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Pediatria Tutoria V

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Pediatria 
 
 
 
Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 
 
Objetivo 01: Conhecer os Fatores desencadeantes da diarreia 
  Conceito: 
Uma perda de água aumentada pela evacuação que se expressa pela diminuição da consistência 
das fezes e/ou aumento de frequência de evacuações; 
  Etiologia: 
Um grande número de doenças pode 
causar diarreia na infância, podendo-se 
didaticamente classificar as diarreias 
como de etiologias infecciosas ou não-
infecciosas. 
Entre as diarreias de origem infecciosas 
incluem-se aquelas causadas por vírus, 
bactérias, fungos, protozoários e vermes, 
além da chamada “diarreia parenteral” 
associada a quadros de infecção extra-
intestinal, como broncopneumonia, otite 
média aguda e infecção do trato urinário. 
As diarreias não-infecciosas podem ser 
causadas por: 
 Desnutrição 
 Erro alimentar (oferta de alimentos 
que aumentem a osmolaridade do 
conteúdo intestinal), 
 Deficiência enzimática congênitas 
ou adiquiridas 
 Uso de laxativos e antibióticos 
 Alteração no trânsito intestinal 
 Alergias Alimentares 
 Doenças Inflamatorias intestinais 
 Ressecção intestinal 
 Outros 
O que se verifica na prática é que a maioria das diarreias de causa infecciosas cursa com um 
quadro agudo, enquanto as demais tendem a apresentar evolução mais prolongada. No entanto, a 
gravidade e evolução de um episódio de diarreia esta muito mais relacionado com as condições 
da criança do que com sua base de causa 
Geralmente nas crianças bem nutridas e imunocompetentes os episódios de diarreia são leves e 
autolimitados, enquanto nas desnutridas. 
 
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 1. Vírus: 
 
aos 5 anos de idade, já tenham sido infectadas por esse agente. Os sorotipos g1 e g4 são s de 
maior importância para o homem. Produção através dos dois mecanismos (osmótico e secretor). 
A gravidade do quadro clinico é maior na primeira infecção e decresce progressivamente a 
partir das demais. Vomito, febre, eliminação de fezes liquidas abundantes e o aparecimento dos 
sinais de desidratação, de 5 a 7 dias. 
 
gastroenterites associados à contaminação alimentar. Quadro clinico com inicio abrupto, 
náuseas e vômitos, com diarreia leve a moderada, de 1 a 3 dias. 
 
infecções nosocomiais, surtos de diarreia em creches e diarreia em imunodeprimidos. Fezes 
líquidas, vômitos e febre baixa, de 3 a 4 dias. 
 
anos. 
 2. Bactérias 
Escherichia coli: bactérias gram-negativas componentes da flora do intestino humano e que 
inclui cepas causadoras de diarreia subdivididas em 6 subtipos segundo mecanismo de interação 
com a mucosa intestinal. 
 s microvilosidades intestinais e as destroem, 
promovendo atrofia vilositária, inflamação da lâmina própria e má absorção de água, 
eletrólitos e nutrientes. Em crianças menores de 2 anos , responsável por surtos 
epidêmicos em berçários, rara em crianças com aleitamento materno. Alta mortalidade 
em lactentes. Diarreia intensa e aquosa, vômitos, febre baixa e dor abdominal. 
 
desenvolvimento, representando mais de 25% dos episódios; principal causa de diarreia 
do viajante; contaminação de água e alimentos; atuam sem invadir ou lesar a mucosa 
intestinal, através de enterotoxinas. Diarreia abundante e aquosa, de moderada a grave, 
de 5 dias até 3 semanas. 
 E. coli enteroinvasiva (ECEI): provoca invasão das células epiteliais e disseminação 
pela mucosa. De aquosa a mucossanguinolenta, associada a tenesmo, cólica, febre, 
anorexia e astenia, sinais de hiponatremia. Pouco frequente no 1º ano de vida. 
 zem citotoxinas; desencadeiam diarreia 
sanguinolenta; transmitidas principalmente pela ingestão de carne bovina malcozida e 
leite não pasteurizado. Mais frequente em crianças de 5 a 9 anos. Diarreia 
sanguinolenta, cólica, vômitos, febre ausente ou baixa, de 1 a 24 dias (em media 4) -> a 
infecção pode simular um quadro de abdome agudo. 
 E. coli enteroagregativa (ECEA): atuam por mecanismo de adesão à célula epitelial e 
não produzem toxinas. Agrava quadros de desnutrição e retarda o crescimento de 
crianças. Diarreia aquosa, com muco, febre baixa e raros vômitos. 
 E. coli enteroaderente difusa (ECED): provoca diarreia em crianças menores de 6 anos 
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Shigella SP: bactéria gram-negativa com capacidade invasora e de produzir citotoxinas e 
neurrotoxinas. Disenteria caracterizada por evacuações em pequenos volumes, elevada 
frequencia, aquosa contendo sangue, muco e puso, associados a tenesmos e cólicas, febre, 
cefaleia, mal estar e anorexia, de 5 a 7 dias. Mis frequente entre 1 e 4 anos. Altamente 
contagiosa, transmissão principalmente de pessoa a pessoa (creches e abrigos). 
Salmonella SP: gram-negativas. Causa frequente de surtos de diarreia associados a intoxicação 
alimentar. Ampla diversidade de manifestações clinicas. Mais frequente em crianças menores d 
 
