Tribunal respectivo. 
- Se a condenação já tiver sido alcançada pelo trânsito em julgado, 
a competência será do juízo da Vara das Execuções Criminais.
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
Lei penal benéfica (lex mitior ou novatio legis in mellius)
✔ULTRATIVIDADE da lei mais benéfica. 
- aplica-se quando o crime foi praticado durante a vigência 
de uma lei, posteriormente revogada por outra prejudicial 
ao agente. Subsistem, no caso, os efeitos da lei anterior, 
mais favorável, pois a lei penal mais grave jamais 
retroagirá. 
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
Lei penal posterior e vacatio legis 
Durante o período de vacatio legis, a lei penal não pode ser 
aplicada, mesmo que ela seja mais favorável ao réu. 
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
iv) Combinação de leis penais (lex tertia) 
Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 501: “É cabível 
a aplicação retroativada Lei n. 11.343/2006, desde que o 
resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, 
seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação 
da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de 
leis”. 
LEI PENAL NO TEMPO (Art. 2º, CP) 
v) Lei penal intermediária 
É possível, em caso de sucessão de leis penais, a aplicação 
de uma lei intermediária mais favorável ao réu, ainda que 
não seja a lei em vigor quando da prática da infração penal 
ou a lei vigente à época do julgamento. 
Exemplo: Ao tempo da conduta estava em vigor a lei “A”, 
sucedida pela lei “B”, encontrando-se em vigor ao tempo 
da sentença a lei “C”. Nada impede a aplicação da lei “B”, 
desde que se trate, entre todas, da mais favorável ao 
agente.
LEI PENAL 
TEMPORÁRIA E 
LEI PENAL 
EXCEPCIONAL
(Art. 3º, CP)
LEI PENAL TEMPORÁRIA E 
EXCEPCIONAL (Art. 3º) 
Lei penal temporária é aquela que tem termo fnal 
explicitamente previsto em data certa do calendário. 
É o caso da Lei 12.663/2012, conhecida como “Lei Geral da Copa 
do Mundo de Futebol de 2014”, cujo art. 36 contém a seguinte 
redação: “Os tipos penais previstos neste Capítulo terão vigência 
até o dia 31 de dezembro de 2014”. 
Lei penal excepcional é a que se verifca quando a sua duração 
está relacionada a situações de anormalidade. 
Exemplo: É editada uma lei que diz ser 
crime, punido com reclusão de seis meses a dois anos, tomar 
banho com mais de dez minutos de duração durante o período 
de racionamento de energia.
LEI PENAL TEMPORÁRIA E 
EXCEPCIONAL (Art. 3º) 
CARACTERÍSTICAS: 
✔ São leis autorrevogáveis;
✔ São dotadas de ultratividade;
LEI PENAL TEMPORÁRIA E 
EXCEPCIONAL (Art. 3º) 
Lei excepcional ou temporária
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, 
embora decorrido o período de sua duração 
ou cessadas as circunstâncias que a 
determinaram, aplica-se ao fato praticado 
durante sua vigência.
CONFLITO 
APARENTE DE 
LEIS PENAIS
CONFLITO APARENTE DE LEIS 
PENAIS 
Ocorre quando a um único fato se revela possível, em tese, a 
aplicação de dois ou mais tipos legais, ambos instituídos por leis 
de igual hierarquia e originárias da mesma fonte de produção, e 
também em vigor ao tempo da prática da infração penal. 
Requisitos do confito aparente de normas
- unidade de fato; 
- pluralidade de leis penais;
- vigência simultânea de todas as leis penais. 
CONFLITO APARENTE DE LEIS 
PENAIS 
Princípios para solução do confito 
- especialidade; 
- subsidiariedade; 
- consunção;
CONFLITO APARENTE DE LEIS 
PENAIS 
Princípio da especialidade 
(análise em abstrato; lei mais adequada, especial)
Com origem no Direito Romano, é aceito de forma 
unânime. Por sinal, não se questiona que a lei 
especial prevalece sobre a lei geral (lex specialis 
derogat generali; semper specialia generalibus insunt; generi 
per speciem derogatur). 
