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LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO

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Lei Penal no
Tempo e no Espaço1
AULA
DIREITO PENAL
627.532.902-53
mentoriaodp
LEI PENAL NO TEMPO
www.seraprovado.com.br
@deltaivomartins2
 DIREITO PENAL
Ivo Henrique Moreira Martins é pós-graduado em Direito Processual Civil pelo Instituo Brasiliense de Direito Público - IDP - Brasília/DF. Graduado em Direito pelo Instituto Metodista 
Bennett no Rio de Janeiro.
Delegado de Polícia Civil no Estado do Amazonas. Foi Delegado-Ge-
ral Adjunto da Polícia Civil do Amazonas. Diretor do Departamento 
de Inteligência da Secretaria-executiva Adjunta de Inteligência do 
Estado do Amazonas. Delegado Titular da Delegacia Especializada 
em Homicídios e Sequestros. Professor universitário da graduação 
e Pós-graduação. Professor do Instituto integrado de segurança 
Pública do Estado do Amazonas e de cursos preparatórios para 
concurso público.
 
Redes Sociais:
 @deltaivomartins
CRONOGRAMA DAS AULAS
AULA 01. LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO
AULA 02. PRINCÍPIOS, FONTES, CONCEITOS E DIVISÕES DO DIREITO PENAL
AULA 03. CRIMES EM ESPÉCIE. LESÃO CORPORAL
AULA 04. CONCURSO DE AGENTES
AULA 05. CRIMES FUNCIONAIS
AULA 06. CRIMES DE FURTO E ROUBO – INOVAÇÕES LEGISLATIVAS
AULA 07. CRIME DE HOMICÍDIO
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LEI PENAL NO TEMPO
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@deltaivomartins 3
LEI PENAL NO TEMPO
INTRODUÇÃO
Como decorrência do princípio da legalidade, aplica-se, em regra, a lei penal vigente ao 
tempo da realização do fato criminoso (tempus regit actum).
É um desdobramento lógico do princípio da legalidade. Excepcionalmente, no entanto, 
será permitida a retroatividade da lei penal para alcançar os fatos passados, desde que be-
néfi ca ao réu.
Veremos, mais a frente, que é possível que a lei penal se movimente no tempo: extra-a-
tividade da lei penal.
CONFLITO DE LEIS PENAIS NO TEMPO: DIREITO INTERTEMPORAL
É a situação que se verifi ca quando uma nova lei penal entra em vigor, revogando a lei 
anterior.
A revogação, que é a retirada de vigência da lei, pode ser: (i) total, chamada de ab-roga-
ção ou (ii) parcial, chamada de derrogação.
Antes de seguirmos com o assunto, é importante frisar que somente uma lei pode revogar 
outra lei. Por causa disso, é errado quando ouvimos pessoas dizendo que “a lei não pegou” e 
deixa de seguir o comando da norma. Isso não existe. Uma lei somente pode ser revogada 
por outra lei. 
Além disso, toda e qualquer lei pode ser revogada, já que a função típica do Legislativo, a 
função legiferante, de criar leis, é irrenunciável.
Outro erro comum que escutamos é que “ninguém usa essa lei” e, também, por causa 
disso, deixa de obedecê-la. A falta de uso de uma lei não é capaz de revogá-la.
Acerca do que foi explicado acima, podemos concluir que costume não possui o poder de 
revogar lei.
Outro ponto importante a ser dito é que decisão judicial também não revoga lei, ainda que 
seja proferida pelo STF em sede de controle concentrado de constitucionalidade. 
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LEI PENAL NO TEMPO
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@deltaivomartins4
O confl ito de leis penais no tempo é solucionado pelo Direito Penal Intertemporal. Em re-
gra, aplica-se a lei que estava em vigor na data em que o fato foi praticado (tempus regit 
actum), salvo quando se tratar de lei penal benéfi ca. Destaca-se que a lei penal benéfi ca é 
dotada de extratividade, gênero no qual se encaixam a retroatividade (aplicação no passado) 
e a ultratividade (aplicação para o futuro).
LEI PENAL BENÉFICA: RETROATIVIDADE E ULTRATIVIDADE
Toda lei penal benéfi ca é dotada de extratividade, gênero que possui duas espécies: 
A) RETROATIVIDADE: a lei irá retroagir para atingir fatos 
passados, anteriores a sua vigência. 
B) ULTRATIVIDADE: a lei será aplicada mesmo depois de ter sido 
revogada.
Mas, antes de prosseguirmos com a temática de confl ito de leis penais, vamos fazer um 
breve resumo acerca do tempo do crime, para podermos entender melhor quando haverá 
um confl ito de leis.
TEMPO DO CRIME
A fi xação do tempo em que o delito se considera praticado é importante para, dentre ou-
tras coisas, sabermos a lei que deve ser aplicada e estabelecermos a imputabilidade do sujei-
to. Três teorias em relação ao tema se destacam: teorias da atividade, do resultado e mista.
