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Educação especial

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1 
 
 
DESCRIÇÃO 
Os paradigmas da Educação Especial desde o modelo de segregação, a integração social à 
proposta de inclusão e o diálogo com as políticas e ações do período de adequação ao processo 
de atendimento às pessoas com deficiências. 
PROPÓSITO 
Conhecer a Educação Especial e a Educação Inclusiva, seus diálogos e diferenças fundamentais 
contribuirá para a reflexão de professores que atendem pessoas com necessidades específicas de 
aprendizagem e de produção de conhecimento. 
OBJETIVOS 
MÓDULO 1 
Definir a Educação Especial e seu processo de segregação e integração 
MÓDULO 2 
Reconhecer a Educação Inclusiva como política educacional e suas consequências 
MÓDULO 3 
Identificar diferentes práticas e estratégias para a Educação Inclusiva 
INTRODUÇÃO 
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, observe as imagens a seguir que representam os processos 
de exclusão, segregação, integração e inclusão de pessoas com deficiência. 
 Imagem: Laíza Cabral. Infográfico demonstrativo dos processos de 
exclusão, segregação, integração e inclusão. 
2 
 
Neste tema, conheceremos a Educação Especial e seus paradigmas desde o modelo de 
segregação, passando pela integração com a criação das escolas especiais até a proposta de 
inclusão. 
Reconheceremos a Educação Inclusiva como uma política educacional brasileira e o quanto as 
práticas educacionais e docentes foram modificadas a partir da Declaração de Salamanca (1994). 
A Educação Especial na perspectiva inclusiva concebe o espaço escolar como um local capaz de 
atender a todos os sujeitos, assegurando o direito de aprender e considerando as especificidades 
de cada um. A Educação Inclusiva garante a aprendizagem das pessoas com deficiências desde a 
Educação Infantil até o Ensino Superior. 
Por fim, identificaremos as diferentes práticas e estratégias para a Educação na perspectiva 
inclusiva em diálogo com o ensino colaborativo; a importância da mediação entre pares; a 
necessidade de um Plano de Ensino Individualizado (PEI) e as estratégias comunicativas para 
estudantes sem fala funcional utilizando a comunicação alternativa. 
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA 
Resolução da ONU sobre a questão da mudança da perspectiva da Educação Especial, 
direcionando-a a uma perspectiva inclusiva. 
 
MÓDULO 2 
Reconhecer a Educação Inclusiva como política educacional e suas consequências 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA – UM DESAFIO MUNDIAL 
Neste vídeo, apresentaremos os desafios enfrentados pela Educação Inclusiva no mundo. 
 
O QUE MUDA COM A EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
A Educação Inclusiva defende que os estudantes sejam inseridos nas classes 
regulares independentemente de qualquer deficiência. A escola é responsável por todo 
atendimento diferenciado e precisa garantir o direito de aprender considerando as especificidades 
de cada aluno, suas necessidades motoras, visuais, cognitivas e linguísticas. 
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3 
 
A política educacional inclusiva refere-se à responsabilidade dos governos e sistemas escolares 
com a qualificação de todas as crianças e jovens, sobretudo no que tange aos valores, conceitos e 
experiências voltadas para o processo de ensino e aprendizagem. Assim, os estudantes com 
necessidades educacionais especiais têm a oportunidade de aprendizado nos mesmos espaços 
das pessoas que não apresentam deficiência. Para isso, é necessária a adequação das propostas 
pedagógicas para potencializar habilidades e competências, superando as dificuldades sociais, 
linguísticas e motoras dos sujeitos. 
DELARAÇÃO DE SALAMANCA 
A Declaração de Salamanca (Espanha, 1994) é um marco histórico para a Educação Inclusiva. 
Essa resolução das Nações Unidas trata dos princípios, políticas e práticas em Educação Especial 
e apresenta os “Procedimentos-padrão das Nações Unidas para a Equalização de Oportunidades 
para Pessoas com Deficiência”. 
O documento aborda a educação para todos, pautada nos direitos humanos, colocando o sujeito 
como centro de todo o processo educativo. Gerencia também questões políticas, a fim de discutir 
e propor políticas de Educação Especial com o objetivo de garantir o acesso à escola às pessoas 
com deficiências. 
 Foto: Shutterstock.com. 
Segundo essa linha de ação, as escolas devem acolher todas as crianças independentemente de 
suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou linguísticas. Devem acolher crianças 
com deficiência e crianças bem-dotadas, crianças que vivem nas ruas e que trabalham, crianças 
de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas desfavoráveis 
ou marginalizadas (UNESCO, 1994, p. 17-18). 
A Educação Inclusiva é a política educacional do Brasil. Ela surge após o paradigma da integração, 
período em que, como vimos, o processo de exclusão acontecia no interior da própria escola, 
apesar de muitas conquistas, reflexões e debates. Há muitos desafios a serem enfrentados em 
nosso país, especialmente em relação à questão estrutural, econômica, social e de formação inicial 
e continuada de professores. Para isso, o diálogo e a busca por melhorias desse paradigma são 
necessários. 
 Foto: Shutterstock.com. 
Para as escolas, os desafios são grandes. É preciso uma reestruturação desde sua organização 
até o Projeto Político Pedagógico (PPP) com mudanças avaliativas, metodologias e estratégias de 
4 
 
ensino. É preciso uma nova cultura escolar. Segundo Guthierrez e Walter (2020), faz-se necessário 
pensar a Educação Inclusiva para além da matrícula do aluno com deficiência na turma comum. 
Mais que um espaço para socialização e convivência, a escola é um local que favorece a 
aprendizagem e os conteúdos socialmente valorizados para todos os estudantes do ano de 
escolaridade. Mas, para isso, é fundamental refletir sobre acessibilidade curricular. 
ACESSIBILIDADE CURRICULAR 
Para que haja aprendizagem e para que a educação seja inclusiva, é fundamental a acessibilidade 
curricular. Ela garante modificações nos objetivos, nas metodologias e no conteúdo das disciplinas, 
mas também na didática do professor, sobretudo em relação ao tempo e às estratégias na 
organização das avaliações. Sem acessibilidade não é possível atender às diversidades e eliminar 
as práticas excludentes na escola. 
 Foto: Shutterstock.com. 
Proporcionar uma educação para todos em termos de igualdade de direitos e oportunidades 
significa oferecer um ambiente educacional favorável às diferentes formas de aprender. Para isso, 
é preciso um Atendimento Educacional Especializado (AEE) para realizar a flexibilização da prática 
educacional para atender a todos, como, por exemplo, a atuação de professores mediadores na 
escola junto a estudantes com necessidades especiais 
PERCURSO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA APÓS A DÉCADA DE 1990 
Após a Declaração de Salamanca, em 1994, a Educação Inclusiva passou a se estruturar seguindo 
diferentes aspectos e legislações. 
POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA 
Trouxe a definição do público-alvo da Educação Especial: alunos com deficiência, transtornos 
globais do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades/superdotação. Além de especificações 
quanto à realização do atendimento no contraturno à escolarização, na própria escola ou em 
centros de Atendimento Educacional Especializado (AEE), de forma complementar ou suplementar 
(BRASIL, 2008a). É importante destacar que, até este momento, o atendimento era visto “como um 
tipo de educação que, eventualmente, poderia substituir a educação no ensino regular” (KASSAR, 
2011, p.65) 
 
5 
 
DECRETO Nº 6.571/2008 
Após a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva, houve mudanças para a 
realização do Atendimento Educacional Especializado para a sala de recursos multifuncionais da 
própria escola (onde o aluno é escolarizado) ou de outra, além de estabelecer a dupla 
contabilização pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e de 
Valorização dos Profissionaisda Educação – para o aluno matriculado na classe regular e no 
atendimento educacional especializado (BRASIL, 2008b; PLETSCH, 2010, 2014; KASSAR, 2011). 
DECRETO Nº 7611/2011 
A proposta da Política Nacional foi reafirmada, além do apoio técnico e financeiro às “instituições 
comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com atuação exclusiva na 
Educação Especial, conveniadas com o Poder Executivo competente” (BRASIL, 2011, Artigo 14°). 
NOTA TÉCNICA Nº 4 
Emitida em 2014, a nota técnica nº 4 foi considerada como um princípio de independência do 
modelo clínico, tendo em vista que seu texto ressalta a não obrigatoriedade de apresentação de 
laudo médico para a realização do atendimento educacional especializado (ARAÚJO, OLIVEIRA & 
PLETSCH, 2014). Isso é muito importante, pois sabemos que muitas instituições de ensino ficam 
aguardando o laudo para iniciar as intervenções necessárias. Portanto, frisamos que não há 
obrigatoriedade do laudo médico para o início das intervenções pedagógicas diferenciadas. 
Assim, a Educação Inclusiva é compreendida por um processo progressivo da entrada e da 
permanência do estudante com deficiência na escola comum. Mas também é necessário pensar, 
refletir e proporcionar uma formação inicial e continuada aos professores . 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
Neste bate-papo, os professores Rodrigo Rainha e Carla Marçal discutem um pouco mais sobre 
Educação Inclusiva como política educacional do Brasil. 
 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
6 
 
1. (CEFET, 2014) A PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA TRAZ COMO PREMISSA A 
PREVALÊNCIA DE UM ÚNICO SISTEMA EDUCATIVO PARA TODOS, OU SEJA, A INCLUSÃO 
DE: 
Todo e qualquer tipo de deficiência ou alta habilidade, na escola de Educação Especial. 
Todas as crianças com deficiências mentais e físicas, na escola de Educação Especial. 
Todas as crianças com deficiências ou necessidades educativas especiais, na escola regular. 
Crianças surdas e cegas na escola de Educação Especial, a partir do ensino obrigatório de Braille 
e da Língua de Sinais. 
Crianças com necessidades educativas especiais, em turmas de Educação Especial da escola 
regular. 
2. (SEPLAG, MG, 2012) A ESCOLA INCLUSIVA BASEIA-SE NA DEFESA DE PRINCÍPIOS E 
VALORES ÉTICOS, NOS IDEAIS DE CIDADANIA, JUSTIÇA E IGUALDADE PARA TODOS. 
PARA QUE SE TORNE REALIDADE, A ESCOLA PRECISA RESPONDER ÀS NECESSIDADES 
DOS ALUNOS. NESSE SENTIDO, É FUNDAMENTAL: 
Uma transformação e democratização da Educação que envolva o compromisso de pais, 
professores, especialistas, agentes do poder público e de outros atores sociais. 
Que a escola seja um espaço que receba todas as crianças indistintamente e possa se adaptar de 
tal forma que não precise de aparelhamento específico, professores especializados e nem reformas 
do espaço físico. 
Evitar discussões na sala de aula que possam evidenciar posicionamentos diferenciados, pois cada 
grupo deve garantir sua identidade podendo se defender da perda de suas características, 
mantendo-as intactas. 
Um currículo diferenciado para cada segmento da sociedade, adaptando os conteúdos escolares 
às especificidades dos alunos, sejam elas de fundo social, econômico, cultural, étnico, religioso, 
político, físico ou intelectual. 
Oferecer atendimento educacional especializado apenas se a escola tiver condições estruturais. 
GABARITO 
1. (Cefet, 2014) A perspectiva da educação inclusiva traz como premissa a prevalência de um 
único sistema educativo para todos, ou seja, a inclusão de: A alternativa "C " está correta. 
7 
 
