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AULA 9 - COMPETÊNCIA

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COMPETÊNCIA – PARTE 1 
 
 
 
 
Art. 42. As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz 
nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de 
instituir juízo arbitral, na forma da lei. 
 
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou 
da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as 
modificações do estado de fato ou de direito ocorridas 
posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou 
alterarem a competência absoluta. 
 
Art. 44. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição 
Federal, a competência é determinada pelas normas previstas 
neste Código ou em legislação especial, pelas normas de 
organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas 
constituições dos Estados. 
 
O conceito tradicional de competência é de que o instituto seja a medida da jurisdição, 
ou ainda a quantidade de jurisdição delegada a um determinado órgão ou grupo de 
órgãos 399. Ainda que não seja possível se desligar completamente do conceito de 
jurisdição para os fins de conceituação da competência, o conceito tradicional está 
superado porque confunde indevidamente competência e jurisdição. Ademais, a 
jurisdição é una e indivisível, não podendo ser dividida em pedaços ou porções, como 
sugere o conceito tradicional. 
 
Nunca faltará jurisdição ao órgão jurisdicional, o que inclusive ocasionaria o mais grave 
dos vícios processuais: a inexistência jurídica. Afirmar que qualquer juiz, de qualquer 
órgão jurisdicional, tem jurisdição em todo o território nacional não significa que possa 
exercer a função jurisdicional de forma ilimitada. O ato do juiz, devidamente investido 
de jurisdição, sempre existirá, mas por vezes, quando exercido fora de certos limites 
traçados pela lei, poderá ser nulo, estando nessa determinação de limites a importância 
do fenômeno da competência. 
 
A competência é justamente a limitação do exercício legítimo da jurisdição. O juiz 
incompetente estará, portanto, exercendo de forma ilegítima sua jurisdição, algo bem 
diferente, inclusive em termos da gravidade do vício gerado, da situação em que um 
sujeito qualquer pratica atos que exigiriam o poder jurisdicional sem estar devidamente 
investido. Prova maior de que o órgão jurisdicional, mesmo sem competência, tem 
jurisdição é a aplicação do princípio Kompetenz Kompetenz, que atribuiu ao órgão 
incompetente a competência para declarar sua própria incompetência. Caso a ausência 
de competência gerasse ausência de jurisdição, essa declaração de incompetência seria 
ato inexistente, o que naturalmente não ocorre. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
Por essa razão deve ser elogiado o teor do art. 16 do Novo CPC, que prevê ser a jurisdição 
civil exercida pelos juízes (e pelos tribunais) em todo o território nacional, conforme as 
disposições do Código de Processo Civil. Ainda que normas de leis extravagantes, desde 
que de natureza processual, também possam regulamentar essa atuação judicial, o 
ponto favorável do dispositivo legal é deixar claro que nunca faltará jurisdição na 
atuação de um juiz, confirmando a tese de que toda atividade desempenhada por juiz é 
jurisdicional, ainda que haja no caso concreto um vício de incompetência. 
 
Cumpre registrar, finalmente, que as regras de competência buscam atingir dois 
objetivos principais bastante nítidos: organização de tarefas e racionalização do 
trabalho. De fato, seria absolutamente improdutivo fixar nas mãos de todos os juízes o 
exercício legítimo sobre todas as demandas judiciais, o que viria a ser evidente fator de 
piora na qualidade da entrega da prestação jurisdicional. 
 
 
COMPETÊNCIA RELATIVA E ABSOLUTA 
 
A existência em nosso ordenamento processual de regras de competência relativa e 
absoluta se explica em razão da busca de um equilíbrio entre razões políticas 
divergentes. As regras de competência relativa prestigiam a vontade das partes, por 
meio da criação de normas que buscam proteger as partes (autor ou réu), franqueando 
a elas a opção pela sua aplicação ou não no caso concreto. Em razão de sua maior 
flexibilidade, também a lei poderá modificar tais regras. Surgem assim as regras de 
competência relativa, dispositivas por natureza e que buscam privilegiar a liberdade das 
partes, valor indispensável num Estado democrático de direito como o brasileiro. 
 
As regras de competência absoluta são fundadas em razões de ordem pública, para as 
quais a liberdade das partes deve ser desconsiderada, em virtude da prevalência do 
interesse público sobre os interesses particulares. Nesse caso, não há flexibilização, seja 
pela vontade dos interessados, seja pela própria lei, tratando-se de norma de natureza 
cogente que deverá ser aplicada sem nenhuma ressalva ou restrição. 
 
Quando falamos de competência, é necessário observá-las da seguinte forma. 
 