 
 ter muco e sangue. 
Yersinia SP: gram-negativas. Os suínos são os principais reservatórios de cepas que causam 
doenças para o homem. Colicas, vômitos, febre e diarreia com sangue, ocorre reação dos 
linfonodos mesentéricos simulando apendicite. Complicações: ulcerações difusas do intestino, 
perfuração intestinal, intussuscepção e megacólon toxico. 
Campylobacter SP: gram-negativas. Principalmente em países industrializados. A transmissão 
pessoa-pessoa é rara, mais através dos alimentos contaminados. O mecanismo é por invasão e 
por produção de endotoxinas. Mialgia, febre, cefaleia, dor abdominal, diarreia de inicio abrupto 
com muco e sangue. 
Vibrio cholerae: gram-negativas, associada a grandes epidemias de diarreia, acarretando em 
curto período centenas de mortes. Alimentos contaminados, principalmente frutos do mar. Perda 
significativa de água e eletrólitos -> “ ” 
Clostridium difficile: gram-positivas, de transmissão direta pessoa-pessoa, associada ao uso de 
antibiót 
 
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com a dose empregada. 
Aeromonas sp, Plesiomonas sp, Edwardsiella sp.: gram-negativas e têm em comum o habitat 
aquático, encontrados em peixes e moluscos. Causam diarreia do tipo secretora ou enterocolite. 
 3. Protozoários: 
Giardia duodenalis: giárdia lamblia ou intestinalis; porções mais altas do intestino delgado; 
transmissão de forma direta ou indireta; diarreia aguda até crônica, fezes com muco e raramente 
com sangue ou pus. 
Entamoeba histolytica: afeta mais frequentemente escolares e adolescentes; colite amebiana 
disentérica: evacuações com muco, sangue, cólicas abdominais e tenesmo; colite amebiana não 
disentérica: surtos de diarreia alternados com normalização; complicações:colite fulminante e 
perfuração intestinal. 
 
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Objetivo 02: Compreender os sinais e sintomas da diarreia (Junto do obj. 4) 
 1. Quadro Clínico Diarreia Aguda 
 
 2. Quadro clinico de Diarreia crônica 
Objetivo 03: Descrever os tipos de desidratação 
Entre o nascimento e os dois anos de idade, o percentual de água no corpo humano var ia de 75 
a 80%; entre os 20 e 40 anos é de cerca de 60% e daí em diante o corpo continua se 
“ ” 
A água necessária ao organismo é reposta pela ingesta oral do próprio líquido (cerca de 47% do 
total) e de alimentos. Boa parte dela (cerca de 14% do total) é absorvida pela respiração celular. 
**A desidratação ocorre quando a perda de água é maior que a sua reposição. 
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As crianças e os idosos são mais susceptíveis a ela. Geralmente a depleção de água se faz 
acompanhar pela perda de sais minerais nela diluídos, sobretudo sódio e potássio, gerando um 
desequilíbrio eletrolítico. A desidratação leve comumente é provocada pela ingestão insuficiente 
de líquidos, mas condições anormais como vômitos, diarreias, febres, excesso de urina ou de 
suor e grandes queimaduras, que implicam em grandes perdas líquidas, podem levar a 
deficiências anormais de água e de eletrólitos. 
  Fisiopatologia da desidratação 
Dependendo da relação entre a perda de água e de eletrólitos, a desidratação é chamada 
isotônica, hipertônica ou hipotônica. 
 Desidratação isotônica: 
A água e os sais minerais são perdidos em proporções equivalentes às que existem no 
organismo. Isso acontece nos vômitos e diarreias, por exemplo, nos quais não se produz uma 
transferência de água do meio intracelular para fora das células. Frequentemente, é o tipo de 
desidratação encontrada em crianças pequenas. 
 Desidratação hipertônica: 
A perda de água é maior que a perda de eletrólitos, como ocorre na falta de ingestão de 
água, sudação excessiva, diurese osmótica e uso de diuréticos. Nesses casos há transferência de 
água intracelular para os espaços extracelulares. É comum em diabéticos e em algumas crianças 
com diarreia. 
 Desidratação hipotônica: 
Também chamada de hiponatremia. São perdidos mais sais que água, como nos casos de 
transpiração muito elevada, perdas gastrointestinais ou quando a reposição é feita só com água, 
sem sais. Ocorrerá transferência de líquido extracelular para dento da célula. Ocorre em alguns 
casos pediátricos com diarreias. 
 
