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Diarreia 
1) Compreender a fisiopatologia da diarreia: 
O ritmo intestinal normal varia de três vezes por semana a três vezes por dia. O aumento da frequência por mais de 
três vezes ao dia, com diminuição da consistência das fezes, que provocam urgência ou desconforto abdominal, 
provavelmente é um quadro de diarreia. A consistência é determinada pela relação entre água fecal e a capacidade 
de retenção de água dos sólidos insolúveis fecais. É importante ter em mente que diarreia é diferente de urgência 
fecal e de pseudodiarreia. A primeira, é a eliminação involuntária das fezes, geralmente por distúrbios 
neuromusculares ou problemas estruturais anorretais, sem alteração do peso e consistência. Já o último, é a 
eliminação frequente de pequenos volumes de fezes, geralmente com urgência, sem alteração também da 
consistência e do peso. Diarreia consiste em alteração do hábito intestinal por diminuição de consistência das fezes 
e aumento da frequência e volume das evacuações. 
✓ Normal: A evacuação de fezes consistentes 1 a 3 vezes/dia ou até a cada 2 ou 3 dias. 
✓ A quantificação do peso fecal é a forma mais precisa para se definir diarreia (maior que 200 mg/dia). 
✓ Peso médio diário normal: 100g/dia. 
 
A diarreia é o resultado de uma ruptura no equilíbrio entre os processos de absorção e secreção dentro do intestino. 
A nível celular, ocorre excesso de líquido no lúmen intestinal quando há deficiência na capacidade de transporte de 
eletrólitos do intestino delgado ou grosso ou quando cria-se um gradiente osmótico desfavorável (inibição da 
absorção de Na+ ou secreção ativa de Cl-) superior aos mecanismos normais de absorção de eletrólitos. 
 
*OBS: Se solutos pouco absorvíveis ou não absorvíveis estão presentes no lúmen, como lactose em indivíduos com 
deficiência de lactase, os mecanismos de absorção de sódio serão incapazes de criar esse gradiente favorável, 
levando a permanência de líquido no lúmen, formando a base para diarreia osmótica e secretória. 
 
2) Discorrer os agentes etiológico e fatores de risco da diarreia: 
Agressão por microrganismos; sobrecarga de solutos hiperosmolares por abusos alimentares ou fármacos, estímulo 
de peristalse exacerbados como os induzidos por estresse emocional. 
A diarreia é categorizada em aguda ou crônica e infecciosa ou não infecciosa com base na duração, no tipo de 
sintomas e na etiologia. 
FATORES DE RISCO DE MODO GERAL: 
✓ FATORES PESSOAIS: hábitos de higiene. 
✓ FATORES AMBIENTAIS: fonte de água (encanada dentrode casa; fora de casa; de cacimba), destino do lixo (coletado 
em casa; fora de casa; enterrado/queimado; a céu aberto), esgotamento sanitário (fossa séptica; fossa seca/a céu 
aberto). 
DIARREIA AGUDA: 
A diarreia aguda é definida como um episódio com duração inferior a duas semanas. A infecção mais comumente 
causa diarreia aguda. A maioria dos casos é resultado de uma infecção viral e o curso é autolimitado. Neste caso, a 
diarreia pode ser uma resposta fisiológica benéfica ao material nocivo dentro do intestino, expulsando assim as 
bactérias e toxinas nocivas do corpo. Assim, as causas infecciosas e não infeciosas da diarreia aguda podem ser: 
 CAUSAS INFECCIOSAS: 
✓ DANOS A MUCOSA: Pode ser resultado de quaisquer danos a mucosa (Ex. rotavírus). 
✓ TOXINAS: ou podem ocorrer devido à toxinas produzidas pelo organismo infeccioso (Ex. cólera). Os patógenos podem 
ser vírus (Rotavírus e vírus Norwalk), bactérias (Campylobacter jejuni, Salmonela, Escherichia coli e Shigella) e 
parasitas (Cryptosporidium e Giardia lamblia). 
 
 CAUSAS NÃO INFECCIOSAS: 
✓ PROCESSOS INFLAMATÓRIOS: que podem causar uma redução na superfície absortiva do intestino, pois as vilosidades 
são danificadas, por exemplo, doença celíaca, alergia à proteína do leite de vaca e condições cirúrgicas, como 
apendicite aguda e intussuscepção. 
TIPOS DE 
✓ MEDICAMENTOS: Alguns medicamentos, como antibióticos e laxantes (A diarreia factícia é causada pelo uso 
indiscriminado de laxantes ou pela ingestão excessiva de alimentos laxativos.) podem causar aumento da motilidade 
do intestino, permitindo menos tempo para absorção. 
 
DIARREIA CRÔNICA: 
A diarreia crônica é definida como uma aquela com duração de mais de duas semanas e tende a ser não infecciosa. 
As causas comuns incluem má absorção, doença inflamatória intestinal e efeitos colaterais de medicamentos. 
 
