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Práticas Inclusivas em Educação Física W B A 0 2 2 1_ v1 .2 2/217 Práticas Inclusivas em Educação Física Autoria: Aline Miranda Strapasson Como citar este documento: STRAPASSON, Aline Miranda. Práticas Inclusivas em Educação Física. Vali- nhos: 2017. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Conceitos, definições e causas das deficiências 04 Unidade 2: História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência 31 Unidade 3: Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência 61 Unidade 4: A educação física adaptada e a atuação do professor junto aos alunos 89 Unidade 5: A aula de Educação Física para alunos com deficiência: avaliação 116 Unidade 6: O ensino colaborativo nas aulas de Educação Física inclusiva 143 Unidade 7: Práticas inclusivas 172 Unidade 8: O esporte adaptado como alternativa para inclusão de alunos com deficiência 194 2/201 3/217 Apresentação da Disciplina Durante séculos excluímos as pessoas com de- ficiência do nosso convívio e do ensino regular e, consequentemente, também das práticas da Educação Física na escola. Nunca antes re- fletimos tão avidamente sobre a inclusão des- sas pessoas. Hoje, elas cobram seu lugar na sociedade e na escola. Logo, estudar o tema deficiência é dar um passo consciente e res- ponsável em direção a uma educação de qua- lidade e adequada às diferenças, o que é um direito de todos. Todo o conteúdo abordado aqui será contex- tualizado para o ambiente escolar formal (es- cola) e não formal (clubes, hospitais de reabi- litação, escolinhas de esporte, entre outros). Você, professor de Educação Física, irá conhe- cer sobre as diversas deficiências, entender sobre os processos históricos e socioculturais relacionados à evolução das políticas públicas de educação voltadas às pessoas com defici- ência e compreender a atuação profissional no trato educacional e social junto a essas pesso- as, abolindo medos e preconceitos pertinentes aos julgamentos pré-estabelecidos. Tornar-se um profissional que atua adequa- damente junto às pessoas com deficiência demanda conhecimento e, também, sensibili- dade e empatia. Ao longo do texto, trabalha- remos esses conceitos oferecendo-lhes um reolhar sobre as deficiências e o processo de ensino e aprendizagem na Educação Física. Convido-lhe a adentrar nessa área do conheci- mento e da prática inclusiva nas aulas de Edu- cação Física, que tanto carece de profissionais especializados e dedicados. 4/217 Unidade 1 Conceitos, definições e causas das deficiências Objetivos 1. Conhecer as causas, os conceitos e definições das deficiências. 2. Apresentar os diferentes tipos de deficiências. 3. Possibilitar a reflexão sobre atuação adequada junto às pessoas com deficiências. Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências5/217 Introdução Permita-me iniciar este texto explorando algumas situações que farão você refletir sobre esse tema tão importante e manifes- to nos dias atuais. Essas situações lhe au- xiliarão a combater um mal chamado pre- conceito, que está presente na maioria das pessoas que não conhece aquilo que julga e pré-determina: • Imagine-se acordando em um país do outro lado do mundo, sem entender uma só palavra falada pelos nativos. • Imagine-se acordando e percebendo que não consegue movimentar nem sentir o seu corpo da cintura para bai- xo. • Imagine-se perdendo a visão gradati- vamente até nada mais enxergar. • Imagine-se com dificuldades para en- tender sinais sonoros, pois perdeu a audição. Para saber mais A Lei Federal nº 7853 de 24 de outubro de 1989(BRASIL, 1989) define o preconceito contra deficientes como crime. Nesse sentido, nenhuma escola ou creche pode recusar, sem justa causa, o acesso do deficiente à instituição. A pena aos in- fratores é de quatro anos de prisão, além de mul- ta. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/L7853.htm>. Acesso em: 20 dez. 2016. Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências6/217 Espero que estas situações tenham fei- to com que reflita acerca desse universo – ainda permeado por preconceitos e discri- minações – e que esta reflexão a(o) torne curiosa(o) para estudar a deficiência, quem são as pessoas com deficiência e como po- demos atuar junto à elas. É importante saber que a deficiência é uma condição decorrente de desvio significati- vo ou perda nas funções e/ou estruturas do corpo (CIF, 2004). É uma condição associa- da à diversas causas que podem acometer o indivíduo em fases diferentes da vida, ou seja, uma pessoa pode nascer com algu- ma disfunção, adquiri-la na hora do nasci- mento ou ao longo de sua existência. Logo, pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento(s) de natureza física, intelec- tual, visual ou auditiva, o(s) qual(is), em in- teração com diversos outros obstáculos da vida cotidiana, pode(m) entravar sua parti- cipação plena e efetiva na sociedade (BRA- SIL, 2008). Conforme dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 46 mi- lhões de pessoas têm algum tipo de defici- ência, um percentual de 23,9% da popula- ção brasileira. Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências7/217 Face à este alto percentual detectado, a in- formação e a capacitação profissional são os melhores aliados dos profissionais e da sociedade contra o preconceito. 1. Conhecendo as causas das deficiências Conhecer as causas das deficiências é es- sencial para quebrar paradigmas pré-esta- belecidos, bem como para modificar costu- mes e tornar esta sociedade um ambiente mais justo e igualitário. Link Acesse a “Cartilha Do Censo 2010 – Pessoas com deficiência” (CARTILHA DO CENSO 2010, 2012), que oferece informações detalhadas sobre a co- leta do IBGE apresentada no Censo 2010. Dispo- nível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/ app/sites/default/files/publicacoes/cartilha- -censo-2010-pessoas-com-deficienciare- duzido.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2016. Para saber mais Cerca de 70% das deficiências podem ser evi- tadas com conhecimento, mudança de hábitos comportamentais e adotando medidas preventi- vas como prioridade para a saúde durante toda a vida (LIMA; PINTO; PEREIRA, 2011). Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências8/217 Atualmente, são conhecidas uma variedade de causas e fatores que levam uma pessoa a adquirir alguma deficiência e, também, que muitas dessas causas não levam em consideração o gênero, a etnia, a cultura e nem mesmo a classe social da pessoa. As deficiências podem surgir em qualquer fase da vida humana, desde sua concepção até a morte, sendo que os períodos de acome- timento podem ser divididos em: pré-natal (durante a gestação), perinatal (durante o nascimento) e pós-natal (após o nascimen- to). Entre as principais causas pré-natais en- contram-se: malformações congênitas; síndromes; infecções; uso abusivo de álco- ol, medicamentos e outras drogas; desnu- trição; prematuridade; violência doméstica; entre outras. Entre as causas perinatais mais frequentes encontram-se: anóxia (ausência de oxigê- nio) ou hipóxia (carência de oxigênio) du- rante o parto; hemorragia intracraniana ou algum tipo de trauma que resulte em lesão cerebral; entre outras. As principais causas da fase pós-natal são: prematuridade; desnutrição; acidentes; doenças degenerativas; infecções; trau- matismos cranianos; privação econômica, familiar e cultural; entre outras (DIAMENT; CYPEL, 2005; GORGATTI; COSTA, 2008). As causas são inúmeras, gerando um con- tingente de deficiências, tipos e graus de severidade diferentes, como veremos a se- guir. Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências9/217 2. Tipos de deficiência Elas podem ser temporárias ou permanen- tes, progressivas ou estáveis, intermiten- tes ou contínuas. Também podem ser leves, moderadas, graves ou variar de intensidade ao longo do tempo (CIF, 2004).Os principais tipos de deficiência abordados neste texto serão: intelectual, física, visual e auditiva. 2.1. O que é Deficiência Intelec- tual? É um termo utilizado para designar a con- dição na qual a pessoa apresenta limitações no funcionamento cognitivo e no desem- penho de tarefas, como as de comunicação, cuidado pessoal e de relacionamento social (ALVES et al., 2008). A deficiência intelec- tual implica três conceitos-chave: 1º -defi- ciência/dificuldade, referindo-se às limita- ções que colocam o indivíduo em desvan- tagem quando age e interage na sociedade; 2º - inteligência, que envolve a capacidade para pensar, planejar, resolver problemas, compreender e aprender; e 3º - habilidades adaptativas, que são as competências que aprendemos para viver o cotidiano (BELO et al., 2008). Atualmente, a classificação é baseada na funcionalidade das 10 áreas das habilida- des adaptativas: comunicação;cuidados pessoais (autocuidado e higiene); compe- tências domésticas (vida no lar); uso comu- nitário (desempenho na comunidade); ap- Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências10/217 tidões sociais (habilidade e papéis sociais); independência na locomoção (autonomia); saúde e segurança; recreação e lazer; tra- balho e habilidades acadêmicas funcionais (WINNICK, 2004). Define-se que uma pes- soa apresenta deficiência intelectual ao constatar comprometimento (dificuldade) em duas ou mais destas habilidades (DEÁ; BALDIN; DEÁ, 2008). Estes indivíduos, geralmente, necessitam de mais tempo para aprender a falar, a andar e a assimilar competências básicas para cui- dar de si, tal como vestir-se ou comer com autonomia (ALVES et al., 2008).Quanto mais elevado for o grau da deficiência intelectu- al, maior será o atraso no desenvolvimento como um todo (LOPES; SANTOS, 2002) e, mesmo assim, acredita-se que, caso a pes- soa com deficiência intelectual seja estimu- lada, ela será “ajudada a atravessar as eta- pas de desenvolvimento na ordem correta e desta forma chegar tão longe quanto possa, como um indivíduo” (HOLLE, 1979, p.17). 