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Sorgo - Do Plantio à Colheita UFV

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Sumário 
1. Origem e importância econômica, 9 
2. Botânica, 37 
3. Exigências edafoclimáticas e fisiologia da produção, 58 
4. Manejo operacional no plantio, 89 
5. Arranjo de plantas no plantio, 119 
6. Adubação, 144 
7. Cultivares, 169 
8. Manejo de plantas daninhas, 188 
9. Manejo de pragas, 207 
10. Manejo de doenças, 242 
11. Colheita, 266 
ÜRIGEM E IMPORTÂNCIA 
ECONÔMICA 
Origem 
1 
Paulo Motta Ribas1 
A moderna planta de sorgo, Sorghum bicolor L. Moench, é 
um produto da intervenção do homem, que domesticou a espécie e, ao 
longo de gerações, vem transformando-a para satisfazer às 
necessidades humanas. Sorgo é uma extraordinária fábrica de energia, 
de enorme utilidade em regiões muito quentes e muito secas, onde o 
homem não consegue boas produtividades de grãos ou de forragem 
cultivando outras espécies, como o milho. A África Oriental parece 
ser o centro de origem dos sorgos cultivados da forma que se conhece 
nos dias de hoje, muito embora tenha sido constatada grande 
variabilidade de sorgos cultivados e selvagens também no Noroeste da 
África. Prevalece, no entanto, a tese de que os sorgos tiveram 01igem 
na Abissínia, nome da atual Etiópia, centro de dispersão de muitas 
outras espécies de interesse econômico, como o milheto ( Pennisetum 
glaucum), mamona (Ricinus communis) e café (Coffea arabica e 
cojfea robusta) (DOGGEIT, H., 1970). Diferentes autores divergem 
sobre a data em que ocorreu a domesticação do sorgo pelo homem (de 
WET; HUCKABA Y, 1967). Evidências arqueológicas indicam que o 
1 Eng.-Agr. Consultor Técnico, Valor Orientações Agropecuárias. 
E-mail: pauloribas@valoragropecuaria.com.br 
10 Ribas 
início do cultivo do sorgo se deu na pré-história, cerca de 5.000 a 
7.000 anos atrás (W ALL; ROSS, 1970). De acordo com outros 
registros, a prática de domesticação de cereais teve início no Egito em 
tomo de 3.000 a.C. (DOGGETT, 1965a). É possível que a 
domesticação do sorgo date dessa época. Segundo Murdock, 1959, o 
povo Mande, um grupo étnico que habitava regiões nas cabeceiras do 
rio Niger, pode ter sido o responsável pela domesticação do sorgo. Da 
mesma forma, vários autores divergem sobre o momento e a forma 
como essa planta se dispersou mundo afora a partir da África. 
Snowden (1936) fornece rica informação sobre essa 
discussão. Extensas rotas terrestres e marítimas utilizadas pelas 
correntes migratórias disseminaram o sorgo para além das fronteiras 
do Nordeste da África, seu provável centro de origem, para lugares tão 
distantes como a Índia e a China. Na Índia, seu cultivo é mencionado 
através de figuras datadas do século I d.C. Da Índia, o sorgo teria sido 
levado para a China no século m da Era Cristã, como sugere a 
presença de alguns tipos de sorgo na Coréia e províncias chinesas 
adjacentes, territórios incluídos na antiga "rota da seda". Plínio 
registra que a cultura foi introduzida na Itália aproximadamente entre 
60 e 70 d.C., através de sementes provenientes da China (HOUSE, 
1970). Ao longo do tempo, a cultura do sorgo foi se estabelecendo em 
várias regiões tropicais e subtropicais do mundo, recebendo nomes 
locais. Na África Ocidental, é conhecido como 1nilho-da-guiné; kafir, 
na África do Sul ; durra, no Sudão; na Índia é jowar; na China, 
kaoliang. Nos Estados Unidos é também conhecido como milo, 
enquanto sorgos de colmo suculento e doce são chamados de sorgo. 
Em outras situações, o sorgo recebe o nome de alguma forma 
específica de uso, como sorgo-vassoura ou simplesmente vassoura, 
referindo-se aos cultivares cujas inflorescências são usadas na 
fabricação de vassouras rústicas (DOGGETT, 1970). 
O Sorgo nas Américas 
O sorgo não é nativo do hemisfério ocidental e, nas Américas, 
seu cultivo é bem mais recente. As primeiras referências do sorgo no 
Novo Mundo vieram do Caribe. Durante os séculos XVII e XVIII 
grande contingente de escravos africanos foi trazido para trabalhar nas 
plantações de cana-de-açúcar da região e, com eles, foram 
01igem e importância econômica 11 
introduzidas as primeiras sementes de sorgo na América. Dessa 
região, o sorgo atingiu o Sudoeste dos Estados Unidos por volta da 
metade do século XIX. Registros de 1853 confirmam introduções de 
variedades provenientes da França, para produção de forragem e 
melaço. Quatro anos mais tarde, em 1857, Leonard Wray, um inglês 
que cultivava a cana-de-açúcar, introduziu 15 variedades de sorgo da 
África do Sul, que, trabalhadas por técnicos do Departamento de 
Agricultura dos Estados Unidos (USDA), deram origem aos primeiros 
cultivares comerciais "modernos" de sorgo de que se tem notícia. A 
partir daí, numerosos materiais genéticos provenientes de diversas 
partes do mundo foram introduzidos nos EUA pelo Departamento de 
Agricultura e outras agências. Na primeira década do século XX, o 
sorgo foi extensivamente cultivado nos EUA, para produção de xarope 
ou melaço. Os cultivares conhecidos como Sorgo eram de porte muito 
alto e de ciclo muito longo, tendo alguma semelhança fenotípica com 
os atuais sorgos forrageiros para silagem. O porte avantajado não 
permitia sua utilização para produção de grãos, porque a colheita, 
mesmo por processo manual, era muito difícil. Além disso, o ciclo 
extremamente longo limitava seu cultivo em regiões do sul do país 
mais próximas da linha do equador. Assim os primeiros colonizadores 
das Grandes Planícies do Oeste Americano, selecionaram plantas mais 
adaptadas à agricultura que se modernizava e que eram muito mais 
tolerantes que o milho ao clima seco da região. Com o advento da 
mecanização, na segunda década do século XX, novas seleções foram 
sendo feitas a partir dos materiais originais, acrescentando n1ais 
valores aos cultivares, como precocidade e porte cada vez mais baixo 
(W ALL; ROSS, 1970). Foi a partir da década de 1940, quando 
surgiram os chamados combine types, cultivares de porte baixo 
adaptados à colheita mecânica, que a cultura teve significativo 
incremento em várias regiões do Oeste dos Estados Unidos. Maiores 
progressos, no entanto, estavam por vir, graças aos trabalhos de um 
grupo de pioneiros cientistas que viabilizaram a produção de sementes 
híbridas de sorgo no início dos anos 1960. O sorgo híbrido tornou-se 
um incontestável sucesso nos EUA, e a nova tecnologia rompeu suas 
fronteiras , sendo rapidamente considerada uma cultura muito popular 
em diversos países como Argentina, México, Au trália, China, 
Colômbia, Venezuela, Nigéria, Sudão e Etiópia (QUlNB, 1974). 
12 Ribas 
O Sorgo no Brasil 
O sorgo chegou ao Brasil provavelmente da mesma forma como nas 
Américas Central e do Norte, ou seja pelas mãos de escravos 
africanos, sendo o Nordeste uma das portas de entrada. Nomes 
comuns atribuídos ao sorgo pelos sertanejos como "Milho d' Angola" 
e "Milho-da-Guiné" sugerem que os primeiros cultivares foram 
introduzidos pelos africanos. Há relatos de que entre 1920 e 1930, 
feirantes na Feira de Caruaru, Pernambuco, vendiam grãos de uma 
variedade muito apreciada para fazer pipoca, conhecida por Milho 
d' Angola ou Vira-cacho (T ABOSA, 2013, informação pessoal). Outra 
via de introdução pode ter sido o Sul do país. Nas regiões de 
colonização italiana, em especial nos vales dos Rios Uruguai e 
Pelotas, era cultivada a "caninha de sementes", um tipo de sorgo de 
colmo adocicado, do qual se fabricavam o melado e a cachaça. Já nas 
regiões de fronteira com os países platinas, alguns sorgos usados para 
alimentação dos rebanhos bovinos eram conhecidos como Fitirita e 
Massambará. Fitirita é, provavelmente, uma coITuptela de feterita, 
variedade muito usada nos programas de melhoramento. Massambará 
(ou Maçambará), nome de uma estação feIToviária onde se 
descarregavam sementes de forrageiras importadas da Argentina, 
emprestou o nome para um tipo de sorgo f01Tageiro, provavelmente o 
sorgo de alepo (Sorghum halepense). (CHIELLE, 2013; MATOS, 
2003, informação pessoal). A partir da segunda década do século XX 
até fins dos anos 1960, a cultura foi reintroduzida de forma ordenadano país através dos institutos de pesquisa públicos e universidades. 
Em 1938, registra-se o plantio da variedade de sorgo "grohoma" para 
produção de feno no município de Limoeiro, Pernambuco, trabalho 
conduzido no antigo Departamento de Produção Vegetal (DPV). Em 
1958, o Instituto de Pesquisas Agropecuárias de Pernambuco (IPA) 
importou por várias vezes linhagens de sorgo sacarina e forrageiro da 
Estação Experimental de Forth Collins, EUA, e também elo Instituto 
Agronômico de Campinas-IAC, ele São Paulo (IPA, 2004). Esta e 
outras instituições, como o Instituto de Pesquisas Agropecmirias -
IPAGRO do Rio Grande do Sul, a Escola Superior de Agricultura de 
Piracicaba- ESALQ, a Escola Superior de Agricultura de Lavras-
ESAL, a Escola Superior de Agronomia de Viçosa- ESA V, a Escola 
de Agronomia de Pernamhuco, entre outras, introduziram coleções da 
Origem e importância econômica 13 
África, Ásia e Estados Unidos, que deram origem a cultivares 
comerciais, como as variedades Santa Eliza, Lavrense, Fartura, Atlas, 
Sart, IPA 1011. O sistema de produção e distribuição de sementes 
melhoradas, no entanto, só se desenvolveria mais tarde, entre fins dos 
anos 1960 e começo dos 1970, com a criação da Embrapa, a instalação 
do Centro Nacional de Milho e Sorgo, atual Embrapa Milho e Sorgo, e 
com a decisiva entrada de empresas sementeiras privadas no 
agronegócio do sorgo. Os híbridos de sorgo granífero de porte baixo 
recém lançados na Argentina (aqui chamados de sorgo anão) 
chegaram ao Brasil através da fronteira gaúcha, e o Rio Grande do Sul 
tornou-se o maior produtor de grãos de sorgo do país. No município 
de Bagé, na fronteira com o Uruguai, eram plantados entre 20 e 25 mil 
hectares de sorgo ao ano. Do Rio Grande do Sul, os "modernos" 
híbridos desenvolvidos pelo trabalho de melhoramento de plantas e 
adaptados às condições da Pampa Argentina chegaram ao Estado de 
São Paulo e, deste estado, a cultura expandiu-se para o Triangulo 
Mineiro e estados centrais. Atualmente, o sorgo granífero tem pouca 
expressão no Rio Grande do Sul. Seu cultivo está largamente 
disseminado do Norte de São Paulo às regiões do Triângulo Mineiro, 
Sul e Sudoeste de Goiás, Chapadas do Mato Grosso, do Mato Grosso 
do Sul, do Tocantins, Oeste da Bahia e Sul do Piauí. No Nordeste, 
entre 1973 e 1980, foi instalado o Programa de Sorgo e Milheto, com 
o apoio da Fundação Ford, Sudene e BNB, cobrindo ações de pesquisa 
nos Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Alagoas. Apesar desses 
esforços, a cultura de sorgo no Nordeste não teve o crescimento 
compatível com as características de região semiárida tão propícias à 
cultura, como oc01Te em outras regiões do n1tmdo. Ao longo do 
tempo, sorgo alternou crescimento e declínio de área plantada no 
Brasil. Nos últimos 10 anos, entretanto, a cultura do sorgo encontrou 
os nichos de mercado que lhe deram estabilidade e status técnico e 
comercial. Atualmente, o Brasil situa-se entre os 10 maiores países 
produtores de grão de sorgo do mundo, e o uso da planta inteira como 
recurso forrageiro está largamente difundido no país. 