A) TEORIA DA ATIVIDADE: o crime é considerado praticado no 
momento da conduta (ação ou omissão), ainda que outro seja o 
momento do resultado. O CP adotou esta teoria no art. 4º.
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou 
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
Exemplo: Ivo, com a intenção de matar, atira em Fernando. Logo em seguida é interrom-
pido por terceiros. Fernando é levado ao hospital, mas não suporta os ferimentos sofridos e 
morre no dia seguinte. O crime foi praticado (tempo do crime) no dia do disparo e não no dia 
da morte (momento da consumação).
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@deltaivomartins 5
Em relação à teoria da atividade, observem os seguintes pontos:
I. CRIME PERMANENTE. Caso um sujeito menor de 18 anos inicia 
a prática de um crime permanente (ex.: cárcere privado) e atinge 
a maioridade enquanto não cessada a permanência, aplica-se 
a legislação penal, tendo em vista que passou a ser imputável 
durante a prática da conduta.
II. CRIME CONTINUADO. Caso o sujeito pratique um ato 
infracional da mesma espécie (ex.: dano) e outro quando maior 
de idade, a primeira conduta não será considerada para fi m de 
reconhecimento de crime continuado.
III. FIXAÇÃO DA IMPUTABILIDADE. Caso um menor de 18 
anos atire na vítima que vem a falecer dias depois, ocasião em 
que Já atingiu a maioridade, aplica-se o Estatuto da Criança 
e do Adolescente e não o Código Penal, tendo em vista que o 
ato infracional foi praticado na época em que era inimputável 
(momento da conduta).
B) TEORIA DO RESULTADO: considera o momento da produção do 
resultado.
C) TEORIA MISTA/UBIQUIDADE: considera tanto o momento da 
conduta como o do resultado.
Passado essa breve explanação, seguiremos com o assunto confl ito de leis penais.
A lei penal poderá sofrer alteração sem que tenham sido esgotadas as consequências ju-
rídicas da infração, surgindo um confl ito de leis penais no tempo. 
Nas palavras de Cleber Masson: “Como a lei pode ser revogada, instauram-se situa-
ções de confl ito. Nesse sentido, verifi ca-se o confl ito de leis no tempo quando uma 
lei nova entra em vigor, revogando a anterior. De fato, situações problemáticas 
inevitavelmente surgirão, eis que a lei nova sempre tem conteúdo ao menos re-
lativamente diverso da sua antecessora, mesmo porque, se fossem idênticas, não 
haveria razão lógica para a sua edição. 
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LEI PENAL NO TEMPO
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A análise do art. 5.º, XL, da Constituição Federal e dos arts. 2.º e 3.º do Código 
Penal permite a conclusão de que, uma vez criada, a efi cácia da lei penal no tem-
po deve obedecer a uma regra geral e a várias exceções. A regra geral é a da pre-
valência da lei que se encontrava em vigor quando da prática do fato, vale dizer, 
aplica-se a lei vigente quando da prática da conduta (tempus regit actum). Dessa 
forma, resguarda-se a reserva legal, bem como a anterioridade da lei penal, em 
cumprimento às diretrizes do texto constitucional. As exceções se verifi cam, por 
outro lado, na hipótese de sucessão de leis penais que disciplinem, total ou parcial-
mente, a mesma matéria”.
Caso o fato tiver sido praticado durante a vigência da lei anterior, podem ocorrer as se-
guintes situações: (i) lei nova mais severa; (ii) lei nova mais benéfi ca; (iii) abolitio criminis; 
(iv) lei nova incriminadora.
Vamos aos estudos de cada uma delas.
LEI NOVA MAIS SEVERA (NOVATIO LEGIS IN PEJUS/LEX GRAVIOR)
Trata-se da lei nova que, de qualquer modo, prejudica o réu, logo, irretroativa. Por exem-
plo, a lei posterior aumenta a pena do delito. Nesse caso, a lei nova é irretroativa,sendo a 
antiga ultra-ativa.
A lei penal não retroagirá, salvo para benefi ciar o réu. 
Sendo a lei nova mais severa, os fatos praticados antes de sua vigência serão regulados 
pela lei revogada, que possuirá ultra-atividade.
A lei nova mais grave não pode ser aplicada aos fatos ocorridos antes de sua vigência 
(princípio da irretroatividade da lei nova mais severa).
ATENÇÃO: SUCESSÃO DE LEI MAIS GRAVE NO CRIME CONTINUADO E NO 
CRIME PERMANENTE. Pode ocorrer o surgimento de lei nova durante a 
prática de crime permanente e crime continuado. Nesta hipótese, aplica-
-se a lei nova, mesmo que mais grave, desde que passe a viger antes de 
cessada a permanência ou a continuidade.
Nesse sentido, observem o teor da súmula 711 do STF: 
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A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao 
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da 
continuidade ou da permanência.
