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Introdução ao NT I

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INTRODUÇÃO AO NOVO 
TESTAMENTO I
O Nome "Novo Testamento" vem do latim "Novum
Testamentum", tradução do grego HE KAINE DIATHEKE = "A
Nova Aliança". O conceito de Aliança vem do Velho
Testamento, quando Deus toma a iniciativa de fazer uma
Aliança (berith = concerto, pacto) com um povo escolhido -
o judeu. Como toda a aliança, esta tem também condições:
o povo devia obediência, temor e adoração a Yahweh; o
povo não conseguiu cumprir a sua parte no acordo,
fazendo-se necessária uma nova aliança, a Nova Aliança, ou
Novo Testamento, tendo em vista a redenção do homem e a
instalação e confirmação do domínio de Deus sobre a
criatura decaída, definitivamente. Esta Aliança, descrita e
citada principalmente em Jr 31.33, tem sua confirmação nas
palavras e atos de Jesus, segundo Lc 22.20.
CONTEÚDO
"O conteúdo do Novo Testamento consiste na
revelação deste novo pacto por meio das palavras
escritas de Jesus Cristo e dos seus seguidores."
(Tenney). Basicamente narra a vida de Jesus Cristo,
desde o seu nascimento até sua morte e
ressurreição, continuando a narrar o nascimento e
expansão da igreja de Cristo, abordando vários
problemas surgidos no decorrer dos anos, não se
limitando a fatos terrenos, mas explorando com
propriedade fatos divinos, que por vezes
transcendem à nossa compreensão.
Não parando aí, tem em seus escritos proféticos
representantes legais da transcendência dos próprios
escritos históricos, abordando num contexto de
perseguição e injúria, aspectos futurísticos de nossa
crença, mostrando fidelidade e misericórdia de Deus
para com o homem que insiste em lhe ser infiel. Dá ao
homem a descrição histórica e a interpretação da vida,
morte e ressurreição de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
Apresenta ao homem a oportunidade de se redimir de
sua condição de pecador através da fé naquele que foi,
é e há de ser!
COMPOSIÇÃO: É composto por 27 livros que se dividem:
1. Divisão natural:
a) Os 4 Evangelhos;
b) O Livro de Atos dos Apóstolos;
c) 21 cartas escritas pelos apóstolos ou "homens
apostólicos",
d) O Livro de Apocalipse.
2. Caráter literário:
a) Livros históricos: Os 4 Evangelhos e Atos.
b) Livros doutrinários: Rm, 1-2 Co, Gl, Ef, Fp, Cl, 1-2 Ts, Hb,
Tg, 1-2 Pe, Jd, 1 Jo.
c) Livros pessoais: 1-2 Tm, Tt, Fl, 2-3 Jo
d) Livro profético: Apocalipse.
3. Segundo os autores:
São 27 livros de 9 autores diferentes, a não ser que se
considere Hebreus como sendo de Paulo (então 8).
Todos os autores são judeus, com exceção de Lucas.
Mateus, Pedro e João faziam parte do corpo
apostólico; Marcos, Judas e Tiago eram bastante
conhecidos e trabalhavam na Igreja Primitiva; Lucas e
Paulo mantiveram contato com os apóstolos
podendo conferir seus escritos.
A palavra KANON do hebraico "qâneh" = vara ou régua
usada para manter algo em linha reta. Os clássicos gregos
= regra, norma ou padrão. Paulo usa Kanon em Gl 6.16
como regra moral ou lei moral; e em 2 Co 10.13-16 como
a esfera de ação demarcada por Deus. Na patrística toma
o sentido de "canon eclesiástico" = cânon da igreja, regras
de doutrina e prática. Somente no Século IV a patrística
aplica o termo às Escrituras se referindo a ela como
escritos aprovados pela igreja. Na luta contra os pagãos e
hereges, a igreja produz a lista de escritos ou dos livros
aceitos como inspirados e do modo como estão escritos.
Os livros do Velho Testamento eram chamados
"canônicos" porque eram considerados padrão de
conduta!
DEFINIÇÃO
"Cânon é o corpo de escritos havidos por únicos
possuídos de autoridade normativa para a fé cristã,
em contraste com escritos que não o são, ainda que
contemporâneos.” (Bittencourt, B.P.).
CRITÉRIO CANÔNICO
Para fazer face à controvérsia com hereges e descrentes,
foram adotados alguns critérios de seleção:
1. Apostolicidade: era necessário ter sido escrito por um
dos apóstolos ou ter a sua aprovação (imprimatur). Os
evangelhos deveriam manter o padrão apostólico de
doutrinas, em especial o que dizia respeito à
encarnação. Deveria ser um evangelho completo e não
apenas porção de um.
2. A Circulação e Uso do Livro: muitas vezes a
identificação apostólica era difícil. Mas o uso do livro
no decorrer do tempo lhe atribuía autoridade e
recebia o "imprimatur" da sociedade cristã universal.
3. O Caráter Concreto do Livro: muitos escritos,
apesar de não contrariarem padrões ortodoxos, eram
meras ficções, como p.ex.: "Atos de Paulo e Tecla".
4. Ortodoxia: deveriam seguir o que Paulo chama de
"padrão de doutrina” (Rm 6.17), "padrão de sãs
palavras" (2 Tm 1.13) ou "depósito" (1 Tm 6.20).
5. Autoridade Diferenciadora: mesmo antes de serem
mencionados juntos, alguns recebiam a mesma
autoridade dos escritos do Antigo Testamento, como
p.ex. quando Barnabé em sua epistola (c. 130) usa
Gegraptai para citar Mateus.
6. A Leitura em Público: havia escritos que eram
aconselháveis para a leitura em particular, e
outros, que recebiam autoridade para serem
lidos em público, p. Ex. Vd. 1 Tm 4.13.
O cânon foi fixado como o conhecemos hoje
apenas no Séc IV. No oriente o ponto definitivo foi
a Trigésima Nona carta pascal de Atanásio (367
d.C.), onde encontramos pela primeira vez os 27
livros reunidos como os conhecemos hoje. No
ocidente, foi fixado por decisão do Concílio de
Cartago, em 397 d.C., quando o "Cânon
Atanasiano" foi definitivamente aceito.
O MUNDO POLÍTICO
Já temos conhecimento da história do povo de Israel
desde o chamado de Abraão até o exílio Babilônico. Este
período que compreende cerca de 1250 anos da história
da humanidade, é, sem dúvida, o período mais conhecido
pelos historiadores - mesmo os que estudam a história
universal. Todos os povos registram fartamente a odisséia
de seus heróis, o que nos proporcionou conhecermos
diferentes meios de Deus agir para fazer cumprir Sua
vontade em relação a Seu próprio povo.
No entanto, há uma época na história do povo
de Deus, especificamente, que praticamente
não foi registrada: é o período que
denominamos "Período Intertestamentário".
Trata-se do período compreendido entre o final
do livro de Malaquias e o começo da história
narrada nos Evangelhos. Neste período, de
alguma forma, Deus retira o foco das atenções
da Palestina e nos mostra como Ele prepara o
mundo para a vinda do Messias.
O Período Intertestamentário.
Por várias e múltiplas razões será necessário considerar
mais detalhadamente o período que precede o
nascimento de Jesus. Ainda que os estudantes tenham
uma idéia geral dos acontecimentos da história do Antigo
Testamento, muito poucos sabem algo a respeito dos
importantes eventos ocorridos durante a época
intertestamentária, devido em primeiro lugar a que estes
não estão relatados em nossas Bíblias. No entanto, este
período tem um significado especial ao estudante. Houve,
entre os judeus, modificações tão profundas nas áreas
política, econômica, social e religiosa que aquele que
desconhecer estes fatos não é capaz de entender o Novo
Testamento.
A Bíblia não diz nada acerca dos eventos ocorridos
durante estes 400 anos. Estas informações nos são
providas pelos autores seculares como Josefo e os
livros Apócrifos. A história da Pérsia, Grécia e
Roma também oferece muito material sobre o
período.
Divisões do Período
A história entre os dois Testamentos se divide em
quatro partes, que consideraremos seguindo sua
ordem cronológica. (1) Império Persa, 538 (400) -
332 a.C.; (2) Império Grego, 332 -167 a.C.; (3)
independência Hebréia, 167- 63a.C.; (4) Império
Romano, 63 a.C. - 70 d.C
Os Judeus sob o Domínio dos Persas
Não é necessário detalhar a história da Pérsia, nem como
conquistou o domínio sobre os judeus ao dominar a
Babilônia no ano de 538 a.C. Os judeus, sendo cativos da
Babilônia foram subjugados pelos persas, por Ciro, o
Grande. Sob Ciro e os governantes que lhe seguiram, os
judeus obtiveram muitos privilégios e favores. Ciro lhes
prometeu que voltariam a sua terra de origem e lhes
assistiu completamente na empresa. Os judeus foram
tratados imparcialmente pelos governantes persas, tanto
em seu território como na Palestina. Naturalmente não
eram livres,mas enquanto reconheciam a supremacia
persa e observavam as leis que a governavam, não foram
molestados e nem se abusou deles.
