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Canto Coral -CRC

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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
CANTO CORAL E
TÉCNICA VOCAL
Meu nome é Mariana Galon da Silva. Sou mestranda em Educação 
pela UFSCar, licenciada em Educação Artística com Habilitação em 
Música pela USP (2006) e especialista em Arte e Educação e Tecnologias 
Contemporâneas pela UnB. Tenho experiência com ensino de música 
na Educação Básica, tendo atuado como regente de um coro infantil. 
Nesse mesmo colégio, atuei como coordenadora da área de Música. 
Atualmente, sou docente do curso de Artes Visuais da Afarp – Uniesp, 
educadora musical (violoncelo) do Projeto Guri e tutora do curso de 
Educação Musical na Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. 
Desenvolvo pesquisas na área de “Práticas Sociais e Processos 
Educativos” e em “Criação Musical Coletiva”.
E-mail: marianagalon@gmail.com
Claretiano – Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
Mariana Galon da Silva
Batatais
Claretiano
2015
CANTO CORAL E
TÉCNICA VOCAL
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer 
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição 
na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito 
do autor e da Ação Educacional Claretiana.
CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera 
• Cátia Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • 
Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos 
Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Rosemeire 
Cristina Astolphi Buzzelli • Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi 
Andrade de Deus Silveira • Juliana Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio 
Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Sônia Galindo Melo • Talita Cristina Bartolomeu • Vanessa 
Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa: Eduardo de Oliveira Azevedo • Joice Cristina Micai • Lúcia 
Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires 
Botta Murakami de Souza • Wagner Segato dos Santos
Videoaula: José Lucas Viccari de Oliveira • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso
Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
 
 
782.5 S581c 
 
 Silva, M ariana G alon da 
 Canto coral e técnic a voc al / Mariana G alon da Silva – Batatais, SP : Claretiano , 2015. 
 154 p. 
 
 ISBN: 978-85-8377-362-7 
 
 1. C anto coral . 2. Técnic a voc al. 3. R egência coral . 4. Coro inf antil. 5 . Coro de empenho. 
 6. Coro d e idosos. 7. Grupos vocais. I . Canto co ral e técnica vocal. 
 
 
 
 
 
 
 CDD 782.5 
 
 
 
 
 
 
 
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Canto Coral e Técnica Vocal
Versão: dez./2015
Formato: 15x21 cm
Páginas: 154 páginas
SUMÁRIO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................ 12
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ............................................................... 15
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 16
5. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 16
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA 
HISTÓRIA
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 19
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 20
2.1. OS PRIMÓRDIOS DA MÚSICA VOCAL .................................................... 20
2.2. IDADE MÉDIA: MÚSICA VOCAL E A IGREJA CRISTÃ ROMANA ............. 23
2.3. O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NO RENASCIMENTO ....... 31
2.4. O CANTO NO PERÍODO BARROCO ......................................................... 38
2.5. O CANTO CORAL DO SÉCULO 18 ATÉ A CONTEMPORANEIDADE ........ 48
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 55
3.1. IDADE MÉDIA: MÚSICA CRISTÃ .............................................................. 56
3.2. MÚSICA POLIFÔNICA RENASCENTISTA ................................................. 56
3.3. MÚSICA BARROCA .................................................................................. 57
3.4. AS MUDANÇAS DO MODO DE CANTAR DO CLASSICISMO ATÉ A 
CONTEMPORANEIDADE .......................................................................... 58
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 59
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 61
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 61
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 63
UNIDADE 2 – TÉCNICA VOCAL
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 67
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 68
2.1. SAÚDE VOCAL .......................................................................................... 68
2.2. A FUNCIONALIDADE DA VOZ .................................................................. 69
2.3. CLASSIFICAÇÃO VOCAL ........................................................................... 75
2.4. AQUECIMENTO VOCAL ........................................................................... 80
2.5. TÉCNICA VOCAL PARA CRIANÇAS .......................................................... 89
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 93
3.1. FUNCIONALIDADE DA VOZ E SAÚDE VOCAL ......................................... 93
3.2. CLASSIFICAÇÃO VOCAL ........................................................................... 94
3.3. AQUECIMENTO VOCAL ........................................................................... 95
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 96
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 98
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 98
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 100
UNIDADE 3 – INTRODUÇÃO À REGÊNCIA CORAL
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 103
2. CONTEÚDO BÁSICO DEREFERÊNCIA ............................................................. 104
2.1. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA REGÊNCIA CORAL. ......................................... 104
2.2. DINÂMICAS DE ENSAIO CORAL .............................................................. 109
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 117
3.1. REGÊNCIA CORAL .................................................................................... 117
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 118
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 119
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 120
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 121
UNIDADE 4 – O CANTO CORAL E SUA APLICABILIDADE EM 
DIFERENTES AMBIENTES
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 125
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 126
2.1. CANTO CORAL NO BRASIL ...................................................................... 126
2.2. CLASSIFICAÇÃO DE GRUPOS VOCAIS .................................................... 135
2.3. O CANTO CORAL NOS DIFERENTES CONTEXTOS .................................. 138
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 147
3.1. CANTO CORAL NO BRASIL ...................................................................... 147
3.2. O CANTO CORAL NOS DIFERENTES CONTEXTOS .................................. 148
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 149
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 151
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 152
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 153
7
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Conteúdo
A prática coral como atividade educativa. Desenvolvimento de um traba-
lho preparatório da voz e suas especificidades, envolvendo o conhecimen-
to do aparelho fonador e higiene vocal. A prática da técnica vocal e o estu-
do das possibilidades da voz em diferentes formações vocais. Repertório 
coral. Extensão vocal e técnicas para corais infantis e adultos. Corais para a 
terceira idade. Corais de empenho. O canto no decorrer da história. Canto 
orfeônico. Princípios de regência coral.
Bibliografia Básica
GOULART, D.; COOPER, M. Por todo canto: método de técnica vocal. Volume 1: música 
popular. Ed. G4, 2004.
PINHO, S. M. R.; JARRUS, M. E.; TSUJI, D. H. Manual de saúde vocal infantil. Rio de 
Janeiro: Revinter, 2004.
ZANDER, O. Regência Coral. Porto Alegre: Movimento, 1979.
Bibliografia Complementar
CHAN, T.; CRUZ, T. Divertimentos de corpo e voz: exercícios musicais para crianças. São 
Paulo: T. Chan, 2001.
COELHO, H. W. Técnica vocal para coros. São Leopoldo: Sinodal, 1994.
CRUZ, G. Canto, canção, cantoria: como montar um coral infantil. 2. ed. São Paulo: 
SESC, 1997.
LECK, H. H. Creating artistry through choral excellence. Hal Leonard, 2009.
MÁRSICO, L. O. A Voz Infantil e o desenvolvimento músico-vocal. Porto Alegre: Rigel, 1979.
8 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
É importante saber
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá 
ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias 
à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, 
os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento 
ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de 
saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente sele-
cionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em 
sites acadêmicos confiáveis. São chamados "Conteúdos Digitais Integradores" por-
que são imprescindíveis para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referên-
cia. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementa-
res) e a leitura de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, 
a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de 
estudo obrigatórios, para efeito de avaliação.
9© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!
Iniciaremos o estudo de Canto Coral e Técnica Vocal. Neste 
material, você terá a oportunidade de adquirir o conhecimento 
necessário para a sua futura prática como educador musical.
Convidamos você a analisar conosco o título deste estudo 
e os conceitos nele apresentados. Vamos lá?
A primeira palavra que você lê é “canto”. Vamos juntos 
pensar um pouco sobre o canto.
O que é o canto?
Podemos explicar o canto pelo modo como ele se dá em 
nosso corpo, ou seja, pela questão biológica que o envolve. Mas, 
inicialmente, é importante que você compreenda o canto como 
uma forma de expressão própria do ser humano.
Nascemos com uma estrutura biológica que nos possibi-
lita cantar e, com essa possibilidade ao nosso alcance, é o que 
fazemos, desde bebês.
Estudos como o de Sloboda (1985) ou o de Hargreaves 
(1986) ou, ainda, o de Parizzi (2006) apontam que o bebê já bal-
bucia um tipo de canto espontâneo, e esse canto se desenvolve 
na medida em que suas faculdades cognitivas vão se aprimoran-
do. Todo ser humano com um aparelho fonador saudável pode 
cantar e o faz naturalmente, pois desenvolve essa atividade de 
modo rotineiro. Logo, o bebê inicia o treinamento informal para 
o canto no meio social em que vive.
Na Unidade 1, você verá que o instrumento musical mais 
antigo é a nossa voz, e foi com ela que se deram as primeiras 
10 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
manifestações musicais. É um privilégio ter ao nosso alcance um 
recurso para a prática musical que podemos levar a todo lugar 
e que não precisamos pagar para adquirir, pois está à disposição 
de todos. A nossa voz é assim: ela nos permite que a comunica-
ção seja por meio da fala ou do canto.
Nessa unidade, você acompanhará todo o processo de de-
senvolvimento da música vocal no decorrer da História da Músi-
ca Ocidental.
Agora que você compreendeu o que é canto, vamos enten-
der o que é coral.