14 
Ribas 
Importância econômica do sorgo 
no mundo 
O sorgo. é o quinto cereal mais plantado no mundo, perdendo 
ap~nas para o tngo, arroz, milho e a cevada. Juntos, correspondem a 
mais de 85% de toda a energia consumida pelo homem (RUSKIN, 
1966). Na Tabela 1. 1 é mostrada a produção média de soroo no 
período de 2008 a 201 O, comparada à de outros cereais. 
0 
Tabela 1.1 - Produção mundial dos principais cereais, no período de 
2008 a 2010 
Produção (milhões de toneladas) 
f Cereais 2008 2009 2010 
Milho 827 819 844 
Arroz 689 684 672 
Trigo 683 686 651 
Cevada 157 151 123 
Sorgo 66 56 55 
Milheto 35 27 29 
Aveia 26 23 20 
Centeio 18 18 12 
Fonte: WIKIPED lA, 2013. 
o sorgo faz parte da dieta de aproximadamente 500 milhões 
de pessoas em mais de 30 países e é cultivado nos seis continentes, em 
áreas onde a temperatura média no verão é superior a 20 graus 
centigrados e que tem um período outonal de pelo menos 125 dias sem 
geada (W ALL; ROSS, 1970). Em todo o mundo, o sorgo é uma 
cultura marginal. Seu cultivo e o consumo dos grãos e da forragem 
são significativos nos países em desenvolvimento ou que apresentam 
problemas de altas temperaturas e ~é~icit hídrico ?urante o ano. A 
exceção a estas marcantes caractenst1 cas dos paises produtores e 
1 
j 
Origem e importância econômica 15 
consumidores de sorgo são os Estados Unidos, maior produtor, maior 
exportador e o quarto maior consumjdor de grãos de sorgo do mundo 
(DUARTE, 2010). As estatísticas de produção de grãos de sorgo e, 
principalmente, de forragem são imprecisas. Em alguns países, aos 
números de produção de sorgo é somada a produção de outros grãos, 
como o milheto (DOGGETT, 1970; HOUSE, 1970). Em termos 
mundiais, a área cultivada com sorgo cresceu de 38,5 para 43,9 
milhões de hectares de 1961-65 a 1976. Neste período, a 
produtividade média evoluiu de 918 a 1.179 kg/há, e a produção total 
passou de 35,3 para 51,8 milhões de toneladas métricas. Anualmente, 
são plantados cerca de 30 milhões de hectares com sorgo para 
produção de grãos em todo o mundo, flutuando a produção entre 50 e 
55 MT (milhões de toneladas métricas) por ano. Números recentes 
publicados pela FAO estimam crescimento da produção de 8,33% em 
2013 em relação à safra anterior; uma oferta total de 62 milhões de 
toneladas (MT) e um consumo total de 59 MT. Deste total, 32 MT 
foram destinados à alimentação humana, produção de álcool e a outros 
usos industriais. Em ração animal foram consumidos 23 MT e a 
exportação girou em torno de 4 MT. A produtividade média de grãos 
de sorgo ao longo do tempo tem se mantido abaixo das médias do 
trigo, arroz, milho e cevada. Esse dado é principalmente influenciado 
pelas drásticas condições de cultivo a que o sorgo é submetido, co1no 
o calor e a deficiência hídrica. As baixas n1édias mundiais não 
refletem, definitivamente, o alto potencial de produção de grãos, de 
matéria seca e de energia da planta de sorgo, que em certos ambientes 
e se bem manejada, consegue superar as medias de produtividade do 
milho (HOUSE, 1970). Atualmente, Estados Unidos, México, China e 
Argentina detêm as melhores produtividades médias, entre 3,5 e 5,0 
toneladas por hectare. Nas últimas décadas, a área cultivada com 
sorgo nos Estados Unidos e na Argentina, dois dos maiores produtores 
mundiais, caiu dramaticamente, cedendo espaço para culturas como 
soja, girassol e milho, que, além de mais rentáveis financeiramente, 
foram beneficiadas pela adoção de novas técnicas ele manejo e 
lançamento de cultivares bem adaptados aos ambientes antes restritos 
ao cultivo do sorgo. Até meados dos anos 1970, os Estados Unidos 
produziam mais de 20 milhões de toneladas, e a Argentina em torno 
de 8 milhões de toneladas . Em outros países como Nigéria, Índia, 
China, México, Etiópia, Sudão, Colômbia, Bolívia, Austrália e Brasil, 
a área de sorgo cresceu ou manteve-se estável. Estados Unidos, 
----. 
16 Ribas 
México, Índia e Nigéria são os ma10res produtores de sorgo 
atualmente e responsáveis por mais da metade de todo o sorgo 
produzido no mundo. Países como Índia, Nigéria, Sudão, Etiópia e 
Burkina Faso, além de grandes produtores, são também grandes 
consumidores do grão, responsáveis por 32,5% do sorgo consumido 
no mundo. Argentina, ainda um grande produtor de sorgo, é também 
expressivo exportador do cereal. A Figura 1.1 mostra a produção de 
sorgo dos principais países produtores nas três últimas safras e uma 
projeção para a próxima safra 2013/2014. Nessa projeção, observa-se 
recuperação da liderança dos Estados Unidos, que nas safras 
2011/2012 e 2012/2013 perdeu posição para Nigéria e México 
respectivamente, resultado da drástica estiagem que reduziu a 
produção de milho e sorgo do país de forma dramática. A Argentina, 
outrora grande produtora de sorgo, esboça uma reação e o Brasil, 
juntamente com a Austrália e a China, mostra estabilidade ao longo do 
período analisado.12.000 
10.000 
~ 8.000 
"C 
<1:1 
e:; 
i: 
E 
o 
o 
~ 
4.000 
2.000 
o EUA México 
■ 201 0/20 11 ■ 20 11/201 2 201 2/2013 L 201 3/201 4 
Figura 1.1 _ Países maiores produtores de sorgo no período de 2010 a 
201 3. 
Fonte: MENEZES, C. B .. 2010. 
Origem e i111portâ11cia eco11ô111ica 
A importância econômica 
no Brasi 1 
Sorgo Granífero 
17 
do sorgo 
Comparada à do milho, da soja e de outros grãos, a cultura do 
sorgo tem pequena expressão no país, ou seja, faz parte do grupo de 
cultivos que a literatura de língua inglesa chama de minar crops. No 
entanto, movidos pela necessidade de redução de custo da alimentação 
animal, criadores de aves, suínos e bovinos impulsionaram a demanda 
pelo grão e forragem de sorgo, de forma que nos últimos l O anos a 
área cultivada com sorgo se expandiu de maneira extraordinária. Para 
que isso acontecesse, muito se deve, também, ao intenso trabalho do 
Grupo Pró-Sorgo, movimento criado no fim dos anos 1980 por 
pesquisadores públicos e privados, técnicos da extensão rural, 
produtores, pecuaristas, industriais e imprensa, cujas ações 
contribuíram fortemente para a difusão da cultura e do uso de seus 
produtos (DUARTE, 2010). De 1975 para 2011, a área plantada 
passou de 85.400 ha para 763.855 ha em 2011. No mesmo período, a 
produção cresceu de 200 mil toneladas em 1975 para próximo de 2 
MT em 2011. O rendimento médio teve incremento de 15% entre 
1990 e 2011 , passando de 1.869,6 kg/ha para 2.147 kg/ha. Projeções 
da Conab para a safra 2013 sinalizam produtividade média nacional de 
2,5 toneladas/ha. Os maiores aumentos de produtividade fora1.-i 
observados no Noroeste de Minas e Oeste ela Bahia. Os Estados de 
Goiás, Minas Gerai s, Mato Grosso e Bahia concentram mais que 80o/c 
da área plantada e da produção de sorgo granífero (LANDAU et al., 
20 l 3). O Centro Oeste é a principal região de cultivo de sorgo 
granífero, tendo contribuído com cerca de 1,5 milhão de tonelada~ em 
20 l 3 para a oferta total de sorgo. Novas áreas de cultivo <le sorgo 
estão se abrindo no Sul cios Estados do Piauí, Maranhão, Oeste da 
Bahia e Norte do Tocantins, vasta região agrícola conhecida como 
MAPITOBA. Nestas regiões, o sorgo granífero, assiu como o milho, 
cresce no rast1 o da soja. A importância destes estados para a produção 
de sorgo deve-se às demandas de grãos para a Região Nordeste, 
possibilitando a diminuição elos custos de produção ele frangos · 
lR Ribas 
suínos. A incorporação destas novas áreas à produção de sorgo pode 
diminuir a pressão de demanda por milho no Nordeste e no Centro-Sul 
do país (DUARTE, 2010). Estima-se que ainda haveria 10 milhões de 
hectares de áreas agrícolas com aptidão climática para expansão da 
cultura de sorgo granífero no Brasil. -- --
Na Figura 1.2 tem-se a distribuição da cultura de sorgo 
granífero e a produção média de grãos no período de 2004 a 2006. 
Produção média de sorgo 
2004 a 2006 
li1 1 ponto = 1.000 toneladas 
0& 1ro1 Edição Gcoproccssamcnto - Embrapa Milho e Sorgo - 2007 
Figura 1.2 - Distribuição da cultura de sorgo granífero no Brasil e 
produção média, no período ele 2004 a 2006. 
Fonte: 113GE. 2007. 
