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TECNOLOGIA DE ALIMENTOS Fernanda Robert de Mello Aspectos de qualidade, bene� ciamento e conservação Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deverá ter os seguintes aprendizados: Caracterizar a qualidade na produção e no bene� ciamento de alimentos. Descrever a conservação de alimentos por irradiação. Reconhecer a conservação de alimentos pelo uso de aditivos. Introdução Nos últimos 20 anos, a qualidade deixou de ser um diferencial competitivo, para se transformar em uma condição para a permanência no mercado. Grande parte disso se deve às grandes mudanças ocorridas nesse período, culminando em uma sociedade cada vez mais globalizada. Dessa forma, a indústria alimentícia tem buscado cada vez mais recursos para garantir a qualidade e a segurança dos alimentos. A tecnologia de irradiação de alimentos tem sido utilizada como uma forma segura de reduzir a contagem microbiana em alimentos, com reduzida perda do valor nutricional, trazendo assim vantagens para a indústria e para o consumidor. Aditivos alimentares são substâncias intencionalmente adicionadas aos alimentos para conferir alguma característica ou melhorar outras, como a conservação, a aparência, o sabor, a cor, o aroma e as suas propriedades de armazenamento. Neste capítulo, você vai identificar a importância da qualidade na produção e no beneficiamento de alimentos e compreender o processo de conservação de alimentos por irradiação e pelo uso de aditivos. Cap_8_Tecnologia_de_Alimentos.indd 1 24/01/2018 17:47:04 Qualidade na produção e no beneficiamento de alimentos A qualidade de produtos e serviços, que já foi um fator de diferenciação das empresas na indústria de alimentos, passou a ser um requisito obrigatório em função da elevação do patamar de competitividade nos mercados, devido à glo- balização da produção e da comercialização e ao aumento da conscientização dos consumidores e das exigências de órgãos governamentais, regulatórios e de fi scalização, tornando a qualidade e a segurança do alimento requisitos a serem prioritariamente atendidos (MONTEIRO; TOLEDO, 2009). Com isso, as empresas necessitam adequar seus produtos a novos padrões de qualidade, de segurança e de custos, desenvolvendo produtos melhores, reduzindo perdas e desperdícios nos processos, diminuindo os custos e ga- rantindo a qualidade percebida e a segurança dos produtos. A abertura de mercados e a globalização predominante no cenário in- ternacional vêm propulsionando uma concorrência acirrada nos mercados nacionais, com destaque para o mercado de alimentos (PORTUGAL, 1997). Além do consumidor se preocupar com aspectos relacionados à qualidade e aos preços acessíveis dos produtos, nota-se uma preocupação com o consumo de alimentos mais saudáveis. A indústria de alimentos tem investido em pesquisa e desenvolvimento, no sentido de atender a esses requisitos. Existem também novas técnicas de preservação para produtos mais perecíveis (como as carnes, por exemplo), que visam a aumentar o tempo de vida dos alimentos (PESQUISA..., 2003). Para que a indústria de alimentos assegure produtos de qualidade aos consu- midores finais, é necessário coordenar as ações de qualidade em todas as etapas da cadeia de produção. Essas ações de coordenação devem estar articuladas de forma a atender todos os requisitos de qualidade do produto demandados pelo cliente e por agentes regulatórios (MONTEIRO; TOLEDO, 2009). A coordenação da qualidade deve ter um caráter sistêmico, abrangendo todas as etapas da cadeia produtiva, de forma a integrar todos os elos e os segmentos da cadeia, prevenindo-se e corrigindo as possíveis falhas que venham a ocorrer. Para coordenar uma cadeia produtiva, é necessário o gerenciamento das atividades desenvolvidas e articuladas entre todos os agentes envolvidos, com o propósito de obter maior eficácia e eficiência para a cadeia. Em uma cadeia de produção, podem ser coordenados os custos, a qualidade, os tempos (prazos) e as quantidades produzidas. O foco desse trabalho está na coordenação da qualidade, entendida, aqui, como aquela que envolve a qualidade dos produtos e as práticas de gestão da qualidade (MONTEIRO; TOLEDO, 2009). Aspectos de qualidade, beneficiamento e conservação2 Cap_8_Tecnologia_de_Alimentos.indd 2 24/01/2018 17:47:04 A coordenação da qualidade em cadeias de produção pode ser vista como a gestão para garantir a eficácia da adoção de práticas de gestão da quali- dade interna