Quando termina o Antigo Testamento no ano de 400
a.C. aproximadamente, o povo judeu de Judá ainda
estava sob o domínio persa. Este continuou, sem
queixa aparente por parte dos judeus, até que o
poder persa passou a diminuir para terminar
finalmente com as conquistas de Alexandre, o
Grande, da Grécia.
Ascensão da Grécia ao Poder
Os gregos, que deveriam afetar tão profundamente o
transcurso da história, emergiam como nação vários
séculos antes de Alexandre, o Grande, ocuparam as
margens sudeste da Europa e algumas ilhas do Mar
Egeu, território que ainda pertence à Grécia sob o
nome de Ilhas de Peloponeso. A menção da palavra
Grécia traz à mente alguns dos gestos memoráveis
dessa raça notável. Destacaram-se em quase todos os
aspectos da atividade humana. A antiga Atenas era o
centro intelectual na época que precedeu o
cristianismo. Ali as artes floresceram e alcançaram os
mais altos cimos.
Desenvolveram o idioma mais eficiente do mundo.
Sua contribuição no campo da filosofia, literatura,
escultura, arquitetura e outras artes livres nunca foi
igualada por ninguém. Deram ao mundo homens
como Tucídides, Aristarco, Xenofonte, Sócrates,
Platão, Aristóteles, Diógenes, Alexandro, Demóstenes
e muitos outros. No século Quarto antes de Cristo
sua cultura foi levada por apóstolos cheios de zelo
até mesmo ao oriente.
Os Judeus sob Alexandre
Durante toda a sua campanha militar, Alexandre pareceu
ser parcial e favoreceu aos judeus. Admirava suas
excelentes qualidades e lhes concedeu os privilégios de
cidadania em Alexandria e em outras cidades. Parece
que, enquanto viveu Alexandre, os judeus nunca foram
vítimas de discriminação. Não duvidamos de que ele
insistiu para que aceitassem a filosofia helênica, ainda
que em nenhum lugar se diga que os obrigara a renunciar
sua fé. No entanto, depois de sua morte, os judeus
conheceram a época de maiores sofrimentos em toda
sua longa história.
Quando Alexandre morreu no ano de 323 a.C. não havia
nenhum homem suficientemente capacitado para
suceder-lhe e manter o vasto império que havia
conquistado. Seu reino se dividiu no ano de 323 a.C.,
entre quatro de seus generais que eram Ptolomeu,
Lisímaco, Cassandro e Seleuco. Estas divisões se
chamam normalmente: a ocidental, ou grega; a do
norte, ou Armênia; a oriental, ou Síria; e a do sul, ou
egípcia. A Síria, governada por Seleuco, era fronteiriça
com a Palestina pelo norte. A do sul, ou egípcia, estava
sob Ptolomeu e fazia fronteira com os judeus pela parte
sul de seu pequeno país. Na realidade, os judeus
estavam entre duas forças e eram pretendidos pelos
seleucidas e pelos ptolomeus.
Pouco tempo depois da divisão do reino de Alexandre, a
Palestina caiu em poder dos ptolomeus do Egito.
Ptolomeu Sotero era o mandatário e o príncipe foi muito
severo em seu trato com os judeus. No entanto, chegou a
apreciar suas boas qualidades e foi cordato com eles. A
numerosos judeus concedeu lugares de autoridade e
privilégio. Sotero foi sucedido por Filadelfo, que também
lhes teve em estima. Este foi um governante muito capaz,
e foi o responsável direto de muitas obras. Construiu o
famoso farol de Alexandria na boca do Nilo. Mais
importante ainda foi a grande biblioteca e o museu que
fundou em Alexandria, importante centro de cultura no
Mediterrâneo durante séculos, e que foi queimado pelos
muçulmanos no Século VII d.C..
O Significado do Helenismo
Com o objetivo de poder apreciar realmente o
problema com que os judeus tiveram que se
enfrentar nesta época, o estudante deve
compreender algo sobre o que significa o helenismo
(a filosofia dos gregos), pois o enfrentavam a cada
momento. O helenismo era uma forma de vida
radicalmente distinta da dos judeus e de qualquer
pessoa oriental.
Não é de admirar que depois das conquistas de
Alexandre, o grego ganhou o mundo em pouco tempo.
As formas e costumes de vida eram completamente
diferentes das orientais. Seus vestidos eram
chamativos e faustuosos, e levavam mantos e gorros
largos. Sua ênfase ao estilo próprio e a atenção que
davam à apresentação pessoal era considerado frívolo
e perverso pelos judeus.
Toda classe de prazer era desejável além de lícita. A vida
deve ser desfrutada hoje porque pode ser que amanhã
não possamos. A religião e, de forma particular o que
concerne à vida futura, tinha pouco lugar em sua forma de
pensar. O problema que os judeus tiveram que enfrentar
enquanto estavam sob o jugo dos gregos foi o seguinte:
podiam aceitar o helenismo e ficar fiéis à religião de seus
pais ao mesmo tempo? Alguns criam que era possível,
ainda que muito poucos o aceitassem abertamente. A
grande maioria pensava que não poderiam ser helenistas
sem trair a sua fé, e deveriam resistir a esse paganismo até
à morte se fosse necessário.
Os Judeus sob os Seleucidas
Os seleucidas e ptolomeus estavam frequentemente
envolvidos em guerras, e o vencedor das batalhas quase
sempre estava inseguro. Apenas 25 anos depois da morte
de Alexandre, Jerusalém já havia trocado de mãos sete
vezes. Durante os 125 anos (323 - 198 a.C.) que os
ptolomeus dominaram a palestina, houveram tantas
guerras que não se pôde estabelecer seu números com
exatidão. Finalmente, em 198 a.C., na batalha de Bânias,
os ptolomeus foram derrotados pelos seleucidas,
assumiram o governo desse pequeno país que havia sido
oprimido por tanto tempo por seus vizinhos do norte.
Assim os judeus se viram sujeitos ao domínio de outra
raça de conquistadores. Antíoco III, chamado o Grande
(223 - 187 a.C.), era o governador do reino seleucida
quando a Palestina foi tomada dos ptolomeus em 198
a.C... Nada aconteceu de importante em seu reinado.
Os tempos difíceis para os judeus vieram com Antíoco
Epífanes, o sucessor de Seleuco IV.
Antíoco Epífanes
Antíoco IV, neto de Antíoco o Grande, teve dois
sobrenomes. Por era conhecido por "Epífanes"
(ilustre) e por outros "Epímares” (estúpido). Ambos
tem sua razão de ser, devido a que, em muitos
aspectos, era um governante lúcido, e em outros se
comportava como um verdadeiro cretino. Era um
apaixonado devoto do helenismo e a sua ambição foi
a de introduzir esta filosofia, ainda que pela força
das armas, na vida de todos os seus súditos. Por isso
os judeus passaram um dos períodos mais críticos de
sua história.
Pouco depois de assumir o trono Antíoco Epífanes
teve problemas com os judeus de Jerusalém porque
nomeou um sumo-sacerdote que eles não aceitavam.
O mesmo aconteceu mais tarde de novo, e trouxe
como resultado um relacionamento arredio entre o rei
e seus vassalos. No ano 169 a.C. Antíoco se
encontrava lutando no Egito quando chegou o informe
a Jerusalém de que ele havia sido morto. Os judeus
celebraram a notícia em seguida, mas logo foram
informados de que a notícia era infundada. Quando
Antíoco voltou a Jerusalém, descarregou sua vingança
sobre a cidade e saqueou o templo.
A desordem e a amargura apenas aumentaram.
Antíoco se dedicou pessoalmente, e com zelo fanático,
a subjugar os judeus severamente. Alguns de
Jerusalém, que haviam aceitado o helenismo, foram
convencidos pelo rei a se unir aos esforços de
convencer os demais. Muitos judeus ortodoxos foram
presos; 40 mil mortos e outros tantos vendidos como
escravos. Um pouco mais tarde, enviou emissários a
todas as sinagogas, onde se reuniram em dia de
sábado, e mataram milhares de homens, mulheres e
crianças.
Antíoco determinou destruir o culto a Jeová. O
templo foi tomado à força e anulou todas as festas.
Aos judeus proibiu de lerem as escrituras, observar os
sábados e celebrar o rito da circuncisão. Duas
mulheres que desafiaram o edito e mandaram
circuncidar seus filhos, foram detidas e, com os filhos
atados no colo, conduzidas até um despenhadeiro
perto dos muros e ali lançadas para a morte. Para
demonstrar o desprezo pela fé dos judeus, sacrificou
uma porca no altar de ofertas, cozinhou a carne e
derramou o caldo sobre as paredes do edifício.