Assim corno em outros países, o sorgo é considerado no 
Brasil uma cultura marginal , isto é, manejada sob condições de 
estrc. se ambiental e com baixa aplicação de tecnolog ia. Por essa 
razão, os índices de produtividade ainda estão aquém do grande 
potenc ial de produção de grãos e matéria seca da espécie. Apesar da 
Origem e i111por1âncio econtm1irn 19 
baixa produtividade de grãos quando comparada aos 4.200 kg/ha dos 
Estados Unidos e aos 4.300 kg/ha da Argentina, a produtividade 
brasileira está acima dos níveis médios mundiais. Enquanto a média 
da produtividade mundial é de 1.439 kg/ha, a média brasileira 
encontra-se em torno de 2.500 kg/ha. É preciso ressaltar que a menor 
produtividade do sorgo no Brasil está relacionada com a opção dos 
produtores em plantar sorgo na segunda safra e com baixo uso de 
tecnologia, aproveitando a fertilidade residual das culturas de verão. 
A Tabela 1.2 apresenta a área plantada, produtividade e 
produção de grãos de sorgo no Brasil relativas à safra 11/12 e projeção 
para a safra 12/ 13 
Tabela 1.2 - Área, produtividade e produção de grãos de sorgo no 
Brasil 
Safras 2011/20 l 2 e 201 2/2013 
Produtividade (Em 
Região/UF Área (Em mil ha) kg/ha) Produção (Em mil t) 
Safra Safra Safra Safra Safra Safra 
11/12 J 2/ 13 11/ 12 12/ 13 11/ 12 12/ 13 
(a) (b) ( e) (d) (e) (f) 
Norte 2 1,5 2 2,0 1 .736 1 .850 3 7 ,3 -1- 0.7 
TO 2 1,5 22,0 1.736.0 1.850.0 37}, 40.7 
Nordeste 1 01 ,9 9 0,7 7 58 3 99 7 7.2 3 6 ,3 
PI 7.7 1,2 2. 130.0 2.000.0 16.-1- 2 .➔ 
-·- ,__ 
CE 0,3 0,3 236,0 236,0 0.1 0.1 
RN 1,1 1,3 930,0 732,0 l.0 l.0 
PB 0 ,2 0,2 1.500,0 800,0 O.J 0.2 
PE 0,6 0,6 582,0 439,0 0.3 0,3 
BA 92,0 87 , 1 642,0 .17 1.0 59.1 J 2,J 
Centro-Oeste 483,0 490,3 3. 160,0 2.990,0 1.526,,, l.-1-65,9 
MT 15 1,4 163,2 2.7X0.0 .1.010,0 -1-20.9 . .i91, , 
MS 29,ll 16,8 2.700.ll 2.800.0 78.3 -1-7.ü 
Continua .. . 
20 Ribas 
Tabela 1.2 - Cont. 
,1-, , ,, s e Safra 2011/2012 2012/2013 
1 
Região/UF Área (Em mil ha) 
Produtividade (Em 
kg/ha) Produção (Em mil t) 
Safra Safra Safra Safra Safra Safra 1 
1 
11/12 12/13 11/12 12/13 11/12 12/13 
' (a) (b) ( e) (d) (e) (f) 
GO 296.5 306,3 3.369,0 2.970,0 998,9 909,7 
DF 6,1 4,0 4.600,0 4.500,0 28, 1 18,0 
Sudeste 150,3 175,3 3.460,0 2.959,0 519,9 518,7 
MG 126.1 151, I 3.5 19,0 2.984,0 443,7 450,9 
SP 24,2 24,2 3. 150,0 2.800,0 76,2 67.8 
SUL 30,2 22,0 2.030,0 3.002.0 61,3 66,0 
PR 1,8 1,8 3.700,0 3.740,0 6,7 6,7 
RS 28,4 20,2 1.924,0 2.936,0 54,6 59,3 
Norte/Nordeste 123,4 112,7 928,0 682,0 114,5 77,0 
Centro-Sul 663,5 687,6 3. 176,0 2.982,0 2. 107,4 2.050,6 
Brasil 786,9 836,4 2.824,0 2.544,0 2.221,9 2.127,6 
Fonte: CONAB. 2013. 
Sorgo Forrageiro 
O crescimento da área de sorgos forrageiros no Brasil tem 
sido mais discrelo, e as estatísticas de área plantada, ele produção e de 
produtividade são escassas e imprecisas. Em Minas Gerais e no Rio 
Grande do Sul, maiores produtores de leite cio país, encontram-se as 
mais extensas áreas de cultivo com sorgos forrageiros. A área plantada 
com sorgo forrageiro para si lagem tem se mantido estável ao longo 
dos últimos anos, de 300 a 400 mil hectares/ano. No entanto, é 
cre!')cente o interesse por sorgos de corte e pastejo, especialmente no 
Rio Grande do Sul, onde esse cultivo é tradicional desde os anos 1960. 
Recentemente, foram introduzidos no mercado brasileiro cultivares de 
sorgo j.Jün. ,Jastcjo com a incorpora~ão de genes que aumentam a 
Origem e i111por1a11cia eco11ô111ica 21 
eficiência alimentar da sua forragem. Esses genes, conhecidos como 
bmr (iniciais de brown mid rib), têm sua expressão fenotípica através 
da cor marrom da nervura central e das bainhas das folhas. Seu efeito 
é observado no aumento do consumo e na digestibilidade da matéria 
seca, resultando em melhor desempenho animal na nutrição de 
ruminantes. Essa novidade tecnológica abre clara oportunidade de 
crescimento do uso de sorgos forrageiros no Brasil, em todas as 
regiões de exploração pecuária de c011e e leite. 
A Figura 1.3 mostra a evolução da área plantada com todos os 
tipos de sorgo foITageiro no Brasil , período de 1992 a 2009 
(DUARTE, 2010). 
-.::t" 
450 -.::t" 
' 400 00 M 
1 
350 M 
300 N 
250 
200 
150 
100 
50 
o 
N r') s::t" Ir) \D r-- 00 O\ o N r'"l s::t" Ir) \D r-- 00 O\ 
O\ O\ O\ O\ O\ O\ O\ O\ o o o o o o o o o o 
°' O\ O\ O\ O\ °' O\ O\ o o o o o o o o o o - N N N N N N N N N N 
Figura 1.3 - Evolução da área plantada com sorgos forrageiros no 
Brasil , de 1992 a 2009. 
Fonte: DUARTE, 20 10. 
Uso do Sorgo na Alimentação Humana 
Em todo o mundo, os grãos ele sorgo são utilizados de diversas 
formas para atender às necessidades alimentares cio homem e elos 
animais. Em países pobres ele recursos alimentares, assim como em 
países em desenvolvimento, farinha ele grãos de sorgo é largamente 
cons_umida pelas suas populações. Da farinha são fabricados pães, papas 
e mtngaus, com ou sem a mistura de outras farinhas. Dos grãos de 
alguns cultivares faz-se pipoca: cultivares de grãos com endosperrna 
22 Ribas 
ceroso ou amiláceos (waxy t_vpes) têm aplicação na indústria de 
alimentos~ sorgos de colmo doce foram e ainda são muito usados nos 
Estados Unidos na produção de melaço e que, atualmente, despertam 
grande interesse para a produção de bietanol. No Brasil, praticamente 
não há consumo regular de sorgo na alimentação humana, mas sim 
referências de indústrias a11esanais que testam o sorgo em suas receitas 
(QUEIROZ, 2013). Pesquisas em desenvolvimento na Embrapa e nas 
Universidades Federais de Viçosa (UFV), de Minas Gerais (UFMC), de 
São João Dei-Rei (UFSJ) e na UNICAMP, em parceria com a Texw 
A&M University dos Estados Unidos, indicam o alto potencial dos 
grãos de sorgo para esse fim. Pesquisadores dessas entidades, 
trabalhando com grãos de sorgo de diferentes colorações de pericarpo e 
constituição do endosperma, têm verificado elevado efeito antioxidante 
de compostos bioativos em alguns cultivares de sorgo, os quais são de 
grande valor na melh01ia da saúde humana. Além disso, por não 
apresentar glúten nos grãos, alimentos processados com farinha de 
sorgo têm grande importância na dieta de indivíduos portadores da 
doença celíaca ou para aqueles com algum tipo de intolerância ao glúteo 
(QUEIROZ, 2009). A adoção de sorgo na alimentação humana, no 
Brasil, crescerá na medida em que forem eliminados preconceitos e 
tabus entre os hábitos alimentares da população, e que se intensifique o 
envolvimento das áreas de pesquisa com o setor industrial. A Figura 1.4 
mostra alguns produtos caseiros feitos com farinha de sorgo pela 
Embrapa Milho e Sorgo. 
figura 1.4 - A limentos produzidos com farinha de sorgo. 
Fonte: EMBR Al'A MIU 10 1: SORCiO. 
Origem e importância eco11a111ica 23 
Sorgo na Alimentação Animal 
Na grande maioria dos países produtores e consumidores, o 
principal uso do sorgo é na alimentação animal. Os grãos são 
largamente usados em dietas caseiras e rações comerc1a1s para 
monogástticos, ruminantes, peixes, crustáceos e pequenos animais 
domésticos. Para esses fins, são utilizados indistintamente grãos de 
várias cores, formas e consistências do endosperma. O grão de sorgo é 
basicamente uma fonte de energia sendo a qualidade de sua proteína 
(kafüina) baixa, principalmente pela insuficiente concentração de 
alguns anunoácidos essenciais, como a li~ina. Os grãos de sorgo 
podem ser usados de forma integral ou moídos. Modernamente, são 
aplicados processos industriais como o craqueamento e a extrusão. 
para melhor expô-los ao ataque das enzimas durante a digestão e, 
assim, melhorar sua eficiência nutricional. No Brasil , o principal 
usuário de grãos de sorgo é a agroindústria de carnes. De acordo com 
dados do Sindicato dos Fabricantes de Ração (SINDIRAÇÕES, 2012) 
avicultura, suinocultura, bovinocultura, pet e outros, nessa ordem, são 
os maiores consumidores do sorgo produzido no Brasil. A Figura 1.5 
mostra a participação de grãos de sorgo na indústtia brasileira de 
rações (média de 2006 a 2010). A agroindúsh·ia de cm11es e o setor de 
derivados do leite estão cada vez mais interessados em aumentar o 
consumo de sorgo na alimentação animal. Estima-se que a produção 
de grãos de sorgo poderá se elevar até 5 milhões de toneladas, num 
médio prazo, sem risco de excesso de oferta. 
Participação dos setores no consumo de 
sorgo granífero 
Aves ■ Suínos ■ Bovinos ■PeUoutros 
Figura 1.5 - ParLic ipação dos setores no consumo de sorgo granífero 
nas rações. 
Ponte: SINDIR AÇÕES. 201 2. 