2.1.1. O que é Síndrome de Down? A Síndrome de Down (SD) é a mais co- mum e conhecida das síndromes relacio- nadas à alterações cromossômicas, na qual 95% das pessoas têm deficiência intelectu- al e 5% apresentam um desenvolvimento mais lento (DEÁ; BALDIN; DEÁ, 2009). Esta síndrome decorre de um erro genético (tris- somia 21) presente no momento da con- cepção ou imediatamente após e ocorre de Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências11/217 modo bastante regular na espécie humana, afetando um em cada 700 nascidos vivos (1/700) (SCHWARTZMAN, 1999). As principais características faciais da pes- soa com SD são: 1. Prega epicântica – pequenas dobras de pele localizadas no canto interno dos olhos. 2. Fissura palpebral oblíqua – torna os olhos inclinados para cima dando a aparência oriental do Down. 3. Orelhas pequenas com baixa implan- tação. 4. Língua hipotônica (baixo tônus mus- cular). 5. As mãos geralmente são menores, mais largas, com dedos mais grossos e apresentam prega palmar única. 6. O dedo mínimo tem duas falanges e pode curvar-se levemente para den- tro. 7. Os pés podem ser planos ou chatos e apresentar um espaço maior entre o primeiro (hálux) e segundo artelhos (SCHWARTZMAN, 1999; DEÁ; BALDIN; DEÁ, 2008). Não podemos esquecer que cada pessoa carrega consigo as características da fa- mília, portanto, cabe informar que existem pessoas com Síndrome de Down em todas as etnias espalhadas em todos os lugares do mundo. Outras características frequentes estão re- lacionadas à baixa resistência imunológi- Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências12/217 ca; malformação cardíaca e do intestino; problemas respiratórios, visuais, auditivos e odontológicos; deficiência na tireóide e obesidade (SCHWARTZMAN, 1999; DEÁ; BALDIN; DEÁ, 2008); hipotonia musculare frouxidão ligamentar (PUESCHEL, 1995). Embora qualquer articulação do corpo pos- sa apresentar frouxidão nos ligamentos, a instabilidade da articulação atlanto-axial (formada pela primeira e segunda vértebra cervical) é a que vem sendo reportada como a responsável pelas consequências mais preocupantes, em especial, entre os par- ticipantes de atividades físicas.Para evitar deslocamento dessa articulação e promo- ver segurança, Stratford (1997) recomenda cuidados com a prática do nado de peito, salto do trampolim e rolamento, tendo em Link Vale a pena ver e se encantar com o filme “Cole- gas” (Ano: 2012; País: Brasil; Idioma: Português; Direção: Marcelo Galvão), protagonizado por três atores com Síndrome de Down. Disponível em: <https://blogcolegasofilme.com>. Acesso em: 6 jan. 2017. vista que entre 15 a 20% das pessoas com essa síndrome apresentam instabilidade atlanto-axial. Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências13/217 2.2. O que é Deficiência Física? Deficiência física representa toda e qual- quer alteração no corpo humano, resultante de um problema ortopédico (problemas ori- ginados nos músculos, ossos e/ou articula- ções), neurológico (deterioração ou lesão do sistema nervoso) ou malformação, levando o indivíduo a uma limitação ou dificuldade no desenvolvimento de alguma tarefa mo- tora (MATTOS, 2008). Vários são os tipos e as causas de deficiência física, por exemplo: lesão medular, paralisia cerebral, poliomielite ou paralisia infantil, amputação, acidente vascular cerebral (co- nhecido como derrame), distrofia muscular, traumatismo craniano, entre outras. Caso tenha alunos com essas patologias, você deverá estudá-los com afinco e dedicação, pois cada uma delas apresenta diferentes subtipos e cada subtipo apresenta diferen- tes limitações. 2.3. O que é Deficiência Visual? Antes de mais nada, cabe destacar que os estímulos visuais correspondem a 80% de todos os estímulos externos (do ambien- te) percebidos por um ser humano e os de- mais sentidos representam os 20% restan- tes(PARKER, 1990; MOSQUERA, 2000). Você conseguiu se imaginar sem visão? A deficiência visual caracteriza-se por uma limitação sensorial que pode anular ou re- duzir a capacidade de ver (FREITAS; CIDADE, 1997), levando o indivíduo a uma limita- Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências14/217 ção em seu desempenho habitual (ALMEI- DA, 2008). A pessoa com deficiência visual é aquela que apresenta cegueira ou visão subnormal (visão reduzida) em ambos os olhos (TIBOLA, s.d). I. Cegueira: Representa a perda total ou resíduo mínimo da visão. O indivíduo cego, embora em alguns casos tenha mínima percepção de luz que possa ajudá-lo, não consegue utilizá-la em seus movimentos, em sua orientação e na aprendizagem, necessitando do sistema Braille como meio de leitu- ra e escrita, além de outros recursos didáticos para o processo de ensino- -aprendizagem; e II. Baixa visão ou visão subnormal: Re- presenta a existência de resíduo visu- al, que permite ao educando ler im- pressos a tinta, desde que paramen- tado de alguns recursos didáticos e/ ou equipamentos especiais. A pessoa com baixa visão possui dificuldade em desempenhar tarefas visuais, mesmo com prescrição de lentes corretivas, porém pode aprimorar sua capacida- de de realizar tais tarefas com a utili- zação de estratégias compensatórias e modificações ambientais, como por exemplo, a impressão de texto em fon- te maior do que a utilizada pelos de- mais (MUSTER; ALMEIDA, 2005; GOR- GATTI; TEIXEIRA; VANÍCOLA, 2008). Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências15/217 Enfatizamos que é de extrema importância um diagnóstico precoce e um trabalho cons- tante de estimulação, em caso de crianças e acompanhamento, em caso de adolescen- tes e adultos, a fim de minimizar ou manter os problemas adquiridos pela falta da visão. Para saber mais O sistema de leitura pelo tato foi inventado em 1829 pelo francês Louis Braille, cego por um fe- rimento aos trêsanos de idade e consiste em um padrão para as letras do alfabeto, com particu- laridades para cada língua. Combinações de até seis pontos em relevo representam letras, núme- ros, sons e palavras simples (PARKER, 1990). 2.4. O que é Deficiência Auditi- va? Você já assistiu televisão sem som? Você já esteve em algum lugar tão barulhento que o único recurso usado para entender o outro era a leitura labial? Pense como foram essas experiências para você. Para Lima e Duarte (2003, p. 2-3), a “surdez é composta e compreendida como a perda total ou parcial da capacidade de condução e identificação das ondas sonoras”, ou seja, é a incapacidade ou dificuldade de ouvir sons.Winnick (2004) percebe a surdez como uma perda auditiva, na qual a audição é in- suficiente para compreender as informa- Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências16/217 ções sonoras com ou sem o uso de um apa- relho auditivo. Esta deficiência pode tornar o aluno incapaz de processar a linguagem por meio da audição e essa perda pode ser tão severa que prejudica seu desempenho educacional. A perda da audição é identificada pela mu- dança de limiar medida em decibéis (dB) a partir da intensidade do som. A audição normal situa-se em zero dB e são considera- das significativas as perdas acima de 30 dB (COSTA, 1994). Almeida (2008) distinguem a perda auditiva em quatro categorias: leve (não ouve de 15 a 30 dB), moderada (31 a 60 dB), severa (61 a 90 dB) e profunda (mais de 90 dB). A comunidade surda se comunica através da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), a qual possibilita o desenvolvimento cogniti- vo da pessoa surda. Na língua de um povo, inclusive na Língua de Sinais, reside toda a sua esfera de pensamento, sua tradição, história, religião e base da vida, todo o seu coração e alma (SACKS, 1998). Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências17/217 Glossário Concepção: Fecundação; fertilização. Decibéis: A unidade de medida de intensidade sonora é decibel (dB) (COSTA, 1994). Funções estruturas do corpo: As funções do corpo são as funções fisiológicas dos sistemas or- gânicos (incluindo as funções psicológicas), por exemplo: digestão, respiração e sentidos bási- cos como a visão e audição, etc. (CIF, 2004). Estruturas do corpo: As estruturas do corpo são as partes anatômicas, tais como, órgãos, membros e seus componentes. As deficiências de estrutura podem consistir numa anormali- dade, defeito, perda ou outro desvio importante relativamente a um padrão das estruturas do corpo (CIF, 2004). Lesão Medular: é a secção parcial (paresia) ou total (plegia) da medula espinhal, resultante de traumas causados por vírus, traumatismos, acidentes, tumores, distúrbios vasculares, infec- ções, degenerações e outras enfermidades, comprometendo os movimentos e a sensibilidade dos membros abaixo da lesão (KELLY, 2004). Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências18/217 Glossário Malformações congênitas: termo utilizado para descrever defeitos/falhas no desenvolvimento embrionário durante a gestação e que são detectados antes ou imediatamente após o parto, ou seja, que já estavam presentes no nascimento (DEÁ; BALDIN; DEÁ, 2008). Paralisia Cerebral: é uma lesão ou mau desenvolvimento do cérebro em período de desenvolvi- mento, de caráter não progressivo, apresentando como sequela principal uma perturbação do controle da postura e movimento (LIMA; DUARTE, 2003). Poliomielite ou Paralisia Infantil: é provocada por uma infecção de origem viral. O vírus lesio- na a região motora da medula espinhal, levando a uma paralisia flácida. Na maioria dos casos, a lesão ocorre nos segmentos lombares da medula, causando paralisia dos membros inferiores (KELLY, 2004). Síndrome: é um conjunto de sinais e sintomas provocados pelo mesmo organismo e depen- dentes de causas diversas que podem levar a uma doença ou perturbação (DEÁ; BALDIN; DEÁ, 2008). Questão reflexão ? para 19/201 Você estudou que a pessoa com deficiência é aquela que tem im- pedimento(s) de natureza física, intelectual, visual ou auditiva, o(s) qual(is), em interação com diversos outros obstáculos, pode(m) en- travar sua participação plena e efetiva na sociedade. Coloque-se no lugar da pessoa com deficiência e reflita: Quais são essas bar- reiras/obstáculos e como elas podem ser reduzidas na vida dessas pessoas? 20/217 Considerações Finais • Quase 46 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, gerando um percentual de 23,9% da população brasileira. • Pessoas com deficiência são aquelas que têm problemas de natureza física, intelectual, audi- tiva ou visual, com causas variadas decorrentes das fases pré, péri ou pós-natais. • A deficiência intelectual é um termo utilizado quando a pessoa apresenta desempenho inte- lectual abaixo da média. • Deficiência física é toda e qualquer alteração no corpo humano, resultado de um problema ortopédico, neurológico ou malformação. • A deficiência visual caracteriza-se por uma limitação sensorial que pode anular ou reduzir a capacidade de ver. • A deficiência auditiva caracteriza-se por uma perda na percepção normal dos sons. • Cada deficiência citada apresenta características próprias e particularidades específicas no tratamento de saúde, educacional e social. Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências21/217 Referências ALMEIDA, A. C. P. G. de. Atividade Física e Deficiência Auditiva. In:GORGATTI, M. G.; COSTA, R. F. da. Atividade Física Adaptada: qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2008. p. 128-147. ALVES, F.et al. As TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) nas Dificuldades Intelectuais e Desenvolvimentais. Revista Diversidades. Ano 6, n.22, out.-dez., 2008. p. 25-27. ALVES, M. L. T.; MOLLAR, T. H.; DUARTE, E. Educação Física Escolar: atividades inclusivas. São Paulo: Phorte editora, 2013. BELO, C. et al. Deficiência Intelectual: Terminologia e Conceptualização. Revista Diversidades. Ano 6, n.22, Out.-Dez., 2008. p. 4-9. BRASIL. Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/cci- vil_03/leis/L7853.htm>. Acesso em: 20 dez. 2016. BRASIL. Decreto nº 186, de 9 julho de 2008. Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo. 2008. CARTILHA DO CENSO DE 2010 – Pessoas com Deficiência/ Luiza Maria Borges Oliveira / Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) / Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (SNPD) / Coordenação-Geral do Sistema de Informações http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei 7.853-1989?OpenDocument Unidade 1 • Conceitos, definições e causas das deficiências22/217 Sobre a Pessoa com Deficiência; Brasília: SDH-PR/SNPD, 2012. 32p. Disponível em: <http://www. pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/publicacoes/cartilha-censo-2010-pessoas- -com-deficienciareduzido.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2016. CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Organização Mun- dial da Saúde. Direção-Geral da Saúde: Lisboa, 2004. 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Assinale a única alternativa correta: a) Preconceito significa acolher e integrar pessoas diferentes dos padrões de normalidade es- tabelecidos pela sociedade. b) Preconceito é tolerar e ser gentil com as pessoas e suas diferenças. c) Preconceito é discriminar ou repudiar alguém pelas suas diferenças. d) Preconceito significa aceitar e conviver com o diferente. e) Preconceito é dividir a vida de forma plena e feliz com as pessoas diferentes dos padrões de normalidade preestabelecidos pela sociedade. Questão 1 26/217 2. Pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento(s) de natureza física, intelectual, visual ou auditiva, o(s) qual(is), em interação com diver- sos outros obstáculos, pode(m) obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade. De acordo com o Censo 2010, qual é a quantidade de pes- soas com deficiência no Brasil? a) 6,9%, quase 62 milhões de brasileiro têm algum tipo de deficiência. b) 14,9%, quase 12 milhões de brasileiro têm algum tipo de deficiência. c) 18,6%, quase 40 milhões de brasileiro têm algum tipo de deficiência. d) 23,9%, quase 46 milhões de brasileiro têm algum tipo de deficiência. e) 47,8%, quase 24 milhões de brasileiro têm mais de um tipo de deficiência. Questão 2 27/217 3. Assinale a única alternativa correta: a) Deficiência intelectual é quando a pessoa apresenta certas limitações no funcionamento cog- nitivo e no desempenho de tarefas, como as de comunicação, cuidado pessoal e de relaciona- mento social. b) Deficiência intelectual é um erro genético presente já no momento da concepção ou imedia- tamente após, e, ocorre de modo bastante regular na espécie humana. c) Deficiência intelectual é toda e qualquer alteração no corpo humano, resultado de um proble- ma ortopédico, neurológico ou malformação. d) Deficiência intelectual é uma limitação sensorial que pode anular ou reduzir a capacidade de ver. e) Deficiência intelectual é uma limitação sensorial que pode anular ou reduzir a capacidade de ouvir. Questão 3 28/217 4. Para evitar deslocamento da articulação atlanto-axial de pessoas com Sín- drome de Down e promover segurança nas aulas, o que deve ser evitado? a) Cuidados com a prática do nado de crawl, corridas e dança. b) Cuidados com a prática do nado de costa, tênis de mesa e tênis de campo. c) Cuidados com a prática do nado de crawl, futebol e voleibol. d) Cuidados com a prática do nado de peito, salto do trampolim e rolamento. e) Cuidados com a prática do nado de peito, arremesso de peso e dardo. Questão 4 29/217 5. Sobre a Deficiência Visual, só é incorreto afirmar que: a) A deficiência visual caracteriza-se por uma limitação sensorial que pode anular ou reduzir a capacidade de ver. b) A pessoa com deficiência visual é aquela que apresenta cegueira ou visão reduzida em am- bos os olhos. c) A deficiência visual é composta e compreendida como a perda total ou parcial da capacida- de de condução e identificação das ondas sonoras. d) O sistema Braille é necessário como meio de leitura e escrita para o processo de ensino- -aprendizagem da pessoa cega. e) A pessoa com baixa visão possui dificuldade em desempenhar tarefas visuais, mesmo com prescrição de lentes corretivas. Questão 5 30/217 Gabarito 1. Resposta: C. Preconceito é pré-julgar, discriminar, rejei- tar ser intolerante, repudiar ou cismar com pessoas, atitudes e escolhas que diferen- ciam dos padrões de normalidade estabele- cidos pela sociedade. 2. Resposta: D. O Censo 2010 detectou que quase 46 mi- lhões de brasileiros têm algum tipo de defi- ciência, um percentual de 23,9% da popu- lação. 3. Resposta: A. A deficiência intelectual é um termo utiliza- do quando a pessoa apresenta desempenho intelectual abaixo da média. 4. Resposta: D. Recomenda cuidados com a prática do nado de peito, salto do trampolim e rolamento, tendo em vista que entre 15 a 20% das pes- soas com essa síndrome apresentam insta- bilidade atlanto-axial. 5. Resposta: C. A deficiência visual não é composta e com- preendida como a perda total ou parcial da capacidade de condução e identificação das ondas sonoras. A perda da capacidade de ouvir sons está relacionada à deficiência auditiva. 