LEI NOVA MAIS BENÉFICA (NOVATIO LEGIS IN MELLIUS/LEX MITIOR)
Além do art. 5°, XL, da CF/88, “a lei penal não retroagirá, salvo para benefi ciar o réu”, 
deve-se atentar para o art. 2°, parágrafo único, do CP:
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa 
de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os 
efeitos penais da sentença condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer 
o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por 
sentença condenatória transitada em julgado.
Nestes termos, a lei nova mais benéfi ca retroage aos fatos ocorridos antes de sua vigência. 
Essa retroatividade é automática, dispensa cláusula expressa e alcança inclusive os fatos já 
defi nitivamente julgados. Ou seja, a coisa julgada não impede a retroatividade benéfi ca.
Para se verifi car qual lei penal é mais favorável devem ser observadas as suas consequên-
cias no caso concreto. Assim sendo, a análise de qual lei é mais benéfi ca não ocorre no plano 
abstrato, mas sim de acordo com o caso concreto.
IMPORTANTE: Há, na doutrina, divergências sobre a possibilidade de apli-
cação da lei penal benéfi ca no período de vacatio legis. A resposta foi dada 
pelo STJ, que decidiu pela inaplicabilidade da lei durante o período de va-
catio, pois, durante esse tempo, não existe lei e, sim, uma mera previsão 
de lei.
A competência para aplicação da lei benéfi ca depende do momento em que se encontra a 
persecução penal. Assim:
I. PRIMEIRA INSTÂNCIA: será o juiz de primeiro grau.
II. TRIBUNAL: será aplicado pelo respectivo tribunal.
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III. JUÍZO DA EXECUÇÃO: após o trânsito em julgado, pouco 
importa a origem da condenação, nos termos da súmula 611 do 
STF. 
Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo 
das execuções a aplicação de lei mais benigna.
ABOLITIO CRIMINIS
Conforme o art. 2°, caput, do CP, ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa 
de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória. Ou seja, a lei nova deixa de considerar o fato como crime.
Abolitio criminis é a nova lei que exclui do âmbito do Direito Penal um fato até então con-
siderado criminoso.
Possui natureza jurídica de causa de extinção da punibilidade (art. 107, III, CP).
Ensina Cleber Masson: “Alcança a execução e os efeitos penais da sentença conde-
natória, não servindo como pressuposto da reincidência, e também não confi gura 
maus antecedentes. Sobrevivem, entretanto, os efeitos civis de eventual condena-
ção, quais sejam, a obrigação de reparar o dano provocado pela infração penal e 
constituição de título executivo judicial. 
A confi guração da abolitio criminis reclama revogação total do preceito penal, e 
não somente de uma norma singular referente a um fato que, sem ela, se contém 
numa incriminação penal. Com efeito, são necessários dois requisitos para a carac-
terização da abolitio criminis: (a) revogação formal do tipo penal; e (b) supressão 
material do fato criminoso. Em outras palavras, não basta a simples revogação do 
tipo penal. É necessário que o fato outrora incriminado torne-se irrelevante pe-
rante o ordenamento jurídico, a exemplo do que aconteceu com o antigo crime de 
adultério, cuja defi nição encontrava-se no art. 240 do Código Penal”.
ABOLITIO CRIMINIS TEMPORÁRIA
Situação interessante surgiu com a Lei n.0 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) ao 
estabelecer um prazo para que os possuidores e proprietários de armas de fogo entregassem 
ou regularizassem o registro da arma.
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Durante esse prazo, não houve a incidência do crime de posse de arma de fogo. Esse prazo 
é chamado de abolitio criminis temporária ou indireta.
De acordo com a Súmula 513 do STJ:
A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 
aplica-se ao crime de posse de arma de fogo de uso permitido 
com numeração, marco ou qualquer outro sinal de identifi cação 
raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/ 
10/2005.
ABOLOTIO CRIMINIS X PRINCÍPIO DA DESCONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA
O princípio da continuidade normativa típica evidencia-se quando uma norma penal é re-
vogada, mas a mesma conduta continua sendo crime no tipo penal revogador (não houve 
supressão material da conduta criminosa), ou seja, a infração penal continua tipifi cada em 
outro dispositivo, ainda que topologicamente ou normativamente diverso do originário.
Resumindo, o conteúdo criminoso migra para outro tipo penal.
Enquanto a abolitio criminis trata da supressão, formal e material, da fi gura criminosa, 
o princípio da continuidade normativo-típico se refere a supressão formal do tipo penal. Na 
abolitio criminis, o fato deixa de ser punível. Já no princípio da continuidade normativo-típico, 
a conduta criminosa apenas migra para outro tipo penal.
NOVA LEI INCRIMINADORA (NEOCRIMINALIZAÇÃO)
A lei passa a considerar determinado fato como crime.