Mandou construir um altar ao deusgrego Zeus no
átrio do templo.
Estas profanações foram a causa principal da revolta
dos judeus. A princípio sua resistência foi passiva, mas
mais tarde, já desesperados, a oposição chegou a ser
como uma chama acesa. O ilustre Antíoco subestimou
a devoção que os judeus tinham por sua fé. As
circunstâncias pareciam demonstrar que não havia
possibilidade de que sua causa se recuperasse, ainda
que não fosse este o caso. Sem que imaginassem se
encontravam no umbral de uma das épocas mais
gloriosas de sua história como nação.
A Dinastia Macabéia
Uma das famílias mais notáveis e aptas para governar,
ao longo de toda história da raça judia foi a dos
macabeus. O pai desta família era um ancião
sacerdote que vivia num pequeno povoado chamado
Modim, situado ao oeste de Jerusalém, perto da
planície filistéia. Tinha cinco filhos, João, Simão,
Judas, Eleazar e Jonatan. Ele liderou uma revolta e sua
família se viu a frente do governo do povo hebreu. Às
vezes se chama a família de Asmoneus, título
derivado de um de seus antepassados, ainda que o
nome mais frequente para denominar-lhes seja
macabeus.
Matatias em Modin
Durante os dias mais acirrados da perseguição de
Antíoco (167 a.C.), teve lugar em Modin um
acontecimento que fez estourar uma revolução. Uns
emissários do rei apareceram por lá para por à prova
a lealdade do povo ao rei. Edificaram um altar a Zeus
e ordenaram a Matatias e seus filhos, como cidadãos
destacados, que oferecessem sacrifício ao deus
pagão, prometendo-lhes uma grande recompensa e o
favor do rei. O velho sacerdote não quis obedecer.
Quando, na presença de todos, um jovem judeu se
aproximou para oferecer sacrifício no altar de Modin,
Matatias se indignou até se estremecer e, não
podendo conter sua ira degolou o jovem e ao enviado
do rei, além de destruir o altar. Dando conta de seu
ato, Matatias fez um grande chamamento para que
todos os judeus leais se unissem a ele. Ele e seus cinco
filhos, com um bom número de partidários, fugiram
para as montanhas para declarar guerra aberta a
Antíoco.
Uma vez tomado este passo arriscado, grandes grupos
de judeus se animaram e se uniram à causa, recrutando,
assim, um grande exército. O trabalho de dirigir o
levante era muito pesado para o ancião, e, dentre seus
cincos filhos, escolheu Judas para continuar a rebelião.
O novo líder se adaptou admiravelmente bem em tão
difícil empreitada. Era intrépido e valente, além de hábil
estrategista que aparecia e desaparecia rapidamente. A
geografia do país lhe era familiar. Conhecia os acidentes,
as montanhas e cavernas.
Façanhas de Judas Macabeu
É impossível, neste capítulo, dar detalhes sobre as
guerras havidas contra Seleuco. Mencionaremos
brevemente quatro batalhas. O general Apolônico foi
enviado para sufocar a rebelião comandada por Judas.
Em algum lugar perto de Samaria, Judas saiu ao encontro
do general Sírio, lhe derrotou, matou e se apoderou dos
despojos provendo-se do material necessário. Depois, o
chefe do exército do rei da Síria, chamado Serão, foi a
Palestina com um exército e se propôs a entrar em
Jerusalém pelo vale de Bet-Horon. Ali lhe esperava Judas
que destruiu a quase todos seus inimigos no vale e
conseguiu um imenso despojo.
A terceira tentativa de derrotar Judas foi conduzida
por três generais, cujas forças juntas somavam 50
mil homens. Ao sul de Mispá, Judas com um exército
de apenas 6 mil homens, tomando a iniciativa,
infligiu-lhes uma derrota espantosa. O quarto
exército a lutar contra Judas foi comandado por
Lísias como comandante em chefe. Suas forças
somavam 60 mil homens. Judas atacou ao norte de
Hebrom com 12 mil homens e os derrotou. Os sírios
se retiraram e decidiram não voltar à carga até
depois da morte de Antíoco Epífanes, que ocorreu
dois ou três anos mais tarde.
A Adoração é Restaurada
Judas Macabeu, aproveitando a ausência dos sírios,
entrou com suas forças em Jerusalém e limpou os átrios
do templo. Choravam enquanto viam a profanação e os
restos que estavam diante de seus olhos. Destruíram
todos os altares pagãos e destruíram seus deuses;
levantaram um altar a Jeová repararam o templo e
puseram a cidade em ordem. No dia 25 de dezembro de
165 a.C. voltaram a dedicar o templo ao culto a Deus.
Esta ocasião foi sempre recordada como a "festa da
dedicação" (João 10.22).
Depois Judas procedeu a guerra contra vários povos
vizinhos que simpatizavam com os sírios. Derrotou os
edomitas no sul, capturando mais tarde a Hebrom e
também afastou os filisteus. Cruzou o Jordão para
derrotar os amonitas, e foi pelo oeste até as portas de
Damasco. Com o fim das campanhas de guerra, chegou
a conquistar a maior parte da Palestina.
Independência Judaica
Antíoco Epífanes morreu de uma doença
repugnante, respirando ameaças de morte contra
seus inimigos, os judeus. Lísias voltou à Palestina
com um exército fabuloso composto por 100 mil
homens de infantaria, 20 mil cavalos e 32 elefantes
adestrados para a guerra. Judas dando-se conta de
que suas forças eram muito inferiores, decidiu evitar
o confronto direto e se retirou para Jerusalém para
defender-se.
Lísias sitiou a cidade com o propósito de aniquilar
definitivamente a Judas, mas foi informado de
que havia problemas sérios em Antioquia, e se
retirou. No entanto, antes de partir fez um acordo
com Judas pelo que se garantia a liberdade
religiosa aos judeus. Judas havia conseguido o
que Matatias havia suplicado em oração a Deus.
Os judeus podiam, agora, adorar a Jeová sem
serem molestados, ainda que politicamente não
fossem livres.
Os helenistas não estavam de acordo com o trato e
começaram novos conflitos. O valente Judas se viu
obrigado a lutar de novo com os siros e morreu no
campo de batalha em 161 a.C. Mesmo em assombrosa
diferença de forças, havia salvado seu povo e sua
religião do maior dos perigos. Seu nome estava
eternizado, e nem mesmo o fato do traidor de Jesus
ter o mesmo nome, apagou sua glória.
Fariseus e Saduceus
Durante o período que estamos estudando, os fariseus
e saduceus emergiam como as duas seitas religiosas
mais importantes. Ambas se opunham em quase tudo,
e a rivalidade era tão acentuada que por vezes tomou
timbres amargos. Os patriotas que haviam estado ao
lado de Judas Macabeu desejam tão profundamente a
liberdade religiosa que poderiam dar a vida por ela. A
estes se conhecia com o nome de Hasidim. Assim que
conseguiram a liberdade religiosa, deixaram de lutar,
pois não tinham ambições políticas. Foi deste grupo
que surgiram os fariseus.
O outro grupo (saduceus) era formado por alguns
judeus que aceitavam o helenismo e criam que
podiam aceitá-lo, e ao mesmo tempo,
permanecer fiéis à fé de seus pais. Eles
pertenciam, em sua maioria, à classe aristocrática
e, ainda que não fosse um grupo tão numeroso
quanto os fariseus, tinham muita influência nos
assuntos nacionais.
O antagonismo destes dois grupos foi tão grande, que
conseguiu destruir o reinado macabeu e hipotecar a
liberdade política dos judeus. João Hircano morreu em
105 a.C. e seu sucessor foi Aristóbulo I, que governou
apenas um ano. A ele sucedeu Alexandre Janeu, que
viveu até 78 a.C.. Esses dois últimos governos eram
saduceus. Janeu foi um homem vicioso e muito severo
em seu relacionamento com os fariseus. Quando
morreu lhe sucedeu sua esposa, Alexandra, que era
fariséia. Durante seu governo, os fariseus tratavam os
saduceus sem misericórdia.
Quando Alexandra morreu, em 69 a.C., eclodiu uma
guerra civil entre os partidários de seus dois filhos,
Hircano II e Aristóbulo II. Esta triste luta durou 6
anos, e nenhum dois conseguiu ganhar a batalha que
definisse a guerra. O general romano Pompeu entrou
em cena, e com o seu surgimento o período de
liberdade dos judeus chegou ao fim.
O Império Romano
No ano de 63 a.C., com a conquista da Síria,
Pompeu esperou até ver o desenvolvimento dos
acontecimentos na Palestina. Na Palestina se
desdobrava a guerra civil entre os partidários de
Hircano II e Aristóbulo II. Cada um deles, vendo que
era impossível ter êxito sem ajuda externa, e
dando-se conta de que Pompeu estavaprestes a
invadir a Palestina, resolveram apelar ao general
romano. Cada um apresentou seu caso a Pompeu
oferecendo-lhe seus recursos e pedindo ajuda.