Exemplo: homicídio e infanticídio
CONFLITO APARENTE DE LEIS 
PENAIS 
Princípio da subsidiariedade 
(análise do caso concreto – aplica a lei mais grave)
Estabelece que a lei primária tem prevalência sobre a lei 
subsidiária (lex primaria derogat legi subsidiarie). 
Há subsidiariedade entre duas leis penais quando se trata 
de estágios ou graus diversos de ofensa a um mesmo bem 
jurídico, de forma que a ofensa mais ampla e dotada de 
maior gravidade, descrita pela lei primária, engloba a 
menos ampla, contida na subsidiária, fcando a 
aplicabilidade desta condicionada à não incidência da 
outra.
CONFLITO APARENTE DE LEIS 
PENAIS 
Princípio da subsidiariedade 
A subsidiariedade pode ser expressa ou tácita. 
CONFLITO APARENTE DE LEIS 
PENAIS 
Princípio da subsidiariedade 
Subsidiariedade expressa ou explícita: ocorre nas situações em 
que é declarada formalmente na lei, mediante o emprego 
de expressões como: “se as circunstâncias evidenciam que 
o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de 
produzi-lo” (CP, art. 129, § 3.º), “se o fato não constitui 
crime mais grave” (CP, art. 132), “se o fato não constitui 
elemento de outro crime” (CP, art. 249), entre outras 
análogas. 
CONFLITO APARENTE DE LEIS 
PENAIS 
Princípio da subsidiariedade 
Subsidiariedade tácita ou implícita: quando a lei residual não 
condiciona, taxativamente, a sua aplicação em caso de 
impossibilidade de incidência da primária. É possível a 
ocorrência da subsidiariedade sem ser expressa pelo 
legislador.
Exemplo: Constrangimento ilegal (CP, art. 146), subsidiário 
diante do estupro (CP, art. 213). 
CONFLITO APARENTE DE LEIS 
PENAIS 
Princípio da subsidiariedade 
✔ O crime tipifcado pela lei subsidiária, além de menos grave do 
que o narrado pela lei primária, dele também difere quanto à 
forma de execução, já que corresponde a uma parte deste. 
✔ A fgura subsidiária está inserida na principal. 
✔ O roubo contém em seu tipo penal os crimes de furto e de 
ameaça ou lesão corporal. 
✔ A lei subsidiária exerce função complementar diante da 
principal. 
✔ A lei subsidiária somente se aplica quando a lei principal não 
puder incidir no tocante ao fato punível.
✔ O fato tem de ser apreciado em concreto, para aferir qual a 
disposição legal em que se enquadra.
CONFLITO APARENTE DE LEIS 
PENAIS 
Princípio da consunção ou da absorção 
(análise do fato concreto)
- o fato mais amplo e grave consome, absorve os demais 
fatos menos amplos e graves, os quais atuam como meio 
normal de preparação ou execução daquele, ou ainda como 
seu mero exaurimento. 
o princípio da consunção se concretiza em quatro 
situações: 
- crime complexo;
- crime progressivo;
- progressão criminosa;
CONFLITO APARENTE DE LEIS 
PENAIS 
Princípio da consunção ou da absorção 
Crime complexo ou crime composto
★ resulta da fusão de dois ou mais crimes, que 
passam a desempenhar a função de elementares 
ou circunstâncias daquele;
Ex.: roubo (furto + ameaça ou lesão corporal);
★ protege-se mais de um bem jurídico
CONFLITO APARENTE DE LEIS 
PENAIS 
Princípio da consunção ou da absorção 
Crime progressivo
★ o agente almeja desde o início alcançar o resultado mais 
grave, e pratica atos com crescente violação ao bem jurídico;
★ pressupõe necessariamente a existência de um crime 
plurissubsistente, isto é, uma única conduta orientada por um só 
propósito, mas fracionável em diversos atos; 
★ o ato fnal, gerador do evento originariamente desejado, 
consome os anteriores, que produziram violações mais brandas 
ao bem jurídico fnalmente atacado, denominados de crimes de 
ação de passagem;
★ Ex.: diversas lesões corporais até culminar na morte.