A neocriminalização somente pode atingir situações consumadas após sua entrada em 
vigor. Não poderá retroagir, em hipótese alguma, conforme determina o art. 5.º, XL, da 
Constituição Federal.
Somente tem efi cácia para o futuro. Jamais para o passado.
COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS (LEX TERTIA)
Dá-se quando o intérprete, verifi cando que uma nova lei favorece o agente num aspecto 
e o prejudica noutro, apenas a aplica no aspecto benéfi co, combinando-a, no mais, com a 
regra branda oriunda de lei anterior.
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A pergunta que se faz é: é possível combinar várias leis para favorecer o sujeito? O tema 
é bastante polêmico, porquanto se argumenta que, ao dividir a norma para aplicar somente 
a parte mais benéfi ca, estaria criando uma terceira regra. Além do que, o magistrado estaria 
fazendo o papel de legislador, o que refl ete numa violação aos princípios da legalidade, da 
separação de poderes e da segurança jurídica, em razão de ausência de previsão legal para 
a conjugação de dispositivos de duas leis diversas naquilo que for mais benéfi co para o réu 
em cada uma delas.
Historicamente, o Supremo Tribunal Federal sempre se posicionou pela impossibilidade de 
combinação de leis penais. Entretanto, em alguns julgados o Supremo Tribunal Federal rom-
peu com seu posicionamento clássico, e decidiu pelo cabimento, a autor de crime de tráfi co 
de drogas cometido sob a égide da Lei 6.368/1976, do benefício introduzido pelo artigo 33, 
§ 4.º, da nova Lei de Drogas – Lei 11.343/2006. Concluiu que aplicar a causa de diminuição 
não signifi ca baralhar e confundir normas, uma vez que o juiz, ao assim proceder, não cria 
lei nova, mas apenas se movimenta dentro dos quadros legais para uma tarefa de integração 
perfeitamente possível. Enfatizou-se, também, quea vedação de junção de dispositivos de 
leis diversas é apenas produto de interpretação da doutrina e da jurisprudência, sem apoio 
direto em texto constitucional.
Todavia, os nossos tribunais superiores, depois de muitas divergências, sedimentaram o 
entendimento que é vedada a combinação de leis penais. Segue, abaixo, parte do julgado 
do STF.
É vedada a incidência da causa de diminuição do art. 33, § 4.º, da 
Lei 11.343/2006 (“§ 4.º Nos delitos defi nidos no caput e no § 1.º 
deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois 
terços, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, 
não se dedique às atividades criminosas nem integre organização 
criminosa”), combinada com as penas previstas na Lei 6.368/76, 
no tocante a crimes praticados durante a vigência desta 
norma. Essa a conclusão do Plenário que, por maioria, proveu 
parcialmente recurso extraordinário para determinar o retorno 
dos autos à origem, instância na qual deverá ser realizada a 
dosimetria de acordo com cada uma das leis, para aplicar-se, na 
íntegra, a legislação mais favorável ao réu. Prevaleceu o voto 
do Ministro Ricardo Lewandowski, relator. Inicialmente, o relator 
frisou que o núcleo teleológico do princípio da retroatividade 
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LEI PENAL NO TEMPO
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da lei penal mais benigna consistiria na estrita prevalência da 
lex mitior, de observância obrigatória, para aplicação em casos 
pretéritos. Afi rmou que se trataria de garantia fundamental, 
prevista no art. 5.º, XL, da CF e que estaria albergada pelo Pacto 
de São José da Costa Rica (art. 9.º). Frisou que a Constituição 
disporia apenas que a lei penal deveria retroagir para benefi ciar 
o réu, mas não faria menção sobre a incidência do postulado 
para autorizar que algumas partes de diversas leis pudessem ser 
aplicadas separadamente para favorecer o acusado. RE 600.817/
MS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, j. 07.11.2013, 
noticiado no Informativo 727. Em igual sentido: HC 104.193/
RS, rel. Min. Marco Aurélio, 1.ª Turma, j. 09.08.2011, 
noticiado no Informativo 635; e HC 97.221/SP, rel. Min. 
Gilmar Mendes, 2.ª Turma, j. 19.10.2010, noticiado no 
Informativo 605.
Com igual orientação, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 501:
É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que 
o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja 
mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 
6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
LEI EXCEPCIONAL E LEI TEMPORÁRIA
Finalizando o nosso tema de lei penal no tempo, temos que falar sobre lei excepcional e 
lei temporária. Elas se encontram positivadas no art. 3º do CP.
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o 
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a 
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
Lei excepcional é aquela que vigora somente durante uma situação de anormalidade. Por 
exemplo, a Lei 13.979/2020 que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência
de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo 
surto de 2020.
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LEI PENAL NO TEMPO
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Lei temporária, é aquela que possui vigência predeterminada no tempo. Ou seja, possui 
prazo de validade expresso. Cita-se, como exemplo, a Lei 12.663/2012 (Lei da Copa).
