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INSPETOR DE DUTOS TERRESTRES NÍVEL 1 DESENHO TÉCNICO 57 58 DESENHO TÉCNICO 1.0 Introdução Quando alguém quer transmitir um recado, pode-se utilizar a fala ou passar seus pensamentos para o papel na forma de palavras escritas. Quem lê a mensagem fica conhecendo os pensamentos de quem a escreveu. Quando alguém desenha, acontece o mesmo: passa seus pensamentos para o papel na forma de desenho. A escrita, a fala e o desenho representam idéias e pensamentos. A representação é o desenho que estudaremos a seguir. As atuais técnicas de representação foram criadas com o passar do tempo, à medida que o homem foi desenvolvendo seu modo de vida, sua cultura. O desenho técnico deve transmitir com exatidão todas as características do objeto que representa. Para conseguir isso, o desenhista deve seguir regras estabelecidas previamente chamadas de normas técnicas. Assim, todos os elementos do desenho técnico obedecem a normas técnicas, ou seja, são normalizados. Cada·área ocupacional tem seu próprio desenho técnico, de acordo com normas específicas. Observe alguns exemplos, conforme figura 1.1. Figura 1.1 – Exemplos de desenhos técnicos 59 Os desenhos de engenharia devem obedecer às normas de desenho técnico, em particular a Norma NBR-8, da ABNT, que regula esse assunto no Brasil, normalizando dimensões de papel, disposição do desenho e da legenda, tipos e dimensões de letras, simbologia, etc. Todos os elementos que aparecem no desenho técnico - linhas, símbolos, números e indicações escritas - são normalizados pela ABNT, por meio da norma NBR 8 403, que determina quais tipos de linhas devem ser usadas em desenhos técnicos, definindo sua largura e demais características. 2.0 Perspectiva Isométrica Quando olhamos para um objeto, temos a sensação de profundidade e relevo. As partes que estão mais próximas de nós parecem maiores e as partes mais distantes aparentam serem menores. A fotografia mostra um objeto do mesmo modo como ele é visto pelo olho humano, pois transmite a idéia de três dimensões: comprimento, largura e altura. O desenho, para transmitir essa mesma idéia, precisa recorrer a um modo especial de representação gráfica: a perspectiva. Ela representa graficamente as três dimensões de um objeto em um único plano, de maneira a transmitir a idéia de profundidade e relevo. Existem diferentes tipos de perspectiva. Veja como fica a representação de um cubo em três tipos diferentes de perspectiva, conforme figura 2.1 Figura 2.1 – tipos de perspectivas Cada tipo de perspectiva mostra o objeto de um jeito. Comparando as três formas de representação, você pode notar que a perspectiva isométrica é a que dá·idéia menos deformada do objeto. Iso quer dizer mesma; métrica quer dizer medida. A perspectiva isométrica mantém as mesmas proporções do comprimento, da largura e da altura do objeto representado. 2.1 Eixos Isométricos O desenho da perspectiva isométrica é baseado num sistema de três semi-retas que têm o mesmo ponto de origem e formam entre si três ângulos de 120°. 60 2.2 Linha Isométrica Outros elementos muito importantes para o traçado da perspectiva isométrica são as linhas isométricas. Qualquer reta paralela a um eixo isométrico é chamada linha isométrica Observe a figura a seguir: 3.0 Projeção Ortogonal As formas de um objeto representado em perspectiva isométrica apresentam certa deformação, isto é, não são mostradas em verdadeira grandeza, apesar de conservarem as mesmas proporções do comprimento, da largura e da altura do objeto. Além disso, a representação em perspectiva isométrica nem sempre mostra claramente os detalhes internos da peça. Na indústria, em geral, o profissional que vai produzir uma peça não recebe o desenho em perspectiva, mas sim sua representação em projeção ortográfica. A projeção ortográfica é uma forma de representar graficamente objetos tridimensionais em superfícies planas, de modo a transmitir suas características com precisão e demonstrar sua verdadeira grandeza. Em projeção ortográfica deve-se imaginar o observador localizado a uma distância infinita do objeto. 61 3.1 Plano de Projeção Em desenho técnico usamos dois planos básicos para representar as projeções de objetos: um plano vertical e um plano horizontal que se cortam perpendicularmente. As vistas representadas nos planos de projeção de acordo com a Norma NBR 10067/1995 da ABNT são as representações no 1º diedro. 