24 Ribas 
O balanço demanda/oferta de milho está ajustado, porque 
recentemente o país recomeçou a exportar este cereal com bons 
resultados financeiros para produtores e exportadores. Assim, o sorgo 
passa a assumir cada vez mais um papel estratégico para a 
consolidação de uma política de exportação de milho, quer sob forma 
direta, quer agregada, em carnes de aves e suínos. Considerando os 
cereais em geral, inclusive sorgo, e mais algumas matérias-primas 
componentes da chamada cesta básica de ingredientes energéticos, o 
sorgo representou 4,36% de um total de 51 milhões de toneladas de 
matérias-primas energéticas empregadas na indústria de rações 
animais em 2012, como mostra a Tabela 1.3. 
Tabela 1.3 - Consumo de ingredientes energéticos pela indústria de 
rações no Brasil - previsão 2012 
Categoria Ingrediente (Xl .000t) 1 
animal 
Milho Sorgo Trigo Outros 2 Total 
Frangos 19.580,0 784,0 166,0 4.107,0 24.637,0 
Poedeiras 3. 110,0 - 56,0 3 l 9,0 3.485,0 
Suínos 9.687,0 682,0 619,0 l.703,0 12.69 1,0 
Gado de leite 1.637.0 - 936,0 l.188,0 3.761,0 
Gado de corle 682,0 518,0 239,0 702,0 2. 14 1,0 
Outros 1 2.73 1,0 232,0 265,0 909,0 4.137,0 
TOTAL 37.427,0 2.2 16,0 2.28 1,0 8.928,0 50.852,0 
, 
• Pets: peixes; crustaceo~; aves; outros. 
2 Farelo e g lúten de milho; derivados de arroz, soja. cana; farinhas e gorduras de animais . 
Fonte: SINDIRAÇÕES, 20 12. 
A planta inteira de sorgo é muito nutnt1va. Ela pode ser 
cortada e ensi lada quando os grãos atingem o ponto ele ''massa dura", 
produzindo uma si lagem, em certos cas~s, comparada às melhores 
silagens de milho. Ou pode ser cortada ainda verde para ser serv ida 
aos animais, no cocho. E pode também ser usada para fenação, para 
silagem pré-secada; e, mais comumente, como pasto temporário de 
verão. Enquanto em outros países como EUA e Argentina a principal 
utilização da forragem é sob rastejo direto, no Brasil, o uso mais 
Origem e i1111wr1(111cia l'co11r1111ico 25 
frequente é sob forma de silagem ou forragem conservada, tanto para 
bovinos ele leite como para gado ele corte. 
As Figuras J .6 e 1.7 mostram os usos mais correntes da 
forragem de sorgo: planta inteira, para ser servida no cocho ou 
ensilada ou utilizada em pastejo direto. 
Figura J .6 - Corte ele forragem ele sorgo. 
Figura 1.7 - Sorgo em pastejo direto. 
Ta nino e Durrina 
Duas característi cas nutricionai s cios grãos e da forragem de 
sorgo têm merecido a atcrn;ão de estudiosos e nutricionistas: presença 
de tanino nos grãos de certos culti vares e de um glucosídeo 
cianogênico nas partes verdes da planta. O mau entendi rnento dessas 
26 Ribas 
caracteristicas tem gerado preconceito e rejeição ao uso do sorgo nas 
dietas animais, especialmente no Brasil. A presença de tanino nos 
grãos não tem importância toxicológica, como às vezes se afirma, mas 
é um elemento supressor da digestibilidade da proteína e dos 
carboidratos, reduzindo o valor biológico do grão. Grãos de sorgo com 
tanino apresentam uma camada de células escuras logo abaixo do 
pericarpo e possuem sabor adstringente, pouco atrativo ao paladar de 
animais monogástiicos. Esses cultivares - também conhecidos por 
sorgos antipássaros - são plantados em regiões do mundo onde o 
ataque de pássaros silvestres inviabiliza a produção de grãos, o que 
não é o caso do Brasil, em geral. O cultivo dos sorgos antipássaros, 
hoje, é restrito à micr01Tegião da fronteira do Rio Grande do Sul com 
Uruguai e Argentina. No restante do país, são plantados sorgos sem 
tanino nos grãos. A presença do glucosídeo cianogênico, conhecido 
como durrina, pode causar acidentes digestivos em ruminantes. A 
durrina está especialmente presente nas partes verdes de plantas 
jovens, e sua concentração diminui a níveis não letais com o 
crescimento da planta. O potencial de intoxicação é maior em rebrotas 
jovens, com menos de 30 dias, especialmente quando seu crescimento 
é retomado após a ocorrência de geada. Com exceção das condições 
particulares, tanto os grãos como a forragem ele sorgo são alternativas 
reconhecidamente de alto valor nutritivo para a alimentação animal 
em geral. 
Sorgo na Geração de Energia 
Recentemente, nos Estados Unidos, na Argentina e também 
no Brasil, os sorgos de colmos suculentos e ricos em açúcares 
voltaram a despertar grande interesse na indústria alcooleira. Acredita-
se que essessorgos terão relevante papel, em futuro próximo, na 
composição da matri z energética de certos países, como o Brasil. 
Além desses tipos ricos em açúcares, cultivares ele porte alto, de 
colmos grossos e fibrosos, ele ciclo muito tardio e de grande potencial 
de produção de matéria seca, também têm despertado interesse na 
produção de energia. A literatura refere-se a esses sorgos como sorgos 
para biomassa ou biomass sorg/11111s. Sua utilização na produção de 
energia baseia-se na digestão ele sua fração fibrosa para transformá-la 
em energia calórica. Em capítulo específico sobre o uso elo sorgo na 
Origem e i111portâ11cia eco11ô111ica 27 
produção de energia, o potencial de utilização dos sorgos sacarino e de 
biomassa será mais amplamente discutido. 
Outros Usos 
Em muitas regiões da África e da Ásia fabricam-se 
aguardentes e cervejas a partir da fermentação de grãos de sorgo. Na 
China, uma aguardente chamada Maotai, fabricada a partir de grãos de 
sorgo, cuja origem remonta há 2000 anos, tornou-se a bebida nacional 
do momento no país (FOLHA DE SÃO PAULO, caderno A 10, 
Mundo, julho, 2013). Sabe-se também que álcool de alta pureza 
química, produzido a partir de grãos de sorgo, tem sido aplicado na 
produção de vodkas, na indústria farmacêutica e de perfumaria. Em 
algumas comunidades pobres da África, os colmos de variedades de 
porte alto são utilizados corno material de construção para sustentar 
simples habitações e armazéns nas propriedades rurais (HOUSE, 
1970). No Brasil, é comum no meio rural e em pequenas comunidades 
o uso de vassouras artesanais feitas com panículas dos chamados 
"sorgos vassouras", cultivares geralmente de porte alto com panículas 
grandes, muito ramificadas e abertas. Na indústria de tintas, colas e 
plásticos biodegradáveis usa-se a1nido de sorgo, que também tem 
aplicação nos processos de perfuração de poços profundos. 
Tipos Comerciais de Sorgo 
Todos os sorgos de interesse comercial, independentemente 
de sua morfologia ou finalidade, pertencem ao gênero Sorglwm. No 
mercado de sementes da maioria dos países produtores, inclusive o 
Brasil , são reconhecidos pelo menos quatro tipos agronômicos e de 
consagrada nomenclatura comercial. A seguir, é apresentada breve 
descrição de cada tipo e uso: 
Sorgo Granífero 
■ Cultivares de porte baixo, de 1,00 até 1,50 m, aptos a colheita 
mecanizada dos grãos (Figura 1.8). 
28 Ribas 
Figura 1.8 - Sorgo granífero no Triângulo Mineiro. 
• Inflorescências ou panículas de formas variadas, comumente 
cilíndricas ou elípticas, semicompactas ou semiabertas, raramente 
muito compactas ou muito abertas. 
• Grãos relativamente grandes e de cores variadas: branco, creme, 
amarelo, vermelho, bronzeados, manons e que se desprendem 
facilmente das glumas protetoras. 
• Endosperma duro ou farináceo, de cor branca ou amarela. 
• Alguns cultivares apresentain grãos com tanino e são chamados 
anti pássaros. 
• Colmos suculentos, não doces ou ligeiramente doces, raramente 
secos. 
• Semente comercial: híbrida ou variedade de polinização aberta. 
Sorgo Forrageiro para Silagem 
• Conhecidos no Brasil como sorgos silageiros. 
• Cultivares de porte alto: ele 2 a 3 m, da base da planta até o ápice da 
• panícula. 
• Colmos suculentos ou secos, doces ou insípidos; grãos pequenos. 
• Tipos de porte alto: altura de planta > 2,5 m: alto potencial ele 
produção de matéria seca, baixa relação folhas/colmo e baixa 
re lação panículas/planta inte ira (Figura 1.10). 
Origem e i11111ortâ11 cio c'c·o11r,111ico 29 
■ Tipos ele porte médio: altura de plantas entre 1,8 e 2,5 m; bom 
potencial ele produção de matéri a seca, boas re lações en tre partes da 
planta (Figura 1.9). 
■ Nos Estados Unidos e na Argentina, sorgos com l ,80 a 2,00 m de 
altura são também chamados de sorgos ele duplo propósito: tanto se 
prestam à produção de silagem como para colheita mecanizada dos 
grãos (Figura 1.9). 
■ Semente comercial: híbrida ou variedade de polini zação aberta. 
Figura 1.9 - Silageiro ele porte médio. 
Figura 1. l O - Si lagc irn de porte alto. 
30 Ribas 
Sorgos de Corte e Pastejo 
• Cruzamento de sorgo granífero (Sorghum bicolor) x capim-sudão 
(Sorghum sudanense) (Figura 1.11). 
• Plantas de folhas estreitas, colmos finos e suculentos, panículas 
ralas, baixa produção de grãos. 
■ Rápido crescimento, rebrota fácil e perfilhamento abundante. 
• Alto potencial de produção de matéria seca de excelente valor 
nutritivo. 
■ Até cinco cortes nas condições de verão e outono das reg1oes 
tropicais e subtropicais. 
• Muito populares nos Estados Unidos, Argentina, Austrália e 
México. 
• Introduzidos no Brasil nos anos l 960~ muito utilizados por 
pecuaristas do Rio Grande do Sul. 
■ Principal finalidade de uso no Brasil: pastagem temporária de 
verão/outono (RS/Brasil Central). 
■ Formação de palha para plantio direto (Brasil Central). 
Figura 1.11 - Sorgo de corte e pastejo. 
Sorgos Sacarinos 
• Fenotipicamente semelhantes aos sorgos para silagem. 
• Colmos suculentos, caldo rico em açúcares ele concentraçüo e 
qualidade para produção comercial de bietanol. 
Origem e i111portâ11cia eco11ô111ica 31 
• No Brasil, foram inicialmente estudados nos anos 1970 e 1980 pela 
Embrapa e outras instituições. 