31/217 Unidade 2 História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência Objetivos 1. Conhecer a história da inclusão escolar de pessoas com deficiência. 2. Conhecer a história da inclusão esportiva para as pessoas com deficiência. 3. Refletir sobre a evolução do processo histórico da inclusão de pessoas com deficiência ao logo dos anos. Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência32/217 Introdução No início da introdução do primeiro tema, elaborei algumas situações com o intuito de fazer você refletir sobre as deficiências. Estas mesmas situações serão refeitas para que você possa refletir sobre uma nova pers- pectiva. Sendo assim, o que você espera que as pessoas façam caso: • Acordem em uma sala de aula de um país asiático, sem entender uma só palavra falada pela professora e pelos colegas? • Acordem e percebam que não conse- guem movimentar, nem sentir o seu corpo da cintura para baixo? • Notem que perderam a visão? • Estejam com dificuldades para enten- der sinais sonoros? Tente imaginar essas situações, reflita como você gostaria de ser tratado e principalmen- te sobre o que pode ser feito para incluir de forma adequada as pessoas com deficiência em todos os ambientes de uma sociedade. Depois disso, daremos sequência ao conhe- cimento sobre os principais acontecimen- tos históricos relacionados aos processos de inclusão. A história das pessoas com deficiência sem- pre foi marcada pela segregação, exclusão econômica, política, social e cultural, de- monstrando que o preconceito e a discrimi- nação acompanham as pessoas com defi-ciência desde a antiguidade. Ao analisar as condições de existência destas pessoas ao longo dos anos, podem ser encontrados di- ferentes modelos de tratamento destinados Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência33/217 às pessoas com deficiência, resumidos nos modelos de abandono ou extermínio, de institucionalização ou internação, de inte- gração e de inclusão (CARVALHO; ROCHA; SILVA, 2006). De acordo com Carvalho, Rocha e Silva (2006), as sociedades primitivas viviam como nômades, na qual suas condições de existência estavam totalmente na depen- dência do que a natureza lhes proporcio- nava, ou seja, a coleta de frutos, a caça e a pesca. Com os deslocamentos constantes em busca de melhores condições, as pes- soas com deficiência eram abandonadas a morrer por inanição (BIANCHETTI, 1998). Nas sociedades escravistas, grega e roma- na, as pessoas com deficiência eram joga- das de abismos, pois os demais pensavam que, assim, estariam destruindo o corpo e a alma destes indivíduos. Estas medidas eram tomadas com o intuito de evitar que hou- vesse a contaminação de todo um povo, que necessitava ser sadio e forte para o comba- te corpo a corpo (ROSADAS, 1989). Ou seja, neste período, acreditava-se que a defici- ência era contagiosa. Aqueles que sobre- viviam nestas sociedades, principalmente as pessoas com deficiências intelectuais, serviam prestimosamente aos reis, que se deleitavam apreciando suas atividades es- tereotipadas, travestidos de bobos da corte (ROSADAS, 1989; CARVALHO; ROCHA; SIL- VA, 2006). Silva (1986) complementa que as pessoas com qualquer tipo de deficiência eram também ligadas às casas comerciais, tavernas e bordéis, bem como, às atividades Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência34/217 circenses, aos serviços simples e, às vezes, humilhantes. Estes costumes foram adota- dos por muitos séculos da nossa história. Com o passar dos anos, mais especifica- mente na Idade Média (século V a XV), ins- tituições como hospitais, asilos e hospícios serviram de abrigo para pessoas com de- ficiência, que passaram a viver juntos com doentes e idosos. Até o final da Idade Média, as pessoas com deficiência eram percebi- das de acordo com o aspecto místico/reli- gioso que imperava na época. Suas defici- ências eram tidas como resultado de forças demoníacas, como castigo para pagamento de seus pecados (ou de seus ancestrais) ou, ainda, as pessoas com deficiência poderiam ser encaradas como instrumento para que se manifestassem as obras de Deus (SILVA; 1986; CARVALHO; ROCHA; SILVA, 2006). Somente com o Renascimento a situação social das pessoas com deficiência conse- guiu caminhar rumo a uma nova perspecti- va. Esse período, datado desde o final do sé- culo XIV até o final do século XVII, significou um grande marco no campo dos direitos e deveres das pessoas com deficiência (CAR- MO, 1994). Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência35/217 De forma sucinta, Assumpção Júnior e Spro- vieri (2000) citam que, na era Cristã, as pes- soas com deficiência eram vistas como pos- suidores da Graça Divina; na Idade Média, como resultado da ação de forças demoní- acas ou como castigo para pagamento de Para saber mais No período Renascentista, a característica fun- damental era o humanismo, que buscava valori- zar o ser humano e as suas capacidades (CARMO, 1994). Sherrill (1998) diz que o humanismo é uma filosofia que ajuda as pessoas a se tornarem ple- namente humanas, assim, aflorando seu poten- cial para fazer do mundo o melhor lugar possível para todas as formas de vida. pecados e condenados às fogueiras da in- quisição ou internados em instituições; no Renascimento e na Idade Moderna, a defi- ciência sai do território da magia e religião para se inserir gradativamente no território da Ciência; já, no século XX e XXI, surgem pensamentos relacionados à como abordar e inserir plenamente estes sujeitos na socie- dade, inicialmente, através da integração e, posteriormente, da inclusão. A partir de então, criaram-se leis de direitos, proteção, educação e acessibilidade, que foram formuladas e reformuladas ao longo do tempo e que, atualmente, permitem às pessoas com deficiência uma vida mais dig- na, autônoma e independente. Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência36/217 1. História da inclusão escolar As primeiras iniciativas da educação espe- cial aconteceram na França, no século XVIII, com instituições voltadas à educação de surdos (1760) e cegos (1784). Com o tempo outras instituições surgiram e espalharam- -se pelo mundo, mas, infelizmente, em mui- tas delas, o caráter educacional foi se per- dendo e transformaram-se em espaços de isolamento, exploração e internação (CAR- VALHO; ROCHA; SILVA, 2006). Estes espaços eram encontrados sob o título de educação de deficientes, registros de atendimentos ou atenção com vários sentidos, como abri- go, assistência e terapia (MAZZOTTA, 2003). Em meados do século XX, esse formato de educação começou a ser criticado, quando foram apontadas práticas que violavam os direitos humanos e culminaram no estabe- lecimento de um novo modelo, o modelo da integração (CARVALHO; ROCHA; SILVA, 2006). Este modelo perdurou por alguns anos, po- rém logo se perceberam falhas importantes. A principal crítica ao modelo de integração escolar é a inserção da pessoa com defici- ência na escola regular, tendo que acom- panhar o mesmo currículo e métodos pe- dagógicos utilizados para os demais alunos (MANTOAN, 2002), ou seja, integração sig- nifica estar inserido na sociedade e ter que se adaptar à forma que ela é. Assim, essa modelo falha ao querer dar o mesmo trato a todos os alunos. Por conta disso, um novo modelo passou a Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência37/217 tomar forma e, atualmente, vem sendo ges- tado como modelo mais adequado: inclu- são. De acordo com Sassaki (1997) e Car- valho, Rocha e Silva (2006), no modelo da inclusão não é a pessoa que deve se ajustar ao meio social, mas é a sociedade que deve garantir os suportes necessários para que todos possam usufruir da vida em comuni- dade, uma sociedade que aceite e valorize as diferenças individuais e aprenda a convi- ver dentro da diversidade humana por meio da compreensão e cooperação. Para Seabra Júnior (2006), a defesa desse ideário causou e ainda causa impactos em diferentes sistemas sociais gerando gran- des desafios para a área da educação, dan- do origem a longos debates e proposição de encontros internacionais. Estes encontros proporcionaram a elaboração de documen- tos norteadores, cujo propósito é garantir a implementação de um plano de ação, espe- cificamente dirigido à área educacional, e focalizar a qualidade e a universalização do ensino. Os principais encontros internacionais fo- ram: • Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada na Tailândia em 1990, resultando na Declaração Mundial so- bre Educação Para Todos. • Seminário Regional Sobre Política, Pla- nejamento e Organização da Educação Integrada para alunos com necessidades especiais, realizado no ano de 1992, com destaque dado a necessidade de Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência38/217 preparação profissional adequada aos professores da rede regular de ensino para o atendimento das pessoas com deficiência. • V Reunião do Comitê Regional Inter- governamental do Projeto Principal de Educação na América Latina e Caribe, realizada no Chile em 1993, resultan- do na Declaração de Santiago. Essa reunião enfatizou a necessidade de melhorar a qualidade da educação e superação do analfabetismo. • 85ª Assembleia Geral das Nações Uni- das, realizada no ano de 1993, resul- tando nas Normas Uniformes sobre a Igualdade de Oportunidades para Pessoas com Incapacidades, desta- candoa integração de pessoas com deficiência no ensino regular via ser- viços de apoio apropriados e discus- são para implantação de disciplinas específicas que tratassem da pessoa com deficiência. • Conferência Mundial Sobre Necessi- dades Educativas Especiais, realizada em 1994 na Espanha dando origem à Declaração de Salamanca, na qual encontramos referências sobre edu- cação inclusiva, importância em se desenvolver uma pedagogia centra- da no aluno e reforço da necessidade de capacitação de professores (SILVA, 2005). Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência39/217 Esse breve relato mostra que a inclusão escolar vem caminhando e se efetivando gradativamen- te num processo amplo, tendo como pressuposto a igualdade de oportunidades, convívio com a diversidade, valorização da pluralidade cultural e aproximação das diferenças. Para saber mais A Declaração de Salamanca proclama que as escolas regulares com orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias e que estudantes com deficiência e altas habi- lidades/superdotação devem ter acesso à escola regular. Como princípio orientador, as escolas deveriam acomodar todas as crianças, independentemente, de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocio- nais, linguísticas ou outras (BRASIL, 2006). Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência40/217 1.1 Considerações históricas sobre a inclusão escolar no Brasil O marco referencial histórico da Educação Especial brasileira é a fundação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854 e do Imperial Instituto dos Meninos Surdos, em 1857, ambos na cidade do Rio de Janeiro, criados com base um modelo institucional vindo da França. Porém, é somente a partir da década de 1970 que a política de educação para a pessoa com deficiência ganha maior consistência, quando foram criados serviços específicos nas Secretarias Estaduais de Educação(ROSA; ANDRÉ, 2006). Link O link sugerido apresenta o artigo “Da Integração à Inclusão Escolar: cruzando perspectivas e concei- tos”, de autoria de Isabel Sanches e Antônio Teodoro (2006), publicado na Revista Lusófona de Educa- ção, volume 8, número 8. O artigo conceitua integração e inclusão escolar e aborda detalhadamente o processo histórico e evolutivo dos temas. Disponível em: <http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rleducacao/article/view/691>. Acesso em: 5 jan. 2017. http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rleducacao/article/view/691 Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência41/217 Em 1981, foi decretado o “Ano Internacio- nal da Pessoa com Deficiência”, o que repre- sentou um marco importante para o Brasil, fazendo-o avançar no atendimento às pes- soas com deficiência no modelo de integra- ção vigente na época (SEDH/CORDE, 2007). Com isso, o Ministério da Educação e Cultu- ra – MEC (2005) cita a importância da legis- lação que determina, orienta e regulariza o atendimento das pessoas com deficiência no país, no sentido de promover a igualda- de dos direitos entre as pessoas e também destaca documentos e movimentos impor- tantes, como: • A Constituição Federal; a Lei de Dire- trizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96; a Criação do Cen- tro Nacional de Educação Especial (CENESP, 1970); o Congresso Brasilei- ro do Esporte para Todos (1982, 1984, 1986); Projeto Integrado da Secreta- ria de Estado da Educação (SEED) e do Centro Nacional de Educação Especial (CENESP) (1984-1985); o Plano Na- cional de Ação Conjunta para Inte- gração da Pessoa Deficiente (1985); a Criação da Coordenadoria para a In- tegração da Pessoa Portadora de De- ficiência (CORDE, 1986); a Resolução 03/87 instituindo disciplinas relativas às pessoas com deficiência nos cur- rículos dos cursos de graduação em Educação Física; o Plano Plurianual (1991); entre outros. É importante frisar que o marco histórico Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência42/217 mais importante em relação à inclusão no Brasil foi a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na- cional (LDB) nº 9394/96, a qual determina que o ensino para as pessoas com deficiência deve ser oferecido preferencialmente na rede regular (CARVALHO, 1997; ROSA; ANDRÉ, 2006). Link Para saber mais sobre leis, decretos, portarias, resoluções e demais documentos importantes sobre o processo de inclusão no Brasil, acesse o link do Ministério da Educação e Cultura. Disponível em: <http:// portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-especial-sp-598129159/legislacao>. Acesso em: 5 jan. 2017. 2. História da inclusão esportiva O esporte para deficientes ou esporte adaptado, como também é conhecido, é datado de longos anos e as primeiras competições esportivas de pessoas com deficiência aconteceram, inicial- mente, por deficientes auditivos/surdos (em 1870), seguidos dos deficientes visuais (em 1907) (PARSONS; WINCKLER, 2012). No entanto, quando se fala de esporte adaptado e Paralímpico, a história se recorda de fatos marcantes como as duas grandes Guerras Mundiais. Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência43/217 Para saber mais Atualmente, o esporte adaptado é um fenômeno global que desperta a atenção social devido suas inúmeras características particulares: possibilidade de ascensão social, oportunidade de prática em condições de igualdade, melhorias da aptidão física, condições de saúde, entre outras. Além disso, o esporte adaptado posiciona-se na sociedade contemporânea como importante meio de inclusão social (COSTA ESILVA et al., 2013). A Primeira Guerra Mundial é um importante marco de origem no uso de exercícios tera- pêuticos e atividades recreativas na restau- ração da função dos soldados sobreviventes (ADAMS; DANIEL; CUBBIN, 1985). De acordo com Freitas e Cidade (2000), em 1918, na Alemanha, um grupo de lesionados da 1ª Guerra Mundial reuniu-se para praticar es- portes. A partir da 2ª Guerra Mundial, o esporte adaptado ganhou força, pois a sociedade sentiu necessidade de reabilitar os milhares de sobreviventes que lotavam os hospitais das cidades e que iam a óbito na primeira semana de alta hospitalar (80% faleciam) (RODRIGUES, 2006). Então, como prática, o esporte adaptado efetivou-se na Inglater- ra, no ano de 1944, mais precisamente em Aylesbury, no Hospital de Stoke Mandeville, idealizado por Ludwig Guttmann (médico Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência44/217 neurologista) (FREITAS; CIDADE, 2000). Rosadas (1989) cita que a perspectiva de Guttmann era utilizar os esportes para mo- tivar os enfermos e diminuir o tédio que se tornava a vida do deficiente naquela época. Contudo, acabou conseguindo muito mais, estimulando a organização de jogos para deficientes no mundo inteiro e demostran- do que as pessoas com deficiência também podiam praticar atividades físicas e espor- tivas (ROSADAS, 1989). Guttmann iniciou tais atividades com o arco e flecha, o tênis de mesa e o arremes- so de dardo e, quase que ao mesmo tempo nos Estados Unidos, Benjamin Lipton iniciou o basquete em cadeira de rodas (ARAÚJO, 2011; FREITAS; CIDADE, 2000). O interesse pelo esporte adaptado aumen- tou de tal maneira que extrapolou o públi- co-alvo inicial (veteranos de guerra) e pas- sou a incluir civis incapacitados por outras deficiências físicas, decorrentes de outras causas. Para Castro (2006) a guerra, apesar de todos os seus prejuízos, trouxe para as pessoas com deficiência algo melhor do que elas até então possuíam e o esporte foi uma saída para uma sobrevivência com dignida- de e saúde. Os primeiros jogos para as pessoas com deficiência ocorreram no hospital de Stoke Mandeville e foram idealizados por Guttmann no ano de 1948, coincidindo com os Jogos Olímpicos de Londres. Os Jogos In- ternacionais de Stoke Mandeville aconte- ceram em 1952 e a sua nona edição foire- Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência45/217 alizada em Roma, em 1960. Após esta edi- ção, tais jogos passaram a ser considerados como os primeiros Jogos Paralímpicos. As- sim, Guttmann foi reconhecido e denomi- nado mundialmente como o pai do esporte Paralímpico (PARSONS; WINCKLER, 2012). No Brasil, a prática desportiva nasceu das ações de dois paraplégicos na década de 1950: Sérgio Del Grande (de São Paulo) e Robson Sampaio (do Rio de Janeiro), após retornarem do exterior e terem praticado o basquete em cadeira de rodas (ARAÚJO, 1998; CASTRO, 2006). De acordo com Par- sons e Winckler (2012), o Comitê Paralím- pico Brasileiro (CPB) foi fundado em 1995 e é tido como um marco para a história do esporte paralímpico no Brasil. Felizmen- te, a iniciativa dos idealizadores do esporte adaptado deu certo e hoje espalha-se pelo mundo todo, oferecendo às pessoas com deficiência uma vida diferente, com mais esperança, saúde, autonomia e indepen- dência. Link Para saber mais sobre a história do esporte adap- tado e paralímpico no Brasil, acesse o site do Co- mitê Paralímpico Brasileiro. Nele você encontra- rá informações sobre: o comitê; as modalidades paraolímpicas; competições e eventos, acade- mia paraolímpica, entre outras. Disponível em: <http://www.cpb.org.br/>. Acesso em: 5 jan. 2017. Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência46/217 Glossário Convalescença: recuperação que se segue a doença, operação, traumatismo, lesão (ADAMS; DANIEL; CUBBIN, 1985). Esporte Adaptado: refere-se ao esporte modificado, adaptado ou criado para suprir as neces- sidades de pessoas com deficiência (WINNICK, 2004). Inquisição: Antigo tribunal eclesiástico instituído para investigar e punir crimes contra a fé ca- tólica (ASSUMPÇÃO JÚNIOR; SPROVIERI, 2000). Paralímpico: O termo Paralímpico é uma associação entre o prefixo grego “para” – paralelo e “olímpico”, e segundo o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) representa condição paralela aos Jogos Olímpicos e não Jogos para paraplégicos (PARSONS; WINCKLER, 2012). Paraplégicos: Pessoas que sofreram uma lesão total da medula espinhal tendo como principal sequela a paralisia dos membros inferiores (GORGATTI; TEIXEIRA, 2008). Questão reflexão ? para 47/201 Diversos instrumentos legais foram implementados ao longo dos anos pelo governo federal a fim de garantir que todas as pessoas, independente de limitações físi- cas, motoras, sensoriais ou cognitivas, tenham acesso irrestrito à educação, ao esporte e ao lazer em quaisquer estabelecimentos públicos. Entretanto, nesse contexto atual, uma questão forçosamente se coloca: estariam os profissionais de tais estabelecimentos preparados para receber pessoas com deficiência e desenvolver um tra- balho eficiente? O que você acha disso? 48/217 Considerações Finais • Ao longo dos anos, podemos encontrar diferentes modelos de tratamento e compreensão destinados às pessoas com deficiências, resumidos em: abandono ou extermínio; institucio- nalização ou internação; integração e inclusão. • A diferença entre integração e inclusão é que na integração a pessoa com deficiência necessi- ta se adaptar ao meio e na inclusão, o meio deve ser adaptado para a pessoa e suas diferenças. • O marco histórico da inclusão no Brasil foi a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96 o qual determina que o ensino para as pessoas com deficiência deve ser ofe- recido preferencialmente na rede regular. • Os Jogos Paralímpicos que começaram como um evento com fortes implicações terapêuticas e sociais tornaram-se o evento esportivo mais importante para as pessoas com deficiência em âmbito mundial. Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência49/217 Referências ADAMS, R; DANIEL, A; Mc CUBBIN, J.Jogos, Esportes e Exercícios para o Deficiente Físico. 3. ed. São Paulo: Manole, 1985. ARAÚJO, P. F. Desporto Adaptado no Brasil. São Paulo: Phorte editora, 2011. ASSUMPÇÃO JÚNIOR, F; SPROVIERI, M. H. Introdução ao Estudo da Deficiência Mental. São Paulo: Memnon, 2000. BIANCHETTI, L. Aspectos Históricos da Apreensão e da Educação dos Considerados Deficientes. In: BIANCHETTI, L.; FREIRE, I. M. Um Olhar sobre a Diferença: interação, trabalho e cidadania. Cam- pinas: Papirus, 1998. BRASIL. Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Plano Nacional de Educação em Di- reitos Humanos.Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Mi- nistério da Justiça, UNESCO, 2006. CARMO, A. A. do. Deficiência Física: a sociedade brasileira cria, “recupera” e discrimina. Brasília: MEC - Secretaria dos Desportos/PR, 1994. CARVALHO, A. 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Referências http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-especial-sp-598129159/legislacao http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-especial-sp-598129159/legislacao Unidade 2 • História da inclusão escolar e esportiva das pessoas com deficiência52/217 SEDH – Secretaria Especial dos Direitos Humanos; CORDE – Coordenadoria Nacional para Inte- gração da Pessoa Portadora de Deficiência. Convenção sobre os Direitos das Pessoascom Deficiên- cia. Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Brasília, DF, 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=down- load&alias=424-cartilha-c&category_slug=documentos-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 29 dez. 2016. SHERRILL, C. Adapted Physical Activity, Recreation and Sport: crossdisciplinary and lifespan. 5. ed. Boston: McGraw-Hill, 1998. SILVA, O. M. da. A Epopéia Ignorada: a pessoa deficiente na história do mundo de ontem e de hoje. São Paulo: CEDAS, 1986. WINNICK, J. P. Educação Física e Esportes Adaptados. São Paulo: Manole, 2004. Referências 53/217 1. A história das pessoas com deficiência sempre foi marcada pela segregação, exclusão econômica, política, social e cultural, demonstrando que o precon- ceito e a discriminação acompanham o deficiente desde a antiguidade. Diante desta afirmação, marque “V” para verdadeiro e “F” para falso: (__) Os nômades tinham muito trabalho ao transportar as pessoas com deficiência de um lugar para outro em busca de melhores condições de vida. (__) Algumas sociedades eliminavam as pessoas com deficiência, pois acreditavam que o problema poderia contaminar o povo que necessitava ser forte para lutar nas batalhas. (__) Bobos da corte é uma denominação antiga que refere-se as pessoas com deficiência que não tinham sido eliminadas na antiguidade. (__) O modelo de integração é sinônimo de inclusão. (__) A história conta que as pessoas com deficiência já foram vistas como pregações do diabo. Assinale a alternativa correta, respectivamente: Questão 1 54/217 a) F – V – V – V – V. b) V – V – V – F – F. c) F – V – V – F – V. d) F – F – F – V – F. e) V – V – F – F – F. Questão 1 55/217 2. Complete a lacuna da seguinte questão: “A Declaração ______________ proclama que as escolas regulares com orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes _______________ e que estu- dantes com _______________ e altas habilidades/superdotação devem ter acesso à _______________, tendo como princípio orientador que as escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Assinale a alternativa cujas palavras completam a lacuna corretamente: Questão 2 a) De Salamanca; discriminatórias; deficiência; escola regular. b) Da Humanidade; preconceituosas; problemas; escola especial. c) De Direitos, inclusivas; doenças; escola especial. d) De Salamanca; preconceituosas; doenças mentais; escola regular. e) Da Humanidade; discriminatórias; deficiência; escola convencional. 56/217 3. É correto afirmar que “o marco histórico da inclusão no Brasil foi______________________”. Assinale a alternativa que completa a sentença acima corretamente: Questão 3 a) a Lei Federal 7853. b) a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96. c) a Constituição Federal. d) o Plano Plurianual. e) o Centro Nacional de Educação Especial. 57/217 4. As pessoas com deficiência têm a oportunidade de praticar exercícios atra- vés dos esportes adaptados e Paralímpicos. De acordo com essa afirmação, assinale a alternativa correta: Questão 4 a) Esporte Adaptado e Paralímpico não são sinônimos. b) Esporte Adaptado e Paralímpico são sinônimos. c) Paraplégico é toda pessoa que após sofrer uma lesão medular não movimenta nem sente do pescoço para baixo. d) O termo Paralímpico significa Jogos para paraplégicos. e) O esporte para deficientes surgiu como uma alternativa para profissionalizar deficientes de- sempregados. 58/217 5. Quem foi reconhecido e denominado mundialmente como o pai do es- porte Paralímpico? Questão 5 a) Benjamin Lipton. b) Ludwig Guttmann. c) Langdon Down. d) John Deere. e) Pierre de Coubertin. 59/217 Gabarito 1. Resposta: C. (F) Falso. Na antiguidade, os nômades aban- donavam as pessoas com deficiência a mor- rer de inanição.(V) Verdadeiro.Nas socieda- des escravistas, grega e romana, as pesso- as com deficiência eram exterminadas ao serem jogadas de abismos, pois pensavam estar destruindo a matéria e a alma desses indivíduos, evitando assim a contaminação de todo um povo que necessitava ser sadio e forte para o combate corpo-a-corpo, que predominava naquela época.(V) Verdadeiro. Os deficientes que sobreviviam nas socie- dades escravistas, principalmente os inte- lectuais, serviam prestimosamente aos reis, que se dedicavam apreciando suas ativida- des esteriotipadas, travestidos de bobos da corte.(F) Falso. A diferença entre integração e inclusão é que na integração a pessoa com deficiência necessita se adaptar ao meio e na inclusão, o meio deve ser adaptado para a pessoa e suas diferenças.