 
 
 
NA JUSTIÇA FEDERAL A COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL PODE SER 
ABSOLUTA EM DECORRÊNCIA DO VALOR DA CAUSA (NÃO ESQUECENDO DA 
COMPLEXIDADE DA MATÉRIA) 
COMPETÊNCIA RELATIVA
Se dá em relação ao VALOR DA CAUSA e 
do TERRITÓRIO
OBS: Convenção de arbitragem.
COMPETÊNCIA ABSOLUTA
Se dá em relação à matéria, à pessoa e 
também ao critério funcional do órgão 
julgador.
 
 
COMPETÊNCIA RELATIVA 
 
A competência relativa se relaciona diretamente com o interesse das partes. É fixada de 
acordo com critérios econômicos (valor da causa), em razão da territorialidade. O autor 
não pode alegar a incompetência relativa em razão de preclusão lógica. O autor tem na 
propositura da demanda o momento procedimental adequado para se manifestar a 
respeito da competência relativa, não sendo logicamente compatível a propositura da 
demanda em foro escolhido pelo autor e a posterior alegação de incompetência por ele 
mesmo criada. 
 
O réu, que não tem nenhuma participação na escolha do juízo para o qual a demanda 
judicial foi distribuída, terá legitimidade para excepcionar o juízo, pleiteando que a regra 
determinadora de competência relativa seja respeitada, com a remessa do processo ao 
juízo competente. É, na realidade, o legitimado tradicional responsável pela ampla 
maioria das alegações de incompetência relativa. 
 
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada 
como questão preliminar de contestação. 
 
§ 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer 
tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício. 
 
§ 2º Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá 
imediatamente a alegação de incompetência. 
 
§ 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos 
serão remetidos ao juízo competente. 
 
§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão 
os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que 
outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente. 
 
 
Quanto ao Ministério Público, nas demandas judiciais em que funcionar como réu – o 
que, diga-se de passagem, é raríssimo – poderá normalmente excepcionar o juízo. 
Participando como fiscal da ordem jurídica, o art. 65, parágrafo único, do Novo CPC, 
consagra expressamente sua legitimidade. 
 
Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não 
alegar a incompetência em preliminar de contestação. 
 
Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo 
Ministério Público nas causas em que atuar. 
 
Há que lembrar também que a incompetência relativa não pode ser declarada de ofício, 
necessitando de arguição das partes nesse sentido, conforme substancia entendimento 
pacificado no STJ: 
 
Súmula 33 do STJ: “A incompetência relativa não pode ser 
declarada de ofício”. 
 
Também é possível ver que o CPC 2015 também trouxe a consolidação desse 
entendimento no seguinte dispositivo: 
 
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: 
 
II - incompetência absoluta e relativa; 
X - convenção de arbitragem 
 
§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência 
relativa,o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas 
neste artigo. 
 
 
ATENÇÃO PARA A EXCEÇÃO 
 
 
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do 
valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação 
oriunda de direitos e obrigações. 
 
§ 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de 
instrumento escrito e aludir expressamente a determinado 
negócio jurídico. 
 
§ 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das 
partes. 
 
§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, 
pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará 
a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. 
 
§ 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de 
eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão. 
 
 
COMPETÊNCIA ABSOLUTA 
 
A competência absoluta é aquela que não pode ser modificada, já que determinada de 
acordo com interesses que suplantam o das partes, o chamado interesse público. Assim, 
não se sujeita à modificações pelas circunstâncias processuais ou pela mera 
manifestação de vontade das partes. A competência absoluta é aquela fixada em razão 
da matéria, da pessoa, ou por critério funcional. Excepcionalmente, em alguns casos o 
valor da causa bem como a territorialidade podem ser consideradas competência 
absoluta. 
 
Em razão da própria ratio das normas determinadoras de competência absoluta 
(proteção de interesse público), todos os sujeitos processuais são legitimados a apontar 
a ofensa a uma regra dessa natureza, até mesmo porque o respeito à ordem pública é 
questão incompatível com a limitação de legitimados que pretendam sua concretização. 
Nesse sentido podem arguir a incompetência absoluta o autor, réu, terceiros 
intervenientes, Ministério Público como fiscal da lei e até mesmo o juiz de ofício. 
 
Consta expressamente do art. 64, § 1.º, do Novo CPC a regra de que o juiz deverá 
declarar de ofício a incompetência absoluta. É interessante a correta utilização do verbo 
“dever” na regra legal, considerando que por se tratar de matéria de ordem pública não 
existe outra opção ao juiz que não a reconhecer de ofício, de preferência o mais cedo 
possível. 
 
O art. 64, § 2.º, do Novo CPC exige que o juiz, ao se deparar com a alegação de 
incompetência, intime a parte contrária (autor) para se manifestar sobre a matéria. O 
aspecto mais interessante do dispositivo é exigir o contraditório mesmo na hipótese de 
incompetência absoluta, matéria de ordem pública que deve ser conhecida de ofício 
pelo juiz (art. 64, § 1.º, do Novo CPC). 
 