 CAUSAS INFECCIOSAS: 
✓ GIARDIA LABLIA E GIARDÍASE: este protozoário flagelado causa diarreia aquosa aguda, dor abdominal, diarreia 
intermitente, distensão abdominal, perda de peso e diarreia crônica. 
✓ CRYPTOSPORIDIUM PARVUM E CRIPTOSPORIDIOSE: este organismo protozoário pode causar diarreia crônica. 
CITOMEGALOVÍRUS: vírus em crianças imunossuprimidas, como o citomegalovírus, podem causar diarreia crônica e 
devem ser considerados nos diagnósticos diferenciais. 
 
 CAUSAS NÃO INFECCIOSAS: 
✓ SECUNDÁRIO Á DANO NA MUCOSA: como ocorre na doença celíaca ou doença inflamatória intestinal, em que 
mediadores inflamatórios atuam localmente na mucosa intestinal para estimular a secreção e inibir a reabsorção de 
eletrólitos. Eles também atuam nos neurônios entéricos, para aumentar a motilidade. 
✓ ENTERÓCITOS E BORDA EM ESCOVA ANORMAIS: Exemplos incluem, doença de inclusão de microvilosidade 
congênita, onde há uma redução líquida na área de superfície do intestino e há excreção maciça de eletrólitos nas 
fezes. 
✓ DEFEITOS NO TRANSPORTE DE ELETRÓLITOS: Má absorção de carboidratos, devido à intolerância primária (muito 
rara) ou secundária à lactose causa diarreia osmótica devido à alta osmolalidade do conteúdo luminal. 
✓ DISTÚRBIOS PANCREÁTICOS E BILIARES: A fibrose cística pode levar à insuficiência pancreática e má absorção 
de proteínas e gorduras. O conteúdo do lúmen intestinal é, portanto, de maior osmolalidade, resultando em diarreia 
osmótica. 
✓ DISTÚRBIOS NA MOTILIDADE INTESTINAL: esses distúrbios podem causar transporte rápido através do intestino, 
resultando em menor absorção geral de eletrólitos e água. 
 
DIARREIA PERSISTENTE: 
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a diarreia persistente (DP) é definida como um episódio diarreico de causa 
presumivelmente infecciosa, que se inicia como um processo agudo e se prolonga, de forma não usual, por um período 
igual ou superior a 14 dias. 
Os agentes etiológicos isolados na DP geralmente são diferentes dos da diarreia aguda, o que sugere que infecções 
secundárias podem vir a assumir um papel relevante no prolongamento da diarreia. Além disso, também tem sido 
descritas infecções por múltiplos agentes. No fracasso do isolamento do agente infeccioso, outras entidades clínicas 
devem ser consideradas e, entre as mais comuns, incluem-se as múltiplas intolerâncias alimentares e as alergias às 
proteínas da dieta. 
Os principais agentes etiológicos são algumas bactérias, parasitas e vírus. 
 
3) DESCREVER OS TIPOS DE DIARREIA E SEUS SINAIS E SINTOMAS: 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
 
QUANTO AO SEU TEMPO DE EVOLUÇÃO: 
✓ AGUDA: dura até 14 dias - Persistente: mais que 14 dias. 
✓ CRÔNICA: mais que 30 dias. 
 
QUANTO A TOPOGRAFIA: 
✓ ALTA (acometimento no intestino delgado): fezes de grande volume (pois o intestino delgado é onde mais absorve 
água, eletrólitos e outros nutrientes), frequência menor e presença de restos alimentares. 
✓ BAIXA: fezes com volume menor, frequência maior. 
 
TIPOS: 
DIARREIA OSMÓTICA: 
Ocorre quando um número excessivo de partículas osmoticamente ativas está presente no lúmen, mais fluido move-
se passivamente para o lúmen intestinal a favor do gradiente osmótico que pode exceder a capacidade de absorção 
do intestino e, portanto, ocorre diarreia. 
* Ou seja, quando substâncias não absorvíveis permanecem no intestino e atrai agua para o lúmen intestinal. 
 
Alguns alimentos (como certas frutas e leguminosas) e substitutos do açúcar em alguns alimentos (como hexitol, 
sorbitol e manitol) podem causar diarreia osmótica.A deficiência de lactase também pode causar diarreia osmótica. 
Quando as pessoas com deficiência de lactase bebem leite ou consomem laticínios, a lactose não é digerida e à 
medida que a lactose se acumula no intestino, ela causa diarreia osmótica. 
Outra causa de diarreia osmótica é um crescimento excessivo de bactérias intestinais ou de bactérias que 
normalmente não são encontradas no intestino. Os antibióticos podem causar diarreia osmótica ao destruírem as 
bactérias intestinais normais. 
 