 
 
Crianças com necessidades educativas especiais, em turmas de Educação Especial da escola 
regular. 
2. (Seplag, MG, 2012) A escola inclusiva baseia-se na defesa de princípios e valores éticos, 
nos ideais de cidadania, justiça e igualdade para todos. Para que se torne realidade, a escola 
precisa responder às necessidades dos alunos. Nesse sentido, é fundamental: 
A alternativa "A " está correta. 
Na Educação Inclusiva, as escolas precisam ser reorganizadas para atender a todos os estudantes. 
Para isso, é preciso modificar os objetivos, metodologias e estratégias de ensino. 
 
CONCLUSÃO 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Em nosso estudo, conhecemos a origem da Educação Especial desde o paradigma da segregação 
e integração à Educação Inclusiva. Dialogamos sobre a inclusão e a política educacional brasileira, 
assim como algumas práticas e estratégias inclusivas necessárias, sobretudo do ambiente escolar. 
Assim, compreendemos que a inclusão é ação política, social, educacional e, sobretudo, humana. 
Todos têm direito de aprender e se desenvolver como indivíduo em suas especificidades. 
 
 
DESCRIÇÃO 
Educação especial e a inclusão da pessoa com deficiência física: conceitos e suas inúmeras 
possibilidades. 
PROPÓSITO 
8 
 
Apresentar os conceitos da deficiência física e seus desafios na quebra de barreiras para promoção 
da verdadeira inclusão na escola, incentivando a autonomia e o protagonismo. 
OBJETIVOS 
MÓDULO 1 
Compreender conceitos e características da deficiência física 
MÓDULO 2 
Reconhecer o papel do professor e da escola na perspectiva da inclusão e nas reflexões sobre o 
capacitismo 
MÓDULO 3 
Analisar as possibilidades para o protagonismo da pessoa com deficiência física 
INTRODUÇÃO 
Antes de iniciar nosso estudo, sugerimos uma breve reflexão e um exercício prévio de memória: 
você conhece alguém com alguma deficiência? Teve algum colega no colégio com deficiência 
física? E você próprio: possui alguma deficiência? 
Abordaremos aqui assuntos relacionados à deficiência física (DF). Aprenderemos seus conceitos e 
características a partir de uma perspectiva inclusiva. E faremos isso juntos, passo a passo: 
conceitos e características, o papel do professor e da escola, voltados para uma verdadeira 
inclusão, e reflexões sobre o capacitismo, mas, principalmente, as inúmeras possibilidades do aluno 
com DF, em especial, dentro de um movimento que tem ganhado muito espaço na mídia e no 
ambiente acadêmico nos últimos anos: o esporte paralímpico. 
MÓDULO 1 
 
Compreender conceitos e características da deficiência física 
DEFINIÇÕES E CONCEITOS 
Nosso primeiro passo é conceitual. Ou seja: é importante que tenhamos conhecimento da 
conceituação técnica acerca da deficiência física para que não caiamos no senso comum, no 
equívoco; ou ainda, no preconceito. 
Mas o que é deficiência física ou motora? 
9 
 
“A alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano que acarreta o 
comprometimento da função física, com perda de função motora total ou parcial, amputação ou 
ausência de membros, paralisia cerebral (AVC), deformidades congênitas ou adquiridas, 
excepcionadas as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho 
de funções.” (MPF, 2007, p. 16). 
Um próximo passo, ainda no contexto de termos definições claras, é saber que a deficiência física 
pode ser congênita (de nascimento) ou adquirida (ocorreu durante a vida). 
CONGÊNITA 
A deficiência congênita, segundo Macedo (2008), define-se como qualquer perda ou anormalidade 
de estrutura ou função fisiológica ou anatômica, desde o nascimento, decorrente de causas 
variadas, como prematuridade, anoxia perinatal, desnutrição materna, rubéola, toxoplasmose, 
trauma de parto, exposição à radiação, uso de drogas, causas metabólicas, entre outras, muitas 
vezes sem diagnóstico fechado. 
ANOXIA PERINATAL 
Ausência ou diminuição da oxigenação. 
ADQUIRIDA 
A deficiência adquirida, segundo Teixeira e Guimarães (2006), é a perda da estrutura ou da função 
fisiológica, psicológica ou anatômica, ocorrente durante a vida, que gera a restrição para realizar 
atividades dentro da normalidade. A “incapacidade” existe em função da relação das pessoas com 
deficiência (PcD) e o seu meio ambiente, o que gera a desigualdade de condições com os demais. 
A relação cultural tem presença marcante na caracterização e estigma da PcD.É importante já destacar que, a partir da afirmação anterior, percebemos o quanto a DF não impacta 
apenas a mobilidade das pessoas, mas toda sua vida, exatamente por causa 
do estigma apontado. E isso pode se apresentar de diversos modos: a pessoa que utiliza cadeira 
de rodas, que anda com muletas ou andador, faz uso de órteses (instrumento de uso não 
permanente que permite corrigir ou alinhar uma parte do corpo) ou próteses (instrumento que 
substitui membro amputado, desempenhando suas funções) ou mesmo que não se utiliza de 
nenhum desses recursos. 
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10 
 
ESTIGMA 
“A sociedade estabelece os meios de categorizar as pessoas e o total de atributos considerados 
comuns e naturais. Assim, nós as transformamos em expectativas normativas, em exigências 
apresentadas de modo rigoroso. Quando quem está a nossa frente apresenta algum atributo que o 
torna diferente de outros, é destacado. Tal característica é um estigma, especialmente quando o 
seu efeito de descrédito é muito grande — algumas vezes ele também é considerado um defeito, 
uma fraqueza, uma desvantagem — e constitui uma discrepância específica entre a identidade 
social virtual e a identidade social real” (cf. GOFFMAN, 1981, p. 5-6). 
TIPOS E EXEMPLOS DE DF 
Há ainda diferentes tipos ou exemplos de deficiências, sejam congênitas ou adquiridas. Alguns 
autores, como Macedo (2008), assim as definem: 
PARAPLEGIA 
PARAPARESIA 
MONOPLEGIA 
MONOPARESIA 
TETRAPLEGIA 
TETRAPARESIA 
TRIPLEGIA 
TRIPARESIA 
HEMIPLEGIA 
HEMIPARESIA 
PARALISIA CEREBRAL 
PARAPLEGIA 
Paralisia total ou parcial da metade inferior do corpo, comprometendo as funções das pernas. 
PARAPARESIA 
Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores. 
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01504/index.html#collapse-steps1
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01504/index.html#collapse-steps2
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01504/index.html#collapse-steps3
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01504/index.html#collapse-steps4
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01504/index.html#collapse-steps5
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01504/index.html#collapse-steps6
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01504/index.html#collapse-steps7
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01504/index.html#collapse-steps8
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01504/index.html#collapse-steps9
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01504/index.html#collapse-steps10
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01504/index.html#collapse-steps11
11 
 
MONOPLEGIA 
Perda total das funções motoras de um só membro (que pode ser superior ou inferior). 
MONOPARESIA 
Perda parcial das funções motoras de um só membro (que pode ser superior ou inferior). 
TETRAPLEGIA 
Paralisia total ou parcial do corpo, comprometendo as funções dos braços e pernas. 
TETRAPARESIA 
Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores e superiores. 
TRIPLEGIA 
Perda total das funções motoras em três membros. 
TRIPARESIA 
Perda parcial das funções motoras em três membros. 
HEMIPLEGIA 
Perda total das funções motoras de um hemisfério do corpo (direito ou esquerdo). 
HEMIPARESIA 
Perda parcial das funções motoras de um hemisfério do corpo (direito ou esquerdo). 
PARALISIA CEREBRAL 
Comumente congênita, paralisia cerebral é um termo amplo que designa um grupo de limitações 
psicomotoras resultantes de uma lesão do sistema nervoso central. Geralmente, os portadores de 
paralisia cerebral apresentam movimentos involuntários, espasmos musculares repentinos, 
fenômeno chamado de espasticidade. A paralisia cerebral apresenta diferentes níveis de 
comprometimento, dependendo da área lesionada no cérebro. Embora haja casos de pessoas com 
paralisia cerebral e deficiência intelectual, essas duas condições não acontecem necessariamente 
ao mesmo tempo. 
Não há como catalogarmos todos os tipos de deficiência, seja por não ser o foco principal nesse 
momento do estudo ou porque são inúmeras e, até mesmo, sem classificação clara. Muitas vezes, 
elas se cruzam, interferindo umas nas outras, e não se fechando em um único diagnóstico. 
12 
 