CONFLITO APARENTE DE LEIS 
PENAIS 
Princípio da consunção ou da absorção 
Progressão criminosa
★ o agente pretende inicialmente produzir um 
resultado e, depois de alcançá-lo, opta por prosseguir 
na prática ilícita e reinicia outra conduta, produzindo 
um evento mais grave;
★ Ex.: após praticar vias de fato, opta por produzir 
lesões corporais na vítima, e, ainda não satisfeito, 
acaba por matá-la responde exclusivamente pelo 
homicídio
TEMPO DO CRIME
Art. 4º, CP
TEMPO DO CRIME (Art. 4º, CP) 
Quando o crime foi cometido?
teoria da atividade  considera-se praticado o crime 
no momento da conduta (ação ou omissão), pouco 
importando o momento do resultado. 
teoria do resultado ou do evento  considera-se 
praticado o crime no momento em que ocorre a 
consumação. É irrelevante a ocasião da conduta. 
teoria mista ou da ubiquidade  considera-se 
praticado o crime tanto no momento da conduta 
como do resultado. 
TEMPO DO CRIME (Art. 4º, CP) 
Quando o crime foi cometido?
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da 
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do 
resultado.
TEMPO DO CRIME (Art. 4º, CP) 
QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS COM REFERÊNCIA 
AOS CRIMES PLURISSUBSISTENTES?
(Os crimes plurissubsistentes a conduta se compõe 
de vários atos, que podem se estender no tempo)
Ex.: crime permanente, habitual, continuado.
TEMPO DO CRIME (Art. 4º, CP) 
QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS COM REFERÊNCIA 
AOS CRIMES PLURISSUBSISTENTES?
Consequências da adoção da teoria da atividade:
i) aplica-se a lei emvigor ao tempo da conduta, exceto 
se a do tempo do resultado for mais benéfca; 
ii) a imputabilidade é apurada ao tempo da conduta; 
iii) crime permanente em que a conduta tenha se 
iniciado durante a vigência de uma lei, e prossiga 
durante o império de outra, aplica-se a lei nova, ainda 
que mais severa. 
 
TEMPO DO CRIME (Art. 4º, CP) 
QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS COM REFERÊNCIA 
AOS CRIMES PLURISSUBSISTENTES?
Consequências da adoção da teoria da atividade:
iv) no crime continuado em que os fatos anteriores 
eram punidos por uma lei, operando-se o aumento 
da pena por lei nova, aplica-se esta última a toda a 
unidade delitiva, desde que sob a sua vigência 
continue a ser praticada. O crime continuado é 
considerado crime único para fns de aplicação da 
pena (teoria da fcção jurídica); 
TEMPO DO CRIME (Art. 4º, CP) 
QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS COM REFERÊNCIA 
AOS CRIMES PLURISSUBSISTENTES?
Consequências da adoção da teoria da atividade:
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime 
continuado ou ao crime permanente, se a sua 
vigência é anterior à cessação da continuidade ou 
da permanência”. (Súmula 711 do STF) 
v) no crime habitual em que haja sucessão de leis, 
deve ser aplicada a nova, ainda que mais severa, 
se o agente insistir em reiterar a conduta 
criminosa. 
TEMPO DO CRIME (Art. 4º, CP) 
QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS COM REFERÊNCIA 
AOS CRIMES PLURISSUBSISTENTES?
