Buscar

Mostra ORIGINIAL-1

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE POTIGUAR
DJALMA FELIPE DE SOUSA
ELIANA TOMAIS DA SILVA
ISADORA THAIS DA SILVA SOUZA
JULIANA KAROL MEDEIROS DE LIMA
MONYA IZZY FRANÇA NEPOMUCENO
YANNE MARIA NUNES MENDES
ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DE MULHERES 
PROFISSIONAIS DO SEXO
MOSSORÓ
2020
DJALMA FELIPE DE SOUSA
ELIANA TOMAIS DA SILVA
ISADORA THAIS DA SILVA SOUZA
JULIANA KAROL MEDEIROS DE LIMA
MONYA IZZY FRANÇA NEPOMUCENO
YANNE MARIA NUNES MENDES
ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DE MULHERES 
PROFISSIONAIS DO SEXO
Trabalho apresentado ao curso de Psicologia, na Universidade Potiguar, sob orientação do Professor Samuray Freire de Oliveira, com fins avaliativos referentes a disciplina de Clínica Ampliada.
MOSSORÓ
2020
1. INTRODUÇÃO
Durante muitos anos a sociedade impôs e delegou a mulher apenas a função de reprodutora e criadora da família. Nesse tempo sua sexualidade não era exercida em sua plenitude, tendo em vista a limitação que a ordem e o social precisavam ser respeitados, no ambiente familiar, o ato sexual aconteciam dentro dos padrões tradicionais. Passando a ideia por gerações de que a relação sexo e reprodução faziam parte da cultura; mesmo assim, a prostituição é uma das profissões mais antiga do mundo, pois em meados do século VI a. C o mercado da prostituição já estava organizado, trazendo escravas para prostíbulos aumentando impostos para que essa prática fosse independente. 
Na visão geral e atemporal da sociedade em relação às prostitutas, esse ato é visto como uma forma de colocar no lugar de vitima, e de exploração, ou seja, um a pessoa, no caso mulher, que se coloca nessa posição é sempre por motivos outros, se não trabalhar. Essa visão é atribuída ao preconceito e descriminação, o que se entrelaça a concepção de que são pessoas disseminadoras de doenças e de moral degradada. 
Nas décadas iniciais do século XX no Brasil, as práticas em Saúde da mulher foram incorporadas e limitadas apenas à atenção materno-infantil. Dessa forma, em 1984 surgiu o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), sendo anunciado como uma nova e diferenciada abordagem da saúde da mulher. Observar os aspectos de acesso à saúde por meio dos estereótipos de gêneros específicos, por exemplo: como mulheres profissionais do sexo no acesso à saúde leva o presente trabalho a uma reflexão sobre a situação da Atenção Básica em relação à essas usuárias. Tendo em vista inúmeras adversidades nas quais essas profissionais do sexo são vítimas ou não conseguem ter acesso a Atenção Básica por percalços como a discriminação e outras situações de repressão voltadas à elas. As relações entre doenças, deslustre, regras sociais de diferenças, não se delimitam a jurisdição de habilidades morais negativas aos usuários.
Nesse sentido, o presente trabalho se propõe a fazer uma explanação sobre o tema acima, com objetivo de provocar uma reflexão a cerca da atenção à saúde dita como direito de todos, em relação a pessoas marginalizadas, no caso as mulheres profissionais do sexo, que foi realizado através de uma revisão de uma parte da literatura disponível no âmbito cientifico relacionada ao historia sócio cultural da imagem dessas profissionais, e construção da atenção à saúde dessas.
2. DESENVOLVIMENTO
“ Por outro lado, as ações das redes, associações e organizações não governamentais de prostitutas combatem a submissão das subjetividades dessas mulheres. Esses agentes, por meio de instancias de mobilização política, constroem um discurso que contradiz a fala de juristas, religiosos, médicos etc. Esse discurso combate tanto o estigma relacionado ao exercício da profissão quanto a desqualificação da profissão (BRASIL, 2012 p.20)
O PAISM é considerado um marco histórico no sentido de orientar para um novo olhar em relação as políticas públicas voltadas para a saúde da mulher como para a saúde reprodutiva, dando prioridade ao atendimento integral com equidade tendo envolvimento entre a saúde da mulher e todas as fases do seu ciclo de vida. 