O que é coral?
Pense em sua prática musical: você já cantou em um coral? 
Como foi essa experiência? Como era a formação musical desse 
grupo?
Há vários tipos de atividades musicais envolvendo vozes, 
e elas se diferenciam, entre outros aspectos, pelo tipo de agru-
pamento a que se propõem participar. Podemos classificar os 
conjuntos a partir do número de integrantes: um grupo vocal de 
três pessoas é chamado de trio; quando composto por quatro 
pessoas, trata-se de um quarteto; e assim por diante.
O canto coral é a prática do canto coletivo, ou seja, para 
que o coro exista, necessitamos de dez ou mais integrantes. Em-
bora pareça simples formar um coro, há muitos afazeres e co-
nhecimentos necessários para que isso seja possível. Um dos 
mais importantes é o conhecimento da técnica vocal.
11© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
O que é a técnica vocal?
A palavra “técnica” pode vir associada a vários contextos, 
por exemplo, a técnica de consertar o motor de um carro ou a 
técnica de pintar uma parede, de jogar futebol.
Técnicas são habilidades que adquirimos para realizar de-
terminada atividade da maneira mais qualificada possível. Essas 
habilidades, em qualquer contexto, são adquiridas por meio do 
treino sistemático, ou seja, da busca pelo aperfeiçoamento dos 
movimentosetc.
Na música, é muito comum falarmos de técnica quando 
nos referimos ao aprendizado de instrumentos musicais. Técnica 
vocal é a habilidade que um cantor deve ter para cantar com 
uma boa sonoridade, afinação precisa, intensidade e, acima de 
tudo, manter a saúde vocal.
Na Unidade 2, você conhecerá o aparelho fonador, que é 
responsável pela produção da nossa voz. Esse conhecimento é 
essencial para entender como funciona o nosso instrumento vo-
cal e, consequentemente, para utilizá-lo da melhor forma. Nesse 
sentido, é imprescindível que você compreenda e não negligen-
cie a importância de criar bons hábitos de postura, respiração, 
entonação da voz, bem como de uma rotina de estudos para o 
desenvolvimento do canto.
Vimos, então, que, para se formar um coro, precisa-se de 
um grupo de pessoas interessadas em cantar juntas e de conhe-
cimentos técnicos específicos para desenvolver suas vozes. Mas, 
será que isso é o bastante? Veremos no próximo tópico.
12 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Regência coral
Em música, quando temos um grupo numeroso de instru-
mentistas com o objetivo comum de tocarem juntos, necessita-
mos da presença de um regente.
Em sua atividade como educador musical, você, provavel-
mente, será responsável por grupos instrumentais e, também, 
por grupos vocais.
Na Unidade 3, você estudará a regência coral.
Durante o fazer musical, o regente comunica-se com seu 
grupo por meio de gestos e, mais do que alguém que se posi-
ciona à frente do coro no momento de uma apresentação, é ele 
quem dirige os ensaios. Tal função, portanto, exige uma série de 
habilidades e tomadas de decisões.
A referida unidade propiciará a você conhecimentos relati-
vos à prática da regência que possibilitarão o seu trabalho como 
dirigente de grupos vocais. Dessa forma, você terá a oportunida-
de de entrar em contato com o gestual básico da regência quan-
to aos compassos e, também, quanto às entradas e finalizações.
Para concluir, na Unidade 4, você conhecerá as possibilida-
des de trabalho com o canto coral nos mais variados contextos.
Está preparado para iniciar os estudos? Vamos lá!
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e 
precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí-
nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-
mento dos temas tratados.
13© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1) Antífona: vem da palavra grega anti-foné, que signifi-
ca “algo que se responde”. São pequenas frases me-
lódicas cantadas antes e depois do salmo no ofício da 
missa, de modo alternado. No canto gregoriano, isso 
ocorria da seguinte forma: um grupo cantava e o outro 
respondia com alguma frase musical. A resposta pode-
ria ser executada pela congregação (GROUT; PALISCA, 
2001).
2) Batuta: espécie de varinha curta que os maestros utili-
zam na regência orquestral.
3) Dodecafonismo: técnica de composição atonal em que 
se usam 12 tons da escala cromática dentro de uma 
série, a fim de manter a atonalidade (GROUT; PALISCA, 
2001).
4) Castrati: plural da palavra italiana castrato. Membros 
de uma coletividade masculina que foram castrados 
com objetivo da preservação da voz aguda infantil, vi-
sando a uma carreira musical (AUGUSTIN, 2012).
5) Clérigo: indivíduo que faz parte da classe eclesiásti-
ca; aquele que alcançou as ordens sacras; cristão que 
exerce o sacerdócio.
6) Coloratura: ornamentação utilizada na música vocal.
7) Congregação: grupo de pessoas reunidas para deter-
minado propósito ou atividade. Termo muito utilizado 
para designar grupo de fieis de igrejas cristãs.
8) Cítara: instrumento musical de corda muito utilizado 
na Antiguidade.
9) Homofônico: textura harmônica de vozes que se mo-
vem, formando blocos de acordes.
14 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
10) Lúdico: que faz referência a jogos ou brinquedos. Rela-
tivo a atividades que proporcionam prazer.
11) Monodia: música executada a uma só voz (GROUT; PA-
LISCA, 2001).
12) Música litúrgica: música executada ou composta para 
o serviço da igreja cristã.
13) Música profana: música que não está de acordo com 
preceitos religiosos.
14) Pinturas rupestres: pinturas pré-históricas gravadas 
em abrigos ou cavernas datadas de 40.000 a.C.
15) Poesia concreta: tipo de escrita de vanguarda que tem 
como característica a comunicação visual, usando as 
disponibilidades gráficas que as palavras possuem.
16) Polifonia: tipo de composição na qual há várias vozes, 
e cada uma preserva seu caráter melódico e rítmico 
independente.
17) Teocentrismo: do grego theos (Deus) e kentron (cen-
tro), é a concepção na qual Deus é o centro do uni-
verso, tudo foi criado por Ele, por Ele é dirigido e não 
há outra razão além do desejo divino sobre a vontade 
humana.
18) Voz de cabeça: termo muito utilizado na escola de 
canto italiana, na qual foi desenvolvido um sistema de 
suporte respiratório e de ressonância. Nessa escola, a 
chamada “voz de cabeça” é a emissão sonora que uti-
liza os ressonadores das cavidades internas da cabeça 
(MANGINI; ANDRADA E SILVA, 2013).
15© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE
O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei-
tos mais importantes deste estudo. 
Por exemplo, você verá que, ao falarmos do profissional 
que trabalhará com o canto coral, não podemos ignorar que ele 
precisa obter alguns saberes básicos, como técnica vocal e regên-
cia coral. Também é válido destacar que cada campo de trabalho 
tem suas especificidades, e que o futuro educador musical ne-
cessita de reflexão para saber trabalhar diante de cada contexto.
 
Figura 1 Esquema de conceitos-chave de Canto Coral e Técnica Vocal.
16 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUGUSTIN, K. Os Castrati: visão holística da prática da castração na música. Música e 
Linguagem, Espirito Santo, v. 1, n. 1, 2012.
BATISTA, R. Tratado de regência: aplicada à orquestra, à banda de música e ao coro. 
S.l.: Irmãos Vitale, 1976.
FERNANDES, A. J.; KAYAMA A. G.; OSTERGREN, E. A. A prática coral na atualidade: 
sonoridade, interpretação e técnica vocal. Música Hodie, v. 6, n. 1, p. 51-74, 2006.
FUCCI AMATO, R. O canto coral como prática sócio-cultural e educativo-musical. Opus, 
Goiânia, v. 1, n. 1, p. 75-96, jun. 2007
GROUT, D. J.; PALISCA, C. V. História da Música Ocidental. 2. ed. Trad. Ana Luísa Faria. 
Lisboa: Gradiva, 2001.
HARGREAVES, D. J. The developmental psychology of music. London: Cambridge Press, 
1986.
MANGINI, M. M.; ANDRADA E SILVA, M. A. Classificação vocal: um estudo comparativo 
entre as escolas de canto italiana, francesa e alemã. Opus, Porto Alegre, v. 19, n. 2, p. 
209-222, dez. 2013.
PARIZZI, M. B. O canto espontâneo da criança de zero a seis anos: dos balbucios às 
canções transcendentes. Revista da Abem, Porto Alegre, v. 15, p. 39-48, set. 2006.
SLOBODA, J. The musical mind: the cognitive psychology of music. Oxford: Claredon 
Press, 1985.
5. E-REFERÊNCIAS
VILARINHO, S. Poesia Concreta. Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com/
literatura/poesia-concreta.htm>. Acesso em: 18 nov. 2014.
PRIBERAM. Home page. Disponível em: <http://www.priberam.pt>. Acesso em: 18 
nov. 2014.
TEOCENTRISMO.COM. Teocentrismo. Disponível em: <http://teocentrismo.com/
teologos_aquino.php>. Acesso em: 18 nov. 2014.
17
UNIDADE 1
O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL 
NA HISTÓRIA
Objetivos
• Conhecer o desenvolvimento do canto no decorrer da história da música 
ocidental.