A lei temporária e a lei excepcional possuem características iguais: 
I. AUTORREVOGÁVEIS: são uma exceção ao princípio da 
continuidade da lei (lei só se revoga por outra lei). Por isso, são 
chamadas de leis penais intermitentes.
II. ULTRATIVIDADE: serão aplicadas mesmo depois de revogada, 
caso o fato tenha sido praticado na sua vigência. 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
INTRODUÇÃO
O estudo da lei penal no espaço visa apurar as fronteiras de atuação da lei penal nacional, 
pois um fato punível pode, ocasionalmente, alcançar os interesses de dois ou mais Estados 
igualmente soberanos, gerando, nesses casos, um confl ito internacional de jurisdição.
Cleber Masson leciona da seguinte maneira: “O Código Penal brasileiro limita o campo 
de validade da lei penal com observância de dois vetores fundamentais: a territo-
rialidade (art. 5.º) e a extraterritorialidade (art. 7.º). Com base neles se estabele-
cem princípios que buscam solucionar os confl itos de leis penais no espaço. 
A territorialidade é a regra. Excepcionalmente, admitem-se outros princípios 
para o caso de extraterritorialidade, que são os da personalidade, do domicílio, da 
defesa, da justiça universal e da representação”.
Estes são os comandos das normas citadas pelo mestre acima:
Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, 
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no 
território nacional. 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do 
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LEI PENAL NO TEMPO
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@deltaivomartins 13
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de 
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer 
que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a 
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade 
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou 
em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar 
territorial do Brasil.
Extraterritorialidade 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito 
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa 
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação 
instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no 
Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes 
ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí 
não sejam julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei 
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende 
do concurso das seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
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@deltaivomartins14
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira 
autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí 
cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro 
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais 
favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as 
condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
Assim sendo, a territorialidade (art. 5º do CP) é a regra geral, aplicando-se a lei penal 
brasileira aos crimes cometidos no território nacional. Já a extraterritorialidade é a exceção, 
sendo aplicada a lei penal brasileira aos crimes cometidos no exterior.
TERRITORIALIDADE
Com dito, em regra, ao crime praticado no território nacional aplica-se a lei brasileira. 
Como exceção, pode ocorrer a incidência da lei de outro país a um crime praticado no ter-ritório nacional, desde que haja previsão em convenções, tratados e regras de direito inter-
nacional.
O Código Penal adotou o princípio da territorialidade, porém de forma temperada ou mi-
tigada, já que permite a aplicação de convenções, tratados e regras de direito internacional. 
Nessa hipótese excepcional, tem-se a chamada intraterritorialidade.
ATENÇÃO: Intraterritorialidade é a aplicação da lei estrangeira a crimes 
cometidos no Brasil, a exemplo das imunidades diplomáticas e de chefes 
de governo estrangeiro.
CONCEITO DE TERRITÓRIO NACIONAL
Existem alguns prismas, sentidos acerca do conceito de território.
A) SENTIDO JURÍDICO: abrange todo o espaço em que o Estado 
exerce a sua soberania.
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B) SENTIDO MATERIAL/EFETIVO/REAL: o território abrange a 
superfície terrestre (solo e subsolo), as águas interiores, o mar 
territorial (12 milhas marítimas a partir da baixa-mar do litoral 
continental e insular) e o espaço aéreo correspondente. No caso de 
território neutro, aplica-se a lei do país do agente.
C) TERRITÓRIO POR EXTENSÃO: para os efeitos penais, 
consideram-se como extensão do território nacional:
I. As embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a 
serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem (CP, art. 
5°, § 1°, 1ª parte).
II. As aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privado, que se achem, respectivamente, no espaço 
aéreo correspondente ao alto-mar ou em alto-mar (CP, art. 5°, § 
1°, 2ª parte). O dispositivo está de acordo com a “lei da bandeira” 
ou “princípio do pavilhão, da representação, da substituição ou 
subsidiário”.
Verifi ca-se, de acordo com o §2º do art. 5º, que a legislação nacional é aplicada mesmo 
se o crime for praticado a bordo de aeronaves ou emborcações estrangeiras de propriedade 
privada, desde que: (i) a aeronave estrangeira privada se encontre em pouso no território 
nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, inclusive ao do mar territorial; (ii) a 
embarcação estrangeira privada se encontre em porto ou no mar territorial do Brasil.
A seguir, estão algumas questões pontuais relativa ao território.
1. PRINCÍPIO DO PAVILHÃO/BANDEIRA. Consideram-se as 
embarcações e aeronaves como extensões do território do país em 
que se acham matriculadas (quando a embarcação ou aeronave 
estiver em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente, aplica-
se a lei do país cujo pavilhão, que é sinônimo de bandeira, 
ela ostentar, o que vale dizer, a lei do país em que ela estiver 
registrada, matriculada).