Consequências da adoção da teoria da atividade:
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime 
continuado ou ao crime permanente, se a sua 
vigência é anterior à cessação da continuidade ou 
da permanência”. (Súmula 711 do STF) 
v) no crime habitual em que haja sucessão de leis, 
deve ser aplicada a nova, ainda que mais severa, 
se o agente insistir em reiterar a conduta 
criminosa. 
TEMPO DO CRIME (Art. 4º, CP) 
Observação importante: 
Prescrição, o art. 111, I, CP  adota a teoria do 
resultado (a causa extintiva da punibilidade tem 
início com a data da consumação da infração 
penal).
Termo inicial da prescrição antes de transitar em 
julgado a sentença fnal
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em 
julgado a sentença fnal, começa a correr: 
I - do dia em que o crime se consumou;
LEI PENAL NO 
ESPAÇO
Arts. 5º e 7º, CP
LEI PENAL NO ESPAÇO 
Princípio da territorialidade 
 principal forma de delimitação do espaço 
geopolítico de validade da lei penal nas relações 
entre Estados soberanos. 
Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de 
convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território 
nacional.
LEI PENAL NO ESPAÇO 
Regra geral  Aplica-se a lei brasileira aos crimes 
cometidos no território nacional.
 
Exceções à regra geral
 
 quando brasileiro pratica crime no exterior 
 quando estrangeiro comete delito no Brasil
✔ o Código Penal adotou o princípio da territorialidade 
temperada ou mitigada. 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
Conceito de território: é o espaço em que o Estado 
exerce sua soberania política. 
Conforme o art. 5º do CP, o território brasileiro 
compreende: 
a) o espaço territorial delimitado pelas fronteiras, sem 
solução de continuidade, inclusive rios, lagos, mares 
interiores e ilhas, bem como o respectivo subsolo; 
b) o mar territorial (faixa de doze milhas marítimas de 
largura)
A soberania brasileira alcança também o leito e o 
subsolo do mar territorial. 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
... o território brasileiro compreende:
c) a plataforma continental (200 milhas marítimas a 
partir do litoral brasileiro), como zona econômica 
exclusiva;
Lei 8.617/1993, que incorporou a Convenção da ONU 
de 1982, sobre o direito do mar; 
d) o espaço aéreo: Em relação ao domínio aéreo, 
adotou-se a teoria da absoluta soberania do país 
subjacente, pela qual o Brasil exerce completa e 
exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de 
seu território e mar territorial (art. 11 da Lei 
7.565/1986); 
e) os navios e aeronaves, de natureza particular, em 
alto-mar ou no espaço aéreo correspondente ao alto-
mar; 
f) os navios e aeronaves, de natureza pública, onde 
quer que se encontrem; 
g) os rios e lagos internacionais (aqueles que 
atravessam mais de um Estado)
- sucessivos: o trecho que atravessa o Brasil;
- simultâneos ou fronteiriços: a delimitação da parte 
pertencente ao Brasil é fxada por tratados ou 
convenções internacionais entre os Estados 
interessados. (meio/meio)
LEI PENAL NO ESPAÇO 
... o território brasileiro compreende:
e) os navios e aeronaves, de natureza particular, em alto-
mar ou no espaço aéreo correspondente ao alto-mar; 
f) os navios e aeronaves, de natureza pública, onde quer 
que se encontrem; 
g) os rios e lagos internacionais (aqueles que atravessam 
mais de um Estado)
- sucessivos: o trecho que atravessa o Brasil;
- simultâneos ou fronteiriços: a delimitação da parte 
pertencente ao Brasil é fxada por tratados ou convenções 
internacionais entre os Estados interessados. (meio/meio)
LEI PENAL NO ESPAÇO 
Território brasileiro por extensão (art. 5º, § 1º, CP)
as embarcações e aeronaves brasileiras, de 
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro 
onde quer que se encontrem;
as aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes 
ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou 
em alto-mar.