nas empresas processadoras, nos fornecedores de insumos e nos segmentos de distribuição, visando a assegurar que as características de qualidade do produto sejam obtidas e preservadas em toda a cadeia e que as práticas exigidas para garantir a qualidade sejam realizadas na cadeia. Essa coordenação deve ser articulada por meio de um agente coordenador e de um sistema de informação (TOLEDO et al., 2003). A obtenção e a preservação da qualidade do produto dependem de dois fatores: (i) do planejamento da qualidade; (ii) da adoção de práticas de qualidade adequadas, ao longo da cadeia e de um eficiente sistema de informação, que mantenham os agentes tomadores de decisão informados sobre o que deve ser feito e sobre os desempenhos que estão sendo atingidos em cada segmento e no resultado final da cadeia. A coordenação da qualidade na cadeia de produção alimentar A necessidade de evolução das práticas de gestão da qualidade nas organizações conduziu ao desenvolvimento das abordagens da Gestão da Qualidade Total e da Gestão Estratégica da Qualidade. Essas abordagens de gestão se baseiam na visão do papel estratégico da qualidade para a capacidade competitiva e nos princípios de melhoria contínua de produtos e processos e da busca pela satis- fação e pelas expectativas dos clientes e dos demais stakeholders com relação à qualidade, aos custos, à entrega e aos serviços (MONTEIRO; TOLEDO, 2009). A gestão da qualidade, no caso da fabricação e da manipulação dos ali- mentos, requer o uso de métodos e ferramentas específicos, tais como BPFH (Boas Práticas de Fabricação e de Higiene), APPCC (Sistema de Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle), sistemas de identificação e rastreabili- dade, MIP (Manejo Integrado de Pragas), além de ferramentas que podem ser utilizadas em qualquer tipo de empresa, tais como o 5S, o Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9000, entre outros. Para que o consumidor adquira um produto alimentício que seja de qua- lidade e seguro, é necessário que esse produto contenha atributos de quali- dade, tais como conveniência ou facilidade de uso, consistência do padrão de qualidade, características de conservação, valor nutricional e funcional e propriedades sensoriais e organolépticas agradáveis, além da segurança e da contribuição à saúde. Além disso, é necessário que a empresa tenha uma estratégia para sinalizar e comunicar essa qualidade, que, em muitos de seus 3Aspectos de qualidade, beneficiamento e conservação Cap_8_Tecnologia_de_Alimentos.indd 3 24/01/2018 17:47:04 atributos, não pode ser percebida no ato da compra do produto (MONTEIRO; TOLEDO, 2009). Assim, é fundamental garantir a qualidade e a segurança do produto alimen- tício ao consumidor, sendo necessária a gestão da qualidade e da segurança ao longo de toda a cadeia produtiva, assegurando que as características da qua- lidade, desejadas pelo mercado e exigidas por legislação, sejam incorporadas ao produto e mantidas, desde a produção dos insumos até o consumo final. A garantia da qualidade na produção de alimentos mudou de enfoque nas últimas décadas. Antes, baseava-se na garantia da qualidade do produto, por meio do controle apenas do produto final; posteriormente, evoluiu para o con- trole da qualidade no processo, identificando os pontos críticos da produção e, atualmente, o enfoque se estende para toda a cadeia de produção (SPERS, 2000). Segundo Spers (2000), os maiores problemas encontrados nos alimentos perecíveis, sejam nas empresasprocessadoras ou no varejo, decorrem de con- taminações microbiológicas devido a fatores, como refrigeração inadequada, alto tempo de exposição do alimento e condições inadequadas de armazenagem, manuseio e transporte. Diante disso, é necessário que se promovam ações de coordenação entre os segmentos que compõem a cadeia, a fim de garantir a qualidade dos produtos e a redução das perdas, adotando-se uma abordagem de gestão integrada da qualidade. A coordenação da qualidade na cadeia depende da efetividade das práticas da qualidade realizadas no sentido empresa-fornecedor, empresa-consumidor final e também das práticas da qualidade conduzidas internamente nas em- presas (MONTEIRO; TOLEDO, 2009). Conservação de alimentos por irradiação De acordo com o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, radiação é o pro- cesso físico de emissão ou propagação de energia, seja por meio de fenômenos ondulatórios, seja por partículas dotadas de energia