Esta era a ocasião propícia que Pompeu desejava, e
pediu tempo para resolver a questão. Finalmente
anunciou suas preferências por Hircano, e Aristóbulo
apressou para defender Jerusalém ante o iminente
ataque de Pompeu. Depois de três meses de sitiou,
Pompeu dominou a cidade, prendeu Aristóbulo e o
enviou como prisioneiro a Roma junto com alguns de
seus partidários. Quando o general romano tomou a
Jerusalém horrorizou os judeus, pois entrou no lugar
santíssimo e profanou os objetos sagrados que havia no
lugar de culto. Havendo se livrado de Aristóbulo,
nomeou Hircano rei-sem-coroa da Palestina. Também
impôs enormes tributos anuais a serem pagos a Roma.
Era o final da independência judia.
Os seguintes 50 anos foram anos cheios de
intrigas, batalhas sangrentas e mudanças. Apesar
disso, o imperador romano, César também
mostrou uma atitude muito benevolente para com
os judeus, não somente os residentes na Palestina,
como também para com os espalhados pelo
Império lhes concedendo concedeu favores
especiais, entre os quais deve destacar-se a total
liberdade religiosa (único povo a ter essa
liberdade).
Herodes o Grande
Herodes, filho de Antípater, nasceu em 74 a.C. e
morreu em 4 d.C., ou seja, pouco depois do
nascimento de Cristo. Em sua carreira política e de
governo representou como nenhum outro o Império
romano em suas relações com os judeus. Era um
governador hábil, que fez muito por sua nação, ainda
que os judeus o odiassem intensamente. Em seus
momentos de candura parecia demonstrar que
desejava ajudar os judeus e que queria seu bem
estar. A maior obra que fez em seu favor foi a
reconstrução do templo. Esperava que com esse
generoso gesto, os judeus fossem se aproximar
amigavelmente dele, mas fracassou em seu intento.
Os historiadores contam que seus últimos dias
foram horrorosos. Atacado por uma enfermidade
suja, seu leito de morte era um montão de
podridão pastosa. Padeceu de sofrimentos
indescritíveis, talvez menos torturadores que a
memória dos crimes cometidos e a aversão que
sentiam todos quantos lhe conheciam. Morreu
no ano de 4 a.C..
O Nascimento de Jesus
Um pouco antes da morte de Herodes tiveram lugar
acontecimentos transcendentais desconhecidos por
muitos. Haviam sido 400 anos de silêncio. Deus havia
falado outra vez aos fiéis de seu povo. O anjo Gabriel
havia anunciado a uma serva de Nazaré a vinda do
Messias o verdadeiro Rei do judeus. Enquanto Herodes
se encontrava em seu palácio de Jerusalém no leito de
morto, Maria deu a luz a seu filho primogênito num
humilde estábulo em Belém. Este recém nascido era
Jesus Cristo, Rei dos judeus
O MUNDO DA ÉPOCA
A Influência do Helenismo: com o advento de
Alexandre e causou sérios problemas como vimos
nos antecedentes históricos, mas como o estado
judaico era parte do Império romano, estava sujeito
a influência do helenismo em Roma. Os romanos
adotaram a maioria dos ensinamentos gregos, tendo
inclusive escravos professores. O idioma do Império
era "grego koiné", dialeto do grego original e
clássico, mas acessível a toda população. Para os
judeus a língua oficial era o aramaico embora o
hebraico antigo fosse falado nas sinagogas.
Percebe-se também a transliteração de termos
militares do latim na literatura rabínica da época. Os
nomes usados eram gregos: Filipe e André; Os jogos
gregos eram muitos usados. A planície marítima fora
praticamente tomada por gentios com suas práticas e
costumes pagãos; mesmo na Galiléia, Peréia e Judéia
havia muitos gentios. Apesar da grande influência do
helenismo, as bases morais do judaísmo resistiram:
caráter distintivo
Padrões Morais
Para a maioria dos historiadores, o padrão é baixo! A
base para se saber se o nível moral é bom, é Romanos
1.18; 3.20, onde Paulo trata do padrão moral do
Império e dos hebreus em relação a isso! HAVIA
DECADÊNCIA MORAL: A vida humana em pouca conta:
assassinatos frequentes; divórcio fácil e bem aceito na
sociedade; enjeitamento de criancinhas era comum;
superstições e falsidades de toda a natureza;
corrupção política; devassidão; fraude no comércio:
dolo; superstição religiosa; tudo isto tornava a vida em
Roma desanimadora para a maioria e insuportável
para alguns.
Na época de Jesus o sistema de trocas (moedas)
permitia permutas corriqueiras. Várias moedas eram
usadas: peças de bronze e moedas de prata, dracma
grega, asse e denários romanos, a mina e o souz
fenícios. Equivalências utilizadas
Denário = 1 dia de serviço trabalho rural
1 denário = 16 asses, ou 64 quadrantes, ou 128 leptes
1 ciclo de prata = 4 denários = 4 dracmas = 2 didracmas
1 libra = 40 denários = 10 ciclos
1 mina = 100 denários
1 talento = 6.000 denários
Havia muito comércio, principalmente nos grandes
centros como Jerusalém. Cada produtor vendia ali seu
produto; havia a fiscalização, a assembléia local para
controlar os preços e medidas; vendedores ambulantes;
artesãos e lojistas com barracas na rua de sua profissão.
Em Jerusalém, muitos mercados: o de gado (consumo e
sacrifício); o de cereais; frutas e legumes; madeira;
escravos, também vendidos no mercado. Jerusalém
grande centro comercial, mas também mais caro; pouca
água, pouca matéria prima e montanhas = transporte
difícil; havia especulação principalmente animais de
sacrifício que chegavam a ser 100% mais caros que o
preço do mercado.
O MUNDO RELIGIOSO
O cristianismo não se desenvolveu num mundo
destituído de religião. Pelo contrário, a busca do homem
em descobrir e querer determinar as coisas, seu medo
em relação aos mistérios da vida, proporcionou, em
todas as épocas, o surgimento de religiões e crenças por
vezes muito diversas entre si. Deuses de povos
conquistados muitas vezes se misturavam com os dos
conquistadores; filosofias e teorias eram divulgados e
difundidos, e ganhavam adeptos. Nos tempos de Jesus,
havia uma série de religiões que se opuseram ao avanço
do cristianismo, que tinham suas origens desde o remoto
oriente até a capital, Roma. Destacaremos cinco.
O Panteão Greco-Romano
No começo de sua história a religião de Roma era
basicamente animista. Cada agricultor, cada
aristocrata tinha um deus para si, ou vários,
dependendo do que se quisesse: deus da chuva,
da terra, da água, da plantação, da colheita etc.
Com as conquistas, principalmente sobre o império
grego, a religião romana incorporou o panteão
grego com seus semideuses e deuses, tratando
apenas de identificá-los com os nomes dos deuses
romanos.
Deus Grego Deus Romano Atribuição
ZEUS JÚPITER DEUS DOS CÉUS
HERA JUNO ESPOSA DE ZEUS
POSIDEON NEPTUNO DEUS DO MAR
HADES PLUTÃO DEUS DOS INFERNOS
À medida que a situação evoluísse novos deuses
surgiam, novos templos eram construídos, novos
cultos iniciados com novos adeptos. A religião se
baseava num deus local, sendo-lhe atribuída a
defesa da localidade. Com as conquistas, muitos
deuses locais perderam seus adoradores porque era
um deus fraco!
Com o surgimento do movimento filosófico em grande
escala, o panteão perdeu muitos adeptos em vista da
imoralidade de seus deuses, que, segundo filósofos,
eram um mau exemplo para a juventude. Logicamente
que toda a ação desencadeia uma reação, e os
adoradores radicais surgiam. Exemplos: temos em At 19
quando Paulo suscitou a ira dos adoradores de Diana em
Éfeso, deusa da castidade, a princípio e depois das forças
produtivas da natureza. Um grande exemplo do
politeísmo reinante é o incidente de At 17, quando Paulo
se depara com o monumento “ao Deus desconhecido”.
Em Corinto se adorava Afrodite, deusa do amor e da
beleza.
O Culto ao Imperador
Não foi imposto no princípio, surgiu naturalmente
dadas as muitas atribuições dos imperadores.
Sendo responsável pela vida de todos, passou-se
lhe atribuir aspectos da divindade. Os seleucidas e
Ptolomeu tinham elevado seus monarcas à posição
de divindades; como mostram seus nomes: kyrios
(Senhor), Soter (Salvador), Epiphanes (divindade
manifesta). Em Roma asatribuições sobre-humanas
dos imperadores fizeram com que o senado lhes
divinizasse depois da morte (Augustus).
