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1 educação em saúde e pé diabético

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PREVENÇÃO DO PÉ 
DIABÉTICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PASSOS 
2021 
2 
 
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
Brenda Raniele da Costa Freitas 
Isabel Cristina de Lima Ribeiro Pires 
Josiane Pereira dos Santos 
Simone Inaiara de Paula 
 
 
 
AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PREVENÇÃO DO PÉ 
DIABÉTICO 
 
 
 
Trabalho apresentado como pré-
requisito para obtenção de créditos 
na disciplina de Ética e Legislação, 
lecionada pelo docente Prof.ª Maísa 
Leite para fins de avaliação 
semestral. 
 
 
 
 
 
 
 
PASSOS 
2021 
3 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 4 
2 OBJETIVO ................................................................................................... 7 
3 METODOLOGIA .......................................................................................... 8 
4 DISCUSSÃO................................................................................................ 9 
4.1 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA ....................................................... 9 
4.2 A PEDAGOGIA FREIREANA NA SAÚDE .......................................... 10 
4.3 EDUCAÇÃO EM SAÚDE .................................................................... 11 
4.4 EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE .................................................. 12 
4.5 PREVENÇÃO DO PÉ DIABÉTICO NA ATENÇÃO BÁSICA ............... 12 
ANEXOS ....................................................................................................... 16 
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O diabetes mellitus (DM) trata-se de um distúrbio metabólico crônico, com 
comprometimento do metabolismo da glicose e de outras substâncias produtoras de 
energia, estando associado a uma variedade de complicações em órgãos essenciais 
para a manutenção da vida. Nas últimas décadas, o número de portadores de DM 
tem apresentado um aumento significativo, representando uma importante causa de 
incapacitação e morte no Brasil. 
Segundo Vargas et al. (2017), as complicações nos pés são comuns entre 
as pessoas portadoras de DM, configurando uma comorbidade clínica, de base 
neuropática, oriunda da hiperglicemia, que acontece com ou sem a coexistência de 
doença arterial periférica. 
Existem alterações biomecânicas que ocasionam deformidades e ulceração 
dos pés, afetando planos cutâneos ou profundos, relacionadas a traumatismo prévio 
e/ou infecções desencadeantes. 
De acordo com Araújo (2011), a condição do pé diabético trata-se de uma 
das desordens que o DM não controlado pode ocasionar, e possui estreita ligação 
com o tempo de duração desta doença. 
As desordens relacionadas aos membros inferiores já são um crescente e 
significante problema de saúde pública tanto no Brasil quanto em outros países, 
sejam estes desenvolvidos ou em desenvolvimento. Infelizmente, a maior parte dos 
casos de ulceração nos membros inferiores leva às amputações: 4% a 10% dos 
portadores de DM apresentam alguma lesão nos pés; cerca de 50% das 
amputações de membros inferiores não traumáticas ocorrem em pacientes 
diabéticos, sendo que 85% destes casos são precedidos por úlceras nos pés 
(SANTOS et al., 2013). 
Segundo Santos et al. (2013), as amputações estão estreitamente 
relacionadas a impactos significativos no que diz respeito aos custos e, ademais, 
trará consequências a longo termo ao paciente e sua família, pois há o risco de 
reulceração, perda da mobilidade e diminuição severa na qualidade de vida. 
 Lamentavelmente, as literaturas atuais discutem que condições 
sociodemográficas contribuem de maneira significativa para o agravamento do 
decurso da doença: aparentemente, a escolaridade traz impactos comuns entre os 
5 
 