cinética, e é essa energia que transmite de um ponto a outro no espaço ou em um meio material. Para Gava, Silva e Frias (2008), a radiação é um processo em que uma fonte emite a energia que se propaga no espaço. As radiações ionizantes são capazes de quebrar ligações químicas quando absorvidas pelos alimentos devido à sua alta frequência, podendo formar íons, assim, sendo chamados de ionizantes. Os produtos da ionização podem ser eletricamente carregados por íons ou radicais livres, que, por sua vez, causam alterações no material irradiado, conhecidas como radiólise, e, consequente- Aspectos de qualidade, beneficiamento e conservação4 Cap_8_Tecnologia_de_Alimentos.indd 4 24/01/2018 17:47:05 mente, destroem parasitas, microrganismos e insetos. Trata-se de um método de conservação de alimentos que não tem aumento significativo de temperatura, ou mais conhecido como esterilização a frio. Esse método tem intensa penetração, mas não torna o alimento radioativo (GAVA; SILVA; FRIAS, 2008). Durante o processo de irradiação, o alimento é exposto à fonte de energia, de modo que absorva a dose precisa e específica requerida (ORDÓÑEZ et al., 2005). De acordo com Salles e Passos (2015), a irradiação é feita em uma câmara específica de concreto, com paredes de 2 m. de espessura, e portas de chumbo que não permitem que a radiação atinja o meio ambiente ou os operadores. Os alimentos irradiados que são servidos em estabelecimentos, como restaurantes, não necessitam de nenhum rótulo ou declaração no cardápio. Isso também acontece em casos de ingredientes irradiados em pequenas porções, como temperos e especiarias. Porém, nesse caso, a palavra irradiado deve ser expressa na lista de ingredientes, entre parênteses, após o nome desse produto (COUTO; SANTIAGO, 2010). Vantagens da utilização da irradiação No tratamento de irradiação, seja ela isolada ou combinada com outros trata- mentos, são concedidas algumas vantagens em comparação com os métodos clássicos. Entre elas, pode-se destacar a possibilidade de tratar alimentos depois de estarem acondicionados e de conservá-los em estado fresco por períodos relativamente longos. Apesar disso, esse tratamento requer um controle de segurança maior, e sua escolha deve ser feita quando as suas vantagens, em comparação às outras formas de processar os alimentos, superarem em muito as desvantagens (ORDÓÑEZ et al., 2005). Entre as vantagens de se empregar o processo de irradiação em pescados congelados, está a diminuição do número de microrganismos. Sempre que a carga microbiana não prejudicar a qualidade sensorial, a extensão da validade comercial do produto descongelado irá aumenta significativamente e, com isso, os custos decorrentes das perdas irão diminuir (VALDÉS, 2008 apud SANTOS et al., 2010). Com pouco aumento de temperatura na irradiação de alimentos, os ali- mentos congelados não mudarão de estado e, ainda assim, nesse processo, os microrganismos são destruídos. Além disso, a maioria dos materiais utilizados no acondicionamento dos alimentos, mesmo os que não resistem aos tratamen- tos térmicos, têm comportamento adequado diante das radiações ionizantes nas circunstâncias da indústria alimentícia (ORDÓÑEZ et al., 2005). A irradiação de alimentos evita o amadurecimento precoce de frutas e legumes, o brotamento em bulbos e tubérculos e o surgimento/crescimento 5Aspectos de qualidade, beneficiamento e conservação Cap_8_Tecnologia_de_Alimentos.indd 5 24/01/2018 17:47:05 de parasitas, desenvolvendo a desinfestação de grão e cereais, e também pro- movendo a esterilização de produtos sem a necessidade de aquecimento. De modo geral, o processo de irradiação resulta em alterações químicas mínimas nos alimentos, entretanto, nenhuma das alterações conhecidas é nociva, sendo assim, a Organização Mundial de Saúde (OMS) indica o uso da irradiação de alimentos (TÉBÉKA; HALLWASS, 2007). Uma das claras vantagens da irradiação é a substituição de processos químicos e físicos em quarentena para impedir a invasão de insetos que acompanham os produtos de países importadores (SALLES; PASSOS, 2015). O uso de irradiação de alimentos é uma tecnologia mundialmente em- pregada, com vantagem ambiental associada a esse processo, se comparada aos processos convencionais. Atribui-se isso devido à economia de energia requerida pelo processo de esterilização, uma vez que ela é cerca de 50 vezes mais eficaz que a maioria dos outros métodos tradicionais. Essa redução energética significa, não apenas