LEI PENAL NO ESPAÇO 
EXTRATERRITORIALIDADE (art. 7º,CP)
Princípio da personalidade ou da nacionalidade: autoriza a 
submissão à lei brasileira dos crimes praticados no 
estrangeiro por autor brasileiro (ativa) ou contra vítima 
brasileira (passiva); 
De acordo com a personalidade ativa, o agente é 
punido de acordo com a lei brasileira, 
independentemente da nacionalidade do sujeito 
passivo e do bem jurídico ofendido. É previsto no art. 
7.º, I, alínea “d” (“quando o agente for brasileiro”), e 
também pelo inciso II, alínea “b”, do Código Penal. 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
EXTRATERRITORIALIDADE (art. 7º,CP)
Princípio da personalidade ou da nacionalidade: 
Extraterritorialidade (personalidade ativa)
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: 
I - os crimes: 
…
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no 
Brasil;
II - os crimes:
…
b) praticados por brasileiro;
…
LEI PENAL NO ESPAÇO 
EXTRATERRITORIALIDADE (art. 7º,CP)
Princípio da personalidade ou da nacionalidade: 
O princípio da personalidade passiva aplica-se nos casos em que 
a vítima é brasileira. 
Extraterritorialidade (personalidade passiva)
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: 
…
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as 
condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
(CONDICIONANTES) 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira 
depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei 
brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não 
ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por 
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a 
lei mais favorável.
LEI PENAL NO ESPAÇO 
EXTRATERRITORIALIDADE (art. 7º,CP)
Princípio do domicílio: o autor do crime deve ser julgado em 
consonância com a lei do país em que for domiciliado, pouco 
importando sua nacionalidade. 
Extraterritorialidade 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: 
I - os crimes: 
…
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no 
Brasil;
(OBSERVAÇÃO)
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei 
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
EXTRATERRITORIALIDADE (art. 7º,CP)
Princípio da defesa, real ou da proteção:autoriza submeter à lei penal 
brasileira os crimes praticados no estrangeiro que ofendam bens 
jurídicos pertencentes ao Brasil, qualquer que seja a 
nacionalidade do agente e o local do delito. 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
EXTRATERRITORIALIDADE (art. 7º,CP)
Princípio da defesa, real ou da proteção
Extraterritorialidade 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de 
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de 
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
(OBSERVAÇÃO)
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, 
ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
EXTRATERRITORIALIDADE (art. 7º,CP)
Princípio da justiça universal: é característico da cooperação penal 
internacional, porque todos os Estados da comunidade 
internacional podem punir os autores de determinados crimes 
que se encontrem em seu território, de acordo com as 
convenções ou tratados internacionais, pouco importando a 
nacionalidade do agente, o local do crime ou o bem jurídico 
atingido. 
Fundamenta-se no dever de solidariedade na repressão de certos 
delitos cuja punição interessa a todos os povos. Exemplos: tráfco 
de drogas, comércio de seres humanos, genocídio etc. 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
EXTRATERRITORIALIDADE (art. 7º,CP)
Princípio da justiça universal: 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: 
…
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
LEI PENAL NO ESPAÇO 
EXTRATERRITORIALIDADE (art. 7º,CP)
Princípio da representação: deve ser aplicada a lei penal brasileira aos 
crimes cometidos em aeronaves ou embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, quando estiverem em 
território estrangeiro e lá não sejam julgados. 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
EXTRATERRITORIALIDADE (art. 7º,CP)
Princípio da representação: 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: 
…
II - os crimes:
…
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, quando em território 
estrangeiro e aí não sejam julgados.
…

LEI PENAL NO ESPAÇO 
EXTRATERRITORIALIDADE (art. 7º,CP)
Princípio da representação: 

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende 
do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira 
autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí 
cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro 
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais 
favorável.
LEI PENAL NO ESPAÇO 
E se a aeronave ou embarcação 
brasileira for pública ou estiver a 
serviço do governo brasileiro???
Qual princípio???