As Religiões de Mistério
Desenvolveram-se a partir da necessidade que o homem
tinha de manter um relacionamento mais direto com a
divindade. Os rituais de adoração aos deuses não
satisfaziam. Com o advento da filosofia, surge também o
pensamento “individualista". O choque entre os deuses
locais e a percepção da limitação territorial desses
deuses, fez o homem perceber que os deuses que ele
havia criado eram maiores apenas em poder, mas não em
moral. Em certo ponto, a despeito de todos os enganos, a
filosofia abriu os olhos dos homens à uma busca de si
mesmo e de uma divindade que de alguma forma
pudesse salvar-lhe a alma. O deus não poderia ser local;
teria de ser universal.
As filosofias de Platão, por exemplo, trouxeram um
pequeno vislumbre à crença de um Deus único e
verdadeiro. A confusão e desesperança tomava conta
do homem que passou então à busca desse deus,
fazendo romarias as seus templos de predileção,
oferecendo presentes caros, com sacrifício, na
esperança de alcançar alguma graça, favor do deus. Em
parte os pregadores estóicos foram os precursores dos
pregadores cristãos, pois tentavam responder à
questão que o homem mais fazia: "senhores que
faremos para ser salvos?". Para Angus, "eles foram
vozes que clamaram no deserto do paganismo,
preparando o caminho do Senhor"!
As religiões de mistério resolviam parte do
problema, porque supostamente colocavam o
indivíduo em contato com a divindade - comunhão.
Composta por mitos e lendas mágicas que eram
conhecidas apenas aos que mantinham um
compromisso com a religião, ofereciam deuses
interessados na prosperidade pessoal e na salvação
da alma! As religiões de mistério podem ser divididas
em 2 tipos: religiões gregas de mistério e religiões
orientais de mistério.
A diferença entre os dois é que a primeira tem seus
fundamentos no panteão grego, e a segunda baseia-se
nos cultos de vários deuses de diversos países do
oriente. Dos 2 tipos, o que mais influência tinha era o
das religiões orientais de mistérios; havia vários tipos: o
culto a Isis e Osíris - deuses mitológicos do Egito; o
culto a Átis e Cibele - deuses da Frigia; o culto a Ishtar e
Tammuz - da Babilônia; o culto a Adônis e Afrodite -
Chipre e Biblos; Mitraismo - Deus Mitra - Irã.
Existem várias semelhanças entre estas religiões. Todas
elas diferiam nos pormenores, mas eram semelhantes
no geral. Todas: a) Criam num deus que havia morrido e
ressuscitado; b) Ritual de fórmulas e purificações,
representando experiências com o deus; quem
participasse era candidato à imortalidade (ritos
mágicos); c) Fraternidade: escravo-senhor, rico-pobre;
d) satisfazia o desejo da imortalidade; e) saída à
emoção - experiência religiosa extremamente pessoal;
f) eram politeístas com moral voltada ao sensualismo.
Apesar de serem fortes rivais do cristianismo,
desapareceram até o Séc. V, sendo que o cristianismo
prevaleceu. Mas não há dúvidas que as religiões de
mistério foram também uma porta ao cristianismo.
Semelhante à todas as religiões de
mistério, a adoração e culto,
caracteriza-se pela busca da
manipulação dos poderes não
compreensíveis do Universo, mas
perceptíveis de modo vago. Confiança na magia;
augúrios e predições do futuro pelo exame de
entranhas de animais mortos; observação do vôo
das aves; exorcismo. O povo judeu entrou em
contato com estas práticas no exílio (At 8.9-24; 13.6-
11). Veja também At 19.19 - os pagãos também
praticavam. Era proibido pela lei (Dt 18.10-12; Mq
5.12; 1 Co 10.20,21). Havia fórmulas mágicas para
expulsar demônios.
Havia também a astrologia, que surgiu na Babilônia, onde
o céu noturno era propenso à observação das estrelas; o
seu movimento passou a ser relacionado com a vida
primeiro dos monarcas, depois da pessoa comum
também. O céu foi mapeado e através disso passou-se a
determinar caráter e até o futuro das pessoas. Com o
Heliocentrismo de Copérnico, a astrologia decaiu em
importância, mas nos tempos de Jesus era bastante
usado (vd. Magos do oriente, p.ex.). As principais
filosofias da época de Jesus foram:
platonismo, gnosticismo, estoicismo,
epicurismo, cinismo. Estas eram as
principais correntes filosóficas nos tempos
de Jesus.
A VIDA DE JESUS
O Sobrenatural nos Evangelhos
O estudante ficará impressionado ao ver as frequentes
menções de feitos milagrosos nos Evangelhos. O Novo
Testamento começa com relatos sobrenaturais, e os
Evangelhos acabam com o relato da ressurreição e
ascensão de Jesus. Uma e outra vez os escritores
narram estes acontecimentos com uma naturalidade
que faz com que sejam parte integrante da narrativa.
Uma pergunta se impõe: "Podemos aceitar os feitos
como autênticos?" Ocorreram estes milagres?
Devemos atentar para 2 fatos:
a) Os relatos de feitos sobrenaturais são parte
natural e integrante dos Evangelhos. Não se pode
simplesmente tirá-los do relato;
b) O que realmente envolve toda a questão é
nosso conceito sobre Deus e sobre Jesus. Devemos
considerar se Jesus é um mero resultado da
evolução do homem.
Esta distinção é importante sob todos os pontos de
vista. Se Jesus é simplesmente um homem que veio
dar-nos sua opinião sobre Deus, é um personagem
interessante que nos oferece uma valiosa ajuda no
tocante a bons exemplos, mas nunca um salvador do
pecado que deva ser nosso objeto de adoração. Mas,
sim, como cremos e sabemos, é o Filho de Deus que
morreu na cruz pelos pecados do mundo, não há
dúvidas de que Deus podia manifestar-se de forma
pouco comum na vida, morte e ressurreição de
Jesus.
A Pré-existência de Cristo
Todos sabemos que a vida de Jesus não começou
com o seu nascimento em Belém. É certo que seu
nascimento foi o princípio de sua vida como homem,
mas sua existência como Filho de Deus remonta ao
princípio dos tempos. Esta verdade é declarada de
modo simples no Evangelho de João (leia João 1.1-4).
Segundo João, as raízes da vida de Jesus remotam à
eternidade. Declara-se ser Ele Filho de Deus, igual a Deus
e com poder para criar. Estava com Deus; quando chegou
a "plenitude dos tempos", se fez carne e habitou entre os
homens. Sua encarnação é descrita por Paulo: (leia
Filipenses 2.5-8).
O grande milagre do nascimento de Jesus é a
encarnação; Deus fazendo-se carne habitou entre os
homens. Talvez não consigamos compreendê-lo, mas
podemos crê-lo. "Veio para o que era seu, mas os
seus não O receberam" (Jo 1.11). O Cristo eterno
nasceu como qualquer outra criança em Belém e
viveu entre os homens durante 33 anos. Este
pequeno arco no círculo da eternidade é descrito às
vezes como "os dias da carne". Nestes dias revelou a
Deus e fez com que os homens o compreendessem.
Cronologia de Sua vida
Os orientais não tinham a consciência do tempo que
nós, ocidentais, temos hoje. Ao escrever a biografia
de um personagem, ordenamos todos os detalhes de
sua vida em ordem cronológica, mas os escritores
dos Evangelhos não fizeram assim com o relato da
vida de Jesus. É óbvio que são cronológicos
enquanto começam com o nascimento e terminam
com sua morte e ressurreição, mas não se
preocupam muito em ordenar os detalhes de sua
vida seguindo a pauta em que ocorrem os feitos;
interessavam-lhes os assuntos mais importantes.
Portanto, um acerto cronológico da vida de Jesus
só é possível com os fatos mais óbvios, como o
nascimento, infância, batismo, morte e
ressurreição. Segundo nos relata todo o Novo
Testamento, o nascimento de Jesus foi algo
sobrenatural e cercado de eventos sobrenaturais:
a)) As Anunciações: (Lc 1.5-72; Mt 1.18-25). O anjo
Gabriel fez 3 anunciações: a Zacarias, o Sacerdote;
a Maria em Nazaré; a José.
São manifestações transcendentais que rompem um
silêncio de 400 anos! Lc 1.5-25: Zacarias era sacerdote
do turno de Abias. Por ano, havia 24 turnos de 2
semanas cada. O privilégio de queimar incenso
acontecia só uma vez na vida = nasce João, o Batista!
Lc 1.26-38: Não se sabe muito sobre Maria e José. Ele
era carpinteiro, morava em Nazaré da Galiléia.
Provavelmente classe média.A concepção de Maria
causa problemas: o noivado era levado muito a sério.
É necessário uma nova anunciação a José (Mt 1.18-
25).