uma vantagem econômica, mas também ambiental, pois resulta em uma menor emissão de gás carbônico necessário à geração de energia para tal processo (TÉBÉKA; HALLWASS, 2007). A capacidade do processo de irradiação na extensão de vida de prateleira em muitos alimentos é grande, podendo gerar maior tempo de sua validade quando utilizada segundo as normas de segurança já estabelecidas (LEONEL, 2008). Tébéka e Hallwass (2007) ressaltam ainda que é possível armazenar os alimentos por um tempo mais extenso, comparado ao armazenamento sem irradiação antecedente, recusando assim o uso de conservantes químicos que, muitas vezes, são prejudiciais à saúde. Portanto, a irradiação de alimentos se apresenta como um método simples e seguro para a preservação e o arma- zenamento de alimentos em longo prazo, além de responder aos critérios de preservação ambiental, diminuindo gastos energéticos e riscos sanitários. Desvantagens da utilização da irradiação Pela infl uência das radiações, os nutrientes podem sofrer pequenas ou grandes alterações, as mesmas sofridas quase no decorrer dos processos térmicos. Tais modifi cações se referem, principalmente, à desnaturação proteica, à rancifi cação e à destruição de vitaminas (EVANGELISTA, 2001). Urbain (1986 apud LEONEL, 2008) diz que algumas transformações podem ocorrer no alimento devido à irradiação, entre as quais podem ser citadas as texturas, o sabor e a cor de certos alimentos, observando o impacto na aceitação desses produtos por parte do consumidor. Em virtude disso, a indústria encontra dificuldades em usar tal procedimento. Tanto as carnes brancas, quanto as Aspectos de qualidade, beneficiamento e conservação6 Cap_8_Tecnologia_de_Alimentos.indd 6 24/01/2018 17:47:05 vermelhas podem sofrer modificações em sua cor. Quando irradiada com doses de esterilização, a carne vermelha apresenta uma coloração marrom ou cinza, enquanto a carne de frango, algumas vezes, demonstra uma coloração rosa. Os nutrientes dos alimentos serão variavelmente afetados, de acordo com a dosagem utilizada no processo. As proteínas, a celulose e o amido poderão ser hidrolisados e sofrer alterações posteriores. Essas alterações poderão ser benéficas, no caso de amolecimento de carnes, mas, de modo geral, são inde- sejáveis por modificarem os nutrientes dos alimentos. As vitaminas sofrem alterações semelhantes às averiguadas no processo térmico. As proteínas podem ser desnaturadas. As gorduras são influenciadas, existindo sempre um aumento da rancidez,principalmente em virtude da destruição dos antioxidantes. Os carboidratos são facilmente alterados por radiações ionizantes (GAVA, 2002). Conservação de alimentos pelo uso de aditivos A adição de produtos químicos aos alimentos como método de preservação e também para conferir determinadas características é bastante antiga. A defu- mação de produtos cárneos, por exemplo, existe desde que o homem primitivo descobriu o fogo. Nos dias atuais, o emprego dos aditivos químicos é visto com maior cautela, pois há uma demanda, por parte da sociedade, por alimentos mais saudáveis e livres de aditivos químicos. Porém, nas regiões tropicais onde a temperatura ou a umidade favorecem o crescimento de microrganismos e aumentam a velocidade dos processos oxidativos, muitas vezes os aditivos são empregados para complementar a efi ciência dos métodos tradicionais ou não convencionais de conservação, e não como único método de conservação. De acordo com a Portaria n° 540 (BRASIL, 1997), aditivo alimentar é todo e qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos, sem o pro- pósito de nutrir, mas, sim, com o objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais durante a fabricação, o processamento, a preparação, o tratamento, a embalagem, o acondicionamento, a armazenagem, o transporte ou a manipulação de um alimento. Ao agregar aditivos, poderá, o próprio aditivo ou os seus derivados, converterem-se em um componente de tal alimento. A definição não inclui os contaminantes ou as substâncias nutritivas que são incorporadas ao alimento para manter ou melhorar suas propriedades nutricio- nais. O termo aditivo alimentar significa qualquer substância de uso intencional, da qual resulta ou pode razoavelmente ser esperado, direta ou indiretamente, um componente que pode afetar as características de qualquer alimento. 