(V) Verdadeiro. Até o final da Idade Média as pessoas com deficiência eram vistas somente sob o as- pecto místico, como resultado de forças de- moníacas, como castigo para pagamento de pecados seus ou de ancestrais e ainda como instrumento para que se manifestassem as obras de Deus. 2. Resposta: A. A Declaração de Salamanca proclama que as escolas regulares com orientação inclu- siva constituem os meios mais eficazes de 60/217 combater atitudes discriminatórias e que estudantes com deficiência e altas habilida- des/superdotação devem ter acesso à esco- la regular, tendo como princípio orientador que as escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas con- dições físicas, intelectuais, sociais, emocio- nais, linguísticas ou outras. 3. Resposta: B. O marco histórico da inclusão no Brasil foi a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na- cional (LDB) nº 9394/96. 4. Resposta: A. Esporte Adaptado não é sinônimo de Espor- te Paralímpico. 5. Resposta: B. Ludwig Guttmann foi reconhecido e deno- minado mundialmente como o pai do es- porte Paralímpico. Gabarito 61/217 Unidade 3 Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência Objetivos 1. Conhecer as principais políticas públicas relacionadas à educação de alunos com deficiên- cia. 2. Conhecer as principais políticas públicas relacionadas à educação física para alunos com deficiência. 3. Refletir sobre os direitos do aluno com deficiência à educação. Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência62/217 Introdução Agora que você já estudou sobre as defici- ências e sobre o caminho histórico percor- rido pelas pessoas deficientes, vamos falar sobre os movimentos e as políticas públicas que foram desenvolvidos ao longo dos anos em prol de um direito de todos: a educação. Skliar (2006) nos faz refletir sobre a seguin- te pergunta: será que essas políticas públi- cas fazem parte das políticas do coração, da amizade e da irmandade? Associada a esta questão, o autor acredita que exista um curioso paradoxo junto à ideia de inclusão: de um lado parece que toda a escola deve- ria abrir suas portas de modo incondicio- nal, mas isso não deveria ocorrer sem que houvesse a necessidade de uma lei que as obrigasse? De qualquer forma, a mobiliza- ção em prol de documentos e leis “expressa bem a urgência do combate à exclusão e a necessidade de serem criadas disponibili- dades e condições de operacionalização da inclusão social e escolar” (SANCHES; TEO- DORO, 2006, p.65). Na perspectiva da educação inclusiva, a Po- lítica Nacional de Educação Especial tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos glo- bais do desenvolvimento e altas habilida- des/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir: • Acesso ao ensino regular com partici- pação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino. • Transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência63/217 infantil até a educação superior. • Oferta de atendimento educacional especializado. • Formação de professores parao aten- dimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão. • Participação da família e da comuni- dade. • Acessibilidade arquitetônica nos transportes, nos mobiliários, nas co- municações e informação. • Articulação entre todos os setores na implementação das políticas públicas (BRASIL, 2008). A partir desses objetivos, vamos conhecer o caminho percorrido para que se chegasse até eles. Para saber mais Entende-se por educação especial, para os efei- tos da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº 9394/96, a modalidade de educação escolar, oferecida pre- ferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência (BRASIL, 1996). Uma pessoa necessita de educação especial se tiver al- guma dificuldade de aprendizagem que exija uma medida educativa especial (SANCHES; TEODORO, 2006). Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência64/217 1. Políticas públicas para a edu- cação de pessas com Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passou a ser fun- damentado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 4.024/61, que apontou o direito dos deficientes à educação, preferencialmente no sistema regular de ensino. Dez anos depois, a LDBEN foi alterada pela Lei nº 5.692/71, ao definir tratamento especial para alunos com atra- sos de desenvolvimento, deficiências físicas e intelectuais e os superdotados (BRASIL, 2008; GIL, 2015). Para saber mais A alteração da LDBEN pela Lei nº 5.692/71 não foi capaz de promover um sistema de ensino capaz de atender as necessidades educacionais e aca- bou reforçando o encaminhamento dos alunos para classes e escolas especiais (BRASIL, 2008; GIL, 2015). Em 1973, foi criado o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP) no Ministério da Educação e Cultura (MEC), responsável pela gerência da educação especial no Bra- sil (BRASIL, 2008; GIL, 2015). E, em 1988, a Constituição Federal definiu, entre ou- tras coisas, promover o bem de todos, sem preconceitos e quaisquer outras formas de discriminação; a educação como um direi- Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência65/217 to de todos e a qualificação para o trabalho; igualdade de condições de acesso e perma- nência na escola (GIL, 2015). O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº. 8.069/90, artigo 55, refor- çou os expostos supracitados, determinan- do que os pais ou responsáveis legais têm a obrigação de matricular seus filhos na rede regular de ensino. Na mesma década, a elaboração e divulgação de documentos, como a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de Sala- manca (1994) passaram a influenciar a for- mulação de políticas públicas direcionadas para a educação inclusiva (BRASIL, 2008; GIL, 2015). Sendo assim, em 1994, foi publi- cada a Política Nacional de Educação Es- pecial,orientando o processo de integração que condicionou o acesso às classes comuns do ensino regular àqueles que possuíssem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do en- sino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais (BRASIL, 2008; GIL, 2015). Para saber mais O problema da Política Nacional de Educação Es- pecial de 1994 é que ela não reformulou as prá- ticas educacionais prejudicando as pessoas com deficiência, que deveriam se ajustar ao meio (GIL, 2015). O artigo 59 da atual LDB nº 9.394/96 pre- coniza que os sistemas de ensino devam assegurar aos alunos com deficiência cur- rículos, métodos, recursos e organizações Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência66/217 específicos, bem como professores com es- pecialização adequada para atender as ne- cessidades destes sujeitos. Ademais, possi- bilita a aceleração de estudos aos superdo- tados para conclusão do programa escolar (BRASIL, 2008; GIL, 2015). Link Se você quiser saber mais sobre a LDB nº 9.394/96, acesse o link no qual consta a descrição comple- ta da Lei. Disponível em: <http://www.planal- to.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso em: 9 jan. 2017. Link Para saber mais sobre as “Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica”, acesse o link, nele você encontrará o documen- to completo. Disponível em: <http://portal.mec. gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf>. Acesso em: 8 jan. 2016. Em 1999, o Decreto nº 3.298 regulamen- tou a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a po- lítica nacional para a integração da pessoa portadora de deficiência. Acompanhando o processo de mudanças, a Resolução CNE/ CEB (Conselho Nacional de Educação/Câ- mara de Educação Básica) nº 2/2001, no artigo 2º, determinaram que: “Os sistemas de ensino devem matricular todos os alu- nos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com defici- ência, assegurando as condições necessá- rias para uma educação de qualidade para todos” (BRASIL, 2001, p. 1). Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência67/217 Em 2001, o Plano Nacional de Educação, Lei nº 10.172/2001, estabeleceu 27 objetivos e metas para a educação das pessoas com deficiência. Resumidamente essas metas tratam: • Do desenvolvimento de programas educacionais em todos os municí- pios visando à ampliação da oferta de atendimento desde a educação infan- til até a qualificação profissional dos alunos. • Das ações preventivas nas áreas vi- sual e auditiva até a generalização do atendimento dos alunos na educação infantil e no ensino fundamental. • Do atendimento extraordinário em classes e escolas especiais ao atendi- mento preferencial na rede regular de ensino.Da educação continuada dos professores que estão em exercício à formação em instituições de ensino superior (BRASIL, 2001). Em 2003, o MEC cria o Programa “Educa- ção Inclusiva: direito à diversidade”, visan- do transformar os sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos, promo- vendo um amplo processo de formação de gestores e educadores nos municípios bra- sileiros para garantir o acesso de todos à es- colarização, a organização do atendimento educacional especializado e a acessibilida- de (BRASIL, 2008; GIL, 2015). Impulsionando a inclusão educacional e so- cial, os Decretos: Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência68/217 • nº 5.296/04 regulamentou as leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00, estabele- cendo normas e critérios para a pro- moção da acessibilidade às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida; • nº 5.626/05 regulamentou a Lei nº 10.436/2002, visando a inclusão dos alunos surdos, a inclusão da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como dis- ciplina curricular, a formação e a cer- tificação do professor, instrutor e tra- dutor/intérprete de LIBRAS, o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua para alunos surdos e a organi- zação da educação bilíngue no ensino regular (BRASIL, 2008; GIL, 2015). Em 2005, com a implantação dos Núcleos de Atividade das Altas Habilidades/Super- dotação (NAAH/S) em todos os estados e no Distrito Federal, foram formados centros de referência para o atendimento educacional especializado desses alunos, orientação às famílias e a formação continuada dos pro- fessores (BRASIL, 2008). A Convenção sobre os Direitos das Pesso- as com Deficiência, aprovada pela Organi- zação das Nações Unidas (ONU) em 2006, estabeleceu que cada país signatário deve assegurar um sistema de educação inclusi- va adotando medidas para garantir que as pessoas com deficiência não sejam excluí- das do sistema educacional geral de quali- dade e gratuito sob alegação de deficiência e que possam ter igualdade de condições em relação às demais pessoas da comuni- Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência69/217 dade onde vivem (BRASIL, 2008; GIL, 2015). Em 2007,no contexto do Plano de Acele- ração do Crescimento (PAC), foi lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), reafirmado pela Agenda Social de In- clusão das Pessoas com Deficiência, tendo como eixos a acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, a implantação de sa- las de recursos e a formação docente para o atendimento educacional especializado (BRASIL, 2008; GIL, 2015). No mesmo ano, o Decreto nº 6.094/2007 estabeleceu, dentre as diretrizes do compromisso “Todos pela Educação”, a garantia do acesso e perma- nência no ensino regular e o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos, fortalecendo a inclusão educacio- nal nas escolas públicas (BRASIL, 2008; GIL, 2015).No ano seguinte, 2008, outro im- portante documento foi criado pelo MEC, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (GIL, 2015), cujos objetivos estão descritos na introdução deste texto. Enfim, o simples acesso garantido por Lei aos bancos escolares não garante o fim dos problemas das pessoas com deficiência, não soluciona o problema do desrespeito e da discriminação (CARMO, 1994). A realidade da Educação Especial brasileira mostra-se inadequada, porém, mesmo assim, perce- be-se uma intensa mobilização em busca de sua melhoria e é claro que a Educação Física não fica fora desse contexto. Confor- me a LDB, em seu artigo 26, no parágrafo 3º: “A Educação Física, integrada a proposta Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência70/217 pedagógica da escola, é componente curri- cular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos notur- nos” (BRASIL, 1996, s.p.). Ou seja, enquanto componente curricular, a Educação Física também deve se ajustar para incluir as pes- soas com deficiência. 1.1 Considerações gerais sobre as políticas públicas de Educa- ção Física para deficientes Em 1985, a Secretaria de Educação Física e Desporto (SEED) do MEC iniciou, junto ao extinto CENESP, um projeto que visava so- lucionar o problema da Educação Física e do Esporte para as pessoas com deficiência. Uma das citações do documento refere-se à Educação Física e aos Desportos como di- reito de todos e instrumento da Educação Integral (CARMO, 1994). Carmo (1994) cita a “Carta de Batatais”, produzida em 1986, como um documento importante que tra- çou diretrizes para favorecer a integração da Educação Física e Desportos ao contexto da Educação Especial, estabelecendo que as práticas da Educação Física deveriam dar prioridade aos grupos menos favorecidos da sociedade. Em 1991, destaca-se a im- portância do Plano Plurianual (1991-1995), o qual previu a criação de um departamento de esportes para atender as reivindicações das pessoas com deficiência e que estabe- lecesse ações por meio da capacitação de recursos humanos, desenvolvimento tec- Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência71/217 nológico, fomento esportivo, documenta- ção e informação (SILVA; SEABRA JÚNIOR; ARAÚJO, 2008). No Brasil, o marco que pode ser considera- do como o início da formação profissional em Educação Física Adaptada é o ano de 1987, com a publicação do Currículo Mí- nimo de Educação Física e a Resolução nº 3/87 do Conselho Federal de Educação Fí- sica (CONFEF), que trata da reestruturação dos cursos de graduação em Educação Físi- ca. No parágrafo IV do artigo VI, a resolução prevê a atuação do professor de Educação Física junto à pessoa com deficiência, inclu- ída em seu item 17 como Educação Física Especial (CASTRO, 2005). Link No site do CONFEF, cuja missão é “garantir à so- ciedade que o direito constitucional de ser atendida na área de atividades físicas e esportivas seja exer- cido por profissionais de Educação Física”(CONEF, s.d.), você encontrará informações importantes sobre o Conselho, legislação, notícias e utilidades referente à Educação Física regional e nacional. Disponível em: <http://www.confef.org.br/>. Acesso em: 9 jan. 2017. A referida disciplina teve responsabilidade na formação e habilitação dos profissionais, tornando-os conhecedores das atividades que devem ser adaptadas às capacidades de cada educando e os conteúdos de acordo com o tipo de deficiência. Também propor- Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência72/217 cionando oportunidades iguais, o equilíbrio e a adaptação que a deficiência necessita e melhorando a função motora, intelectu- al, afetiva, a inclusão social, a autoconfian- ça, a participação e o interesse pelas aulas, pelas atividades de vida diária, entre outras (GORGATTI; COSTA, 2008). Essa Resolução significou um avanço na possibilidade de mudanças na forma como vinha sendo tra- tada a Educação Física para deficientes. No ano de 1997, os Parâmetros Curricu- lares Nacionais (PCNs), considerando seu caráter de documento oficial na educação brasileira, trouxeram contribuições para a Educação Física Escolar ao suscitarem a re- flexão e a discussão das práticas pedagógi- cas. Tais parâmetros estão alicerçados sob três aspectos: inclusão, diversidade e cate- gorias de conteúdos (BRASIL, 1997b). Para saber mais Os PCNs constituem um referencial de qualida- de para a educação em todo o País. Sua função é orientar e garantir a coerência dos investimen- tos no sistema educacional, socializando discus- sões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor contato com a produção pe- dagógica atual (BRASIL, 1997a). No que tange à inserção de alunos com de- ficiência, os PCNs citam que: a. As aulas de Educação Física devem promover oportunidades para que Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência73/217 todos os educandos possam desen- volver suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando sua evolução como seres humanos. Nesse sentido, alunos com deficiência física não podem ser privados dessas aulas; b. A maioria das pessoas com deficiên- cia física foram e, ainda, são excluídas das aulas de Educação Física, tanto por desconhecimento, como por re- ceio ou por puro preconceito. Toda- via, percebe-se que tais aulas podem gerar inúmeros benefícios para esse público, particularmente, e no que diz respeito ao desenvolvimento das ca- pacidades afetivas, de integração e inserção social; c. Grande parte dos indivíduos com de- ficiência apresentam algum traço fi- sionômico, alteração morfológica ou dificuldade em relação à coordena- ção que as difere dos demais, fazen- do com que ganhem a atenção das outras crianças. A atitude dos alunos, seja positiva ou negativa, diante des- sas diferenças se construirá na convi- vência cotidiana e dependerá da pos- tura adotada pelos professores na es- cola (BRASIL, 1997b). Em 2000, foi organizado o Manifesto Mun- dial da Educação Física que, dentre outras coisas, reafirmou o compromisso da Edu- cação Física junto às pessoas com defici- ência (FIEP, 2000). A Educação Física apre- senta-se como uma possibilidade concreta Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência74/217 no processo de inclusão e tem buscado sua efetivação de fato(SEABRA JÚNIOR, 2006). Unidade 3 • Políticas públicas de educação e educação física para alunos com deficiência75/217 Glossário Altas habilidades e Superdotação: Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectu- al, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (BRA- SIL, 2008). Educação Física Adaptada: Também pode ser conceituada como a Educação “que
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