Obs: Lucas escreve do ponto de vista de Maria;
Mateus escreve do ponto de vista de José = por isso
também diferença nas genealogias: um apresenta
Jesus como herdeiro de Abraão e legítimo Rei
descendente de Davi; outro apresenta Cristo como
herdeiro de Adão, sendo por conclusão, herdeiro
direto de Deus!
Em Lucas 2.8-20, registra-se outra anunciação,
agora aos pastores de ovelhas. Mt 2.1-12: a visita
dos reis magos do oriente: não se sabe quem
eram; não se sabe de onde vieram; não se sabe
quantos eram; não se sabe como vieram (estrela?)
O fato de Mateus nos contar a visita dos magos do
oriente tem cunho apologético e exortativo. O
Evangelho foi escrito aos judeus, e esse fato
histórico prova a Universalidade do "Kerigma"
cristão desde a sua origem! Igualmente exorta os
judeus a também reconhecerem a Jesus como
Messias como o fizeram os gentios ilustres do
oriente.
A Infância de Jesus
Sabe-se quase nada a respeito desta fase da vida do
Mestre. Parece que as tradições nada tinham a dizer
sobre o assunto, mesmo porque o que realmente
importou aos evangelistas foi: "E crescia Jesus em
sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos
homens” (Lc 2.52). Ou ainda: "Crescia o menino e se
fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus
estava com ele". (Lc 2.40). O único relato que temos
sobre este período é o de Lc 2.41-52! O desfecho, no
entanto, é um "gancho" para o relato que se segue;
procura mostrar que desde pequeno Jesus se mostrava
consciente de sua missão! Provavelmente Jesus tenha
aprendido o ofício do Pai (Mc 6.3), o que era de praxe
naquela época.
JOÃO BATISTA
Foi o grande precursor de Jesus. Foi o responsável por
restabelecer a comunicação Deus-povo. Quase 400 anos
se passaram até que surgisse o profeta João para
preparar o caminho do Senhor. Mateus 3.4 "Vestes de
pelo de camelo, cinto de couro" = 2 Reis 1.8 = Elias;
Marcos 1.6; Lucas 3.1,2 - começa como começaram os
escritos dos profetas! O ministério de João Batista não
foi tão extenso como foi o do Senhor Jesus, mas o
impacto foi determinante. João foi o iniciador do
movimento cristão: os primeiros discípulos de Jesus
vieram de João = as pessoas vinham de João a Cristo (Jo
1.35-51).
O discurso de João era semelhante ao dos profetas:
"Arrependei-vos porque está próximo o reino dos
céus". Isto é, provavelmente, apenas um resumo do
discurso de João e é citado apenas por Mateus 3.2.
Marcos 1.4 e Lucas 3.3 descrevem o conteúdo. Mas,
sem dúvida, era um discurso de impacto, e a
expressão "está próximo o reino dos céus" talvez
fosse o mesmo que dizer "o dia do Senhor" (grande e
terrível) está próximo.
A expectativa messiânica pregava a vinda de um
precursor: Malaquias 3.1-5; 4.5,6; Isaías 40. 3-11 !
Seu discurso retomou a voz profética e o resultado
foi "arrependimento" = 'metanoia' (Lucas 3.3,10-
14). A multidão passou a pensar que João fosse o
próprio Messias, mas tanto ele (João 1.19-28)
quanto Jesus o identificaram como o precursor, o
"Elias" (Malaquias 4.5,6 = Mateus 11.7-19; Lucas
7.24-34).
O ministério de João Batista terminou quando o de
Jesus já estava em andamento. Os Evangelhos nos
contam que ele foi preso e morto no cárcere. Mas na
prisão João teve dúvidas a respeito de Jesus, que
foram devidamente elucidadas pelo Senhor, que lhe
respondeu citando o profeta Isaías falando a respeito
do Messias. Mesmo não sendo o Cristo, João teve
vários adeptos, mesmo na prisão, e talvez alguns
deles tenham chegado à Éfeso.
O Batismo de João
Lucas 3.3 - "pregando o batismo de arrependimento
para remissão de pecados" "arrependimento": gr.:
"metanoia"; heb.; "shub" Significa simplesmente
voltar-se (shub) do pecado para Deus. É um conceito
do AT: "Convertei-vos e apartai-vos dos vossos ídolos;
e dai as costas a todas as vossas abominações” (Ez
14.6). Idéia de voltar ao Senhor: (Isaías 19.22; 55.7;
Ezequiel 33.11; Oséias 14.1; Joel 2.13).
É muito importante ressaltar a diferença entre:
"metamelomai" - "mudar de opinião"; "lamentar-se";
entristecer-se por haver feito algo (2 Co 7.8-10 - onde
Paulo ressalta que 'metamelomai' leva ao verdadeiro
arrependimento: metanoia). Judas 'lamentou'
(metameletheis = metamelomai) ter traído Jesus, mas
não encontrou a 'metanoia‘!
"metanoia" - "mudar de opinião"; "arrependimento";
"conversão"; idéia de o homem todo voltar-se do que
está fazendo para fazer outra coisa completamente
diferente. No caso, voltar-se do pecado para Deus. O
batismo de João é a identificação do homem com a
idéia de 'metanoia'! "Não é um ato formal chamado
'batismo' de arrependimento que resulta no perdão
dos pecados, mas o batismo de João é a expressão do
arrependimento que resulta no perdão dos pecados"
Metanoia: "No Novo Testamento (...) seu sentido é
aprofundado, e denota primariamente uma
mudança de entendimento, passando a ter uma
visão sábia do passado, incluindo o pesar pelo mal
praticado e levando a uma mudança de vida para
melhor" (BERKHOF, Lois. Teologia Sistemática, p.483)
Epistrophe: "conversão", EPISTREPHO: "voltar-se
para trás"; "ser convertido". Também usado para
traduzir 'shub' = inclui o elemento "fé"! Não pode ser
usado ao lado de "pisteuo" (crer, ter fé), ao passo
que 'metanoia' pode.
O Batismo de Fogo. Mateus 3.11,12 apresenta dois
elementos: Espírito Santo e Fogo! Lucas 3.16,17 e
Marcos 1.8 – apresenta 1 elemento: Espírito Santo!
Primeiro Ponto: devemos reconhecer uma forte
influência da experiência pentecostal nos relatos;
Segundo Ponto: João Batista adotava uma linguagem
profética, e o derramamento do Espírito Santo foi
amplamente divulgado no AT (Ml 4.1;Na 1.6; Is 30.33;
Sf 1.2-6; 1.14-18) em forma de "fogo consumidor” e
também Is 44.3-5; 32.15; Jl 2.28-32; Ez 36.27 = como
Espírito derramado.
Terceiro Ponto: como visto, o derramamento do Espírito
faz parte do grupo e terrível "dia do Senhor" = JUÍZO!
Quarto Ponto: A diferença entre Espírito Santo e fogo é:
para os que se arrependem - Espírito! Para os ímpios,
fogo! São 2 elementos do mesmo batismo escatológico!
A idéia de juízo aqui é confirmada por Jesus em Jo 3.16-
21.
O MINISTÉRIO DE JESUS
A duração do ministério de Jesus não é certa. Eruditos
crêem que foi entre 2 anos e 6 meses e 3 anos e 4 meses,
(no máximo 40 meses). Seu ministério pode ser dividido
em 3 partes: a) O ano de retiro: ministério obscuro na
Judéia. É mais abordado por João; a não ser por ele, nada
temos a respeito deste período: conhecimento da
situação; primeiros discípulos; dá-se a conhecer; b) O ano
da popularidade: transcorreu quase todo na Galiléia. Fez
milagres; ensinou as multidões e criou fama nacional; c)
O ano da oposição: Primeira parte na Galiléia; depois
vários lugares. Popularidade decadente; oposição sempre
maior (pelos líderes religiosos e políticos); repúdio e
crucificação em Jerusalém!
O Batismo de Jesus
O batismo de Jesus marca também o início de seu
ministério. Seu batismo era necessário para uma
identificação com a humanidade, uma aceitação do
ministério de João como precursor. "Para se cumprir
toda a justiça“. O início do ministério de Jesus é
confirmado sobrenaturalmente "se lhe abriram os
céus”. A voz que se fez ouvir, usa de textos messiânicos
em Is 42.1 e Sl 2.7 - o próprio Deus confirmando o
ministério de Jesus! Apesar de não estar descrito desta
maneira, vemos a Trindade se manifestar no batismo
de Jesus: O Filho: submete-se ao batismo; O Pai:
identifica o Filho; O Espírito: O unge!
A Tentação de Jesus
Os 3 Evangelhos sinóticos mostram que logo após o
batismo Jesus foi guiado pelo Espírito ao deserto para
ser tentado (Hb 4.15 = à nossa semelhança). O
ministério de Jesus começa no deserto, num jejum de
40 dias. De alguma forma existe uma comparação
com o povo de Israel. A primeira missão de Jesus é
enfrentar o adversário da mesma maneira que o povo
de Israel o fez, com a missão específica de vencer as
tentações.