• Estabelecer relações entre o contexto histórico apresentado e as transfor-
mações da música vocal.
• Identificar as principais características da música vocal de cada período 
apresentado.
Conteúdos
• O canto dos povos primitivos.
• Idade Média: música cristã.
• Estilo internacional: escola franco-flamenga.
• Renascimento: música vocal polifônica.
• Reforma e contrarreforma.
• Barroco: nascimento da ópera.
• Música protestante: Bach.
• Classicismo:ópera bufa.
• Romantismo: lieder.
• O canto coral nas sinfonias.
• Modernismo: a voz como recurso sonoro.
• Contemporaneidade.
18 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Orientações para o estudo da unidade
Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) Não se limite a este conteúdo; busque outras informações em sites con-
fiáveis e/ou nas referências bibliográficas, apresentadas ao final de cada 
unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é 
um fator determinante para o seu crescimento intelectual.
2) Busque identificar os principais conceitos apresentados; siga a linha gra-
dativa dos assuntos até poder observar a evolução do canto no decorrer 
da história da música ocidental.
3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteú-
do Digital Integrador.
4) É muito importante que você assista aos vídeos sugeridos. A compreensão 
do conteúdo está diretamente vinculada à apreciação do repertório pro-
posto na unidade.
5) É importante que você busque compreender os exemplos musicais apre-
sentados em forma de partituras com a escuta do repertório proposto. A 
compreensão da partitura torna-se mais simples quando a análise é feita 
concomitantemente à apreciação musical.
19© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
1. INTRODUÇÃO
O canto é de uma vez por todas a linguagem pela qual o homem 
se comunica musicalmente... O órgão musical mais antigo, o 
mais verdadeiro e o mais belo. É a esse órgão que a música deve 
sua existência (WAGNER apud WILLEMS, 1970, p 28).
O canto é algo muito presente na nossa vida. Em nosso dia 
a dia, cantamos nos mais diversos contextos.
Desde a infância, fomos ninados ao som da voz da nossa 
mãe, crescemos e brincamos com nossos amigos ao som de can-
tigas de roda, cantamos para comemorar datas ou prestar culto a 
algo. Também cantamos para exercer nosso dever cívico. O can-
tar faz parte da nossa cultura.
Como você já sabe, o canto coral acontece quando temos 
um agrupamento de pessoas com a finalidade de cantar juntas, 
mas essa união se inicia com o ato de cantar em si para depois 
partir para o canto coletivo.
Onde tudo isso começou?
A fala do compositor Richard Wagner, que abre esta Intro-
dução, nos dá pistas sobre os primórdios do canto.
Nesta obra, buscaremos responder a essa pergunta, apre-
sentando o percurso do canto coral no decorrer da História. Nem 
sempre as coisas foram como são hoje, não é mesmo?
Escrever uma história do canto não é tarefa fácil, pois o 
canto está presente em todos os períodos e momentos da histó-
ria da humanidade. No entanto, vamos focar nos momentos es-
pecíficos em que o canto sofreu transformações ou foi destaque 
dentro da história da música.
20 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Convidamos você a conhecer um pouco da trajetória do 
canto no decorrer da história da música ocidental e, assim, com-
preender o porquê de estarmos sempre a cantar.
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA
O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão 
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.
2.1. OS PRIMÓRDIOS DA MÚSICA VOCAL
Você já se perguntou qual foi a primeira vez em que o ho-
mem se expressou por meio da música?
Não existem muitas informações sobre essas primeiras 
manifestações musicais, mas podemos supor que foi por meio 
da voz que os homens se manifestaram musicalmente nos pri-
mórdios do mundo. A voz é o instrumento natural que todo ser 
humano carrega e, por meio dela, podemos nos manifestar pela 
fala e, também, pelo canto. Por isso, supõe-se que não foi dife-
rente com nossos ancestrais, e que eles usaram a voz para imitar 
sons da natureza e se comunicar por meio de sons que organiza-
ram, ou seja, pela música.
Infelizmente, pouco se sabe dos povos antigos, por conta 
da falta da escrita, que impossibilitou o registro dessas ativida-
des. Possuímos somente algumas pinturas rupestres, que nos 
dão indícios de como eram as suas atividades. Apesar disso, a 
observação de povos primitivos nos traz ideias de como pode-
riam ser suas práticas musicais.
21© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Você já teve a oportunidade de assistir reportagens e do-
cumentários sobre tribos indígenas? Tente se lembrar de como 
eles praticam suas cerimônias e festividades.
Você perceberá que, possivelmente, as tribos sempre es-
tão cantando e dançando coletivamente. O canto e a dança es-
tão presentes no cotidiano desses povos, assim como, possivel-
mente, estavam presentes no cotidiano dos nossos ancestrais.
Entre os povos primitivos, a música se apresenta como 
algo mágico. Em vários mitos e lendas, a música aparece com um 
caráter divino: “é a linguagem que os deuses entendem e atra-
vés da qual se estabelece a comunicação para com os diversos 
pedidos, externados geralmente através de um ritual de dança” 
(ZANDER, 1979, p. 31).
Sendo a voz uma característica essencialmente humana, 
foi por meio dela que começamos a organizar as diferentes altu-
ras e durações de sons e, assim, a fazer música vocal.
Os registros de música vocal mais antigos que temos vêm 
da Grécia. A Ilíada, de Homero, conta a história dos povos gre-
gos, e, nesse poema épico, há indícios de que os versos eram 
sempre cantados. A música na Grécia era considerada um instru-
mento muito importante na educação do cidadão; por isso, na 
maior parte do tempo, era acompanhada de uma letra – portan-
to, cantada. Platão e Aristóteles atribuíam à boa música qualida-
des formadoras do Estado, e viam a má música como destrutiva 
em relação ao Estado.
Os gregos acreditavam no poder transformador e curativo 
da música. Essa crença se apresenta em alguns mitos, como no 
de Orfeu (Figura 1), um semideus que inventou a cítara e era 
exímio poeta e músico. O canto de Orfeu era tão belo que, ao 
22 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
ouvi-lo, as feras se tornavam mansas, o homem bruto se sensibi-
lizava; sua música tinha um caráter mágico.
Figura 1 Orfeu e Eurídice.
Na música grega, havia uma união entre poesia, música e 
dança. Embora usassem instrumentos como cítaras, aulos e ins-
trumentos percussivos, a voz era a que tinha a principal função, 
pois por meio dela a tragédia grega era contada. Vale salientar 
que a música grega era, essencialmente, melódica; não havia 
construções de acordes como conhecemos hoje.
A palavra “coral” originou-se da palavra grega khoros, mas 
é importante compreender que o conceito de khoros grego di-
fere, em parte, da nossa concepção atual de coral. Para o grego, 
23© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
khoros denominava um grupo de pessoas que participavam das 
encenações das tragédias e, também, das funções de adoração 
religiosa. Essas pessoas representavam, cantavam e também 
dançavam juntas, ou seja, em coro. Para o grego, o coral era for-
mado pelas pessoas que participavam de um todo artístico (poe-
sia, dança e música). Esses grupos corais eram conduzidos por 
um regente, que recebia o nome de Choregos (MARTINEZ et al., 
2000). “Utilizava-se a batida dos pés como referencial. Sabe-se 
que seus calçados possuíam laminas de metal para aumentar o 
ruído” (MARTINEZ et al., 2000, p. 17).
Os diálogos da tragédia eram recitados, mas os coros eram 
cantados ou por todo conjunto ou por um solista (ZANDER, 
1979). O coro, na tragédia grega, representava consciência da 
sociedade e do público.
A música grega estava sempre ligada à palavra; juntas, 
constituíam um todo musical. O ritmo da música sempre seguia 
a prosódia da palavra.
2.2. IDADE MÉDIA: MÚSICA VOCAL E A IGREJA CRISTÃ ROMANA
Você pôde ver que o canto coletivo, desde seus primór-
dios, esteveligado às funções religiosas. Na Idade Média, essa 
característica era ainda mais forte. Esse período foi uma conti-
nuação da Antiguidade que você acabou de estudar, porém com 
uma diferença fundamental, o Cristianismo.
A história da música coral nesse período se confunde com 
a história da igreja cristã, na qual o cantochão, ou canto grego-
riano (Figura 2), foi a base da música litúrgica e também forma-
dor do cristão. O nome canto gregoriano foi atribuído a esse tipo 
de canto por ter sido o Papa Gregório Magno, no século 4, que 
24 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
compilou os cantos. Os cristãos acreditavam que uma pomba, 
representando o Espírito Santo, cantou as melodias em seu ou-
vido, enquanto ele escrevia o que ouvia. Embora o termo mais 
comumente utilizado seja canto gregoriano, podemos encontrar 
na literatura as nomenclaturas “cantochão” e cantus firmus sen-
do atribuídas para esse tipo de canto.
Figura 2 Canto Gregoriano.
25© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Desse momento da História há vários documentos que nos 
mostram como eram as práticas do canto coral ligado à Igreja 
Cristã. Sabemos que toda a missa era cantada: em alguns mo-
mentos, como na liturgia da palavra, por um solista; em outros, 
como no Glória, por um coro masculino. Em outros, ainda, como 
nas antífonas, por toda a congregação.
Existia, também, a prática do canto na música profana, 
mas esta era desprezada pela Igreja Cristã e por seus patriarcas 
(Santo Agostinho, São Clemente, São Isidoro, entre outros), por 
acreditarem que ela não elevava a alma – ao contrário disso, era 
maléfica para o espírito do cristão.
Assim como na Grécia, a música no início da Igreja Cristã 
assumia poderes mágicos e, também, um papel primordial na 
educação do cristão.
Você já deve ter visto reportagens de “cursos pré-vestibu-
lares” em que os professores inventam melodias cujas letras são 
fórmulas matemáticas, visando facilitar o aprendizado dos alu-
nos. O uso da música como recurso de memória de aprendizado 
não é uma novidade; longe disso, esse recurso vem sendo usado 
desde a Idade Média para facilitar o aprendizado das passagens 
bíblicas pelo cristão que não sabia ler e não tinha acesso à Bíblia. 
É muito importante que você compreenda que, além dessa fun-
ção de ajudar o cristão a conhecer a sua fé, o cantochão também 
era uma expressão comunitária de louvor a Deus, uma oração 
cantada, para elevar a alma do cristão até Deus.
O cantochão, ou canto gregoriano, continha texto bíblico 
obrigatoriamente, cantado sem acompanhamento instrumental, 
a uma só voz (monódico), em latim (considerado sagrado); apre-
sentava unidade de tempo ternária (remetendo à Trindade) e era 
preferencialmente silábico (uma nota para cada sílaba da palavra 
26 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
cantada). Toda essa simplicidade do cantochão era para que os 
textos cantados ficassem claros para aquele que os ouvia, faci-
litando o aprendizado do que era cantado. Vale salientar que a 
Igreja não permitia que mulheres cantassem, então os coros que 
executavam o cantochão eram, na sua totalidade, masculinos.
Com o tempo, esse canto foi sofrendo mudanças, sendo 
que alguns cantos poderiam ser:
1) silábicos: uma nota para cada sílaba da palavra canta-
da (Figura 3).
Figura 3 Canto Silábico.
2) melismático: três ou mais notas para cada sílaba da 
palavra cantada (Figura 4).
Figura 4 Canto Melismático.
27© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
3) neumático: canto com trechos silábicos e trechos me-
lismáticos (Figura 5).
Figura 5 Canto Neomático.
Nas missas, sempre havia um coro formado por clérigos 
e a congregação também participava nos cantos antifonais e 
responsoriais.
Canto gregoriano –––––––––––––––––––––––––––––––––––
Antes de prosseguir com a sua leitura, ouça o canto gregoriano:
THE MONASTIC CHANNEL. Chant – Music for paradise – Music for 
the soul – Stift Heiligenkreuz. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=UiRpXsWlZK4>. Acesso em: 5 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
No século 9, na igreja de Notre-Dame – França (Figura 6), 
surgiu o primeiro uso de polifonia. Esse estilo de canto polifôni-
co a duas vozes, desenvolvido por Leonin (Paris, 1135-1201), foi 
chamado de organum (Figura 7) e tinha como característica o 
uso de duas vozes distintas.
28 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Figura 6 Catedral de Notre-Dame.
Nesse período, começaram a se formar as escolas de can-
tores, desenvolvidas dentro da própria Igreja, como a Escola de 
Notre-Dame. Leonin era responsável pela escola de cantores de 
Notre-Dame. E, mais tarde, seu aluno Perotin (Paris, 1160-1236) 
deu andamento em seu trabalho com o canto polifônico, desen-
volvendo e acrescentando mais vozes ao organum.
Apesar da formação de escolas de cantores, não havia uma 
construção de conhecimento sistematizado sobre a técnica do 
canto.
29© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Figura 7 Organum.
Com o passar do tempo, a música profana foi ganhando 
espaço, especialmente com o surgimento dos motetes, por volta 
do século 13. O motete ou moteto era um gênero musical poli-
fônico, de forma livre, no qual, para cada voz, era utilizado um 
texto diferente. Nesse período, houve transformações importan-
tes na música, como a utilização da língua vernácula, mudança 
na unidade de tempo, expansão da polifonia; essa nova fase foi 
denominada de Ars Nova.
Você conhece Guillaume de Machaut (1300-1377)? Esse 
compositor, hoje não muito aclamado, foi um dos principais 
compositores da Ars Nova. Machaut compôs muitos motetes 
30 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
bastante complexos, de difícil execução vocal. Foi responsável 
pela criação do motete isorritmo e o primeiro a compor uma 
missa pensando no todo musical, o que, mais tarde, se tornaria 
prática dos principais compositores da história da música.
Motete Isorritmico –––––––––––––––––––––––––––––––––
O motete isorritmico era um estilo de composição no qual o compositor cria-
va uma sequência rítmica chamada de talea e uma sequência melódica que 
chamava de color. Feito isso, talea e color eram combinadas e se reiteravam 
no decorrer do motete. A utilização dessas estruturas (talea e color) era uma 
tentativa de atribuir uma ordem ao motete.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Hoje, as obras de Machaut são executadas por grupos 
especializados em música antiga, devido à difícil execução da 
polifonia.
Rose, liz, printemps, verdure ––––––––––––––––––––––––
Antes de continuar sua leitura, assista ao vídeo a seguir:
GUILLAUME DE MACHAUT. Rose, liz, printemps, verdure. Intérprete: Orlando 
Consert. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=y_vEuRykohM>. 
Acesso em: 5 nov. 2014.
Observe essa dificuldade rítmica, e também harmônica, presente na música 
de Machaut.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Como você pôde ver no vídeo, Machaut compôs tanto mú-
sica sacra quanto profana, o que se tornou uma prática muito 
comum na Ars Nova e, mais tarde, no Renascimento.
31© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Antes de prosseguir para o próximo tópico, assista ao 
documentário:
• BBC. A música sacra – episódio 1: a revolução gó-
tica. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=6nKV4gx_qdE>. Acesso em: 5 nov. 2014.
Leia, também, os textos propostos no Tópico 3.1., a fim 
de aprofundar seus conhecimentos.
2.3. O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NO RENASCI�
MENTO
O Renascimento foi marcado pela mudança do regime eco-
nômico e, especialmente, pelo desenvolvimento do pensamento 
humanista, que se afasta do pensamento da IdadeMédia.
Na Idade Média, fortemente ligada à Igreja, Deus era o cen-
tro do universo, inclusive das artes; no Renascimento, contudo, 
o homem passou a ser modificador do universo e, também, do 
fazer artístico, ou seja, a arte deixou de estar sob os domínios da 
Igreja, e, assim, ocorreu um grande florescimento nesse campo.
No século 15, houve a redescoberta da cultura greco-latina, 
o que causou uma profunda mudança na visão das artes.
É verdade que não era possível um contato direto com a própria 
música da antiguidade, ao contrário do que sucedera com os 
monumentos arquitetônicos, com a escultura e a poesia. Mas 
um repensar da música à luz daquilo que podia ler-se nas obras 
dos antigos, filósofos, poetas, ensaístas e teóricos musicais era 
não apenas possível, como até, na opinião de muitos, urgente-
mente necessário (GROUT; PALISCA, 2001, p. 183).
32 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
No final do século 14 e nos séculos 15 e 16, houve um 
grande crescimento na Europa da produção artística e científica. 
Esse crescimento foi intensificado pelas conquistas marítimas e 
pela mudança de uma sociedade feudal para uma mercantil. O 
aumento do comércio levou ao acúmulo de riquezas, o que pos-
sibilitou o investimento em produção artística. Nasce, assim, a 
figura do mecenas, pessoa abastada que dava proteção e ajuda 
financeira aos artistas e intelectuais da época. O mecenas, que 
era um burguês ou governante, prestava essa ajuda com o obje-
tivo de adquirir popularidade na região onde atuava.
Era comum às famílias ricas terem sua própria “capela de 
músicos”, que os acompanhavam inclusive em suas viagens.
A comunicação nessa época era um tanto precária, mas 
as viagens de burgueses, levando consigo seus músicos, possi-
bilitou um intercâmbio de linguagens musicais, pois um músico 
francês, ao ir para a Itália e ter contato com a música que faziam 
lá, acabava não só influenciado pelo que ouvia, como, também, 
influenciava os nativos, com seu modo francês de fazer música. 
Essas viagens possibilitaram que, no final do século 14, a música 
apresentasse características de um estilo “internacional”, no sen-
tido de que tinha traços da polifonia francesa, com influência da 
cadência italiana, utilizando a voz grave (característica da música 
inglesa), e assim por diante.
A música desse período é predominantemente vocal e pro-
fana. Esse estilo de música deu um grande salto nessa época, 
chegando a um grande grau de complexidade e rebuscamen-
to tanto na letra quanto na música. Nesse período, a polifonia 
33© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
desenvolveu-se ainda mais e a noção de vozes independentes 
surgiu com a escola franco-flamenga.