portadores, sendo os mais atingidos aqueles que possuem pouca instrução formal. 
Tanto no Brasil quanto internacionalmente, indivíduos que possuem baixo grau 
escolar podem ter agravamentos no decorrer da doença, desencadeando 
complicações crônicas. Além disso, condições como idade, gênero, estilo de vida, 
situação econômica podem interferir de modo negativo no autocuidado (SANTOS et 
al., 2013). 
Diante deste cenário, a fim de reduzir e prevenir as complicações nos 
portadores de diabetes mellitus, bem como àquelas associadas a distúrbios 
cardiovasculares de membros inferiores; a educação em saúde representa uma 
estratégia muito eficaz. Pois, através de um processo ativo, busca auxiliar pacientes 
e familiares a compreenderem a doença, atitude que contribui positivamente para o 
empoderamento do indivíduo portador. Desta forma, atenua medos e ansiedades e, 
consequentemente, contribui para o enfrentamento positivo de suas condições, 
elevando sua autoestima com o aumento da efetividade do tratamento, o que 
proporcionará ao paciente a manutenção do bom controle da patologia. (ARAÚJO, 
2011). 
Por definição, o termo “educação” é proveniente do latim educare, cujo 
significado literal é conduzir para fora ou direcionar para fora. Caracteriza-se pelo 
ato de educar, de instruir, sendo polidez e disciplinamento. Segundo Fiori (2003), no 
seu sentido mais amplo, educação significa o meio em que os hábitos, costumes e 
valores de uma comunidade são transferidos de uma geração para a geração 
seguinte. A educação vai se formando através de situações presenciadas e 
experiências vividas por cada indivíduo ao longo da sua vida. 
Segundo Costa (2015) em sua análise do texto “Desafios da educação de 
adultos ante a nova reestruturação tecnológica”, Paulo Freire (2003, p.40) afirma 
que “A educação é sempre uma certa teoria do conhecimento posta em prática [...]”. 
Numa primeira apreciação, podemos entender que, com essa afirmação, Freire está 
dizendo que a educação sempre é um determinado conjunto de ideias relativas ao 
conhecimento sendo praticadas. Mas, para alcançarmos um entendimento mais 
aprofundado do significado desta afirmação de Paulo Freire, é necessário que 
saibamos o que é teoria do conhecimento e, para isso, precisamos saber primeiro o 
que é teoria. 
A teoria da educação, tem significado primário de contemplação, onde a 
visão é racional e voltada ao indivíduo como um só. A educação defendida por 
6 
 
Freire (2003) e Costa (2015) é uma educação voltada ao teórico-prático, 
sublinhando duas maneiras de repetição mental onde o indivíduo pratica o aprendido 
em teoria, fazendo jus à fixação do conteúdo adquirido. Tal vertente, complementa 
também que, a educação social e moral, onde a prática do bem após a reflexão leva 
à mudança de comportamento exponencialmente. 
 
 
As definições de educação, dadas por diversos 
autores, embora possam parecer diferentes, geralmente tem 
muitos pontos em comum, especialmente, colocam o 
indivíduo como sujeito no centro da atividade e caracterizam 
a educação como um processo de influencias sobre as 
pessoas que conduz sua transformação e as capacita para 
interagir com o meio (CALLEJA,2008, p. 109). 
 
 
 Sendo assim, torna-se necessário compreender que os modelos de 
educação então existentes no mundo, hodiernamente trazem aspectos diferentes, 
que se acoplam às disciplinas como forma de otimização do aprendizado em 
determinado setor. Sendo a educação a vida de toda reprodução de aprendizado, 
ela se deriva nos campos da ética e filosofia, tomando determinações de cunho 
moral e social no coletivo e globalizado século XXI. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
2 OBJETIVO 
 
Este estudo tem por objetivo por objetivo reunir, investigar e analisar 
referenciais teóricos que correlacionem as temáticas Educaçãoem Saúde e Pé 
Diabético a partir da literatura indexada nas bases de dados nacionais e 
internacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
3 METODOLOGIA 
 