Outro ponto relevante é o fato de que algumas deficiências adquiridas — por motivos de acidente 
de trânsito ou domésticos, entre outras fatalidades —, ainda que comprometam a funcionalidade 
de algum membro ou segmento corporal, não impactam a própria PcD, pois sua funcionalidade 
geral foi adaptada e ela consegue realizar suas atividades normalmente. Nesse aspecto, Goffman 
(1981) destaca que uma pessoa com deficiência, apesar do estigma recebido, não se identifica 
como tal. Protegida por suas crenças identitárias, sente-se como se tivesse deficiência, não se 
sentido atingida por algum tipo de fracasso em função das exigências externas. 
DEFICIÊNCIA FÍSICA NO BRASIL 
No Brasil, os dados oficiais de base populacional sobre a prevalência de deficiências foram 
coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística quando o Censo Demográfico em 2000 
foi realizado. Compare os números com a pesquisa realizada dez anos depois: 
Censo 2000 
Revelou que 14,5% da população declarou ter algum tipo de deficiência, sendo a deficiência visual 
a mais prevalente, com 48,1% dos casos. 
Censo 2010 
Os números aumentaram sensivelmente, sendo que 23,9% da população declarou apresentar 
alguma deficiência e 6,7% (17,7 milhões de brasileiros) afirmaram possuir alguma deficiência 
severa. Novamente, a deficiência visual foi a mais prevalente, com mais de 35 milhões de casos 
constatados no levantamento (região Nordeste com o maior número de casos assinalados). 
Esses números impressionam, desafiando os professores e a própria escola, para que recebam a 
PcD com amplo e livre acesso, e com condições de igualdade em todos os sentidos. Numa 
perspectiva de inclusão desse aluno: desde o momento da sua chegada, acesso à sala de aula, 
banheiros e qualquer outra dependência da escola. 
Por meio da Lei Brasileira de Inclusão — LBI (Lei 13.146/2015), também conhecida como Estatuto 
da Pessoa com Deficiência, um conjunto de normas destinadas a assegurar e promover, em 
igualdade de condições, o exercício dos direitos e liberdades fundamentais por pessoas com 
deficiência, visando à sua inclusão social e à cidadania, foram estabelecidas. Isso se refere a um 
amplo aspecto para a verdadeira possibilidade de inclusão. Contrapondo-se a legislações 
anteriores que possibilitavam segregação das PcDs, que eram deixadas de lado, ou, mesmo na 
escola, sofriam algum tipo de exclusão. 
13 
 
 SAIBA MAIS 
Vale conferir o teor integral da lei a fim de verificar legislações complementares e/ou alterações já 
realizadas: lei Nº 13.146. 
Muitas vezes, a própria família excluía a criança de diversos momentos e circunstâncias de seu 
convívio social. Após alguns anos com as chamadas escolas especiais, algumas crianças iam à 
escola, mas com a ideia de um lugar “especial” e “diferente” para sua formação, o que atinge e fere 
o princípio da igualdade e do convívio social igualitário entre as pessoas. 
UM OLHAR SOBRE NOSSA REALIDADE 
Apesar dos avanços e, principalmente, da possibilidade que existe hoje para trazer o tema à tona, 
há registros de que a realidade já foi bem diferente: indiferença, crueldade e até mesmo violência 
no pensar e agir, ao se relacionar com a PcD. Na década de 1920, o instituto de pesquisa Eugenics 
Record Office, que reunia informações biológicas e sociais sobre a população americana, traçou 
diretrizes específicas para a esterilização de pessoas com problemas. Servindo como centro de 
pesquisa sobre eugenia e hereditariedade, era modelo para medidas de esterilização na Alemanha 
nazista (GESSER; BLOCK; MELLO, 2020). Hoje, a realidade é outra. Mas isso nos ajuda a refletir 
e reforça o papel da educação, da luta pela igualdade, inclusive nas aulas: é muito importante o 
olhar atento para os alunos com característicasdiferentes; e a deficiência é cada vez mais encarada 
dessa forma. Temos alunos mais altos, outros mais baixos, mais magros, outros se locomovem em 
cima de uma cadeira de rodas, outros usam próteses ou órteses. 
 Foto: Shutterstock.com. 
Em um estudo (MELO; FERREIRA, 2009) no qual o objetivo foi verificar como as crianças com 
deficiência física são cuidadas no contexto da educação infantil, que enfatizou a percepção dos 
professores sobre a importância dos profissionais de saúde, professoras participantes 
reconheceram as particularidades de cuidar da criança com deficiência física. E se mostraram 
interessadas em adquirir esse conhecimento específico, indo em busca não só do conhecimento 
teórico, por meio da formação continuada, como também dos profissionais que atendem a essa 
criança a fim de receber orientações que facilitem o trabalho pedagógico. Ou seja, é importante 
para um melhor atendimento e acolhimento desse aluno, que seus professores saibam do que se 
trata a sua deficiência e da história daquele determinado aluno. A escola, por sua vez, tem um papel 
fundamental nessa investigação; e com um diálogo amplo e aberto com a família desse aluno. Esse 
diálogo já era apontado como essencial no PNEE: 
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14 
 
PNEE 
O decreto 10.502/20 instituiu a Política Nacional de Educação Especial (PNEE): equitativa, 
inclusiva e com aprendizado ao longo da vida, que dava plena liberdade aos pais para 
escolherem o melhor caminho de educação para seus filhos: escola regular ou adaptada à 
deficiência específica (como escola bilíngue para surdos, por exemplo). Porém, o STF referendou 
a ADI 6590/20, anulando o decreto. 
A diretriz para a implementação do Política Nacional de Educação Especial (PNEE) consiste em 
priorizar a participação do educando e de sua família no processo de decisão sobre os serviços e 
os recursos do atendimento educacional especializado, considerados o impedimento de longo 
prazo e as barreiras a serem eliminadas ou minimizadas para que ele tenha as melhores condições 
de participação na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas (Art. 6, IV). 
Tal prioridade é essencial para sanar qualquer dúvida referente ao atendimento e desenvolvimento 
da PcD. Isso apontaria uma maior preocupação para com os alunos e suas famílias, além de maior 
conhecimento sobre as necessidades e recursos durante o período em que o aluno está na escola. 
Mas como nos preparar para essa inclusão? 
É possível encontrar o início de uma resposta, a partir das pesquisas feitas na área. Como 
defendido por Da Silva e Arruda (2014), os profissionais de educação têm o desafio de oferecer 
ensino de qualidade, para que o desenvolvimento ocorra de fato, e assim promover a valorização 
da diversidade humana. 
Essa reflexão nos mostra que não podemos fazer distinção entre os alunos, inclusive em nosso 
plano de ensino. Existe a necessidade de uma mudança de pensamento e postura para que a PcD 
tenha o seu direito à educação igualitária e todos sejam inseridos nesse processo. Por isso é 
importante que, na formação de professores, esses pontos sejam levantados, abrangendo diversos 
itens: atendimento ao aluno em sala de aula, processo de aprendizagem e frequência na escola. 
A estrutura arquitetônica das escolas e sua acessibilidade é um dos pontos a se considerar também. 
Um estudo (TAGLIARI; TRÊS; OLIVEIRA, 2006) realizado nas escolas da rede pública de Passo 
Fundo (RS) teve como objetivo a análise da acessibilidade e a orientação de funcionários, alunos 
com DF e seus familiares sobre como esses alunos devem se portar no ambiente escolar. A 
pesquisa foi feita com 22 alunos com DF em 14 escolas, e o resultado não foi nada promissor, pois 
a maioria das escolas: 
15 
 
 Imagem: Shutterstock.com 
Não disponibilizavam a acessibilidade necessária para esses alunos. 
 Imagem: Shutterstock.com 
Não possuíam projetos para a eliminação de barreiras arquitetônicas e ambientais. 
Imagem: Shutterstock.com 
Não possuíam um profissional capacitado para orientar os funcionários quanto aos procedimentos 
e estratégias de inclusão dos alunos com DF e para orientá-los no ambiente escolar. 
Essa problemática não deve ser levantada apenas e por causa exclusivamente de uma lei recente 
sobre a inclusão. Deve ser algo mais amplo, que traga um compromisso social, no âmbito da 
participação cidadã. E sim, em contrapartida de um histórico excludente, como já mencionado em 
trechos anteriores deste texto. Se analisarmos nossas calçadas, acesso a lugares do cotidiano, 
como supermercados, padarias e bancos, ainda temos uma infinidade de coisas para desenvolver. 
ATENÇÃO 
A legislação se faz necessária para que se cumpram os direitos que todas as pessoas têm de ir e 
vir. E que se reforce no processo educacional que todos temos os mesmos direitos e eles devem 
ser exigidos. 
Essa construção passa pela escola e pelo exercício de convivência de professores, e alunos com 
e sem deficiência, para que nos tornemos uma sociedade mais justa. 
CONCEITUANDO DEFICIÊNCIA FÍSICA 
Vamos entender, pela ótica de uma PcD, a importância da clara utilização dos conceitos. 
 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. ESTUDAMOS NO TÓPICO DEFINIÇÕES E CONCEITOS, QUE DF CONGÊNITA É DEFINIDA 
COMO QUALQUER PERDA OU ANORMALIDADE DE ESTRUTURA OU FUNÇÃO 
FISIOLÓGICA OU ANATÔMICA DESDE O NASCIMENTO. 
16 
 
ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CONTÉM UM EXEMPLO DE DF QUE APRESENTE ESSAS 
CARACTERÍSTICAS: 
Amputação aos 22 anos por ocorrência do diabetes tipo II. 
Infecção por corte de faca no exercício profissional de cozinheiro. 
Acidente vascular cerebral (AVC) que causou perda dos movimentos do lado direito. 
Anoxia da criança ocorrida durante o parto. 
Atropelamento por moto lesando a coluna cervical. 
2. NO SUBITEM REFLEXÕES PARA A PRÁTICA, VERIFICAMOS QUE, PARA UM BOM 
ATENDIMENTO E ACOLHIMENTO DO ALUNO COM DF, SEUS PROFESSORES DEVEM 
SABER DO QUE SE TRATA A SUA DEFICIÊNCIA. 
MARQUE A ALTERNATIVA QUE SUGERE UMA BOA INDAGAÇÃO SOBRE ISSO: 
Qual a história desse aluno? 
De qual escola ele veio? 
O aluno precisa do que? 
Quando ele precisa de ajuda? 
Ele toma remédio? 
GABARITO 
1. Estudamos no tópico Definições e conceitos, que DF congênita é definida como qualquer 
perda ou anormalidade de estrutura ou função fisiológica ou anatômica desde o nascimento. 
Assinale a alternativa que contém um exemplo de DF que apresente essas características: 
A alternativa "D " está correta. 
Anoxia perinatal é um exemplo de DF congênita. As outras alternativas são exemplos de 
deficiências adquiridas durante a vida. 
2. No subitem Reflexões para a prática, verificamos que, para um bom atendimento e 
acolhimento do aluno com DF, seus professores devem saber do que se trata a sua 
deficiência. Marque a alternativa que sugere uma boa indagação sobre isso: 
A alternativa "A " está correta. 
17 
 