LEI PENAL NO ESPAÇO 
Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, 
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no 
território nacional. 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão 
do território nacional as embarcações e aeronaves 
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo 
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as 
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no 
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
Não incide no caso o princípio da representação, mas sim o 
da territorialidade. (art. 5.º, § 1.º, do Código Penal).
LUGAR DO CRIME
Art. 6º, CP
LUGAR DO CRIME (Art. 6º, CP) 
Três teorias: 
1ª Teoria da atividade ou da ação: Lugar do crime é 
aquele em que foi praticada a conduta (ação ou omissão); 
2ª Teoria do resultado ou do evento: Lugar do crime é 
aquele em que se produziu ou deveria produzir-se o 
resultado, pouco importando o local da prática da conduta; 
e 
3ª Teoria mista ou da ubiquidade: Lugar do crime é tanto 
aquele em que foi praticada a conduta (ação ou omissão) 
quanto aquele em que se produziu ou deveria produzir-se o 
resultado. 
LUGAR DO CRIME (Art. 6º, CP) 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar 
em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em 
parte, bem como onde se produziu ou deveria 
produzir-se o resultado.
Teoria mista ou da ubiquidade: Lugar do crime é 
tanto aquele em que foi praticada a conduta (ação 
ou omissão) quanto aquele em que se produziu ou 
deveria produzir-se o resultado. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art6
LUGAR DO CRIME (Art. 6º, CP) 
A discussão acerca do local do crime tem pertinência 
somente em relação aos crimes a distância 
(pluralidade de países); 
Ex.: um agente efetua disparos de arma de fogo contra 
a vítima em solo brasileiro, com a intenção de matá-la, 
mas esta consegue fugir e morre depois de atravessar 
a fronteira com o Paraguai;
A adoção da teoria da ubiquidade permite a conclusão 
de que o lugar do crime tanto pode ser o Brasil como o 
Paraguai. 
LUGAR DO CRIME (Art. 6º, CP) 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE;
Para a incidência da lei brasileira é sufciente que um 
único ato executório atinja o território nacional, ou 
então que o resultado ocorra no Brasil. 
A teoria não se aplica os atos preparatórios, nem com 
os atos realizados pelo agente após a consumação. 
EXTRATERRITO-
RIALIDADE 
INCONDICIONADA 
VERSUS O
Art. 8º, CP
EXTRATERRITORIALIDADE 
INCONDICIONADA versus Art. 8º, CP 
– PROIBIÇÃO DO BIS IN IDEM 
 
Pena cumprida no estrangeiro
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a 
pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando 
diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
DETRAÇÃO PENAL:
Pena cumprida no estrangeiro diversa  atenua
Pena cumprida no estrangeiro idêntica  computada
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art8
EXTRATERRITORIALIDADE 
INCONDICIONADA E A LEI DE 
TORTURA 
 
Extraterritorialidade incondicionada e a Lei de Tortura 
- caso de extraterritorialidade incondicionada, prevista 
na legislação extravagante (art. 2º da Lei 9.455/97) 
Art. 2º - O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o 
crime não tenha sido cometido em território nacional, 
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente 
em local sob jurisdição brasileira.
LEI PENAL EM 
RELAÇÃO AS 
PESSOAS
LEI PENAL EM RELAÇÃO AS 
PESSOAS 
✔ nenhum direito é absoluto;
✔ o princípio da territorialidade não é absoluto;
✔ a territorialidade é temperada ou mitigada. 
✔ o art. 5.º, caput, do Código Penal determina que 
“aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e 
regras de direito internacional, ao crime cometido no território 
nacional”. 
✪ autoriza a criação das imunidades diplomáticas e de 
chefes de governos estrangeiros ⏎
EFICÁCIA DA 
SENTENÇA 
ESTRANGEIRA 
(Art. 9º)
EFICÁCIA DA SENTENÇA 
ESTRANGEIRA (art. 9º, CP) 
Art. 9.º A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira 
produz na espécie as mesmas consequências, pode ser 
homologada no Brasil para: 
I – obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a 
outros efeitos civis; 
II – sujeitá-lo a medida de segurança. 