Trata-se de estudo de revisão de literatura sobre a atuação da enfermagem 
da atenção primária na prevenção do pé diabético através de ações de educação 
em saúde. As buscas foram realizadas na BVS - Biblioteca Virtual em Saúde, nas 
bases de dados SCIELO - Scientific Electronic Library Online; BEDENF - Base de 
Dados de Enfermagem; LILACS - Literatura Latino Americana e do Caribe em 
Ciências da Saúde; MEDLINE - Literatura Internacional em Ciências da Saúde. 
Filtros utilizados: atuação da enfermagem da atenção primária e prevenção do pé 
diabético. Foram selecionadas referências publicadas no período de 1995 a 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
4 DISCUSSÃO 
4.1 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA 
Aprendizagem significativa é caracterizada pela interação entre 
conhecimentos prévios e conhecimentos novos, e que essa interação é não-literal e 
não-arbitrária. Nesse processo, os novos conhecimentos adquirem significado para 
o sujeito e os conhecimentos prévios adquirem novos significados ou maior 
estabilidade cognitiva (MOREIRA, 2012). 
Para Bida et al. (2008), a aprendizagem significativa pode ser definida com 
ideias expressas simbolicamente que interagem de maneira substantiva e não-
arbitrária com aquilo que o aprendiz já sabe. Substantiva quer dizer não-literal, e 
não-arbitrária significa que a interação não é com qualquer ideia prévia, mas sim 
com algum conhecimento especificamente relevante já existente na estrutura 
cognitiva do sujeito que aprende. 
Ausubel apud Moreira (2012), defende que a incorporação de novos 
conhecimentos de maneira significativa ocorre a partir do que o aluno já sabe. Ele 
afirma ainda, que se o conteúdo não for significativo para o aluno, será armazenado 
de maneira isolada, podendo esquecê-lo em seguida, ocorrendo apenas a 
aprendizagem mecânica. Ao aprofundar a teoria da aprendizagem significativa, 
alguns estudiosos apresentaram contribuições importantes para tornar a aula um 
momento favorável à aprendizagem. 
Sendo assim, quem ensina algo deverá provocar a aprendizagem e deverá 
levar em conta que o mais importante é elaborar perguntas que instiguem quem está 
aprendendo a vivenciar a busca, a exercitar as várias possibilidades de resposta. 
Afinal, esse é o exercício que conduz à aprendizagem significativa. SANTOS 
(2008,p.65), recomenda: “„provocar a sede‟ de aprender, problematizando o 
conteúdo, tornando-o interessante e não tirar o sabor da descoberta dando 
respostas prontas”. 
Nesse sentido, é possível citar o método da Aprendizagem Baseada em 
Problemas, que, de acordo com Borochovicius; Tortella (2014), tem como propósito 
tornar o aluno capaz de construir o aprendizado conceitual, procedimental e 
atitudinal por meio de problemas propostos que o expõe a situações motivadoras e o 
prepara para o mundo do trabalho. 
10 
 
Por sua vez, Candau (2000) diz que a escola precisa ser o espaço de 
formação de pessoas capazes de serem sujeitos de suas vidas, ou seja, todos 
precisam estar conscientes de suas opções, dos valores e projetos de referência, 
além de mostrar comprometimento com um projeto de sociedade e humanidade. 
As aulas expositivas, em formato de palestra, por exemplo, têm estado mais 
voltadas para a transmissão de conhecimentos, nas quais o conteúdo a ser 
aprendido é apresentado pelos docentes aos discentes em sua forma final, privando-
os do exercício das habilidades intelectuais mais complexas como a aplicação, 
análise, síntese e julgamento (GODOY, 2000). 
De acordo com Pereira (1998), para que a aprendizagem ocorra, ela precisa 
ser necessariamente transformacional, exigindo do professor uma compreensão de 
novos significados, relacionando-os às experiências prévias e às vivências dos 
alunos, permitindo a formulação de problemas que estimulem, desafiem e 
incentivem novas aprendizagens. 
4.2 A PEDAGOGIA FREIREANA NA SAÚDE 
É sabido que todas as equipes que compõem a Atenção Básica exercem 
também o papel de educadores. E, assim sendo, é necessário que antes de 
explanar sobre qualquer teoria, a equipe compreenda a ciência prévia do educando 
sobre determinado assunto. 
Estando em meio às comunidades, aos saberes populares, é imprescindível 
que o profissional de saúde tenha consigo a ideia da pluralidade de conhecimentos, 
respeitando as divergências de opiniões, deixando para trás a perspectiva do “saber 
dominante”. Desta forma, quebrando essa equivocada hierarquia, o educador passa 
a conversar com o educando em saúde e não ao educando, caindo por terra o 
enfoque à “verdade única” (ITO, 2018). 
Ao pensar em ações de educação em saúde, faz-se necessário o pensar 
pedagogicamente. Sendo assim, é preciso que o educador leve em conta as 
pessoas com as quais está a lidar, não apenas os dados de produção e indicadores 
de saúde. Para isso, o ESF tem um ponto positivo: a relação estreita construída 
entre os profissionais que trabalham na área e a comunidade do território de atuação 
(OLIVEIRA; COTA, 2018). 
11 
 
