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Psicologia fenomenologica - Resumo

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PSICOLOGIA FENOMENOLOGICA 
 
1ª aula – 22/02/2016 
Apresentação do Plano de ensino 
2ª aula – 29/02/2016 
-Hegel: precursor da fenomenologia. Trouxe discussões como fenomenologia do espírito, falando 
de algo diferente que o ser humano tem e não adianta a ciência ficar cartesiando. Pessoas 
acharam que ele estava “se perdendo”. A sensibilidade que temos é, muitas vezes, ignorada pela 
ciência. O “diferente” é a intuição. Ciência não dá crédito para isso, pois não é “provável”. 
 
-Husserl: vem da matemática e sistematiza (objetiva) as ideias de Hegel, tentando criar um método 
para se portar diante de um indivíduo. Propõe uma reformulação ao olhar da Psicologia trazendo 
a noção de intencionalidade e o método fenomenológico como leitura para se compreender o 
fenômeno. 
-Não agimos ao acaso, para tudo há um motivo. A Psicologia conversa com quem age. O desafio 
é que nem sempre a pessoa sabe a intenção. Temos responsabilidade pelos nossos atos, mesmo 
não sabendo. Utilização do método fenomenológico para que a leitura do outro seja embasada. 
-O método fenomenológico propõe cuidados para não interferir no tratamento. 
-Intencionalidade, movimento que nos induz a atitude e respeito ao método. 
-Abona (no sentido de não ficar preso a; se aventurar a conhecer o indivíduo independente da 
queixa, não ficar encaixando-o nas teorias prévias que já temos conhecimento) a ideia de uma 
teoria prévia do conhecimento humano, propõe sim uma abertura ao conhecimento e à 
descoberta do ser. 
-Causa insegurança porque não oferece uma prática que conduza a procedimentos 
predeterminados, parecendo ser muito livre, o que pode gerar falta de cuidado. 
-A fenomenologia não nega que os transtornos existam, mas além deles, existe uma pessoa. É 
necessário investigar e não partir para a comodidade de classificar, enquadrar. 
-As técnicas fenomenológicas são sustentadas no seu estudo e aprimoramento para se adaptar à 
realidade da pessoa (como se portar, como formular uma pergunta). Trabalha muito com a 
experienciação (ajudar que o sentimento apareça, além da explicação intelectual). Não é uma 
técnica predeterminada, e sim construída através dos nossos conhecimentos. 
 
-Ser-aí: ser no mundo se relacionando consigo e com os outros (vivendo). 
-Ser-com-os-outros: ser se relacionando com os outros. 
-Ser-para-o-fim: ser em contato com a morte. 
-Ser-em: ser para o mundo e relação com temporalidade. 
 
Principais ideias de Husserl: 
-Ressalta a importância de um método de estudo do ser-aí com rigor e cautela: cuidado com 
predefinições. As perguntas devem ser exploratórias, não direcionar a algo “esperado”. 
-Enfatiza a intencionalidade como mobilizadora do ser e necessária de se conhecer, adotando-se 
postura “analítica” e “reflexiva” para se chegar às coisas mesmas (essência, origem): a análise é 
construída na relação com o outro, a partir do que ele diz (e não ao que achamos). Não é o que a 
teoria afirma, e sim o que a pessoa fala e vivência. O importante é fazer sentido para a pessoa. 
-Acredita que o ser não é estático, mas sim se constitui a partir das vivências e sentidos atribuídos 
por ele no decorrer de sua vida. 
-Abandona a concepção naturalista do ser humano para a adoção de uma atitude antinatural ou 
epoché (atitude antinatural que evita o pretenciosismo), mas dar ênfase aos fenômenos que se 
manifestam e abandono da atitude natural e ingênua: a concepção naturalista pode ser 
exemplificada pelo mau uso da teoria de Piaget (classificar todos por fases ou estágios). Devemos 
 
2 
estar abertos aos fenômenos que acontecem (aprender a olhar para pessoas e compreendê-las). 
O naturalista fragmenta quando estabelece categorizações. A ciência se baseou no natural 
(previsível, controlado). Temos que tomar cuidado com esta visão simplista. 
 
Principais ideias de Husserl a respeito da Psicologia: 
-Propõe no método a suspensão temporária dos pressupostos e ideias prévias e abertura a 
descoberta do ser e sua dinâmica permanente. 
-Inicia com uma crítica à ciência e sua conduta limitada diante do ser: excesso de objetividade e 
pouca contribuição prática dessa ciência. A pergunta da fenomenologia é “como acontece?” E 
envolve a exploração para a pessoa. A razão surgirá depois. 
-A ênfase na busca da verdade absoluta no fazer científico, à necessidade de mensuração dos 
fenômenos psíquicos e à atribuição de natureza psicofísica ao seu objeto de estudo. Daí quase 
sempre inferirem acerca dos fenômenos. A crítica da fenomenologia é que a ciência tradicional se 
apegou demais a isso. 
-Dois caminhos propostos: 
1) Redução eidética: busca da essência das coisas, do que é invariável (repetição comum de a 
pessoa trazer), redução ao que é. Como uma limpeza dos atos para se aproximar do indivíduo. 
Tentar ao máximo chegar à essência. A repetição / invariável não é o que não muda, mas o que 
nos chama atenção, que se repete muitas vezes na pessoa (sentimento, comportamento). 
 
2) Redução fenomenológica: suspensão de concepções, julgamentos diante da compreensão do 
fenômeno, atendo-se às evidências que se apresentam à consciência. Usamos a consciência (de 
estar aberto a algo, abertura a determinadas experiências), seguido pela intencionalidade de 
responder a experiência. 
 
3ª aula – 07/03/2016 
Senso comum 
-Apego a vivências pessoais (nos apegamos porque somos humanos), 
conhecimento ambíguo e duvidoso, conhecimento adquirido do que se observa (a partir do que 
vemos, fazemos generalizações). 
 
Conhecimento científico 
-O ser humano enquanto passivo e previsível (podemos estudar), trata-se de um fenômeno 
fechado possibilitando a criar leis universais (previsíveis a partir da caracterização dada pela 
ciência, radicaliza quando agimos a partir de suas teorias) e separação entre mente e 
corpo e atribuições causais (causa e efeito). 
 
-A fenomenologia questiona a ciência quanto a esses pontos. 
-Para a ciência moderna, o senso comum não é um desperdício, levanta questões importantes. 
-Benefícios da ciência tradicional: rigor, cuidado, sistematização para controle e a razão de fazer. 
-O psicólogo deve controlar o senso comum e, ao mesmo tempo, é um pesquisador em qualquer 
contexto. 
-Nem sempre o sentido que damos a uma palavra ou expressão é o mesmo que a pessoa vive. 
Temos que entender o sentido que a pessoa atribui aquilo. 
 
-O psiquismo não é determinado previamente, a consciência se realiza por meio de seus atos e dos 
sentidos a ele atribuídos. 
-Compreendemos a existência de tal forma que para nós não é necessário acrescentar a ela 
aquela estrutura interna chamada psiquismo, a qual só seria necessária se nossas concepções de 
homem e mundo se fundamentassem no pensamento tradicional da metafísica, que separa 
homem e mundo, mente e corpo, sujeito que conhece e objeto do conhecimento. 
-Pistas são sempre pistas. A fenomenologia tira a centralização do psicólogo. O problema é afirmar 
em relação a pista. 
-Sartre: “o sujeito emocional e o objeto da emoção estão unidos numa síntese indissolúvel”. 
 
3 
-Crítica ao determinismo psíquico e a teoria respectiva (experimental, comportamental). Partimos 
do princípio de compreender o sentido para a pessoa. 
-Metafísica: h-m (como se houvesse cisão). Temos que olhar para essas coisas e aprender a lidar 
com isso. 
- “Todas as coisas que são carregam nelas o seu ser. Se não for assim, não poderia se manifestar, 
não existiria, seria vazia”. 
-Se for o que o outro quer, será vazio. 
 
-Heidegger: se precisamos buscar a origem das coisas para entender o sentido das coisas. 
-Propôs a compreensão do ser humano. 
-O homem em busca de si mesmo: nós nos buscando na vida. 
 
Quem é o objeto de conhecimento? 
- “A investigação é vista (...) como todo querer saber querer compreender que se lança um olhar 
interrogativo em direção aquilo que o apela, que o afeta, que provoca a sua atenção e interesse”. 
- O homem em busca de si mesmo. 
-A interrogação deve ser constante em direção a nós e ao outro. 
-Buscar as coisas mesmas. 
-Cuidado com o que provoca suaatenção ou interesse para não conduzir para um só caminho. 
 
-Essência: o que é o que é; consciência: o que se quer dizer. 
-Preservação da essência: redução eidética. 
-O que é para a pessoa, não para o psicólogo. 
-Consciência é o primeiro alerta para responder a situação. 
-Chegando na essência, tem acesso aos atos da consciência e então na intencionalidade (o que 
quer dizer). 
 
-Compreender a ontologia do ente homem, seu modo de ser e de conhecer. 
-Como conhecer? Quais recursos para não ser tendencioso e responder as próprias questões? 
 
-Como colocar algum questionamento sujeito a investigação? Para não ser tendencioso. 
-Como formular perguntas? Perguntas abertas para chegar à essência. Evitar tendência. 
-Ente: humano, indivíduo. 
-Ser: sentido, maneira de viver, tom que damos para a vida. Dá o tom para o ente. 
-Unindo Ser e Ente, teremos um Ente seguido de um Ser-aí (que se relaciona com o mundo). A 
ciência ficou muito no Ente (mais acessível). A Fenomenologia propõe se aproximar do Ser. 
-Ontologia: ciência que estuda o Ser (busca a essência, origem e olha para dentro). Não faz 
generalizações, não faz das suas hipóteses e teses generalizações porque cada um é um. 
-Modo de ser (como o ente é) e conhecer (como é o tom dele). 
 
-Que cuidados precisamos ter? Os instrumentos beneficiam ou impedem o conhecimento, a 
compreensão? Depende do modo de utilização, quais instrumentos e com qual objetivo. 
-A fenomenologia propõe uma investigação que interrogue a ações humanas orientadas para a 
descoberta do homem mesmo, seu estar-sendo-no-mundo. 
-Para Husserl, reduções eidética e fenomenológica, mas e na prática? É importante questionar para 
não influenciar. 
 
Metafísica 
-O ser está separado do ente. 
-Ele é a essência, é patente, visível a partir da ideia que se tem dele. 
-O conceito dele nos aproxima da permanência. 
-Visão naturalista. 
-Metafísica se distancia da essência. 
 
