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TEORIA DOS CONTRATOS

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ 
TIAGO ALEXANDRE DE SOUZA 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS E O PRINCÍPIO DA BOA-FÉ-
OBJETIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tijucas 
2009 
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TIAGO ALEXANDRE DE SOUZA 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS E O PRINCÍPIO DA BOA-FÉ-
OBJETIVA 
 
 
Monografia apresentada como requisito parcial para a 
obtenção do título de Bacharel em Direito, pela 
Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências 
Sociais e Jurídicas, campus de Tijucas. 
 
Orientador: Esp. Everaldo Medeiros Dias 
 
Tijucas 
2009
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TIAGO ALEXANDRE DE SOUZA 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS E O PRINCÍPIO DA BOA-FÉ-
OBJETIVA 
 
Esta Monografia foi julgada adequada para obtenção do título de Bacharel em Direito e 
aprovada pelo Curso de Direito do Centro de Ciências Sociais e Jurídicas, campus de Tijucas. 
Direito Privado/Direito Civil 
Tijucas, 4 de dezembro de 2009. 
Prof. Esp. Everaldo Medeiros Dias 
Orientador 
Prof. MSc. Marcos Alberto Carvalho de Freitas 
Responsável pelo Núcleo de Prática Jurídica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Dedico este trabalho a Deus, que sempre esteve presente na minha 
vida. A minha família, pela compreensão e, pelos ensinamentos, em 
especial a minha mãe a quem agradeço o dom da perseverança. Ao 
meu amor Cíntia, que sempre esteve presente na jornada deste 
trabalho pela dedicação, pelo carinho e compreensão. A vocês dedico 
este trabalho. 
 
 
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A Deus, fonte suprema de todo saber, por ter me dado forças para chegar até aqui. 
À minha família, pela confiança que depositaram em mim e que sem vocês eu não 
estaria aqui hoje. 
Ao Professor Orientador, Everaldo Medeiros Dias, norte seguro na orientação deste 
trabalho, o meu mais sincero agradecimento e gratidão, que fez de seus ensinamentos e 
conhecimentos ilustre fonte de aprendizagem. 
A minha namorada Cíntia, estrela guia da minha vida, que muito colaborou com sua 
compreensão, sempre me incentivando e dizendo que eu sou capaz de realizar tudo o que eu 
pretender, e o resultado de todo esse incentivo e compreensão é a conclusão desse presente 
trabalho monográfico. 
Aos Professores do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí, campus 
Tijucas, que muito contribuíram para a minha formação jurídica e acadêmica. 
Aos colegas e companheiros de classe pelos momentos que passamos juntos e pelas 
experiências trocadas, que durante esses cinco anos de caminhada acadêmica sempre 
estiverem presentes, que de uma forma ou de outra muito contribuíram, a todos vocês que 
compartilharam deste ideal, dedico a minha vitória com a mais profunda gratidão e respeito a 
vocês. 
Aos que colaboraram com suas críticas e sugestões para a realização deste trabalho. 
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desta pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
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“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a 
desonra, de tanto agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o 
homem chega a desanimar-se da virtude, e rir-se da honra e a ter 
vergonha de ser honesto”. 
Rui Barbosa 
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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte 
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí - 
UNIVALI, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda 
e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. 
Tijucas, 4 de dezembro de 2009. 
Tiago Alexandre de Souza 
Graduando 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RESUMO 
O presente trabalho monográfico trata da teoria geral dos Contratos e o princípio da boa-fé-
objetiva, a delimitação tema esta fundado no princípio da boa-fé-objetiva aplicada aos 
Contratos, assim, a importância do tema são na esfera contratual, nos negócios jurídicos que 
devem ser consagrados na boa-fé-objetiva. Constitui objetivo geral deste trabalho verificar a 
aplicabilidade do Princípio da Boa-fé-objetiva nas relações contratuais, tendo como base legal 
o disposto no artigo 422 do Código Civil Brasileiro, e como objetivos específicos pretende-se 
examinar-se teoricamente o conceito do Princípio da Boa-fé-objetiva condicionada no 
instituto Contrato, bem como os princípios contratuais que regem a teoria geral do Contrato. 
Para o desenvolvimento da presente pesquisa foram formulados os seguintes 
questionamentos, qual é a função do princípio da boa-fé-objetiva frente aos Contratos, o 
Código Civil Brasileiro em seu artigo 422 descreve a conduta que deve ser respeitada na 
relação contratual, dando enfoque a boa-fé, o que seria na relação contratual agir com o 
princípio da boa-fé-objetiva, as hipóteses consideradas acerca dos questionamentos foram as 
seguintes, boa-fé-objetiva tem três funções, função interpretativa, controladora, integrativa; na 
prática contratual agir com o princípio da boa-fé-objetiva é entender que os contratantes estão 
obrigados a agir com honestidade, lealdade desde as negociações preliminares, até mesmo na 
fase pós-contratual. A monografia foi estruturada em três capítulos, à metodologia empregada 
foi método dedutivo. Conclui-se que foram contemplados os objetivos tanto os gerais como os 
específicos, bem como foram confirmadas as respostas formuladas para a realização desta 
pesquisa, acolhendo-se todas as hipóteses inicialmente levantadas. 
 
Palavras-chave: Contrato. Princípios. Princípio da Boa-Fé-Objetiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ABSTRACT 
This monograph presents the general theory of contracts and the principle of the objective 
good faith, its concern is founded by the principle of good faith applied to contracts, this way 
the significance of the theme is in the contract’s sphere, in the juridical relations that must be 
committed to the objective good faith. Constitutes the general objective of this work to verify 
the applicability of the Principle of Objective Good Faith in the contractual relations, legally 
based in the article 422 of the Brazilian’s Civil Code, and as its specific objectives searches to 
examine theoretically the concepts of the Objective Good Faith Principles’ conditional to the 
contracts’ institute and the contracts’ principles that rules the general theory of contract. To 
the development of this research were elaborated the following questions, what is the function 
of the objective good faith’s principles front of contracts, the Brazilian’s Civil Code at its 
article 422 describes the conduct that must be respected in the contractual relations, focusing 
the good faith, what is act with good faith in the contractual relation, the hypotheses 
considered about the questioning were the following,objective good faith has three functions, 
interpretative function, controlling, integrative; in the contract practice, act by the good faith’s 
principle is to understand that the following contractors are obligated to act with honesty and 
loyalty since the preliminary negotiations, and even in the post-contractual phase. The 
monograph was built in three chapters, the methodology applied was the deductive method. 
Concluded that were reached the general and specific objectives, and confirmed the answers 
elaborated to the accomplishment of this research, accepting all the hypotheses elaborated 
earlier. 
 
Key-Word: Contract. Principles Principle of Objective Good Faith 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
Apud Citado por 
Art. Artigo 
CC Código Civil 
CPC Código de Processo Civil 
Caput Cabeça 
Ed. Edição 
Inc. Inciso 
In verbis Nestas palavras 
n. Número 
p. Página 
v. volume 
§ Parágrafo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LISTA DE CATEGORIAS E SEUS CONCEITOS OPERACIONAIS 
Lista de categorias1 que o autor considera estratégicas à compreensão do seu trabalho, 
com seus respectivos conceitos operacionais2. 
Boa-fé-objetiva 
“A Boa-fé-objetiva como regra de conduta, é um dever – dever de agir de acordo com 
determinados padrões socialmente recomendados, de correção lisura, honestidade para não 
frustrar a confiança legítima da outra parte. Na Boa-fé-objetiva existe o dever de conduta de 
outrem na relação contratual3”. 
Boa-Fé Subjetiva 
“Boa-Fé Subjetiva é entendida como um estado de espírito, estado de consciência como o 
conhecimento ou desconhecimento de uma situação, fundamentalmente psicológica, ou seja, 
deve-se considerar a intenção do sujeito. Como se vê, a Boa-Fé Subjetiva é considerada como 
a concepção na qual o sujeito ignora o caráter ilícito de seu ato4”. 
Contrato 
“Contrato é uma espécie do gênero negócio jurídico, é uma manifestação de vontades que 
auto-regulamenta o interesse patrimonial das partes e que deve ser cumprido por ela, sob pena 
de sanção. Trata-se de Negócio Jurídico bi ou plurilateral, já que, para a sua formação, 
imprescindível será a vontade de duas ou mais pessoas. Distingue dos Negócios Jurídicos 
unilaterais, pois naqueles há apenas uma vontade capaz de produzir os efeitos almejados5“. 
Equidade 
“Equidade consiste na adaptação da regra existente de situação concreta, observando os 
critérios de justiça e igualdade. Então a Eqüidade adapta a regra a um caso específico a fim de 
deixá-la mais justo. É, portanto, a forma de se aplicar o direito, sendo o mais próximo 
possível do justo para as duas partes6”. 
 