Para Paulo Freire, é dever do educador comportar-se de forma respeitosa 
frente aos conhecimentos prévios dos educandos, priorizando os diálogos, à ética e 
à aplicação prática do conteúdo trabalhado, afinal, é muito possível que o 
conhecimento prévio do educando seja proveitoso ao assunto (OLIVEIRA; COTA, 
2018). 
Ademais, Paulo Freire demonstra em suas obras a importância da visão 
holística em relação ao indivíduo, considerando sua face biológica, mas também 
psicológica, social e espiritural. Todas estas grandezas compõem o ser humano, e, 
ao abordar a educação em saúde com enfoque apenas à biologia, por exemplo, a 
capacidade de se conectar ao outro é reduzida. Além disso, utilizar outros recursos 
intensifica a ação, a atenção, o cuidado e a promoção da saúde e da cidadania 
(FREIRE, 2011). 
De acordo com Oliveira e Cota (2018), a educação popular em saúde à luz 
de Paulo Freire trata também da autonomia do indivíduo, do autocuidado com 
consciência, de modo que o liberte, tornando-o autônomo, ativamente responsável 
por seu processo de cura ou cuidado, sendo este processo transformador. Desta 
forma, a educação em saúde tem por objetivo também trabalhar com o educando o 
limiar entre saúde e doença, cuidado e descuido, assim como fragilidades e 
potencialidades. 
4.3 EDUCAÇÃO EM SAÚDE 
De acordo com o Ministério da Saúde, o conceito de promoção em saúde 
reside num composto de estratégias focadas na melhoria da qualidade de vida dos 
indivíduos e coletividades. 
Materializam-se por meio de políticas, estratégias, ações e intervenções no 
meio com a finalidade de atuar sobre os condicionantes e determinantes sociais de 
saúde, de forma intersetorial e com participação popular, favorecendo escolhas 
saudáveis por parte dos indivíduos e coletividades no território onde residem, 
estudam, trabalham, entre outros. 
As ações de promoção da saúde são potencializadas por meio da 
articulação dos diferentes setores da saúde, além da articulação com outros setores. 
Essas articulações promovem a efetividade e sustentabilidade das ações ao longo 
do tempo, melhorando as condições de saúde das populações e dos territórios. 
12 
 
4.4 EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE 
Segundo Gomes e Merhy (2011), o conceito de educação popular em saúde 
pode ser facilmente confundido com as antigas práticas sanitárias no Brasil, que 
traziam estratégias autoritárias, tecnicistas e biologistas, ignorando o saber popular, 
de forma vertical e de mão única. 
Entretanto, para os autores que se baseiam na educação popular em saúde, 
fica claro que a educação popular se sustenta na prática educativa e no trabalho 
social emancipatório do povo, com o objetivo de promoção da autonomia,formação 
de pensamento crítico e à cidadania participativa. 
Os meios para a materialização deste conceito são: problematização; 
amorosidade, refletida no cuidado com o outro; engajamento com a edificação do 
projeto democrático popular, nisso, dá-se o fortalecimento da equidade e 
integralidade; estruturação compartilhada de conhecimentos, considerando o saber 
popular e o saber científico, horizontalmente; diálogo e, por fim, a emancipação, com 
participação, reflexão e incentivo à autonomia. 
Desta forma, fica claro que a educação popular em saúde não visa que um 
povo modifique seus hábitos para que adotem práticas higiênicas e recomendações 
médicas que evitariam o desenvolvimento de um conjunto de doenças, por exemplo, 
mas adotar práticas que auxiliem a população a compreender as causas destas 
doenças e se organizarem para superá-las. 
4.5 PREVENÇÃO DO PÉ DIABÉTICO NA ATENÇÃO BÁSICA 
Ao falarmos sobre a prevenção do pé diabético no que concerne à Atenção 
Básica, é impossível dissociar a prática do tema autonomia. 
De acordo com Soares et al. (2007), o princípio da autonomia está 
relacionado também ao princípio da dependência, por isso, os autores classificam a 
temática como complexa. É impossível pensar no indivíduo como absolutamente 
autônomo. 
Desta forma, os autores defendem que a autonomia tem início no 
fortalecimento das relações entre paciente, profissionais da saúde e familiares, 
formando uma teia de cuidado e troca de experiências, fundamentais para a 
manutenção da cidadania e da saúde. 
13 
 