Parágrafo único. A homologação depende: 
a) para os efeitosprevistos no inciso I, de pedido da parte 
interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição 
com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na 
falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
EFICÁCIA DA SENTENÇA 
ESTRANGEIRA (art. 9º, CP) 
Súmula 420 do Supremo Tribunal Federal: “Não se homologa 
sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito em 
julgado”. 
Obs.1: da análise dos arts. 9º e 63, CP, constata-se que não há 
necessidade de homologação da sentença estrangeira 
condenatória para caracterização da reincidência no Brasil;
Obs.2: Competência para homologar: STJ (art. 105, I, i, CF); 
Obs.3: sentença estrangeira homologada pelo STJ é título 
executivo judicial (art. 475-N, VI, CPC);
CONTAGEM DE 
PRAZO (Art. 10)
CONTAGEM DE PRAZO (art. 10, 
CP) 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-
se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
Obs.1: no Direito Penal, inclui-se no cômputo do prazo o dia do 
começo, qualquer que seja a fração do dia do começo, deve ser 
computada integralmente, como um dia inteiro; 
Obs.2: os prazos de natureza penal são improrrogáveis, mesmo 
que terminem em sábados, domingos ou feriados. Assim, se o 
prazo decadencial para o oferecimento de queixa-crime encerrar 
em um domingo, o titular do direito de queixa ou de representação 
deverá exercê-lo até a sexta-feira anterior.
CONTAGEM DE PRAZO (art. 10, 
CP) 
Obs.3: apesar de serem improrrogáveis, podem ser suspensos ou 
interrompidos; 
Obs.4: com relação ao Direito Processual Penal, a contagem dos 
prazos é a regra prevista no o art. 798, § 1.º, do CPP “não se 
computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do 
vencimento”. 
O fundamento da distinção é beneficiar o réu e possibilitar a 
ele o efetivo exercício da ampla defesa. 
CONTAGEM DE PRAZO (art. 10, 
CP) 
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário 
comum. 
Obs.5: calendário comum, também denominado gregoriano, é 
aquele em que se entende por dia o hiato temporal entre a meia-
noite e a meia-noite. 
Obs.6: os meses são calculados em consonância com o número 
correspondente a cada um deles, e não como o período de 30 dias;
Obs.7: o mês é calculado até a véspera do mesmo dia do mês 
subsequente, encerrando o 
prazo às 24 horas;
Obs.8: o ano é contado até o mesmo mês do ano seguinte, 
terminando o prazo às 24 horas da véspera do dia idêntico ao do 
início;
CONTAGEM DE PRAZO (art. 10, 
CP) 
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário 
comum. 
Obs.5: calendário comum, também denominado gregoriano, é aquele em 
que se entende por dia o hiato temporal entre a meia-noite e a meia-noite. 
Obs.6: os meses são calculados em consonância com o número 
correspondente a cada um deles, e não como o período de 30 dias;
Obs.7: o mês é calculado até a véspera do mesmo dia do mês 
subsequente, encerrando o 
prazo às 24 horas;
Obs.8: o ano é contado até o mesmo mês do ano seguinte, terminando o 
prazo às 24 horas da véspera do dia idêntico ao do início;
FRAÇÕES NÃO 
COMUTÁVEIS DA 
PENA (Art. 11)
FRAÇÕES NÃO COMUTÁVEIS DA 
PENA (art. 11, CP) 
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas 
restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as 
frações de cruzeiro. 
1.ª Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas 
restritivas de direitos, as frações de dia. 
2.ª Desprezam-se, na pena de multa, as frações de cruzeiro.
LEGISLAÇÃO 
ESPECIAL (Art. 
12)
LEGISLAÇÃO ESPECIAL (art. 12, 
CP) 
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos 
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo 
diverso.
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