Prévia do material em texto
Educação Física Educação Física PONTA GROSSA - PARANÁ 2010 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Miguel Archanjo de Freitas Junior Maury Fernando Fidelis Redkva LICENCIATURA EM FUNDAMENTOS DO ATLETISMOII UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR Tel.: (42) 3220 3163 www.nutead.org 2010 Todos os direitos reservados ao NUTEAD - Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Paraná, Brasil. CRÉDITOS Universidade Estadual de Ponta Grossa João Carlos Gomes Reitor Carlos Luciano Sant’ana Vargas Vice-Reitor Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processos Técnicos BICEN/UEPG. Pró-Reitoria de Assuntos Administrativos Ariangelo Hauer Dias - Pró-Reitor Pró-Reitoria de Graduação Graciete Tozetto Góes - Pró-Reitor Divisão de Educação a Distância e de Programas Especiais Maria Etelvina Madalozzo Ramos - Chefe Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância Leide Mara Schmidt - Coordenadora Geral Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Pedagógica Sistema Universidade Aberta do Brasil Hermínia Regina Bugeste Marinho - Coordenadora Geral Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Adjunta Marcus William Hauser - Coordenador de Curso Flávio Guimarães Kalinowski - Coordenador de Tutoria Colaborador Financeiro Luiz Antonio Martins Wosiak Colaboradora de Planejamento Silviane Buss Tupich Projeto Gráfico Anselmo Rodrigues de Andrade Júnior Colaboradores em EAD Dênia Falcão de Bittencourt Jucimara Roesler Colaboradores de Informática Carlos Alberto Volpi Carmen Silvia Simão Carneiro Adilson de Oliveira Pimenta Júnior Colaboradores de Publicação Denise Galdino de Oliveira - Revisão Ana Caroline Machado - Diagramação Milene Sferelli Marinho - Ilustração Colaboradores Operacionais Edson Luis Marchinski Kelly Regina Camargo Thiago Barboza Taques Freitas Junior, Miguel Arcanjo de F886f Fundamentos do Atletismo II./ Miguel Arcanjo de Freitas Jr. e MauryFernando Fidelis Redkva. Ponta Grossa: UEPG/NUTEAD, 2010. 118p. il. Licenciatura em Educação Física - Educação a distância 1. Atletismo. 2. Saltos verticais. 3. Saltos horizontais. 4. Lançamentos. 5. Arremesso de peso. 6. Provas combinadas. I. Redkva, Maury Fernando Fidelis. II. T. CDD : 796.426 APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL A Universidade Estadual de Ponta Grossa é uma instituição de ensino superior estadual, democrática, pública e gratuita, que tem por missão responder aos desafios contemporâneos, articulando o global com o local, a qualidade científica e tecnológica com a qualidade social e cumprindo, assim, o seu compromisso com a produção e difusão do conhecimento, com a educação dos cidadãos e com o progresso da coletividade. No contexto do ensino superior brasileiro, a UEPG se destaca tanto nas atividades de ensino, como na pesquisa e na extensão Seus cursos de graduação presenciais primam pela qualidade, como comprovam os resultados do ENADE, exame nacional que avalia o desempenho dos acadêmicos e a situa entre as melhores instituições do país. A trajetória de sucesso, iniciada há mais de 40 anos, permitiu que a UEPG se aventurasse também na educação a distância, modalidade implantada na instituição no ano de 2000 e que, crescendo rapidamente, vem conquistando uma posição de destaque no cenário nacional. Atualmente, a UEPG é parceira do MEC/CAPES/FNED na execução do programas Pró-Licenciatura e do Sistema Universidade Aberta do Brasil e atua em 38 polos de apoio presencial, ofertando, diversos cursos de graduação, extensão e pós- graduação a distância nos estados do Paraná, Santa Cantarina e São Paulo. Desse modo, a UEPG se coloca numa posição de vanguarda, assumindo uma proposta educacional democratizante e qualitativamente diferenciada e se afirmando definitivamente no domínio e disseminação das tecnologias da informação e da comunicação. Os nossos cursos e programas a distância apresentam a mesma carga horária e o mesmo currículo dos cursos presenciais, mas se utilizam de metodologias, mídias e materiais próprios da EaD que, além de serem mais flexíveis e facilitarem o aprendizado, permitem constante interação entre alunos, tutores, professores e coordenação. Esperamos que você aproveite todos os recursos que oferecemos para promover a sua aprendizagem e que tenha muito sucesso no curso que está realizando. A Coordenação SUMÁRIO ■ PALAVRAS DOS PROFESSORES 7 ■ OBJETIVOS E EMENTA 9 SALTOS VERTICAIS ■ SEÇÃO 1- SALTO EM ALTURA 12 ■ SEÇÃO 2- SALTO COM VARA 26 SALTOS HORIZONTAIS 37 ■ SEÇÃO 1- SALTO EM DISTÂNCIA 39 ■ SEÇÃO 2- SALTO TRIPLO 49 LANÇAMENTOS 61 ■ SEÇÃO 1- LANÇAMENTO DO DARDO 63 ■ SEÇÃO 2- LANÇAMENTO DO DISCO 70 ■ SEÇÃO 3- LANÇAMENTO DO MARTELO 82 ARREMESSO DO PESO E PROVAS COMBINADAS 93 ■ SEÇÃO 1- ARREMESSO DE PESO 94 ■ SEÇÃO 2- PROVAS COMBINADAS (DECATLO E HEPTATLO) 105 ■ PALAVRAS FINAIS 113 ■ REFERÊNCIAS 115 ■ NOTAS SOBRE OS AUTORES 117 11 PALAVRAS DOS PROFESSORES Prezado aluno, é muito bom estarmos juntos novamente. Pois, em sua companhia, nós já corremos contra o tempo e ultrapassamos barreiras. Você foi inteligente, pois algumas vezes quando parecia que não ia aguentar você passou o bastão e conseguiu chegar até o final da primeira parte da nossa corrida. Nesta nova etapa que se inicia, deixaremos as provas de pista momentaneamente de lado, e vamos nos concentrar em seus espaços anexos, onde saltaremos, lançaremos, arremessaremos e, ao final, vamos unir todas estas provas em uma única competição chamada de decatlo, esta prova final irá mostrar a todos que, assim como os decatletas, você também é um professor nota 10. Este livro didático trará até você os conhecimentos pedagógicos, técnicos, as principais regras e inúmeras curiosidades sobre as provas de campo. Trata- se de pensar o atletismo como um conteúdo pedagógico que pode auxiliar no desenvolvimento do repertório motor dos seus alunos, os quais irão aprender que saltar, lançar e arremessar é mais do que um simples gesto de impulsionar o corpo ou um objeto. Antes de tudo, são movimentos intencionais que são realizados por seres humanos e aí está o grande desafio da nossa profissão – trabalhamos com seres humanos, por isso, não é possível apresentar uma fórmula mágica que dará certo para todos os alunos. Apresentamos a você as singularidades de cada prova, o seu desafio será conseguir utilizar os diferentes conteúdos apreendidos nas disciplinas do curso, para fazer com que o seu aluno consiga movimentar-se com eficiência e consciência da importância da atividade física como um agente potencializador da melhoria da qualidade de vida. Neste sentido, correr não é somente deslocar- se rapidamente para cruzar a linha de chegada, antes disso, correr pode ser uma atividade racional que objetiva trazer benefícios biológicos e sociais para quem realiza esta atividade. Lembramos ainda, que os conhecimentos aqui apresentados não se esgotam em si mesmo, eles são apenas um ponto de partida que deve servir como estímulo nesta fantástica corrida da busca do conhecimento. Onde temos certeza de que você sairá vencedor. Bons estudos! Os professores OBJETIVOS E EMENTA ObjetivOs Objetivamos em nosso estudo abranger os assuntos pertinentes ao ensino das habilidades e competências tático-cognitivas do atletismo; trazer considerações e informações que sejam importantes e necessárias para que o professor possa desenvolver um bom trabalho no ensino do atletismo para seu aluno ou quem sabe, em alguns casos, para o seu atleta, que irá participar das competições em nível escolar. ObjetivOs específicOs ■ Abranger os assuntos pertinentes ao ensino das habilidades e competências tático e cognitivas do atletismo. ■ Trazer consideraçõese informações importantes e necessárias para que o professor possa desenvolver um bom trabalho no ensino do atletismo para seu aluno ou atleta, que irá participar das competições escolares.. ementa ■ Fundamentos do Atletismo Movimentos naturais de correr, saltar, lançar e arremessar. Desenvolvimento dos conhecimentos das habilidades e provas do Atletismo. Abordagens sobre a história e atualidades do atletismo. Classificação das provas do atletismo. Fundamentos metodológicos das principais técnicas, de corrida, salto, arremesso e lançamento. Exercícios, para aprendizado das provas de corrida, salto, arremesso, e lançamento. Perspectivas pedagógicas sobre as múltiplas e variáveis formas de realizar o movimento. Noções gerais de regras possibilidades de adaptação aos objetivos propostos. Saltos verticais MIGUEL ARCHANJO DE FREITAS JR MAURY FERNANDO FIDELIS REDKVA ObjetivOs De apRenDiZaGem Após a execução desta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Identificar as provas de campo ■ Definir as principais características das provas de salto, lançamento e arremesso ■ Identificar as principais dificuldades encontradas pelos iniciantes, nas técnicas e especificidades das provas de campo ROteiRO De estUDOs ■ SEÇÃO 1: Salto em altura ■ SEÇÃO 2: Salto com vara U N ID A D E I U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 12 UNIDADE 1 PARA INÍCIO DE CONVERSA Após termos vistos as provas de pista, agora iniciaremos os nossos estudos sobre as provas de campo. Estas provas são compostas pelas modalidades de saltos, lançamentos e arremessos. Assim como a corrida, o salto faz parte das habilidades naturais do homem, ante a presença de um obstáculo, saltar é praticamente um instinto, assim como fazer o lançamento ou arremesso de um objeto. Mesmo que estas atividades sejam realizadas com objetivos diferentes e em diversas situações, normalmente, elas já são conhecidas dos nossos alunos. Isso facilitará o aprendizado e desenvolvimento motor do iniciante, que no seu dia a dia, em algum momento, já realizou alguns destes gestos em sua forma rudimentar. A nossa tarefa consiste em ir lapidando estes movimentos, atribuindo- lhes sentidos, que vão além do “simples” ato de jogar um objeto e/ou pular uma distância, mas que caminham para um fazer consciente. Destacando acima de tudo o respeito às individualidades e utilizando a vocação do atletismo de criar desafios, que permitem mostrar ao nosso aluno, que ele é capaz de superar limites os quais ele mesmo desconhecia. SEÇÃO 1 SALTO EM ALTURA Na literatura da área não há unanimidade quanto à origem desta prova. Contudo, no meio acadêmico, a tese mais aceita é de que a mesma teria sido praticada inicialmente em ginásios alemães, principalmente, como disciplina militar. Johann Gutsmuths, autor do livro “Gymnastik VOCÊ ESTÁ PRONTO PARA MAIS ESTE DESAFIO? ENTÃO VAMOS SALTÁ-LO JUNTOS! Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 13 UNIDADE 1 fuer die Jugend” (1793), relata sobre uma atividade que muito se assemelha a prova do atual salto em altura. Não obstante, o primeiro registro desta prova é datado de 07 de setembro de 1854, quando o inglês John Gilles, saltou 1,67. Já a IAAF reconhece como seu primeiro recorde a marca de 2.00m, obtida pelo americano George Horine em Palo Alto em 18 de maio de 1912. Observando a trajetória histórica do salto em altura é possível afirmar que esta foi a prova do atletismo que mais apresentou modificações na sua técnica de execução. No início, o estilo usado para saltar era a tesoura simples, técnica em que o atleta passava “sentado” sobre a barra. No final do século XIX, em 1893, o irlandês Michael Sweeney criou uma pequena variante, executando o rolo para o interior, o que foi considerado um grande avanço para época. Em 1912, o norte- americano George Horine surpreendeu a todos utilizando o rolo- lateral, estilo que lhe possibilitou chegar a marca 2.00m. A partir desse momento, houve uma estagnação na melhora da técnica e consequentemente dos resultados. Até que em 1936, o atleta norte-americano David Albritton, saltou 2,07 utilizando a técnica do rolo ventral. A última modificação significativa do salto em altura aconteceu em 1960, quando Richard Douglas Fosbury (Dick Fousbury) criou o estilo “Fosbury Flop”, que consiste em passar o sarrafo estando de costas para o mesmo. Esta técnica lhe possibilitou vencer os jogos olímpicos realizados na cidade do México em 1968, com a marca de 2,24m, tornando-se desde então o estilo mais utilizado pela maioria dos saltadores de todos os níveis. No Brasil, o primeiro recorde reconhecido foi do atleta EURICO TEIXEIRA DE FREITAS, vencedor do I Campeonato Brasileiro em 1925, com a marca de 1.75m. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 14 UNIDADE 1 A TÉCNICA DO SALTO EM ALTURA Tecnicamente, podemos definir o salto em altura como sendo uma sequência de movimentos, com o objetivo de transpor um sarrafo (fasquia) que fica apoiado em dois suportes, num plano horizontal elevado. Ou seja, o saltador busca saltar a maior altura possível, sem derrubar o sarrafo. O local em que se realiza essa prova é uma pista em forma de leque, cuja parte mais larga possui um obstáculo que o atleta vai tentar transpor. Esse obstáculo é composto por dois suportes verticais, que sustentam uma barra horizontal. Atrás do obstáculo, coloca-se um acolchoado de 4X5m com 1m de altura, para amortecer a queda do saltador. A pista de impulso deve ter um comprimento mínimo de 18m. Antes dos competidores iniciarem a prova, a primeira altura do sarrafo é determinada pelos organizadores e juízes da competição. Tendo o primeiro salto bem sucedido, são os próprios atletas que decidem que altura irão saltar na sequência. À medida que o atleta vai conseguindo superar as marcas sem derrubar a fasquia, a altura sobe automaticamente de 3 a 5 cm. Os atletas saltam por séries e têm direito a três tentativas para ultrapassar Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 15 UNIDADE 1 a marca estipulada. Só será considerada falta quando o sarrafo cair dos suportes, esbarrar de leve na fasquia com qualquer parte do corpo, sem derrubá-la, não é considerado falta. Após a terceira tentativa de saltar a mesma altura sem êxito, o saltador é desclassificado. Para efeitos de desempate, contam o número de tentativas efetuadas antes de superar uma dada marca. Por exemplo, o atleta que supera 1,80m na sua primeira tentativa, ficará à frente do que supera 1,80m na sua segunda tentativa. O atleta também poderá recusar-se a saltar qualquer marca que considere facilmente ultrapassável, guardando-se para alturas maiores. No momento da competição nenhuma das provas são executadas por partes. Um atleta entra na pista, compete e pronto. Mas nós professores, precisamos dividir estas provas em fases para que possamos compreender as suas minúcias e desta maneira consigamos ensinar, corrigir e preparar os nossos alunos. Por isso, a partir deste momento, você irá conhecer as diferentes fases que compõe a prova do salto em altura. TÉCNICA DO SALTO EM ALTURA Na procura de um estilo ideal para transpor o sarrafo e atingir marcas cada vez mais difíceis de serem superadas, verifica-se que houve uma significativa evolução das técnicas desta prova. A primeira técnica conhecida, o estilo tesoura, consiste em fazer uma aproximação à fasquia na diagonal e saltar primeiro com uma perna, U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 16 UNIDADE 1 depois com o resto do corpo. O Western roll dominou os Jogos de Berlim e consiste também num salto inspirado na tesoura, mas onde a perna exterior serve de balanço à passagem do resto do corpo. A evolução seguinte foi a técnica straddle (rolo ventral), em que o saltador ultrapassa a fasquia de frente, com o rosto voltado para o chão. SALTO ESTILO TESOURAA técnica mais moderna é o flop ou estilo fosbury, onde o saltador ultrapassa a fasquia de costas, passando primeiro com os ombros e o rosto virado para o céu, depois com o resto do corpo. A introdução de cada uma destas técnicas resultou sempre em novas subidas do recorde mundial. Acompanhe como a evolução da técnica do salto em altura, está diretamente relacionada com a melhoria do resultado dos atletas. SALTO FOSBURY FLOP Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 17 UNIDADE 1 1. Salto de tesoura (1,97m 1898); 2. Salto Cortado (1,99. 5m 1908); 3. Rolamento Californiano (2,02m 1914); 4. Variante do Rolamento Californiano (2,04m 1933); 5. Variante do Rolamento Californiano (2,07m 1936); 6. Rolamento Ventral (2,07m 1936); 7. Variante do Rolamento Ventral (2,22m 1960); 8. Variante do Rolamento Ventral (2,28m 1963); 9. Flop (2,32m 1976); 10. Flop (2,45m 1993). Como a maioria dos estilos caiu em desuso, vamos centrar a nossa análise apenas em dois deles. O rolo ventral que, por sua facilidade de execução, pode ser utilizado na iniciação do salto em altura e o Fosbory “Flop”, estilo mais utilizado pelos praticantes de médio e alto nível. No entanto, cabe salientar que o estilo tesoura é o mais simples, por isso, normalmente é utilizado como técnica introdutória para colegiais e iniciantes. Devido ela não possibilitar saltar alturas expressivas, acabou sendo substituída por outras técnicas. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 18 UNIDADE 1 A TÉCNICA DO ROLAMENTO É a ultrapassagem do sarrafo na posição de decúbito ventral. Caracteriza-se pela passagem do sarrafo através de um rolamento natural do corpo sobre o mesmo, ou seja, o saltador faz uma inclinação e torção do corpo para o lado da perna de impulsão. Para fins didáticos, podemos dividir a execução nas seguintes fases: posição de partida, corrida, impulsão, ultrapassagem e queda. Posição de Partida (concentração): o atleta fica na marca inicial da sua corrida, a qual foi determinada, anteriormente, através de treinamento. A posição mais utilizada é pés unidos, braços descontraídos ao lado do corpo, olhar voltado para frente observando o sarrafo e mentalizando toda a sequência que está para ser executada. Por meio da concentração, preparamos os nossos músculos, sentidos e nossa mente para trabalhar em harmonia. Nesta fase, você deve imaginar-se realizando todos os movimentos. Corrida: ela é executada em progressão retilínea, do lado da perna de impulsão. Normalmente, a corrida de impulso é realizada entre sete a nove passadas, perfazendo uma distância ideal, que deve ser adequada de acordo com as características de cada atleta. A fase inicial da corrida é realizada de maneira progressiva, havendo inclusive “um certo exagero” no tamanho das passadas, tendo em vista que o objetivo, neste momento, é conseguir atingir uma velocidade ótima. A fase final é determinada pelas três últimas passadas, as quais irão preparar para mudança do sentido do movimento que sairá de um plano horizontal, para outro mais verticalizado. Os últimos três passos devem ser mais suaves, mais rápidos e amplos (o penúltimo passo deve ser aproximadamente um pé mais longo que o último). Esta ação irá auxiliar para que ocorra uma pequena inclinação do corpo para trás, aproximando o centro de gravidade do chão e deixando o pé de impulsão apoiado à frente do corpo. Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 19 UNIDADE 1 Impulsão: Essa fase do salto deve aproveitar ao máximo a velocidade adquirida durante a corrida, a capacidade da perna de impulsão e a ação da perna livre. A inobservância de um destes movimentos influenciará diretamente no resultado final do salto. Deve-se destacar que no “rolo ventral”, a perna de chute (oposta a de impulsão) sobe quase totalmente estendida. Durante esta fase, executam-se dois movimentos interdependentes. Primeiro com a perna livre, que deverá ser executado para frente e para cima, aliviando o peso corporal e o segundo, através da ação explosiva da perna de impulsão, que será realizada antes do movimento final da perna livre, isto possibilitará ao saltador aproveitar a força decorrente do movimento anterior para lançar o corpo para cima. Todos os movimentos que o saltador executa no ar têm sua origem no solo, o que elimina a possibilidade de se tentar modificar a posição do corpo no ar. Para conseguir obter alguns centímetros a mais, existem alguns movimentos que podem ser utilizados para auxiliar na elevação do corpo. Por exemplo, para se elevar a perna posterior é necessário que se abaixe outra parte do corpo de igual força. Ultrapassagem do Sarrafo: A técnica de passagem sofre inúmeras interferências do estilo individual de cada saltador, mas, normalmente, nesta fase a perna direita se eleva estendida por cima do sarrafo, colocando o corpo paralelamente a ele, a perna esquerda (de impulso) começa a flexionar-se e, quando o corpo está sobre a barra, o joelho desta perna se afasta para fora, provocando um giro do corpo sobre seu eixo longitudinal, fazendo-o rolar para o outro lado do sarrafo. O braço direito cai normalmente à frente e o esquerdo é colocado junto ao peito ou estendido para o alto. A seguir, o executante deverá elevar o joelho da perna de impulso para não tocar no sarrafo. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 20 UNIDADE 1 A Queda: Nesta fase, o atleta busca cair sobre o colchão da melhor maneira possível, ou seja, evitando qualquer tipo de acidente e para isto, ele faz um rolamento lateral sobre os ombros. Devido à evolução desta prova, não somente no seu aspecto técnico, mas também estrutural, os colchões de espuma atuais favorecem muito a queda do saltador, auxiliando para a minimização de lesões. Se você nunca assistiu uma prova de salto em altura. Visite http://www.youtube.com/watch?v=eYGe2AutLq8, acompanhe todas as fases do salto e sinta a emoção de alguém que conseguiu ver o mundo das alturas. 1. Dois alunos seguram uma corda (segurar suavemente), todos os outros virão correndo e irão saltar sobre a corda, quem não conseguir passar, irá para o lugar daquele que estava segurando a corda; 2. Vamos ver quem salta mais alto? O professor coloca um objeto a um plano elevado, os alunos formam uma fila e ao sinal do professor deverão, individualmente, correr e tentar tocar com uma das mãos no objeto suspenso. A altura será aumentada, cada vez que todos executarem. 3. Em duplas, um de frente para o outro e com uma bola. O aluno A jogará a bola debaixo para cima e o aluno B deverá saltar e tentar pegar a bola no seu ponto mais alto. A seguir inverte-se a função. 4. O professor fará um circuito de saltos, colocando obstáculos em diferentes alturas. Ao seu comando os alunos deverão deslocar-se e saltar por sobre os obstáculos. O aluno deverá tentar saltar por todos eles, independente da altura do obstáculo. 5. Com a rede de voleibol estendida, o aluno virá com a bola na mão, realizará três passos em direção a rede e deverá lançar a bola para o lado da quadra adversária. Ele deve ser estimulado pelo companheiro para tentar saltar cada vez mais alto. Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 21 UNIDADE 1 6. Definição do pé de impulsão: em pé, os alunos irão se posicionar de frente para uma corda (sarrafo), com uma altura de 40 cm aproximadamente. Ao sinal do professor deverão, individualmente, saltar a corda até que definam o pé de impulsão. 7. Encontrado o pé de impulsão, o aprendiz deverá realizar o salto utilizando apenas três passadas. Sua corrida deverá começar a ficar oblíqua ao sarrafo. 8. Todos em pé de frente para uma corda (50 cm), realizar o salto com giro ou piruetas para ultrapassar o obstáculo. 9. Salto por sobre a corda estendida, realizando a queda sobre a perna de balanço, com rolamento dobre o ombro do lado externo. 10. Compete-se em várioslocais ao mesmo tempo. Em cada passagem apresenta-se três alturas diferentes. A menor vale um ponto; a intermediária dois e a maior três pontos. Quem derruba o sarrafo não marca ponto. 11. Deixar o sarrafo em uma altura baixa e realizar o salto completo, inicialmente atentando-se para a marca, em seguida para a corrida de aproximação e para as três últimas passadas, depois para a impulsão, o movimento das pernas, o movimento do tronco, dos braços e por fim para a queda. ERROS MAIS COMUNS E POSSIBILIDADES DE CORREÇÃO ERROS CORREÇÃO No impulso o pé fica voltado para o sarrafo, fazendo com que o corpo se incline prematuramente. Realizar a corrida preparatória em um corredor bem estreito. Inclinação prematura do corpo em direção ao sarrafo e/ou impulso vertical muito pequeno. Realizar em alturas pequenas o salto tipo pirueta. A perna de impulso não é levada para cima e para fora, ocasionando seu choque com o sarrafo. Normalmente isto é decorrente de uma posição incorreta da cabeça. No momento da ultrapassagem do sarrafo, o professor deverá reforçar a instrução, dizendo: cabeça no peito. O último passo é muito largo. Exercitar as três últimas passadas colocando marcas pré- determinadas. TESTANDO A SUA CAPACIDADE PEDAGÓGICA Convide um colega de turma para executar o salto em altura. Veja se consegue identificar estes erros na execução do salto dele. Caso perceba outros erros, complemente o quadro acima. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 22 UNIDADE 1 A TÉCNICA DO FOSBORY “FLOP” A característica principal deste estilo é o executante estar de costas no momento de ultrapassagem do sarrafo. Do ponto de vista biomecânico esta posição é mais eficiente, pois permite ao executante aproveitar ao máximo a altura em que se elevou o centro de gravidade. Esta técnica revolucionou a prova de salto em altura. Richard Fosbury surpreendeu a todos por sua forma de impulsão circular, onde o saltador é submetido à ação da força centrífuga que ele mesmo gera. As fases técnicas deste salto são as mesmas utilizadas na técnica do rolo ventral. Dividindo-se em: Corrida de impulso; Impulsão; Elevação; Passagem sobre o sarrafo e Queda. Corrida de impulso: deve ser realizada em ritmo progressivo, com variação de 9 a 13 passadas. Inicia-se a mais ou menos 20 m do sarrafo. A fase inicial é feita sobre uma trajetória em curva suave, terminando em uma curva mais fechada nas três últimas passadas, onde ocorre uma acentuada inclinação do corpo. A corrida também pode ser feita em linha reta e terminar em curva. Ao ser executada a última passada aumenta-se a inclinação lateral do corpo para dentro da curva, sendo introduzida a velocidade angular. Os braços, na última passada, devem estar bem atrás do corpo. Impulsão: é o fator mais importante neste salto. É executada logo no plano inicial do sarrafo, próximo ao poste de sustentação. A perna responsável pela ação do impulso é aquela que se coloca externamente em relação ao sarrafo. A perna de impulsão fica quase totalmente estendida, a fim de favorecer uma transformação ideal da velocidade horizontal em vertical. Em seguida, o corpo começa a se posicionar verticalmente e o tronco se eleva com a ajuda da projeção dos braços para cima, dando início a uma rotação ao redor do seu eixo vertical. Elevação: quando o pé de impulso perde o contato com o solo após a impulsão, o braço contrário correspondente a perna de impulso permanece em baixo, a fim de impedir que o ombro realize um movimento de compensação para trás, auxiliando a rotação do corpo em torno do eixo longitudinal. Passagem sobre o sarrafo: enquanto faz a elevação, o saltador se Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 23 UNIDADE 1 movimenta para cima e para frente, com o corpo relaxado e as pernas voltadas para baixo. Neste momento, o saltador procura endireitar o corpo, recuperando-se da inclinação para o interior da curva que ele provocou nas últimas passadas. A transposição do sarrafo é iniciada pela cabeça e depois pelos ombros, os quadris são projetados para cima. Logo que os quadris passem sobre o sarrafo, esta posição “em ponte” deve ser desmanchada com a cabeça sobre o peito e as pernas elevadas para o alto, descendo de costas até o colchão. Queda: posição parecida com o rolamento para trás. O contato inicial é feito pelos braços seguidos da parte superior da coluna, ombros e nuca. Quadro 1 QUADRO COMPARATIVO RESUMO DOS ESTILOS FLOP E ROLAMENTO FLOP ROLAMENTO VENTRAL Corrida preparatória Em linha reta, ritmo progressivo; correr em curva mantendo o ritmo; movimentar os braços para trás; endireitar a inclinação do corpo para dentro; impulso da bacia. Em linha reta; Ângulo agudo em relação à fasquia; ritmo progressivo; inclinação do tronco para trás. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 24 UNIDADE 1 Impulsão Apoio do pé de impulsão sobre o calcanhar; elevação da perna de balanço afastando-a da fasquia; extensão de impulsão explosiva; elevação dos braços com fixação final. Apoio do pé de impulsão sobre o calcanhar; lançamento da perna de balanço o mais esticado possível; extensão de impulsão explosiva; elevação dos braços. Vôo Descida da perna de balanço; elevação da bacia; colocação dos braços junto ao tronco. Flexão da perna de balanço; elevação da perna de impulsão; colocação dos braços junto ao tronco. Queda Extensão da articulação do joelho; flexão da articulação coxo-femural; queda sobre toda a superfície das costas. Extensão da perna de impulsão; queda sobre a mão e pé do lado da perna de balanço; rolamento. Ângulo da corrida preparatória Em forma de espiral, círculo ou arco. Retilínea 45º. Comprimento da corrida preparatória 16 a 18 metros (8 a 13 passadas). 