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Disciplina: Geologia Geral Professor: Sydney Sabedot 1 2. PLANETA TERRA: DO BING BANG AOS DIAS ATUAIS 1. INTRODUÇÃO A busca da origem do Universo e da Terra, esta pequena parte nele contida, remonta às mais antigas mitologias registradas. Atualmente, a explicação científica mais aceita é a teoria da Grande Explosão (Big Bang), a qual considera que o Universo começou cerca de 13,7 bilhões de anos atrás a partir de uma explosão cósmica. Antes desse instante, toda a matéria e energia estavam concentradas em um único ponto de densidade inconcebível. Embora pouco se sabe acerca do que ocorreu na primeira fração de segundo após o início do tempo, os astrônomos obtiveram um entendimento geral dos bilhões de anos que se seguiram. Desde aquele instante, em um processo que ainda continua, o Universo expandiu-se e diluiu-se para formar galáxias e estrelas. A Geologia analisa os últimos 4,5 bilhões de anos dessa vasta expansão, um tempo durante o qual o Sistema Solar - a estrela Sol e os planetas (entre eles, a Terra) que nela orbitam - formou-se e evoluiu. Neste capítulo serão apresentadas informações que retratam a evolução que ocorreu desde a Grande Explosão até os atuais dias do planeta Terra. 2. O BIG BANG E A ORIGEM DO UNIVERSO De acordo com a teoria do Big Bang, o Universo já foi infinitamente pequeno, denso e quente. A Grande Explosão, ocorrida há 13,7 bilhões de anos, deu início a um processo de expansão e resfriamento que continua até hoje. A partir daquele evento, espaço, tempo, energia e matéria passam a existir. Antes dele, os físicos não sabem o que existia! Também não se sabe o que teria provocado a explosão. O tempo decorrido desde a explosão até a formação de matéria é dividido em eras cósmicas pelos físicos. A Tabela 1 mostra os diversos aspectos quanto ao tempo decorrido, diâmetro do Universo naquele tempo, sua temperatura e os eventos relacionado. 2.1. A ESTRUTURA DO UNIVERSO A Astronomia ensina que existem incontáveis estrelas que se dispõem no céu de uma maneira ordenada, segundo hierarquias. As estrelas agrupam-se primeiramente em galáxias, cujas dimensões são da ordem de 100.000 anos-luz (distância percorrida à velocidade da luz, 300 mil km/s, durante um ano). As Figuras 1 e 2 apresentam duas formas comuns de galáxias: elíptica e espiral. A estrutura interna das galáxias contém mais de 100 bilhões de estrelas de todas as dimensões, com incontáveis particularidades. O planeta Terra pertence à Via Láctea, uma galáxia com forma espiral. O Sol, a estrela central do Sistema Solar, no qual a Terra está inserida, está situado num de seus braços periféricos. As galáxias, por sua vez, se agrupam em aglomerados de galáxias, que podem conter entre algumas dezenas a alguns milhares de galáxias (Figura 3). A Via Láctea pertence ao chamado Grupo Local, que inclui também a Galáxia de Andrômeda e as Nuvens de Magalhães. O maior nível hierárquico do Universo é o de superaglomerados de galáxias, compostos por até dezenas de Disciplina: Geologia Geral Professor: Sydney Sabedot 2 milhares de galáxias, e com extensões que atingem centenas de milhões de anos-luz (Figura 4). O Grupo Local pertence ao Superaglomerado de Virgem. Tabela 1. As diversas eras cósmicas do Universo desde o Big Bang até a atualidade. ERA CÓSMICA TEMPO (s) DIÂMETRO TEMPERATURA (°K) EVENTOS De Planck 0 – 10-43 1,6 x 10-35 m 1,4 x 1032 Nenhuma teoria física atual consegue descrever o que ocorreu no Universo durante este tempo. Da Teoria da Grande Unificação 10-43 – 10-35 10-26 m 1027 (1.000 trilhões de trilhões °C) Matéria e energia eram completamente intercambiáveis. As quatro forças fundamentais da natureza (nuclear forte, nuclear fraca, eletromagnética e gravitacional) estavam unificadas. Da Inflação 10-35 – 10-32 10 m 1025 Expansão considerável do Universo para um tamanho que variou entre uma bola de gude e um campo de futebol. Ou seja, passou do Universo Primordial para o Universo Observável. Dos Quarks (Eletrofraca) 10-32 – 10-6 1014 m (100 bilhões km) 1013 (1.000 trilhões °C) Formação de partículas Bóson X, de massa muito alta, e suas antipartículas Antibóson X a partir de energia, que se aniquilavam e retornavam à energia (*1). Separação