• Atualmente, têm sido considerados fonte alternativa para produção 
de energia. 
Sorgos Biomassa 
• São de porte muito alto, acima de 3 m. 
• Colmos grossos e fibrosos. 
• Panículas pequenas, baixa produção de grãos. 
• Atualmente, têm sido considerados fonte alternativa para 
produção de energia. 
A Figura 1.12 mostra uma colheita de sorgo sacanno no 
Estado de São Paulo. 
Figura 1.12 - Colheita de sorgo sacarina. 
Sistemas de Produção de 
Sorgo no Brasil 
Até o fim dos anos 1970, o sorgo granífero era cultivado no 
Sul e Sudeste elo Brasil, principalmente na safra de verão, de setembro 
32 Ribas 
a janeiro. A partir dos anos 1980, passou a ser plantado também na 
segunda safra, ou safrinha, do fim do verão ao início do outono. Hoje, 
con1 exceção do Rio Grande do Sul, todo o sorgo granífero do país é 
plantado na safrinha, em sequência às culturas de verão, 
principalmente após soja. Já aqueles para silagem ou para corte e 
pastej o são plantados parte no verão, parte na safrinha (Figura 1.13) 
Forrageiro 
■ Safrinha 
D Verão 
9% 
Granífero 
■ Safrinha 
□ Verão 
Figura 1.13 - Proporção das áreas plantas no verão (A) e na safrinha (B). 
Fonte: DUARTE, 2010. 
Tanto no verão como na safrinha, o sorgo é plantado 
convencionalmente ou direto na palha. Na safrinha, o plantio é quase 
integralmente na palha da cultura anterior. Essa prática tornou o 
sistema de produção mais eficiente e foi fundamental para o 
crescimento da área cultivada. O Brasil é um dos poucos países que 
consegue colher eficientemente safras sequenciais (Figura 1.14), 
utilizando-se a mesma área, sem irrigação suplementar, com 
produtividades crescentes e com baixo custo de produção. 
Figura 1. J 4 - Sorgo plantado na palha de soja. 
Origem e i111portâ11cia eco11ô111ica 33 
A comercialização de grãos de sorgo no Brasil flui 
normalmente a partir dos meses de junho e julho, quando se inicia a 
colheita da safrinha nos estados centrais. Vários agentes atuam no 
processo de comercialização: cooperativas, fabricantes de rações, 
integrações de aves e suínos, pecuaristas de corte e leite, comerciantes 
de grãos. À época da colheita, as unidades armazenadoras, públicas e 
privadas, normalmente estão ocupadas com outros produtos, 
especialmente soja e milho e, por isso, a armazenagem do sorgo é 
precária, fato que reduz a oportunidade de obter melhores preços pelo 
produtor, além da perda de qualidade do produto. Como o tempo 
permanece seco nos meses de colheita, de junho até agosto, muitos 
produtores costumam armazenar temporariamente o sorgo na lavoura 
ou a céu aberto, à espera de melhores preços, como mostra a Figura 
1.15. Os preços do sorgo seguem o mercado de milho, com deságios 
que variam de 15 a 20% conforme a praçae as circunstâncias do 
momento. Toda a produção brasileira de sorgo tem sido 
comercializada num curto período, de julho a dezembro, sem sobras. 
Poucos são os usuários do produto que mantêm estoques estratégicos 
para aguardar a safra seguinte. A característica de sazonalidade da 
cultura de sorgo granífero e a falta de mais espaço para armazenar 
adequadamente o produto têm inibido o seu uso ao longo do ano pelas 
agroindústrias de grande porte, que requere1n maior disponibilidade e 
regularidade no fornecimento do grão de sorgo. 
Figura 1.15 - Armazenamento temporário cio sorgo a céu aberto ou na 
lavoura. 
------------ . ---·· 
34 Ribas 
Nos diferentes ambientes do semiárido brasileiro, o sorgo é 
normalmente plantado no início da estação chuvosa (inverno), que se 
caracteriza pela curta duração, di stribuição irregular no espaço e no 
tempo e ocoITência de veranicos, com 15 a 20 dias sem chuvas 
(BARROS; T ABOSA, 2009). No semiárido brasileiro, que inclui a 
Região Nordeste e parte dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, 
são praticados doi s sistemas de produção: 
• Mecanizado: praticado nas áreas planas, com aptidão plena e sem 
impedimento de natureza climática e pedológica para o cultivo do 
sorgo. Neste sistema, os produtores fazem uso de média tecnologia, 
que inclui operações mecanizadas, uso de fertilizantes e 
agroquím.icos, sementes fiscalizadas e, eventualmente, irrigação 
suplementar. A Figura 1.16 mostra a lavoura de sorgo forrageiro 
sendo colhida mecan.ica1nente na região do agreste pernambucano. 
• Manual: praticado por agricultores familiares, com o mínimo de 
tecnologia e, consequentemente, baixos índices de produtividade. 
Fi gura 1.16 - Colheita mecanizada de sorgo forrageiro. 
Fonte: Cortes ia do IPA. 
Origem e importância econômica 35 
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TABOSA, J. N. Sorgo em Pernambuco. Recife, PE, 2013. (Informação pessoal). 
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Connecticut: The A VI Publishing Company lnc. , 1970. 702 p. 
WlKIPEDIA CEREAL. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org./wik.i/Cereal>. 
Acesso em: 8 Nov. 20 13. 
BOTÂNICA 2 
Renzo Garcia Von Pinho
1 
Ivan Vilela Andrade Fiorin/ 
Álvaro de Oliveira Santos3 
O sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] originou-se no 
quadrante noroeste da África, abaixo do Deserto do Saara, 
provavelmente nas regiões da Etiópia e Sudão, onde se encontra 
atualmente a maior variabilidade de espécies silvestres e cultivadas. 
Foi provavelmente domesticado a cerca de 6.000 mil anos, através da 
seleção de espécies silvestres (Sorghum arundinaceum ou Sorghum 
verticilliflorum). Posteri01mente, foi difundido inicialmente na África 
e Ásia e, depois, levado às Américas. 
Doggett (1988) descreveu a disseminação e o desenvolvimento 
do sorgo cultivado, que aconteceram paralelamente ao seu parente 
silvestre Sorghum arundinaceum, da Etiópia, na região do Alto Volta, 
no Sudão, numa época bastante remota. O movimento foi restringido 
ao sul pelos bosques do Congo e os sorgos cultivados continuaram o 
processo de cruzamento com as espécies silvestres, gerando novas 
formas de ambos os tipos. Evidências sugerem que o sorgo migrou da 
Etiópia à África Oriental aproximadamente no ano 200 d.C. e, 
posteriormente, foi levado aos países da savana, e destes, ao sul da 
1 Engenheiro-Agrônomo, M.S .. D.S.c. e Professor da Universidade Federal de Lavras. Bolsista 
CNPq. E-mail: renzo@dag.utla.br 
2 Engenheiro-Agrônomo, M.S. e Doutorando em Fitotecnia na Universidade Federal de Lavras. 
E-mail: ivanvaf@yahoo.com.br 
3 Engenheiro-Agrônomo, M.S. e Doutorando em Fitotecnia na Universidade Fedl!ral de Lavras. 
E-mail: alvuroareudo@yahoo.cnm.hr 
38 Von Pinho, Fiorini e Santos 
África. Porém, segundo alguns indícios, pode ter havido duas regiões 
de dispersão independentes: África e Índia (PIRES et ai., 2006). 
/ A produção de sorgo teria se estendido para o sul da África, 
lndia (aproximadamente no ano 1500 a.C.) e sul asiático, alcançando a 
China e Tailândia no século III d.C. Entretanto, o sorgo já havia sido 
observado na Coréia e nas provmcias chinesas adjacentes, 
introduzidas pelas chamadas "rotas da seda", que seguiam da Ásia 
Menor em direção ao Extremo Oriente (SANTOS et ai., 2005). No 
ano de 700 a.e., o cereal havia se propagado da Índia para os países 
mediterrâneos, notadamente para a Itália. 
Nas Américas, o processo de disseminação do sorgo é bem 
mais recente. As primeiras introduções oc01Teram no Caribe, trazidos 
por escravos africanos. Posteriormente, o sorgo foi introduzido nos 
Estados Unidos em meados do século XIX, por meio de sementes 
trazidas nos navios negreiros por ocasião do tráfico de escravos. 
Após longo período de adaptação, várias experiências e 
trabalhos de melhoramento foram realizados, visando atender às novas 
modalidades de utilização e métodos culturais diferentes. Foi nos 
Estados Unidos, por meio dos trabalhos de melhoramento com os 
cultivares antigos, que se chegou aos diferentes tipos de sorgo hoje 
cultivados (VON PINHO, 2007). 
No Brasil, a sua introdução também é atribuída aos escravos, 
onde a cultura ficou conhecida como "milho-d'angola" (LIRA, 1981). 
Após um período de baixa utilização, a reintrodução desta cultura é 
relativamente recente e ocorreu inicialmente no Estado do Rio Grandedo Sul, nas estações experimentais da Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul. 
No nordeste brasileiro, os estados que mais têm se sobressaído 
com a exploração do sorgo são Rio Grande do Norte, Ceará, 
Maranhão, Bahia e Pernambuco. 
Atualmente, o sorgo vem sendo cultivado com sucesso nas 
mais variadas regiões do Brasil, principalmente nos plantios ele safra, 
em sucessão ao cultivo principal de verão. 
Botânica 
39 
Classificação T axonômica 
O sorgo é uma espécie monoica, autógama, com taxa de 
alooamia entre 2 e 10%. Pertencente à ordem Poales, farru1ia 
b , ., . 
Poaceae, subfamília Panicoidae, gênero Sorghum e a espec1e 
Sorghum bicolor L. Moench. 
Em 1753, Linneu descreveu três espécies de sorgo cultivado: 
Holcus sorghum, Holcus saccaratuse e Holcus bicolor. Esta 
classificação perdurou 40 anos, quando, em 1794, Moench separou o 
gênero Sorghum do gênero Holcus. Em 1961, Clayton considerou 
Sorghum bicolor (L.) Moench como o nome específico e correto para 
designar os sorgos cultivados. Atualmente, esta nomenclatura é a mais 
utilizada (PAUL, 1990). 
Posteriormente, outras classificações foram apresentadas. Por 
exemplo, Harlan e de Wet (1972) dividiram o sorgo cultivado em 
cinco raças básicas: caudatum, guinea, bicolor, ka.fir e durra e 1 O 
raças hfbridas. Esta classificação foi de grande importância, pois 
permitiu que se obtivessem resultados satisfatórios na identificação 
dos sorgos, utilizando poucas características como a forma do grão e 
das glumas e panícula. 
A raça caudatum é cultivada na Nigé1ia, Sudão, Uganda e 
Chad e apresenta as características: panícula grande, robusta e 
compacta. Os grãos são quase pontiagudos na parte basal, biilhantes e 
de boa qualidade, assimétricos, aplanados ou côncavos. As glumas são 
pequenas e curtas, cobrindo de 25 a 50% do grão (Figura 2.1 ). 