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2. PRINCÍPIO DA PASSAGEM INOCENTE. Caso um fato seja 
cometido a bordo de navio ou avião estrangeiro de propriedade 
privada, que esteja apenas de passagem pelo território brasileiro, 
não será aplicada a nossa lei, se o crime não afetar em nada 
nossos interesses. A passagem será considerada inocente desde 
que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do 
Brasil, devendo ser contínua e rápida.
Exemplo: um passageiro espanhol causa uma lesão corporal grave contra um canadense, 
a bordo de um avião americano privado sobrevoando o território brasileiro, de passagem, 
com destino a outro país. Como nós não temos nada que ver com isso, não se aplica a lei 
brasileira, muito embora o crime tenha sido cometido no Brasil.
3. EMBAIXADAS. Para fi ns penais, as embaixadas estrangeiras 
situadas no território brasileiro não são consideradas extensão 
do território estrangeiro, bem como as embaixadas do Brasil em 
território estrangeiro não são consideradas território brasileiro por 
extensão.
LUGAR DO CRIME
A aplicação do princípio da territorialidade da lei penal no espaço depende da identifi cação 
do lugar do crime.
A sua regulamentação encontra-se no art. 6º, CP.
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu 
a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se 
produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Existem várias teorias acerca do lugar do crime. As principais são:
A) TEORIA DA ATIVIDADE: lugar do crime é aquele em que foi 
praticada a conduta (ação ou omissão).
B) TEORIA DO RESULTADO: é aquele em que ocorreu o resultado, 
pouco importando o local da prática da conduta.
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C) TEORIA MISTA/UBIQUIDADE: local em que ocorreu a ação 
ou omissão (conduta), no todo ou em parte, bem como onde se 
produziu ou deveria produzir-se o resultado.
O Código Penal adotou a teoria da ubiquidade ou mista (art. 6º). Não se deve confundir 
com as regras de competência interna (processo penal), independentemente de se tratar do 
art. 5° ou 7° do Código Penal.
Explica Cleber Masson: “A discussão acerca do local do crime tem pertinência so-
mente em relação aos crimes a distância, também conhecidos como crimes de espa-
ço máximo, isto é, aqueles em que a conduta é praticada em um país e o resultado 
vem a ser produzido em outro. Não se trata, assim, de comarcas distintas. Exige-se 
a pluralidade de países. Como exemplo, imagine que o agente efetue disparos de 
arma de fogo contra a vítima em solo brasileiro, com a intenção de matá-la, mas 
esta consegue fugir e morre depois de atravessar a fronteira com o Paraguai. A 
adoção da teoria da ubiquidade permite a conclusão de que o lugar do crime tanto 
pode ser o Brasil como o Paraguai.
Não poderia ser diferente, em obediência às soberanias dos países envolvidos. 
Para a incidência da lei brasileira é sufi ciente que um único ato executório atinja o 
território nacional, ou então que o resultado ocorra no Brasil. A teoria não se im-
porta, contudo, com os atos preparatórios, nem com os atos realizados pelo agente 
após a consumação. Em relação à tentativa, o lugar do crime abrange aquele em 
que se desenvolveram os atos executórios, bem como aquele em que deveria pro-
duzir-se o resultado. No tocante ao coautor e ao partícipe, operando-se o concurso 
de pessoas no território brasileiro, aplica-se a lei penal nacional, ainda que o crime 
tenha sido integralmente executado no exterior”.
Cuidado para não confundir os conceitos de crime a distância/de espaço máximo, crime 
em trânsito, crime plurilocal e crime de espaço mínimo.
I. CRIME A DISTÂNCIA: a conduta é praticada em território 
estrangeiro e o resultado ocorre no Brasil ou vice-versa. O crime 
percorre território de dois países soberanos.
II. CRIME EM TRÂNSITO: o crime percorre o território de mais de 
dois países soberanos. Por exemplo, Brasil, Argentina e Uruguai.
III. CRIME PLURILOCAL: o crime percorre dois ou mais territórios 
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do mesmo país, por exemplo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande 
do Sul.
IV. CRIMES DE ESPAÇO MÍNIMO: são aqueles em que conduta e 
resultado ocorrem na mesma comarca. Exemplo: Fernando rouba 
um aparelho celular na cidade de Manaus, local em que também se 
concretiza a consumação do delito.
 
IMPORTANTE: É preciso notar que a regra prevista no art. 6º do CP (acima 
estudada) não tem qualquer relevância para fi xação do foro competente. 
Neste caso, devem ser observadas as regras previstas no Código de Pro-
cesso Penal (arts. 70 a 91).
EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL
O estudo da lei penal no espaço visa apurar as fronteiras de atuação da lei penal nacional, 
pois um fato punível pode, ocasionalmente, alcançar os interesses de dois ou mais Estados 
igualmente soberanos, gerando, nesses casos, um confl ito internacional de jurisdição.