É necessário que o profissional de saúde supere a dinâmica paternalista 
sobre o paciente, encorajando a autonomia deste à medida que o processo 
terapêutico avança. 
A troca entre paciente, profissional e família durante o processo terapêutico 
é de extrema necessidade, uma vez que inclui o saber técnico, o apoio e o afeto, 
que, juntos, fortalecem a autonomia daquele que precisa do cuidado. Entretanto, é 
necessário observar que esta relação não deve presumir sujeição de quem está 
fragilizado, muito pelo contrário, este deve ser sujeito ativo no decurso. 
(SOARES et al., 2007). Desta forma, é papel do profissional de saúde promover e 
incentivar a autonomia e o empoderamento do paciente durante o processo de 
educação em saúde. 
No que concerne, especificamente, ao pé diabético, é papel do profissional 
de saúde da Atenção Básica engendrar estratégias que orientem os indivíduos 
portadores do DM à prevenção de agravos na saúde. 
De acordo com Araújo (2011), as complicações que envolvem o pé diabético 
atingem principalmente pacientes idosos com mais de dez anos de diagnóstico da 
DM e que não mantém as taxas de glicose controladas pelos métodos terapêuticos 
propostos, seja por maus hábitos, desinteresse ou não compreensão da doença. 
Lamentavelmente, nos casos em que a DM não tem suas condições clínicas 
controladas, os agravos nos pés podem levar à amputação, o que sugere mudanças 
drásticas na vida do paciente e de seus familiares. 
A fim de evitar estes agravos, os profissionais da Atenção Básica têm papel 
fundamental na prevenção e promoção de saúde, com enfoque no autocuidado, 
possibilitando que o paciente exerça o protagonismo no processo, apropriando-se de 
conhecimentos que o auxiliarão a enfrentar de maneira positiva a situação (ARAÚJO 
et al., 2011). 
Para que haja boas propostas de promoção de saúde, é necessário que todos 
os profissionais envolvidos sejam capacitados para tratar do assunto, sendo assim, 
imprescindível que a unidade trabalhe com a educação continuada, que consiste em 
um programa de formação e desenvolvimento dos recursos humanos que objetiva 
manter a equipe em um constante processo educativo, com a finalidade de 
aprimorar os indivíduos e consequentemente melhorar a assistência prestada aos 
usuários. Ela pode ser entendida como a elaboração de uma experiência formal da 
pessoa, para Mariotti (1995), a educação é um processo contínuo e continuado que 
14 
 