 
1 Denomina-se “categoria” a palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou expressão de uma idéia. Cf. 
PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao pesquisador do Direito. 9. ed. 
Florianópolis: OAB Editora, 2005. p. 31. 
2 Denomina-se “Conceito Operacional” a definição ou sentindo estabelecido para uma palavra ou expressão, com 
o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias expostas ao longo do presente trabalho. Cf. 
PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao pesquisador do Direito. p. 43. 
3 SOARES, Renata Domingues Balbino Munhoz. A boa-fé objetiva e o inadimplemento do contrato: doutrina 
e jurisprudência. São Paulo: LTR. 2008. p. 82. 
4 SOARES, Renata Domingues Balbino Munhoz. A boa-fé objetiva e o inadimplemento do contrato: doutrina 
e jurisprudência. p. 27. 
5 SIMAO, José Fernando; Direito Civil: contratos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 3. 
6 RIZZARDO.Arnaldo. Contratos: Lei nº. 10.406, de 10-01-2002. 7. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 11. 
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Negócio Jurídico 
“Negócio Jurídico é espécie de Ato Jurídico, pois equivale a uma manifestação de vontade 
lícita, visando a produção de efeitos jurídicos relativamente a terceiros, sem ofender a vontade 
declarada e o ordenamento jurídico7”. 
Princípio Geral do Direito 
“Princípios Gerais do Direito têm garantia em dispositivo legal, e serão aplicados nos casos 
em que a lei for omissa, o juiz deve decidir com base na analogia, nos costumes e nos 
Princípios Gerais do Direito8”. 
Princípios Contratuais 
“Princípios Contratuais são normas de grande generalidade, expressas em dispositivos de 
direito positivo ou deles extraídas por via argumentativa, as quais ajudam a nortear os juízes 
na apreciação de demandas que versam a existência, validade e cumprimento de Contratos9”. 
Probidade 
“É a honestidade de proceder ou a maneira criteriosa de cumprir todos os deveres, que são 
atribuídos ou cometidos à pessoa10”. 
Validade do Contrato 
“Validade do Contrato precisa atender aos pressupostos da validade dos negócios jurídicos 
conforme art. 104 do Código Civil, quais sejam: agente capaz, objeto lícito, possível, 
determinado ou determinável, forma prescrita ou não, defesa em lei11” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 KÜMPEL, Vitor Frederico. Direito Civil : direito dos contratos. v. 3. 2 ed. São Paulo: Saraiva. 2008. p. 3 
8 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro: parte geral. 5. ed. ver.e atual. São Paulo: Saraiva, 
2007. p. 53. 
9 COELHO, Fábio Ulhoa.Curso de Direito Civil. v. 3. 2 ed. ver. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 23. 
10 BIERWAGEM, Mônica Yoshizato. Princípios e Regras de interpretação dos contratos no novo Código 
Civil. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 77. 
11 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil. 10. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2008. p. 20 
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SUMÁRIO 
RESUMO ........................................................................................................................... 08 
ABSTRACT ....................................................................................................................... 09 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................ 10 
LISTA DE CATEGORIAS E SEUS CONCEITOS OPERACIONAIS ........................... 11 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 15 
2 TEORIA GERAL DOS CONTRATOS ......................................................................... 19 
2.1 INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS ............................................ 19 
2.1.1 O Contrato como Espécie do Negócio Jurídico ............................................................ 20 
2.2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS CONTRATOS........................................................ 21 
2.2.1 Na Antiguidade ........................................................................................................... 21 
2.2.2 Na Idade Média ........................................................................................................... 24 
2.2.3 Na Idade Moderna ....................................................................................................... 27 
2.2.4 Na Idade Contemporânea ............................................................................................ 28 
2.3 PRINCÍPIOS CONTRATUAIS...................................................................................... 29 
2.3.1 Definição de Princípio .................................................................................................29 
2.3.2 Princípios Contratuais ................................................................................................. 30 
2.3.2.1 Princípio da autonomia da vontade ........................................................................... 31 
2.3.2.2 Princípio da vinculação entre as partes...................................................................... 32 
2.3.2.3 Princípio da obrigatoriedade contratual ..................................................................... 33 
2.3.2.4 Princípio da relatividade dos efeitos ......................................................................... 34 
2.3.2.5 Princípio da função social ......................................................................................... 35 
2.3.2.6 Princípio da boa-fé-objetiva ...................................................................................... 37 
2.4 CONCEITO DE CONTRATO ....................................................................................... 39 
2.5 PRESSUPOSTOS DE VALIDADE DO CONTRATO ENQUANTO NEGÓCIO 
JURÍDICO ........................................................................................................................... 40 
2.6 REQUISITOS PARA A VALIDADE E EFICÁCIA DO CONTRATO .......................... 42 
3 DOS CONTRATOS EM GERAL .................................................................................. 46 
3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS ........................................................................ 46 
3.1.1 Quanto a Responsabilidade de Obrigação das Partes.................................................... 46 
3.1.1.1 Contratos bilaterais, unilaterais e plurilaterais ........................................................... 46 
3.1.1.2 Contratos gratuitos e onerosos .................................................................................. 47 
3.1.1.3 Contratos cumutativos e aleatórios ........................................................................... 47 
3.1.1.4 Contratos paritários e por adesão .............................................................................. 48 
3.1.2 Quanto à sua Forma ..................................................................................................... 49 
3.1.2.1 Contratos consensuais formais .................................................................................. 49 
3.1.2.2 Contratos consensuais reais ...................................................................................... 50 
3.1.3 Quanto à Designação ................................................................................................... 50 
3.1.3.1 Contratos nominados e inominados .......................................................................... 50 
3.1.4 Quanto ao seu Objetivo ............................................................................................... 51 
3.1.4.1 Contratos patrimoniais, pessoais e sociais ................................................................. 51 
3.1.5 Quanto ao Tempo de Execução ................................................................................... 52 
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3.1.5.1 Contratos de execução (instantânea, deferida, sucessiva) .......................................... 52 
3.1.6 Quanto a Coletividade ................................................................................................. 53 
3.1.6.1 Contratos individuais e coletivos .............................................................................. 53 
3.1.7 Quanto à Transferibilidade .......................................................................................... 54 
3.1.7.1 Contratos derivados ou subcontratos ......................................................................... 54 
3.1.8 Quanto à Reciprocidade .............................................................................................. 55 
3.1.8.1 Contratos principais e acessórios .............................................................................. 55 
3.2 DA FORMAÇÃO DOS CONTRATOS.......................................................................... 56 
3.2.1 A Manifestação da Vontade ......................................................................................... 56 
3.2.2 Negociações Preliminares ............................................................................................ 57 
3.2.2.1 Proposta ................................................................................................................... 58 
3.2.2.2 Aceitação ................................................................................................................. 59 
3.3 DA EXTINÇÃO DOS CONTRATOS ............................................................................ 60 
3.3.1 Das Causas Anteriores ou Concomitantes de Extinção do Contrato ............................. 62 
3.3.2 Das Causas Supervenientes de Extinção do Contrato ................................................... 63 
3.2.2.1 Da resolução ............................................................................................................. 64 
3.2.2.2 Da resilição .............................................................................................................. 65 
4 A BOA-FÉ-OBJETIVA ENQUANTO PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS ................. 66 
4.1 CONCEITO DE BOA-FÉ-OBJETIVA........................................................................... 66 
4.2 CONCEITO DE BOA-FÉ-SUBJETIVA ........................................................................ 69 
4.3 A BOA-FÉ-OBJETIVA COMO ELEMENTO DO CONTRATO ................................... 70 
4.3.1 A Boa-Fé-Objetiva como Cláusula Geral do Contrato ................................................. 71 
4.3.2 Cláusulas Gerais dos Contratos ................................................................................... 74 
4.4 FUNÇÕES DA BOA-FÉ-OBJETIVA ............................................................................ 75 
4.4.1 Campo de Aplicação da Boa-Fé-Objetiva .................................................................... 77 
4.5 A BOA-FÉ-OBJETIVA E O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ................... 79 
4.6 JULGADOS ................................................................................................................... 82 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 86 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 90 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 INTRODUÇÃO 
O presente trabalho tem por objeto12 o estudo da a Teoria Geral dos Contratos e o 
Princípio da Boa-fé-objetiva. 
A importância deste tema reside no Direito Civil – Contratos, sua área de pesquisa se 
dá no direito privado. 
Ressalte-se que, além de ser requisito imprescindível à conclusão do curso de Direito 
na Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, o presente relatório monográfico também vem 
colaborar para o conhecimento de um tema que, apesar de não poder ser tratado como 
novidade no campo jurídico, na dimensão social-prática ainda pode ser tratado como elemento 
novo e repleto de nuances a serem destacadas pelos intérpretes jurídicos. 
O presente tema, na atualidade, encontra-se no Código Civil Brasileiro, que reúne 
dispositivos do direito contratual, salientando-se que essa categoria é de relevante valor para 
as relações jurídicas atuais. Inserido no artigo 422 do Código Civil Brasileiro, no Título V, 
que trata dos Contratos em Geral. Com certas mudanças no campo contratual, certos 
princípios passaram a ter mais vigor nos dias atuais, dentre eles destaca-se o Princípio da Boa-
fé-objetiva. 
A escolha do tema é fruto do interessepessoal do pesquisador frente ao instituto 
Contrato, assim como para instigar novas contribuições para estes direitos na compreensão 
dos fenômenos jurídicos-políticos, especialmente no âmbito de atuação do Direito Civil. 
Em vista do parâmetro delineado, constitui-se como objetivo geral deste trabalho 
verificar a aplicabilidade do Princípio da Boa-fé-objetiva nas relações contratuais, tendo como 
base legal o disposto no artigo 422 do Código Civil Brasileiro. 
O objetivo institucional da presente Monografia é a obtenção do Título de Bacharel 
em Direito, pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas, 
campus de Tijucas. 
 