A escola tem um papel fundamental nessa investigação, com um diálogo amplo e aberto com a 
família desse aluno e, se possível, com algum profissional da Saúde, caso o atenda. É uma 
pergunta ampla, que pode dar um “norte” e um entendimento geral sobre a PcD, no caso, o aluno 
em questão. 
MÓDULO 2 
 
Reconhecer o papel do professor e da escola na perspectiva da inclusão e nas reflexões 
sobre o capacitismo 
PAPEL DO PROFESSOR 
Refletir sobre o papel do professor e da escola na perspectiva da inclusão torna-se essencial se 
quisermos, efetivamente, construir uma sociedade mais igualitária. Desde interrogar-se sobre como 
criar um ambiente para que o aluno com DF não seja excluído até chegar ao conceito do 
capacitismo, tudo isso é processo de inclusão. 
Em regra geral, não existe um manual de como se portar com nossos alunos dentro de uma sala 
de aula a partir do conhecimento que adquirimos em nossa formação e outro conjunto de 
conhecimentos prévios como didática. Sem desconsiderar tais conhecimentos pedagógicos, a 
experiência e oestilo individual de cada professor são as ferramentas para o desafio de um bom 
andamento das aulas. 
Quando nos deparamos com um aluno com DF, à primeira vista, pode aparecer um sentimento 
de não saber o que fazer devido à falta de experiência ou até mesmo ausência de uma formação 
específica. Portanto, é comum um sentimento de insegurança. 
Ainda há muito para se fazer, pois realmente a formação do professor nem sempre foi coerente 
para se trabalhar com a inclusão. Ao mesmo tempo, pensar uma pedagogia da diversidade é 
pensar em uma pedagogia que auxilie, de fato, o professor. As práticas pedagógicas são 
constantemente repensadas e modificadas, quando necessário, dependendo da criatividade de 
cada professor e do modo com o qual ele desenvolverá seu projeto em sala de forma a incluir a 
todos por meio de um planejamento flexível para novas adaptações. 
 SAIBA MAIS 
Um estudo que analisou a percepção de professores de educação infantil sobre a educação da 
criança deficiente na faixa etária de 3 a 6 anos (VITTA; VITTA; MONTEIRO, 2010) identificou que, 
18 
 
quanto à aprendizagem, o aluno com deficiência intelectual é o que menos se beneficia desse 
processo, enquanto o deficiente físico é o que melhor se adapta a ele. 
Atualmente, com a política de educação inclusiva assumida pelo Ministério da Educação do Brasil 
impulsionado por um movimento mundial contra os processos de exclusão, o debate sobre formas 
de atendimento ao aluno com deficiência tem-se intensificado na direção de uma pedagogia 
inclusiva, que busque atender a esses alunos nas classes comuns do ensino regular. 
Esse movimento se estende da educação infantil ao ensino superior. A inclusão deve ser exigida e 
cumprida. E o professor é parte importante desse processo. Devemos criar um ambiente facilitador 
e de entendimento para todos: lidar com naturalidade frente à diferença, incluindo, conversando e 
vendo todos os alunos da mesma forma. Fazendo com que a deficiência física realmente seja 
apenas uma característica daquela pessoa, e não a totalidade de sua identidade. O diálogo deve 
ser aberto, criando um ambiente sem barreiras, de auxílio mútuo, trazendo os demais alunos para 
a discussão e participação. 
Assim como, às vezes, um colega pode precisar de uma ajuda para colocar sua mochila, o aluno 
cadeirante pode precisar de um espaço de afastamento entre as classes para se posicionar na sala. 
Esse exemplo é uma pequena amostra do que pode ser feito de maneira simples. E isso se torna 
habitual, construindo entre os colegas um ambiente de mais harmonia e cooperação. 
Com certeza, as crianças vêm de suas casas com pensamentos, realidades e experiências 
diversas. E não irão, como em um “passe de mágica”, fazer com que tudo seja harmonizado para 
um convívio salutar e imediato. Contudo, com pequenas atitudes, diálogo, convivência, direitos 
iguais, sensibilização da turma e atividades cooperativas — e por que não algumas vezes 
competitivas, mas com igualdade de disputa —, o ambiente se torna agradável e o mais igual e 
justo possível. 
 Foto: Shutterstock.com. 
PAPEL DA ESCOLA 
O processo de inclusão deve ser algo multifatorial. Participantes desse movimento devem incluir 
desde a família, profissionais que trabalham com a PcD, a sociedade em geral, colegas e a escola 
também. 
19 
 
Num mundo ideal, teríamos calçadas adequadas, rampas de acesso em locais mais altos, 
elevadores em todos os locais necessários, ônibus adaptados, entre outros exemplos de 
acessibilidade que poderiam ser listados. 
E a escola: é um ambiente acessível? 
Voltemos à reflexão de um exercício de memória. Você lembra se no seu colégio havia um mínimo 
de acessibilidade? Havia rampas de acesso nas calçadas próximas à escola? Ou só havia escadas 
na escola? Existia algum elevador? E o banheiro, era adaptado? Nas portas de acesso era possível 
passar com uma cadeira de rodas? Você se lembra de algum colega — ou até você mesmo! — que 
tenha tido dificuldade com acessibilidade? 
Poderíamos listar mais exemplos de acessibilidade, e voltamos a lembrar: é um direito constituído. 
E nós como “seres” políticos devemos exigi-los. Apesar desse pensamento ser relativamente 
simples, na realidade muitas vezes é difícil colocá-lo em prática por causa de inúmeras dificuldades 
sociais e históricas que nos são impostas. E também por desconhecimento dos nossos direitos e 
de como podemos reivindicá-los. A escola pode ser um modelo para que esse processo se inicie, 
tornando-se um ambiente verdadeiramente acessível para a criança com DF. 
Uma pesquisa na área de arquitetura, saúde e ambiente escolar (CORREA et al., 2014) aponta que 
a inclusão escolar e social exige mudança de mentalidade, transformação nos modos de vida, 
muitas reflexões e tem a valorização da diversidade humana como princípio fundamental. Quando 
voltamos nossos olhares para a área da Educação, fica claro que sem espaços com instalações 
adequadas não pode haver trabalho educativo inclusivo. Um dos grandes problemas é a presença 
de obstáculos e barreiras arquitetônicas no meio urbano e escolar. 
A educação é um direito de todos e para que a educação inclusiva aconteça de forma satisfatória, 
é necessário extinguir barreiras, como as arquitetônicas, que dificultam a concretização das 
diretrizes estabelecidas nas leis e normas em prol da inclusão e da acessibilidade, buscando 
fundamentar a acessibilidade e sua importância no processo da inclusão. 
Como se deve imaginar, esse não é um processo simples. São necessárias muitas horas de 
dedicação em pesquisa para identificar a presença de projetos de acessibilidade que já estão 
presentes na escola — ou a falta deles — e para que propostas efetivas sejam levantadas. Em 
estudo sobre condições de acessibilidade em pré-escolas em diversas cidades do país (Natal, 
Londrina, Florianópolis e São Paulo), para que se pudesse ter confiabilidade, foi necessário, por 
exemplo, definir rotas de locomoção: 
20 
 
As oito rotas foram estabelecidas (CORREA; MANZINI, 2012, p. 02): 
 
Imagem: Elaborado por Jacqueline Constantino. 
 
A partir dessas rotas, identificou-se: 
 Tipo de bebedouro; 
 Largura das portas, portões e corredores; 
 Tipos de maçaneta; 
 Obstrução de passagem; 
21 
 
 Tipos de piso; e 
 Mudança de nível. 
Isso demonstra, em apenas um aspecto, o nível de atenção que tais pesquisas devem ter e como 
infelizmente ainda temos muito a caminhar para que a inclusão esteja efetivamente presente na 
escola. 
Nesse mesmo sentido, é importante que a escola e o professor tenham um entendimento e um 
conjunto de ações que promovam a participação igualitária do aluno com DF. É necessário que o 
professor tenha um pensamento inclusivo independentemente da disciplina que será trabalhada, e 
crie atividades nas quais os alunos com DF participem com os demais. A escola deve transformar 
o seu ambiente, tanto físico quanto de relações, para receber a PcD. Podemos reforçar com 
algumas medidas já citadas: uma rampa de acesso com padrões adequados, portas com acessos 
corretos, banheiros adaptados e demais acessos aos ambientes internos da escola pensados para 
o acesso universal. 
Em nosso estudo com a DF podemos imaginar cenários de alguns alunos cadeirantes, outros 
usando prótese em uma ou ambas as pernas. Algum aluno com má-formação de braço, ou que 
ande com o auxílio de um andador, entre inúmeros outros exemplos que poderíamos listar. 
ATENÇÃO 
Para melhorar a acessibilidade, é de suma importância que os professores e a escola criem um 
ambiente mais acessível entre alunos e todos que circulam no local. A ideia é que todos possam 
participar das atividades e transitar com iguais direitos. Refletir a respeito dessas mudanças e 
reivindicá-las faz parte de uma postura necessária e democrática, dentro de uma perspectiva 
intencional de inclusão. 
Ora, se queremos a inclusão, devemos assumir participar de um processo para que ela aconteça.Isso é construído com diálogo entre todos, e um entendimento generalizado para que possamos 
viver esse momento, fazendo parte da construção de uma sociedade mais justa e igual para todos 
de forma concreta. E a escola torna-se um ambiente propício para esse processo de desconstrução 
de barreiras e preconceitos, e construção de igualdade de direitos. 
CAPACITISMO 
Comecemos conceituando: 
22 
 