da Força Eletrofraca. Hadrônica 10-6 – 10-3 1015 m 1012 Quarks e Antiquarks começam a se combinar para formar as partículas Hádrons, que incluem Bárions (Prótons e Nêutrons), Antibárions e Mésons. Leptônica 10-3 – 1 10 anos-luz 1010 Durante esta Era, os Léptons (Elétrons, Neutrinos e suas antipartículas) são muito numerosos. No final dela, os Elétrons se aniquilam com os Pósitrons (Antielétrons). Da Nucleossíntese 1 – 200 10 mil anos-luz 108 (100 milhões de °C) Prótons e Nêutrons começam a formar núcleos de hélio-4 (2 Prótons e 2 Nêutrons) e quantidades diminutas de hélio-3, lítio e deutério. Opaca 200 s a 300 mil anos 100 milhões anos-luz 3.000 (2.700 °C) As partículas de matéria (principalmente Elétrons, Prótons e núcleos de hélio) estão num estado de interação contínua com os Fótons, tornando o Universo “nevoento”, ou opaco. Ainda era energético demais para que os átomos se formassem. Da Matéria 300 mil anos até hoje 78 bilhões de anos-luz 2,7 (média) Prótons e núcleos atômicos capturam Elétrons, formando os primeiros átomos. Matéria e energia se desacoplam. Os Elétrons agora ligam-se a átomos e os Fótons são liberados para viajarem através do Universo, como radiação. Forma-se o átomo de hidrogênio (um Próton e um Elétron). O Universo torna-se transparente e as primeiras estrelas começam a se formar 200 milhões de anos após o Big Bang. Disciplina: Geologia Geral Professor: Sydney Sabedot 3 (*1): Estas partículas eram instáveis e decaiam em outras partículas e antipartículas (Quarks e Antiquarks, Elétrons e Pósitrons (Antielétrons), entre outras. Uma particularidade do Bóson X e sua antipartícula é que, quando eles descaíram, produziram um ligeiro excesso de partículas sobre antipartículas. Isto é, cerca de um bilhão e uma partículas para cada um bilhão de antipartículas. Quando eles se aniquilaram, sobrou um resíduo de partículas. No final da Era dos Quarks, Quarks e Antiquarks se congelam e, em vez de se aniquilar, começam a se agrupar para formar partículas mais pesadas, que deram origem a toda matéria atualmente presente no Universo. Figura 1. Galáxia elíptica. Figura 2. Galáxia espiral. Figura 3. Aglomerado de galáxias. Figura 4. Superaglomerado de galáxias. 2.2. A COMPOSIÇÃO DO UNIVERSO Os cientistas acreditavam que o Universo era composto pela denominada matéria bariônica, aquela que se pode ver, tocar, perceber e sentir, além de energia e espaço. Assim, uma parte da matéria vagueia pelo espaço como átomos isolados ou moléculas gasosas simples. Outra parte se agrega em escalas diversas, desde poeira a estrelas gigantes. A gravidade liga todos estes objetos nas grandes nuvens e discos de matéria, as galáxias. Disciplina: Geologia Geral Professor: Sydney Sabedot 4 Grande parte desta matéria convencional forma um gás tênue dentro e ao redor das galáxias, e mesmo mais diluído entre elas. O gás é constituído principalmente de átomos de hidrogênio e hélio, mas nuvens no interior das galáxias contêm átomos de elementos químicos mais pesados e moléculas simples. O gás das nuvens galácticas está misturado com poeira (na forma de minúsculas partículas de carbono e substâncias como silicatos – compostos de silício e oxigênio). Dentro das galáxias, gás e poeira constituem o denominado meio interestelar. Porções visíveisdeste meio são denominadas nebulosas, as regiões do Universo formadoras de estrelas. No espaço existem, também, partículas de matéria na forma de raios cósmicos, correspondendo a partículas subatômicas de alta energia viajando a velocidades elevadíssimas através do Universo (Cosmos). Na década de 1970, cientistas estudando fenômenos gravitacionais de aglomerados de galáxias identificaram a existência de uma matéria invisível e desconhecida, cuja presença é inferida porque se sabe que interage gravitacionalmente sobre a matéria visível (bariônica), como estrelas e galáxias. Até há poucos anos, pensava-se que a velocidade de expansão do Universo estaria diminuindo com o tempo, mas pesquisadores descobriram, em 1998, que, ao contrário do que se esperava, a velocidade de expansão estava acelerando. A explicação para o fenômeno estaria num tipo de energia igualmente invisível e desconhecida, que preenche tudo o Universo e exerce uma pressão