só a morte pode interromper; caracteriza-se por ser um processo de incessante 
busca e renovação do saber fazer. 
 Os profissionais, por meio da educação continuada que lhes permite o 
acompanhamento das mudanças no decorrer de sua profissão, são mantidos 
atualizados, podendo aplicar novas melhorias no seu trabalho e qualificando-se, 
favorecendo o seu desenvolvimento e sua participação eficaz na vida da instituição. 
Para Leite e Pereira apud Davim, Torres e Santos (1999) a educação continuada é 
definida como um processo que propicia novos conhecimentos, capacitando o 
funcionário para execução adequada do trabalho, e preparando-o para futuras 
oportunidades de ascensão profissional tendo como objetivo o crescimento 
profissional e pessoal. 
No que tange aos métodos de prevenção ao agravamento do pé diabético, a 
Sociedade Brasileira de Diabetes (2015) sugere algumas práticas que envolvem o 
autocuidado, sendo elas: diariamente, examinar os pés em um lugar com boa 
iluminação, a fim de detectar frieiras, cortes, calos, rachaduras, férias ou alterações 
na cor, e caso seja necessário, pedir a outra pessoa para fazê-lo ou utilizar um 
espelho; conservar os pés sempre limpos e secos, utilizando água em temperaturas 
amenas para fazê-lo e uma toalha macia sem esfregar a pele; faz-se necessário 
manter a pele sempre hidratada, entretanto, é importante não utilizar cremes no 
meio dos dedos ou ao redor das unhas, a fim de evitar a proliferação de bactérias e 
fungos; ao usar meias, optar sempre por aquelas sem costura e de tecido macio 
como algodão ou lã, evitando os sintéticos; sempre que for fazer o corte das unhas, 
antes lavá-las e secá-las, utilizar ferramentas apropriadas, fazer o corte quadrado 
com laterais levemente arredondadas e nunca tirar as cutículas; dar preferência a 
profissionais especializados para cuidar dos pés, como podólogos (as); utilizar 
sempre sapatos fechados, manter os pés protegidos por calçados macios e 
confortáveis com solado rígido, evitando saltos altos e finos; evitar calçados 
apertados, de materais como plástico e couro sintético, evitar pontas finas; sempre 
optar por calçados ortopédicos. 
 
5 PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE 
 
15 
 
Com todos os profissionais capacitados para abordar a temática, os Agentes 
Comunitários de Saúde (ACS) serão os responsáveis por convidar e articular a 
adesão dos pacientes nas ações de educação em saúde. 
Tal proposta terá como público alvo os portadores de DM que apresentam 
mais riscos, de acordo com o conhecimento prévio da clientela. 
Os grupos deverão conter até 15 pessoas, de modo a tornar a ação 
educativa mais horizontal e possibilitar trocas a comunicação adequada entre os 
profissionais e os pacientes. Para isso, a equipe poderá contar com recursos visuais, 
impressos, vídeo e áudio. 
Os grupos operativos contarão com temáticas variadas que abordem 
mudanças no estilo de vida, nutrição, atividade física e cuidados com os pés, 
sempre prezando pela autonomia e autocuidado dos indivíduos. 
As reuniões acontecerão semanalmente, sendo possível aproveitar os dias 
específicos de visitas dos pacientes à unidade – o HIPERDIA – para realizar as 
oficinas educativas em sala de espera. 
 
TEMA: PREVENÇÃO DO PÉ DIABÉTICO NA ATENÇÃO BÁSICA 
DATA OBJETIVOS 
ESPECÍFICOS 
CONTEÚDO DESENVOLVIMENT
O METODOLÓGICO 
RECURSOS 
DIDÁTICOS 
AVALIAÇÃO TEMPO 
De 
04/03/2
021 à 
25/03/2
021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conscientar o 
público alvo sobre a 
importância do 
autocuidado no que 
tange ao DM; 
 
Estimular à auto-
observação; 
 
Incentivar a adoção 
e práticas de bons 
hábitos de vida; 
 
Promover métodos 
de prevenção a 
agravos nas 
condições dos 
portadores de 
diabetes mellitus no 
que concerne à 
ulcerações e lesões 
nos membros 
inferiores; 
 
 
 
Diabetes: um 
cuidado que 
envolve 
paciente, 
família e 
profissional de 
saúde;Autocuidado e 
autoestima: a 
importância do 
cuidar de si; 
 
Atividade física 
e dicas para 
uma 
alimentação 
saudável; 
 
Métodos para 
cuidados com 
os pés. 
 
 
Serão 4 reuniões com 
grupos operativos 
com até 15 pacientes, 
ministrados pelo(a) 
enfermeiro(a), 
técnico(a) de 
enfermagem, 
médico(a) e ACS. Nas 
reuniões, serão 
discutidos os temas 
propostos, 
incentivando a 
participação e 
cooperação dos 
pacientes, 
observando seu 
conhecimento prévio 
acerca do assunto 
através de pré-testes, 
problematizando a 
temática e instigando 
às dúvidas e 
perguntas. Ademais, 
serão fornecidos ao 
final das reuniões 
folhetos com as 
partes mais 
importantes da 
reunião, a fim de que 
o paciente leve para 
casa para relembrar o 
que foi discutido. 
Rodas de 
conversa; 
cartazes e 
folhetos 
informativos. 
Pré-testes, pós-
testes e 
depoimentos ao 
final das ações. 
40 
minutos 
de 
reunião. 
 