MINHA PROPOSTA É QUE, A EXEMPLO DE PORTUGAL, PASSEMOS A ADOTAR NO BRASIL 
A TRADUÇÃO DE ABLEISM PARA CAPACITISMO NA LÍNGUA PORTUGUESA, POR DUAS 
RAZÕES PRINCIPAIS: A PRIMEIRA É A DEMANDA DE URGÊNCIA PARA VISIBILIZAR UMA 
FORMA PECULIAR DE OPRESSÃO CONTRA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E, POR 
CONSEQUÊNCIA, DAR MAIOR VISIBILIDADE SOCIAL E POLÍTICA A ESSE SEGMENTO; A 
SEGUNDA É QUE, PARA DESCONSTRUIR AS FRONTEIRAS ENTRE DEFICIENTES E NÃO 
DEFICIENTES, É NECESSÁRIO EXPLORAR OS MEANDROS DA CORPONORMATIVIDADE DE 
NOSSA ESTRUTURA SOCIAL AO DAR NOME A UM TIPO DE DISCRIMINAÇÃO QUE SE 
MATERIALIZA NA FORMA DE MECANISMOS DE INTERDIÇÃO E DE CONTROLE 
BIOPOLÍTICO DE CORPOS COM BASE NA PREMISSA DA (IN)CAPACIDADE, OU SEJA, NO 
QUE AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA PODEM OU SÃO CAPAZES DE SER E FAZER. 
(MELLO, 2016, p. 02) 
O conceito aponta que o problema da cognição não se restringe a modelos teóricos. Não origina 
somente questões epistemológicas, mas também políticas. Políticas cognitivas são produzidas e 
produzem modos de estar no mundo; é um estado relacional com os outros. Enfim, todo conhecer 
traz consigo uma posição no mundo, uma atitude. 
Os elementos estruturantes do capacitismo são decorrentes do histórico de eugenia sofrido pelas 
pessoas com deficiência, das implicações da normatização e, de forma mais recente, da ofensiva 
do neoliberalismo. Estão relacionados a uma compreensão normatizada e autoritária sobre o 
padrão corporal humano, que deflagra uma crença de que corpos desviantes do padrão serão 
consequentemente insuficientes, seja diminuindo seus direitos (inclusive o direito à vida em si), seja 
de maneira conceitual e estética, na realização de alguma tarefa específica, ou na determinação de 
que essas sejam pessoas naturalmente não saudáveis. 
A inclusão social, segundo Marchesan e Carpenedo (2021), ressalta que a deficiência não está na 
pessoa, mas na sociedade, no meio em que vive. De fato, a inclusão requer um longo caminho a 
ser percorrido, tendo em vista a transformação na prática social de todos. 
Esse conceito é relativamente novo, ainda estamos num processo de melhor entendimento e até 
mesmo de definição sobre o assunto. No ambiente escolar, devemos lutar contra o capacitismo e 
derrubar o estereótipo construído no nosso imaginário e concretizado em nossa sociedade. 
A educação deve ser transformadora, e os agentes desse processo são todos os envolvidos. 
Diálogos na escola entre professores, funcionários, alunos e família se fazem necessários para que 
todos participem dessa construção de um ambiente salutar, no qual a inclusão acaba sendo algo 
naturalizado e que acontece de maneira automática, revelando a igualdade para todos. 
23 
 
 Foto: Shutterstock.com. 
CAPACITISMO E INCLUSÃO 
O conceito de capacitismo já foi superado? É o que veremos agora. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
 
1. SABEMOS, POR MEIO DA LEGISLAÇÃO ATUAL, E A PARTIR DOS ESTUDOS FEITOS NA 
ÁREA, QUE A EDUCAÇÃO É UM DIREITO DE TODOS. E PARA QUE A EDUCAÇÃO 
INCLUSIVA ACONTEÇA DE FORMA SATISFATÓRIA, É NECESSÁRIO EXTINGUIR 
BARREIRAS, COMO AS ARQUITETÔNICAS, QUE DIFICULTAM A CONCRETIZAÇÃO DAS 
DIRETRIZES ESTABELECIDAS NAS LEIS E NORMAS EM PROL DA INCLUSÃO E DA 
ACESSIBILIDADE. 
ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO APRESENTA UMA BARREIRA ARQUITETÔNICA 
REFERENTE À ESCOLA: 
Escada na frente do bar da escola, no pátio. 
Porta do banheiro, por ela não passa uma cadeira de rodas. 
No banheiro não existem barras de apoio para as mãos que auxiliam o cadeirante. 
A mesa (classe) é a de braço unilateral, nela não entra a cadeira. 
Cordão (paralelepípedo) da calçada sem rampa de acesso a dois quarteirões da escola. 
2. O CAPACITISMO SURGE COMO UM CONCEITO E REFLEXÃO RELATIVAMENTE NOVOS. 
ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA DUAS PALAVRAS RELACIONADAS À IDEIA 
DE CAPACITISMO: 
Capacidade e inclusão 
Preconceito e eugenia 
Determinação e superação 
Conquista e igualdade 
Direitos iguais e acolhimento 
GABARITO 
24 
 
1. Sabemos, por meio da legislação atual, e a partir dos estudos feitos na área, que a 
educação é um direito de todos. E para que a educação inclusiva aconteça de forma 
satisfatória, é necessário extinguir barreiras, como as arquitetônicas, que dificultam a 
concretização das diretrizes estabelecidas nas leis e normas em prol da inclusão e da 
acessibilidade. Assinale a alternativa que não apresenta uma barreira arquitetônica referente à 
escola: A alternativa "E " está correta. 
A alternativa não está relacionada diretamente ao interior da escola. 
2. O capacitismo surge como um conceito e reflexão relativamente novos. 
Assinale a alternativa que apresenta duas palavras relacionadas à ideia de capacitismo: 
A alternativa "B " está correta. 
O capacitismo reúne um conjunto de atitudes preconceituosas que hierarquizam pessoas em 
função da adequação de seus corpos a um padrão de perfeição, beleza e capacidade funcional. Os 
elementos estruturantes do capacitismo são decorrentes do histórico de eugenia sofrido pelas 
pessoas com deficiência. 
MÓDULO 3 
 
Analisar as possibilidades para o protagonismo da pessoa com deficiência física 
BREVE HISTÓRICO DO ESPORTE PARALÍMPICO 
O chamado movimento paralímpico tem ganhado grande evidência nos últimos anos. Estudaremos, 
em dois subitens, um breve histórico do esporte paralímpico para melhor contextualização e as 
paralimpíadas escolares — uma competição que tem atraído muitos estudantes do Brasil inteiro e 
tem sido um importante instrumento para a desmitificação do “coitadismo” da PcD. Nesse momento, 
as PcD mostram suas potencialidades e o protagonismo é evidenciado. E, ainda, no terceiro 
subitem, discutiremos algumas barreiras encontradas para a prática esportiva. 
É importante frisar, para um melhor entendimento e distinção, que esporte paralímpico é praticado 
por pessoas com deficiência física, visual ou intelectual. Há, ainda, organizações específicas para 
atletas com outras deficiências, como a surdolimpíadas e a special olympics. Um detalhe 
importante: as pessoas com deficiência auditiva ou surdez não participam das paralimpíadas. 
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25 
 
SURDOLIMPÍADAS 
“O esporte é algo que une a todos como sociedade, um laço que rompe as diferenças e leva todos 
a um caminho de respeito, e os surdos provaram isso com muita garra e orgulho ao longo do tempo. 
O movimento surdolímpico é o elo entre o esporte e a comunidade surda, um estandarte da 
diversidade e um marco da equidade em todos os cantos do mundo. Estar envolvido com esse 
movimento é não apenas comprometer-se com o futuro da sociedade, mas praticar o ato de empatia 
com pessoas diferentes de quem somos.” 
Fonte: surdolimpiadas2021.com.br 
SPECIAL OLYMPICS 
“A special olympics é um movimento global sem fins econômicos que, por meio de treinamento 
esportivo e competições de qualidade, melhora a vida de pessoas com diferentes capacidades 
intelectuais e, consequentemente, a vida de todas as pessoas que as cercam. A special olympics foi 
revolucionária ao permitir o treinamento e competições nacionais e internacionais para atletas com 
deficiência intelectual, abrindo a porta da participação no esporte em uma sociedade altamente 
segregada.” 
Fonte: specialolympics.org.br 
 SAIBA MAIS 
Para conhecer mais sobre o esporte paraolímpico, visite os sites da Surdolimpíadas e da Special 
Olympics. 
No período da Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, aconteceu uma evolução do desporto 
adaptado. O retorno dos soldados com deficiência motora, visual e auditiva aos seus países fezcom que os governos proporcionassem melhor qualidade de vida a esses soldados por meio do 
acesso a práticas esportivas adaptadas, amenizando, assim, os danos causados pela guerra. 
Essa história começa quando o médico e neurocirurgião judeu Ludwig Guttmann, fugindo da 
Alemanha nazista em 1944, a pedido do governo britânico, foi trabalhar no centro de reabilitação 
social dos veteranos de guerra no hospital Stoke Mandeville, em Aylesbury. Por isso, ele é 
considerado o pioneiro na reabilitação física de ex-combatentes de guerra, porque começou a 
organizar jogos entre os pacientes e esses jogos ao longo do tempo foram tomando grandes 
proporções. 
O movimento paralímpico surgiu em 1960, em Roma, na Itália. Após a nona edição dos Jogos de 
Stoke Mandeville, o diretor do centro de lesionados da Itália, Antonio Maglio, em conversa com 
26 
 
Guttmann, propôs que os jogos fossem realizados após os Jogos Olímpicos de Roma, aproveitando 
as mesmas instalações. Então, os jogos passaram a ser denominados Olimpíadas dos Portadores 
de Deficiência. Assim, aconteceu oficialmente a primeira edição dos Jogos Paralímpicos (modelo 
aproximado do que temos hoje). 
 Foto: Comitê Paralímpico Australiano / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0.Membros da 
equipe australiana marcham na cerimônia de abertura dos Jogos Paraolímpicos de Verão de 1964 
em Tóquio. 
 SAIBA MAIS 
Atualmente (CPB, 2021), 22 modalidades fazem parte do programa paralímpico dos Jogos de Verão 
(paratriatlo, paracanoagem, atletismo, goalball, natação, tênis em cadeira de rodas, voleibol 
sentado, basquete em cadeira de rodas, halterofilismo, remo, tiro com arco, bocha, futebol de 5, 
parabadminton, hipismo, ciclismo, rugby em cadeira de rodas, tiro esportivo, esgrima em cadeira 
de rodas, judô, tênis de mesa e taekwondo). 
Cada uma das modalidades tem o seu sistema de classificação funcional (esportiva) ou 
oftalmológica: uma divisão dos atletas por classes de acordo com o nível de deficiência e 
funcionalidade. Isso permite que as disputas sejam justas e equilibradas. 
PARALIMPÍADAS ESCOLARES 
A competição paralimpíadas escolares, segundo Bataglion e Mazo (2019), teve início no ano de 
2006 e, desde então, ocorre uma vez por ano, exceto no ano de 2008, congregando delegações de 
unidades federativas do Brasil para competir em diversificadas modalidades paralímpicas que são 
organizadas pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). 
Esse é o maior evento mundial para crianças com deficiência em idade escolar. Talentos do 
paradesporto brasileiro (CPB, 2021) já passaram pela competição, como os velocistas Alan 
Fonteles, ouro em Londres 2012, Verônica Hipólito, prata no Rio 2016, e Petrúcio Ferreira, 
recordista mundial nos 100m (classe T47); o nadador Talisson Glock, prata no Rio 2016; o jogador 
de goalball Leomon Moreno, prata no Jogos de Londres e bronze no Rio 2016; a mesa-tenista 
Bruna Alexandre, bronze no Rio 2016, entre outros. 
As paralimpíadas escolares abriram espaço para a construção da carreira de atletas no esporte 
paralímpico brasileiro desde a idade escolar, visto que, muitas vezes, a participação nesse evento 
é o primeiro contato de crianças e jovens com um contexto de competição esportiva. Além da 
27 
 