negativa, como uma tensão, fazendo com que o espaço-tempo sofra uma repulsão gravitacional. Em resumo, a matéria escura é responsável pela atração gravitacional maior que o esperado entre as galáxias, mas a energia escura age como força repulsiva, ou atração gravitacional negativa, afastando continuamente estrelas e galáxias entre si. A Figura 5 mostra a distribuição dos componentes no Universo. Figura 5. Distribuição dos componentes no Universo. Disciplina: Geologia Geral Professor: Sydney Sabedot 5 3. A ORIGEM DAS GALÁXIAS Há cinco formas de galáxias: espirais, espirais barradas, elípticas (desde esféricas até achatadas), lenticulares (em forma de lente) e irregulares. A formação das galáxias é um dos quebra-cabeças centrais da astronomia. O modelo mais aceito atualmente de evolução galáctica sugere que as galáxias se transformam por colisões e interações, isto é, evolução por fusão. O ponto central dessa teoria é que o gás intergaláctico está sendo continuamente absorvido pelas galáxias. No Universo jovem, rico em gás, as primeiras galáxias a se formarem eram pequenas irregulares ou esferoidais. A medida que aglutinavam mais material e se fundiam, desenvolviam uma estrutura interna, dando origem às primeiras espirais. Quando as galáxias espirais se fundiam, o gás de seu disco era ejetado e suas estrelas passavam a seguir órbitas aleatórias e se transformavam em elípticas. Se houvesse gás intergaláctico suficiente, ele cairia de volta na galáxia elíptica, formando um novo disco de gás e poeira que poderia, ao final, desenvolver braços espirais. Nas regiões onde muitos desses eventos ocorreram (por exemplo, em aglomerados de galáxias ricos), o gás disponível foi retirado até, por fim, todas as galáxias tomaram a forma elíptica, fundindo-se ocasionalmente para compor sistemas ainda maiores. Em resumo, as fusões de galáxias tendem a formar galáxias elípticas, mas a queda de gás pode rejuvenescê-las produzindo novos discos e braços com formação estelar. A maneira como uma galáxia evolui depende do tempo entre as colisões e da quantidade de gás circungaláctico. 4. NEBULOSAS: BERÇO DE ESTRELAS E PLANETAS As nebulosas são vistas no Universo como manchas difusas e irregulares. Elas formam nuvens compostas de poeira interestelar, gás hidrogênio e hélio e plasma. Algumas nebulosas são berço de formação de novas estrelas, enquanto outras são restos de estrelas que chegaram ao término de seu ciclo vital, ou como resultado de explosões de supernovas. As nebulosas se apresentam em diferentes formatos e tamanhos e são classificadas de acordo com o tipo de luz (radiação) que emitem. A radiação emitida pelas estrelas excita uma nuvem de gás e poeira que passa a emitir o brilho característico da nebulosa. Alguns tipos principais: planetárias, reflexão, emissão, escuras e remanescentes de supernovas. Nebulosas são muitas vezes regiões de formações estrelares, como a Nebulosa da Águia (Figura 6). Nessas regiões a formação de gás, poeira e outros materiais amontoam-se parar formar massas maiores, nas quais atraem mais massas, e eventualmente se tornarão maciças o suficiente para se tornarem estrelas. Os materiais remanescentes formam planetas e outros objetos de sistemas planetários. Disciplina: Geologia Geral Professor: Sydney Sabedot 6 Figura 6. Nebulosa de Águia. 5. O SISTEMA SOLAR O Sistema Solar deve ter começado a se formar há 4,6 bilhões de anos, a partir de uma gigantesca nuvem de gás e poeira (a nebulosa solar). Ao longo de milhões de anos ela se colapsou em um delgado disco em rotação. Não se sabe ao certo o que deflagrou o início do colapso dessa nuvem primordial de gás e poeira. O certo é que a gravidade, de algum modo, superou as forças de pressão do gás que manteriam a nuvem em expansão. Ao colapsar (contrair), a nuvem se achatou num disco em forma de panqueca com um bojo central. Esse disco de gás e poeira girava cada vez mais rápido à medida que se contraía. A temperatura e densidade da região central cresciam, fazendo com que na região próxima ao centro, apenas partículas rochosas e metálicas permanecessem sólidas. Outros materiais se vaporizavam. No seu centro, concentra-se uma imensa esfera de plasma (gás ionizado), extremamente quente, dando origem a uma