A pregação de Jesus era para arrependimento = Perdão
dos pecados! Segundo Lucas,Jesus ensinava quando
trouxeram o paralítico. Aparentemente, o paralítico
buscava ouvir os ensinamentos de Jesus antes da cura,
ou seja, buscava primeiro cura espiritual; e é a isto que os
Evangelhos chamam de fé = ele creu na Palavra de Jesus,
e estas operaram a primeira cura = a cura interior =
Perdão! Mas como houvesse quem duvidasse, o
paralítico recebeu também a restauração física: somente
Deus poderia restaurar, recriar membros atrofiados. A
prova de que o paralítico creu nas palavras de Jesus, bem
como entendeu terem vindo de Deus, foi que voltou para
casa glorificando a Deus, e não a Jesus.
A Escolha dos Discípulos
Raymond Brown os chama de "Núcleo do Povo de
Deus“. Sua missão: (ver: Mt 10.5-15; Mc 6.7-13; Lc 9.1-
16) Características: a) Teriam que estar com Ele (Mc
3.14); b) Enviados a pregar as boas novas do Reino; c)
Exercer autoridade para expulsar demônios. A base do
ministério de Jesus está descrita em Mt 9.35-38: "E
percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando
nas sinagogas, pregando o Evangelho do reino e
curando toda a sorte de doenças e enfermidades.
Como vimos, à medida que ensinava também
operava curas, exorcismos e milagres. De alguma
maneira os milagres acompanhava o ministério de
Jesus e eram demonstração de poder (de Deus),
mas o que faziam mesmo era ensinar acerca do
Reino, pregando (é verdade que os milagres em si
mesmos já são uma pregação à parte, não é?!). O
ensino de Jesus era completamente diferente de
tudo o que o povo estava acostumado a ouvir (veja
Mc 1.22; Lc 4.32), Jesus tinha autoridade, vinda de
um relacionamento íntimo com Deus (Jo 3.31,32).
Era o próprio Deus falando!
Seus Métodos
Parábola: "por em paralelo" "Metáfora extensa, a
descrição de qualquer ação ou objeto comum como
ilustração duma verdade espiritual (...). O ponto de
aplicação da palavra era claro e, por vezes, era mesmo
aplicado por uma frente de conclusão” (ex. Mt 25.13).
Finalidade da Parábola: o ouvinte médio entenderia
prontamente: era arte de seu cotidiano; eram fáceis
de serem lembradas; sua aplicação espiritual sempre
aplicada à necessidade do ouvinte; por causa da
crescente oposição, falava em parábolas para que
ninguém entendesse, somente os discípulos.
Epigramas: "Uma afirmação concisa e que se fincava
na mente do seu ouvinte como uma seta com
rebarba" (Mt 5.3-12 = Bem aventuranças; Mt 10.39).
Argumentação: Sempre baseada nas Escrituras (Mt
22.15-45)
Pergunta e resposta: (Mt 9.5; 16.26; Mc 8.27,29)
Discussão Livre: Os discípulos expunham seus
problemas e Jesus respondia (Jo 13.31 - 14.24)
Lições objetivas: As coisas usadas na lição estavam
presentes na hora (Mt 18.1-6; Lc 21.1-4)
O ensino de Jesus se encontra espalhado pelos
Evangelhos, e é difícil uma passagem em que não haja
ensino. Mas às vezes o encontramos em blocos: a) O
ensino ético: Sermão do Monte (Mt 5-7); b) As
Parábolas do Reino: (Mt 13); c) O Ensino Escatológico:
(Mt 24 e 25; Mc 13; Lc 21); d) O Ensino sobre Sua
Pessoa: (Jo 5.19-47): "Pão da vida" (Jo 6.32-59);
natureza de sua pessoa e missão (Jo 8.12-59); pastor e
ovelhas (Jo 10.1-30); preparação dos discípulos para
sua morte (Jo 13.31-16.33). Jesus não teve intenção de
elaborar e codificar todos estes ensinamentos. Eles não
têm autoridade como código elaborado, mas sua
autoridade reside no que Jesus é!
Sua Doutrina
Jesus apresentou: a) Deus como Pai: Mt 11.27; Jo
20.17; Mt 6.9; Jo 1.12. "Pai" exprime a atitude de
Deus para com os homens: Seu amor e justiça (Mt
5.44,45); Seu interesse e participação na sua obra da
criação (Mt 10.29,30); Sua previdência e propósito
(Mt 20.23); Sua atitude de perdoar (Lc 15.11-32);
Sua determinação final quanto ao destino dos
homens (Jo 14.2). No Evangelho de João a expressão
"Pai Nosso" aparece mais de 100 vezes, e é a forma
usual de Jesus se dirigir a Deus.
O Reino de Deus/Reino dos céus: todos os Evangelhos
mencionam o Reino (Mt 6.33; Mc 1.15; Lc 4.43; Jo 3.3
- João só 2x: Jo 3.3-5; 18.36); é a esfera plena do
governo de Deus; tem natureza espiritual; sua
manifestação plena ainda não chegou - só quando o
Rei voltar pessoalmente (Mt 25.1,31; Lc 22.16); O
Reino "é chegado" (Mt 3.2; Mc 1.15); aos discípulos é
dado conhecer seus mistérios (Mt 13.11; Lc 8.10); sua
doutrina está ligada ao AT; chama ao arrependimento
(Mt 4.17); obediência aos mandamentos (Mt 5.19);
realização da vontade de Deus (Mt 7.21) mas de todo
o coração; é o governo que Deus estabelecerá na terra
quando Jesus voltar = alcançar a perfeição através de
Jesus, o redentor e Rei.
A Si Mesmo: - tinha obrigação para com o Pai (Lc
2.49); era o "Filho de Deus Vivo" (Mt 16.16) =
perante os discípulos; sua pré-existência e
divindade (Jo 8.42,58; 10.30-33,36; Mt 22.41-45)
= perante seus inimigos (ver Lc 8.39; 9.43); Digno
de adoração (Jo 9.38; 20.28,29); Está acima da lei
(Mt 5.21,22); tem poder para perdoar os pecados
(Mc 2.9-11).
Sua Missão: veio pregar o Evangelho do Reino (Lc
4.43); chamar pecadores ao arrependimento (Mt
9.13); buscar e salvar o que se havia perdido (Lc
19.10); enviado pelo Pai (Jo 20.21); cumpriu a missão
(Jo 17.4); revelação e redenção; anunciou sua morte e
ressurreição (Jo 2.19; 3.14; 6.51; 12.24; Mt 16.21; Mc
10.33,34); sua volta para o juízo (Mt 25.31-46)
A PAIXÃO DE CRISTO
A paixão de Cristo tem início logo após a confissão de
Pedro (Mt 16.13-33). Parece que quando Jesus viu que
seu propósito de se revelar estava cumprido começou a
predizer e a ensinar a respeito de sua morte. Logo após a
confissão de Pedro os Evangelhos relatam ter ocorrido a
"transfiguração" = Moisés e Elias conversando com Jesus
sobre a sua partida! (Lc 9.31- 9.51). A partir daí as coisas
tomaram outro rumo - era chegada a hora! Jesus pedisse
3 vezes a sua morte: 1º - Mt 16.21,22 = Mc 8.31-33 = Lc
9.22; 2º- Mt 17.22,23 = Mc 9.30-32 = Lc 9. 43-45; 3º- Mt
20.17-19 = Mc 10.32-34 = Lc 18.31-34.
As ocorrências deram-se na seguinte ordem: a)
Entrada Triunfal em Jerusalém (Mt 21.1-11; Mc11.1-
11; Jo 12.12-19; Lc 19.28-44): Purificação do Templo
(Mt 21.12-17; Mc 11.15-18; Lc 19.45,46); perceber
que apesar da afronta Jesus continuou a ensinar no
Templo com a aprovação popular (Lc 19.47,48 e par.;
Lc 20.37,38); prestar atenção ao ensino de Jesus em
Jerusalém = Lc 19.47 - 20.38; a Páscoa - A Última
Ceia (Ler Lc 22.14-38); só os 12 presentes ! Lembre-
se da missão do discípulo: estar com ele: a prisão de
Jesus (Lc 22.47-53); a multidão que veio prender a
Jesus é formada por: principais sacerdotes/capitães
do templo/anciãos (Sinédrio?).
CRUCIFICAÇÃO
(Lc 23.26-49): As Palavras de Jesus na Cruz: 1. "Eli, Eli,
lemá sabactâni" (Mt 27.46 = Sl 22.1 também Mc
15.34); 2. "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que
fazem". (Lc 23.34); 3. "Em verdade te digo que hoje
estarás comigo no paraíso". (Lc 23.43); 4. "Pai, nas
tuas mãos entrego o meu espírito!" (Lc 23.46); 5.
