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FORMAÇÃO INTEGRAL EM SAÚDE UNIDADE 1 – AS BASES DA SAÚDE COLETIVA Seção 1.4 – Educação em saúde Foram introduzidas modificações curriculares nos cursos de graduação de profissionais de saúde, tais como a adoção de currículos integrados, modulares de forma a integrar os conhecimentos e incluir a adoção de metodologias ativas de aprendizagem, com uso de situações problematizadoras, que buscavam o desenvolvimento de capacidade crítica, reflexiva dos alunos e que possibilitasse desenvolver habilidades de tomada de decisão e de um olhar ampliado sobre a atenção à saúde. Além disso, o currículo deveria favorecer as práticas voltadas para as demandas de saúde da população, incluindo temas de cuidado e integralidade. Com a integração do ensino e serviço foram instituídos projetos, como Projeto Uni, com integração do ensino, serviço e comunidade, que visavam modificar a prática em saúde pública preventivista, ou seja prescritiva, para uma prática acolhedora e de escuta dos usuários. Nessa abordagem os usuários deixavam de ser objetos de práticas em saúde, mas partícipes. A Educação em Saúde e suas práticas inicialmente tinham como objetivo apenas a promoção de saúde e prevenção de doenças, tendo como intuito transformar hábitos de vida, individuais. Essa prática de Educação em Saúde lançava a responsabilidade da resolutividade de problemas de saúde nos indivíduos. Esse modelo de Educação em Saúde durou até a década de 60, quando teve início a Medicina Comunitária, na qual eram adotadas práticas de educação em saúde comunitárias e as comunidades seriam as responsáveis pela resolução de seus problemas de saúde e, portanto, deveriam ser conscientizadas. Na década de 70, com o movimento da reforma sanitária, profissionais de saúde fizeram críticas a esse modelo de educação em saúde normativa, e, fundamentados nas práticas pedagógicas de Paulo Freire e nas ciências humanas, começaram a adotar nova metodologia menos verticalizada e prescritiva, passando a considerar as dinâmicas e modo de vida das classes populares. Nas rodas de conversa realizadas no período da reforma sanitária, formadas por trabalhadores e usuários, foi construído o sentido da integralidade e da equidade, mais tarde incorporados pelo SUS. A Educação Popular em Saúde é pautada no diálogo, na aproximação com sujeitos no espaço comunitário, na troca de saberes em que o saber popular é valorizado, e o alvo do Movimento Popular em Saúde está nas discussões sobre temas vivenciados pela comunidade que levem a mobilização social para melhorias das condições de vida. Utiliza metodologias participativas e problematizadoras. A Educação Popular em Saúde é organizada a partir da aproximação com outros sujeitos no espaço comunitário, privilegiando os movimentos sociais locais, num entendimento de saúde como prática social e global, respeitando os princípios éticos e políticos das classes populares. A Educação Popular em Saúde objetiva o desenvolvimento de atitudes mais políticas nas comunidades, com a finalidade de ampliar o exercício da autonomia, da participação social e emancipação (libertação de exploração, discriminação e violência) dos grupos populacionais. A Educação Popular em Saúde favoreceu o desenvolvimento de práticas educativas mais sensíveis às necessidades dos usuários, com adoção da escuta e do diálogo, o que permite conhecer os indivíduos para os quais se destinam as ações de saúde, incluindo suas crenças, hábitos e as condições em que vivem. A prática educativa, nessa perspectiva, visa ao desenvolvimento da autonomia e da corresponsabilidade, ou seja, responsabilidade compartilhada dos indivíduos no cuidado com a saúde, incentivando a participação ativa e a emancipação dos sujeitos. Esse modelo valoriza o diálogo, que visa à construção de um saber sobre o processo saúde-doença-cuidado que capacite os indivíduos a decidirem quais as estratégias mais apropriadas para promover, manter e recuperar sua saúde. A educação dialógica ou Radical adota como práticas educativas as rodas de conversa, oficinas, com espaço para escuta, com troca de saberes, o que facilita a reflexão e a participação ativa na tomada de decisão quanto aos hábitos, modos de viver, o que promove o desenvolvimento da autonomia, empoderamento e emancipação dos sujeitos. A educação passa a ser considerada peça fundamental para a compreensão da realidade, para a atuação crítica, engajada dos profissionais e por isto ela deve ser permanente e sem restrição de idade. Educação Permanente Educação Continuada · ações educativas embasadas nos problemas do processo de trabalho,ou seja, vivenciadas pelas equipes de saúde no dia a dia do serviço. · ações educacionais mais centradas no desenvolvimento de grupos profissionais, seja por meio de cursos, seja por meio de publicações específicas em determinado campo. · Tem como objetivo a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho no cotidiano do serviço e ambas podem ocorrer no ambiente de trabalho. · A Educação Permanente em Saúde (EPS) é a educação no serviço, a formação ocorre no mundo do trabalho, no cotidiano dos serviços, para qualificar as práticas e cuidados em saúde. · surgiu na década 80, por iniciativa da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para possibilitar o desenvolvimento dos Recursos Humanos. A política nacional de educação permanente em saúde tem o objetivo transformar e qualificar as práticas de saúde, por meio do trabalho em saúde vivenciado por gestores, acadêmicos, profissionais e representantes sociais. A Educação Permanente adota como metodologia pedagógica a reflexão crítica e a resolução de problemas do cotidiano das práticas das equipes de saúde por meio de diálogo, dinâmicas e oficinas de trabalho, realizadas, preferencialmente, no próprio ambiente de trabalho. A Educação Permanente em Saúde tem como pressuposto que o planejamento, a programação educativa seja realizada a partir da análise coletiva dos processos de trabalho, identificando problemas e limitações a serem enfrentados na atenção e/ou na gestão das equipes e das práticas em saúde. A Educação Permanente em Saúde visa desenvolver habilidades: acolhimento, vínculo entre usuários e equipes, responsabilização, desenvolvimento da autonomia dos usuários e resolutividade da atenção à saúde por parte dos trabalhadores e profissionais de saúde de maneira a permitir a integralidade da atenção. O desafio da Educação Permanente em Saúde é desenvolver nos trabalhadores habilidades de reflexão e planejamento da atenção à saúde coletiva, trabalhar em equipes, integrando trabalhadores da gestão, da vigilância e da atenção. A Educação Permanente em Saúde também é denominada Educação Permanente em Saúde em Movimento, pelo dinamismo característico do trabalho em saúde e da necessidade dessa construção contínua dos saberes.
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