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1 Gl unia, 
Figura 2.1 - Panícula, espiguetas, glumas, seção transversal (ST) e 
seção longitudinal (SL) do grão da raça caudarum. 
Fontl:: Adaptadu de MANN e1 ai. , l 9XJ . 
40 Vo11 Pí11ho, Fíoríní e Santos 
A raça guinea encontra-se amplamente distribuída pelo 
mundo. As panículas são grandes e soltas, as glumas são largas, 
cobrindo 50% do grão; e os grãos apresentam tamanho médio, são 
duros e vítreos, com aspecto arredondado/oval ou aplanado. Na fase 
de maturação, o grão inclina-se cerca de 90º em relação às glumas 
(Figura 2.2). 
Glumas 
Figura 2.2 - Panícula, espiguetas, glumas, seção transversal (ST) e 
seção longitudinal (SL) do grão da raça guinea. 
Fonte: Adaptado de MANN et ai., 1983. 
A raça bicolor é a mais primitiva das cinco 1~aças básicas, 
pertencente aos sorgos silvestres S. arundinaceum. E geralmente 
menos produtiva, sendo cultivada como forragem, por possuir colmo 
doce, e encontra-se distribuída na Áf1ica. Apresenta panícula estreita e 
compacta, espiguetas persistentes, glumas largas e bem aj ustadas e 
cobrem completamente os grãos; porém, em alguns casos, essa 
cobertura pode ser parcial. Os grãos possuem tamanho grande, 
redondo, algumas vezes oval, quase simétrico dorso-ventralmente 
(Figura 2.3). 
41 
Botânica 
o . . . {" . 
Glumas 
Figura 2.3 - Panícula, espiguetas, glumas, seção transversal (ST) e 
seção longitudinal (SL) do grão da raça bicolor. 
Fonte: Adaptado de MANN et ai., 1983. 
A raça kafir é originá.tia da África do Sul e é amplamente 
cultivada na África, principalmente ao sul da linha do Equador. Possui 
hastes grossas, suculentas e folhas grandes. As panículas são grandes, 
semicompactas e cilíndricas. As glumas são curtas, cobrindo 50% do 
grão. Os grãos são de tamanho médio, fonna cilíndrica, aplanada ou 
biconvexa, quase redonda, de coloração branca, rosa ou vem1elha 
(Figura 2.4 ). 
Glumas 
Figura 2.4 - Panícula, espiguetas, glumas, seção transversal (ST) e 
seção longitudinal (SL) do grão da raça Kafir. 
Fonte: Adaptadn ele MANN et ai., 1983. 
42 Von Pinho, Fiorini e Santos 
A raça durra é originária de áreas mediterrâneas. Apresenta 
hastes secas, panículas compactas, de formato oval, voltadas para base 
em ângulo de 180º, devido à curvatura do pedúnculo. As glumas são 
largas, exibindo nas pontas textura diferente da que se observa na 
base. Os grãos são aplanados, redondos ou ovoides, com coloração 
maITom ou avermelhados, de tamanho médio a pequeno. Essa raça é 
frequente em teITas altas da Etiópia, Índia, Vale do Nilo e Sudão e é 
considerada tolerante à seca (Figura 2.5). 
Glumas 
Figura 2.5 - Panícula, espiguetas, glumas, seção transversal (ST) e 
seção longitudinal (SL) do grão da raça e/urra. 
Fonte: Adaptado de MANN et ai. , 1983. 
Tradicionalmente, alguns pesquisadores (BENNETT et al ., 
1990; DOGGETT, 1988) classificam o sorgo de acordo com o seu 
uso: 
• Sorgo para grão (kaollings, Durra, Shallu, Guineens, Kafir, 
Hegari, Feteritas, Mi/o). 
• Sorgos doces. 
• Sorgos forrageiros. 
• Sorgos para vassoura. 
• Sorgos para propósitos especiais, como produção de biomassa etc. 
Botânica 43 
Podem, ainda, ser classificados quanto às características 
agronômicas: 
• Granífero (pmte baixo, adaptado para colheita mecânica). 
• Forrageiro (porte alto, utilizado na produção de silagem). 
• Sacarina (produção de açúcar e etanol). 
• Corte e pastejo (pastejo extensivo). 
• Vassouras (panículas). 
Morfologia da Planta de Sorgo 
O sorgo é uma planta de clima tropical, de dias curtos, 
pertencente ao grupo das gramíneas (C4). A temperatura ótima para o 
seu desenvolvimento oscila entre 16 e 38ºC. É cultivado 
principalmente em locais de precipitação anual entre 375 e 625 mm 
(RIBAS, 2009). 
Devido as suas características xerofíticas e ao eficiente 
mecanismo mmfológico, a planta de sorgo tem a habilidade de se 
manter dormente durante o período de seca, retomando seu 
crescimento imediatamente após o restabelecimento das condições 
favoráveis (LANDAU; SANS, 2009). 
Na Figura 2.6, é mostrada a estrutura de uma planta de sorgo 
completa. 
44 Von Pinho, Fiorini e Santos 
Panícula 
Folha bandeira 
Pedúnculo 
Bainha 
Colmo Perfilho 
Gema basal 
~ ~ ~ ~~---
~:~~~~í:.:-~ 'Ji'{-~ 
Figura 2.6 - Planta de sorgo completa. 
Fonte: Adaptado de PAUL, 1990. 
Raízes 
A radícula é responsável pelo estabelecimento inicial da 
plântula. Posteriormente, desenvolvem-se as raízes primárias ou 
seminais - sendo pouco ramificadas - , responsáveis pela absorção de 
nutrientes e água até o estabelecimento do sistema radicular definitivo 
da planta (raízes secundárias). 
As raízes secundárias ou adventícias, formadas no primeiro nó 
acima do solo, são compostas por elevado número de raízes com 
grande quantidade ele pelos absorventes. A profundidade de 
enraizamento pode chegar a 1,30 m, com 80% das raízes disttibuídas 
nos primeiros 30 cm ele prorundiclade. A presença de sílica na 
Botânica 45 
endoderme, a lignificação do ~ericicJo" e. o vo!~~e ~e. pelos 
absorventes permitem ao sorgo maior toleranc~a ~o def1~1t hidnco. ~s 
raízes de sustentação podem crescer nos primord10s rad1culares e sao 
limitadas na absorção de água e nutrientes (Figura 2.7). 
Coleóptilo 
Figura 2.7 - Sistema radicular da planta de sorgo. 
Fonte: Adaptado de PAUL, 1990. 
Colmo 
O caule é do tipo colmo, dividido em nós, que, dependendo do 
sorgo, podem variar entre 7 e 24. A altura é determinada pela 
quantidade de nós que apresentam o colmo e pelo tamanho dos 
entrenós (porção entre dois nós subsequentes). Nos tipos comerciais. a 
altura da planta varia de l,20 m (granífero) até 4,0 m (sacarina). 
O diâmetro do colmo varia de 5 a 30 mm na , ua base, 
apresentando diminuição no diâmetro à medida que se aproxima do 
ponto mais alto da planta. 
46 Von Pinho, Fiorini e Santos 
Os colmos são cheios, de dureza mediana e o tipo sacarino 
ten1 caldo adocicado. Normalmente, a planta de sorgo possui apenasum colmo~ porém, devido ao tipo, ao manejo e às condições 
ambientais, pode ocorrer perfilhamento. Além disso, qualquer dano ao 
colmo pode causar quebra de dominância apical, com consequente 
brotamento da gema, que se encontra no anel de crescimento, acima 
de cada nó do colmo (Figura 2.8). 
. 
' • • 1. 
1, 
l 
Nó 
1 • 1 
, .. · 1 r, 
!l·l; f 1,,.,1 
Gema 
Anel de 
crescimento 
Primórdios 
radiculares 
Figura 2.8 - Estruturas do colmo da planta de sorgo. 
Fonte: Adaptado de PAUL, 1990. 
Folhas 
No sorgo. o número de folhas varia de 7 a 24. É a partir de 
cada nó que emergem as folhas. eretas quando novas, tendendo para a 
horizontalidade ao amadurecerem. Quando maduras, atingem até 
Botânica 47 
1,30 m com 0,15 m de largura. As folhas são alternas, lisas e 
lanceoladas, com bordos serrilhados e uma camada de cerosidade. Os 
fatores que determinam o seu tamanho e número são influenciados 
pelo cultivar, temperatura e fotoperíodo. 
A folha divide-se em bainha e limbo ou lâmina foliar. Na 
parte terminal da bainha e inserção do Umbo foliar encontram-se, em 
cada extremidade, duas estruturas plumosas chamadas de aurículas, 
que têm a função de permitir mobilidade lateral às folhas. Uma 
segunda estrutura é a lígula, que se encontra na base do limbo e o 
pressiona de encontro ao colmo. Tem a função de impedir a entrada de 
agentes externos e evitar o excesso de evapotranspiração. A última 
folha é chamada de folha bandeira e sua bainh . .,rotege a 
inflorescência que está emergindo (Figura 2.9). 
a) Porção do colmo, lâmina e bainha b) Porção da lâmina e bainha (vista interior) 
Colmo 
Aurícula 
Papada 
Lígula 
Bainha 
Folha IRll'&.:.&.r'.-.f--:+- Lâmina 
. . 
Nervura central 
Aurícula 
Lígula 
LJ-;.-----..:.;::~~ Nervura 
e) Porção da lâmina e bainha (vista lateral) 
.,,~~··" 
'· 
Lâmina 
-==:..,.,.;=o,....-__ Lígtua 
Lóbulo 
Figura 2.9 - Estruturas ela folha ela planta de sorgo. 
Fonte: Adaptado dê PAUL. 1990. 
48 Von Pinho, Fiorini e Santos 
1 nflorescência 
A inflorescência do sorgo é do tipo panícula, com um eixo 
central ou ráquis, de onde partem eixos secundários. A ráquis pode ser 
con1prida ou curta, grossa ou fina, estriada, acanalada, peluda ou glaba 
e com vários eixos que partem de cada nó (Figura 2.10). 
e) Racimo 
a) Panícula b) Raquis com espigas Arista 
e espiquetas 
d) Espiqueta 
Figura 2.10 - Estruturas das inflorescências da planta de sorgo. 
Fonte: Adaptado de PAUL, 1990. 
Segundo o ângulo de inserção dos eixos secundátios na ráquis 
principal, as panículas podem ser assim classificadas: 
- Decumbentes. 
- Muito abertas e eretas. 
- Abertas e decumbentes. 
- Abertas e eretas. 
- Semiaberta e ereta. 
- Semiaberta e decumbente. 
Botânica 
_ Semiaberta e elíptica. 
- Compacta e elíptica. 
- Compacta e redonda. 
- Média escora. 
- Escorada (Figura 2.11). 