"Mulher, eis aí o teu filho (...) Eis aí a tua mãe" (Jo
19.26,27); 6. "Tenho sede!" (Jo 19.28); 7. "Está
consumado" (Jo 19.30)
A EXPANSÃO DO CRISTIANISMO
DA RESSURREIÇÃO À ASCENSÃO DE JESUS
No período pós-ressurreição Jesus apareceu a todos os
que o acompanhavam em seu ministério: mulheres,
discípulos e a um grupo de c. 500 pessoas juntas! Lucas
nos conta que durante este tempo, que foi 40 dias, Jesus
ensinou-lhes as coisas concernentes ao reino de Deus (At
1.3). Pouco antes de partir Jesus transmitiu as ordens que
os discípulos deveriam cumprir em Sua ausência física: é o
que chamamos de Grande Comissão: Mateus 28.18-20;
Marcos 16.15-18 (19-20); Lucas 24.44-49 (50-53) = Atos
1.1-11; João 20.19-23; Os apóstolos reunidos em
Jerusalém (At 1.12-14); com 120 pessoas; a necessidade
de outro apóstolo e suas características (At 1.21-22).
A Experiência de Pentecostes
A festa de Pentecostes está ligada à renovação da Aliança
feita com Noé e depois com Moisés. No período inter-
bíblico passou a ser considerado o dia em que a Lei
outorgada a Moisés no Sinai. Também chamada "Festa das
semanas" por se realizar 7 semanas depois da Páscoa.
Marcava o fim da colheita de cevada. Era um dia de
regozijo =eram apresentadas ofertas de gratidão, de
reconciliação = perdão de pecados! Lembrava-se da
libertação da escravidão e da união do povo com Deus
pela Aliança. Houve sinais vindo do céu: "som como um
vento impetuoso"; "Línguas como de fogo"; uma sobre
cada um deles; falar em outra línguas; 14 nações
representadas ouviram falar em seu próprio idioma. Era
uma manifestação VISÍVEL DE DEUS!
A Igreja crescia em número assustador. Em Atos 4.1 vemos
seu número chegando a 5000! Em nenhum momento o
Espírito deixou de atuar nos apóstolos, que através do
conhecimento adquirido com Jesus e agora com a
orientação segura do Espírito eram personalidades
marcantes em Jerusalém, e sua fama correu o mundo. A
sociedade de então passou a conviver com um grupo
completamente diferente de todos que já haviam
aparecido. As características daquela igreja eram: unidade;
adoração; instrução; louvor; comunhão; alegria;
companheirismo; simplicidade; liberalidade; fraternidade.
Aquele grupo de discípulos "iletrados e incultos" se
transformou num grupo com atos e pregações arrojados,
cujo único propósito era realizar a vontade do seu Senhor
Jesus Cristo!
Um Problema Social (At 4.32 - 5.11)
Muitos tentam comparar aquela situação a uma espécie de
comunismo. Mas devemos nos lembrar que a situação
pedia atitudes de doação porque muitos estavam
necessitados. Devemos perceber que tudo era feito
voluntariamente, e não sob coação. Outro fator a ressaltar
é que a Bíblia apresenta esta atitude como virtuosa e,
mesmo parecendo uma sociedade utópica, funcionou por
causa do caráter cristão da situação toda. A negação de
bens em favor dos necessitados foi considerada louvável
por Lucas, sendo que começa o relato com a frase "da
multidão dos que creram eram um o coração e a alma" (At
4.32).
Popularidade e Perseguição
Parece que a base para a popularidade dos
apóstolos eram os milagres (sinais e prodígios - At
5.12). Mas vemos que, realmente, os "sinais
acompanham aos que crêem", quando lemos os
vários discursos de Pedro e, principalmente, At
4.29, At 4.30,33; 5.20,42. O poder de Deus
(dynamis) não está restrito a palavras ou sinais. O
poder de Deus está em ambos e muito mais, no
entanto só vai se manifestar onde Seu nome for
proclamado!
A característica do cristão é o amor e sua mensagem
diferenciadora, que vem acompanhada de manifestações
sobrenaturais. Às vezes, a ordem dos fatores se inverte
(At 3), mas os sinais e prodígios sempre acompanham a
proclamação (Kerygma). Mas, apesar dos milagres
atraírem multidões para ouvirem a mensagem, a
primeira comunidade foi conhecida e estimada pela
principal característica, o amor fraternal (At 2.47 =
"contando com a simpatia de todo o povo"). A
popularidade dos apóstolos, em especial, era sinônimo
da impopularidade dos sacerdotes e saduceus.
Estes começaram uma perseguição mordaz, que
culminou com o apedrejamento de Estevão e a
expulsão dos cristãos de Jerusalém (At 6.8 - 8.3). Por
duas vezes os apóstolos foram presos: At 4 = Pedro e
João; At 5 = todos os doze. Mas depois da soltura,
havia sempre o regozijo de toda igreja. Veja
principalmente At 5.41,42. Mesmo a dispersão teve
um efeito positivo, para o desespero dos judeus (At
8.4-8).
O Testemunho dos Diáconos (At 6.1 - 8.1)
Os "diáconos" foram escolhidos para ajudarem os
apóstolos na distribuição de comida às viúvas cristãs de
fala grega. A função de "diácono" não é diretamente
mencionada, mas está implícita na tarefa a ser
executada, traduzida por "distribuição" (diakonia).
Percebe-se que todos os escolhidos tem um nome grego,
ou seja, eram helenizantes. Os requisitos de cada um
deles (At 6.3) se assemelham aos dos homens escolhidos
para ajudar Moisés quando estava em dificuldades
semelhantes (Ex 18.21-23; Dt 1.13); todos eles foram
revestidos de poder, como mostra o ministério de
Estevão (At 6.8) e o de Filipe (At 8.4-8).
O arrojo de Estevão o levou à morte! Foi o primeiro
cristão a morrer por causa do nome de Jesus! Todas
as palavras de Jesus lhe vieram à mente enquanto
era apedrejado: At 7.56 = Gn 28.12,13 = Jo 1.517.60
= Lc 23.60 ; 7.59 = Lc 23.46; Ele conseguiu uma
identificação completa! Quem viu, quem participou,
se converteu = At 6.15. Estevão estava
no Sinédrio, e o relato contém
pormenores que só poderia contar
quem estivera lá.
A obediência de Filipe o levou a testemunhar a um
etíope - o Evangelho chegaria aos confins da Etiópia!
Começa-se a traçar o desenvolvimento da expansão do
Evangelho aos gentios de todo o mundo. A grande
multidão de cristãos em Jerusalém era, em sua maioria,
de judeus. O ministério aos gentios começa a ser
desenhado: Estevão - Saulo - Filipe. Devemos lembrar de
At 1.8: Jerusalém - Judéia - Samaria e confins. Veja
principalmente At 8.1-3! (não judeus)
Evangelho Para Todos
At 8.1 cumpre-se At 1.8; At 8.3 cumpre-se Lc 21.14-
19; Mt 23.3-14. A dispersão dos cristãos é
oportunidade para proclamação na Judéia e Samaria
(8.4)! Com Filipe, o Evangelho chega à Samaria
(compare Jo 4.39 com At 8.5-8). Pedro e João são
designados pela igreja a irem até a Samaria para
completar a obra de Filipe = o dom do Espírito
Santo. Aqui, claramente, existe diferença de
experiências (At 8.14-25). Filipe é enviado para o
caminho de casa para evangelizar o eunuco etíope =
o Evangelho chega à Etiópia.
Mesmo em situação de perseguição o Evangelho se
propagou muito rapidamente. O Senhor escolhe um
servo que terá uma missão especial = Saulo! Ele vai
proclamar o evangelho entre os gentios (At 9.15). A
igreja continua crescendo e se desenvolvendo = At 9.31.
"A igreja, na verdade, tinha paz por toda Judéia, Galiléia
e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do
Senhor e, no conforto do Espírito Santo, crescendo em
número". "Conforto" = "paraklesei" = (conforto,
encorajamento; exortação) de "parakleo" = falar de
perto; exortar; encorajar; implorar.
Em textos como o de At 9.32-43, em que o poder de
Deus, aparentemente, se manifesta sem palavras,
podemos concluir que a manifestação do poder de
Deus desperta e reaviva a fé das pessoas. Percebamos
que a liberação do poder de Deus para a ressurreição se
dá em meio a cristãos (v. 36 = "discipula") e que veio a
reafirmar a fé das pessoas. Em At 10.1 - 11.18 temos o
relato do episódio do centurião Cornélio e suas
consequências = os gentios também têm o direito à vida
(11.17ss). Veja At 11.19-26, quando Saulo volta à cena
(Gl 2.21). O Evangelho definitivamente alcança os
gregos e, através do trabalho de todos os discípulos,
alcança o mundo inteiro.

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