12 Nesta Introdução cumpre-se o previsto em PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e 
ferramentas úteis para o pesquisador do Direito, p. 170-181. 
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16 
Como objetivo específico, pretende-se examinar-se teoricamente o conceito do 
Princípio da Boa-fé-objetiva condicionada no instituto Contrato, bem como os Princípios 
contratuais que regem a Teoria Geral do Contrato. 
A análise do objeto do presente estudo incidirá sobre as diretrizes teóricas propostas 
por Vitor Frederico kümpel, na obra Direito Civil 3 – Direito dos Contratos, e Luis 
Guilherme Loureiro, na obra Teoria geral e Contratos em espécies, no artigo 422 do Código 
Civil Brasileiro. Este será, pois, o marco teórico que norteará a reflexão a ser realizada sobre 
o tema escolhido. 
Não é o propósito deste trabalho analisar com maior ênfase os outros princípios 
contratuais, bem como as espécies de Contrato. Por certo não se estabelecerá um ponto final 
em referida discussão. Pretende-se, tão-somente, aclarar o pensamento existente sobre o tema, 
circunscrevendo-o ao leitor que o Princípio da Boa-Fé tem real aplicabilidade nas relações 
contratuais. 
Para o desenvolvimento da presente pesquisa foram formulados os seguintes 
questionamentos: 
a) Qual é a função do Princípio da Boa-fé-objetiva frente aos Contratos? 
b) O Código Civil Brasileiro em seu artigo 422 descreve a conduta que deve ser 
respeitada na relação contratual, dando enfoque a Boa-Fé. O que seria na relação contratual 
agir com o Princípio da Boa-fé-objetiva? 
Já as hipóteses consideradas foram as seguintes: 
a) Em face das funções da Boa-fé-objetiva cumpre-se observar que a doutrina destaca 
três funções da Boa-fé-objetiva: função interpretativa, controladora, integrativa. A função da 
Boa-fé objetiva frente aos contratos visa contemplar ou suprir as lacunas deixadas pelo 
direito, assim, o princípio da Boa-fé-objetiva tem por função equilibra estabelecer parâmetros 
de comportamento dos contratantes; 
b) Na prática contratual agir com o Princípio da Boa-fé-objetiva é entender que os 
contratantes estão obrigados a agir com honestidade, lealdade desde as negociações 
preliminares, até mesmo na fase pós-contratual, implica dizer que os contratantes não devem 
ter o intuito de prejudicar a outra parte e nem obter vantagens indevidas. 
Finalmente, buscou-se nortear as hipóteses formuladas com as seguintes variáveis: 
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17 
a) O Princípio da Boa-fé-objetiva nas relações contratuais é resguardado em 
dispositivo legal e tem fundamento jurídico em doutrinas e jurisprudências; 
b) Assim, o Princípio da Boa-fé-objetiva, aplicado às relações contratuais indica 
norma de comportamento dos contratantes. 
O relatório final da pesquisa foi estruturado em três capítulos, podendo-se, inclusive, 
delineá-los como três molduras distintas, mas conexas: a primeira, atinente a Teoria Geral dos 
Contratos; a segunda, Dos Contratos em Geral; e, por derradeiro, A Boa-fé-objetiva enquanto 
Princípio do Contrato. 
Quanto à metodologia empregada, registra-se que, na fase de investigação foi utilizado 
o dedutivo que, segundo Pasold13, consiste em “[...] estabelecer uma formulação geral e, em 
seguida, buscar as partes do fenômeno de modo a sustentar a formulação geral”, e, o relatório 
dos resultados expresso na presente monografia é composto na base lógica dedutiva, já que se 
parte de uma formulação geral do problema, buscando-se posições científicas que os 
sustentem ou neguem, para que, ao final, seja apontada a prevalência, ou não, das hipóteses 
elencadas. 
Nas diversas fases da pesquisa, serão acionadas técnicas14 de pesquisa do referente15, 
da categoria16, do conceito operacional17 e da pesquisa18 bibliográfica. 
Os acordos semânticos que procuram resguardar a linha lógica do relatório da pesquisa 
e respectivas categorias, por opção metodológica, estão apresentados na Lista de Categorias e 
seus Conceitos Operacionais, muito embora algumas delas tenham seus conceitos mais 
aprofundados no corpo da pesquisa. 
 
13 PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao pesquisador do direito, p. 
88. 
14 “[...] é um conjunto diferenciado de informações reunidas e acionadas em forma instrumental para realizar 
operações intelectuais ou físicas, sob o comando de uma ou mais bases lógicas investigatórias”. Cf. PASOLD, 
Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao pesquisador do Direito. p. 88. 
15 “[...] a explicitação prévia do(s) motivo(s) do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance 
temático e de abordagem para uma atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa”. Cf. PASOLD, Cesar 
Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao pesquisador do Direito. p. 62. 
16 “[...] a palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia”. Cf. PASOLD, Cesar 
Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao pesquisador do Direito. p. 31. 
17 “Quando nos estabelecemos ou propomos uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que 
tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos, estamos fixando um Conceito Operacional [...]”. 
Cf. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao pesquisador do Direito. p. 
45. 
18 “[...] atividade investigatória, conduzida conforme padrões metodológicos, buscando a obtenção de 
informações que permita a ampliação da cultura geral ou específica de uma determinada área [...]”. Cf. 
PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao pesquisador do Direito. p. 77. 
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18 
A estrutura metodológica e as técnicas aplicadas nesta monografia estão em 
conformidade com o padrão normativo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 
e com as regras apresentadas no Caderno de Ensino: formação continuada, Ano 2, número 4; 
assim como nas obras de Cezar Luiz Pasold, Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas 
úteis ao pesquisador do Direito e Valdir Francisco Colzani, Guia para redação do trabalho 
científico. 
A presente monografia se encerra com as Considerações Finais, nas quais são 
apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos 
estudos e das reflexões no Princípio da Boa-fé-objetiva e sua aplicabilidade nas relações 
contratuais, como forma de engrandecer esse estudo colaciona-se julgados dos mais variados 
tribunais que decidem com base no Princípio da Boa-fé-objetiva. 
Com este itinerário, espera-se alcançar o intuito que ensejou a preferência por este 
estudo: “Teoria Geral dos Contratos e o Princípio da Boa-fé-objetiva”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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19 
2 TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
2.1 INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
Neste capítulo, abordar-se-á sobre a Teoria Geral dos Contratos, onde busca-se 
desenvolver uma idéia de Contrato e o Princípio da Boa-fé-objetiva e a sua aplicabilidade aos 
negócios jurídicos. Para uma compreensão clara e ampla, a fonte dos Contratos é o fato 
jurídico, ou seja, é todo acontecimento que tem repercussão no mundo jurídico19. 
Em observância, principalmente no que tange a Teoria Geral dos Contratos, é preciso 
ressaltar que, em decorrência do crescimento populacional nos últimos dois séculos de vida da 
humanidade, houve uma interação social muito intensa. Nesse sentido salienta Pacheco, “em 
relação a esse desenvolvimento houve a necessidade de criar outros ramos do direito positivo 
para prevenir e acomodar os conflitos resultantes dessas relações jurídicas20”. 
Uma vez que, homens e mulheres convivendo em sociedade, passam a ter 
compromissos importantes diante de outros integrantes da sociedade, compromisso esse que 
tem a obrigação de se ajustar nos princípios que regem a Teoria Geral dos Contratos. 
Para a existência do Contrato, o mesmo necessita de alguns elementos que assim vão 
constituir e formalizar o Contrato. Importante dizer, que esses elementos são denominados 
constitutivos, ou seja, sem os quais o Contrato não teria existência, ao menos no mundo 
jurídico21. 
Na Teoria Geral dos Contratos, é interessante destacar que o Contrato é uma espécie 
do gênero negocio jurídico, que irá se distinguir, do negocio jurídico na sua formação, por 
exigir a presença de no mínimo de duas partes que queiram por acordo de vontades 
contratarem, e, portanto, o Contrato será o negocio jurídico bilateral ou plurilateral22. 
 