3.2 Posições relativas das “vistas” no 1ª Diedro Fixando a Vista Frontal (A) conforme a figura 3.2.1, as posições relativas das outras vistas são: - Vista Frontal (A) - Vista Lateral Direita (D) - Vista Superior (B) - Vista Inferior (E) - Vista Lateral Esquerda (C) - Vista Posterior (F) Figura 3.2.1 – Vistas no 1° diedro (usual no Brasil) 62 4.0 Desenhos de Tubulações Em um projeto de tubulações industriais, fazem-se geralmente os seguintes tipos principais de desenhos de tubulações: a) Fluxogramas (flow-sheets), normalmente feitas em papel nos tamanhos A 1 e A0; b) Plantas de tubulação (piping plants); normalmente nas dimensões A1 ou A0; c) Desenhos isométricos, normalmente no tamanho de dimensões A3; d) Desenhos de detalhes e de fabricação, desenhos de suportes, folhas de dados. A Norma PETROBRAS N-2047 - APRESENTAÇÃO DE PROJETO DE DUTOS TERRESTRES, relaciona os documentos e seu conteúdo constituintes dos projetos básicos e de detalhamento de dutos terrestres, elaborados de acordo com a norma PETROBRAS N-1744 - PROJETO DE OLEODUTOS E GASODUTOS TERRESTRES. 4.1 Fluxogramas Os fluxogramas são desenhos esquemáticos, conforme figura 4.1.1, sem escala, que mostram todo um sistema constituído por diversos vasos, equipamentos e instrumentos, e a respectiva rede de tubulações a ele ligado. Têm apenas a finalidade de mostrar o seu funcionamento, não se destinando a nenhum efeito de fabricação, construção ou montagem. Em geral são feitos dois tipos de fluxogramas: a) Fluxogramas de Processo (process flow – sheet) – preparados pela equipe de projeto de processo, na fase inicial de um projeto e devem conter os itens abaixo e suas respectivas características básicas. • Natureza do fluido, sua vazão, pressão, temperatura, densidade e instrumentos indicadores destes; • Lançador/ Recebedor de pig’s; • Tubulações principais e conexões; • Principais válvulas: bloqueio, regulagem, controle, segurança e alívio; • Juntas de isolamento elétrico. Os fluxogramas de processo devem conter, ainda, as exigências que possam existir quanto a localização dos equipamentos para atender as necessidades dos serviços. b) Fluxogramas mecânicos ou de detalhamento (engineering flow – sheets) – são um desenvolvimento dos fluxogramas de processo e os desenhos básicos de onde serão detalhados os projetos executivos. 63 63 Figura 4.1.1 - Exemplo de um Fluxograma de Processo Na elaboração dos fluxogramas lança-se mão da utilização de símbolos gráficos de forma a simplificar a representação dos equipamentos. A seguir, na tabela 4.1.1, são mostrados alguns exemplos de símbolos gráficos constantes da norma. Tabela 4.1.1 – Símbolos Gráficos para fluxogramas de processo e de engenharia (Petrobrás N-58) 65 4.2 Convenções de Plantas de Tubulação Tabela 4.2.1 – Convenções de Plantas de Tubulação 66 Tabela 4.2.1 – Convenções de Plantas de Tubulação São desenhos em projeção horizontal, feitos em escala de 1:500 ou 1:1000, contendo o Norte de projeto e todas as tubulações aéreas e terrestres e equipamentos de uma determinada área, numa dada faixa de elevações. Os projetos de dutos pouco usam plantas de tubulação, a exceção de suas interfaces com as unidades na origem ("scrapers-trap" de lançamento e no destino "scrapers-trap" de recebimento) e das plantas das áreas de válvulas intermediáriase das estações de controle e medição. 67 Devem conter no mínimo, as seguintes informações: • Quilometragem progressiva; • Rodovias, avenidas, ferrovias, rios, canais, lagos. • Outros dutos importantes cruzando a diretriz ou em interferência paralela; • Linhas de transmissão de alta tensão; • Grandes propriedades atravessadas pela diretriz; • Válvulas intermediárias; • Áreas de lançador e de recebedor. Figura 4.2.1 - Exemplo de Planta de Tubulação 68 4.3 Isométricos • Os desenhos isométricos são elaborados em perspectiva axonométrica regular e não possuem escala, conforme figura 4.3.1. • Cada desenho isométrico deve conter uma linha ou um grupo de linhas próximas, que sejam interligadas. • O desenho isométrico não deve conter linhas de unidades diferentes. • Em geral não são elaborados desenhos isométricos de tubulações subterrâneas e de tubulações de grande extensão fora das áreas de processamento (interligações). Os desenhos isométricos devem conter, no mínimo, as seguintes informações: a) identificação de todas as tubulações e seu sentido de fluxo; b) elevação de todos os tubos a partir da linha de centro; nos trechos em que se tornar indispensável, indicar a elevação de fundo de tubo; c) todas as cotas e dimensões necessárias para a fabricação e montagem das tubulações (de trechos retos, angulares, raios de curvatura, acessórios, válvulas e outros acidentes); d) representação de todas as válvulas e acessórios de tubulação, inclusive os secundários, como drenos, respiros, conexões para instrumentação, tomadas de amostras, purgadores; e) orientação (norte de projeto); f) identificação, posição de linha de centro e bocais de interligação de equipamentos (vasos, bombas, compressores); g) lista dos materiais referentes ao isométrico; h) plantas de tubulação de referência, com indicação das suas revisões; i) relação das linhas detalhadas nos desenhos isométricos; j) indicação se as linhas são isoladas ou aquecidas; k) Os isométricos podem conter informações adicionais sobre quantitativos básicos, tais como: peso e outras informações necessárias para os serviços de isolamento térmico, pintura e revestimentos em geral. l) As