representação das paralimpíadas escolares como um meio de compor as futuras equipes das 
modalidades paralímpicas no país, ou, até mesmo, para a construção das carreiras de atletas com 
deficiência no esporte, vale ressaltar o seu potencial para a abertura de reflexões, discussões e 
espaços que entendam a prática do esporte como direito social dessa população, considerando a 
formação profissional para a atuação nesse âmbito em variados contextos sociais e culturais. 
 Foto: Agência Brasil Fotografias / Wikimedia Commons / CC BY 2.0.Bastidores da 
competição de Vela, nas Paralimpíadas Rio 2016. 
Geralmente, em cada estado, ocorrem torneios escolares seletivos no primeiro semestre ou meio 
do ano. Já a competição das paralimpíadas escolares costuma acontecer em novembro. E é 
interessante que os professores incentivem a participação dos alunos. O ideário de participação e 
não de competição por si só é o que rege. Alguns alunos praticam suas modalidades na escola, 
outros em clubes. Mas todos são inscritos pela escola. 
ATENÇÃO 
Incentivar a prática esportiva, música, dança e arte deve sempre acontecer com todos os alunos, 
com ou sem deficiência, porque traz uma perspectiva mais ampla na formação escolar. Em relação 
ao esporte, o aluno deve experimentar as diversas modalidades e escolher a que mais gosta e se 
identifica. 
Um importante relato (SERON; GREGUOL, 2020) sobre a educação física, o esporte paralímpico 
e a PCD, que nos faz refletir e nos coloca no lugar do outro: um aluno do ensino médio, de 18 anos, 
praticante de goalball, respondeu a algumas perguntas para um trabalho acadêmico de uma aluna 
da graduação, do curso de Educação Física. Em um dos questionamentos, que era sobre como 
ocorria a inserção nas aulas de educação física escolar, a resposta foi previsível e desanimadora! 
Mas no desenrolar da conversa algo chamou a atenção. Ao ser indagado sobre seu desejo do 
esporte paralímpico ser um conteúdo abordado nas aulas de educação física na escola, o aluno 
respondeu que considerava fundamental abordar o esporte paralímpico na escola para os alunos 
— com ou sem deficiência — saberem que todos têm possibilidade de jogar e conhecerem as 
modalidades. 
Daí a importância do profissional de educação física, por exemplo, ter Conhecimento pelo menos 
elementar acerca das paralímpiadas escolares. 
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CONHECIMENTO 
“A Paralimpíada Escolar é uma porta de entrada para jovens que sonham com uma carreira no 
paradesporto. O objetivo do CPB é incentivar desde cedo o alto-rendimento para que essas 
crianças defendam o Brasil em Mundiais e Paralimpíadas”. 
Fonte: Agência Brasil 
ATENÇÃO 
Essa troca de conhecimento exemplificada na educação física pode acontecer em qualquer 
disciplina, trazendo assuntos relacionados com a PcD e não deficientes, seja geografia, história, 
ciências, entre outras. O trabalho em conjunto das disciplinas com a educação física também pode 
ser uma boa alternativa para a participação. Aprender de forma integrada e de maneira 
interdisciplinar e multidisciplinar é uma proposta atrativa que se completa dentro de um aprendizado 
abrangendo diversos saberes. 
BARREIRAS PARA A PRÁTICA 
Em contrapartida, ainda existem muitas barreiras e falta de acessibilidade para as pessoas com 
deficiência praticarem esportes. Estatísticas recentes mostram que há mais de um bilhão de 
pessoas com deficiência em todo o mundo, com maior prevalência nos países mais pobres, e que 
essas apresentam muito menos oportunidades de se envolverem em programas esportivos quando 
comparadas àquelas sem deficiência. As principais barreiras para a prática de atividades físicas 
nessa população poderiam ser divididas das seguintes formas: 
Pessoais 
Dor, fadiga, percepção de que a atividade é difícil, e falta de conhecimento sobre as atividades. 
Ambientais 
Falta de transporte, de equipamentos adequados, de profissionais capacitados, de acessibilidade 
arquitetônica e de recursos financeiros para a prática. 
As barreiras observadas por pessoas com deficiência para a prática de esporte diferem daquelas 
normalmente exibidas pela população sem deficiência. Enquanto, para os últimos, a falta de tempo 
e de dinheiro são fatores de destaque, para as pessoas com deficiência os principais obstáculos 
dizem respeito a construções e ambientes naturais inacessíveis (falta de acessibilidade), 
dificuldades psicológicas e emocionais, falta de equipamentos apropriados para a prática, falta de 
informação e formação profissional, problemas com transporte e percepção negativa sobre a atitude 
29 
 
das demais pessoas durante a prática em ambientes inclusivos. Estudos específicos sobre barreiras 
e fatores determinantespara a prática de atividade física entre pessoas com deficiência apontam 
que essas variáveis modificam-se dependendo do tipo de deficiência analisado. 
Vale destacar outra questão: existe a mitificação social de que a prática de atividades físicas por 
crianças com deficiência é algo desnecessário ou arriscado, o que pode reforçar ainda mais a falta 
de oportunidades para o acesso aos programas existentes ou a não criação de programas 
direcionados a essa população. Entretanto, inúmeras são as vantagens que o esporte proporciona 
ao seu praticante e isso não é diferente no caso da pessoa com deficiência. Os benefícios também 
devem ser destacados: melhora da saúde, autonomia, autoestima, convívio social, transmissão de 
valores, dentre outros. 
A atividade esportiva, segundo Paes e Balbino (2005), pode ser uma possibilidade de renda e uma 
ferramenta de educação, ou simplesmente uma ocupação, uma possibilidade de fazer, participar e 
praticar algo fora da sua rotina habitual. Ficar em casa, à mercê de atividades sem muitas 
pretensões, faz com que o esporte se mostre, antes de tudo, em sua ampla significância, uma 
possibilidade de atividade social. O esporte envolve uma complexa interação entre treinadores e 
atletas, atuando em um ambiente social e cultural abrangente e multifacetado. O instrumental 
sociológico certamente pode vir a contribuir para melhor compreender a natureza das diversas 
formas de interação e organização desse universo. 
 Foto: Shutterstock.com. 
O esporte paralímpico educa a sociedade, mostrando a deficiência não como algo impeditivo, mas 
cada vez mais como uma característica individual. Ele reforça a exigência da igualdade de direitos, 
promove melhor qualidade de vida ao praticante, desenvolve suas potencialidades e, no caso do 
alto rendimento, além de uma possibilidade de renda e profissão, promove um alto nível de 
excelência esportiva. 
A integração da PcD na sociedade, seja DF ou de qualquer outra natureza, pode e deve começar 
na escola, que na maioria das vezes é o primeiro ambiente de convívio social depois de suas casas. 
Então, todo ambiente escolar alinhado e com um pensamento uniforme para que a inclusão 
realmente aconteça deve ser exercitado e praticado de forma concreta. 
30 
 
Na área escolar, assim como fora dela, a emancipação, os direitos iguais e o acesso universal da 
PcD são pontos a se considerar nos investimentos do poder público, para que consigamos uma 
organização da sociedade inclusiva. E não apenas de serviços e esforços isolados: 
COMO CONSEQUÊNCIA DESSE PROCESSO DE MUNICIPALIZAÇÃO, ALGUNS AJUSTES 
ORÇAMENTÁRIOS, ADMINISTRATIVOS, POLÍTICOS E PEDAGÓGICOS PRECISAM SER 
REALIZADOS PARA SE ALCANÇAR O IDEÁRIO DE UMA ESCOLA DEMOCRÁTICA, 
PLURALISTA E DE QUALIDADE. É IMPORTANTE PERCEBER QUE A DESCENTRALIZAÇÃO 
ADMINISTRATIVA TRAZ EM SEU BOJO O DESARRANJO DE TODA A ESTRUTURA DO 
SISTEMA EDUCACIONAL, NO QUE SE REFERE AOS ASPECTOS DE GERENCIAMENTO, 
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO. 
(OLIVEIRA; LEITE, 2007, p. 2) 
Assim sendo, políticas públicas devem ser incentivadas e exigidas para a construção de uma 
sociedade inclusiva. A inserção da PcD — seja ela deficiente físico, auditivo, visual, intelectual ou 
outro — deve vir também do Estado (poder público), que precisa criar condições e investir para a 
transformação da nossa sociedade, construindo diálogos permanentes para que todos sejam 
ouvidos. 
A FAMÍLIA E O PROTAGONISMO DA PCD 
Vamos entender que papel tem a família como suporte fundamental à PcD. 
 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. NA SEÇÃO BREVE HISTÓRICO DO ESPORTE PARALÍMPICO, ESTUDAMOS QUE O 
MOVIMENTO PARALÍMPICO TEM SUAS ORIGENS NO PERÍODO DA SEGUNDA GUERRA 
MUNDIAL. O DR. GUTTMANN TEVE UM PAPEL MARCANTE NESSE PROCESSO. 
MARQUE A ALTERNATIVA QUE MOSTRE A AÇÃO DO MÉDICO DENTRO DA PERSPECTIVA 
DO ESPORTE PARALÍMPICO: 
Organizou uma peça de teatro para os lesados da guerra. 
Realizou muitas cirurgias e manteve seus pacientes em repouso para recuperação. 
Usou o esporte como meio de reabilitação e organizou jogos para os pacientes. 
Repouso e meditação eram as receitas do médico judeu. 
Incentivou o uso de medicamentos com função psíquica para melhor recuperação. 
31 
 