19 KÜMPEL, Vitor Frederico. Direito Civil : direito dos contratos. p. 1. 
20 BARROS, Wellington Pacheco. Contratos: estudos sobre a moderna teoria geral. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado. 2004. p. 17. 
21 BUSSATTA, Eduardo Luiz. Direito Civil: direito dos contratos. v. 3. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. 
p. 50. 
22 GOMES, Orlando. Contratos. 26 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 4. 
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20 
Assim, no decorrer deste capítulo, destacar-se-á o Contrato como espécie de negócio 
jurídico, far-se-á, uma conceituação breve do que seja um negócio jurídico, e fato jurídico, em 
seguida destacam-se os principais períodos da Evolução Histórica dos Contratos, e em 
consonância com a conceituação do vocábulo Contrato, sua classificação, formação e 
extinção, e por fim, ressalta-se o Princípio da Boa-fé-objetiva e sua importância nas relações 
contratuais. 
2.1.1 O Contrato como Espécie do Negócio Jurídico 
Inicialmente, pode-se chamar a atenção para as observações levantadas por Bussata, 
no que concerne o Contrato visto como espécie de negócio jurídico, termos em que segue: 
O Contrato, como negócio jurídico, deve ser analisado em seus três planos: 
a) plano da existência, no qual se refere justamente a existência dos 
elementos essenciais, sem os quais o Contrato poderá ser - juridicamente ou 
não – qualquer coisa, menos Contrato; b) plano da validade, em que se 
verifica se os elementos do plano de existência estão de acordo com o 
ordenamento jurídico, o que significa, se encontram-se presentes os 
requisitos de validade, de forma que o Contrato seja apto a gerar efeitos 
jurídicos; c) plano de eficácia, no qual o jurista deverá verificar se o 
Contrato efetivamente gera os efeitos queridos pelas partes, o que somente 
ocorrerá caso os fatores de eficácia – acontecimentos externos que 
subordinam a eficácia no negócio - de fato se derem23. 
Na linha de raciocínio de que Contrato é uma espécie de negócio jurídico, chama-se a 
atenção que Contrato também será a principal modalidade desse negócio, assim evoca-se os 
entendimentos de Kümpel que esclarece que “negócio jurídico é espécie de ato jurídico, pois 
equivale a uma manifestação de vontade lícita, visando a produção de efeitos jurídicos 
relativamente a terceiros, sem ofender a vontade declarada e o ordenamento jurídico24”. 
Diante do entendimento acima mencionado, é de clara compreensão que negócio 
jurídico é assim um ato jurídico dirigido a fim determinado. Nesse caso pode-se citar como 
exemplo de um negócio jurídico bastante utilizado, o Contrato25. 
No entanto, é importante ressaltar que Contrato é uma espécie do gênero negócio 
jurídico, ou seja, a expressão Contrato refere-se a uma manifestação de vontades das partes 
contratantes do negócio jurídico26. 
 
23 BUSSATTA, Eduardo Luiz. Direito Civil: direito dos contratos. p. 50. 
24 KÜMPEL, Vitor Frederico. Direito Civil : direito dos contratos. p. 03 
25 KÜMPEL, Vitor Frederico. Direito Civil : direito dos contratos. p. 03 
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21 
Assim, esclarecido o que é negócio jurídico cabe ainda conceituar fato jurídico, 
Kümpel, entende que “fato jurídico é todo acontecimento que repercute no mundo jurídico e 
produz, portanto, efeitos jurídicos27”. 
Compreendido o que seja fato jurídico, verifica-se que este é gênero, tanto para ato 
quanto para o negócio jurídico. E, por fim, é de suma relevância esclarecer o que é ato 
jurídico28. 
Em linhas breves, busca-se esclarecer o que é o ato jurídico para a relação contratual, 
nesse ponto Kümpel ensina que: 
Ato jurídico é aquele determinado pela vontade do homem, cujo propósito é 
a obtenção de certos efeitos lícitos de vontade. É toda manifestação lícita de 
vontade que tenha por objetivo criar modificar ou extinguir uma relação de 
direito29. 
A seguir destaca-se a evolução histórica dos Contratos, de forma a ressaltar os 
principais períodos de evolução da categoria Contrato. 
2.2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS CONTRATOS 
2.2.1 Na Antiguidade 
Em uma visão estritamente jurídica, se pode entender que no Direito Romano, a 
obrigação contratual somente teria valor se o pacto celebrado entre as partes fosse revestido 
de certas formalidades30. 
Em breve análise, Venosa destaca que a formação do Contrato no Direito Romano 
deveria atender as formas, ainda que não expressassem exatamente a vontade das partes, pois 
estas deveriam, segundo leciona o autor: 
Obedecer às formas rigorosas, mesmo se elas não coadunassem com a 
vontade das partes, este formalismo exacerbado estava assentado na 
inseparabilidade entre os fatos jurídicos e as celebrações religiosas, valendo 
 
26 KÜMPEL, Vitor Frederico. Direito Civil : direito dos contratos. p. 03 
27 KÜMPEL, Vitor Frederico. Direito Civil : direito dos contratos. p. 03 
28 KÜMPEL, Vitor Frederico. Direito Civil : direito dos contratos. p. 03 
29 KÜMPEL, Vitor Frederico. Direito Civil : direito dos contratos. p. 03 
30 BARROS, Wellington Pacheco. Contratos: estudos sobre a moderna teoria geral. p. 14. 
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22 
ressaltar que a vontade, enquanto elemento preponderante do Contrato, 
somente lograria destaque no período justinianeu31. 
 Seguindo o raciocínio de Venosa, a palavra “contractus significa unir, contrair”. Entre 
os outros termos utilizados pelos romanos com a semelhante finalidade de Contrato, destaca-
se a palavra convenção, com o seguinte significado: “convenção, de conventio, provém de cunvenire, que significa vir junto”. E, por conseguinte o “pacto que provém de pacis si, estar de 
acordo32”. 
É oportuno lembrar o entendimento de Pereira que complementa a idéia de Contrato 
no Direito Romano, afirmando que foi nesse período, até o ano de 476 d.C, que o Contrato 
estruturou-se, da seguinte maneira: 
Foi o Direito Romano que estruturou o Contrato, e todos os romanistas a ele 
se reporta sobre a base de um acordo de vontades a respeito de um mesmo 
ponto, entendiam ainda os romanos não ser possível Contrato sem a 
existência de elemento material, uma exteriorização de forma, fundamental 
na formação da própria obrigação. Primitivamente, eram as categorias de 
Contratos, conforme o elemento formal se ostentasse por palavras 
sacramentais, ou pela efetiva entrega do objeto. Somente mais tarde com a 
atribuição de ação a quatro pactos de utilização freqüente (venda, locação, 
mandato e sociedade), surgiu a categoria dos Contratos que se celebravam 
solo consensu, isto é, pelo acordo das vontades. Somente estes quatro 
Contratos consensuais eram reconhecidos como tais. Nos demais, prevalecia 
sobre a vontade a materialidade de sua declaração33. 
Gonçalves sustenta que “o direito romano distinguia Contrato de convenção. Esta 
representava o gênero, do qual o Contrato e o pacto eram espécies34”. 
É importante frisar que, desde as épocas mais primitivas, principalmente no Direito 
Romano, o Contrato já era lei para as pessoas que viviam em sociedade. Diante disto ressalta 
Venosa: 
O Contrato, a Convenção e o Pacto foram conhecidos no Direito Romano. 
No Direito Romano Primitivo os Contratos, como todos os atos jurídicos, 
tinham caráter rigoroso e sacramental. A convenção e o pacto nesta época 
eram conceitos equivalentes e significavam o acordo de duas ou mais 
pessoas a respeito de um objeto determinado. O simples acordo, convenção 
 