Agora já podemos falar de uma divisão de vozes como a 
que conhecemos atualmente. As composições vocais contavam 
com uma parte para soprano, uma para alto, uma para tenor e, 
graças ao compositor Josquin des Prez, uma parte para baixo.
Josquin des Prez (1440-1521) foi o primeiro compositor a 
utilizar a voz masculina cantando no grave, ou seja, fazendo a 
função de baixo. Ele foi um dos principais compositores do início 
do Renascimento e, entre as inovações musicais que suas obras 
apresentavam, estava a imitação sistemática e a preocupação 
com a relação texto-música.
Para que você possa compreender o que seria a imitação 
sistemática à qual nos referimos, vamos analisar um trecho da 
Missa de Pange Lingua: Kyrie desse compositor.
34 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Figura 8 Kyrie, Josquin des Prez (1440-1521).
Veja que a primeira voz que inicia cantando é o tenor (Mi, 
Mi, Fá, Mi). No segundo compasso, o baixo entra cantando (Lá, 
Lá, Si, Lá) o mesmo gesto musical, só que uma quinta a baixo. 
No quinto compasso, é a vez do soprano entrar com a melodia 
já apresentada pelo tenor (Mi, Mi, Fá, Mi). Finalmente, no sex-
to compasso, o contralto se apresenta com a mesma melodia já 
cantada pelo baixo (Lá, Lá, Si, Lá).
Música analisada ––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para você compreender melhor a imitação característica da escola franco-fla-
menga, ouça agora esse Kyrie que analisamos.
DES PREZ, J. Missa Pange Lingua: Kyrie Eleison. Intérprete: Saint Clement’s 
Choir. 2008. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Uj8GPdKttGw>. 
Acesso em: 6 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A Itália foi a nação que mais se desenvolveu artisticamente 
durante o Renascimento. Na música, esse país foi responsável 
pela criação do madrigal.
Segundo Grout e Palisca (2001, p. 180), o madrigal “foi o 
gênero mais importante dentro da música italiana do século 16, 
35© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
por meio dela, a Itália tornou-se, pela primeira vez na história, o 
centro musical da Europa”.
O madrigal era uma forma de composição livre, na qual a 
música servia ao texto, ou seja, a música sempre buscava repre-
sentar aquilo que a poesia estava dizendo; desse modo, a cada 
novo texto, havia uma nova música. Poderia ser a quatro ou mais 
vozes, chegando até a sete vozes. As letras dos madrigais nor-
malmente eram poesias de autores renomados, como Petrarca.
Observe a relação música-texto no madrigal a seguir.
Madrigal ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para que você possa entender essa relação entre música e texto, ouça o madri-
gal Solo e Pensoso de Luca Marenzio (1553-1599), cuja poesia é de Petrarca.
MARENZIO, L. Solo e pensoso i piú deserti campi. Disponível em: <http://www.
youtube.com/watch?v=ZJlj1uy8cSA>. Acesso em: 6 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
36 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Figura 9 Solo e pensoso, Luca Marenzio.
A letra diz: “só e pensativo nos campos, vou medindo meus 
passos tardios e lentos”. Perceba o movimento das notas do so-
prano, que sobe ao agudo, nota após nota, pouco a pouco, e, ao 
chegar ao ápice do agudo, inicia a descida, novamente nota a 
nota, em direção ao grave, representando o que o texto diz.
37© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Você deve estar se perguntando como fica a música litúr-
gica da Igreja – de que tanto falamos – no Renascimento, não é 
mesmo?
No Renascimento, a História presenciou o surgimento de 
uma nova vertente religiosa originária da Alemanha, o protes-
tantismo. Agora, temos a música tanto como uma ferramenta 
de evangelização da Igreja católica quanto da Igreja protestante.
Música sacra (Contrarreforma) –––––––––––––––––––––––
Para compreender a música sacra da Contrarreforma, assista ao documentá-
rio Música Sacra: Palestrina e os Papas. Disponível em: <http://www.youtube.
com/watch?v=IFbb-1hHkmI>. Acesso em: 6 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A música protestante apresentava como característica 
principal o canto coral a quatro vozes homofônico e a forte liga-
ção da música com a palavra.
Em contrapartida, para recuperar os fieis perdidos com a 
reforma protestante, a Igreja Católica utilizou a música como uma 
forma de encantamento. A música utilizada na Contrarreforma 
era predominantemente religiosa; utilizava o canto gregoriano 
na construção polifônica das vozes, fundindo características das 
escola franco-flamenga e italiana. O compositor responsável por 
reavivar a música na Igreja católica e o representante da música 
da Contrarreforma foi Palestrina (1525-1594).
Palestrina compôs de um modo mais tradicional do que 
os compositores de madrigal, mas soube equilibrar a linguagem 
composicional da época ao conservadorismo da Igreja. Suas 
obras eram grandiosas e muitas eram policorais (utilizando mais 
de um coro).
38 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Composição de Palestrina –––––––––––––––––––––––––––Para compreender o modo de composição de Palestrina, ouça a missa O Sa-
crum Convivium.
PALESTRINA, G. P. O Sacrum Convivium. Intérprete: Christ Church Cathedral 
Choir, Oxford; Stephen Darlington (Condutor). Disponível em: <http://www.you-
tube.com/watch?v=cAdj8gtHjrs>. Acesso em: 6 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Como já vimos anteriormente, os coros que cantavam na 
liturgia católica eram masculinos, pois a Igreja não permitia que 
mulheres participassem da liturgia. Isso não era um problema 
quando o canto se restringia a poucas vozes que não passavam 
da tessitura de uma oitava. No Renascimento, com a influência 
dos madrigais na música cristã, aumentaram o número de vozes 
e, consequentemente, a extensão vocal para cantá-la. Isso cau-
sou um problema quanto à execução. A partir daí, surge a figura 
do castrato. Alguns meninos, entre oito a doze anos, passavam 
por uma cirurgia de extração dos testículos que tinha como ob-
jetivo inibir a produção do hormônio masculino, a testosterona, 
para evitar a mudança de voz natural na adolescência. Desse 
modo, a voz mantinha-se aguda, assim como as vozes femininas 
(AUGUSTIN, 2012).
Com as leituras propostas no Tópico 3.2., você com-
preenderá mais sobre a música vocal do Renascimento. An-
tes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras 
indicadas.
2.4. O CANTO NO PERÍODO BARROCO
Ao falarmos da música vocal do período barroco, estamos 
englobando, aproximadamente, o período que vai de 1600 até 
39© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
1750. A arte italiana ainda imperava nesse período e influenciou 
outros países, como França, Inglaterra e Alemanha.
O Barroco foi um período muito importante para a músi-
ca. Foi nesse período que a música tonal se estabeleceu, houve 
o surgimento da ópera e o florescimento da música puramente 
instrumental.
Além disso, no final desse período a música foi transfor-
mada por Johann Sebastian Bach, compositor ligado à música 
protestante.
O nascimento da ópera
Você está lembrado das características do madrigal 
renascentista?
No Renascimento, havia uma polifonia de vozes indepen-
dentes, mas, no início do Barraco, houve um afastamento da 
polifonia renascentista. A música do início do Barroco apresenta 
um baixo bem definido e uma voz aguda ornamentada. A mono-
dia acompanhada era um modo de composição que favorecia a 
polaridade entre baixo contínuo e soprano. Essa ênfase nas duas 
vozes era fortalecida pela cadência Tônica – Dominante – Tônica, 
o que levou ao estabelecimento da harmonia tonal. É desse can-
to acompanhado que surge a ópera.
A ópera é um gênero teatral que une música contínua com 
cenário, ação, dança e interpretação teatral. O estudo da tragé-
dia grega por um grupo chamado Camerata Bardi mostrou que 
a tragédia era cantada e representada. Ele chegou à conclusão, 
por meio de seus estudos, de que os gregos tiveram grande êxito 
musicalmente porque só utilizavam uma melodia cantada acom-
panhada. Então, iniciaram as composições das monodias acom-
40 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
panhadas, que acreditavam serem mais expressivas do que a po-
lifonia de várias vozes no Renascimento.
Nesse período, ainda estava em voga a prática de compor 
madrigais. Alguns tratados da época falam de uma prática antiga 
e uma prática moderna ou, então, de uma prima pratica e se-
cunda pratica, referindo-se à antiga prática de compor ao estilo 
madrigalesco (polifonia de várias vozes) e à prática moderna da 
monodia acompanhada.
Compositores ligados à Camerata Bardi passaram, então, a 
não só ler os textos da tragédia grega, mas também a musicá-los 
e a representá-los. Peri, Caccini e Cavalieri, compositores que 
faziam parte da Camerata Bardi, foram os primeiros a musicar 
cenas da tragédia grega Orfeu e Euridice.
Peri, por exemplo, era compositor e cantor nascido em 
Roma e, a partir do seu contato com a Camerata Bardi, passou a 
acrescentar música às cenas da tragédia grega. Revolucionou ao 
utilizar nos trechos de diálogos o estilo que chamou de recitado. 
Nascia, assim, o recitativo.