Fenomenologia 
-O ser e o ente não estão separados. 
-O ser é o que aparece, o que se manifesta. 
-O ser não é permanente (ele aparece e desaparece). 
-A aparência é o estado de vir-a-ser da existência. 
 
4 
-Se o ser e o ente não estão separados, devo buscar o sentido (no ser). 
-Aparência: o que vem, o estado da pessoa, que tem a ver com a existência dela. 
 
 
-O que representa então o olhar fenomenológico? É estar livre para abrirmos para o outro (cliente). 
Abertura esta que pressupõe conhecermos quem somos (psicólogos) e como somos, nossos valores, 
crenças e nosso posicionamento diante do mundo, nossos preconceitos... assim teremos uma 
atitude de abertura ao outro. 
 
4ª aula – 14/03/2016 
-A origem do pensamento está na angústia na dúvida e na incerteza da própria condição. 
-Fenomenologia: um ponto de vista é apenas um ponto de vista (relatividade). Tudo é uma 
condição provisória do ente se manifestar. Nada é definitivo, há a possibilidade de mudança. A 
relatividade está ligada ao que somos. Ser humano é complexo. 
-Metafísica: só há um modo de pensar as coisas. A lógica distancia-se do sentido. A relatividade é 
algo a ser superado. 
-O ser-aí está o tempo todo lidando com angústias (vêm quando estamos instáveis / nos 
questionamos sobre questões da vida / vem como propulsora de movimentos dentro de nós / é tida 
como problemática e a ignoramos, ao invés de ouvi-la). Se ela se torna frequente, pode nos levar 
a problemas sérios. 
-Visões antagônicas (fenomenologia e metafísica): uma necessita de uma conclusão/certeza (isso 
faz perder a essência – movimento de ser-aí de se refazer, reconstruir). 
 
-O modo de pensar atua sobre o modo de ser do ente. A forma como somos, nossos valores, nossos 
paradigmas atuais influenciam nosso modo de ser. 
-Ocidente: hábitos, maneiras de conduzir a vida. O ocidente interfere no nosso modo de ser (pode 
aumentar angústias pelas manipulações da cultura). Faz um movimento contrário à saúde e, se não 
seguir, será cobrado. Não vamos negá-lo, e sim entendê-lo. 
-Fenomenologia opõe-se a negação buscando apontar o ser no mundo à abandonar os vícios do 
olhar pois o sentido de tudo pode mudar (necessário ter uma abertura para ouvir o cliente, o que 
tenho certeza agora, pode fazer repensar outros conceitos). 
 
- “O ser das coisas (...) está no lidar dos homens com as coisas, no falar, entre si, dessas coisas e no 
modo de lidar com elas...”. 
-O que Heidegger vem propor: rompimento com olhar que busca a relação entre sujeito e objeto 
do conhecimento, redefinindo compreender para o ser; interpretar o que está menos aparente 
para o próprio ser a partir da experiência. 
-Heidegger propõe sujeito-sujeito (e não sujeito-sujeito). Com um movimento de abertura, duas 
pessoas irão se encontrar, irão se conhecer juntas. Deixa o psicólogo vulnerável e com receio de se 
perder, pela proximidade. Relação entre sujeito e objeto envolve uma relação hierárquica (um que 
conhece e outro que será conhecido). 
-A Fenomenologia não exclui as teorias do comportamento humano. Estando aberto, saberá que o 
fenômeno é maior do que pareceria se estivesse fechado (não só o que observo, mas tudo que 
emerge quando falamos, sentimos, percebemos, pensamos). 
O que representa Ser para a Fenomenologia? 
-Não exclui o que já existe, mas da Essência ampliando olhar os diferentes fenômenos; 
-Afasta o olhar para as explicações já existentes, mas uma prática investigativa, curiosa e cuidadosa 
dos fatos; 
-Causa insegurança porque não oferece uma análise que conduza a procedimentos e ao mesmo 
tempo parece ser mais livre, o que pode gerar uma ausência de cuidado; 
-Evita-se a antecipação diagnóstica dos fatos, buscamos o diferencial e o significado para aquela 
pessoa; 
-O presente está relacionado ao passado e futuro. 
 
-Cuidado com a ausência de cuidados. 
-Heidegger observa a relação entre existir e nossa maneira de nos colocar no mundo. 
 
5 
-O tempo presente nos coloca em contato com o tempo passado (questões passadas se projetam 
no presente/futuro). 
 
-Ente: ser (pessoa, sujeito, indivíduo). Ele é o significado da expressão. Nos ajuda a ter acesso aos 
sentidos. 
-Dasein: Ser-aí (Ser-no-mundo). Ser, o que nos causa interesse, o que está em questão. Mundo é o 
onde é o como as coisas são para o ser. O ser dá sentido à expressão. Ente com a sua essência. 
Causa interesse para a Fenomenologia porque traz a essência, os sentidos e como cada um 
vivencia suas experiências. 
-Mundo: onde os fatos estão acontecendo. O Ser se relaciona com essas coisas a partir do sentido 
dele (sentido a expressão, ao vivido, ao que é de fato). 
 
-O ser é a própria existência: “...nós não apenas somos, mas percebemos que somos. E nunca 
estamos acabados, como algo presente, não podemos rodear a nós mesmos, mas em todos os 
pontos estamos abertos para o futuro (...) estamos entregues a nós mesmos. Somos aquilo que nos 
tornamos”. 
 
5ª aula – 21/03/2016 
Ser para a Fenomenologia 
-Opõe-se ao paradigma da ciência tradicional: quantificação, previsão e controle - objetividade 
dos fatos (objetivo, observável, palpável). 
-Oferece um olhar minucioso a realidade que se apresenta, realidade esta não somente observável, 
mas sentida, vivida. Não ficar só no que vemos, mas sim abrir os olhares para ter acesso a essência 
do ser. 
-Ênfase na experiência e na sua representação para o ser que a vivência. Busca do sentido para a 
pessoa que está experienciando. 
 
-Há relação íntima entre o ser e o tempo. O que nos torna vulneráveis, angustiados. 
-A angústia leva a pergunta, a experiência do sentido do ser, do sentido do seu ser. 
-A angústia desnuda o ser, tornando-o livre para escolher-a-si-mesmo e apreender-a-si-mesmo. 
-Diante da vulnerabilidade, vem a angústia. Mas também é propulsora de mudanças. 
-Diante da angústia, ficamos aflitos por perceber que não temos controle de tudo e ficamos livres 
para decidir (ser livres). 
-O mundo cria angústias para o sujeito. 
-Angústia da liberdade: decisão do sujeito em participar ou não. Como reagir a angústia do mundo? 
 
- “...Não se deve falar sobre o fenômeno,mas é preciso escolher uma postura que permita ao 
fenômeno mostrar-se”. A postura é mais importante que o fenômeno. 
 
- “À maneira fenomenológica, ele (Heidegger) se indagara que postura devo escolher para que a 
vida humana possa se mostrar em toda sua singularidade...”. 
 
Princípios da hermenêutica 
-Hermenêutica: ciência voltada para a interpretação (como ela se dá?). 
-Princípio da experiência: é temporal e refere-se à própria atitude que temos com a vida que 
vivemos. Acompanha o momento vivido, sofre influências e está ligada a como vivência. Tudo parte 
da experiência de cada um e da vivência de cada um sobre essa experiência. 
-Princípio da expressão: de vida, o que não significa dizer que seja o símbolo (sentimento) do que 
vivemos, mas o espelho da marca da vida no interior do homem. São sentidos que damos para 
diferentes coisas, o que não representa necessariamente nossos sentidos. Somos o que nós sentimos, 
vivemos. 
-A emoção é biológica. O sentimento é a interpretação dada ao que ocorre internamente. A 
afetividade é o processo que envolve a relação com o outro. 
-Princípio da acessibilidade: fazer a existência ser acessível a ela mesma (o ser-no-mundo para si 
mesmo). Formular perguntas que o ajudem a chegar a ele, e não às respostas que esperamos. 
 
6 
-Cuidado para não ficar focado na queixa e na necessidade de responder ao outro o que ele veio 
buscar. Devemos estar abertos para suspender a queixa e entender quem é o ser-aí e o sentido que 
estão atribuindo às situações. 
 
-A Fenomenologia propõe uma diferenciação no olhar. 
-A objetividade, a pré-disposição teórica, cega para a manifestação do ser. 
- “A postura objetiva desvivencia a vivência e desnuda o mundo que encontramos”. 
-Pressupõe a “arte de estar atento do Dasein para si próprio”. 
-Ser-em: em relação com o mundo, com o outro e com si mesmo. 
 
-A angústia provoca o medo no contato com a revelação do próprio ser / desnudado, 
desprotegido (dele mesmo). Desse nada, surge o ser possível. 
 
6ª aula – 28/03/2016 
-No ser-em, falamos do mundo interno (relação com nós mesmos) e externo (relação com as 
pessoas). 
-A angústia provoca medos. 
-Temos que ter um respeito muito grande a respeito de como a pessoa age em relação a angústia. 
Reconhecer o caminho percorrido. 
-Na insegurança do ser poderia ser transporta a segurança do saber. 
-Ser-no-mundo como homens é habitar está e nesta inospitalidade, que se lhe apresenta em forma 
de mundo. O mundo nos coloca em situações de vulnerabilidade, portanto é sempre inóspito. 
-Da angústia a descoberta do ser-para-o-fim! A possibilidade e impossibilidade da própria 
existência. Ao descobrir a mim mesmo, me deparo com uma possibilidade ou impossibilidade de 
mudança, cada um lida da sua forma. 
-Encontro consigo mesmo / com a própria finitude do ser. 
 
Sartre 
-O homem está condenado a ser livre, por isso carrega nos ombros o mundo inteiro. 
-Tudo é feito pelo homem. 
-Cada pessoa é uma escolha absoluta. 
-O homem se encontra só (mesmo compartilhando nossos sentimentos com o outro). Só diante das 
escolhas, da responsabilidade. As pessoas não substituem nossa relação com nós mesmos. Não 
adianta conviver com os outros sem uma relação consigo mesmo (necessário ter valores, 
personalidade). 
 
-Olhar para o paciente requer reconhecer os seus movimentos de propriedade (dar conta, chegar 
onde almejo ser melhor) e impropriedade (momentos de instabilidade). 
-É preciso considerar os caracteres fundamentais do Dasein: compreensão (abertura para a própria 
experiência e estar aberto a sentimentos, sensações e sentidos que irão emergir dela e estar aberto 
ao que acontece em nós e tomar decisões), afinação (alinhar nossos sentidos e experiências com 
o mundo, mas como fazer isso com as demandas da vida?), temporalidade (pressão do tempo), 
espacialidade (atividade que definimos para fazer, o quanto tenho de reserva para aguentar 
determinada situação), corporeidade (corpo é o maior instrumento para lidar com tudo isso), ser-
com (expectativas com os outros), o cuidado (nascemos com a preocupação de cuidarmos de 
nós mesmos, por isso sentimos culpa), a queda (escolhas que fazemos da vida, que nem sempre 
dão certo), o ser-mortal (somos finitos). 
 