31 BARROSO, Lucas Abreu. Direito Civil: direito dos contratos. v. 3. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 
30. 
32 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 334. 
33 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 8. 
34 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro: parte geral. p. 3. 
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23 
ou pacto, porém, não bastava para criar uma obrigação juridicamente 
exigível. O simples pacto não criava a obrigação35. 
Cabe, entretanto, ressaltar a posição de Gagliano e Pamplona Filho a respeito do 
Direito Romano clássico: 
Foi na época clássica que se começou a introduzir efetivamente o elemento 
do acordo contratual no conceito de contractus, assim se alcançando o 
conceito técnico e mais estrito de Contrato. Nesse diapasão, poderíamos 
imaginar que fora em Roma que se deu o surgimento do negócio jurídico 
contratual. Mas não foi. O fato de o Direito Romano ter sido a principal 
fonte histórica dos sistemas jurídicos ocidentais não significa que todos os 
institutos hodiernamente conhecidos tenham sidos forjados. Assim sendo, 
não é no Direito Romano que se deve buscar a origem histórica da categoria 
que hoje se denomina Contrato36. 
Como pondera Loureiro, existia, é certo, com a ‘stipulatio’, um instrumento que 
compreendia as convenções e os pactos de diversa natureza “mas estes, em rigor, eram 
vinculativos não pela força jurídica, mas como cerimônia revestida de uma espécie de valor 
mágico ou até religioso37”. 
Com base na stipulatio, deve-se ressaltar que no Direito Romano era conhecido outros 
Contratos, que significavam outros negócios que por sua difusão e pela importância adquirida 
na prática eram considerados como dignos de tutela jurídica. 
Quanto o Direito Romano Clássico, que é aquele que compreende o período justiniano 
no ano 476 d.C, Venosa se manifesta da seguinte forma: 
O período Justiniano é aquele que afirmava que o simples acordo de 
vontades não gerava nenhuma obrigação. Que para criar uma obrigação, o 
Contrato necessitava observar certas formalidades estabelecidas no Direito 
Romano38. 
Assim, no Direito Romano clássico não existia ainda uma figura geral de Contrato, 
nos termos em que hoje é concebido. Para tanto, nesse período a característica principal do 
Contrato é a que o mesmo deveria atender as formalidades estabelecidas na obrigação 
contratual. 
 
35 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações. p. 334. 
36 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil. p. 3 
37 LOUREIRO, Luiz Guilherme. Teoria geral dos contratos em espécie. 3. ed. São Paulo: Método, 2008. p. 33. 
38 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações. p. 334. 
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24 
Quanto ao Direito Justianeu pode-se destacar algumas características que se referem a 
evolução do Contrato. Para Hironaka, as características preponderantes a este período são: 
a) os juristas bizantinos consideram que a obrigação nasce do acordo de 
vontade; b) o acordo de vontade passa a ser o elemento juridicamente 
relevante da obrigação; c) a definição de Contrato se assemelha à clássica 
conceituação de pacto.39 
A respeito do período Justiniano cabe também transcrever o entendimento de Gagliano 
e Pamplona Filho, a sistematização das fontes, desenvolvidas nas Institutas de Justiniano, que 
seriam distribuídas em quatro categorias de causa eficientes. Veja-se: 
a) O Contrato – compreendendo as convenções, as avenças firmadas entre 
duas partes; b) O quase-Contrato – tratava-se de situações jurídicas 
assemelhadas aos Contratos, atos humanos lícitos equiparáveis aos 
Contratos, como a gestão de negócios; c) O delito – consistente no ilícito 
dolosamente cometido, causador de prejuízo para outrem; d) O quase-delito 
– consistente nos ilícitos em que o agente atuou culposamente, por meio de 
comportamento carregado de negligência, imprudência ou imperícia40. 
Nessa concepção do período justianeu, é importante destacar a lição de Loureiro: 
Apenas na época justianéia, com a evolução do Direto Romano, que foi 
criado um instrumento capaz de caracterizar e conceder eficácia legal a uma 
pluralidade indeterminada de operações econômicas, surgindo, assim, um 
instrumento jurídico autônomo, não imediatamente identificado com uma 
determinada operação econômica. Antes dessa época, os Contratos romanos 
eram figuras especiais contratuais bem precisas nos seus contornos e fixas no 
número, que tinham um nome próprio ou, podiam sempre ser englobados em 
tipos fixos e determinados41. 
Assim, pode-se entender que foi no Direito Romano que passaram a surgir os 
princípios de relevante valor para o Contrato, como por exemplo, a solus consensus obrigat e 
a pacta sun servanda42. 
2.2.2 Na Idade Média 
Das vertentes sobre a evolução dos Contratos na visão clássica, ressalta-se que durante 
muito tempo, o estudo sobre Contratos estruturou-se na visão exclusiva da ciência jurídica. 
 
39 BARROSO, Lucas Abreu. Direito Civil: direito dos contratos. p. 30. 
40 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil. p. 3. 
41 LOUREIRO, Luiz Guilherme. Teoria geral dos contratos em espécie. p. 34. 
42 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações. p. 46. 
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25 
Como desenvolvimento da burguesia, classe de comerciantes da Idade Média, adveio a 
necessidade da elaboração de normas para a regularização denumerosos negócios a tornar 
possível o crescimento da economia. Diante do crescimento dos negócios, realizados em 
massa, o formalismo e o simbolismo vão sendo abandonados aos poucos, sendo que nesta 
época era respeitado os limites da fé jurada, moral e do bem comum43. 
A respeito da idade média, com o desenvolvimento da burguesia, o Contrato passou a 
assumir funções diferentes daquelas vivenciadas no direito romano. Nesse enquadramento de 
idéias de Loureiro, se manifesta da seguinte forma: 
Se confrontarmos as funções assumidas pelo Contrato na antiguidade e na 
Idade Média vale dizer, no âmbito dos sistemas econômicos arcaicos, 
baseado no trabalho escravo e pelo modo de produção feudal, com as 
funções que o Contrato exerce no quadro de uma formação econômico-
social caracterizado pelo maior desenvolvimento das forças produtivas e pela 
intensificação do sistema de trocas. Após a Revolução Industrial e a 
multiplicação das trocas, o Contrato se tornou um instrumento fundamental 
no funcionamento de todo o sistema econômico e de utilização diuturna nas 
relações sociais 44. 
Foi na Idade Média que o Contrato como instituto teria sofrido um forte golpe pela 
ação econômica e política dos senhores feudais, mas, que no entanto, caberia à Igreja, apesar 
de manter a estrutura clássica do Contrato romano, nele introduzir o dogma da fé jurada. Para 
esclarecer, o dogma da fé jurada destaca-se o posicionamento de Pacheco: 
A concepção romana de Contrato, com essa separação entre Contrato e a 
conventio, tomando a sua defesa por meio de ações dependentes do respeito 
a determinadas formas, recebeu golpe profundo na Idade-Média. O sistema 
feudal é econômico e político. O senhor feudal fazia com cessões, de onde a 
criação do instituto do precário, deferido a quem lho suplicava. Entretanto a 
Igreja, através dos canonistas, conseguiu manter a noção de Contrato, 
reforçando-a e dignificando-a de moda a polir a própria noção romana, 
mediante o afastamento da clássica distinção entre Contrato e conventio. O 
Contrato assumi, na concepção cristã, o caráter de um instituto decorrente da 
fé jurada, fundado no cumprimento do que se prometera perante Deus e a 
Igreja45. 
Denotou-se, que na idade média não havia mais espaço para distinguir o Contrato e o 
pacto. Pois a obrigatoriedade de se cumprir o que foi estabelecido perante a fé jurada se 
impunha fosse qual fosse a natureza da convenção. 
 