O recitativo era um canto silábico, sem ornamentos, pra-
ticamente falado, o que facilitava o entendimento dos diálogos 
cantados. Esse estilo de canto recitado passou a ser utilizado pe-
los demais compositores, pois permitia não só um melhor enten-
dimento do texto, como dava maior liberdade de entonação do 
texto ao cantor.
Euridice ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Assista a um trecho de Euridice, de Peri, acessando o vídeo referenciado a 
seguir:
PERI, J. L’Euridice. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=WHMJgGE5Doc>. Acesso em: 6 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
41© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Outro compositor muito importante nesse primeiro mo-
mento do Barroco e na formação da ópera foi Monteverdi, que 
fez parte do período de transição entre Renascimento e Barroco.
Compositor de madrigais, Monteverdi teve contato com 
a monodia acompanhada e com as ideias de musicar tragédias 
gregas. O compositor propôs a união dos dois estilos vigentes em 
sua época. A monodia acompanhada, então, seria utilizada em 
alguns momentos, enquanto o estilo polifônico dos madrigais, 
em outros momentos. Monteverdi alcançou o equilíbrio entre as 
duas práticas, utilizando-as em prol da sua música.
Orfeu ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Assista à Ópera de Monteverdi e procure compreender a força dramática e a 
musicalidade dessa composição de 1610.
Monteverdi, C. L’Orfeo. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v= 
bU681o8BlZs>. Acesso em: 6 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A ópera se popularizou e passou por algumas mudanças. 
Foram divididas as partes solistas em recitativo e ária.
O recitativo, como era um canto falado, ficava restrito aos 
diálogos, enquanto as árias, cantos melodiosos, ornamentados e 
virtuosos, aparecia nas partes mais dramáticas do canto.
Podemos destacar um segundo momento no período bar-
roco, a partir da metade do século 17, no qual houve a consolida-
ção da ópera. É nesse momento que surge o Bel canto, estilo de 
canto melodioso e virtuosístico, dando ênfase à figura do solista. 
A ópera espalhou-se por toda a Itália e, também, para outros 
países, mas seu centro principal era em Veneza.
A ópera veneziana deste período era cênica e musicalmente 
esplêndida. É certo que as intrigas eram um amontoado de 
personagens e situações inverossímeis, uma mistura irracial de 
42 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
cenas sérias e cômicas, servindo meramente de pretexto para 
as melodias agradáveis, o belo canto solistico e os efeitos cê-
nicos surpreendentes, como nuvens transportando um grande 
número de pessoas; jardins encantados e metarmofoses. O vir-
tuosismo vocal não chegaria aos extremos que viria a atingir 
no sec XVII, mas começava já a prenunciá-los (GROUT; PALISCA, 
2001, p. 359).
É nesse período em que surgem os primeiros tratados so-
bre técnica vocal escritos por castrati, dada a necessidade de 
aprimoramento vocal que a ópera exigiu. Já falamos dos castrati 
ao tratarmos de música sacra, mas, agora, a figura desses canto-
res reaparece como cantores de ópera.
A ópera, por si só, já causava grande encantamento no pú-
blico. Por favorecer o gênero solista, os cantores e cantoras vir-
tuosos causavam furor na plateia. Documentos da época relatam 
que, quando a prima dona (cantora principal) começava a cantar, 
muitos desmaiavam de emoção. Há relatos de que as pessoas 
viajavam de muito longe para assistir às operas. (KOBBÉ, 1997). 
Os castrati chamavam muita atenção por terem a aparência de 
homens adultos, mas vozes tão agudas quanto as femininas.
Nesse período, a prática da castração era recorrente; a his-
tória de um castrato começavaquando um Maestro detectava 
algum menino com maior habilidade para o canto. Este conver-
sava com a família, que geralmente era campesina e pobre, que 
aceitava castrar o filho, tendo em vista um futuro mais promissor 
à criança.
Após a recuperação da cirurgia, o menino era separado de sua 
família e entregue a um orfanato/conservatório onde viveria 
e receberia formação. O aluno entrava para o conservatório 
como se entrava para a religião. Toda a sua escolaridade se-
43© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
ria pontuada por exercícios e atividades religiosas e a confissão 
era obrigatória e semanal até à idade de doze anos (AUGUSTIN, 
2012, p. 11).
Os compositores da época utilizavam frases musicais lon-
gas e cheias de melismas, somente com marcação de respiração. 
Devido à grande caixa torácica dos castrati e a pequena laringe, 
por onde passava menos ar, eles eram capazes de realizar essas 
proezas vocais em longas frases melódicas.
Unindo esses aspectos fisiológicos com os estudos intensos rea-
lizados durante muitos anos, esses cantores conquistavam uma 
capacidade respiratória muito grande e, hoje em dia, é muito 
difícil encontrar um cantor que possua essa mesma habilida-
de respiratória para efeitos de comparação efetiva (AUGUSTIN, 
2012, p. 15).
Todos esses feitos dos castrati faziam com que houvesse 
uma atmosfera de magia em torno dessas figuras, o que atraía 
ainda mais o público para a ópera.
Hoje sabemos como era a voz desses cantores graças ao 
advento da indústria fonográfica, que possibilitou a gravação do 
castrato Alessandro Moreschi (1858-1922), conhecido como “O 
Anjo de Roma”, já com 44 anos.
Figura 10 Alessandro Moreschi.
44 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Castrati ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Ouça Alessandro Moreschi cantando Ave Maria.
MORESCHI, C. Ave Maria. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=KLjvfqnD0ws>. Acesso em: 6 nov. 2014. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
É possível ter uma ideia da popularidade do drama mu-
sical pelo crescente número de teatros de óperas em Veneza, 
chegando, em 1700, a 16. Esse fenômeno transformou a ópera 
aristocrática em entretenimento popular.
Música protestante
Desde o nascimento da Igreja protestante, o canto teve um 
lugar especial nos cultos e na predominância dos hinos cantados 
pela congregação.
Como vimos, o grande gênero vocal do período barroco foi 
a ópera; no entanto, a representação não era permitida dentro 
da Igreja, fosse católica ou protestante.
Em contrapartida à ópera, surgem o oratório e a cantata. 
Esses dois gêneros eram similares à ópera quanto à construção 
musical, porém, como estavam ligados à música sacra, não havia 
o uso de encenação.
Elementos da ópera, como recitativos, árias e coros, tam-
bém estão presentes nas cantatas e oratórios. O oratório é uma 
composição dramática, sacra, na qual havia um texto litúrgico; 
era musicado em forma de recitativo, ária, conjunto vocal e ins-
trumental, com a ajuda de um narrador ou um texto.
Também era muito comum a composição de Paixões, ao 
estilo do oratório, em que o texto conta os últimos passos de 
Cristo até a crucificação.
45© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
A cantata era um gênero mais conciso e, desse modo, o 
principal gênero no serviço religioso protestante.
Musica sacra ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Assista ao documentário:
BBC. Música Sacra: Bach e o legado luterano. Disponível em: <http://www.
youtube.com/watch?v=w0blpA4-9co>. Acesso em: 7 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O principal compositor ligado à Igreja protestante foi Jo-
hann Sebastian Bach (Figura 11).
Fruto de uma família de grandes músicos, Bach nasceu na 
Igreja protestante, participando do serviço da Igreja desde a sua 
infância, seja cantando ou tocando órgão. Como dissemos, a can-
tata estava presente em todo o serviço litúrgico protestante, e 
Bach, durante toda a sua vida, trabalhou como compositor da 
Igreja protestante: sua função era compor uma cantata por se-
mana para ser executada no domingo, durante o culto, e, tam-
bém, ensaiar os músicos para executarem as cantatas.
Bach compôs muitas cantatas e oratórios de qualidade ele-
vada para o serviço da igreja.
46 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Figura 11 Johann Sebastian Bach.
Apesar dessa ligação com a igreja, Bach compôs muita mú-
sica secular. Em cartas, ele deixa claro que buscava uma música 
“regulada”, que ele descreve como de extrema qualidade mu-
sical; fosse feita para a igreja ou não, o modo de compor era o 
mesmo (BUKOFZER 1991).
47© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Figura 12 Page of the autograph revision of Johann Sebastian Bach’s St. Matthew 
Passion (originally performed in 1729; revised by the composer in 1736 and 1742).
A Paixão segundo São Mateus –––––––––––––––––––––––
Ouça A paixão segundo São Mateus acessando o link a seguir:
BACH, J. S. A Paixão segundo São Mateus. Disponível em <https://www.you-
tube.com/watch?v=KNJZzXalO8Q>. Acesso em: 7 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Bach compôs paixões, sendo que a Paixão segundo São 
Mateus é considerada o ápice de sua composição vocal. Vale 
lembrar que Bach também compôs suítes instrumentais, obras 
para orquestra, órgão, sendo um dos seus maiores feitos a obra 
48 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
A arte da Fuga, tudo com um estilo muito próprio. O momento 
da morte de Bach é, segundo muitos historiadores, o fim do pe-
ríodo barroco.
Com as leituras propostas no Tópico 3.3., você com-
preenderá mais sobre a música vocal do período barroco. An-
tes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras 
indicadas.