 
16 
 
ANEXOS 
1) Pré-teste/pós-teste 
 
INICIAIS: ________________________________ 
 
SEXO: ( ) MASCULINO ( ) FEMININO 
 
IDADE: ______________ 
 
 
1) Pra você, quem é o responsável por cuidar da sua diabetes? 
 
a) Somente eu sou o responsável; 
b) Minha família é responsável por cuidar de mim; 
c) Os médicos e o pessoal do ESF são os responsáveis; 
d) Eu, minha família, os médicos e o pessoal do ESF, todos juntos. 
 
2) Pensando no seu dia a dia, quanto você cuida de si mesmo? Assinale as 
afirmações que fazem sentido para você 
 
( ) Tomo os remédios nos horários certos; 
( ) Confiro minha glicemia regularmente; 
( ) Mantenho uma alimentação balanceada; 
( ) Evito comer muito açúcar; 
( ) Pratico atividade física; 
( ) Sempre confiro meus pés, para checar se há alguma lesão; 
( ) Mantenho meus exames em dia; 
( ) Sempre esclareço minhas dúvidas com a equipe do ESF; 
( ) Sempre procuro informações sobre o diabetes; 
( ) Mantenho minha família informada sobre minhas condições de saúde; 
( ) Evito consumir alimentos industrializados; 
( ) Evito seguir receitas de curar milagrosas que recebo pelo celular; 
( ) Coloco minha saúde como prioridade; 
( ) Evito consumir álcool; 
( ) Evito fumar. 
 
3) Quais são as atitudes que você deve tomar para cuidar dos pés no dia a dia? 
 
( ) Utilizando sapatos confortáveis; 
( ) Mantendo os pés secos após o banho; 
( ) Hidratando os pés com cremes; 
( ) Cortando as unhas com cuidado, sem cutucar; 
( ) Usando sapatos fechados, para proteger os pés de ferimentos; 
( ) Inspecionando os pés todos os dias para procurar alguma anormalidade; 
( ) Conversando com a equipe do ESF caso haja alguma dúvida 
( ) Evitando retirar a cutícula 
17 
 
 
4) Quais alimentos você deve evitar para que a sua alimentação seja 
considerada saudável? 
R: __________________________________________________________ 
 
____________________________________________________________ 
 
_____________________________________________________________ 
 
 
5) Manter uma rotina de exercícios físicos auxilia no controle da diabetes? 
 
( ) Auxilia muito 
( ) Auxilia pouco 
( ) Não auxilia em nada 
 
6) Envolver toda a família no tratamento auxilia no controle da diabetes? 
 
( ) Auxilia muito 
( ) Auxilia pouco 
( ) Não auxilia em nada 
 
 
2) CARTAZ DE CONVOCAÇÃO 
 
 
18 
 
3) FOLHETO INFORMATIVO 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARAUJO, C. P. A educação em saúde como estratégia multiprofissional para 
prevenção do pé diabético em uma Equipe de Saúde da Família. Universidade 
Federal de Minas Gerais. 2011. MG. Disponível em < 
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/registro/A_educacao_em_saude_co
mo_estrategia_multiprofissional_para_prevencao_do_pe_diabetico_em_uma_Equip
e_de_Saude_da_Familia/459> Acesso em 15 de fevereiro de 2021. 
 
BOROCHOVICIUS, E; TORTELLA, J. C. B. Aprendizagem Baseada em Problemas: 
um método de ensino-aprendizagem e suas práticas educativas. Ensaio: aval. Pol. 
Públ. Educ., Rio de Janeiro, v.22, n.83, p.263-294, abr/jun. 2014. 
 
CANDAU, V. M. (Org.). Reinventar a Escola. Petrópolis: Vozes, 2000. 
 
COSTA, J. J. S. A educação segundo Paulo Freire: uma primeira análise filosófica. 
 
THEORIA, Revista Eletrônica de Filosofia. Pouso Alegre, 2015, p. 72-88. 
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