Nosso desafio 
-Conhecer o ser que aparece e desaparece (as vezes nos vemos e outras vezes não). 
-Questões que podem ser feitas: a partir do que está dizendo agora, o que mais pode estar 
implicando? Que modo de Ser-no-mundo é esse que possibilita que tal coisa exista nele? Em que 
chão isso se assenta? Para onde isso aponta? Junto a que outros significados isso que ele diz faz 
sentido? Que manifestação corporal acompanha sua fala? 
-A dinâmica da compreensão envolve noção de tempo (tudo acaba, limite do “até onde?” – com 
os outros). 
 
7 
-Aumento do poder: abertura: o Dasein se revela na possibilidade de fazer escolhas. O Ser-aí se 
torna visível a partir do momento que temos que fazer escolhas, entramos em contato com o existir. 
-Quanto maior os limites do poder, mais complicada a responsabilidade. 
-Até onde com os outros, nos fala da distância nossa em relação ao outro e do outro em relação a 
nós. 
-Até onde revela a possibilidade de poder ser ou da própria perda. 
 
-A morte impõe sobre o ser humano a impotência. Ela convence o homem da finitude da vida. 
Porém na memória do tempo nada acaba. Tudo o que foi é. Nós passamos, mas nosso ato fica. 
-O sofrimento é condição humana. Não há como viver sem ele. O que importa é a atitude que 
temos diante dele. 
-Culpa: nos perdemos diante desse sentimento; nos culpamos pelo que cometemos e pelo que 
deixamos de ter feito. 
 
-O outro nos apresenta a nós mesmos através do espelho (me descubro por que o outro me vê). 
-Somos seres que nos constituímos na e a partir da relação com os outros. 
-Questionar: que tipo de relações são estabelecidas? Como nós colocamos nessas relações? Quais 
as formas de comunicação estabelecidas? 
-Qual o papel do outro na figura do terapeuta? 
 
-Conhece o outro possibilita identificar a relação de projeção dentro do outro (transferência e 
contratransferência). 
-Temos um duplo de si (eu e o outro, relação complexa, através do outro vê a si próprio). 
-O olhar provoca respostas (o olhar dá o feedback). 
 
-Observar os papéis assinados, sonhos, possibilidades quando buscamos os sonhos e a vida, 
trajetórias e caminhos que estamos construindo para alcançar esses sonhos. 
 
7ª aula – 04/04/2016 
-Sentido: o que me move? Como nós organizamos, regate da história pessoal (quando me organizo, 
olho minha rotina, olhamos a vida pessoal por inteiro), o que busco quando faço as coisas que 
faço? Retomada da questão: qual é o sentido da vida? 
-Olhamos para a vida para fazer uma escolha agora. 
 
-Quem sou eu? Quais necessidades, como me sinto, o que gosto ou não? A pergunta incomoda, 
vem angústia e cobrança (será que sou quem queria? Fiz isso, fiz aquilo). 
-Qual o sentido da minha vida? Sentido no mundo, sentido dos outros na minha vida. 
-Que sentido tenho nessa vida? Relevância nossa para o mundo. 
-Descobrir o que quero fazer daqui para frente. 
-Condição do Dasein: ser em busca do seu eu, relacionado ao vivido. 
 
Trajetória da autora 
-Filosofia: se deparou com questionamento da própria vida; questionou os cuidados com a própria 
existência, quais recursos utilizava para cuidar de si e das pessoas. 
-Heidegger: exercício do próprio pensamento (compreender o próprio pensamento, sem ignorá-lo, 
libere o pensamento para você mesmo para ter acesso a quem você é). 
-Arendt: a partir do depoimento dos alunos repensar o sentido da ação (o que pensa a respeito da 
dúvida do aluno, promovia uma auto reflexão que modificava sua ação). 
-Ambos podem levar a uma mudança de atitude. 
 
-Reflexão: retorno ao já visto (reformulação do vivido – ação). Olhar para o que já foi visto e vivido, 
não é superficial (demanda um certo tempo). Demanda reformulações. 
-Primeiro movimento do pensar: “desenvolvimento da essência ou das verdades primeiras” – não há 
compromissoprático. Olho para o que conduzo, sem ter antes parado para refletir. Todo movimento 
de reflexão envolve primeiro o ato de pensar. 
 
8 
-Segundo movimento do pensar (conhecimento): busca da verdade, da explicação através da 
consciência. 
-Terceiro movimento do pensar (reflexão): entender o sentido de algo. Para ter acesso aos nossos 
sentidos, passamos por essas etapas. 
 
-Surge o sofrimento: algo inesperado, que foge do nosso comum conosco ou algo compartilhado 
com o outro, nos levando a nos afastar do habitual, sem compreender, sem possuir repertório para 
“sustentar”, apoiar essa nova compreensão. 
-Sofrimento: ruptura consigo mesmo (importante para retomar depois cada parte de si mesmo) e 
dificuldade para compartilhar (o outro mostra, muitas vezes, nós mesmos). Nossa ideia: tudo o que 
é real é compartilhado (quando estou mal, não consigo me comunicar comigo ou com o outro). 
Somos ontologicamente sociais (em muitos momentos, para falar com nós, precisamos falar com o 
outro), mas a existência é vivida na primeira pessoa (a decisão continua sendo por conta de si 
mesmo, não pelo outro). Portanto, preciso compreender para me tornar possível a mim mesmo 
(quanto mais dificuldade de falar consigo mesmo, menos terá acesso a quem realmente é). 
 
Compreender pressupõe 
-Situar historicamente: saber como foi a trajetória, o que aconteceu comigo. Movimento pode ser 
até mais recente (vou no tempo que é necessário ir). 
-Pressupõe referência: como foi no início, como é e onde quero chegar (passado, presente e futuro). 
-Linguagem é o veículo: desenhando, falando, escrevendo. Na linguagem, temos acesso ao real, 
aos outros e a nós mesmos. 
-A linguagem está interligada a ação: quando falamos, fazemos (não da para separar – ação que 
houve ou que vai acontecer). Ambos juntos são atribuídos de sentido através das consequências. 
Na troca, através da linguagem, o outro me vê e começo a olhar para mim (a forma como ele me 
vê me faz olhar para mim). 
 
-A ação se confirma como sentido através da palavra que vai traçar os sentidos dado a ela. Aquilo 
que falo repercute sobre o que faço? Toda vez que falamos sobre algo, nossa ação é afetada por 
isso. 
-Daí a necessidade de terapia, pois não só descreveremos os atos, mas os sentidos descritos através 
da fala. O que isso que eu falo quer dizer? 
-Nossa fala nos garante nossa confirmação e autoria. Eu posso fazer diferente ou não. Sou autor. 
-Sem ela, seremos o que os outros nos veem. Não falar pode ser uma forma de omitir. 
-Daí o conflito: abandonamos a nós mesmos na narrativa dos outros. Somos o que o outro quer. 
 
Existência 
-1° nível do processo terapêutico: sermos agentes dos próprios atos e falar deles na terapia. 
-2° nível do processo terapêutico: ser expectador da própria ação. 
-3° nível do processo terapêutico: narrar (me ouvir). 
-4° nível do processo terapêutico: narrar para me levar à consequência. 
 
-5° nível do processo terapêutico: julgamento (que nos prepara para a continuidade ou não de 
nossas ações – consciência) para sermos autores de nossas vidas. 
 
8ª aula – 02/05/2016 
Origem das ideias de Boss 
-O objeto de estudo não está na busca do passado como conteúdo de sustentação das resistências 
(crítica a Freud), mas o que continua a motivar (motivação interna, repetição é consequência) a 
permanência e não o que determina. 
-Movimento de escutar, refletir e impor limites para a pessoa. Se sabe que o movimento não é bom, 
por que continua sem perceber? Resistência a dor, a rejeição, a frustração: vulnerabilidade. 
-A ironia é uma das formas mais covardes de expressar o que se sente. 
 
9 
- “...Todos os sintomas patológicos corporais e os chamados psíquicos são sempre privações (de 
algo que nos é importante) e podem ser compreendidos como reduções de possibilidade de 
entender uma coisa em toda a sua amplitude e riqueza de conteúdo...”. 
-Quando encontro uma resposta, explicação, ficamos em paz. O psicólogo deve ter paciência para 
as dúvidas, para as respostas não obtidas. 
-Critica: cuidado com o olhar simplista que faz analogia com o somático. 
-Portanto, não limita explicações de ordem causal e origem, mas o esclarecimento da natureza 
existencial. 
 
Sua proposta a partir de Heidegger em relação à postura investigativa 
- “Exige-se do pesquisados justamente isto, o mais difícil, a passagem do projeto do homem como 
Ente vivo dotado de razão para ser-homem como dasein (carregado de significados e sentidos – 
Ser-aí). (...) O deixar (lassen), isto é, aceitar (zulassen) o ente assim como ele se mostra, só se tornará 
um deixar-ser apropriado se este ser, o dasein, ficar antes constantemente à vista”. 
-Muitas vezes interpretamos, e tiramos a chance de a pessoa vivenciar e descobrir os significados 
para ele mesmo. Assim apresentamos ele, sob nossa ótica, para ele mesmo. Podemos auxiliar com 
a forma de fazer perguntas, estar aberto, entre outras técnicas. 
 
- “Toda ação humana é motivada por conta de algo reconhecido pela pessoa em questão, e este 
reconhecimento acontece no estar enganado de uma pessoa, por algum fenômeno que é 
endereçado a ela”. 
 
- “Os motivos e aquilo em direção ao qual eles são dirigidos são determinados pela tarefa iminente, 
que é reconhecida e aceita pelo homem de alguma maneira. Estar dirigido a uma tarefa apresenta 
uma antecipação do futuro e revela-se pelos significados. Mas não é o homem que atribui os 
significados a tudo o que está a sua volta, nem é o mundo que determina os significados de tudo 
(é o homem em uma relação de troca com o mundo e o percebendo e o mundo estabelecendo 
pressão sobre o homem – assim estabelece sentidos sobre si mesmo). Os significados lhes são 
revelados conforme sua abertura perceptiva...”. 
 
-Significados e projeções de futuro (onde vou chegar? Como será? O que vou ganhar? Irá dar 
certo?). 
 