43 BARROS, Wellington Pacheco. Contratos: estudos sobre a moderna teoria geral. p.17. 
44 LOUREIRO, Luiz Guilherme. Teoria geral dos contratos em espécie. p. 32. 
45 BARROS, Wellington Pacheco. Contratos: estudos sobre a moderna teoria geral. p.16. 
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26 
Neste sentido, as observações feitas por Pacheco no que s refere a idade média, a fé 
jurada nos seguintes termos: 
Todavia, força é notar que nessa concepção canônica não pairava qualquer 
sintoma de futura idéia de autonomia da vontade, pois era inspirada no 
princípio da crença na palavra empenhada e na obrigação de evitar a mentira. 
Destarte, do ponto de vista do plano social, os canonistas chegaram ao 
mesmo objetivo mais tarde atingido pelos partidários da autonomia da 
vontade e da liberdade de contratar, e sem os pecados do excesso por estes 
cometidos46. 
No que concerne à evolução histórica na Idade Média, é curioso destacar que nesta 
época formou-se o ius commune, ou seja, é a formação do direito comum. O instrumento 
contratual passa a ocupar lugar de relevo na economia de mercado, nessa nova forma de 
organização social e econômica da comunidade política47. Assim, destaca-se a evolução da 
idade média, na lição de Barros: 
Na idade média, com toda a evolução adveio a necessidade de estabelecer 
normas para a conformidade e regularização dos negócios, e assim sendo, 
tornar possível o crescimento da economia. Diante de todo o crescimento 
dos negócios, realizados em massa, o formalismo e o simbolismo são 
abandonados aos poucos, sendo que nesta época era respeitado os limites da 
fé, moral e do bem comum48. 
Dentro dessas premissas, pode-se avocar novamente o estudo de Barros, a respeito da 
expressão Contratos na idade média: 
A expressão Contratos na Idade Média passou a ser um instrumento de fé 
jurado perante Deus e a Igreja e embutia a clara idéia religiosa de se coibir a 
mentira com a prevaleça da palavra dada. Os Padres da Igreja e os 
canonistas, ao reintroduzirem o estudo do direito romano, sustentaram uma 
nova concepção de pacto desprovido de forma, que, para os romanos, não 
produzia ação, para entender que verdadeiramente ele pressupunha uma 
obrigação jurídica vinculando-a, no entanto, a uma obrigação moral, 
imputando àquele que a descumprisse a pecha de mentiroso e, por 
conseqüência, pecador49. 
Como observa Gomes, pode-se destacar que “a contribuição dos canonistas constituiu 
basicamente na relevância que atribuíram, de um lado, ao consenso, e, do outro, a fé jurada50” 
 
46 BARROS, Wellington Pacheco. Contratos: estudos sobre a moderna teoria geral. p. 16 
47 BARROSO, Lucas Abreu. Direito Civil: direito dos contratos. p. 32. 
48 BARROS, Wellington Pacheco. Contratos: estudos sobre a moderna teoria geral. p. 15. 
49 BARROS, Wellington Pacheco. Contratos: estudos sobre a moderna teoria geral. p. 16-17. 
50 GOMES, Orlando: Contratos. p. 6. 
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27 
Finalizando este tópico, da idade média, faz-se necessário a seguinte observação, que 
para o Direito Canônico a figura da expressão Contrato abolia todas as formalidades exigidas 
no Direito Romano. Pois para o Direito Canônico, na era medieval o que realmente tinha 
valor era o princípio da fé jurada51. 
2.2.3 Na Idade Moderna 
Com a idade moderna houve a transação do feudalismo para o capitalismo. A idade 
moderna está relacionada com alguns acontecimentos a partir do século XIV. Dentre estes 
acontecimentos, pode-se assim destacar as principais transformações da idade moderna, 
conforme leciona Venosa: 
As principais transformações estão relacionadas com o fortalecimento do 
comércio, conseqüências das cruzadas, o renascimento comercial e urbano e 
o surgimento da burguesia no período de declínio dos nobres que perderam 
suas terras (feudos) para o Rei absolutista. A Idade Moderna é o período 
compreendido entre os anos 1453 e 1789 (Revolução Francesa). Nesse 
período aconteceram transformações sócio-políticas e econômicas52. 
Pode-se dizer que foi na idade moderna, que a justificativa feito ao individualismo 
ganhou força na autoridade quando abraçada pela Escola Jusnaturalista. Nesta linha 
interpretativa segue o raciocínio e explicação de Gomes: 
A Escola do Direito Natural, racionalista e individualista, influiu na 
formação histórica do conceito moderno de Contrato ao defender a 
concepção de que o fundamento racional do nascimento das obrigações se 
encontrava na livre vontade dos contratantes. Desse juízo, inferiram seus 
pregoeiros o princípio de que o consentimento basta para obrigar (solus 
consensus obligat)53. 
Como delineado acima, entende-se que foi a partir da escola do Direito Natural que 
surgiram os princípios de relevante importância para o direito contratual. Dentre estes 
princípios, pode-se destacar a solus consensu obligat, e a pacta sun servanda54. 
Na idade moderna, a expressão Contrato sofreu várias alterações, nesse espeque 
Gonçalves nos ensina que “o Contrato muito se modificou no Direito Moderno, pois servia 
para todo tipo de relação jurídica e qualquer pessoa, isto é não se levava em conta a condição51 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações. p. 46. 
52 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações. p. 54 
53 GOMES, Orlando. Contratos. p. 6. 
54 GOMES, Orlando. Contratos. p. 6. 
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28 
ou posição social dos sujeitos, nem tampouco se considerava os valores de uso do objeto 
contratado55”. 
Para finalizar este tópico da Idade Moderna, destaca-se que a igualdade conforme 
mencionada na citação supracitada, que parecia ser de uma forma justa e eficaz, contudo não 
obteve êxito no século XIX, início da Idade Contemporânea. Esta igualdade começou a ser 
questionada, motivo pelo qual surgiram as primeiras reações contrárias ao individualismo56. 
2.2.4 Na Idade Contemporânea 
O novo modelo de Estado, ou seja, mais intervencionista e preocupado com os 
aspectos sociais e econômicos, acaba repercutindo no campo jurídico, especialmente na teria 
contratual, e o direito passa a exercer uma função econômica e social. Neste modelo de 
Estado Social, não mais individualista tem como característica principal a intervenção do 
estado na atividade econômica, como bem acentua Soares “sendo o direito o mecanismo de 
correção e controle das atividades econômicas57”. 
Conforme, delineado no entendimento acima interessante destacar a lição da autora 
Soares, acerca da Idade Contemporânea, que segue nos seguintes termos: 
Em razão de dificuldades econômicas e sociais sofridas pelos mais fracos 
(normalmente os trabalhadores operários), e da desigualdade real que isso 
ocasionava, surgiu a necessidade do Estado intervir (Estado Social) para 
regular e equilibrar essas relações e os Contratos passaram a ser encarados 
não mais sob o prisma do liberalismo, como fenômenos da vontade mas 
antes como fenômenos econômicos sociais, oriundos das mais diversas 
necessidades humanas58. 
Interessante também, as observações de Pereira no que tange a Idade Contemporânea. 
Veja-se: 
Na Idade Contemporânea, podemos destacar, então a passagem do 
individualismo exacerbado ao solidarismo, a preocupação com os direitos de 
segunda e terceira geração, como direito sociais e econômicos, a intervenção 
do Estado no domínio econômico, a superação do formalismo jurídico, em 
 
55 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro: parte geral. p. 3-4 
56 BARROS, Wellington Pacheco. Contratos: estudos sobre a moderna teoria geral. p. 17. 
57 SOARES, Renata Domingues Balbino Munhoz. A boa-fé objetiva e o inadimplemento do contrato: 
doutrina e jurisprudência p. 31. 
58 SOARES, Renata Domingues Balbino Munhoz. A boa-fé objetiva e o inadimplemento do contrato: 
doutrina e jurisprudência p.31. 
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29 
fim a construção de um sistema jurídico mais aberto na sociedade pós-
moderna59. 
No que versa a Idade contemporânea, é importante dizer que surgiram a partir dessa 
época os principais princípios contratuais, que nesse contexto principalmente emergiu o 
Principio da Boa-fé-objetiva como paradigma que marca essa época, e também ocorre assim o 
agigantamento da pacta sunt servanda. 
Formalmente, cumpre-se ressaltar, a lição apontada por Gagliano e Pamplona Filho: 
Cada sociedade juridicamente producente, cada escola doutrinária – desde os 
canonistas, passando pelos positivistas e jusnaturalistas – contribuíram, ao 
seu modo, para o aperfeiçoamento do conceito jurídico do Contrato e de suas 
figuras típicas. Mas sem dúvida, contribuição inegável seria dada pelo 
movimento iluminista francês, o qual, segundo uma escancarada vocação 
antropocêntrica, firmava a vontade racional do homem como centro do 
universo, determinando, assim, uma supervalorização da força normativa do 
Contrato – levada às suas ultimas conseqüências pela consagração fervorosa 
do pacta sunt servanda60. 
O que se verifica, no entanto é que o liberalismo econômico, ou a idéia basilar de que 
todos são iguais perante a lei e devem ser igualmente tratados, se tem a concepção de que o 
mercado de capitais e o mercado de trabalho devem funcionar livremente em condições que 
favorecem a dominação de uma classe sobre a economia considerada em seu conjunto 
permitiu fazer-se do Contrato o instrumento jurídico por excelência61. 
2.3 PRINCÍPIOS CONTRATUAIS 
2.3.1 Definição de Princípio 
Para discorrer sobre os Princípios Gerais do Direito, inicialmente, cumpre-se destacar 
o que venha a ser princípio, assim, é necessário entender a expressão princípio. 
A doutrina entende que, a expressão princípio designa algo que é base inicial, que 
fundamenta que dá sustentação e alicerce para determinado assunto62. 
 