Alcançar em suas linhas de atuação um modelo de assistência que pudesse abranger de forma integral a saúde da mulher com atividades relativas às ações de educação, prevenção, diagnósticas de recuperação ou tratamento que tinham como objetivo a melhora da saúde da população. Na atenção integral haviam ações como procedimentos ginecológicos e educativos, que aperfeiçoassem situações como pré-natal, parto e puerpério, controle de DST, câncer uterino e mamário e assistência para concepção e contra concepção. 
A criação do Programa Nacional de DST/AIDS, em 1985, veio confirmar a priorização de estratégias, relacionadas à área de saúde sexual e reprodutiva no Brasil, principalmente no tocante à disseminação do HIV. Homossexuais e em seguida as prostitutas foram consideradas causadores iniciais dessa epidemia, fato que na época tornara-se aceitável, considerando haver uma sociedade machista e moralista, no caso de haver mulheres que transgrediam as normas morais e sociais de conduta, onde todo o ônus recaia sobre elas. 
Nesse momento surge o conceito intitulado grupo de risco trazendo à tona sujeitos sociais marginalizados com foco de ações para esse grupo. No ano de 1984, os projetos de controle das DST/AIDS chegam com apoio técnico e financeiro, havendo assim uma melhor estruturação das redes sociais, no que se refere a trabalhos de prevenção e assistência, dando melhor resultado em relação ao impacto social da epidemia. Vale ressaltar que entrou em desuso o termo “grupo de risco” sendo modificado para comportamento de risco, relacionando as práticas sociais que oferecem mais risco de infecção independente da orientação sexual. 
Na década de 90, as autoridades passaram a ter uma visão diante da vulnerabilidades de mulheres, pois a Feminização da AIDS atingiu um crescimento significativo de mulheres infectadas. As desigualdades construídas colocavam a mulher em situação de vulnerabilidade, manifestaram a necessidade de associar conceitos elucidativos, como o de gênero às políticas públicas. A partir disso, a prevenção passou a ser uma questão política, dependendo da construção de redes de mobilização que acharem as transformações necessária a redução da vulnerabilidade ao HIV/AIDS.
Uma das estratégias de prevenção das DST/AIDS em mulheres, tem ligação a capacidade de lideranças femininas, no meio destas, prostitutas, como multiplicadores de saúde. Para mais, a garantia da distribuição de preservativos femininos nos serviços de saúde e preservativos masculinos e femininos a população específica, favorece a negociação do uso, autoestima e dupla proteção.
A partir de 2001 surgiu a Política de Preservativos masculinos e femininos no Ministério da Saúde sendo parte integrante do Programação Nacional do DST/AIDS. Em 2003 foram distribuídas 256,7 milhões de preservativos masculinos e 2,5 milhões de preservativos femininos. É importante salientar que essas ações alcançaram populações vulneráveis como usuários de drogas e prostitutas, possibilitando assim que elas tivessem visibilidade e poder de voz, ocorrendo em 2002 o Seminário Nacional AIDS e Prostituição tendo sido convocado e patrocinado pelo Ministério da Saúde. A busca por estratégias em que houvesse a incorporação do governo foi uma das principais reivindicações no que se refere a disponibilização de preservativos femininos como forma de promoção de autonomia feminina na sua prevenção dispensando qualquer argumento ou consentimento do parceiro, que por sua vez chegava a oferecer uma quantia maior pela prática desprotegida. Por fim foi criado um documento que abordou a preparação de serviços para atendimento e acolhimento integrais, além da sugestão de que fossem instituídos horários, agendamentos adaptados às necessidades das prostitutas, de forma que essas profissionais tivessem melhor inserção dos mesmos serviços de saúde. 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Diante do presente trabalho observa-se que ao longo dos anos populações especificas estiveram à margem da sociedade, excluídas de práticas de políticas públicas e sociais que viessem garantir a execuçãodos direitos humanos universais. Pode-se acompanhar as políticas públicas voltada para a saúde da mulher que venham atender condições especificas de cada momento da história, da mesma forma que o SUS vem a ter uma melhor estrutura incrementada a prática cotidiana, à busca de seu aprimoramento e aproximação da realidade. 