2. NO TÓPICO PARALIMPÍADAS ESCOLARES, VERIFICAMOS QUE INCENTIVAR A PRÁTICA 
ESPORTIVA, MÚSICA, DANÇA E ARTE DEVE SEMPRE ACONTECER COM TODOS OS 
ALUNOS, SEJA COM OU SEM DEFICIÊNCIA. EM RELAÇÃO AO ESPORTE, O ALUNO DEVE 
EXPERIMENTAR AS DIVERSAS MODALIDADES E ESCOLHER A QUE MAIS GOSTA E SE 
IDENTIFICA. 
MARQUE POR QUE O PROFESSOR DEVE PROCURAR TER ESSA POSTURA PARA: 
A PcD se tornar um atleta paralímpico. 
A PcD tornar-se um ator. 
Focar um conteúdo específico. 
Trazer uma perspectiva mais ampla na formação escolar. 
Focar as disciplinas de artes e educação física. 
GABARITO 
1. Na seção Breve histórico do esporte paralímpico, estudamos que o movimento 
paralímpico tem suas origens no período da Segunda Guerra Mundial. O dr. Guttmann teve 
um papel marcante nesse processo. 
Marque a alternativa que mostre a ação do médico dentro da perspectiva do esporte paralímpico: 
A alternativa "C " está correta. 
O dr. Guttmann é reconhecido pela grande contribuição ao esporte paralímpico por acreditar na 
reabilitação física e social por meio do esporte. 
2. No tópico Paralimpíadas escolares, verificamos que incentivar a prática esportiva, música, 
dança e arte deve sempre acontecer com todos os alunos, seja com ou sem deficiência. Em 
relação ao esporte, o aluno deve experimentar as diversas modalidades e escolher a que 
mais gosta e se identifica. Marque por que o professor deve procurar ter essa postura para: 
A alternativa "D " está correta. 
Além dos conteúdos, a formação se dá por diversas possibilidades de saberes e conhecimento, 
incentivando a formação ampla, não apenas e exclusivamente voltada ao conteúdo, o que nos 
remete a um pensamento crítico. 
CONCLUSÃO 
32 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Apesar de nossa breve jornada neste estudo, acreditamos que foi possível perceber, entre outros, 
dois importantes aspectos: em primeiro lugar, a importância de termos clareza acerca dos conceitos 
que envolvem a deficiência física, e o quanto isso é necessário para romper posturas 
preconceituosas; e em segundo, o quanto a escola é protagonista nesse processo de inclusão. Não 
somente no ambiente escolar, mas também para além dele. O elemento fundamental é a percepção 
da necessidade de ofertar possibilidades para o protagonismo da pessoa com deficiência física, 
como o exemplo do esporte paralímpico, assim como reconhecer as barreiras encontradas para 
essa prática, visando superá-las. 
Dentro de uma intenção democrática e não excludente para esse tipo de abordagem, a palavra 
inclusão está cada vez mais em evidência. Cabe a nós, professores, contribuirmos para que esse 
movimento realmente aconteça, o que podemos fazer por meio de nossas aulas e em conjunto com 
todo o ambiente escolar. 
 
Inclusão de Transtornos Globais do Desenvolvimento na Educação 
 
DESCRIÇÃO 
A compreensão dos transtornos mentais mais evidentes no processo de educação inclusiva. 
PROPÓSITO 
Reconhecer aspectos e necessidades de pessoas com transtornos mentais é importante para que 
a equipe pedagógica possa incluir os alunos por meio de práticas pedagógicas adequadas. O 
objetivo é promover a qualidade de sua inclusão social e garantir os direitos constitucionais e sua 
dignidade humana. 
OBJETIVOS 
MÓDULO 1 
Reconhecer aspectos dos transtornos mentais e seu impacto na educação. 
MÓDULO 2 
Listar os principais transtornos e os aspectos de sua inclusão na educação. 
33 
 
MÓDULO 3 
Caracterizar os transtornos do neurodesenvolvimento, reconhecendo a importância das práticas 
pedagógicas na educação de alunos com transtorno do espectro autista (TEA). 
INTRODUÇÃO 
Como fazer a inclusão de alguém com um transtorno mental? 
Você está precisando urgentemente se surpreender, descobrir que os velhos preconceitos,se ainda 
não foram, devem ser superados. 
A perspectiva inclusiva para aqueles que necessitam de cuidados específicos de sua saúde mental 
deve servir de reflexão para todos nós. 
Mas a melhor forma de entender esse tema é repensar seus olhares e, como educador, aprender 
os caminhos para a inclusão. 
TRANSTORNOS, EDUCAÇÃO E INCLUSÃO 
Vamos conhecer um pouco mais do assunto e ficar em sintonia com a questão conversando com a 
professora Nelma Pintor. 
 
MÓDULO 1 
 
Reconhecer alguns aspectos dos transtornos mentais e seu impacto na educação 
FRAGMENTOS DA SAÚDE MENTAL NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE 
 Imagem: FlickreviewR 2/Wikimedia commons/CC BY-SA 2.0 Transparência, por 
Francis Picabia. 
Em toda a história da humanidade as diferenças entre os homens foram utilizadas como condição 
para categorizá-los e agrupá-los, inaugurando os procedimentos de inclusão e exclusão social. 
Na Grécia Antiga, era valorizado o corpo são e a força do homem para lutar nos exércitos reais. 
Aqueles que se apresentavam fracos de corpo e mente ou eram exterminados ou serviam de bobos 
da Corte nos festejos dos reis. Em sua mitologia, há referências acerca das forças e fraquezas dos 
34 
 
deuses e deusas, bem como das fraquezas dos humanos; os deuses e deusas podiam habitar o 
Olimpo e aos humanos cabia viver na terra. 
Na Antiguidade, os indivíduos deformados, malformados ou insanos eram tidos como possuídos 
pelo demônio, alvo de bruxarias e feitiçarias. A história da loucura, um dos focos dos estudos e 
pesquisas de Foucault (1984), mostra o louco como alvo de obsessão por suas condutas mórbidas 
e perversões sobrenaturais. 
Nos hospitais da Idade Média, os loucos eram aprisionados e acorrentados, ou mesmo enjaulados, 
como no Hospital Geral de Bicêtre e em La Salpêtrière, na França, no século XVII. “A exclusão a 
que são condenados está na razão direta desta incapacidade e indica o aparecimento no mundo 
moderno de um corte que não existia antes” (FOUCAULT, 1984, p. 79). 
Uma separação com uma segregação no espaço social dos considerados sãos e dos considerados 
insanos. Reconhecer a loucura é reconhecer a doença; cada cultura será mais ou menos tolerante 
com a doença mental. 
 Imagem: Snotty/Wikimedia commons/Domínio Público No Hospício, gravura de William 
Hogarth (1735). 
Com a evolução da psiquiatria, a psicopatologia, “o ramo da patologia que estuda a descrição, a 
classificação e os mecanismos de evolução das psicopatias, ou seja, dos transtornos mentais” 
(FACION, 2002, p. 11), assume a centralidade dos estudos. Segundo o autor, ao longo do tempo o 
assunto teve muitas terminologias – doença, distúrbios, perturbações, transtornos –, cada uma 
descrevendo diferentes abordagens conceituais por seus autores, e também servindo para 
classificar os indivíduos por suas semelhanças e diferenças. 
A loucura se expandiu dos séculos XVIII, XIX e XX até os nossos dias sendo associada com a 
criminalidade, os defeitos morais e as questões religiosas, antes de ser entendida como uma 
questão médica e enquadrada nos estudos de doença mental e passar a ser tratada do ponto de 
vista psicológico. 
Foi a partir do século XIX que os médicos começaram a compreender que a doença se 
caracterizava por “desvios” em relação à normalidade. Segundo Hegenberg (1998), o doente era o 
indivíduo que se afasta do normal. Ou seja, forças psicológicas também seriam capazes de 
35 
 
provocar importantes alterações orgânicas. Surge, assim, o realce em relação à questão da saúde 
mental. 
 Foto: Cavarrone/Wikimedia commons/CC BY-SA 3.0 Franco Basaglia em 1969. 
Diante do crescimento do contingente dos mais diferentes tipos de indivíduos nos asilos e hospitais, 
surge, com Francis Galton (1822-1911), a eugenia, um estudo que visava ao controle social para 
a melhoria da raça das futuras gerações. Esse movimento, de acordo com Facion (2002), gerou a 
adesão de muitos psiquiatras interessados no estudo da saúde mental. 
Outros movimentos psiquiátricos se seguiram dando origem ao movimento 
da desinstitucionalização psiquiátrica, cujo mais eloquente foi o liderado por Franco 
Basaglia (1924-1980), na Itália, conhecido como psiquiatria democrática, e que influenciou de 
forma ativa os adeptos da psiquiatria no Brasil no século XX. 
ALGUMAS ABORDAGENS HISTÓRICAS DA PSICOPATOLOGIA NO BRASIL 
 Imagem: Esalq/Wikimedia commons/Domínio Público Hospício D Pedro II por volta de 
1860. 
Antes do Brasil colônia não há relatos sobre o tratamento dos “loucos”, segundo Facion (2002). 
Importa destacar que, com a colonização, todo trabalho era executado pela mão de obra 
escravizada, enquanto o “homem livre” considerava qualquer ocupação como forma de indignidade 
e atividade preconceituosa. 
A assistência aos doentes mentais começou a emergir no Brasil no final do século XVIII e início do 
XIX. Os hospitais da Irmandade da Santa Casa, por exemplo, prestavam acolhimento àqueles com 
poder aquisitivo, pessoas importantes. Aos mais pobres restavam os cuidados por curandeiros, 
charlatães, e mesmo os missionários da Companhia de Jesus (MIRANDA-SÁ JÚNIOR, 2007). 
A fundação do primeiro hospício psiquiátrico no Brasil ocorreu em 1852, o Hospício Dom Pedro II. 
Quando o médico psiquiatra baiano Juliano Moreira assume a direção do Hospício Nacional do Rio 
de Janeiro, em 1903, também é promulgada a primeira lei federal de assistência aos alienados 
(FACION, 2002), tendo início o desenvolvimento da psiquiatria no Brasil. 
Durante as décadas de 1920 e 1930, acompanhando o crescimento das camadas sociais 
desfavorecidas, houve também o crescimento de instituições para alienados mentais e anormais 
de todo gênero. O atendimento era precário, atestado pelo alto índice de mortalidade e pelas 
36 
 