7Aspectos de qualidade, beneficiamento e conservação Cap_8_Tecnologia_de_Alimentos.indd 7 24/01/2018 17:47:05 O emprego de aditivos é justificado por razões tecnológicas ou sensoriais, conforme a Portaria SVS/MS 540, de 27 de outubro de 1997. A necessidade do uso de um aditivo é justificada sempre que este proporcionar vantagens de ordem tecnológica ou de segurança, exceto quando essas vantagens puderem ser alcançadas por processos de fabricação mais adequados ou por maiores precauções de ordem higiênica ou operacional. Os aditivos não devem ser utilizados quando o seu uso prejudicar o valor nutricional de um alimento ou para encobrir alterações de qualidade das matérias-primas e falhas de processamento, manipulação ou más condições higiênicas de equipamentos, ingredientes ou manipuladores. Cada país tem as suas próprias leis e regulações em relação ao uso dos aditivos em produtos alimentícios. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) regula o uso dos aditivos no Brasil e tem especificações quanto ao tipo de aditivo que pode ser empregado em cada alimento, à sua finalidade e à quantidade. Os aditivos utilizados na produção de um determinado alimento devem ser obrigatoriamente discriminados na sua embalagem e incluídos na lista de ingredientes utilizados na sua elaboração. Os aditivos utilizados pela indústria devem, forçosamente, ter sido objeto de aprovação prévia e fazer parte de uma lista dita positiva. Todos os aditivos eventualmente utilizados e não incluídos nessa lista são ilegais e o seu uso é, portanto, proibido. Além disso, o uso dos aditivos deve ser limitado a alimentos específicos, a depender da necessidade tecnológica, em condições específicas e ao menor nível para alcançar o efeito desejado para que a ingestão do aditivo, proveniente de todos os alimentos que o contêm, quando consumidos por um indivíduo qualquer, não supere os valores de ingestão diária aceitável (IDA) estabelecidos. A IDA é a quantidade estimada do aditivo alimentar, expressa em miligra- mas por quilo de peso corpóreo (mg/kg p.c.), que pode ser ingerida diariamente, sem oferecer risco apreciável à saúde, à luz dos conhecimentos científicos dis- poníveis na época da avaliação. A IDA de cada aditivo alimentar é estabelecida quando há a avaliação tecnológica da substância pelo JECFA (The Joint FAO/ WHO Expert Committee on Food Additives – FAO/OMS), referência para o Codex Alimentarius, o qual o Brasil é signatário, na avaliação toxicológica de aditivos alimentares e contaminantes em alimentos. Classificação dos aditivos alimentares As classes de aditivos são reunidas em diferentes grupos de acordo com a função que desempenham nos produtos. No Brasil, os aditivos alimentares Aspectos de qualidade, beneficiamento e conservação8 Cap_8_Tecnologia_de_Alimentos.indd 8 24/01/2018 17:47:05 estão classifi cados de acordo com a função que possuem no alimento, seguindo a Portaria nº 540 (BRASIL, 1997). São estas as funções classifi cadas: Agente de massa: substância que proporciona o aumento de volume e/ou da massa dos alimentos, sem contribuir significantemente para o valor energético do alimento. Antiespumante: substância que previne ou reduz a formação de espuma. Antiumectante: substância capaz de reduzir as características higroscó- picas dos alimentos e diminuir a tendência de adesão, umas às outras, das partículas individuais. Antioxidante: substância que retarda o aparecimento de alteração oxi- dativa no alimento. Corante: substância que confere, intensifica ou restaura a cor de um alimento. Conservador: substância que impede ou retarda a alteração dos alimentos provocada por microrganismos ou enzimas. Edulcorante: substância diferente dos açúcares que confere sabor doce ao alimento. Espessante: substância que aumenta a viscosidade de um alimento. Geleificante: substância que confere textura pela formação de um gel. Estabilizante: substância que torna possível a manutenção de uma dis- persão uniforme de duas ou mais substâncias imiscíveis em um alimento. Aromatizante: substância ou mistura de substâncias com propriedades aromáticas e/ou sápidas, capazes de conferir ou reforçar o aroma e/ou o sabor dos alimentos. Umectante: substância que protege os alimentos da perda de umidade em ambiente de baixa umidade relativa ou que facilita a dissolução de uma substância seca em meio aquoso. Regulador de acidez: substância que altera ou controla a acidez ou alcalinidade dos alimentos. Acidulante: substância que aumenta a acidez ou confere um sabor ácido aos alimentos. Emulsionante/emulsificante: substância que torna possível a forma- ção ou a manutenção de uma mistura uniforme de duas ou mais fases imiscíveis no alimento. Melhorador de farinha: substância que, agregada à farinha, melhora sua qualidade tecnológica para os fins a que se destina. Realçador de sabor: substância que ressalta ou realça o sabor/aroma de um alimento, como, por exemplo, o glutamato monossódico. 