9ª aula – 09/05/2016 
Boss 
- “É porque nós, seres humanos, existimos de tal modo que nosso presente se encontra sempre 
comprometido com nosso passado (o que aconteceu vai se repetir? Ao falar sobre o que 
aconteceu comigo, eu ressignifico); somos também por natureza dirigidos àquilo que se aproxima 
do futuro e movendo-nos em sua direção (saber como será a vida), precisamos abrir-lhe nosso ser. 
A maneira como vemos o que foi e o que é agora está sempre relacionado com o modo como 
estamos dirigidos ao futuro” (o que faço agora é sempre voltado ao que vai acontecer depois). 
-A citação faz relação entre presente, passado e futuro. 
-O futuro nos aponta o norte do que já vivemos e estamos vivendo. O que está acontecendo, vai 
passar. O que foi vivido, não vai continuar acontecendo. 
 
-As pessoas buscam ajuda e querem respostas rápidas. Alguns terapeutas se perdem nessa 
necessidade de ajuda e acabam “levando o cliente pra casa”. 
-Estender a mão é uma parceria onde a própria pessoa fará as descobertas, nós apontamos os 
riscos e a decisão é dela. Se dermos o caminho, tiramos a condição humana de pensar sobre si. O 
processo terapêutico gera uma dependência temporária, pois a pessoa descobre alguém que o 
escuta, e depois os laços se estendem quando a pessoa se torna responsável pelo que faz. 
 
10 
 
Nosso desafio 
-Dedicar-se na compreensão e estudo da teoria. 
-Colocar-se aberto a própria experiência de estudar a Fenomenologia: “ser junto... Permanecer 
junto”. Não basta só ler, tenho que estar junto da leitura e ter tempo para refletir. 
-Um compartilhar de experiências. Cuidados com os exemplos pessoais para não se perder nisso. 
-O desenvolvimento de uma prática. 
-Uma mudança de paradigmas utilizados na prática do aprendizado: aplicar a partir de uma 
referência. Não podemos entrar em uma ação terapêutica sem saber que teoria está usando. 
-Adotar uma concepção própria do conhecimento e não encaixá-la em algo já aprendido. Em 
algum momento do processo, temos que refletir o que pensamos sobre as coisas, não basta apenas 
reproduzir autores e sim usar a intuição. 
 
-Busca do sentido através do vivido (experiência que vem à tona). 
-Sentido:valores, conceitos, percepção que tenho sobre as coisas. 
-Vivido: quando vem à tona. 
-Dar a mão é compreensão através da ação (parceria). 
 
A prática clínica: como compreender e compreender como 
-Cuidado com a escuta apressada. Ela pode te tornar cego, surdo e mudo. 
-Compreensão com a expressão e os sentidos. 
-Não é divagar com o paciente, mas adotar uma postura aberta, um compartilhar de experiências 
entre terapeuta e paciente: um “aí” de ambos. Um Ser-aí que vivencia sentido de ambos. 
-Adotar escuta atenta e cuidadosa, receptiva. Deixar as hipóteses de lado e se aventurar na 
descoberta. 
-Recusa-se o conhecido e abre-se à descoberta. 
 
Compreender a ação e ação modulada por uma compreensão (cuidados sobre como fazer, saber 
o que falar, baseado em procedimentos científicos) 
-Ajudar o paciente a ganhar sua própria liberdade de pensar, sentir e agir (vai fazer o que é bom 
para ele, arcando com as consequências). 
-Caminhar lado a lado. 
-Possibilitar a ação e o discurso de caminharem juntos para que o sentido possa se revelar (está 
dentro do paciente). 
-Adotar uma postura que possa se “pensar o caminho da dor” do paciente, para que a dor fale por 
si mesma. 
 
-A repetição pode representar a necessidade de se estar atento ao sentido que sustenta a 
repetição. A cada experimentação a pessoa traz algo novo, no ritmo dela. 
 
10ª aula – 16/05/2016 
-Disposição: abertura, quanto estou para mim mesmo e para o mundo. 
-Os tons afetivos nos abrem para o mundo. 
-Quando sentimos algo, reagimos de alguma maneira. 
-Emoção é uma vinculação corporal forte. Só pensamos na emoção após o corpo falar. 
-Precisamos dos tons afetivos para afinar as situações da vida. 
- “São as tonalidades afetivas situações-limite que abrem mundo, horizontes, de modo...” 
-É na angústia que o homem toma consciência de sua liberdade (somos livres para tomar decisões). 
-Quando a angústia vem, a condição de poder de decisão se configura. Ela serve para nós falar 
algo sobre nós e que somos livres para decidir. 
 
11 
-Ôntico: localizado, objetivo, como nos localizamos, como nos situamos nessa condição. Ontologia: 
ciência que estuda o ser. Ontológico: nós nos angustiarmos. Ôntico: fugir, escapar porque é difícil. 
O escapar pode ser uma maneira de lidar, mas pode ser fuga para não lidar com. 
-As tonalidades afetivas: angústia, tédio profundo, êxtase, terror, horror, retenção, pudor e 
admiração. 
-O tédio é a raiz de todos os males porque envolve o desânimo da gente em relação a algo. Em 
excesso, pode levar a depressão. “Algo nos obriga a interromper o ritmo do tempo cotidiano “, não 
quero minha rotina, meus planos impedidos. Nosso tempo de vida era esperado de maneira 
diferente. A repetição torna as coisas sem sentido. 
-O temor nos leva ao receio da perda de controle. O temor pode configurar o rompimento com o 
valor que se legítima. Gera desconforto e a sensação de aniquilamento, e de perda do controle, 
ameaça à própria existência. Há momentos que é negativo e há momentos que é importante para 
proteção. 
-Tédio: o que está acontecendo? O homem se perde na poeira dos possíveis. Perde o interesse por 
si mesmo (desânimo, preguiça). 
-A modernidade nos abre caminho ao acesso as coisas de maneira muito rápida, porém faz falta 
um contato pessoalmente. 
-O homem absorvido pela era da técnica automatiza seus atos. Não tem uma relação de troca. 
-O tempo se torna um desafio no modo de ser do homem: ele não pode parar e nem diminuir a 
velocidade... 
-Tenho que me distrair... Fugir do encontro comigo mesmo: trabalho em excesso ou encontrar 
diferentes formas de se distrair. 
-O que nos resta? A depressão, a doença. Na doença, no tratamento o recurso, a condição para 
se evitar o possível, a transformação e a mudança. 
-O diagnóstico nos ajuda a evitar a ação e exploração dos sentidos. 
-Consequências do tédio quando damos um peso diferente: fugir dele. 
-Há um medo de expor a fragilidade e afastar os outros. 
-A Fenomenologia descreve o movimento da pessoa, e não o conceito fechado. 
 
O temor 
-O temor é uma disposição diante do mundo. O que temo? Para que temo? Como temo? 
Heidegger: “tememos o que pode destruir o que supostamente somos...”. 
-O foco deve ser no que se traz como preocupação do que muitas vezes na situação trazida 
propriamente dita como queixa. 
-Explora enquanto terapeutas o como ele conduz seus sentidos. Não devemos ficar fechados em 
apenas um ponto, mas ver aquilo relacionado com a vida. 
-As vezes é necessário recuar (terapeuta) para poder avançar, respeitando o ritmo do paciente. 
-A intervenção é boa quando propicia ao paciente caminhar com as próprias pernas. 
-O que está em jogo diante do medo? “O olhar... O olhar do outro sobre mim...”. 
-Mas também o outro pode tirar o sofrimento em que me encontro. 
 
A não-liberdade 
-Condição originária do fracasso, da dificuldade de enfrentamento: a condição de não-ser 
(impedido do uso da liberdade). 
-A partir do momento que somos impedidos de fazer algo, ocorre a não-liberdade. 
--“Não é livre para projetar um futuro e realizar um presente “. Sensação de impotência, 
inadequação quanto ao futuro. 
-O passado lhe impediu o presente. 
-O passado lhe impediu em seus objetivos. 
-Mas, temos liberdade diante da escolha e a negamos. 
-Não importa o que fizeram com você, importa o que você faz com o que fizeram com você. 
-Como diz o paciente: “não quero assumir o fracasso”. 
 
 
12 
A angústia 
-Nos coloca diante da nossa vulnerabilidade, porque ficamos uma situação que não queríamos 
estar. 
-O ser cotidiano busca a fuga de sua falta de apropriação de sua existência. 
-Buscamos a alienação do que nos é próprio: a morte um dia. A vulnerabilidade, fuga é uma 
maneira de lidarmos com o que não conseguimos evitar (morte). 
-No poder-ser temos a morte como certa. 
-Ao escondermos temos o encontro também com o fato: a morte existe e eu a temo. 
- “A relação própria do homem com a morte abre espaço para que ele se conquiste na sua 
totalidade”. 
 
A terapia 
-Inicia-se com as tonalidades afetivas do desabrigo do paciente e do ser lançado do terapeuta. O 
terapeuta também é lançado numa condição de vulnerabilidade por não saber com quem está 
ligado, como vai ocorrer, tudo é indeterminado. Cabe o preparo de estude, ficar atento as dicas 
do supervisor, não tentar se proteger com determinações e diagnósticos. 
 
A situação psicoterapêutica: análise do tempo, relação com corpo/espaço, o papel do outro 
O tempo 
- “Somos devorados pelo tempo, não por nele vivermos, mas por acreditarmos na realidade do 
tempo”. Ter consciência de que ele acaba. 
- “A terapia funciona?”, “Quanto tempo leva?”. 
-Quem faz pressão sobre nós é a vida moderna. 
 
Noção de tempo 
-Nos criamos o tempo que o tempo é. Ele nos coloca em situação de vulnerabilidade. 
-O tempo é extensão e criação da realidade humana: criamos o tempo, mas não o determinamos. 
-Ao mesmo tempo em que é noção condição, nos coloca em condição de impermanência, de 
impropriedade. 
-O tempo representa a construção do homem, diante da impropriedade, diante da impotência, 
diante do limite, diante da morte. 
-Nossa tendência: negar o tempo, querer controlar a impermanência. 
 
-Quando olhamos o que perdemos, pensamos nos possíveis tempos futuros. Se negamos a perda, 
podemos fazer as mesmas escolhas e seguir os mesmos caminhos. 
 