DIARREIA SECRETORA: 
Resulta da hipersecreção de água e eletrólitos pelos enterócitos da mucosa intestinal e pode ser devido tanto à 
ativação de uma via específica por uma toxina (como a toxina da cólera) ou por anormalidades inerentes aos 
enterócitos (por exemplo, atrofia das microvilosidades). 
Também pode ocorrer devido a agentes que causaram uma inflamação na mucosa (como bactérias). Com isso, as 
células enterocromafins crescem de tamanho para produzir mais água com o intuito de lavar o TGI contra essa 
bactéria. 
 
DIARREIA MOTORA: 
Resulta de alterações na motilidade do TGI. Surge também por redução da área absortiva, consequente de 
ressecções intestinais ou fístulas enteroentéricas. 
Hipertireoidismo e DM também podem ser agentes etiológicos, uma vez que o trânsito lento propicia a proliferação de 
diarreia. 
DIARREIA EXSUDATIVA/INFLAMATÓRIA: 
Ocorre devido a citocinas inflamatórias. Decorre de enfermidades causadas por lesões da mucosa resultantes de 
processos inflamatórios ou infiltrativos. Ou seja, é uma diarreia induzida por uma inflamação. Pode levar a perda de 
sangue, pus e muco nas fezes, com aumento da fluidez e volume das fezes. 
Ex: DII, neoplasias, amebíase. 
 
DIARREIA DISABSORTIVA: 
Resultante de deficiências digestivas ou lesões parietais no intestino delgado que impedem a correta digestão ou 
absorção. Esse processo pode causar esteatorreia e fezes com resíduos alimentares. 
 
*DIARREIA DOS VIAJANTES: 
É definida como diarreia aguda infecciosa que acomete indivíduos que viajam para áreas com piores condições 
sanitárias. Inicia-se em geral de modo abrupto, com 4 a 6 evacuações por dia, associadas a cólica e náuseas. 
Habitualmente é autolimitada, mas pode ser progressiva, evoluindo para disenteria. Pode ser causada por bactérias 
em cerca de 80% dos casos, e a Escherichia coli é a principal causa na América Latina. 
Mais comuns: E. coli, Campylobacter, Shigella, Salmonella. 
 
4) INVESTIGAR O DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA DIARREIA: 
DIAGNOSTICO: 
 
HEMOGRAMA: pode-se encontrar anemia e hemoconcentração, linfocitose, leucocitose, neutrofilia. 
COPROCULTURA: reservada para casos suspeitos de diarreia infecciosas. 
PESQUISA DE LEUCÓCITOS FECAIS: é o teste mais utilizado na avaliação de diarreia aguda e identifica processos 
infecciosos mais intensos. 
PESQUISA DE TOXINAS E ANTÍGENOS DE PATÓGENOS. 
EXAMES DE IMAGEM: avaliar complicações como íleo paralítico e megacólon tóxico. 
ENDOSCOPIA: suspeita de colite pseudomembranosa. Nesse caso, a biopsia é importante para excluir DII. 
 
TRATAMENTO: 
HIDRATAÇÃO ORAL: Indicada nos casos mais leves e uso de medicamentos que tratem os sintomas naqueles que 
possuem náuseas e dores abdominais. 
✓ Dipirona e hioscina, se dor abdominal. 
✓ Metoclopromida ou ondasentron, se vômitos 
 
ANTIBIOTICOTERAPIA: Indicada para pacientes com quadros mais graves com suspeita de agente bacteriano, com 
comorbidade associada, idade avançada e fezes com características de diarreia inflamatória. 
 
✓ Ciprofloxacino 500mg, VO, 12/12h/ 
✓ levofloxacino 500mg, VO, 1x ao dia ambos durante 3 dias, ou azitromicina dose única de 1.000mg 
✓ Fármacos para os Sintomas. 
 
REPOSIÇÃO DE POTÁSSIO: nos pacientes com hipotensão, diarreia persistente ou com sintomas sugestivos que possuem 
comprovação laboratorial. 
HIDRATAÇÃO PARENTERAL: nos pacientes com alteração do nível de consciência, incapazes de ingerir líquidos, com 
sinais de desidratação severa, com comorbidade associada, idade avançada e fezes com características de diarreia 
inflamatória. 
 
REFERÊNCIAS: 
 
 BRANDT, Kátia Galeão; ANTUNES, Margarida Maria de Castro; SILVA, Gisélia Alves Pontes da. Diarreia 
aguda: manejo baseado em evidências. Jornal de Pediatria, v. 91, p. S36-S43, 2015. 
 
 Andrade, Jacy Alves Braga de e Fagundes-Neto, UlyssesDiarreia persistente: ainda um importante desafio 
para o pediatra. Jornal de Pediatria [online]. 2011, v. 87, n. 3

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