Muito 
aberta 
Muito 
aberta e 
ereta 
Aberta e 
decumbente 
Semiereta e 
Aberta e 
ereta 
Semiaberta e 
elíptica elíptica Compacta e 
redonda 
Semiaberta e 
decumbente 
Figura 2.11. Diferentes formatos das panículas da planta de sorgo. 
Fonte: Adaptado de HOUSE, 1982. 
49 
Nos eixos, as espiguetas encontram-se aos pares, un1a séssil e 
outra pedicelada. O número de espiguetas pode variar de 1.500 a 
7 .000, dependendo do cultivar. As espiguetas pedicelada consistem 
de duas glumas, onde estão inseridas duas flores, uma superior e 
masculina com um conjunto lema e púlea contei1do três estames, e a 
inferior estéril, representada por uma única gluma. A espigueta séssil 
possui duas flores: uma estéril e outra fértil. A flor fértil tem duas 
glumas: inferior e superior; uma lenrn estéril; um conjunto lema e 
pálea; duas lodículas; e três estames e um pistilo. que é constituído por 
ovário, estilo e estigma (Figura 2. 12). 
50 Von Pinho, Fiorini e Santos 
a) Espigueta pedicelada com suas duas flores: uma macho e a outra estéril 
Gluma inferior 
Lema fértil 
\ Lema de flor 
estéril inferior 
. __ Oluma superior 
Lodfculo 
Gluma supen· or .,,,,,,., 
- · Pálea 
VISTA LATERAL SEÇÃO TRANSVERSAL 
a) Espigueta séssil com suas flores: urna iemea e outra estéril 
Lema de flor 
estéril inferior 
tigma Í Gluma 
' / superior 
1 
Pálea 
; '/ 
/ 
/ 
Ovário Lodfculo 
VISTA LATERAL 
Gluma superior 
Lema estéril 
Pálea 
SEÇÃO TRANSVERSAL 
Figura 2.12 - Estruturas das espiguetas pediceladas e sésseis da planta 
de sorgo. 
Fonte: Adaptado de HOUSE, 1982. 
Fruto 
O fruto do sorgo é do tipo cariopse ou grão seco. A camada 
ligeiramente inferior ao pericarpo é chamada de testa e, nos diferentes 
cultivares de sorgo, apresenta teores variáveis de tanino, substância 
adstringente que confere ao grão resistência ao ataque de pássaros: 
porém, prejudica a digestibilidade dos grãos. Existe grande variação 
nos teores de tanino entre os cultivares, inclusive aqueles sem tanino. 
O grão é constituído principalmente de amido (65%) e seu teor 
de açúcar é formado principalmente de sacarose. A quantidade de 
proteína varia de acordo com o cultivar, podendo atingir até 18% em 
alguns deles. 
801â11ica 
Crescimento e Desenvolvimento da 
Planta de Sorgo 
51 
Basicamente, o ciclo do sorgo pode ser dividido em três fases: 
vegetativa, reprodutiva e período de maturação do grão. A etapa de 
crescimento l (EC 1) caracteriza-se pela germinação, aparecimento da 
plântula, crescimento das folhas e estabelecimento do sistema 
radicular fasciculado. A etapa de crescimento 2 (EC 2) inicia-se 
quando o meristema apical se diferencia em um meristema floral e vai 
até a antese. A etapa de crescimento 3 (EC 3) caracteriza-se pela 
maturação dos grãos e senescência das folhas. 
Na Figura 2.13, observam-se os estádios de desenvolvimento 
da planta de sorgo. 
----EC2-----
-------ECI------
I O l l 13 
---EC3---
50 51 52 60 
Figura 2.13 - Etapas de crescimento l (EC 1), 2 (EC 2) e 3 (EC 3) J a 
planta de sorgo em função do número de dias após a 
semeadura. 
Fonte: Adaptado de PAUL. 1990. 
52 Von Pinho, Fiorini e Santos 
Etapa de crescimento l (EC l) 
Da semeadura até o quarto dia, aproximadamente, observa-se 
a embebição da semente. Quando esta encontra meio úmido, inicia-se 
rápida absorção de água (através do hilo) pela semente e grande 
aumento na sua atividade metabólica, com crescimento em extensão e 
aumento da divisão celular. Grande quantidade de giberelina é 
secretada na região do escutelo, difundindo-se para a camada de 
aleurona que circunda o endosperma, estimulando a síntese e liberação 
de enzimas hldrolíticas, particularmente a a-amilase e proteases, que 
induzem a produção de açúcares, que logo são transferidos através do 
escutelo. O volume da semente aumenta de 30 a 40% durante as 
primeiras 24 a 30 horas desta fase. Pode ocorrer atraso nessa etapa, 
principalmente se a umidade da semente estiver abaixo de 10%. 
Entre o quinto e nono dias após a semeadura o tegumento é 
rompido, liberando a radícula e o coleóptilo. A raiz primária começa a 
se desenvolver, emitindo raízes laterais. O coleóptilo emerge na 
superfície do solo três a quatro dias após o início da embebição, 
portanto, podendo haver atraso de 10 dias ou mais se a temperatura 
estiver abaixo de 20 ºC. É impulsionado para cima pela elongação do 
mesocótilo, quando ocorre a emergência da primeira folha. No 
embrião existem cinco a sete folhas seminais. 
Após l O dias à semeadura, surge a primeira folha, o que 
resulta na supressão do crescimento do mesocótilo, estimulando a 
formação de clorofila. Com o crescimento da plântula, as folhas vão 
se abrindo. O sistema radicular produzido do desenvolvimento da 
radícula supre a plântula com água nas primeiras semanas após a 
germinação. No momento em que o mesocótilo para de crescer, 
forma-se um nó na base do coleóptilo abaixo do nível do solo. Dentro 
de sete a l O dias após a emergência, inicia-se, nesse nó formado, o 
desenvolvimento das raízes adventícias ou secundárias. Esse rápido 
desenvolvimento permite a formação de aproximadamente uma raizpor dia, atingindo em média 15 a 20 raízes por planta, dependendo da 
intensidade de perfilhamento. Os perfilhas desenvolvem-se a partir de 
gemas adventícias no nó basal, posterior ao desenvolvimento das 
raízes secundárias. 
53 
801â11ico 
Após l l dias da emergência, as folhas origi_nam-se d_e uma 
série de primórdios dispostos ao lado do meristema ap1cal. Ao fmal de 
29 dias depois da emergência, aproximadarr:iente, a p!anta enco~tra-se 
com sete a oito folhas totalmente expandidas; porem, o menstema 
apical permanece abaixo da superfície do solo até 20 a 25 dias após a 
germinação. 
Até 30 dias, há incremento na taxa de absorção de NPK. 
Nessa fase, problemas causados pela competição por luz, ~gua e 
nutrientes e patógenos são responsáveis pelo menor rendimento 
produtivo, devido à redução do número de espiguetas viáveis 
(primórdios florais) que serão produzidas na próxima etapa de 
crescimento. O período de duração da etapa EC 1 varia de acordo com 
fatores genéticos e ambientais. 
Etapa de Crescimento 2 (EC 2) 
Aproximadamente 30 dias após o início da embebição, ocorre 
a diferenciação da gema apical em um primórdio floral. Nessa fase , a 
planta já se encontra entre 30 e 40 cm. O aparecimento do primórdio 
floral indica o final do crescimento vegetativo em razão da atividade 
meristemática. A partir de então, inicia-se o período de grande 
crescimento, tanto no número quanto no tainanho das células, sendo 
este período compreendido entre 30 e 59 dias após a embebição da 
semente. 
Nessa fase, a matéria seca acumula-se a uma taxa quase 
constante até a maturação. No sorgo, não há expressivo alongainento 
do colmo até a diferenciação floral Assim, de 4 a 5 entrenós 
superiores crescem extensivamente durante EC 2. Também ne ta fase 
ocorre grande crescimento do sistema radicular. 
A partir elo início do EC 2, as folhas se desenvolvem mais 
rapidamente, pois à medida que os entrenós se alongam e as lânünas 
foliares se expandem, os fatores an1bientais e o nível de nitrogênio do 
solo influenciam as taxas ele divisão e alongamento, acelerando o 
ritmo de crescimento e a capacidade da superfície fotossintética. Entre 
35 e 40 dias após ela germinação, 80% ela área foliar já se desenvolveu 
e a interceptação ele luz é máxima, com 40% do potássio jú ab orvido. 
54 Von Pinho, Fiorini e Santos 
Até os 50 dias da germinação, todas as folhas já se 
desenvolveram, e a planta inicia o emborrachamento (6 a 10 dias antes 
da floração). Nessa fase, o meristema floral já se apresenta como 
panícula completa e, assim, está determinado o seu tamanho potencial. 
Isto é, o alongamento dos entrenós do colmo atingiu seu máximo. 
Nessa etapa, o sistema radicular está totalmente desenvolvido e a 
planta atinge 60 a 70% do seu peso seco total. 
A EC 2 finaliza-se quando ocorre cerca de 50% de 
florescimento, variando entre 50 e 70 dias aproximadamente. 
Qualquer estresse durante a EC 2 pode ocasionar efeitos marcantes 
sobre o rendimento, pela redução no tamanho da planta, especialmente 
da área foliar e do número de sementes por panícula. 
Posteriormente, a planta atinge os 60 dias após a germinação, 
caracterizada pela ocorrência da antese. Nessa etapa, a absorção de 
nutrientes é de 70, 60 e 80% de N, P e K, respectivamente. O peso das 
folhas é máximo, enquanto o colmo alcança seu máximo peso 
aproximadamente cinco dias após. 
O florescimento do sorgo geralmente começa com a 
deiscência das anteras, quando o pedúnculo já terminou sua 
elongação. A primeira flor que se abre é a terminal. O florescimento 
continua de cima para baixo na panícula, de maneira bastante regular 
e, em geral, as flores de um mesmo plano h01izontal na panícula se 
abrem ao mesmo tempo. As espiguetas pediceladas (masculinas) 
florescem dois a quatro dias após o florescimento das espiguetas 
sésseis (hermafroditas) no mesmo ramo. Uma panícula pode produzir 
até 6.107 grãos de pólen, os quais são viáveis por três a seis horas. Os 
estigmas permanecem receptivos por até dois dias antes da floração e 
até oito dias após, caso não ocorra fertilização.O florescimento ocorre 
durante seis a nove dias, podendo estender-se até 15 dias. 
Vale ressaltar que, em alguns casos, pode ocorrer no sorgo o 
processo de clei stogamia. 
Etapa de crescimento 3 (EC3) 
Inicia-se a partir ele 61 dias após a germinação e caracteriza-se 
pelo processo de polinização e fertilização. 