11ª aula – 23/05/2016 
O tempo 
-Qual o sentido do tempo? 
-Superar a morte. 
-Redimir o sofrimento. 
-O grupo social do sentido à noção de tempo para garantir de alguma forma a sua existência: os 
grupos podem fazer uma pressão grande e dar um sentido existencial ao que chamamos de tempo. 
-Toda história é carregada de lendas em valores do grupo. 
-Temos pressa e queremos objetividade. Tudo é substituído por algo mais rápido, mais moderno. 
Quem não acompanha, é visto como estranho. 
-Queremos controle do tempo. 
-Olhar para a natureza é a transformar (achamos que podemos transformar tudo). 
-A técnica vem como um instrumento “que mantém o homem adequado àquilo que lhe é propostonesta época: ser aquele que diante da natureza, diante de tudo o mais que ele encontra, deve 
extrair dali algo que diga respeito à produção de algo. E para que se sinta bem a técnica produz e 
vende as informações que o tornam ciente da importância do descanso, do lazer, do 
aprimoramento”. A mídia passa a ideia de descanso e de atividades para fazer rapidamente para 
 
13 
ter mais tempo, qualidade de vida e projeção de futuro. Vende-se uma ideia, que se não for bem 
canalizada, pode ser ilusória. 
-Acredita que tem auto estima, que é dono de si mesmo, e está cada vez mais jogado na 
impessoalidade... “ele é “todo mundo”. Ele é absorvido pela vontade autônoma da técnica. Se 
está conectado, é parte do grupo. Se não, está fora. 
-Para que serve a técnica? 
-Temos a necessidade de ter o controle das coisas. Muitas vezes usamos a tecnologia como utopia 
em relação a como lidar com as frustrações. 
-Busca-se a precisão, exatidão, segurança, certeza. Precisamos de algo que nos impeça de errar. 
-O tédio está aumentando em nossas vidas, nos sentimos isolados, solitários, por falta do contato 
pessoal com o outro. 
-O terapeuta tem as respostas para aquilo que não funciona como deveria, ou seja: aquele que 
soluciona através de um diagnóstico preciso, o que causa desconforto, descontrole (sem tirar a 
autonomia da pessoa de perceber e lidar com as próprias questões); ele pode evitar os efeitos 
colaterais, ajudando a controlar o mal estar (as pessoas querem garantias do psicólogo para que 
aquilo não aconteça mais); aumento da busca por medicamentos (para responder às 
necessidades rapidamente). 
 
Alguns pressupostos 
-O presente é o momento de ação imediata. Está conectado ao que já fomos e ao que seremos. 
-Não há separação entre passado e presente. 
-O futuro se relaciona com o passado e presente. 
-O que dá realmente movimento à temporalidade do ser é sentido da trajetória atribuída, o quanto 
aquilo faz sentido e é importante para nós. 
 
-Como fica a substituição do sentido: “tempo é a morte!” por “tempo é dinheiro! “? Sei que não 
tenho controle, que tudo é limitado, ideia de finitude. 
-Como se relaciona essa mudança de movimento à condição ser jovem e velho? Os jovens são 
muito mais procurados, e os mais velhos são descartados (e a experiência?). 
-O que o homem atual teme então em relação ao tempo? Que aspectos de sua vida são afetados 
por essa aflição? Teme que não tenha tempo e afeta toda sua vida. 
 
Solução: 
-Abraçar o problema, familiarizar-se com ele, ouvir a si mesmo na dor, no desconforto (processo 
terapêutico). 
-O que essa situação me diz a respeito de mim mesmo? 
-Mais perguntas sobre o como acontece do que o que isto quer dizer. Isso para trazer à tona a 
situação e os sentimentos, quais as escolhas feitas em detrimento de outras. 
-No encontro eis que se torna possível se aproximar de si mesmo e de sua própria história. 
 
A clínica infantil 
-Como assumir uma atitude fenomenológica em uma clínica infantil, suspendendo qualquer teoria 
de Psicologia? Queremos dar nome as coisas, mas temos que descobrir o sentido das coisas através 
do vivido. 
-Como atender com crianças à máxima da análise existencial de deixar o outro livre para si mesma? 
-Como é possível, no caso da criança, junto ao outro dar um passo atrás e deixar que este outro 
assuma a responsabilidade ou tutela pelas suas próprias escolhas? Como dar esse espaço à 
criança, acreditando que ela não sabe nada? Temos que aprender a construir com a criança o 
próprio destino dela. 
-Podemos falar de responsabilidade na criança já que esta, em sua fragilidade e vulnerabilidade, 
não pode tutelar a si mesmo? Temos que propiciar momentos em que ela pode tutelar a si mesma, 
de acordo com sua idade e seu desenvolvimento. 
 
Postura diante da queixa 
-Postura natural: rotular, classificar. Traz o diagnóstico, o fenômeno desaparece e dá lugar a uma 
configuração já dada, o adulto assume a tutela da criança. 
-Postura antinatural: não fazer generalizações e previsões a respeito da queixa. Acompanha o 
fenômeno em sua mobilidade estrutural (quem é a pessoa, por que agiu assim, por que isso é 
importante para ela, quais as emoções), devolver à criança o seu ter de ser, o seu cuidado, evitar 
 
14 
a contaminação com o que foi previamente trazido (não ficar preso a primeira queixa, mas sim 
estar aberto à criança). 
 
Nossa meta 
-Resgatar, conhecer o fenômeno é sua singularidade. 
-Evitar a profecia autorealizadora: a criança acreditar que não cabe a ela a responsabilidade de 
sua existência (tira a responsabilidade da criança de dizer quem é). 
-Evitar a promoção do medo é solidão (se fizer isso, vai acontecer aquilo). 
-Possibilitar à criança a sua entrega a si mesma, permanecendo o mais longo possível em sua 
condição, voltada para si mesma. 
 
O que é comum acontecer? 
 
-A presença de pressupostos: da Psicologia, do senso comum e problemas do psiquismo ou 
condição biológica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
RESUMO NP1 
 
-Hegel: precursor da fenomenologia. Trouxe discussões como fenomenologia do espírito, falando 
de algo diferente que o ser humano tem e não adianta a ciência ficar cartesiando. Pessoas 
acharam que ele estava “se perdendo”. A sensibilidade que temos é, muitas vezes, ignorada pela 
ciência. O “diferente” é a intuição. Ciência não dá crédito para isso, pois não é “provável”. 
 
-Husserl: vem da matemática e sistematiza (objetiva) as ideias de Hegel, tentando criar um método 
para se portar diante de um indivíduo. Propõe uma reformulação ao olhar da Psicologia trazendo 
a noção de intencionalidade e o método fenomenológico como leitura para se compreender o 
fenômeno. 
-Não agimos ao acaso, para tudo há um motivo. A Psicologia conversa com quem age. O desafio 
é que nem sempre a pessoa sabe a intenção. Temos responsabilidade pelos nossos atos, mesmo 
não sabendo. Utilização do método fenomenológico para que a leitura do outro seja embasada. 
-O método fenomenológico propõe cuidados para não interferir no tratamento. 
-Intencionalidade, movimento que nos induz a atitude e respeito ao método. 
-Abona (no sentido de não ficar preso a; se aventurar a conhecer o indivíduo independente da 
queixa, não ficar encaixando-o nas teorias prévias que já temos conhecimento) a ideia de uma 
teoria prévia do conhecimento humano, propõe sim uma abertura ao conhecimento e à 
descoberta do ser. 
-Causa insegurança porque não oferece uma prática que conduza a procedimentos 
predeterminados, parecendo ser muito livre, o que pode gerar falta de cuidado. 
-A fenomenologia não nega que os transtornos existam, mas além deles, existe uma pessoa. É 
necessário investigar e não partir para a comodidade de classificar, enquadrar. 
-As técnicas fenomenológicas são sustentadas no seu estudo e aprimoramento para se adaptar à 
realidade da pessoa (como se portar, como formular uma pergunta). Trabalha muito com a 
experienciação (ajudar que o sentimento apareça, além da explicação intelectual). Não é uma 
técnica predeterminada, e sim construída através dos nossos conhecimentos. 
 
-Ser-aí: ser no mundo se relacionando consigo e com os outros (vivendo). 
-Ser-com-os-outros: ser se relacionando com os outros. 
-Ser-para-o-fim: ser em contato com a morte. 
-Ser-em: ser para o mundo e relação com temporalidade. 
 
Principais ideias de Husserl: 
-Ressalta a importância de um método de estudo do ser-aí com rigor e cautela: cuidado com 
predefinições. As perguntas devem ser exploratórias, não direcionar a algo “esperado”. 
-Enfatiza a intencionalidade como mobilizadora do ser e necessária de se conhecer, adotando-se 
postura “analítica” e “reflexiva” para se chegar às coisas mesmas (essência, origem): a análise é 
construída na relação com o outro, a partir do que ele diz (e não ao que achamos). Não é o que a 
teoria afirma, e sim o que a pessoa fala e vivência. O importante é fazer sentido para a pessoa. 
-Acredita que o ser não é estático, mas sim se constitui a partir das vivênciase sentidos atribuídos 
por ele no decorrer de sua vida. 
-Abandona a concepção naturalista do ser humano para a adoção de uma atitude antinatural ou 
epoché (atitude antinatural que evita o pretenciosismo), mas dar ênfase aos fenômenos que se 
manifestam e abandono da atitude natural e ingênua: a concepção naturalista pode ser 
exemplificada pelo mau uso da teoria de Piaget (classificar todos por fases ou estágios). Devemos 
estar abertos aos fenômenos que acontecem (aprender a olhar para pessoas e compreendê-las). 
O naturalista fragmenta quando estabelece categorizações. A ciência se baseou no natural 
(previsível, controlado). Temos que tomar cuidado com esta visão simplista. 
 
Principais ideias de Husserl a respeito da Psicologia: 
 
16 
-Propõe no método a suspensão temporária dos pressupostos e ideias prévias e abertura a 
descoberta do ser e sua dinâmica permanente. 
-Inicia com uma crítica à ciência e sua conduta limitada diante do ser: excesso de objetividade e 
pouca contribuição prática dessa ciência. A pergunta da fenomenologia é “como acontece?” E 
envolve a exploração para a pessoa. A razão surgirá depois. 
-A ênfase na busca da verdade absoluta no fazer científico, à necessidade de mensuração dos 
fenômenos psíquicos e à atribuição de natureza psicofísica ao seu objeto de estudo. Daí quase 
sempre inferirem acerca dos fenômenos. A crítica da fenomenologia é que a ciência tradicional se 
apegou demais a isso. 
-Dois caminhos propostos: 
1) Redução eidética: busca da essência das coisas, do que é invariável (repetição comum de a 
pessoa trazer), redução ao que é. Como uma limpeza dos atos para se aproximar do indivíduo. 
Tentar ao máximo chegar à essência. A repetição / invariável não é o que não muda, mas o que 
nos chama atenção, que se repete muitas vezes na pessoa (sentimento, comportamento). 
 
2) Redução fenomenológica: suspensão de concepções, julgamentos diante da compreensão do 
fenômeno, atendo-se às evidências que se apresentam à consciência. Usamos a consciência (de 
estar aberto a algo, abertura a determinadas experiências), seguido pela intencionalidade de 
responder a experiência. 
 