linhas verticais são representadas por traços verticais e as horizontais nas direções ortogonais devem ser representadas por traços inclinados de 30° sobre a horizontal (para a direita ou para a esquerda); linhas com direções diferentes das três direções ortogonais devem ser representadas por traços inclinados com ângulos diferentes de 30° e devem ter indicados nos desenhos os ângulos verdadeiros de suas inclinações com as três direções ortogonais básicas, bem como o paralelogramo ou prisma, onde a direção inclinada seja uma diagonal (neste caso, usar linhas finas para representar o paralelogramo ou o prisma). Sempre que facilitar a visualização, deve ser hachurado o plano que contém a linha e sua projeção no plano horizontal. m) Todos os tubos devem ser representados por traço único (independentemente do diâmetro) na posição de sua linha de centro, utilizando-se linha grossa. n) Devem ser indicados os raios de curvatura dos trechos de tubos curvados. 69 o) Devem ser indicados com linhas tracejadas, os trechos dos tubos que continuam em outro desenho isométrico, devendo ser também indicados os números dos desenhos isométricos ou plantas de continuação. Observação: para um melhor entendimento dos desenhos isométricos, a tabela 4.3.2, indica o significado das abreviaturas de siglas utilizadas. Tabela 4.3.1 – Simbologia de Isométricos 70 Tabela 4.3.2 – Siglas de Instrumentação 71 Figura 4.3.1 - Exemplo de desenho Isométrico 72 4.4 Desenho de Detalhes Quando necessário, para maior clareza, deve ser elaborado desenho de detalhes de tubulação. Os desenhos de detalhes de tubulação podem ser cortes (vistas e elevação), isométricos ou plantas, em tamanho maior, dos trechos mais congestionados. Para ilustrar, observe a figura 4.4.1. Figura 4.4.1 – Desenho de Detalhes de um projeto de derivação para drenagem de oleoduto 73 5.0 Desenho de Perfil e Gradiente Hidráulico Deve ser elaborado, preferencialmente, em formulário no formato A1, devendo conter as seguintes informações: a) Perfil do terreno, com comprimento desenvolvido, obtido através de correção do perfil indicado na planta de traçado; b) Diâmetro, classe de locação, classe de pressão; c) Grades horizontais representando o comprimento desenvolvido; d) Grades verticais representando, no mínimo, as cotas múltiplas de 100m; e) Representação da locação e identificação de válvulas intermediárias, lançadores e recebedores; f) Escalas gráficas e numéricas, representando as escalas horizontal e vertical do traçado do duto; g) Curvas dos gradientes hidráulicos dimensionantes do duto; h) Linha de projeto do duto; i) Perfil de resistência dos tubos para os produtos dimensionantes; j) Espessuras e materiais de cada trecho do duto; k) Perfil de resistência dos tubos para os produtos dimensionantes; l) Pressões de teste hidrostático e cotas dos respectivos pontos. Nota – A escala horizontal do desenho deve ser adequada à largura da área do desenho. A escala horizontal deve ser múltipla de 5000, por exemplo: 1:5000, 1:10000, ou 1:30000. Quanto á escala vertical deve ser selecionada considerando a altura disponível da área de desenho e os elementos a serem inseridos nela (perfil do terreno, perfil de resistência, linha de projeto, gradientes hidráulicos etc) e deve ser múltipla de 1000, por exemplo: 1:1000, 1:2000, 1:5000. A figura 5.1 mostra o exemplo de perfil gradiente hidráulico, comumente utilizado em inspeções no campo e projeto de dutos. 74 Figura 5.1 - Exemplo de Perfil com Gradiente Hidráulico – Sem Escala 75 6.0 Levantamento Topográfico e “as built” (conforme construído) Os levantamentos topográficos devem estar baseados nas recomendações da Norma Petrobrás N-47, sendo realizado pela executante com sua equipe de topografia na fase de implantação da faixa, com cadastramento de imóveis vizinhos posteriormente em levantamento topográfico cadastral, conforme recomenda a Norma PETROBRAS N-1041. Utilizam na maioria dos casos as coordenadas UTM, que são coordenadas planas obtidas a partir da projeção da superfície da terra sobre um cilindro orientado perpendicularmente ao eixo da terra (projeção Universal Transverso de Mercator), hoje esse serviço se baseia nas coordenadas topográficas levantadas pelo aparelho GPS (Global Positioning System). Nestas plantas devem ser encontradas diversas informações da superfície cadastrada. Utilizam-se legendas para identificar as informações relevantes ao cadastro. Na fase após a construção, os desenhos do levantamento topográfico que serviram de base para a elaboração de projetos, servem de base para a confecção das plantas “as built” (conforme construído) onde estarão presentes todos os detalhes da construção executada, conforme exemplo da figura 6.1 a seguir. Ortofoto (foto de satélite real) que auxilia o “as built” e o perfil longitudinal de um duto. Figura 6.1 - Exemplo de “as-built” – Sem escala 76 4.0 Desenhos de Tubulações
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