59 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. p. 9-10. 
60 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil. p 4 
61 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro: parte geral. p. 3. 
62 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações. p. 70. 
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Em sua forma literal a expressão princípio “deriva do latim pricipium, que significa 
dizer, origem ou começo63”. 
O Decreto Lei n. 4.657/42, mais conhecido como LICC – Lei de Introdução ao Código 
Civil, em seu art. 4º, busca esclarecer que os Princípios Gerais do Direito têm garantia em 
dispositivo legal, e serão aplicados nos casos em que a lei for omissa, o juiz deve decidir com 
base na analogia, nos costumes e nos Princípios Gerais do Direito64. 
Entretanto, cabe salientar que a Lei de Introdução ao Código Civil, não serve somente 
como diploma legal aplicável a matéria de caráter civil, ela tem caráter de validade e 
aplicação para todo o ramo do Direito65. 
Assim, os Princípios Gerais de Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, e que, 
porém, não estão definidos em nenhuma norma legal. A seguir, destacam-se os princípios 
contratuais, que dão respaldo legal para as relações contratuais. 
2.3.2 Princípios Contratuais 
As obrigações contratuais são regidas por princípios informadores desse instituto e que 
tem relevante valor de justiça. Nesse sentido, o doutrinador Coelho, ensina o que são 
princípios contratuais, que assim segue: 
Os princípios do direito contratual são normas de grande generalidade, 
expressas em dispositivos de direito positivo ou deles extraídas por via 
argumentativa, as quais ajudam a nortear os juízes na apreciação de 
demandas que versam a existência, validade e cumprimento de Contratos66. 
Nesta presente pesquisa, destacar-se-á os seis principais informadores do Direito 
Contratual, estes princípios não tem hierarquia, e são utilizados em conformidade das 
condições dos contratantes. 
A seguir, apontam-se os seguintes princípios contratuais, quais sejam: autonomia da 
vontade, vinculação entre as partes, da obrigatoriedade contratual, relatividade dos efeitos, a 
função social do Contrato e a Boa Fé-Objetiva. 
 
63 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 28. ed. Rio de Janeiro. Forense, 2009. p. 1090. 
64 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro: parte Geral. p. 59-60. 
65 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil. p 80 
66 COELHO, Fábio Ulhoa.Curso de Direito Civil.. p. 23. 
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2.3.2.1 Princípio da autonomia da vontade 
O princípio da autonomia da vontade é princípio fundamental para do direito 
contratual, tendo em vistaque as pessoas são livres para contratar, assim, este princípio de 
alicerça na liberdade contratual67. 
Ao se manifestar deste princípio Simão, traz a seguinte lição: 
O poder que as partes tem de contratar e suscitar, mediante declaração de 
vontades, e feitos reconhecidos pela lei. É correto afirmar que o Contrato 
reflete a vontade das partes e seu poder de auto-regulamentação ao qual a lei 
empresta sua força coercitiva. Assim, o Contrato faz lei entre as partes (pacta 
sun servanda) e, então, temos a sua força obrigatória68. 
Para kümpel o princípio da autonomia da vontade é aquele que surge por acordo livre 
dos contratantes. Neste sentido, o doutrinador ensina que: 
Sendo aquele que se funda na liberdade contratual das partes, consistindo no 
poder de estipular livremente, como melhor lhes convier, mediante acordo 
de vontades balizada a liberdade na função socioeconômica do Contrato e na 
Boa-Fé dos contratantes69. 
Seguindo o raciocínio de que o princípio da autonomia de vontade é a livre opção de 
contratação, Pacheco discorre que: 
O princípio da autonomia da vontade consistente na plenitude de agir dos 
contratantes, pensamento estruturado na doutrina da liberdade sem peias do 
homem, cuja derivação é a liberdade econômica, geravam direitos e 
obrigações que exauriam o alcance do Contrato. Nesse contesto, o princípio 
que norteava as relações contratuais era o do predomínio da autonomia de 
vontade ou a pacta sun servanda dos romanos. Diante disto, nada além da 
vontade dos contratantes, importa na formação e execução dos Contratos70. 
Diante do que foi prelecionado, é importante destacar, que o Contrato surge por 
acordo da vontade livre e soberana, insuscetível de modificação por qualquer outra força que 
não derive das partes envolvidas. 
Observa-se também o posicionamento de Azevedo ao tratar do princípio da autonomia 
da vontade, enfatizando que a liberdade de contratar decorrer de fazer Contrato e, a liberdade 
 
67 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro: parte geral. p 20. 
68 SIMAO, José Fernando; Direito Civil: contratos. p. 08. 
69 KÜMPEL, Vitor Frederico. Direito Civil : direito dos contratos. p. 23. 
70 BARROS, Wellington Pacheco. Contratos: estudos sobre a moderna teoria geral. p. 36. 
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contratual é aquela em os contratantes discutem o conteúdo do Contrato. Nessa linha de 
raciocínio o autor, se manifesta da seguinte forma: 
A autonomia da vontade patenteia-se, a cada instante no ambiente dos 
Contratos, que nascem sob sua influência direta. É a vontade, que, ao 
manifestar-se, retrata o interesse da pessoa física ou jurídica, no meio social. 
A vontade, assim é autônoma ao exteriorizar-se, reafirmando a liberdade do 
homem na programação de seus interesses. É preciso, entretanto, distinguir 
essa liberdade, no âmbito dos Contratos. Apresenta-se ela dois duas facetas: 
a liberdade de contratar e a contratual. Pela primeira, a todos é lícita a 
elaboração de Contratos. Todos são livres para física e materialmente os 
Contratos, desde preenchidos os requisitos de validade dos atos jurídicos. No 
âmbito da liberdade contratual, na discussão das cláusulas e condições 
contratuais, há, na prática, o prevalecimento da vontade do economicamente 
forte71. 
É importante frisar que, a liberdade de contratar limita-se em nome de um interesse 
maior, ou seja, de ordem pública, que deve atender os interesses essenciais ao Estado e à 
Sociedade. Desta forma, o princípio da autonomia da vontade deve ser pautado em 
estipulações que não contrariem a moral e os bons costumes72. 
2.3.2.2 Princípio da vinculação entre as partes 
O princípio da vinculação entre as partes é o resultado da convergência de vontades 
entre as partes contratantes, obrigando uns aos outros diante do que foi pactuado.Nesse 
sentido Coelho ilustra o princípio da vinculação entre as partes nos seguintes termos: 
A vinculação das partes pra atribuir eficácia à composição dos interesses 
pelos próprios interessados, mediante acordo de vontades, a ordem jurídica 
deve impor aos contratantes a obrigação de cumprir o Contrato. Por outra, 
deve disponibilizar aos lesados pelo descumprimento de obrigações 
contratuais meios de acionamento do aparato estatal com vistas a afastar, 
atenuar ou compensar o prejuízo. A vinculação das partes à vontade 
declarada é, desse modo, um dos princípios fundamentais do direito 
contratual, sem o qual o conceito de Contrato se dilui73. 
Portanto, o princípio da vinculação entre as partes é que as partes contratantes 
vinculam-se ao que contrataram, em sentido amplo significa dizer que as partes ficam 
obrigadas a entregar a prestação de dar, fazer ou não fazer, nos exatos termos da declaração 
 
71 AZEVEDO, Vilhaça Álvaro. Teoria geral dos contratos típicos e atípicos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 
25. 
72 SAMPAIO, Rogério Marrone de Castro. Direito Civil: contratos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 23. 
73 COELHO, Fábio Ulhoa.Curso de Direito Civil.. p. 26. 
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negocial. A este princípio contratual, significa dizer que as partes contratantes não podem 
extinguir ou modificar o Contrato sem a concordância um do outro74. 
2.3.2.3 Princípio da obrigatoriedade contratual 
Pelo princípio da obrigatoriedade contratual, quando solenizado o Contrato e 
preenchido os requisitos legais e formais, este não mais poderá ser modificado, senão por 
avença nova, ou seja, o Contrato faz lei entre as partes (pacta sun servanda). 
Lecionando sobre o princípio da obrigatoriedade contratual Kümpel discorre que: 
É aquele que estabelece que os Contratos devem ser cumpridos pelo mesmo 
motivo que a lei deve ser obedecida em razão da possível incidência de 
preceito secundário, ou seja, o descumprimento do Contrato faz incidir 
sanção. Dessa forma, as estipulações feitas no Contrato deverão ser 
fielmente cumpridas (pacta sunt servanda), sob pena de execução 
patrimonial contra o inadimplente. O Contrato, uma vez concluído, 
incorpora-se ao ordenamento jurídico, concluindo uma verdadeira norma de 
direito, outorgando poder ao contratante de executá-lo em caso de 
inadimplemento. O Contrato é intangível, desde que observados os 
princípios da autonomia da vontade, da função social e da Boa-Fé, não 
havendo qualquer respaldo, a partir de então, para ser descumprido75. 
Pelo princípio da obrigatoriedade contratual, entende-se que o Contrato é aquele que 
faz lei entre as partes. Este princípio dá uma segurança às relações contratuais, isto é, uma 
vez, celebrado o Contrato este gera obrigações entre as partes contratantes, assim, todas as 
obrigações que são geradas desse Contrato devem ser cumpridas. 
Versando sobre o tema, Azevedo ilustra seus ensinamentos a respeito da 
obrigatoriedade contratual, da seguinte forma: 
Ainda que o Contrato tem força obrigatória entre os que dele participam. Se 
é verdade que os pretores romanos, a partir de certa época, disseram que os 
pactos devem ser cumpridos, é verdade também, que todas as convenções 
tornaram-se obrigatórias. Os Contratos são obrigatórios para as partes, 
porque estas, como que realizando naqueles sua lei particular, em suas 
cláusulas, regulam seus interesses, especificamente. Têm, assim, os 
Contratos verdadeira força de lei entre as partes contratantes, ficando 
adstritas ao pactuado. Entretanto, embora firmado o Contrato, com força de 
vincular as partes que o integram, pode ocorrer que fiquem estas 
 