10 a 15 metros (5 a 12 passadas). Saltadores destros iniciam a corrida do lado Esquerdo. Direito. Impulsão Perna mais afastada do sarrafo, aproximadamente 1 metro de distância, impulsão de pequena duração (0,14s). Perna mais próxima do sarrafo (0,70 m), impulsão com longa duração (0,24 s). Transposição da Fasquia De costas, passagem da fasquia paralelamente em relação ao eixo transversal do corpo. Ventral, passagem da fasquia paralelamente em relação ao eixo vertical do corpo. Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 25 UNIDADE 1 Criado por Miguel A. de Freitas Jr. 1. Colocar uma corda a determinada altura, o executante deverá levantar a sua perna acima da altura demarcada pela corda. À medida que ele for alcançado a altura, a mesma deverá ser aumentada. 2. Colocar uma bola presa no alto (2 metros), a criança deverá saltar e tentar alcançar a bola. Aumentar a altura à medida que ela for conseguindo executar a atividade. 3. Colocar duas bolas presas a uma determinada altura. O executante deverá correr e em seguida chutar a bola mais alta e ainda no ar, deverá chutar com a outra perna a bola mais baixa. 4. Em pé, lateralmente à corda que estará em uma altura baixa. O executante deverá saltá-la de um lado para o outro. 5. Em duplas (separar com o mesmo perfil antropométrico), os executantes deverão ficar um de costas para o outro, entrelaçando os braços e executando o movimento de gangorra (um deita-se sobre as costas do outro). 6. Deitado em decúbito dorsal, ao sinal do professor, o executante deverá realizar a ponte. 7. Fazer um semicírculo. O executante irá correr sobre ele e ao final deste, deverá executar um salto, impulsionando-se em uma única perna e realizando um giro de 180º no final. 8. De cima de um banco, realizar impulsão para trás, caindo de costas sobre um colchão. À medida que o executante vá conseguindo fazer a atividade, pode-se colocar uma corda estendida para ele ultrapassá-la. 9. Realizar o salto como todo, preocupando-se com a progressão didática apresentada para a correção do salto estilo rolo ventral. DETALHES PEDAGÓGICOS IMPORTANTESA curva existente na corrida deve ser enfatizada na sua parte final. O primeiro trecho, também pode ser feito em curva, desde que esta não seja muito acentuada. Contudo, não há problemas de realizar esta parte da corrida em linha reta. Na parte final da corrida, o saltador deve inclinar-se para dentro em função da curva. No último passo, a ponta do pé de impulsão deve estar voltada para a barra. Queda De costas. Sobre o lado da perna de balanço, indo para as costas. Posição de impulso Pequena inclinação para trás. Grande inclinação para trás. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 26 UNIDADE 1 SEÇÃO 2 SALTO COM VARA Mesmo não sendo uma atividade muito realizada nas escolas, principalmente pela dificuldade em ter o material específico necessário para a sua execução. Enquanto educadores, não podemos negar aos nossos alunos o direito de conhecer esta prova. Ela pode ser adaptada com varas de bambu, onde o aluno irá brincar de pendurar-se e permanecer no alto, vendo o mundo lá de cima. Isto pode ser muito divertido. A perna livre deve ser lançada para cima e ligeiramente para dentro. O joelho deve manter-se alto até o momento em que se inicia a formação do arco, momento em que ele será alcançado pelo joelho contrário. Os braços devem ser lançados para cima (aqui há uma variação de estilos de acordo com a preferência de cada saltador), devendo ser bloqueados próximo à altura dos ombros de maneira que seu impulso seja transferido para a ação total do corpo. Na fase de elevação do corpo, o saltador deverá efetuar o giro do mesmo. A queda deve ser executada como resultado dos outros movimentos (reação ao arco de transposição). Os braços voltam-se em direção aos pés e a queda é feita unicamente sobre as costas. Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 27 UNIDADE 1 O salto com vara é uma prova que desperta o interesse dos escolares e também do público que vai assistir as competições de atletismo. Os iniciantes se divertem tentando permanecer o maior tempo possível em “alturas elevadas”; no alto nível, a plateia vibra ao ver os movimentos quase perfeitos que possibilitam aos atletas ultrapassarem alturas inimagináveis. Basicamente, o salto consiste em ultrapassar um obstáculo (sarrafo) colocado a uma determinada altura, utilizando como impulso uma vara que é apoiada no solo e que projeta o atleta para cima. Entretanto, o “obstáculo” que teremos de transpor para praticamos essa modalidade na escola, vai muito além do sarrafo, pois há extrema dificuldade em se conseguir o material adequado para o desenvolvimento dessa prova. A vara utilizada para o salto, atualmente é confeccionada em várias camadas de fibra de vidro e carbono, resultando em um alto custo, o que torna o desenvolvimento dessa modalidade quase inviável a realidade escolar brasileira. Encaixe de pista para a vara 4.800,00 Vara de bambu 420,00 Vara de fibra de carbono 3.000,00 Colchão para o salto com vara 28.500,00 Poste para o salto com vara 2.850,00 PREÇO MÉDIO DOS IMPLEMENTOS DO SALTO COM VARA Fonte: www.atletismoecia.com.br O que nos resta é utilizarmos a criatividade e fornecermos as informações básicas para que os nossos alunos possam conhecer essa prova, a qual faz parte do programa oficial do Atletismo e apresenta exigências mínimas para que ela possa ser realizada oficialmente. Tais como: • A pista deve medir no mínimo 45m, ao seu final deve ter enterrada, U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 28 UNIDADE 1 A VARA A vara para salto é um equipamento muito avançado. É construída com material composto por fibra de carbono e fibra de vidro em várias camadas. A vara deve ser capaz de absorver toda a energia do saltador quando ela curva e retornar toda a energia quando volta à posição normal. ao nível do piso uma caixa de apoio com 1m de comprimento, 60 cm de largura, no início e apenas 15 cm junto ao obstáculo. Essa caixa é feita de madeira ou metal e serve para que o atleta encaixe a Vara no momento do salto; • O obstáculo a ser ultrapassado é sustentado por dois suportes verticais. O sarrafo é uma barra horizontal feita de alumínio, com suas pontas triangulares, medindo 3,86 a 4,52m de comprimento e 2,260kg de peso máximo. Assim como na prova de salto em altura, após o obstáculo, se coloca um colchão com 1m de altura e 5m de lado, para amortecer a queda do saltador. Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 29 UNIDADE 1 A utilização de materiais modernos na confecção da vara tem auxiliado para a minimização da perda de energia. Como o resultado final do salto mantém uma estreita relação com a velocidade conseguida pelo atleta durante a fase inicial, qualquer coisa que possa auxiliar no ganho de velocidade torna-se fator de suma importância. A vara de fibra de carbono é bem mais leve que as de bambu, ferro e/ou madeira que eram utilizadas no passado. As regras presentes no salto em altura, no que toca ao número de tentativas, faltas permitidas e direito de recusar-se a transpor determinadas marcas, com o objetivo de guardar-se para outras maiores, são aplicáveis também ao salto com vara. Nessa prova, o saltador deve correr pela pista de impulso, segurando a vara com as duas mãos em pontos escolhidos por ele mesmo, ao se aproximar dos colchões deve colocar a ponta da vara na caixa de apoio, projetar-se para cima em impulso obtido com a flexão da vara e transpor o obstáculo sem derrubá-lo. É importante que ele largue a vara no momento exato, pois mesmo que salte o obstáculo, se a vara derrubar o sarrafo, conta-se isso como falta. O saltador também não pode uma vez colocado a vara na caixa de apoio, mudar a posição de suas mãos na vara. CONHECENDO UM POUCO DA HISTÓRIA DO SALTO COM VARA Uma das hipóteses para o surgimento desta prova é de que ela tenha sido inspirada em atividades utilitárias realizadas na Europa, quando os homens usavam o instrumento para cruzar os canais de água. Neste caso, o objetivo era a distância ao invés da altura. No final do século XIX, as faculdades deram início às competições de salto com vara. No início, os saltadores usavam varas de bambu com uma ponta afiada na extremidade. Eles competiam sobre a grama, fincando a ponta no solo, saltando sobre a vara e caindo sobre a grama. Nas Olimpíadas de 1896, o recorde estabelecido com uma vara de bambu foi de aproximadamente 3,2 m. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 30 UNIDADE 1 Saiba um pouco mais dos resultados desta prova observando o quadro abaixo FASES DO SALTO COM VARA Corrida de aproximação: O atleta deve ser extremamente coordenado, pois devido ao grande tamanho da vara, ela provoca grande desequilíbrio, que pode ser minimizado com o transporte correto da vara durante a corrida. É fundamental carregar a vara do lado contrário da perna de impulsão para não atrapalhar a dinâmica do salto. Além disso, deve-se abaixar a ponta da vara e a mão do lado do pé de impulsão eleva sua ponta, a fim de buscar o equilíbrio. A corrida deve ser ritmada para realizar o salto no tempo certo, encaixando a vara no “take off” e coordenando todos os movimentos. Se Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 31 UNIDADE 1 o atleta errar o passo não conseguirá encaixá-la, ou seja, se perder o ritmo desta corrida vibrará, excessivamente, a vara dificultando o alinhamento da passada. Impulsão: Existem dois movimentos de pêndulo. (1) Vara sobre o solo e 2) Homem sobre a vara. O movimento de rotação gera o pêndulo e quando ela é travada, naturalmente cria um movimento de pêndulo. Com a rotação dos segmentos no ar (lançamento de elevação da perna), irá subir em posição de “L”. A aceleração criada pelo pêndulo, ao empurrar a vara para baixo e para trás ganhará uma força para cima e para frente. O Atleta empurra a vara, entrando com as pernas no sarrafo ecai sentado sobre o colchão. A transferência da energia cinética para energia mecânica ocorre quando o atleta trava com a mão da frente (empurra a vara) e abaixa com a de trás, envergando-a. Quando este atleta freia, a energia é transferida para a vara e consequentemente, para o centro de gravidade. Transposição ou Repulsão: Após girar o corpo, lançar as pernas flexionando os joelhos e elevando os quadris. Os braços vão para trás, provocando a queda sentado no colchão. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 32 UNIDADE 1 Queda: Carpa-se o corpo elevando os quadris e, em seguida, cai-se sentado no colchão. CURIOSIDADE A atleta brasileira Fabiana Murer, era uma das candidatas a conquistar medalha na prova do Salto com Vara nas Olimpíadas de Pequim (2008). Após passar com certa facilidade a altura de 4,45m, a saltadora foi trocar de vara para realizar o salto de 4,55m e não conseguiu encontrar o implemento. A própria atleta relata em uma das suas inúmeras entrevistas, que normalmente nas competições as atletas trazem as suas varas em tubos e esses são transportados e deixados na pista no momento da prova. Mas nesta competição a Comissão Organizadora retirou todas as varas e as colocou em um carrinho que ficou fora da pista. “Eu dizia para parar a prova que eu não iria pular. Falava que eles tinham que achar minha vara, mas eles diziam que ela estava no carrinho e que eu devia procurar”. A atleta retirou todas as varas e não conseguiu encontrar a sua e diante desta situação inesperada, utilizou outra vara, mas não conseguiu superar a altura, sendo desclassificada da prova. Isto nos mostra que devemos sempre ter muito cuidado com os detalhes de tudo que fazemos, pois no momento decisivo eles farão a diferença. Fonte: www.portal.rpc.com.br SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRÁTICAS 1. Quem é capaz de subir mais alto pela corda amarrada em um ponto elevado? 2. Quem consegue permanecer por mais tempo no alto da vara? 3. Salto em extensão com o apoio da vara. 4. Ultrapassar um pequeno obstáculo, pendurando-se numa corda. 5. Executar uma empunhadura proporcional a altura do iniciante, uma pessoa destra deverá ter o braço direito elevado, apoiar a vara no solo e afastar-se até que o braço direito fique estendido, largando momentaneamente o braço esquerdo. Realizar dois passos (direito-esquerdo), segurar a vara com mão esquerda próximo à altura do rosto, fazer o salto pendurando-se ao lado da vara (deve-se passar pelo lado correspondente a mão de cima); 6. Repetir o exercício anterior, procurando elevar as pernas e o quadril durante a realização do salto para frente; Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 33 UNIDADE 1 7. Realizar somente a corrida transportando a vara ao lado do corpo; 8. Executar a fase final da corrida e o encaixe da vara; 9. Usando uma distância curta (5 a 7 passos) realizar um salto completo. 10. Acertar a marca de maneira que se consiga chegar ao local de salto com uma velocidade ótima. CURIOSIDADE Devido a grande dificuldade em se conseguir atletas e iniciantes para o salto com vara, a Federação Portuguesa de Atletismo, criou uma Escola de Salto com Vara. Missão Dinamização da disciplina de Salto com Vara objetivando o entretenimento, a prática e a acessibilidade junto da população atlética regional através da criação das condições necessárias para a modalidade Salto com Vara. Objetivos • Desenvolver, organizar e aplicar modelos de acompanhamento dos atletas da disciplina; • Aumentar número de participantes; • Contribuir para aumentar e melhorar a produção de material de apoio, manuais de treino, artigos, vídeos; • Contribuir para melhorar as condições de treino nas principais pistas; • Organizar, implementar ou apoiar, atividades que levem à promoção e divulgação dos saltos nas Escolas e ou nas Instituições; • Levar a disciplina para a rua; • Alargar a base de seleção e captação de talentos; Para concluir esta unidade convido você a visitar os seguintes endereços http://esporte.hsw.uol.com.br/salto-com-vara3.htm - curiosidades sobre o salto com vara, fórmulas para calcular a aplicação das alavancas a qual possibilita saber qual seria a altura que um saltador ultrapassaria se ele tivesse uma técnica perfeita. http://www.youtube.com/watch?v=g7MHAdxZPDk – aula de iniciação do salto com vara http://www.youtube.com/watch?v=as3FzE5qgB0 – prova de salto com vara feminino - XII Mundial Indoor de Atletismo, realizado em Valência em 2008 U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 34 UNIDADE 1 Nesta seção, você acompanhou os principais fundamentos das provas em que os executantes buscam conseguir saltar o mais alto possível. No salto em altura, o executante busca atingir este objetivo sem o auxílio de nenhum tipo de material, que não seja o seu potencial atlético e a sua capacidade técnica de superar o sarrafo. Para isto, apresentou-se duas técnicas básicas: o rolo ventral que é mais utilizado para a iniciação, devido a sua facilidade de execução; já o fosbory flop é uma técnica utilizada por saltadores com maior experiência e que buscam superar alturas maiores, porém, em ambos os casos, é necessário o acompanhamento de um profissional da área, que tenha conhecimento suficiente para montar uma progressão pedagógica segura e consistente. O salto com vara é uma prova que apresenta uma série de limitações, sejam elas resultado da má formação dos profissionais da área, o alto custo do material utilizado; a falta de apoio, etc. Nesta seção, você teve acesso as informações básicas desta prova, às quais lhe possibilitarão trabalhar com o seu aluno, utilizando varas de bambu, caixa de areia e principalmente a vocação desafiadora presente nesta prova, que vai ao encontro dos objetivos dos adolescentes, os quais, normalmente, sentem-se admirados ao ver a prova do salto com vara. Espera-se que tanto quanto você ter aprendido os fundamentos técnicos e táticos destas provas, você tenha a consciência da importância do teu trabalho, levando conhecimentos que muitas vezes são fora da realidade dos seus alunos, mas que não nos dá o direito de sonegar a informação. Informação esta, que pode ser trabalhada com muita criatividade ao utilizar varas de bambu, colchões feitos de pneus velhos, serragem, capim, entre outros. O importante é que sejamos criativos e que utilizemos a curiosidade dos nossos alunos para levar até eles a riqueza das provas do atletismo. 1. Compare as fases do salto em altura com as fases do salto com vara. Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 35 UNIDADE 1 U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 36 UNIDADE 1 Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 37 UNIDADE 2 Saltos horizontais ObjetivOs De apRenDiZaGem O acadêmico deverá ser capaz de: ■ Identificar as fases do salto em distância. ■ Reconhecer as semelhanças e diferenças entre as provas do salto em distância e salto triplo. ■ Criar uma progressão pedagógica, que permita introduzir o seu aluno nestas provas. ■ Refletir criticamente sobre a diferença de um trabalho objetivando a competição de alto rendimento e um trabalho com fins educacionais. ROteiRO De estUDOs ■ SEÇÃO 1: Salto em Distância ■ SEÇÃO 2: Salto Triplo U N ID A D E II MIGUEL ARCHANJO DE FREITAS JR MAURY FERNANDO FIDELIS REDKVA U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 38 UNIDADE 2 PARA INÍCIO DE CONVERSA A prova de salto em distância pode ser adaptada em pequenos espaços presentes nas nossas escolas. Não é necessário que o iniciante tenha que aprender os movimentos básicos em caixas de salto oficias, composta por corredor, tábua de impulsão, caixa de queda feita de areia... Um curto espaço para o nosso aluno correr e na seqüência saltar, somado a sua criatividade será suficiente para despertar nele o gosto por esta modalidade. Estimule os seus alunos a tentar saltar distâncias cada vez maiores. Marque o soloe faça um desafio – “Vamos ver quem consegue ultrapassar esta marca.” Cada vez que a marca for ultrapassada a distância deve ser novamente aumentada, porém isto deve ser feito sempre de forma divertida, valorizando e respeitando as individualidades, pois afinal de contas não buscamos formar atletas, mas ampliar o repertório de movimento dos nossos alunos. Após eles conseguirem realizar o salto impulsionando-se com uma das pernas, podemos iniciá-los no salto triplo, prova que o Brasil tem muita tradição no cenário mundial, onde apresentou para o mundo vários campeões. Quem sabe você não irá descobrir um novo talento? Este trabalho pedagógico é o que iremos visualizar a partir deste momento. Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 39 UNIDADE 2 SEÇÃO 1 SALTO EM DISTÂNCIA A prova de salto em distância basicamente se traduz em uma corrida curta, seguida de um salto horizontal, com aterrissagem em uma caixa de areia. As regras permitem que durante a fase de voo o atleta utilize diferentes técnicas, o que faz com que alguns autores considerem esta fase como a mais importante do salto. Porém, o resultado final depende de fatores interdependentes, tais como: a corrida de aproximação, a chamada e a aterrissagem. Além disso, a regra prevê que quando uma competição tiver mais do que oito atletas, todos terão direito a três saltos, classificando-se para a fase final os oito melhores, os quais terão direito a mais três saltos. Contudo, para efeito da classificação final serão considerados todos os saltos realizados, os quais devem ser medidos a partir do ponto de queda mais próximo da tábua de impulsão, até a linha de medição, localizada na tábua de impulsão. No salto em distância, o corredor da pista deve ter a largura mínima de 1,22 metros, seu comprimento máximo deve ser de 45 metros e no mínimo 40 metros (medidos até a tábua de impulsão). A tábua de impulsão deve estar enterrada ao nível da pista e da superfície da caixa de areia. A borda que fica mais perto da caixa de areia é chamada linha de medição. Imediatamente à frente dessa linha, coloca- se uma camada de massa apropriada para o registro dos pés dos atletas quando cometerem falta. Se não for possível utilizar este material, coloca-se areia com uma largura de 10 cm, imediatamente à frente da linha de medição e ao longo de todo o comprimento da tábua. Deve haver uma distância de no mínimo 10 metros entre a tábua de impulsão e o final da caixa de salto. A tábua deve estar localizada a no mínimo 1 metro da caixa de areia, podendo ser constituída de madeira ou outro material similar. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 40 UNIDADE 2 UM COMPETIDOR TERÁ SUA TENTATIVA ANULADA QUANDO: • Tocar o solo além da linha de medição, com qualquer parte do corpo, quer passe correndo sem saltar ou no ato de saltar; • No ato da queda, tocar o solo fora da caixa da areia em um ponto mais próximo da tábua de impulsão do que a marca feita na caixa; • Após completar o salto caminhar de volta pela caixa de areia; • Usar qualquer forma de salto mortal enquanto estiver correndo ou no ato do salto. Obs.: se o competidor se impulsionar antes de atingir a tábua, o salto não será considerado falho, mas será medido do ponto de queda à linha de medição. FASES DO SALTO EM DISTÂNCIA CORRIDA DE APROXIMAÇÃO Quanto maior for a velocidade de aproximação que o saltador imprimir, conseguindo transferir essa energia para a chamada com a menor perda de potência, melhor será o seu desempenho. O ritmo da corrida de aproximação deve permitir ao atleta chegar à tábua de salto na velocidade máxima e na melhor posição para colocar nela o pé com exatidão, para isto, deve-se respeitar alguns princípios que veremos a seguir: O início da corrida de aproximação e a aceleração Inicia-se com saída alta, com os primeiros passos semelhantes aos do início da corrida de velocidade. Com o aumento da velocidade, o saltador tende a diminuir a inclinação do tronco gradualmente, é importante que o atleta corra em um ritmo compassado fazendo o contato no solo com a parte anterior dos pés e mantendo o movimento descontraído dos braços. A precisão da corrida de aproximação Cada atleta possui uma forma individualizada de aproximação, a qual é construída a partir de suas principais características, porém, Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 41 UNIDADE 2 é importante que o atleta mantenha o mesmo ritmo em todas as suas tentativas de aproximação, pois isto resultará em uma precisão em suas passadas e, consequentemente, em chamadas mais eficientes. Saltadores inexperientes tendem a modificar tanto sua forma de partida como o ritmo de sua corrida, o que acaba proporcionando a perda de precisão da corrida de aproximação e a falha no salto. Marcas da corrida de aproximação As marcas são de grande auxilio para o saltador na verificação da aproximação, seja durante os treinamentos ou nas competições. As marcas devem ser colocadas de modo que o pé de impulsão encontre-as no meio da corrida, porém, isso deve acontecer naturalmente, sem que o atleta fique preocupado apenas em acertar a marca e perca a concentração na prova, alterando o ritmo de sua corrida e, consequentemente, fazendo um salto ruim ou falho. Modificações do ritmo nos últimos passos Nos últimos passos da corrida de aproximação, o saltador prepara- se para transformar a corrida em salto propriamente dito, o que exige algumas adaptações, bem como a diminuição da inclinação do tronco, pois a inclinação para frente utilizada na corrida prejudicaria a chamada, os joelhos devem ser elevados à frente para preparar a vigorosa elevação da perna de impulsão. O penúltimo passo é mais alongado para obter uma posição mais baixa e assim uma trajetória de aceleração mais longa, o último passo é mais curto e deve concluir rapidamente a sua fase aérea, executando uma chamada veloz e potente. VOCÊ SABIA QUE EXISTEM MÉTODOS PARA AUXILIAR O SALTADOR A ENCONTRAR O LOCAL CORRETO QUE ELE DEVE POSICIONAR-SE PARA INICIAR A SUA CORRIDA? U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 42 UNIDADE 2 ENTRE OS PRINCIPAIS MÉTODOS DESTACAM-SE: • Método da tentativa e erro: o atleta marca o local em que está saindo e corre até a tábua de impulsão, assim que o seu pé de apoio começar a estabelecer contato com a tábua de impulsão ao final da corrida, ele deve medir em pés a distância correta em que ele começará a corrida. • Método da tentativa inversa: o atleta sai de cima da tábua de impulsão e fará uma corrida em direção oposta, a sua marca será estabelecida no local em que ele começar a diminuir a velocidade. • Método matemático: nesta técnica, conta-se o número de passadas dadas pelo atleta até chegar à tábua de impulsão, mede-se a amplitude das suas passadas e a distância em que ele chega a sua velocidade ideal. A partir destas referências faz-se o cálculo e estabelece-se o local em que ele irá iniciar a corrida. Os métodos apresentados servem para auxiliar o professor/treinador a determinar o local que o saltador deverá sair para acertar a sua pisada na tábua de impulsão. Chamada do Salto em Distância Sem dúvidas é a fase mais difícil do salto em distância, onde o saltador tem centésimos de segundos para a execução de uma chamada eficaz, devendo fazer uma rápida extensão da perna de impulso, uma extensão do quadril, um vigoroso balanço da perna livre e dos braços, ao mesmo tempo em que eleva os ombros. Todos esses movimentos devem ser executados de forma sequencial, coordenada e em uma só ação de força. Para isto podemos didaticamente dividí-la em três partes: 1. Colocação do pé de chamada; 2. Absorção do impacto da chamada; 3. Extensão ativa da chamada. Colocação do pé de impulsão No salto em distância o movimento horizontal é transformado em velocidade vertical, ou seja, a corrida é transformadaem impulso, por isso, o pé de impulsão deve ser colocado de cima para baixo, onde o saltador Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 43 UNIDADE 2 não deve esperar que o pé toque no solo, ele deve empurrar a perna para baixo e para trás, tocando a tábua com a planta do pé e com a perna em extensão quase total. Absorção do Impacto A absorção ou amortecimento do impacto da chamada será feito pelas articulações do tornozelo, joelho e quadril. Nesta fase, o objetivo é a preparação de um impulso eficaz para frente e para cima, porém, se não acontecer uma flexão adequada dos joelhos, a chamada terá os seguintes defeitos: • Chamada prematura: quando não há uma flexão suficiente da articulação do joelho, o que acarreta na travagem do movimento e excessiva sobrecarga da perna impulsora; • Chamada tardia: quando há uma flexão excessiva do joelho da perna de impulsão, reduzindo a altura da projeção e o comprimento do salto. Chamada ativa Após uma fase de amortecimento bem executada, a ação do impulso será eficaz sem apresentar maiores dificuldades. Nesta fase, os movimentos da perna livre auxiliam para uma chamada bem sucedida, pois logo após o pé ter tocado a tábua de impulsão, a perna de balanço inicia uma larga condução para frente e para cima. No momento em que o saltador estende a perna impulsora, a perna livre já executou metade do seu movimento, então deverá levantar os braços com os cotovelos ligeiramente voltados para fora e travá-los, mantendo assim o equilíbrio. Suspensão e contato com o solo Após perder contato com o solo, o saltador utiliza-se de movimentos próprios do estilo escolhido, com o objetivo de manter o equilíbrio e preparar-se para uma boa queda, lembrando que a trajetória de seu salto já não pode mais ser alterada, pois será consequência da execução das fases anteriores. A técnica mais utilizada pelos saltadores de alto nível nessa fase é a tesoura, que consiste em dar alguns passos na fase aérea, o que U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 44 UNIDADE 2 normalmente garante a eficácia da chamada e permite iniciar cedo a preparação para o contato com o solo. QUEDA A forma mais efetiva da queda é aquela em que o atleta consegue ganhar a maior distância horizontal, entre o centro de gravidade, os calcanhares e os quadris. Nesta fase procura-se retardar o apoio dos calcanhares no solo, o que será auxiliado pela elevação e extensão das pernas, extensão do tronco através do adiantamento do quadril, lançamento dos braços para frente e pés paralelos no momento da queda. VOCÊ SABE QUAL É O ESTILO MAIS FÁCIL DE SER TRABALHADO NA INICIAÇÃO DO SALTO EM DISTÂNCIA? Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 45 UNIDADE 2 De acordo com vários estudiosos, na iniciação o estilo mais utilizado é o grupado. Neste tipo de salto, o atleta eleva os joelhos para cima, tomando uma posição “sentada”, há pouco auxílio do movimento das pernas. Durante a fase aérea, o saltador depende fundamentalmente da força de impulsão. Os joelhos permanecem na posição grupada até o instante em que começa perder altura, preparando-se então para a queda, onde deverá estender as pernas e inclinar o tronco para frente; é o estilo mais fácil de ser executado. Entretanto, é o que menos proporciona ganho de distância. ESTILOS DO SALTO EM DISTÂNCIA GRUPADO ARCO PASSADA NO AR (uma passada e meia; duas passadas e meia ou três passadas e meia) Forma mais simples do salto em extensão. A distância do salto depende da corrida preparatória. O atleta busca chegar à tábua de impulsão com 90% da sua velocidade máxima. Batida do pé na tábua de impulsão deve ser vigorosa Uma flexão suave da perna de impulso. Batida vigorosa na tábua de impulsão. A batida na tábua deverá ser a mais vigorosa possível, com uma flexão suave da perna de impulso. Depois de bater o pé na tábua de impulsão, o saltador deve aproximar as extremidades (mãos e pés) Perna de impulsão e a cabeça devem permanecer elevadas no momento da impulsão. A cabeça fica bem alta, perna de impulsão deve deixar rapidamente a tábua. Braços ficam estendidos para trás ou vão para cima Braços estende-se para cima e vão em direção a frente do corpo. Braços são levados para cima, mostrando sincronização com as pernas. Joelhos são direcionados para cima Joelho da perna livre é vigorosamente levado para cima e para frente. A perna esquerda vai para frente (destro) com o joelho alto, mantendo esta posição até que a perna direita venha para frente. Tronco se inclina ligeiramente para frente Quadril projetado para frente. Os braços levam o ronco para frente auxiliando para que não haja desequilíbrio na queda. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 46 UNIDADE 2 Na busca por melhores resultados, os atletas passaram a utilizar o que havia de bom em cada um dos estilos, formando uma técnica mista. Por meio da qual eles realizam uma passada no ar que não é muito ampla; usando-se a circundução do braço, nesse momento, adianta-se o quadril (formando o arco) e preparando-se para a queda. CURIOSIDADES • O salto em distância esteve presente em todas as edições de Jogos Olímpicos da era moderna. • O primeiro campeão olímpico de salto em distância foi o norte-americano Ellery Clark, que venceu a prova com um salto de 6.35 metros. • O salto em distância para mulheres, foi realizado pela primeira vez nos Jogos de 1948 em Londres. A primeira vencedora foi Olga Gyarmati, atleta da Hungria. • Desde Atenas 1896 até hoje, o recorde do salto em distância evoluiu bastante. Em 1896, o recorde era de 6,35 metros (cerca de três carros e meio); hoje em dia, é de 8,95 metros (cerca de cinco carros). • O record do mundo de salto em distância pertenceu a Bob Beamon (EUA) durante 23 anos, com a marca de 8.90 m, obtida nos Jogos Olímpicos de Verão de 1968, realizados no México. O salto foi obtido em altitude, com 2 m/s de vento traseiro e foi superado apenas em 1991, por Mike Powell que alcançou a marca de 8.95 m e mantém o atual recorde. • Carl Lewis ganhou a medalha de ouro em quatro jogos olímpicos consecutivos (1984 a 1996). • Jesse Owens ganhou a prova nos Jogos Olímpicos de Verão de 1936, em Berlim, acabando com o sonho de Hittler, para o qual a Raça Ariana era superiora, logo venceria todas as outras raças, principalmente os negros que estavam na base inferior da sua pirâmide de valores. • O grande destaque brasileiro nesta prova, vem do ateltismo feminino - Maurren Higa Maggi. Ela foi a primeira mulher brasileira a ganhar uma medalha de ouro olímpica em um esporte individual. • Visite http://www.youtube.com/watch?v=SqNp6FXKukM e visualize todas as fases do salto em distância. Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 47 UNIDADE 2 ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS • A corrida deve ser veloz, principalmente na parte final do deslocamento; • O saltador corre menos inclinado do que um velocista, principalmente na parte final onde não pode ter o centro de gravidade muito baixo no momento de contato com a tábua de impulsão; • O saltador não deve variar o tamanho de suas passadas. Entretanto, existem alguns atletas que fazem uma corrida com velocidade crescente; • A impulsão deve ser feita com planta do pé. A perna de impulso realiza o movimento principal, que se completa com as ações da perna livre e dos braços; • Os movimentos da fase de flutuação devem ser feitos de maneira harmoniosa, auxiliando no equilíbrio durante a trajetória aérea; • Seja qual for a técnica utilizada, o movimento de agrupar para a queda está presente, devendo ser mantido pelo maior tempo possível, para que se retarde o contato do calcanhar com o solo. Leia o artigo intitulado: “ATLETISMO SE APRENDE NA ESCOLA: O PROJETO DO NÚCLEO DE ENSINO DA UNESP/RIO CLARO 2003” cujo fragmento apresentamos abaixo. Este texto é parte do trabalho desenvolvido peloNúcleo de Ensino da UNESP – 2003 intitulado “Atletismo se aprende na escola” destinado à organização de material de ensino no campo do atletismo. Durante sete meses de intenso trabalho, realizamos, num primeiro momento, um levantamento minucioso da bibliografia existente na área de Educação Física, com base no acervo das bibliotecas da UNESP, USP e UNICAMP, sendo que foram identificados cerca de 500 títulos de livros, dos quais 149 foram selecionados, 34 títulos de teses de doutorado e dissertações de mestrado e endereços eletrônicos dos mais diversos neste campo. Objetivando aprofundar na análise dos livros voltados a uma perspectiva pedagógica envolvendo atividades e jogos pré-desportivos dentro do atletismo, detivemo-nos, num segundo momento, na localização de atividades prescritas pela bibliografia conhecida na área, concentrando algumas atividades que podem ser desenvolvidas dentro de cada uma das modalidades do atletismo. Num terceiro e último momento, procuramos prescrever variações e novas atividades como sugestões ao trabalho do profissional de Educação Física elaborando um material didático pedagógico de 58 páginas, passível de múltiplas variações e complementações. Disponível em: http://www.unesp.br/prograd/PDFNE2004/artigos/eixo10/atletismo2003.pdf U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 48 UNIDADE 2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRÁTICAS 1. Salto em extensão na forma natural, somente para definir a perna de impulsão. O salto não precisa ser da tábua de impulsão, pois neste momento o importante é encontrar a perna de impulso; 2. Salto em extensão parado, buscando grupar o corpo para realizar a queda; 3. Três passos de corrida, executar a impulsão e procurar prolongar ao máximo a fase aérea; 4. Três passadas, saltar realizando a impulsão sobre a parte superior de um plinto, objetivando prolongar a fase de voo. O executante deve projetar o quadril para frente; 5. Repetir o exercício anterior, buscando acrescentar o movimento de circundação dos braços de trás para frente; 6. De costas para a caixa de areia, deixar o pé de impulsão no centro da zona de impulso. Executar uma corrida veloz na direção contrária do salto. Marcar o local em que o iniciante atingiu uma boa velocidade; 7. Realizar o salto com poucas passadas enfatizando cada uma das fases: - movimento de batida na tábua de impulsão; - fase de voo (grupado, carpado, pedalada, misto); - queda (sem o glúteo tocar o solo, com o glúteo tocando o solo); 8. Realizar o salto completo procurando superar a distância anterior a cada novo salto; 9. Jogos de saltos são importantes para o fortalecimento dos membros inferiores: - pega-pega com saltos; - corrida de velocidade com saltos; - revezamento com saltos; - futebol de salto, etc. Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 49 UNIDADE 2 SEÇÃO 2 SALTO TRIPLO O salto triplo é considerado uma das provas mais complexas do atletismo. Por ser realizado através de ações contínuas, composta de três partes bem definidas, com características próprias ainda que interdependentes entre si. O salto consiste em uma impulsão, uma passada e um salto, o que exige do saltador a combinação de velocidade, agilidade e flexibilidade, além de músculos fortes e resistentes. Para os brasileiros, esta prova atrai uma atenção toda especial, pelo fato de ter grandes saltadores que entraram para a história mundial. Entre os quais se destacam Adhemar Ferreira da Silva, Nelson Prudêncio, o grande fenômeno João Carlos de Oliveira, que causou espanto com sua excepcional marca mundial de 17,89 metros e recentemente o paranaense (Jandaia do Sul) Jadel Gregório. Essa prova, guardada as devidas peculiaridades, é regida pelas mesmas regras previstas para o salto em distância, à exceção de que a tábua e a linha limite do salto se situam no mínimo a 13m homens e 11m mulheres da caixa de areia. A área de prova é composta por: • um corredor com um mínimo de 40m de comprimento, com 1,22 a 1,25 metros de largura; • uma tábua de impulsão retangular, madeira ou outro material adequado, com 1,22m de comprimento, 20 cm de largura e 10 U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 50 UNIDADE 2 de espessura, pintado de branco, fixada no solo ao nível da pista de impulso; • área de impulsão, sólida e uniforme, com largura mínima de 1,22m; • uma caixa de areia, início a 13m (homens) 11m (mulheres) da tábua de impulsão, com seu fim pelo menos a 21 metros da tábua de impulsão, com 2,75 a 3,00 de largura. A ordem de salto dos competidores deve ser sorteada. Havendo mais de oito competidores, cada um terá três tentativas classificatórias, e os oito melhores saltadores terão direito a mais três tentativas para a fase final. Há três palavras em inglês que podem nos ajudar a compreender melhor esta prova: 1º salto: Hop (pulo ao pé) 2º salto: Step (salto em passada) 3º salto: Jump (salto) Assim como no salto em distância, esta prova é composta por uma corrida de aproximação, sendo três saltos seguidos em contato com o solo. De acordo com regras internacionais, os dois primeiros saltos devem ser feitos com a mesma perna e o terceiro com outra perna, ou seja, para um saltador destro, perna direita (na tábua de impulsão), repete-se novamente o impulso com a perna direita e faz-se o último salto com a perna esquerda, finalizando os saltos na caixa de areia. O principal objetivo da técnica consiste em vencer a maior distância possível, porém a principal dificuldade que encontramos está em manter uma boa velocidade horizontal do primeiro ao terceiro salto. Uma técnica eficiente deve ser caracterizada pela capacidade de produzir boa velocidade horizontal, realizar uma boa corrida de aproximação e preparar para uma chamada eficaz. A aproximação divide-se em fases de aceleração, onde o atleta percorre 2/3 do respectivo percurso e a do ritmo preparatório que é entre 5 a 6 passos. Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 51 UNIDADE 2 A distância de aproximação varia entre 35 e 45 metros, envolvendo em média 18 a 22 passadas. Porém, o mais importante é começar sempre com a mesma velocidade, para chegar sempre da mesma maneira na tábua de impulsão. ASPECTOS BÁSICOS DE UMA TÉCNICA CORRETA 1. Completa coordenação e continuidade de ação. Não se deve descuidar de uma fase em detrimento a outra, o que virá a prejudicar o salto em sua forma total, isto significa que devemos dar justa importância a cada uma das fases, ou seja, distância e velocidade da corrida, altura e distância para cada um dos saltos. 2. O segundo salto também deve saltar para cima como nos demais saltos, embora denominado de passo. 3. A inclinação para frente se torna difícil devido à elevada posição do joelho no primeiro e segundo saltos, mas esta inclinação é fundamental para a execução de uma boa técnica. 4. Em cada aterrissagem, exige-se muita elasticidade, para que se possa ter um relaxamento controlado, de maneira que o corpo ricocheteie ou ressalte para entrar de imediato na fase seguinte. AS FASES DO SALTO A CORRIDA DE IMPULSO É quase idêntica aquela utilizada para o salto em extensão, contudo, existe uma tendência em se afrouxar o passo nas quatro últimas passadas, tendência essa, que diminuiu à medida que se melhora a forma de atuação. Antes da impulsão para o primeiro salto, assim como acontece no salto em distância, as três ou quatro últimas passadas da corrida de aproximação devem ser bem descontraídas e uniformes para permitir uma batida equilibrada e coordenada. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 52 UNIDADE 2 O PRIMEIRO SALTO É realizado fazendo-se a batida na tábua de impulsão com a perna forte, devendo o saltador coordenar o movimento de tesoura, que realiza no ar, a fim de cair no mesmo pé com que faz a impulsão na tábua. Deve-se ainda tentar recuperar e manter a posição vertical do tronco no ar.A perna livre, cujo joelho se eleva à altura dos quadris, prossegue no ar seu movimento natural de corrida, entende-se, oscila para trás em torno da articulação do quadril e depois se flexiona. Num gesto sincronizado, a perna de impulsão retira-se, cruza com a perna livre à vertical do corpo e eleva-se flexionada para frente, para em seguida realizar-se a recepção e impulsão para o 2º salto. No momento da primeira impulsão, a velocidade horizontal do salto é inferior à velocidade do momento da “batida”. Para limitar esta perda convém: • Acentuar menos a preparação do salto nas últimas passadas da corrida; • Aumentar a flexão da perna de impulso na fase de amortecimento que precede o impulso; • Realizar uma extensão mais tardia da perna de impulso; O SEGUNDO SALTO Tem a característica de uma grande passada de corrida realizada no ar. Sua recepção é similar a uma passada de corrida que deve se encadear à passada seguinte, sendo assim, se traduz por uma perda da velocidade horizontal e uma diminuição da impulsão seguinte. O atleta deve fazer a queda sobre a perna contraída (perna livre), sendo ao contrário do 1º salto. O tronco fica elevado com o ombro Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 53 UNIDADE 2 ligeiramente voltado para a perna livre. A cabeça na vertical com o olhar fixado à frente. O TERCEIRO SALTO Corresponde a um salto em distância com um impulso mais reduzido, mas com a mesma técnica. A performance deste salto depende da impulsão e da obliquidade das pernas na recepção, que está ligada a posição do tronco durante a suspensão. Neste salto, a perda da velocidade horizontal é inevitável. Para a execução do 3º salto, esta redução da velocidade deve, em parte, ser compensada pela potência da impulsão. A inclinação do tronco tende a acentuar o movimento de rotação do corpo para frente. Porém, quanto mais inclinada estiver a cabeça e o tronco, menos aproveitável será a extensão das pernas na queda. É importante ressaltar que os braços são lançados para o alto, por cima da cabeça. O salto triplo é uma prova em que as distâncias dos saltos dependem do estilo adotado pelo atleta. Os japoneses dominaram esta prova durante toda a década de 1930 (12 anos). Os seus saltadores eram lentos, corriam os 100 metros acima de 11 segundos, contudo, apresentavam enorme força e resistência dos membros inferiores, situação que foi utilizada por esse povo após inúmeros estudos sobre esta prova. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 54 UNIDADE 2 Nos Jogos Olímpicos de Berlim (1936), os japoneses ficaram em 1º, 2º e 6º lugares no Salto Triplo. Após a Segunda Guerra Mundial o progresso japonês foi paralisado em todos os setores, inclusive no esportivo, o que possibilitou para que outros países evoluíssem e acabassem superando a hegemonia japonesa. Veja no quadro abaixo as características das duas principais escolas de saltadores: ESCOLA POLONESA ESCOLA RUSSA Influenciada pelo atleta Joseph Schmidt. Influenciada pelo atleta Ademar Ferreira da Silva. Caracteriza-se pela velocidade dos saltadores. Saltadores são mais fortes do que velozes. 1º e 2º saltos são rasantes. Concentra-se no 1º e 2º saltos, dando menor ênfase ao terceiro. Distância do salto depende da corrida de impulso. 1º salto é largo, bem rasante, procurando conservar o máximo de velocidade. O balanço dos braços deve ser o mais natural possível. Os braços estão voltados para frente, buscando ajudar na elevação do salto. A queda do primeiro salto se realiza com joelho flexionando- se ligeiramente para auxiliar no controle da velocidade horizontal. O joelho deve ficar alto, mantendo o tronco ereto. Os braços são direcionados para trás, preparando-se para a queda do 1º salto. Procure manter o joelho flexionado, a coxa da perna de queda deve estar paralela ao solo e o tronco ligeiramente à frente. A impulsão é dirigida para o alto. Uma vez equilibrado o atleta executa a condução da pena para a frente, preparando-se para a queda. Na queda, procure manter as pernas estendidas e o tronco ligeiramente inclinado para a frente (estilo carpado). A queda é típica da escola russa, em algumas situações os atletas cem sentados. O Brasil é um país que também se destacou internacionalmente nesta prova, com atletas como: Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 55 UNIDADE 2 Nome Raça Ano Local Pista Salto em Distância Salto Triplo Ademar F. Silva Negra 1956 México Carvão 7.37 16.56 Nelson Prudêncio Negra 1968 México Tartã 7.37 17.27 João C. Oliveira Negra 1975 México Tartã 8.36 17.89 DESEMPENHO EM CADA UM DOS SALTOS ADEMAR FERREIRA DA SILVA 6,28 4,98 5,30 16,56m 37,5% 30% 32,5% NELSON PRUDÊNCIO 6,00 5,50 5,77 17,27m 35% 32% 33% JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA 6,10 5,36 6,43 17,89m 34% 30% 36% AGORA QUE VOCÊ JÁ CONHECE OS FUNDAMENTOS DO SALTO TRIPLO. ANTES DE IRMOS PARA A CAIXA DE SALTO PARA COLOCÁ-LO EM PRÁTICA, VALE A PENA OBSERVARMOS JUNTOS ALGUMAS DICAS IMPORTANTES. As grandes exigências de força e agilidade postas por esta modalidade, implicam a necessidade de uma preparação completa, iniciada se possível logo na infância, onde os exercícios de preparação específica devem ocupar maior parte do treino e devem ser escolhidos levando em consideração os aspectos técnicos do salto triplo: a) Chamada seguida das fases aéreas longas (contato ativo ou recepção ativa); b) Conservação do equilíbrio e da velocidade durante os U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 56 UNIDADE 2 sucessivos saltos. Podem ser feitos alguns exercícios como, por exemplo: salto sobre caixas de plinto colocados uma do lado da outra; corrida saltada e saltos numa só perna sobre obstáculos diversos; salto sobre traves, cordas ou marcas feitas a giz no chão, entre outras atividades que vai depender da criatividade do professor para as devidas adaptações. Fu n d a m e n to s d o A tle tis m o II 57 UNIDADE 2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRÁTICAS 1. Pequenos saltos enfatizando a sequência: direita-direita, esquerda 2. Brincadeira do pega-pega. Um aluno irá saltar atrás dos outros que também deverão estar saltando, quando uma for tocada deverá dar a mão para o saltador e juntos saírem para pegar outra pessoa. Cada vez que alguém for pego, deve-se trocar o pé com que se está saltando. Se alguém sair de dentro da quadra, trocar o pé de salto, ou saltar com os dois pés, será considerado pego e deverá ir para a corrente; 3. Pular amarelinha. O professor poderá colocar a sequência do salto triplo (Direita, direita, esquerda, dois pés – D, D, E, DE ou então E, E, D, ED) para que o aluno vá se acostumando. À medida que ele consiga realizar a atividade, indica-se que o quadrado vá se tornando cada vez maior; 4. Desenhar uma pista, de maneira que os alunos consigam disputar uma corrida saltando dentro dela. Esta pista pode ter curvas, obstáculos e sinais para que ele troque de perna durante o percurso; 5. Saltitar somente com uma das pernas, modificar ao comando do professor; 6. Dividir a turma em colunas. Cada colega deverá segurar o tornozelo do companheiro que estará com a perna flexionada para trás. A mão direita estará no ombro do companheiro da frente. Ao sinal do professor a coluna deverá deslocar-se até o local determinado, vencendo aquela que chegar primeiro, porém, sem “quebrar a corrente. 7. Realizar três passadas e executar a batida na tábua de impulsão, caindo à frente com o mesmo pé; 8. Realizar três passadas e executar a batida na tábua de impulsão, caindo à frente com o mesmo pé (deve-se buscar maior distância horizontal), a seguir realizar o salto em direção a caixa de areia;