Senso comum 
-Apego a vivências pessoais (nos apegamos porque somos humanos), 
conhecimento ambíguo e duvidoso, conhecimento adquirido do que se observa (a partir do que 
vemos, fazemos generalizações). 
 
Conhecimento científico 
-O ser humano enquanto passivo e previsível (podemos estudar), trata-se de um fenômeno 
fechado possibilitando a criar leis universais (previsíveis a partir da caracterização dada pela 
ciência, radicaliza quando agimos a partir de suas teorias) e separação entre mente e 
corpo e atribuições causais (causa e efeito). 
 
-A fenomenologia questiona a ciência quanto a esses pontos. 
-Para a ciência moderna, o senso comum não é um desperdício, levanta questões importantes. 
-Benefícios da ciência tradicional: rigor, cuidado, sistematização para controle e a razão de fazer. 
-O psicólogo deve controlar o senso comum e, ao mesmo tempo, é um pesquisador em qualquer 
contexto. 
-Nem sempre o sentido que damos a uma palavra ou expressão é o mesmo que a pessoa vive. 
Temos que entender o sentido que a pessoa atribui aquilo. 
 
-O psiquismo não é determinado previamente, a consciência se realiza por meio de seus atos e dos 
sentidos a ele atribuídos. 
-Compreendemos a existência de tal forma que para nós não é necessário acrescentar a ela 
aquela estrutura interna chamada psiquismo, a qual só seria necessária se nossas concepções de 
homem e mundo se fundamentassem no pensamento tradicional da metafísica, que separa 
homem e mundo, mente e corpo, sujeito que conhece e objeto do conhecimento. 
-Pistas são sempre pistas. A fenomenologia tira a centralização do psicólogo. O problema é afirmar 
em relação a pista. 
-Sartre: “o sujeito emocional e o objeto da emoção estão unidos numa síntese indissolúvel”. 
-Crítica ao determinismo psíquico e a teoria respectiva (experimental, comportamental). Partimos 
do princípio de compreender o sentido para a pessoa. 
-Metafísica: h-m (como se houvesse cisão). Temos que olhar para essas coisas e aprender a lidar 
com isso. 
 
17 
- “Todas as coisas que são carregam nelas o seu ser. Se não for assim, não poderia se manifestar, 
não existiria, seria vazia”. 
-Se for o que o outro quer, será vazio. 
 
-Heidegger: se precisamos buscar a origem das coisas para entender o sentido das coisas. 
-Propôs a compreensão do ser humano. 
-O homem em busca de si mesmo: nós nos buscando na vida. 
 
Quem é o objeto de conhecimento? 
- “A investigação é vista (...) como todo querer saber querer compreender que se lança um olhar 
interrogativo em direção aquilo que o apela, que o afeta, que provoca a sua atenção e interesse”. 
- O homem em busca de si mesmo. 
-A interrogação deve ser constante em direção a nós e ao outro. 
-Buscar as coisas mesmas. 
-Cuidado com o que provoca sua atenção ou interesse para não conduzir para um só caminho. 
 
-Essência: o que é o que é; consciência: o que se quer dizer. 
-Preservação da essência: redução eidética. 
-O que é para a pessoa, não para o psicólogo. 
-Consciência é o primeiro alerta para responder a situação. 
-Chegando na essência, tem acesso aos atos da consciência e então na intencionalidade (o que 
quer dizer). 
 
-Compreender a ontologia do ente homem, seu modo de ser e de conhecer. 
-Como conhecer? Quais recursos para não ser tendencioso e responder as próprias questões? 
 
-Como colocar algum questionamento sujeito a investigação? Para não ser tendencioso. 
-Como formular perguntas? Perguntas abertas para chegar à essência. Evitar tendência. 
-Ente: humano, indivíduo. 
-Ser: sentido, maneira de viver, tom que damos para a vida. Dá o tom para o ente. 
-Unindo Ser e Ente, teremos um Ente seguido de um Ser-aí (que se relaciona com o mundo). A 
ciência ficou muito no Ente (mais acessível). A Fenomenologia propõe se aproximar do Ser. 
-Ontologia: ciência que estuda o Ser (busca a essência, origem e olha para dentro). Não faz 
generalizações, não faz das suas hipóteses e teses generalizações porque cada um é um. 
-Modo de ser (como o ente é) e conhecer (como é o tom dele). 
 
-Que cuidados precisamos ter? Os instrumentos beneficiam ou impedem o conhecimento, a 
compreensão? Depende do modo de utilização, quais instrumentos e com qual objetivo. 
-A fenomenologia propõe uma investigação que interrogue a ações humanas orientadas para a 
descoberta do homem mesmo, seu estar-sendo-no-mundo. 
-Para Husserl, reduções eidética e fenomenológica, mas e na prática? É importante questionar para 
não influenciar. 
 
Metafísica 
-O ser está separado do ente. 
-Ele é a essência, é patente, visível a partir da ideia que se tem dele. 
-O conceito dele nos aproxima da permanência. 
-Visão naturalista. 
-Metafísica se distancia da essência. 
 
Fenomenologia 
-O ser e o ente não estão separados. 
-O ser é o que aparece, o que se manifesta. 
 
18 
-O ser não é permanente (ele aparece e desaparece). 
-A aparência é o estado de vir-a-ser da existência. 
-Se o ser e o ente não estão separados, devo buscar o sentido (no ser). 
-Aparência: o que vem, o estado da pessoa, que tem a ver com a existência dela. 
 
-O que representa então o olhar fenomenológico? É estar livre para abrirmos para o outro (cliente). 
Abertura esta que pressupõe conhecermos quem somos (psicólogos) e como somos, nossos valores, 
crenças e nosso posicionamento diante do mundo, nossos preconceitos... assim teremos uma 
atitude de abertura ao outro. 
 
-A origem do pensamento está na angústia na dúvida e na incerteza da própria condição. 
-Fenomenologia: um ponto de vista é apenas um ponto de vista (relatividade). Tudo é uma 
condição provisória do ente se manifestar. Nada é definitivo, há a possibilidade de mudança. A 
relatividade está ligada ao que somos. Ser humano é complexo. 
-Metafísica: só há um modo de pensar as coisas. A lógica distancia-se do sentido. A relatividade é 
algo a ser superado. 
-O ser-aí está o tempo todo lidando com angústias (vêmquando estamos instáveis / nos 
questionamos sobre questões da vida / vem como propulsora de movimentos dentro de nós / é tida 
como problemática e a ignoramos, ao invés de ouvi-la). Se ela se torna frequente, pode nos levar 
a problemas sérios. 
-Visões antagônicas (fenomenologia e metafísica): uma necessita de uma conclusão/certeza (isso 
faz perder a essência – movimento de ser-aí de se refazer, reconstruir). 
 
-O modo de pensar atua sobre o modo de ser do ente. A forma como somos, nossos valores, nossos 
paradigmas atuais influenciam nosso modo de ser. 
-Ocidente: hábitos, maneiras de conduzir a vida. O ocidente interfere no nosso modo de ser (pode 
aumentar angústias pelas manipulações da cultura). Faz um movimento contrário à saúde e, se não 
seguir, será cobrado. Não vamos negá-lo, e sim entendê-lo. 
-Fenomenologia opõe-se a negação buscando apontar o ser no mundo à abandonar os vícios do 
olhar pois o sentido de tudo pode mudar (necessário ter uma abertura para ouvir o cliente, o que 
tenho certeza agora, pode fazer repensar outros conceitos). 
 
- “O ser das coisas (...) está no lidar dos homens com as coisas, no falar, entre si, dessas coisas e no 
modo de lidar com elas...”. 
-O que Heidegger vem propor: rompimento com olhar que busca a relação entre sujeito e objeto 
do conhecimento, redefinindo compreender para o ser; interpretar o que está menos aparente 
para o próprio ser a partir da experiência. 
-Heidegger propõe sujeito-sujeito (e não sujeito-sujeito). Com um movimento de abertura, duas 
pessoas irão se encontrar, irão se conhecer juntas. Deixa o psicólogo vulnerável e com receio de se 
perder, pela proximidade. Relação entre sujeito e objeto envolve uma relação hierárquica (um que 
conhece e outro que será conhecido). 
-A Fenomenologia não exclui as teorias do comportamento humano. Estando aberto, saberá que o 
fenômeno é maior do que pareceria se estivesse fechado (não só o que observo, mas tudo que 
emerge quando falamos, sentimos, percebemos, pensamos). 
O que representa Ser para a Fenomenologia? 
-Não exclui o que já existe, mas da Essência ampliando olhar os diferentes fenômenos; 
-Afasta o olhar para as explicações já existentes, mas uma prática investigativa, curiosa e cuidadosa 
dos fatos; 
-Causa insegurança porque não oferece uma análise que conduza a procedimentos e ao mesmo 
tempo parece ser mais livre, o que pode gerar uma ausência de cuidado; 
-Evita-se a antecipação diagnóstica dos fatos, buscamos o diferencial e o significado para aquela 
pessoa; 
-O presente está relacionado ao passado e futuro. 
 
19 
 
-Cuidado com a ausência de cuidados. 
-Heidegger observa a relação entre existir e nossa maneira de nos colocar no mundo. 
-O tempo presente nos coloca em contato com o tempo passado (questões passadas se projetam 
no presente/futuro). 
 
-Ente: ser (pessoa, sujeito, indivíduo). Ele é o significado da expressão. Nos ajuda a ter acesso aos 
sentidos. 
-Dasein: Ser-aí (Ser-no-mundo). Ser, o que nos causa interesse, o que está em questão. Mundo é o 
onde é o como as coisas são para o ser. O ser dá sentido à expressão. Ente com a sua essência. 
Causa interesse para a Fenomenologia porque traz a essência, os sentidos e como cada um 
vivencia suas experiências. 
-Mundo: onde os fatos estão acontecendo. O Ser se relaciona com essas coisas a partir do sentido 
dele (sentido a expressão, ao vivido, ao que é de fato). 
-O ser é a própria existência: “...nós não apenas somos, mas percebemos que somos. E nunca 
estamos acabados, como algo presente, não podemos rodear a nós mesmos, mas em todos os 
pontos estamos abertos para o futuro (...) estamos entregues a nós mesmos. Somos aquilo que nos 
tornamos”. 
 
Ser para a Fenomenologia 
-Opõe-se ao paradigma da ciência tradicional: quantificação, previsão e controle - objetividade 
dos fatos (objetivo, observável, palpável). 
-Oferece um olhar minucioso a realidade que se apresenta, realidade esta não somente observável, 
mas sentida, vivida. Não ficar só no que vemos, mas sim abrir os olhares para ter acesso a essência 
do ser. 
-Ênfase na experiência e na sua representação para o ser que a vivência. Busca do sentido para a 
pessoa que está experienciando. 
 