9Aspectos de qualidade, beneficiamento e conservação Cap_8_Tecnologia_de_Alimentos.indd 9 24/01/2018 17:47:06 Fermento químico: substância ou mistura de substâncias que liberam gás e, dessa maneira, aumentam o volume da massa. Glaceante: substância que, quando aplicada na superfície externa de um alimento, confere uma aparência brilhante ou um revestimento protetor. Agente de firmeza: substância que torna ou mantém os tecidos de frutas ou hortaliças firmes ou crocantes, ou interage com agentes geleificantes para produzir ou fortalecer um gel. Sequestrante: substância que forma complexos químicos com íons metálicos. Estabilizante de cor: substância que estabiliza, mantém ou intensifica a cor de um alimento. Espumante: substância que possibilita a formação ou a manutenção de uma dispersão uniforme de uma fase gasosa em um alimento líquido ou sólido. Com base nos princípios da análise de risco, a ANVISA estabelece quais são os aditivos permitidos para as diferentes categorias de alimentos, funções e limites máximos de uso, visandoa alcançar o seu efeito tecnológico sem oferecer risco à saúde humana. Dessa forma, o processo regulatório inclui a avaliação caso a caso dessas substâncias, mediante solicitação da parte interessada, que deve apresentar, entre outras informações, a comprovação da segurança de uso, a necessidade tecnológica, o limite proposto, a estimativa da ingestão do aditivo e as referências internacionalmente reconhecidas. 1. A qualidade de produtos e serviços, que já foi um fator de diferenciação das empresas, na indústria de alimentos, passou a ser um requisito obrigatório, em função da elevação do patamar de competitividade nos mercados, devido à globalização da produção e da comercialização e ao aumento da conscientização dos consumidores e das exigências de órgãos governamentais, regulatórios e de fiscalização, tornando a qualidade e a segurança do alimento um requisito a ser prioritariamente atendido. A respeito da qualidade na produção e no beneficiamento de alimentos, assinale a alternativa correta: a) Para que a indústria de alimentos assegure produtos de qualidade aos consumidores finais, é necessário coordenar as ações Aspectos de qualidade, beneficiamento e conservação10 Cap_8_Tecnologia_de_Alimentos.indd 10 24/01/2018 17:47:06 de qualidade em todas as etapas da cadeia de produção. Essas ações de coordenação devem estar articuladas de forma a atender a todos os requisitos de qualidade do produto, demandados pelo cliente e por agentes regulatórios. b) Além de o consumidor se preocupar com aspectos relacionados à qualidade e aos preços acessíveis dos produtos, nota-se um aumento do consumo e do interesse dos consumidores por alimentos industrializados e ultraprocessados. c) Para garantir a qualidade na produção de alimentos, é essencial que medidas de controle sejam direcionadas especificamente na etapa de produção/industrialização dos alimentos, não sendo atribuição das indústrias o controle que antecede a produção (matéria-prima) e a pós-produção (distribuição e comercialização) dos alimentos. d) A qualidade e a segurança dos alimentos estão ligadas exclusivamente ao controle dos parâmetros microbiológicos e físico-químicos dos produtos. e) Os maiores problemas encontrados em alimentos perecíveis são de ordem físico-química, por isso, medidas de controle devem ser adotadas durante todo o processo produtivo, a fim de que a alteração físico-química do alimento não interfira na qualidade sensorial dos produtos. 