2.5. O CANTO CORAL DO SÉCULO 18 ATÉ A CONTEMPORANEI�
DADE
No período clássico (século 18), embora seja a época em 
que tivemos o nascimento da sinfonia, a ópera continuou sen-
do um gênero muito popular, que se disseminou por vários pa-
íses da Europa. A Itália continuou a ser uma região de grande 
fecundidade musical, mas, agora, a História viu nascer um berço 
de grandes compositores: o Norte da Europa (GROUT; PALISCA, 
2001).
Viena era um grande centro musical, e havia duas verten-
tes de ópera ocorrendo nesse lugar: a séria e a bufa.
A ópera séria era destinada à corte e à burguesia, enquan-
to a ópera bufa (cômica) era destinada à classe mais pobre e 
popular.
Nesse período, podemos destacar Mozart como um dos 
grandes compositores. Filho do compositor Leopold Mozart, com-
pôs tanto óperas sérias quanto bufas, pertencendo a estas as suas 
maiores inovações, por conta da sua maior liberdade de criar.
49© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
A leveza e o uso de coloraturas utilizadas nas árias exigiam 
cada vez mais da técnica dos cantores. Nesse momento, o foco 
incidia sobre os solistas e, embora os coros estivessem presen-
tes na ópera, sua participação se dava em poucos momentos. 
Podemos observar o virtuosismo exigido dos cantores na ária da 
Rainha da Noite, da ópera A Flauta Mágica, de Mozart.
A Rainha da Noite ––––––––––––––––––––––––––––––––––
Ouça a ária da Rainha da Noite, da ópera A Flauta Mágica, de Mozart.
MOZART, W. A. A Rainha da Noite. Flauta Mágica. Disponível em: <http://www.
youtube.com/watch?v=r37l5eNJOR0>. Acesso em: 7 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Dois dos mais importantes tratados de canto foram escri-
tos nesse período: Opinione de’cantori antichi e moderni, e o Sie-
no Osservazione sopra il canto figurato (1723), de Pier Francesco 
Tosi (1647-1732).
Vimos que, a partir de Machaut na Ars Nova, a missa pas-
sou a ser, também, uma forma de composição. Um dos maisbe-
los exemplos de obra feita para coro no período clássico é uma 
missa fúnebre, um réquiem, última composição de Mozart. No 
Requiem em Ré m, podemos perceber toda a força expressiva, 
maturidade e refinamento desse compositor.
Lacrymosa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Ouça Confutatis e Lacrymosa do Requiem em Ré m, de Mozart:
MOZART, W. A. Lacrymosa. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=KWqvjDX1R6o>. Acesso em: 7 nov. 2014.
MOZART, W. A. Requiem. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=78KtEjdAszw>. Acesso em: 7 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
50 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Figura 13 Manuscrito de Mozart.
O canto coral também estava presente em algumas sinfo-
nias desse período; elas eram obras compostas para grande or-
questra, solistas e coro, como é a 9ª Sinfonia de Beethoven.
9ª Sinfonia (último movimento) –––––––––––––––––––––––
Ouça o último movimento da 9ª sinfonia de Beethoven. 
BEETHOVEN, L. 9ª Sinfonia. Último movimento. Disponível em: <http://www.
youtube.com/watch?v=QDViACDYxnQ>. Acesso em: 7 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Romantismo
Durante o Romantismo (século 19), a sinfonia continuava 
em grande expansão; em contrapartida, o Lied ganhou grande 
destaque. O Lied era um estilo de canção alemã baseada em um 
51© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
poema para voz solista, com acompanhamento, geralmente, de 
piano (GROUT; PALISCA, 2001). Compositores como Schubert, 
Schumann e Brahms dedicaram-se à composição de ciclos de 
canções. No final desse período, podemos destacar os Lieder de 
Gustav Mahler, que substituiu o acompanhamento do piano pela 
orquestra.
Kindertotenlieder ––––––––––––––––––––––––––––––––––
Ouça Kindertotenlieder (1904), de Mahler.
MAHLER, G. Kindertotenlieder. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=COii8sefh88>. Acesso em: 10 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Nesse período, temos, também, a sinfonia coral, na qual 
o canto assume importância igual à da voz (GROUT; PALISCA, 
2001).
No Romantismo, graças aos avanços da Medicina, os estu-
dos sobre a voz multiplicam-se, surgindo, assim, uma abordagem 
mais científica sobre o tema. Muito disso se deve à invenção do 
laringoscópio, que possibilitou estudar a fisiologia da voz.
Também nesse período, a orquestra aumentou seu núme-
ro de instrumentos e os teatros se tornaram maiores, o que exi-
giu mais potência vocal dos cantores, para que eles pudessem se 
sobressair em relação à grande gama orquestral. Ao contrário da 
leveza da voz das obras clássicas, que permitia a execução das 
coloraturas, agora, a exigência era de timbres pesados e densos, 
com grande potência vocal. O grande compositor de ópera des-
se período, que trouxe muitas inovações à criação do drama, do 
cenário e demais elementos da encenação, foi Richard Wagner.
Wagner entendia a ópera como arte total e, assim, assumia 
não só a criação musical, como, também, o libreto e a cenografia.
52 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
A cenografia de Wagner era colossal, assim como a música 
de suas óperas. Seus dramas musicais são demasiadamente lon-
gos e profundos.
A sua ópera Tristão e Isolda, composta em 1865, é conside-
rada um marco na história da música. O uso do cromatismo, no 
tema de Isolda, dissolveu a tonalidade e, a partir daí, influenciou 
profundamente a visão dos compositores sobre o uso da tonali-
dade. O cromatismo utilizado nessa ópera levou à superação da 
música tonal.
A nova maneira de cantar do século 20
A música erudita do século 20 passou por mudanças radi-
cais; ao mesmo tempo, a indústria fonográfica se desenvolveu e 
as rádios vincularam cada vez mais a música popular (jazz); a mú-
sica erudita afastou-se de seu público por vários motivos, entre 
eles, por se distanciar dos ideais de beleza musical do século 19.
O canto sofreu grandes mudanças nesse período. O com-
positor Schoenberg, com a elaboração do dodecafonismo, levou 
por terra o sistema tonal e, com isso, a sonoridade tão familiar 
presente em praticamente toda música ocidental. Mais do que 
isso, os compositores desse período passaram a utilizar recursos 
sonoros nunca antes utilizados.
Em 1912, Schoenberg apresentou, em Berlim, um ciclo de 
canções chamado Pierrot Lunaire, em que o modo de cantar era 
diferente de tudo que se havia escutado até então. Ele inaugura-
va o estilo de canto chamado Sprechgesang, que significa “falar 
cantando”. Na partitura, as indicações para o cantor diziam que 
se tratava de uma voz falada que variava conforme as alturas no-
tadas. Esse modo de cantar poderia se tornar uma melodia fala-
53© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
da, mas sempre se distanciando do realismo. “O que se preten-
de não é, de modo algum, uma fala realístico-natural” (BOULEZ, 
1995, p. 45).
Pierrot Lunaire ––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para compreender essa maneira de cantar, ouça a obra Pierrot Lunaire.
SCHOENBERG, A. Pierrot Lunaire. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=veUJxETj7-c>. Acesso em: 10 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A partir de então, a voz humana (e suas inúmeras possibi-
lidades de nuances sonoras) passou a ser um dos instrumentos 
mais utilizados pelos compositores do século 20. Diante desse 
potencial inesgotável de possibilidades de exploração do som 
vocal, os cantores precisaram se adaptar às novas propostas dos 
compositores.
Eles não somente tiveram que conviver com um novo tipo de 
música, como também precisaram adquirir a habilidade de can-
tar numa afinação perfeita em todas as circunstâncias, mesmo 
em quartos de tom, e mesmo quando não tinham como ouvir a 
própria voz. Assim, eles acabaram desenvolvendo uma extensão 
vocal, uma expressividade, uma flexibilidade no timbre e um do-
mínio de efeitos muito distantes das capacidades de seus prede-
cessores (SERGL, 2008, p. 5).
Assim como Schoenberg, os compositores indicavam as 
transformações de timbre, como: murmurando, cantando com 
a boca fechada ou com a mão sobre a boca, ruídos de consoan-
tes, apenas sons de vogais, tons “aspirados”, sons “rolados”, sons 
surdos, ruídos de inspiração e expiração, entre outros (SERGL, 
2008). Esses recursos também eram utilizados na música coral.
No Brasil, o compositor Gilberto Mendes, nascido na cida-
de de Santos, em 1922, é um dos compositores que mais explora 
54 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
as possibilidades vocais dos cantores, inclusive no canto coral. O 
compositor musicou vários poemas concretos de poetas brasi-
leiros. A sua composição mais popular, e tocada nos cinco con-
tinentes, é Moteto em Ré m, mais conhecida como Beba Coca-
Cola (Figura 14).
Figura 14 Beba Coca-Cola.
55© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
Perceba que o compositor utiliza sons expirados, falados, 
blocos de repetição do poema, dinâmicas extremas sobrepostas 
por outros efeitos, como som de sirene, voz do Pato Donalds e, 
por fim, um arroto.