74 LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil. v. 3. 4. ed.São Paulo: Saraiva, 2009. p. 41. 
75 KÜMPEL, Vitor Frederico. Direito Civil : direito dos contratos. p. 28. 
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impossibilitadas de cumprimento obrigacional, por ocorrência do caso 
fortuito ou de força maior.76 
Na lição de Bierwagem, o princípio da obrigatoriedade contratual estabelece que os 
Contrato deve ser cumprido, pois seu descumprimento ensejará uma penalidade de execução 
patrimonial, nesse enquadramento de idéia, segue a lição da autora: 
Princípio da obrigatoriedade dos Contratos, também conhecido como pacta 
sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos), as partes que por meio dele 
se vinculam devem dar pleno cumprimento às suas disposições, pois o 
Contrato vale como se fosse lei entre os contratantes. Na concepção clássica, 
justificava-se o extremismo de tal princípio em virtude da igualdade que esse 
mesmo modelo exigia: se o Contrato era celebrado entre pessoas livres para 
dispor o que quisessem, em igualdade de condições de negociação, 
logicamente o que fosse avençado entre elas deveria ser cumprido com a 
máxima exatidão e pontualidade, pois, afinal, liberdade se exerce com 
responsabilidade77. 
Como podemos observar, o Contrato, uma vez celebrado pelas partes, não pode mais 
ser modificado, a não ser por mútuo acordo. 
2.3.2.4 Princípio da relatividade dos efeitos 
Este princípio representa um elemento de segurança nas relações sociais, ou seja, o 
Contrato só ata aqueles que dele participam seus efeitos não podem prejudicar e nem tirar 
proveito de terceiros, sendo que o princípio da relatividade contratual é ato da autonomia, as 
partes podem regular seus próprios interesses. 
Pelo princípio da relatividade dos efeitos, o Contrato em regra geral só cria obrigações 
contratuais para as partes que dele participam, dessa forma, seus efeitos em regra, não devem 
prejudicar os contratantes. Diante dessa premissa, Venosa, se manifesta da seguinte forma: 
Esse princípio não se aplica tão-somente em relação às partes, mas também 
em relação ao objeto. O Contrato sobre bem que não pertence aos sujeitos 
não atinge terceiros. Essa regra geral pode também sofrer exceções. Nesse 
sentido, conclui-se que o Contrato não produz efeito com relação a terceiros, 
a não ser nos casos previstos na lei78. 
 
76 AZEVEDO, Vilhaça Álvaro. Teoria geral dos contratos típicos e atípicos. p. 27-28. 
77 BIERWAGEM, Mônica Yoshizato. Princípios e Regras de interpretação dos contratos no novo Código 
Civil. p. 51-52 
78 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações. p. 345. 
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E, discorrendo ainda sobre o princípio da relatividade dos efeitos invoca-se também a 
lição de Kümpel: 
A relatividade dos Contratos não está, portanto, na sua força, e sim nos seus 
efeitos, sendo adequado falar em “princípio da relatividade dos efeitos do 
Contrato”, ou seja, o Contrato somente vincula as partes contratantes. A 
relatividade diz respeito ao fato de o Contrato possuir eficácia inter partes, 
não podendo ser oponível contra todos (erga omnes), a não ser que se 
transforme em direito real como no caso do compromisso de compra e 
venda, que é levado ao registro no cartório de Registro de Imóveis da 
circunscrição imobiliária do bem. O fundamento do princípio reside em que 
o Contrato não pode obrigar aquele que desconhece a sua existência, pois 
não se vinculou a ele. O princípio também se aplica ao objeto, pois o 
Contrato não vincula bens que não pertençam às partes79. 
Conforme salienta Bierwagem, o princípio da relatividade dos efeitos só tem efeito 
para as partes da relação contratual, ou seja: 
Pelo princípio da relatividade dos efeitos, as estipulações do Contrato só têm 
efeito entre as partes, não atingindo terceiros. Essa conclusão, de fato, é 
coerente com o modelo clássico de Contrato, cujo escopo era a satisfação de 
necessidades exclusivamente individuais das partes; daí tanto ser 
inadmissível que o Contrato venha a operar efeitos sobre terceiros, como 
também que terceiros possam intervir nessa relação80. 
Por força do princípio da relatividade dos efeitos contratuais, somente serão passíveis 
de expropriação os bens pertencentes ao patrimônio do contratante inadimplente e nunca os 
bens de propriedade de terceiros. 
2.3.2.5 Princípio da função social 
O Principio da função social do contrato consiste na mais conhecida inovação do 
Código Civil brasileiro no campo contratual. A exposição dos motivos revela que o objetivo 
foi de subordinar o exercício da liberdade contratual na sociedade, sem perder de vista a 
necessária proteção dos interesses individuais81. 
Neste sentido, a função social do Contrato, em suma busca conciliar a tutela dos 
interesses dos contratantes com aqueles da coletividade 
 
79 KÜMPEL, Vitor Frederico. Direito Civil : direito dos contratos. p. 29. 
80 BIERWAGEM, Mônica Yoshizato. Princípios e Regras de interpretação dos contratos no novo Código 
Civil. p. 56. 
81 ZANETTI, Cristiano de Souza. Direito Civil: direito dos contratos. v. 3. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2008. p. 71. 
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O Código Civil em seu art. 42182 estabelece que “A liberdade de contratar será 
exercida em razão e nos limites da função social do Contrato”. 
Com entendimento do artigo supracitado, entende-se que a função social do Contrato 
estabelece limites na liberdade de contratar. No entendimento, de que a função social do 
Contrato serve de base limitadora na liberdade de contratar, chama-se a atenção para a lição 
de Tartuce, que assim se manifesta: 
A função social do Contrato é um regramento contratual de ordem pública, 
pelo qual o Contrato deve ser, necessariamente, analisado e interpretado d 
acordo com o contexto da sociedade, explicando que não se pode afastar o 
fundamento constitucional deste preceito, pois está intimamente ligado à 
dignidade da pessoa humana83. 
Adepto desse mesmo entendimento kümpel, estabelece paradigma do sistema jurídico 
à dignidade da pessoa humana, sendo que nenhuma regra contratual possa estipular cláusulas 
abusivas e ferindo este preceito constitucional84. 
Seguindo ainda, os ensinamentos de Kümpel, é interessante destacar: 
O princípio da função social, além de conduzir aos vários paradigmas do 
sistema constitucional, é aquele que dá poder ao Estado-juiz de ordenar e 
reordenar os Contratos, a fim de dignificar a pessoa humana. Trata-se de 
uma pedra angular do novo direito contratual brasileiro, tanto que fixa os 
contornos para a liberdade de contratar85. 
Ressalta-se que o princípio da função social do Contrato é inovação do Código Civil 
de 2002 e é regra expressa para os Contratos civis. Contudo, pode-se chamar a atenção para 
os ensinamentos de Gomes, afirmando que “a função social do Contrato, como é evidente, é 
norma de ordem pública, como é esclarecida no art. 2.03586, parágrafo único, do Código Civil 
 
82 BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 20 jul. 2009. 
83 TARTUCE, Flávio. Função social dos contratos: do Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: Atlas, 
2007. p. 248. 
84 KÜMPEL, Vitor Frederico. Direito Civil : direito dos contratos. p.24. 
85 KÜMPEL, Vitor Frederico. Direito Civil : direito dos contratos. p. 25. 
86 Art. 2.035 - A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor

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