2. Irradiação é o processo físico de emissão ou propagação de energia, seja por meio de fenômenos ondulatórios, seja por partículas dotadas de energia cinética, e é também energia que transmite de um ponto a outro no espaço ou em meio material. Sobre a conservação de alimentos por irradiação, assinale a alternativa correta: a) A irradiação de alimentos promove a destruição dos micro-organismos patogênicos e deteriorantes devido ao aumento da temperatura e à pressão dos produtos irradiados. b) Segundo a legislação brasileira, fica sendo obrigatória a declaração no rótulo ou no cardápio de “produto irradiado” para todo e qualquer alimento ou ingrediente exposto à venda ou utilizado na produção de outros alimentos. c) O processo de irradiação resulta em alterações químicas mínimas nos alimentos, entretanto, nenhuma das alterações conhecidas é nociva, sendo assim, a Organização Mundial de Saúde (OMS) indica o uso da irradiação de alimentos. d) A irradiação de alimentos pode ser aplicada apenas em alimentos frescos antes da embalagem, a fim de que o resultado do processo seja alcançado pelo contato direto do alimento com a radiação. e) Embora seja um método eficiente para a conservação de alimentos, a irradiação é considerada um método dispendioso, devido ao 11Aspectos de qualidade, beneficiamento e conservação Cap_8_Tecnologia_de_Alimentos.indd 11 24/01/2018 17:47:06 alto consumo de energia relacionado às fontes radioativas, repercutindo em efeitos econômicos e também ambientais. 3. A capacidade do processo de irradiação na extensão de vida de prateleira, em muitos alimentos, é grande, podendo gerar maior tempo de validade quando utilizada segundo as normas de segurança já estabelecidas. Sobre a utilização da irradiação em alimentos, assinale a alternativa correta: a) Os alimentos irradiados requerem maior utilização de aditivos químicos, a fim de que possam aumentar a vida útil dos alimentos. b) A irradiação é um processo vantajoso para alimentos, pois não altera nenhuma das características sensoriais dos produtos. c) Em termos nutricionais, a irradiação apresenta maior desvantagem em relação aos tratamentos térmicos, devido à grande perda de vitaminas, à rancificação de lipídios e à desnaturação proteica. d) Quanto maior a dose de irradiação utilizada, menos perdas nutricionais ocorrem nos alimentos, devido ao menor tempo de exposição dos alimentos. e) A irradiação de alimentos evita o amadurecimento precoce de frutas e legumes, o brotamento em bulbos e tubérculos e o desenvolvimento de parasitas, desenvolvendo a desinfestação de grão e cereais e também promovendo a esterilização de produtos sem a necessidade de aquecimento. 4. De acordo com a Portaria n.º 540 (BRASIL, 1997), “aditivo alimentar é todo e qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos sem propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de um alimento”. Sobre a conservação de alimentos pelo uso de aditivos, assinale a alternativa correta: a) As indústrias são responsáveis por controlar o uso de aditivos utilizados em produtos, bem como calcular a quantidade utilizada e analisar os efeitos colaterais do consumo. b) Os aditivos têm como função tornar o alimento atrativo para o consumidor, mascarando, assim, quaisquer defeitos da matéria-prima que possam interferir na aceitação do produto no mercado. c) A necessidade do uso de um aditivo é justificada sempre que proporcionar vantagens de ordem tecnológica ou de segurança, exceto quando estas possam ser alcançadas por processos de fabricação mais adequados ou por maiores precauções de ordem higiênica ou operacional. d) De acordo com a legislação brasileira atual, torna-se obrigatória a declaração Aspectos de qualidade, beneficiamento e conservação12 Cap_8_Tecnologia_de_Alimentos.indd 12 24/01/2018 17:47:07 no rótulo dos alimentos do aditivo utilizado em maior quantidade, sendo dispensada a declaração dos demais, caso sejam utilizados. e) Segundo a legislação brasileira, os aditivos podem ser utilizados em qualquer tipo de alimento, desde que obedeçam aos níveis máximos emitidos. 5. As classes de aditivos são reunidas em diferentes grupos de acordo com a função que desempenham nos produtos. No Brasil, os aditivos alimentares estão classificados de acordo com a função que desempenham no alimento. De acordo com a classificação e a função dos aditivos em alimentos, assinale a alternativa correta: a) Acidulantes são substâncias que conferem sabor doce aos alimentos. b) Edulcorantes são substâncias que proporcionam ou reforçam a cor dos alimentos. c) Conservantes são substâncias que retardam os processos de deterioração de alimentos, conferindo proteção à ação de micro-organismos ou de enzimas. d) Antioxidantes são substâncias capazes de reduzir as características higroscópicas dos alimentos e diminuir a tendência de adesão, umas às outras, das partículas individuais. e) Espessantes são substâncias ou misturas de substâncias com propriedades aromáticas e/ou sápidas, capazes de conferir ou reforçar o aroma e/ ou o sabor dos alimentos. BRASIL. 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