É comum a afirmação de que a incompetência absoluta poderá ser reconhecida a 
qualquer momento do processo. Na verdade, até mesmo após o encerramento do 
processo, com a sentença transitada em julgado, será possível sua arguição por meio de 
ação rescisória (art. 966, II, do Novo CPC). A polêmica encontra-se nem tanto na arguição 
após o encerramento do processo – incontestável –, mas no exato significado da 
expressão “a qualquer momento do processo”, para definir a amplitude temporal de 
alegação enquanto o processo não se extingue. 
 
Cumpre lembrar, entretanto, que apesar de ser possível a sua arguição a qualquer 
tempo, é vedada a chamada “nulidade de algibeira”. Vejamos: 
 
 
Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira 
oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena 
de preclusão. 
 
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades 
que o juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a preclusão 
provando a parte legítimo impedimento. 
 
Em primeiro lugar, salienta-se que o PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA (previsto 
expressamente no art. 5º Novo CPC) dispõe que todos os sujeitos processuais devem 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28896513/artigo-5-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
adotar uma conduta no processo em respeito a lealdade e a boa-fé processual. Sendo 
OBJETIVA, a exigência de conduta de boa-é INDEPENDE da existência de boas ou más 
intenções. 
 
No julgamento do REsp 1372802 a 3ª turma do STJ rejeitou uma arguição de nulidade, 
pois entendeu que a estratégia utilizada pela parte configurava, na realidade, uma 
manobra - a chamada "nulidade de algibeira". De acordo com o colegiado, a "nulidade 
de algibeira" ocorre quando a parte permanece em silêncio no momento oportuno para 
se manifestar, deixando para suscitar a nulidade em ocasião posterior. A expressão foi 
cunhada pelo falecido ministro Humberto Gomes de Barros. 
 
 
CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
 
Na busca da fixação de competência no caso concreto, o operador deve atentar para as 
diversas normas nos mais variados diplomas legais a respeito da competência da Justiça, 
do foro e do juízo. Para que essa tarefa seja facilitada, é possível seguir um esquema de 
descoberta da competência no caso concreto: 
 
• 1.ª etapa: Verificação da competência da Justiça brasileira. Os arts. 21 a 23 do 
Novo CPC tratam do fenômeno da competência internacional, disciplinando as 
hipóteses de competência exclusiva do juiz brasileiro e as hipóteses de 
competência concorrente deste com o juiz estrangeiro. Sendo exclusiva ou 
concorrente, será competente a Justiça brasileira para julgar o processo. 
 
• 2.ª etapa: Analisar se a competência para julgamento é dos Tribunais de 
superposição (a competência originária do STF vem disciplinada pelo art. 102, I, 
da CF e a competência originária do STJ no art. 105, I, da CF) ou de órgão 
jurisdicional atípico (por exemplo, o Senado Federal – art. 52, I e II, da CF. 
 
• 3.ª etapa: Verificar se o processo será de competência da justiça especial (Justiça 
do Trabalho, Justiça Militar ou Justiça Eleitoral) ou justiça comum (Justiça 
Estadual e Justiça Federal). 
 
• 4.ª etapa: Sendo de competência da justiça comum, definir entre a Justiça 
Estadual e a Federal. A Justiça Federal tem sua competência absoluta prevista 
pelos arts. 108 (TRF) e 109 (primeiro grau) da CF. A competência da Justiça 
Estadual é residual, ou seja, sendo de competência da justiça comum e, não 
sendo de competência da Justiça Federal, será de competência da Justiça 
Estadual. 
 
• 5.ª etapa: Descoberta a Justiça competente, verificar se o processo é de 
competência originária do Tribunal respectivo (TRF ou TJ) ou do primeiro grau 
de jurisdição. 
 
• 6.ª etapa: Sendo de competência do primeiro grau de jurisdição, determinar a 
competência do foro. Por foro deve-se entender uma unidade territorial de 
https://migalhas.uol.com.br/
exercício da jurisdição. Na Justiça Estadual, cada comarca representa um foro, 
enquanto na Justiça Federal cada seção judiciária representa um foro. 
 
• 7.ª etapa: Determinada o foro competente, a tarefa do operador poderá ter 
chegado ao final. Haverá hipóteses, entretanto, nas quais ainda deverá ser 
definida a competência de juízo, o que será feito no mais das vezes por meio das 
leis de organização judiciária (responsáveis pela criação de varas especializadas 
em razão da matéria e da pessoa) ou ainda pelo Código de Processo Civil 
(definição de qual juízo é competente quando duas ações são conexas e 
tramitam no mesmo foro – art. 58 do Novo CPC).

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