Cleber Masson leciona da seguinte maneira: “O Código Penal brasileiro limita o cam-
po de validade da lei penal com observância de dois vetores fundamentais: a terri-
torialidade (art. 5.º) e a extraterritorialidade (art. 7.º). Com base neles se estabe-
lecem princípios que buscamsolucionar os confl itos de leis penais no espaço. 
A territorialidade é a regra. Excepcionalmente, admitem-se outros princípios 
para o caso de extraterritorialidade, que são os da personalidade, do domicílio, da 
defesa, da justiça universal e da representação”.
Extraterritorialidade consiste na aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos fora do 
Brasil, isto é, em locais submetidos à soberania externa. São as exceções ao princípio da 
territorialidade.
O artigo 7° dispõe acerca da aplicação da lei brasileira a crimes cometidos em território 
estrangeiro:
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Extraterritorialidade 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, 
de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, 
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída 
pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no 
Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes 
ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí 
não sejam julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei 
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do 
concurso das seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira 
autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí 
cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro 
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais 
favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as 
condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
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A Justiça competente para o processo e julgamento nos casos de extraterritorialidade da 
lei penal será a Justiça Comum Estadual ou a Federal, a depender do caso concreto, devendo 
ser a solução norteada pelo art. 109 da CF, que disciplina os casos de competência da Justiça 
Comum Federal, no sentido de que apenas competirá a ela a análise do caso quando se fi zer 
presente alguma das hipóteses descritas nesse dispositivo constitucional.
Existem duas espécies de extraterritorialidade no Código Penal. Os casos mais graves são 
os de extraterritorialidade incondicionada, em que nossa lei se aplica aos fatos praticados 
no exterior, independentemente de qualquer condição (art. 7º, I, e § 1º). Nas hipóteses de 
extraterritorialidade condicionada, a aplicação de nossa lei depende do concurso de diversas 
condições (art. 7º, II, e §§ 2º e 3º).
IMPORTANTE: Não se admite a aplicação da lei penal brasileira às contra-
venções penais praticadas no estrangeiro, de acordo com a regra esta-
belecida pelo art. 2.º do Decreto-lei 3.688/1941 – Lei das Contravenções 
Penais.
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS
A doutrina costuma apontar uma série de princípios que inspiraram o legislador a eleger 
os casos em que a lei de um país deve ser aplicada a fatos que se deram no estrangeiro. São 
eles:
A) PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE OU PERSONALIDADE ATIVA
Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por brasileiro fora do 
Brasil (CP, art. 7º, II, b).
Para esse princípio, o que é levado em consideração é a nacionalidade do sujeito ativo. 
Não importa se o sujeito passivo é brasileiro ou se o bem jurídico afeta interesse nacional.
Fernando Capez faz uma observação acerca do princípio: “Registre-se hipótese de ex-
traterritorialidade prevista em lei especial fundada no princípio em tela, qual seja, a 
Lei de Tortura (Lei n. 9.455/97), que estabelece expressamente que seus dispositi-
vos se aplicarão se a vítima for brasileira ou se o agente estiver em local sob juris-
dição brasileira, ainda que o crime não tenha sido cometido em território nacional.”
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B) PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE OU PERSONALIDADE 
PASSIVA
Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por estrangeiro contra 
brasileiro fora do Brasil (CP, art. 7º, § 3º).
Aqui, o que interessa é a nacionalidade da vítima. Sendo brasileira, aplica-se a lei de nosso 
país, mesmo que o crime tenha sido realizado no exterior. Contudo, deve ser atendida algu-
mas exigências especifi cadas no texto da lei.
C) PRINCÍPIO REAL/DA DEFESA/PROTEÇÃO
Justifi ca a aplicação da lei penal brasileira sempre que no exterior se der a ofensa a um 
bem jurídico nacional de origem pública.
O Código Penal os adotou nas alíneas “a”, “b” e “c” do inc. I do art. 7º, a saber: crime 
contra a vida ou liberdade do Presidente da República; crime contra o patrimônio ou contra a 
fé pública de pessoa jurídica de direito público brasileira, da administração direta ou indireta, 
no plano federal, estadual ou municipal; e, crime contra a administração pública brasileira, 
por quem está a seu serviço.
D) PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL/UNIVERSALIDADE/COSMOPOLITA
Refere-se a hipóteses em que a gravidade do crime ou a importância do bem jurídico 
violado justifi cam a punição do fato, independentemente do local em que foi praticado e da 
nacionalidade do agente.
Todo Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do de-
linquente e da vítima ou o local de sua prática, desde que o criminoso esteja dentro de seu 
território. É como se o planeta se constituísse em um só território para efeitos de repressão 
criminal (CP, art. 7º, I, “d”, e II, “a”).
E) PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO/BANDEIRA
A lei penal brasileira também é aplicável aos delitos cometidos em aeronaves e embarcações 
privadas quando realizados no estrangeiro e aí não venham a ser julgados (CP, art. 7º, II, c).