Botânica 55 
A polinização pode ocorrer a partir de estames da mesma flor, 
de estames da mesma inflorescência ou de estames de inflorescências 
de outras plantas. Os estigmas expostos antes da deiscência das 
anteras estão propensos a ser polinizados por inflorescência de outra 
planta. O cruzamento é mais pronunciado na parte superior da 
panícula onde as espiguetas estão mais expostas. Quando um grão de 
pólen cai sobre um estigma receptivo, ele germina e a fecundação 
ocon-e cerca de duas horas depois. As plantas macho-estéreis não 
produzem anteras ou os grãos de pólen são inviáveis. 
Durante esse período, a planta atinge sua maturação 
fisiológica. O rendimento final de grãos depende da duração deste 
período e da taxa de acumulação de matéria seca no grão em 
desenvolvimento. O grão atinge seu volume máximo entre 12 e 20 
dias após a polinização. Posteriormente, o seu desenvolvimento 
principal é manifestado pelo incremento no tamanho do embrião e 
deposição do amido no endosperma. O primórdio foliar f,')rma-se aos 
nove dias após a fertilização e, entre três e seis dié',s . dá-se a 
diferenciação das folhas embrionárias sucessivas até um total de cinco 
a sete folhas. A iniciação das folhas termina 25 dias após a 
polinização. A radícula surge cerca de seis dias após a polinização e. 
aos 25 dias, alcança tamanho máximo. O grão atinge a maturação 
morfológica cerca de 14 dias antes de sua maturação fisiológica. 
A taxa de acúmulo de matéria seca nos grãos é 
aproximadamente linear durante toda a maturação, exceto logo após a 
fertilização (6 a 22 horas) e 14 dias antes da maturação fisiológica. 
Neste período, o grão permanece num estado senulíquido, sendo este 
o primeiro período da maturação do grão, conhecido como grão 
leitoso. 
Cerca de 70 a 80 dias após a gernunação, o grão encontra-se 
na etapa de massa suave; porém, só cerca de 10% da matéria seca foi 
acumulado. Começa, então, a fase de grão pastoso (20 dias), quando o 
acúmulo de matéria seca é muito rápido. Os genótipos com n1aior 
período de massa suave geralmente são mais produtivos. Até o final 
desta fase os grãos atingem cerca de 40% de seu peso máximo. Entre 
80 e 85 dias após a emergência (etapa de massa dura), já foi 
acumulado aproximadamente 75% do peso final do grão e a absorção 
de nutrientes está completa. 
56 Von Pinho, Fiorini e Santos 
Aproximadamente 90 dias após a germinação, a planta 
alcança a maturidade fisiológica (peso de matéria seca máximo) e o 
grão tem aproximadamente 30% de umidade. A maturação fisiológica 
manifesta-se com o aparecimento de uma camada negra na região do 
hilo, devido ao acúmulo de pectina nas células do floema, que obstrui 
os vasos condutores, cessando o movimento de produtos assimilados 
para o grão. 
O período que vai da antese até a maturidade fisiológica varia 
entre 31 e 56 dias, havendo correlação positiva entre o rendimento e a 
duração deste período. 
O grão alcança 15% de umidade (ponto de colheita) entre 20 e 
25 dias após atingir a maturação fisiológica, ou seJa, 
aproximadamente 120 dias após a semeadura. 
Os tipos de sorgo sensíveis ao fotoperíodo atingem a 
maturação fisiológica em 135 a 180 dias e chegam ao ponto de 
colheita entre 140 e 210 dias após a semeadura. 
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Botâ11ica 57 
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UFLA, 2007. 31 p. (Textos Acadêmicos). 
3 
EXIGÊNGIAS 
EDAFOCLIMÁTICAS E 
FISIOLOGIA DA PRODUÇÃO 
Paulo César Magalhães1, Thiago Corrêa de Souza 2, André May', 
Oscar Fontão de Lima Filho3• Flávia Cristina dos Santos', 
José Aloisio Alves Moreira', Carlos Eduardo do Prado Leite1, 
Carlos Juliano Brant Albuquerque4 e Rogério Soares de Freitas5 
Fisiologia da Produção, ·r emperaturas e 
Fotoperíodo no Desempenho do Sorgo 
Altura da Planta e Desenvolvimento Inicial das 
Folhas 
A planta de sorgo adapta-se a uma ampla variação de 
ambientes e produz sob condições desfavoráveis à maioria dos outros 
cereajs. Por causa da sua resistência à seca, é considerado um cultivo 
1 Engenheiros-Agrônomos, D.S. e Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo. E-mails: 
paulo.magalhacs@embrapa.br; andre.may@embrnpa.br; tla via.santos@emhrapa.br: 
jose.aloisio@embrapa.br; curlos.prado@cmbrapa.br 
2 Oiôlogo, D.S. Professor da UNIFAL. E-mail: thiagonepre @hotmail.com 
1 Engenheiro-Agrônomo, D.S. e Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste. E-mail: 
oscar.fontao@cmbrapa.br 
~ Engenheiro-Agrônomo, D.S. e Pesquisadnr da Empresa lk Pesquisa Agropecuária dê finas 
Gerais - EPAMIG. E-mai l: carlosjuliano@cpa111ig.hr 
j Engenheiro-Agrônomo, D.S. e Pesquisador da Agência Paulista dê Tecnologia Jos 
Agroncgócio~ - Apta. E-mail: f"rl:itas@apla.sp.gov.br 
Exigências edafoclimáticas e fisiologia da produçc7o 59 
mais apto para as regiões áridas com chuvas escassas (T ABOSA et al., 
2002; MONTEIRO et al., 2004). 
A altura da planta é importante para sua classificação. Pode 
variar de 40 cm a 4 m. A altura do caule até o extremo da panícula 
muda de acordo com o número e a distância dos entrenós e também 
conforme o pedúnculo e a panícula. A quantidade de nós está 
determinada pelos genes da maturação e por sua reação ao fotoperíodo 
e à temperatura. A distância dos entrenós varia segundo as 
combinações de quatro ou mais fatores genéticos e o ambiente. No 
entanto, a distância do pedúnculo e a da panícula com frequência são 
independentes. 
A altura da planta, portanto, é controlada por quatro pares de 
genes principais (dwl, dw2, dw3 e dw4), os quais atuam de maneira 
independente e aditiva sem afetar o número de folhas e a duração do 
período de crescimento (ARNON, 1972). As plantas com os genes 
recessivos nos quatro Zoei resultam em porte mais baixo (60-80 cm), 
caracterizadas pelo nanismo e são chamadas anãs-4; enquanto aquelas 
com genes recessivos em três loci e dominante no outro locus são 
denominadas anãs-3. Cultivares graníferos normalmente são anãs-3 e 
cultivares forrageiras são anãs-2 ou anãs-1, com genes recessivos em 
dois ou um loci, respectivamente. Inibidores de giberelinas em sorgo 
também têm sido utilizados para diminuir o tamanho das plantas e, 
assim, aumentar a estabilidade do rendimento de grãos, 
principalmente em situações de seca (LI et al., 2011; MA Y et al .. 
2013). A taxa de produção de matéria seca no sorgo é fortemente 
afetada pela área foliar no primeiro estádio de crescimento ( do plantio 
à iniciação da panícula, (KRIEG, 1983). A área foliar final é 
determinada pelas taxas de produção e duração da expansão, pelo 
número de folhas produzidas e pela taxa de senescência, os quais são 
fatores bastante afetados pelo ambiente (PEACOCK; WILSON, 
1984). 
A temperatura, o déficit de água e as deficiências de nuttientes 
afetam as taxas de expansão das folhas, altura ela planta e duração da 
área foliar, sobretudo nos genótipos sensíveis ao fotoperíodo. Esses 
efeitos podem ser modificados por mudanças na duração do dia 
(DALE, 1982). A insuficiência de água é uma das causas mais 
comuns de redução de área foliar nos cereais e está relacionada com a 
expansão elas células (KRIEG, 1983; ROYO et ai., 2004; ARAUS et 
60 Magalhães, Souza, May, Lima Filho, Santos, Moreira, Leite, Albuquerque e Freitas 
al. , 2008). A temperatura noturna baixa geralmente atrasa o 
desenvolvimento dos estádios EC 2 e EC 3. 
Existem diferenças consideráveis das taxas diurnas de 
crescimento das folhas de sorgo, provavelmente como reflexo das 
diferenças ambientais. Têm sido observadas taxas de expansão foliar 
de aproximadamente 60 cm2/planta/dia, o que se traduz em taxa de 
crescimento relativo de 70% por dia (KRIEG, 1983). As folhas mais 
velhas mostram taxas de fotossíntese e de crescimento mais baixas, 
em razão de mudanças causadas pela senescência (DALE, 1982). 
A quantidade e qualidade de luz também são importantes para 
a expansão foliar. Folhas que crescem em altas intensidades de luz 
têm frequentemente maior número de células que aquelas que 
desenvolvem em intensidades de luz mais baixas. 
O estádio de três folhas completamente desenvolvidas é 
caracterizado pelo ponto de crescimento ainda abaixo da superfície do 
solo. Enquanto a taxa de crescimento da planta depende grandemente 
da temperatura, esse estádio usualmente ocorrerá cerca de 10 dias 
após a emergência. Da mesma maneira que no nulho, como o ponto de 
crescimento ainda está abaixo da superfície do solo, caso aconteça 
algum problema com a parte aérea, por exemplo chuva de granizo ou 
alguma outra intempérie da natureza, isto não matará a planta. O 
sorgo, no entanto, não se recupera tão vigorosamente como o nulho. 
No estádio de cinco folhas, aproximadamente três semanas após a 
emergência, o ponto de crescimento ainda está abaixo da superfície do 
solo. A perda das folhas igualmente não matará a planta. O 
crescimento nesse caso será mais vigoroso que no estádio anterior; 
porém, ainda menos vigoroso que o milho. Nos estádios iniciais da 
planta de sorgo, ela entra no chamado período de crescimento rápido, 
acumulando matéria a taxas aproximadamente constantes até a 
maturação , desde que as condições sejam satisfató1ias. 
Com cerca ele 30 dias após a e mergência ocorre a 
diferenciação da gema apical (alteração de vegetativo, " produtor de 
folhas", para reprodutivo, "produtor de panícula"). O número total ele 
folhas nesse estádio já foi dete rminado, e o tamanho potencial da 
panícula será breve mente estabelec ido. Cerca de 1/3 da área total 
foli ar está totalme nte desenvolvida. Neste estádio, a planta encontra-se 
com 7 a 10 fo lhas, dependendo do seu c iclo, que l a 3 folhas baixeiras 
Exigências edc{/ocli111áticas e fisiologia da produção 61 
já perdidas. O crescimento do colmo aumenta rapidamente, 
acompanhado da ligeira absorção de nutrientes. O te~po 
compreendido entre o plantio até a diferenciação da gema a~1cal 
geralmente é cerca de 1/3 do tempo compreendido entre plantio e 
maturidade fisiológica. 
Perfilhamento 
O petfilhamento no sorgo forrageiro é uma característica 
considerada vantajosa, ao passo que para o sorgo granífero

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