A compreensão de que cada grupo social tem sua necessidade própria, chega a ser um norte para melhor atendê-los e contempla-los tanto nesse ou em outros segmentos sociais contrapondo outras políticas públicas a serem incluídas, assim, as prostitutas são uma categoria social organizada em busca de reconhecimento, aceitação e respeito, ampliando seu espaço de atuação, de influência na decisão de políticas públicas. 
As prostitutas como potenciais alvos das campanhas iniciais de combate a epidemia de doenças venéreas, inseriram-se ao longo dos anos na execução de políticas públicas na tentativa de favorecer a situação referente a saúde da população em geral, incluindo aspectos importantes em relação a prevenção e conhecimento sobre DST/Aids, tendo como foco questões de gênero, situações de vulnerabilidade individual e não mais a qualificação de grupo de risco, informando de maneira educacional os pares, de forma a incentivar a organização social, pois assim, surge a uma maior visibilidade e poder de voz às categorias marginalizadas. A importância da atual política de saúde voltada para a mulher (PNAISM), norteia o ser mulher em suas mais variadas peculiaridades, dando orientações de forma atualizada ás ações de saúde e especificidades de cada grupo, mesmo que algumas categorias populacionais femininas não tenham sido contempladas com ações específicas, como as prostitutas.
Desse modo, vale salientar que o novo modelo de abordagem na assistência à saúde tem como objetivo contemplar o cliente de maneira integral, pois havendo ausência de critérios específicos que tenham embasamento nessa abordagem que por si só já vem fragmentada e necessita de grande atenção, para que assim se possa haver um confronto com pressupostos e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). De forma que a importância de haver profissionais de saúde familiarizados com políticas de saúde vigente, compreendendo suas diretrizes que mostrem um norte para a promoção de uma atenção voltada às necessidades da população.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de atenção à saúde. Direitos sexuais e direitos reprodutivos – uma prioridade do governo. Brasília: ministério da saúde; 2005.
BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de assistência à saúde. Manual do multiplicador. Profissionais do sexo. Brasília: ministério da saúde; 1996.
BRASIL, Danielle Marinho. A prostituição feminina e associação de prostitutas d Paraíba: Movimento social, luta política e reivindicação de direitos. (Dissertação) Pós graduação. Universidade federal da Paraíba. João Pessoa, 2012.
FORMIGA Filho JFN. Políticas de Saúde Reprodutiva no Brasil: uma análise do PAISM. In: Galvão L, Diaz J, (organizadores). Saúde sexual e reprodutiva no Brasil: dilemas e desafios. São Paulo: Hucitec PopulationCouncil; 1999. p. 151-62.
MANN CG, Oliveira SB, Oliveira CSS. Guia para profissionais de saúde mental – sexualidade e DST/Aids: discutindo o subjetivo de forma objetiva. Rio de Janeiro: Instituto Franco Basaglia; 2002.
MARTINS TA. Doenças sexualmente transmissíveis em mulheres grávidas: um estudo sobre prevalência e fatores de risco [dissertação]. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará; 2002.
 
SCHAURICH D, Padoin SMM. Do cuidado da mulher: questões de gênero e sua incorporação no contexto do HIV/Aids. Esc Anna Nery R Enferm. 2004;8(1):101-8.

Continue navegando