estrela, a qual foi denominada Sol. No interior da estrela, a fusão nuclear transforma hidrogênio em hélio, gerando quantidades colossais de energia, que é gradualmente transportada até escapar pela sua superfície. Após determinado tempo, as partículas de rocha e metal se agregaram para formar planetesimais, pequenos corpos rochosos, com poucos quilômetros de diâmetros, que foram se aglutinando, através de um processo denominação acreção, o qual deu origem aos planetas internos Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. Nas regiões mais externas ocorria um processo similar, mas as partículas sólidas que se agruparam para formar os planetesimais continham grande quantidade de gelo formada por água, amônia e metano, além de rochas. Esses componentes diversos construíram o núcleo central dos planetas externos, maiores, denominados Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. A radiação solar expulsa a maior parte do gás restante e outros materiais que não se aglutinaram para formar o Sistema Solar. Planetesimais que sobraram na parte externa do disco formaram o Cinturão Kuiper (após a órbita de Netuno) e uma vasta e distante Nuvem de Oort, ambos constituindo berçários de cometas. A massa do sistema concentra-se no Sol (99,8 %), com os planetas girando ao seu redor, em órbitas elípticas de pequena excentricidade, virtualmente coplanares, segundo um plano básico denominado plano da eclíptica. Neste, estão assentadas, com pequenas inclinações, as órbitas de todos os planetas, e entre Marte e Júpiter orbitam também numerosos asteroides. Por sua vez, a Disciplina: Geologia Geral Professor: Sydney Sabedot 7 grande maioria dos cometas parece seguir também órbitas próximas do plano da eclíptica. A Figura 7 apresenta a configuração do Sistema Solar, mostrando os planetas orbitando em torno do Sol. Figura 7. O Sistema Solar. Os planetas internos possuem massa pequena e densidade média semelhante à da Terra, da ordem de 5,5 g/cm3, enquanto que os planetas externos possuem massa grande e densidade média próxima à do Sol (1,4 g/cm3). Os incontáveis corpos de dimensões menores que orbitam no cinturão de asteroides apresentam características variáveis, porém mais assemelhadas àquelas dos planetas internos. Os planetas internos possuem poucos satélites e atmosferas finas e rarefeitas. Já os planetas externos possuem normalmente mais satélites e suas atmosferas são muito espessas e de composição muito parecida com a do Sol, com predominância de hidrogênio e hélio. 6. O PLANETA TERRA É o terceiro planetado Sistema Solar, apresenta massa aproximada de 6 x 1029 g e densidade de 5,52 g/cm3. O raio equatorial terrestre é de 6.378,2 km e o seu volume 1,083 x 1012 km3. Embora tenha perdido seus elementos voláteis na fase de acreção do Sistema Solar, a Terra apresenta uma atmosfera secundária, formada por emanações gasosas durante toda a história do planeta, e constituída principalmente por nitrogênio, oxigênio e argônio. A temperatura de sua superfície é suficientemente baixa para permitir a existência de água líquida, bem como de vapor de água na atmosfera, responsável pelo efeito estufa regulador da temperatura, que permite a existência da biosfera. Por causa dos envoltórios fluidos que a recobrem – atmosfera e hidrosfera –, a Terra quando vista do espaço assume coloração azulada. A característica principal do Planeta Terra é seu conjunto de condições únicas e extraordinárias que favorecem a existência e a estabilidade de muitas formas de vida, sendo que evidências de vida bacteriana abundante foram já encontradas em rochas com idade de 3,5 bilhões de anos. A Terra possui importantes fontes de calor em seu interior, que fornecem energia para as atividades de sua dinâmica interna e condicionam a formação de magmas e as demais Disciplina: Geologia Geral Professor: Sydney Sabedot 8 manifestações da assim chamada tectônica global. Este processo conjuga-se aos movimentos de grandes placas rígidas que constituem a litosfera, a capa mais externa do planeta, que por sua vez situa-se em todo o globo acima de uma camada viscosa, mais plástica, a astenosfera. Ao mesmo tempo, a superfície terrestre recebe energia do Sol, através da radiação solar incidente, que produz os movimentos