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Objetivo 04: Diferenciar a diarreia aguda da Crônica 
DIARREIA AGUDA: 
**Diarreia aguda é a eliminação anormal de fezes amolecidas ou líquidas com uma frequência 
igual ou maior a três vezes por dia e duração de até 14 dias. 
Eliminação súbita de fezes de conteúdo líquido acima do habitual, associada, em geral, a um 
aumento do número de evacuações. Tem duração igual ou inferior a 14 dias e se caracteriza pela 
ocorrência de má-absorção intestinal de água e eletrólitos. 
 Osmótica 
A diarreia osmótica predomina nos quadros virais. 
 O rotavírus causa lesões focais, com infecção das células vilositárias apicais, que concentram as 
dissacaridases, principalmente a enzima lactase. Com a destruição desses enterócitos e a 
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reposição por células imaturas, há diminuição da atividade enzimática, reduzindo a absorção dos 
carboidratos, com ênfase na lactose. 
Os açúcares não absorvidos aumentam a pressão osmótica na luz intestinal, o que determina a 
maior passagem de água e eletrólitos para o espaço intraluminal para manter o equilíbrio 
osmótico. 
Esse tipo de diarreia caracteriza-se pela eliminação de fezes líquidas e volumosas, amareladas, 
com caráter explosivo e com grande perda hidreletrolítica. Os vômitos são frequentes e 
precoces, em 80 a 90% dos casos, precedendo a diarreia e causando a desidratação, 
principalmente nos lactentes, faixa etária em que se concentram os quadros mais graves. A 
febre, geralmente alta, ocorre em aproximadamente metade dos casos. 
 Secretora 
A diarreia secretora caracteriza-se por perda de grande volume de água e de eletrólitos, por ação 
de enterotoxinas que estimulam os mediadores da secreção, a adenosina monofosfato cíclico 
(AMPc), guanosina monofosfato cíclico (GMPc) e o cálcio (Ca2+), levando à diminuição da 
absorção de água e íons e à secreção ativa pela criptas. 
 Inflamatória 
A diarreia inflamatória é causada por patógenos que invadem a mucosa do intestino delgado ou 
grosso, ocasionando resposta inflamatória local ou sistêmica, dependendo da extensão da injúria 
CRÔNICA 
**A diarreia crônica é definida como perda entérica fecal de pelo menos 10 g/kg/dia em 
lactentes e 200 g/dia para crianças maiores, pelo prazo superior a 14 dias de duração. A 
frequência evacuatória, em geral, é superior a 3 dejeções/dia, sendo o volume fecal difícil de 
ser mensurado em crianças 
É uma diarreia não autolimitada, durando mais que 14 dias, necessitando de intervenção 
terapêutica para seu controle. 
 Osmótica 
A diarreia osmótica é causada por nutrientes não absorvidos no lúmen intestinal decorrentes dos 
seguintes mecanismos: dano intestinal (infecções entéricas), redução da superfície absortiva 
(doença celíaca), redução de enzima digestiva (déficit de lactase), aumento da velocidade do 
trânsito intestinal e sobrecarga osmolar.. 
 Secretora 
O componente secretor caracteriza-se pelo fluxo ativo de eletrólitos e água em direção ao lúmen 
in-testinal, resultantes da inibição de absorção neutra de NaCl nos vilos dos enterócitos e 
aumento da secreção de cloreto nas células das criptas. A secreção eletrogênica é estimulada 
basicamente pelas enterotoxinas produzidas por bactérias patogênicas, citocinas inflamatórias e 
substâncias endógenas endócrinas que resultam em aumento da concentração de monofosfato de 
adenosina (AMP) cíclico, monofosfato de guanosina (GMP) cíclico e/ou cálcio citosólico 
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 Inflamatório 
Os processos inflamatórios decorrem da liberação de citocinas, as quais, por sua vez, estimulam 
a secreção, aumentam a permeabilidade do epitélio com consequente adsorção de proteínas 
heterólogas, deflagração de mecanismos imunomediados, aumento da motilidade e 
extravasamento de proteínas para a luz intestinal

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