Beba Coca-Cola –––––––––––––––––––––––––––––––––––
Ouça a obra para coro Motet em Ré menor – Beba Coca-Cola.
MENDES, G. Beba Coca-Cola. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=6DKRtGjIaD4>. Acesso em: 10 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Hoje, o canto coral se mantém como um estilo muito utili-
zado pelos compositores, e o seu uso como instrumento musica-
lizador é muito grande. A facilidade econômica da prática coral e 
a socialização gerada pela música em grupo fazem com que es-
colas, empresas e instituições busquem implantar essa prática.
Com as leituras propostas no Tópico 3.4., você compre-
enderá mais sobre a música vocal do período clássico até acontemporaneidade. Antes de prosseguir para o próximo as-
sunto, realize as leituras indicadas.
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR
O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição 
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.
56 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
3.1. IDADE MÉDIA: MÚSICA CRISTÃ
A música cristã foi muito importante para a construção da 
música vocal. Nessa perspectiva, os textos a seguir apresentam 
de maneira mais aprofundada os conceitos ligados a essa música.
• FIGUEIREDO, C. A. O conceito de autoria no Ocidente 
e seus reflexos na música. Revista brasileira de Música, 
Rio de Janeiro, v. 23, n. 1, 2010. Disponível em: <http://
www.musica.ufrj.br/posgraduacao/rbm/edicoes/
rbm23-1/rbm23-1-01.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2014.
• MENDES, L. P. Modalismo: resquícios da Idade Média 
na música brasileira. Disponível em: <https://www.aca-
demia.edu/3374763/Modalismo_resquicios_da_Ida-
de_Media_na_musica_brasileira>. Acesso em: 10 nov. 
2014.
• SOCIEDADE CULTURAL PADRE NEREU DE CASTRO TEI-
XEIRA. Apostila de Canto Gregoriano. Disponível em: 
<http://www.gregoriano.org.br/gregoriano/apostila.
pdf>. Acesso em: 10 nov. 2014.
3.2. MÚSICA POLIFÔNICA RENASCENTISTA
No Renascimento, houve o florescimento da música vocal 
polifônica. Nessa perspectiva, os textos a seguir apresentam, de 
maneira mais aprofundada, os conceitos ligados a essa música.
• FELISBERTO, C.; CARVALHO, G. P.; MANNIS, G. D. B. A 
técnica vocal na interpretação da música renascentis-
ta e barroca. 2001. Disponível em: <http://www.movi-
mento.com/2012/07/a-tecnica-vocal-na-interpretacao-
57© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
-da-musica-renascentista-e-barroca/>. Acesso em: 10 
nov. 2014.
• GARBUIO, R.; FIORINI, C. A relação entre a música e tex-
to nos madrigais de Carlo Gesualdo – um estudo sobre 
seu amadurecimento ao longo da obra. Música em pers-
pectiva, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 103-119, out. 2012. Dispo-
nível em: <ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/musica/issue/
download/1536/25>. Acesso em: 09 out. 2014.
• IGAYARA, S. C. Monteverdi e a invenção de um esti-
lo: sobre a composição do Combattimento di Tancre-
di e Clorinda e a definição do Stile Concitato. Revista 
Música, São Paulo, v. 9-10, p. 77-91, 1998-1999. Dis-
ponível em: <https://www.academia.edu/4440870/
Monteverdi_e_a_Invencao_de_um_Estilo_Sobre_a_
Composicao_do_Combattimento_di_Tancredi_e_
Clorinda_e_a_Definicao_do_Stile_Concitato>. Acesso 
em: 10 nov. 2014.
3.3. MÚSICA BARROCA
No período barroco, vimos o nascimento da ópera e o flo-
rescimento da música protestante, especialmente na figura de 
Bach. Nessa perspectiva, os textos a seguir apresentam, de ma-
neira mais aprofundada, os conceitos ligados a essa música.
• AUGUSTIN, K. Os Castrati: visão holística da prática da 
castração na música. Música e Linguagem, v. 1, n. 1, p. 
68-82, 2012. Disponível em: <http://www.periodicos.
ufes.br/musicaelinguagem/article/view/3601>. Acesso 
em: 10 nov. 2014.
58 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
• FERNANDES, J. A.; KAYAMA, A.G. A sonoridade vocal 
e a prática coral no Barroco: subsídios para a perfor-
mance barroca nos dias atuais. Per Musi, Belo Horizon-
te, n. 18, jul./dez. 2008. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
-75992008000200008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 
10 nov. 2014.
• NAVARRO, Y. C. Los rasgos estilísticos de la música desde 
el Barroco hasta el S. XX. Disponível em: <http://maria-
jesusmusica.files.wordpress.com/2008/09/rasgos-es-
tilisticos-de-la-musica-desde-el-barroco-hasta-el-s-xx.
doc>. Acesso em: 10 nov. 2014.
3.4. AS MUDANÇAS DO MODO DE CANTAR DO CLASSICISMO 
ATÉ A CONTEMPORANEIDADE
No período clássico, vimos o aprimoramento do canto de-
vido à ópera; no Romantismo, o florescimento da sinfonia coral, 
bem como o Lied e a voz como recurso timbrístico na música 
até a contemporaneidade. Nessa perspectiva, os textos a seguir 
apresentam, de maneira mais aprofundada, os conceitos ligados 
a essa música.
• GARCIA, R. A ópera romântica alemã. Disponível em: 
<http://www.aulasdemusica.org/a%20opera%20ro-
mantica%20alema.html>. Acesso em: 10 nov. 2014.
• SERGL, M. J. Um percurso pela paisagem sonora de Gil-
berto Mendes. In: ENCONTRO DE MÚSICA E MÍDIA, 4, 
2008. Anais... 2008. Disponível em: <www.musimid.
mus.br/4encontro/files/pdf/Marcos%20Julio%20Sergl.
pdf‎>. Acesso em: 10 nov. 2014.
59© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL
UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
• SILVA, S. L.; SCANDAROLLI, D. O Bel Canto e seus es-
paços. In: EHA – ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ARTE, 6, 
Campinas, 2010. Anais... 2010, p. 255-260. Disponível 
em: <http://www.unicamp.br/chaa/eha/atas/2010/lu-
ciano_simoes_denise_scandarolli.pdf‎>. Acesso em: 10 
nov. 2014.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para 
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em 
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Acredita-se que, desde os primórdios dos tempos, o homem se expressa 
musicalmente. Como eram essas primeiras manifestações?
a) Utilizando instrumentos musicais.
b) Com instrumentos percussivos.
c) Por meio da voz, provavelmente, de modo coletivo, em ritos tribais.
d) Não há indícios de que o homem se manifestava por meio da música.
2) Tanto na música grega quanto na medieval e na igreja protestante, o canto 
é o fator mais importante. Essa concepção era assim porque:
a) o canto era economicamente viável.
b) havia uma grande socialização no canto coral.
c) faltavam músicos instrumentistas habilitados para executar as músicas 
de culto.
d) a música tinha um caráter educativo para o cidadão, seja o novo cris-
tão, ou na nova fé protestante.
3) Quanto aos castrati, é correto afirmar que:
a) eram crianças que, por problemas de saúde, acabavam passando pela 
cirurgia de castração.
b) eram cantores importantes do século 20.
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UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
c) eram cantores castrados e que, por isso, mantinham a voz aguda, po-
dendo fazer as partes agudas dos cantos litúrgicos e, mais tarde, vie-
ram a ter um papel importante na ópera barroca.
d) era uma técnica vocal utilizada para alcançar as notas agudas.
4) Quais foram os principais gêneros vocais do período clássico e romântico?
a) Sinfonia e suítes.
b) Ópera, sinfonia coral e Lied.
c) Sinfonia coral e madrigal.
d) Organum, tragédia e Lied.
5) No decorrer da História, a forma de utilização da voz sofreu mudanças. De 
que maneira os compositores eruditos passaram a utilizá-la? 
a) Como recurso de timbre, em cujas obras aparecem sussurros, canto 
falado, glissandos etc.
b) Da maneira renascentista, com coro polifônico ao estilo dos madrigais.
c) Não utilizam o canto; dão preferência ao uso de instrumentos musicais.
d) Não utilizam canto nem instrumento, somente recursos eletroacústicos.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) c.
2) d.
3) c.
4) b.
5) a.
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UNIDADE 1 – O DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA VOCAL NA HISTÓRIA
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da Unidade 1, na qual você teve a opor-
tunidade de compreender o desenvolvimento da música vocal 
no decorrer da história da música ocidental e a sua ligação com 
as mudanças sociais de cada período. Além disso, foram apresen-
tadas as principais formas de música vocal de cada período, bem 
como os novos recursos descobertos para o desenvolvimento do 
canto. Você pôde ver que, a partir do século 17, começou-se a 
desenvolver os primeiros conceitos sobre técnica vocal, os quais 
foram se aprimorando e, hoje, aplicam-se, não só aos cantores, 
mas a todos. No Conteúdo Digital Integrador você pôde ampliar 
seus conhecimentos

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