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Alessandra Araujo de Sousa Noturno O filme retrata o drama do pequeno vilarejo de Javé, que será destruído e utilizado subsequentemente como local para a construção de uma barragem, o que acarretara na retirada dos moradores de sua terra natal. Na tentativa de evitar a realização do projeto, os habitantes recorrem a Antônio Biá para ouvir os relatos e escrever um livro sobre a história do povoado. O primeiro a contar sua versão dos fatos para Biá, seu Vicentino, descreve Dalécio, o fundador da cidade e segundo o personagem seu ancestral, como um herói imaculado e valente que guiou seu povo até Javé. A segunda a ser entrevistada é Deodora, que traz à tona a figura feminina de Maria Dina, que de acordo com a moradora teria tido um papel fundamental para a fundação e descobrimento da cidade. Posteriormente, o protagonista ouve o relato de um líder quilombola que declara que Dalécio , na verdade se chamava Indalécio e que o mesmo era um homem negro que estava à procura de sua terra natal na África e que Maria Dina era Oxum, entidade presente na Umbanda e no Candomblé. Portanto, o longa metragem discuti sobre as diferentes narrativas que são criadas para contar uma única história e como as mesmas se modificam conforme a crença, ancestralidade e gênero dos narradores que ao descrever os eventos históricos colocam seu ponto de vista sobre os acontecimentos, alterando os fatos, concomitantemente ocasionando uma disputa para determinar qual declaração será legitimada. Ademais, o filme promove a reflexão sobre a valorização da cultura e o preço do progresso.
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