-Há relação íntima entre o ser e o tempo. O que nos torna vulneráveis, angustiados. 
-A angústia leva a pergunta, a experiência do sentido do ser, do sentido do seu ser. 
-A angústia desnuda o ser, tornando-o livre para escolher-a-si-mesmo e apreender-a-si-mesmo. 
-Diante da vulnerabilidade, vem a angústia. Mas também é propulsora de mudanças. 
-Diante da angústia, ficamos aflitos por perceber que não temos controle de tudo e ficamos livres 
para decidir (ser livres). 
-O mundo cria angústias para o sujeito. 
-Angústia da liberdade: decisão do sujeito em participar ou não. Como reagir a angústia do mundo? 
 
- “...Não se deve falar sobre o fenômeno, mas é preciso escolher uma postura que permita ao 
fenômeno mostrar-se”. A postura é mais importante que o fenômeno. 
 
- “À maneira fenomenológica, ele (Heidegger) se indagara que postura devo escolher para que a 
vida humana possa se mostrar em toda sua singularidade...”. 
 
Princípios da hermenêutica 
-Hermenêutica: ciência voltada para a interpretação (como ela se dá?). 
-Princípio da experiência: é temporal e refere-se à própria atitude que temos com a vida que 
vivemos. Acompanha o momento vivido, sofre influências e está ligada a como vivência. Tudo parte 
da experiência de cada um e da vivência de cada um sobre essa experiência. 
-Princípio da expressão: de vida, o que não significa dizer que seja o símbolo (sentimento) do que 
vivemos, mas o espelho da marca da vida no interior do homem. São sentidos que damos para 
diferentes coisas, o que não representa necessariamente nossos sentidos. Somos o que nós sentimos, 
vivemos. 
 
20 
-A emoção é biológica. O sentimento é a interpretação dada ao que ocorre internamente. A 
afetividade é o processo que envolve a relação com o outro. 
-Princípio da acessibilidade: fazer a existência ser acessível a ela mesma (o ser-no-mundo para si 
mesmo). Formular perguntas que o ajudem a chegar a ele, e não às respostas que esperamos. 
-Cuidado para não ficar focado na queixa e na necessidade de responder ao outro o que ele veio 
buscar. Devemos estar abertos para suspender a queixa e entender quem é o ser-aí e o sentido que 
estão atribuindo às situações. 
 
-A Fenomenologia propõe uma diferenciação no olhar. 
-A objetividade, a pré-disposição teórica, cega para a manifestação do ser. 
- “A postura objetiva desvivencia a vivência e desnuda o mundo que encontramos”. 
-Pressupõe a “arte de estar atento do Dasein para si próprio”. 
-Ser-em: em relação com o mundo, com o outro e com si mesmo. 
-A angústia provoca o medo no contato com a revelação do próprio ser / desnudado, 
desprotegido (dele mesmo). Desse nada, surge o ser possível. 
 
-No ser-em, falamos do mundo interno (relação com nós mesmos) e externo (relação com as 
pessoas). 
-A angústia provoca medos. 
-Temos que ter um respeito muito grande a respeito de como a pessoa age em relação a angústia. 
Reconhecer o caminho percorrido. 
-Na insegurança do ser poderia ser transporta a segurança do saber. 
-Ser-no-mundo como homens é habitar está e nesta inospitalidade, que se lhe apresenta em forma 
de mundo. O mundo nos coloca em situações de vulnerabilidade, portanto é sempre inóspito. 
-Da angústia a descoberta do ser-para-o-fim! A possibilidade e impossibilidade da própria 
existência. Ao descobrir a mim mesmo, me deparo com uma possibilidade ou impossibilidade de 
mudança, cada um lida da sua forma. 
-Encontro consigo mesmo / com a própria finitude do ser. 
 
Sartre 
-O homem está condenado a ser livre, por isso carrega nos ombros o mundo inteiro. 
-Tudo é feito pelo homem. 
-Cada pessoa é uma escolha absoluta. 
-O homem se encontra só (mesmo compartilhando nossos sentimentos com o outro). Só diante das 
escolhas, da responsabilidade. As pessoas não substituem nossa relação com nós mesmos. Não 
adianta conviver com osoutros sem uma relação consigo mesmo (necessário ter valores, 
personalidade). 
 
-Olhar para o paciente requer reconhecer os seus movimentos de propriedade (dar conta, chegar 
onde almejo ser melhor) e impropriedade (momentos de instabilidade). 
-É preciso considerar os caracteres fundamentais do Dasein: compreensão (abertura para a própria 
experiência e estar aberto a sentimentos, sensações e sentidos que irão emergir dela e estar aberto 
ao que acontece em nós e tomar decisões), afinação (alinhar nossos sentidos e experiências com 
o mundo, mas como fazer isso com as demandas da vida?), temporalidade (pressão do tempo), 
espacialidade (atividade que definimos para fazer, o quanto tenho de reserva para aguentar 
determinada situação), corporeidade (corpo é o maior instrumento para lidar com tudo isso), ser-
com (expectativas com os outros), o cuidado (nascemos com a preocupação de cuidarmos de 
nós mesmos, por isso sentimos culpa), a queda (escolhas que fazemos da vida, que nem sempre 
dão certo), o ser-mortal (somos finitos). 
 
Nosso desafio 
-Conhecer o ser que aparece e desaparece (as vezes nos vemos e outras vezes não). 
 
21 
-Questões que podem ser feitas: a partir do que está dizendo agora, o que mais pode estar 
implicando? Que modo de Ser-no-mundo é esse que possibilita que tal coisa exista nele? Em que 
chão isso se assenta? Para onde isso aponta? Junto a que outros significados isso que ele diz faz 
sentido? Que manifestação corporal acompanha sua fala? 
-A dinâmica da compreensão envolve noção de tempo (tudo acaba, limite do “até onde?” – com 
os outros). 
-Aumento do poder: abertura: o Dasein se revela na possibilidade de fazer escolhas. O Ser-aí se 
torna visível a partir do momento que temos que fazer escolhas, entramos em contato com o existir. 
-Quanto maior os limites do poder, mais complicada a responsabilidade. 
-Até onde com os outros, nos fala da distância nossa em relação ao outro e do outro em relação a 
nós. 
-Até onde revela a possibilidade de poder ser ou da própria perda. 
 
-A morte impõe sobre o ser humano a impotência. Ela convence o homem da finitude da vida. 
Porém na memória do tempo nada acaba. Tudo o que foi é. Nós passamos, mas nosso ato fica. 
-O sofrimento é condição humana. Não há como viver sem ele. O que importa é a atitude que 
temos diante dele. 
-Culpa: nos perdemos diante desse sentimento; nos culpamos pelo que cometemos e também pelo 
que deixamos de ter feito. 
 
-O outro nos apresenta a nós mesmos através do espelho (me descubro por que o outro me vê). 
-Somos seres que nos constituímos na e a partir da relação com os outros. 
-Questionar: que tipo de relações são estabelecidas? Como nós colocamos nessas relações? Quais 
as formas de comunicação estabelecidas? 
-Qual o papel do outro na figura do terapeuta? 
 
-Conhece o outro possibilita identificar a relação de projeção dentro do outro (transferência e 
contratransferência). 
-Temos um duplo de si (eu e o outro, relação complexa, através do outro vê a si próprio). 
-O olhar provoca respostas (o olhar dá o feedback). 
-Observar os papéis assinados, sonhos, possibilidades quando buscamos os sonhos e a vida, 
trajetórias e caminhos que estamos construindo para alcançar esses sonhos. 
 
-Sentido: o que me move? Como nós organizamos, regate da história pessoal (quando me organizo, 
olho minha rotina, olhamos a vida pessoal por inteiro), o que busco quando faço as coisas que 
faço? Retomada da questão: qual é o sentido da vida? 
-Olhamos para a vida para fazer uma escolha agora. 
 
-Quem sou eu? Quais necessidades, como me sinto, o que gosto ou não? A pergunta incomoda, 
vem angústia e cobrança (será que sou quem queria? Fiz isso, fiz aquilo). 
-Qual o sentido da minha vida? Sentido no mundo, sentido dos outros na minha vida. 
-Que sentido tenho nessa vida? Relevância nossa para o mundo. 
-Descobrir o que quero fazer daqui para frente. 
-Condição do Dasein: ser em busca do seu eu, relacionado ao vivido. 
 
Trajetória da autora 
-Filosofia: se deparou com questionamento da própria vida; questionou os cuidados com a própria 
existência, quais recursos utilizava para cuidar de si e das pessoas. 
-Heidegger: exercício do próprio pensamento (compreender o próprio pensamento, sem ignorá-lo, 
libere o pensamento para você mesmo para ter acesso a quem você é). 
-Arendt: a partir do depoimento dos alunos repensar o sentido da ação (o que pensa a respeito da 
dúvida do aluno, promovia uma auto reflexão que modificava sua ação). 
-Ambos podem levar a uma mudança de atitude. 
 
22 
 
-Reflexão: retorno ao já visto (reformulação do vivido – ação). Olhar para o que já foi visto e vivido, 
não é superficial (demanda um certo tempo). Demanda reformulações. 
-Primeiro movimento do pensar: “desenvolvimento da essência ou das verdades primeiras” – não há 
compromisso prático. Olho para o que conduzo, sem ter antes parado para refletir. Todo movimento 
de reflexão envolve primeiro o ato de pensar. 
-Segundo movimento do pensar (conhecimento): busca da verdade, da explicação através da 
consciência. 
-Terceiro movimento do pensar (reflexão): entender o sentido de algo. Para ter acesso aos nossos 
sentidos, passamos por essas etapas. 
 
-Surge o sofrimento: algo inesperado, que foge do nosso comum conosco ou algo compartilhado 
com o outro, nos levando a nos afastar do habitual, sem compreender, sem possuir repertório para 
“sustentar”, apoiar essa nova compreensão. 
-Sofrimento: ruptura consigo mesmo (importante para retomar depois cada parte de si mesmo) e 
dificuldade para compartilhar (o outro mostra, muitas vezes, nós mesmos). Nossa ideia: tudo o que 
é real é compartilhado (quando estou mal, não consigo me comunicar comigo ou com o outro). 
Somos ontologicamente sociais (em muitos momentos, para falar conosco, precisamos falar com o 
outro), mas a existência é vivida na primeira pessoa (a decisão continua sendo por conta de si 
mesmo, não pelo outro). Portanto, preciso compreender para me tornar possível a mim mesmo 
(quanto mais dificuldade de falar consigo mesmo, menos terá acesso a quem realmente é). 
 