denúncias de maus-tratos por parte dos médicos higienistas. A vadiagem passou a ser considerada 
característica da loucura. Em uma sociedade pouco organizada, era precária a assistência aos 
doentes e muito menos aos considerados loucos. 
Durante o período da ditadura militar, de 1964 a 1987, o número e o tempo de internações 
aumentaram, resultando em instalação e cronificação das doenças mentais. 
As violações dos direitos humanos passaram a ser questionados a partir da promulgação da anistia 
política, em 1979, promovendo um ambiente propício para a formulação da Reforma Psiquiátrica, 
que culminou com a implantação da desinstitucionalização psiquiátrica. Tal movimento foi 
consolidado pela Lei nº 10.216/2001, que “Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas 
portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo de assistência em saúde mental”. 
 Imagem: Centro Cultural Ministério da Saúde/CCS.saude.gov.br/Domínio 
Público Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais, comparado por Franco Basaglia aos 
campos de concentração nazistas, após uma visita em 1979. 
EDUCAÇÃO E SAÚDE MENTAL DA INFÂNCIA NO BRASIL 
 In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 
2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10811/arthur-bispo-do-rosario>. 
Acesso em: 03 de Mai. 2021. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 Manto de 
Apresentação, de Arthur Bispo do Rosário. 
Até o século XIX não havia a organização e estruturação de cuidados e de atenção específicos 
para a saúde mental infantil no Brasil. A primeira iniciativa de intervenção ocorreu com a criação do 
Hospício Dom Pedro II, em 1852, na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. 
 In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 
2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra25217/vinte-e-um-veleiros>. 
Acesso em: 03 de Mai. 2021. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 VINTE e Um 
Veleiros, de Arthur Bispo do Rosário. 
Anexo a esse hospício os médicos Juliano Moreira e Fernandes Figueira fundaram o Pavilhão 
Bourneville, criado com o objetivo de tratar e de educar os pequenos alienadosque viviam nas 
piores condições de degradação em meio aos adultos loucos que se encontravam internados na 
Praia Vermelha. O pavilhão atendia crianças oriundas de classes sociais desfavorecidas. “Não 
37 
 
havia ainda estudos específicos sobre as doenças mentais infantis nem uma classificação que 
diferenciasse as formas e manifestações da morbidade no adulto e na criança” (RIBEIRO, 2006, p. 
33). O Pavilhão Bourneville teve funcionamento de 1904 até 1942, quando “passou ao Hospital 
Neuropsiquiátrico Infantil, nos terrenos da antiga colônia de Gustavo Riedel, em Engenho de 
Dentro” (JANNUZZI, 2004, p. 37). Importa destacar que em 1923 o psiquiatra Gustavo Riedel 
fundou a Liga Brasileira de Higiene Mental, cujo objetivo era prestar assistência aos doentes 
mentais (FACION, 2002). 
A educação da infância com transtornos mentais e com deficiência no Brasil teve forte influência 
dos pensamentos oriundos dos intelectuais franceses, que desde o século XVII já haviam criado 
instituições especializadas para a surdez, a cegueira e o retardo mental. Foram fortes as influências 
destes profissionais: 
Clique nas setas para ver o conteúdo. Objeto com interação. 
 Foto: Wiki05/Wikimedia commons/Domínio Público 
Do pedagogo Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) em sua escola em Yverdon, que acolhia 
crianças pobres e órfãs, criando o método Pestalozzi de educação; 
 Johann Heinrich Pestalozzi. 
 Foto: Pataki Márta/Wikimedia commons/Domínio Público 
Do médico Jean Marc Gaspard Itard (1774-1838), que tratou da educação do “menino selvagem” 
Victor de Aveyron, iniciando uma proposta pedagógica de educação especial para deficiência 
mental; 
 Jean Itard. 
 Foto: Cientista material/Wikimedia commons/Domínio Público 
Do médico e educador Édouard Séguin (1812-1880), seguidor de Itard, preocupado com a 
educação de crianças com deficiência intelectual; 
 Désiré-Magloire Bourneville. 
 Foto: Cientista material/Wikimedia commons/Domínio Público 
38 
 
E do médico Desiré-Magloire Bourneville (1840-1909), que trabalhou com as condições de 
instrução para crianças com deficiência mental; entre outros (FACION, 2002; JANNUZZI, 2004). 
 Désiré-Magloire Bourneville. 
As primeiras décadas do século XX foram promissoras no surgimento de diferentes estudos e de 
obras referentes ao cuidado e interesse sobre a infância, citadas por Facion (2002), Jannuzzi (2004) 
e Ribeiro (2006): 
Em 1900, a monografia de Carlos Eiras, Tratamento dos idiotas, destina-se ao estudo da deficiência 
mental ou idiotia; 
 
Em 1903, Juliano Moreira e Antônio Fernandes Figueira inauguram o Pavilhão Bourneville, anexo 
ao Hospital Psiquiátrico para Crianças com Insanidades Mentais; 
 
Em 1913, Basílide de Magalhães publicou o Tratamento e educação das crianças 
anormais designação utilizada à época; 
 
Em 1917, Vieira de Mello publicou Débeis mentais na escola pública; 
 
Em 1920, Clemente Quaglio tem uma série de estudos publicados sobre psicologia infantil; 
 
Em 1921, Franco da Rocha criou em São Paulo o primeiro pavilhão infantil no Hospital do Juqueri, 
dirigido por Vicente Batista; 
 
Em 1925, em Recife (PE), Ulysses Pernambucano criou vários serviços para o atendimento ao 
doente mental, entre eles o Instituto de Psicologia; 
 
39 
 
Em 1929, em Minas Gerais, a psicóloga russa Helena Antipoff implanta o Laboratório de Psicologia 
da Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico, onde realiza pesquisas sobre o desenvolvimento 
mental de crianças; 
 
Em 1929, foi criada a Escola de Aperfeiçoamento de Belo Horizonte, que contou com a participação 
de três educadores europeus: Theorore Simon, Artur Perrelet e Léon Walter; 
 
Em 1932, a Associação Pestalozzi e, em 1935, o Instituto Pestalozzi foram criados por Helena 
Antipoff para o atendimento de crianças com qualquer deficiência ou distúrbio mental; 
 
Em 1933, foi criada no Rio de Janeiro a Seção de Ortofrenia e Higiene Mental do Departamento de 
Educação do Distrito Federal, cuja direção foi atribuída ao médico alagoano e grande entusiasta da 
psicanálise Arthur Ramos, considerado precursor da psicanálise da criança no Brasil; 
 
Em 1938, foi criada a Clínica de Orientação Infantil do Departamento de Educação do Estado de 
São Paulo sob a coordenação de Durval Marcondes, discípulo de Franco da Rocha e adepto da 
psicanálise, que teve por finalidade promover assistência ao escolar deficitário; 
 
Na década de 1940, Stanislau Krynski e seus estudos contribuíram para a criação da Associação 
de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de São Paulo; 
 
Em 1942, no Rio de Janeiro, foi inaugurado o Hospital Neuropsiquiátrico da Infância, no bairro do 
Engenho de Dentro; 
 
Em 1953, foi criada a Clínica de Orientação Infantil vinculada ao Instituto de Psiquiatria da 
Faculdade Nacional de Medicina da então Universidade do Brasil; 
 
40 
 
Em 1956, em São Paulo, o pediatra Pedro de Alcântara Marcondes Machado criou o Serviço de 
Higiene Mental e Psiquiatria Infantil no Hospital das Clínicas; 
 
Em 1963, em Porto Alegre, foi criada a Unidade de Psiquiatria Infantil do Hospital São Pedro, que 
ficou sob a responsabilidade de Emília Farias e Beatriz Piccoli, esta última psicanalista da 
Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre; 
 
Em 1965, em Porto Alegre, foi fundada a Comunidade Terapêutica de Crianças Léo Kanner, 
capitaneada por Luiz Carlos Osório, primeira instituição do gênero criada no Brasil com a finalidade 
de atender crianças autistas, psicóticas, neuróticas graves e casos de distúrbios de conduta; 
 
Em 1967, foi fundada, por iniciativa de Stanislau Krynski e Antônio Lefévre, a Associação Brasileira 
de Neuropsiquiatria Infantil (ABENEPI). A associação surge como um elemento integrador de forma 
a congregar várias ações que vinham sendo desenvolvidas de maneira isolada em diferentes 
contextos no país. 
Do ponto de vista político-social, a psiquiatria infantil busca se estruturar e consolidar amparada 
pelos movimentos demandados pela sociedade a fim de garantir o atendimento de crianças com 
transtornos mentais, sobretudo prioritariamente para as camadas sociais mais vulneráveis e 
empobrecidas da população. 
Os médicos psiquiátricos, mesmo burlando as barreiras ideológicas impetradas pelo golpe militar 
que instituiu a ditadura no país e que se estendeu de 1964 até os anos finais da década de 1970, 
conseguem difundir as novas concepções científicas da área e criar instituições e associações em 
diversos estados da federação. 
Ao final da década de 1970, o movimento de redemocratização do país começa a difundir os ideais 
da Reforma Psiquiátrica almejada por grupos majoritários que pretendiam a abolição do modelo de 
institucionalização dos doentes mentais, defendendo a extinção dos aprisionamentos e maus-tratos 
dos internos nos manicômios psiquiátricos. 
O movimento tem como filosofia os princípios declarados na luta antimanicomial proferidos pelo 
médico psiquiatra italiano Franco Basaglia e a promulgação da Lei nº 180, de sua autoria, na Itália. 
41 
 
No Brasil, o movimento é fortalecido com a inauguração do Movimento de Trabalhadores em 
Saúde Mental, em 1978, seguido da criação do Movimento Antimanicomial, cujo ápice é a 
aprovação da Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001. 
A promulgação da Constituição Brasileira de 1988 é considerada um marco sem precedentes na 
história do país, ancorada no resgate dos direitos civis individuais e coletivos da população e, em 
face disso, tem sido denominada Constituição Cidadã. Todos os dispositivos infraconstitucionais 
buscaram referendar os direitos humanos nela estabelecidos, como os direitos à educação e à 
saúde. 
Desde essa época, o caminho tem sido o de “construção de um novo ‘lugar social’ para as pessoas 
em sofrimento mental ” (AMARANTE, 2007, p. 12). A promulgação da Lei nº 10.216/2001 no Brasil, 
provavelmente, enquanto Estado membro da Organização Mundial da Saúde (OMS), atendeu às 
solicitações contidas na

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