na atmosfera e nos oceanos do planeta. Estas últimas atividades são as que provocam profundas transformações na superfície da Terra, modificando-a continuamente. Justificam, assim, o fato de que quaisquer feições primitivas de sua superfície, como as crateras de impacto meteorítico, tenham sido fortemente obscurecidas ou totalmente apagadas ao longo da sua história. A Lua, o satélite da Terra, apresenta 1,25% da massa do planeta a que se relaciona, sendo neste particular um dos maiores satélites do Sistema Solar. Tem um diâmetro de 3.480 km e densidade de 3,3 g/cm3, portanto muito menor do que a da Terra. A Lua não detém atmosfera. Sua origem estaria relacionada ao impacto de um asteroide gigante com a Terra jovem, que teria arrancado uma imensa parte de seu manto, cujo material ejetado formou uma densa nuvem de gás, poeira e rocha. Com o processo de acreção, este material formou um corpo denso, o qual ficou preso à força gravitacional do planeta. 6.1. ESTRUTURA INTERNA DA TERRA Não é possível o acesso direto às partes mais profundas da Terra devido às limitações tecnológicas de enfrentar as altas pressões e temperaturas. O furo de sondagem mais profundo feito até hoje, na Rússia, atingiu apenas 12 km, uma fração insignificante comparada ao raio da Terra de 6.370 km. Assim, a estrutura interna do planeta só pode ser estudada de maneira indireta, através da análise das ondas sísmicas geradas por terremotos e registradas na superfície, as quais permitem deduzir as várias características das partes internas da Terra atravessadas pelas ondas. A análise de milhares de terremotos durante muitas décadas permitiu construir as curvas tempo/distância de todas as ondas refratadas e refletidas no interior da Terra e deduzir a sua estrutura principal: crosta, manto superior (ambos formam a litosfera), manto inferior, núcleo externo e núcleo interno, assim como as propriedades de cada uma destas camadas principais. A primeira camada superficial é a crosta, com espessura variando de 25 a 50 km nos continentes e de 5 a 10 km nos oceanos. Abaixo da crosta, até a profundidade de 2.900 km, está o manto. A maior parte do manto é sólida, mas há uma camada com característica viscosa, separando o manto superior do manto inferior, chamada de astenosfera, sobre a qual as placas tectônicas (litosfera) se movimentam. Na profundidade maior de 2.900 km encontra-se o núcleo da Terra, formado principalmente por ferro e secundariamente por níquel. O núcleo divide-se em núcleo interno (sólido) e núcleo externo (líquido). A Figura 8 mostra a constituição física (estrutura interna) da Terra, com suas principais camadas, definidas com auxílio das ondas sísmicas. A Figura 9 mostra a constituição química das camadas da Terra. Disciplina: Geologia Geral Professor: Sydney Sabedot 9 Figura 8. Estrutura interna da Terra. Fonte: Grotzinger e Jordan (2013), modificada. Figura 9. Constituição química das camadas da Terra. Fonte: Grotzinger e Jordan (2013). Disciplina: Geologia Geral Professor: Sydney Sabedot 10 6.2. TOPOGRAFIA DA TERRA Medições precisas demonstraram que a Terra não é uma esfera perfeita. Por causa de sua rotação, ela é levemente abaulada no equador e um pouco achatada nos polos. Além disso, a curvatura suave da superfície terrestre é quebrada por montanhas e vales e outros altos e baixos. Essa topografia é medida com relação ao nível do mar, uma superfície suave determinada no nível médio da agua oceânica, a qual corresponde de perto à forma esférica e achatada que se espera da Terra em rotação. Muitas feições de significância geológica têm destaque na topografia terrestre (Figura 10). Suas duas maiores feições são os continentes, que têm elevações típicas de 0 a 1 km acima do nível do mar, e as bacias oceânicas, que têm profundidades médias de 4 a 5 km abaixo do nível do mar. A elevação da superfície da Terra varia em aproximadamente 20 km do ponto mais alto (Monte Everest, no Himalaia, a 8.850 m acima do nível do mar) até́ o ponto mais baixo (Depressão Challenger, na Fossa das Marianas no Oceano Pacifico, a 11.030 m abaixo do nível do mar). Fonte: Grotzinger e Jordan (2013). REFERÊNCIA GROTZINGER, J.; JORDAN, T. Para entender a Terra. 6ª ed., Porto Alegre: Bookman, 2013, 738p.