Compreender pressupõe 
-Situar historicamente: saber como foi a trajetória, o que aconteceu comigo. Movimento pode ser 
até mais recente (vou no tempo que é necessário ir). 
-Pressupõe referência: como foi no início, como é e onde quero chegar (passado, presente e futuro). 
-Linguagem é o veículo: desenhando, falando, escrevendo. Na linguagem, temos acesso ao real, 
aos outros e a nós mesmos. 
-A linguagem está interligada a ação: quando falamos, fazemos (não da para separar – ação que 
houve ou que vai acontecer). Ambos juntos são atribuídos de sentido através das consequências. 
Na troca, através da linguagem, o outro me vê e começo a olhar para mim (a forma como ele me 
vê me faz olhar para mim). 
 
-A ação se confirma como sentido através da palavra que vai traçar os sentidos dado a ela. Aquilo 
que falo repercute sobre o que faço? Toda vez que falamos sobre algo, nossa ação é afetada por 
isso. 
-Daí a necessidade de terapia, pois não só descreveremos os atos, mas os sentidos descritos através 
da fala. O que isso que eu falo quer dizer? 
-Nossa fala nos garante nossa confirmação e autoria. Eu posso fazer diferente ou não. Sou autor. 
-Sem ela, seremos o que os outros nos veem. Não falar pode ser uma forma de omitir. 
-Daí o conflito: abandonamos a nós mesmos na narrativa dos outros. Somos o que o outro quer. 
 
Existência 
-1° nível do processo terapêutico: sermos agentes dos próprios atos e falar deles na terapia. 
-2° nível do processo terapêutico: ser expectador da própria ação. 
-3° nível do processo terapêutico: narrar (me ouvir). 
-4° nível do processo terapêutico: narrar para me levar à consequência. 
 
-5° nível do processo terapêutico: julgamento (que nos prepara para a continuidade ou não de 
nossas ações – consciência) para sermos autores de nossas vidas. 
 
 
 
 
23 
RESUMO NP2 
Origem das ideias de Boss 
-O objeto de estudo não está na busca do passado como conteúdo de sustentaçãodas resistências 
(crítica a Freud), mas o que continua a motivar (motivação interna, repetição é consequência) a 
permanência e não o que determina. 
-Movimento de escutar, refletir e impor limites para a pessoa. Se sabe que o movimento não é bom, 
por que continua sem perceber? Resistência a dor, a rejeição, a frustração: vulnerabilidade. 
-A ironia é uma das formas mais covardes de expressar o que se sente. 
- “...Todos os sintomas patológicos corporais e os chamados psíquicos são sempre privações (de 
algo que nos é importante) e podem ser compreendidos como reduções de possibilidade de 
entender uma coisa em toda a sua amplitude e riqueza de conteúdo...”. 
-Quando encontro uma resposta, explicação, ficamos em paz. O psicólogo deve ter paciência para 
as dúvidas, para as respostas não obtidas. 
-Critica: cuidado com o olhar simplista que faz analogia com o somático. 
-Portanto, não limita explicações de ordem causal e origem, mas o esclarecimento da natureza 
existencial. 
 
Sua proposta a partir de Heidegger em relação à postura investigativa 
- “Exige-se do pesquisados justamente isto, o mais difícil, a passagem do projeto do homem como 
Ente vivo dotado de razão para ser-homem como dasein (carregado de significados e sentidos – 
Ser-aí). (...) O deixar (lassen), isto é, aceitar (zulassen) o ente assim como ele se mostra, só se tornará 
um deixar-ser apropriado se este ser, o dasein, ficar antes constantemente à vista”. 
-Muitas vezes interpretamos, e tiramos a chance de a pessoa vivenciar e descobrir os significados 
para ele mesmo. Assim apresentamos ele, sob nossa ótica, para ele mesmo. Podemos auxiliar com 
a forma de fazer perguntas, estar aberto, entre outras técnicas. 
-“Toda ação humana é motivada por conta de algo reconhecido pela pessoa em questão, e este 
reconhecimento acontece no estar enganado de uma pessoa, por algum fenômeno que é 
endereçado a ela”. 
- “Os motivos e aquilo em direção ao qual eles são dirigidos são determinados pela tarefa iminente, 
que é reconhecida e aceita pelo homem de alguma maneira. Estar dirigido a uma tarefa apresenta 
uma antecipação do futuro e revela-se pelos significados. Mas não é o homem que atribui os 
significados a tudo o que está a sua volta, nem é o mundo que determina os significados de tudo 
(é o homem em uma relação de troca com o mundo e o percebendo e o mundo estabelecendo 
pressão sobre o homem – assim estabelece sentidos sobre si mesmo). Os significados lhes são 
revelados conforme sua abertura perceptiva...”. 
-Significados e projeções de futuro (onde vou chegar? Como será? O que vou ganhar? Irá dar 
certo?). 
 
Boss 
- “É porque nós, seres humanos, existimos de tal modo que nosso presente se encontra sempre 
comprometido com nosso passado (o que aconteceu vai se repetir? Ao falar sobre o que 
aconteceu comigo, eu ressignifico); somos também por natureza dirigidos àquilo que se aproxima 
do futuro e movendo-nos em sua direção (saber como será a vida), precisamos abrir-lhe nosso ser. 
A maneira como vemos o que foi e o que é agora está sempre relacionado com o modo como 
estamos dirigidos ao futuro” (o que faço agora é sempre voltado ao que vai acontecer depois). 
-A citação faz relação entre presente, passado e futuro. 
-O futuro nos aponta o norte do que já vivemos e estamos vivendo. O que está acontecendo, vai 
passar. O que foi vivido, não vai continuar acontecendo. 
 
-As pessoas buscam ajuda e querem respostas rápidas. Alguns terapeutas se perdem nessa 
necessidade de ajuda e acabam “levando o cliente pra casa”. 
 
24 
-Estender a mão é uma parceria onde a própria pessoa fará as descobertas, nós apontamos os 
riscos e a decisão é dela. Se dermos o caminho, tiramos a condição humana de pensar sobre si. O 
processo terapêutico gera uma dependência temporária, pois a pessoa descobre alguém que o 
escuta, e depois os laços se estendem quando a pessoa se torna responsável pelo que faz. 
 
Nosso desafio 
-Dedicar-se na compreensão e estudo da teoria. 
-Colocar-se aberto a própria experiência de estudar a Fenomenologia: “ser junto... Permanecer 
junto”. Não basta só ler, tenho que estar junto da leitura e ter tempo para refletir. 
-Um compartilhar de experiências. Cuidados com os exemplos pessoais para não se perder nisso. 
-O desenvolvimento de uma prática. 
-Uma mudança de paradigmas utilizados na prática do aprendizado: aplicar a partir de uma 
referência. Não podemos entrar em uma ação terapêutica sem saber que teoria está usando. 
-Adotar uma concepção própria do conhecimento e não encaixá-la em algo já aprendido. Em 
algum momento do processo, temos que refletir o que pensamos sobre as coisas, não basta apenas 
reproduzir autores e sim usar a intuição. 
 
-Busca do sentido através do vivido (experiência que vem à tona). 
-Sentido: valores, conceitos, percepção que tenho sobre as coisas. 
-Vivido: quando vem à tona. 
-Dar a mão é compreensão através da ação (parceria). 
 
A prática clínica: como compreender e compreender como 
-Cuidado com a escuta apressada. Ela pode te tornar cego, surdo e mudo. 
-Compreensão com a expressão e os sentidos. 
-Não é divagar com o paciente, mas adotar uma postura aberta, um compartilhar de experiências 
entre terapeuta e paciente: um “aí” de ambos. Um Ser-aí que vivencia sentido de ambos. 
-Adotar escuta atenta e cuidadosa, receptiva. Deixar as hipóteses de lado e se aventurar na 
descoberta. 
-Recusa-se o conhecido e abre-se à descoberta. 
 
Compreender a ação e ação modulada por uma compreensão (cuidados sobre como fazer, saber 
o que falar, baseado em procedimentos científicos) 
-Ajudar o paciente a ganhar sua própria liberdade de pensar, sentir e agir (vai fazer o que é bom 
para ele, arcando com as consequências). 
-Caminhar lado a lado. 
-Possibilitar a ação e o discurso de caminharem juntos para que o sentido possa se revelar (está 
dentro do paciente). 
-Adotar uma postura que possa se “pensar o caminho da dor” do paciente, para que a dor fale por 
si mesma. 
-A repetição pode representar a necessidade de se estar atento ao sentido que sustenta a 
repetição. A cada experimentação a pessoa traz algo novo, no ritmo dela. 
 
-Disposição: abertura, quanto estou para mim mesmo e para o mundo. 
-Os tons afetivos nos abrem para o mundo. 
-Quando sentimos algo, reagimos de alguma maneira. 
-Emoção é uma vinculação corporal forte. Só pensamos na emoção após o corpo falar. 
-Precisamos dos tons afetivos para afinar as situações da vida. 
- “São as tonalidades afetivas situações-limite que abrem mundo, horizontes, de modo...” 
-É na angústia que o homem toma consciência de sua liberdade (somos livres para tomar decisões). 
-Quando a angústia vem, a condição de poder de decisão se configura. Ela serve para nós falar 
algo sobre nós e que somos livres para decidir. 
 
25 
-Ôntico: localizado, objetivo, como nos localizamos, como nos situamos nessa condição. Ontologia: 
ciência que estuda o ser. Ontológico: nós nos angustiarmos. Ôntico: fugir, escapar porque é difícil. 
O escapar pode ser uma maneira de lidar, mas pode ser fuga para não lidar com. 
-As tonalidades afetivas: angústia, tédio profundo, êxtase, terror, horror, retenção, pudor e 
admiração. 
-O tédio é a raiz de todos os males porque envolve o desânimo da gente em relação a algo. Em 
excesso, pode levar a depressão. “Algo nos obriga a interromper o ritmo do tempo cotidiano “, não 
quero minha rotina, meus planos impedidos. Nosso tempo de vida era esperado de maneira 
diferente. A repetição torna as coisas sem sentido. 
-O temor nos leva ao receio da perda de controle. O temor pode configurar o rompimento com o 
valor que se legítima. Gera desconforto e a sensação de aniquilamento, e de perda do controle, 
ameaça à própria existência. Há momentos que é negativo e há momentos que é importante para 
proteção. 
-Tédio: o que está acontecendo? O homem se perde na poeira dos possíveis. Perde o interesse por 
si mesmo (desânimo, preguiça). 
-A modernidade nos abre caminho ao acesso as coisas de maneira muito rápida, porém faz falta 
um

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