Esse princípio foi adotado com respeito à extraterritorialidade, com referência a delitos 
cometidos a bordo de embarcações ou aeronaves brasileiras privadas, quando ocorridos no 
exterior (caso contrário, o ato considerar-se-ia cometido dentro do território nacional). Exi-
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ge-se, todavia, que o crime não tenha sido julgado no estrangeiro para efeito de se aplicar 
nossa lei, a qual, portanto, assume caráter subsidiário.
FORMAS DE EXTRATERRITORIALIDADE
Como dito mais acima, existem duas espécies de extraterritorialidade no Código Penal. A 
extraterritorialidade pode ser incondicionada (art. 7º, I, e § 1º) ou condicionada (art. 7º, II, 
e §§ 2º e 3º).
I. EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
São as hipóteses previstas no inciso I do art. 7º.
Possuem o nome incondicionada porque não se subordina a qualquer condição para atin-
gir um crime cometido fora do território nacional. A mera prática do crime em território es-
trangeiro autoriza a incidência da lei penal brasileira, independentemente de qualquer outro 
requisito.
São os seguintes crimes (CP, art. 7º, I):
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Princípio 
da defesa)
ATENÇÃO: É contra o Presidente da República. Não abrange para o Vice-
-Presidente.
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, 
de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, 
sociedade de economia mista, autarquia oufundação instituída 
pelo Poder Público; (Princípio da defesa)
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
(Princípio da defesa)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no 
Brasil. (Princípio da Justiça Universal)
Nessas circunstâncias, aplica-se a lei brasileira mesmo que o agente tenha sido absolvido 
no estrangeiro, conforme o §1º, art. 7º, do CP.
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IMPORTANTE: O art. 2.º da Lei 9.455/1997 estatuiu mais uma situação de 
extraterritorialidade incondicionada, nos seguintes termos: “O disposto 
nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em ter-
ritório nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em 
local sob jurisdição brasileira”.
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA E O ART. 8.º DO CÓDIGO PENAL – 
PROIBIÇÃO DO BIS IN IDEM
Em tais situações, é possível, em tese, que o agente responda por dois processos pelo 
mesmo crime, um no exterior, outro no Brasil, sobrevindo duas condenações. Se isso ocorrer, 
aplicar-se-á o art. 8º, que se funda no princípio do non bis in idem (o qual proíbe seja alguém 
condenado duas vezes pelo mesmo fato).
Trata-se de atenuação ao bis in idem. A vedação ao bis in idem é uma regra, a qual admite 
exceção, sendo assim uma regra relativa.
Sendo assim, a pena cumprida no estrangeiro: (i) atenua a pena imposta no Brasil pelo 
mesmo crime, quando diversas; ou (ii) nela é computada, quando idênticas (detração).
II. EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
Aplica-se a lei nacional a determinados crimes cometidos fora do território, desde que haja 
o concurso de algumas condições (art. 7°, II, e §§ 2° e 3°, do CP). São os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
(Princípio da Justiça Universal)
b) praticados por brasileiros; (Princípio da nacionalidade ativa)
c) pratica dos em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercante 
ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí 
não sejam julgados. (Princípio da bandeira)
Nos casos supracitados, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições (art. 7º, §2º):
a) entrar o agente no território nacional;
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IMPORTANTE: Não distingue a lei se a entrada foi extemporânea ou for-
çada, legal ou clandestina, ou se resultou simplesmente da passagem do 
autor do crime pelo País. A saída do agente não prejudicará o andamento 
da ação penal.
Constitui condição de procedibilidade ou condição específi ca da ação penal. Trata-se de 
fator necessário para que se possa ingressar com a ação penal. Nada impede que se iniciem 
as investigações, com a colheita de provas, ainda que o agente não se encontre no Brasil.
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira 
autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí 
cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro 
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais 
favorável.
Atentem-se que as condições são cumulativas.
EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA
O § 3° dispõe acerca de mais outra hipótese de extraterritorialidade condicionada: crime 
cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. (Princípio da nacionalidade passiva]
Por existirem duas outras condições específi cas (alíneas “a” e “b”), essa hipótese é cha-
mada por alguns autores de extraterritorialidade hipercondicionada.
Nesta situação, além das condições previstas no § 2°, deve-se ainda observar se: (i) não 
foi pedida ou foi negada a extradição; (ii) houve requisição do Ministro da Justiça.
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Finalizando o tema, segue uma tabela sobre os princípios utilizados na extraterritorialidade.
Art. 7º, I, “a” Princípio da defesa
Art. 7º, I, “b” Princípio da defesa
Art. 7º, I, “c” Princípio da defesa
Art. 7º, “d” Princípio da defesa
Art. 7º, II, “a” Princípio da justiça universal
Art. 7º II, “b” Princípio da nacionalidade ativa
Art. 7º, II, “c” Princípio da bandeira
Art. 7º, §3º Princípio da nacionalidade passiva
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