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Ondas Estacionárias em uma Corda Introdução No mundo atual, a relevância do estudo aprofundado da ondulatória torna-se evidente ao analisarmos nossa estrita dependência dessas para comunicações, trabalho e lazer (alimentação elétrica), acústica, entre inúmeros outros processos cotidianos que envolvem ondas. Um efeito importante da propagação de ondas, é quando se tem duas ondas de amplitudes e frequências idênticas se propagando em sentidos opostos. O resultado disso, ou seja, a superposição delas, é, no meio, um padrão estacionário de amplo aproveitamento, e de fácil reconhecimento aos olhos (imagem 1). Por exemplo, ondas estacionárias são utilizadas em eletrodomésticos como o forno de microondas. No entanto, no intuito de estudar e entrar em contato com o conceito de ondas estacionárias, iremos analisar o mesmo fenômeno, desta vez de uma forma mais prática e acessível, sob uma corda tensionada. Imagem (1) Objetivos Com o auxílio dos materiais, ferramentas e infraestrutura fornecida pelo laboratório de física da Universidade Federal de Minas Gerais, iremos realizar montagens que permitam a formação do padrão estacionário de ondas, realizando medidas indiretas consistentes que, ao final, nos permita através do desenvolvimento de um arcabouço matemático, encontrar a velocidade de propagação da onda no meio (corda). Materiais 1 Balança; 1 Corda com densidade linear de massa específica; 2 Pesos de massas distintas; 1 Vibrador mecânico (gerador de vibrações); 1 Gerador de áudio (permite a regulagem da frequência do sinal sonoro); 1 Multímetro capaz de medir frequência (maior precisão em relação ao próprio gerador); Métodos Afixamos a corda em duas extremidades horizontais. De um lado, ela é submetida ao gerador de vibrações. Oposto a isso, tem-se uma polia que servirá de apoio da corda, ao sustentar o peso. Assim, produz-se sob a corda tensionada uma vibração de baixa amplitude (gerador de vibrações mecânico). A montagem está ilustrada na imagem (2). Imagem (2) Na imagem (2), vemos claramente o gerador mecânico de vibrações (a direita, no alto), a polia e o peso (a esquerda), e o gerador de áudio senoidal (abaixo, com mostrador digital). Dada a montagem, e de conhecimentos sobre a propagação de ondas na corda, sabemos ser válida a relação (1), obtida através das leis de Newton, portanto, sabemos previamente que para cada massa utilizada teremos velocidades de propagação (𝑉) distintas na corda, uma vez que a variação dos pesos produz também uma variação na tensão (𝑇), tornando – para uma mesma corda, ou seja, densidade linear de massa (𝜇) constante – 𝑉 e 𝑇 diretamente proporcionais. 𝑉 = √ 𝑇 𝜇 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (1) Assim, avançando com o desenvolvimento de relações matemáticas e dando prosseguimento a realização do experimento, vimos a partir da imagem (1) que para um padrão estacionário, o comprimento (𝐿) da corda deve ser um múltiplo inteiro de meio comprimento de onda (𝜆). Assim, obtemos as relações (2) e (3), que nos serão úteis posteriormente. 𝐿 = 𝑛 ∙ 𝜆 2 . : 𝜆 = 2𝐿 𝑛 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (2) 𝑉 = 𝜆 ∙ 𝑓 = 2𝐿 𝑛 ∙ 𝑓 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (3) A prática se baseia majoritariamente no resultado da relação (3). Com essa relação em mãos, podemos coletar pares (𝑛, 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎) e a partir de softwares, obter dados que nos permitam encontrar a velocidade de propagação da onda, através dessa relação linear dada por (4). 𝑉 = 2𝐿 𝑛 ∙ 𝑓 . : 𝑓 = 𝑉 2𝐿 ∙ 𝑛 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (4) Coletamos então os pares ordenados e inserimos nas tabelas (1) e (2) a seguir. 𝑛(𝑎𝑑𝑚𝑒𝑛𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙) 𝑓(ℎ𝑒𝑟𝑡𝑧) 1 5,7 2 11,3 3 18,0 4 23,0 5 28,8 6 34,7 7 43,3 8 49,6 Tabela (1) referente ao sistema composto pela corda de densidade linear 𝜇 = (3,3 ± 0,2)𝑔/𝑚 , comprimento 𝐿 = 190 ± 1 𝑐𝑚 e massa 𝑚 = 98,1 ± 0,5 𝑔. 𝑛(𝑎𝑑𝑚𝑒𝑛𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙) 𝑓(ℎ𝑒𝑟𝑡𝑧) 1 7,7 2 15,9 3 23,9 4 32,1 5 39,9 6 48,0 7 55,2 8 63,9 Tabela (2) referente ao sistema composto pela corda de densidade linear 𝜇 = (3,3 ± 0,2)𝑔/𝑚 , comprimento 𝐿 = 190 ± 1 𝑐𝑚 e massa 𝑚 = 201,7 ± 0,5 𝑔. Informando tais dados ao SciDAVis (software de regressão linear), o mesmo nos retorna os seguintes gráficos e informações (imagens 3 e 4). Imagem (3) Imagem (4) Resultados Podemos inferir dos gráficos acima (imagens 3 e 4) que a relação entre 𝑛 e 𝑓 se aproxima bastante de uma função linear, como já era esperado, pela relação (4). Dessa forma: 𝑦(𝑥) = 𝐴 ∙ 𝑥 + 𝐵 𝑓(𝑛) = 𝑉 2𝐿 ∙ 𝑛 {𝐴 = 𝑉 2𝐿 Para ambas as relações, 𝐵 não é identicamente nulo (analogamente a relação 4), mas sua contribuição para a função é baixa à medida que 𝑛 aumenta. A presença de coeficiente linear (𝐵) na relação dada pelo software pode ser fruto de imprecisões de medidas, resistência e/ou atrito entre partes móveis da montagem, entre outros fatores, como por exemplo, na determinação da relação (1), aproxima-se sin 𝜃 ≈ 𝜃. Para a primeira montagem do experimento (𝑚 = 98,1 ± 0,5 𝑔), para encontrarmos a incerteza associada á velocidade, utilizaremos a expressão de incerteza padrão combinada dada por (5). 𝑢𝑐 2(𝑦) = ∑ ( 𝜕𝑓 𝜕𝑥𝑖 ) 2 ∙ 𝑢2(𝑥𝑖) 𝑛 𝑖=1 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (5) Dessa forma, sendo: 𝑉 = 2𝐿 ∙ 𝐴 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠, Δ𝑉2 = (2𝐴)2 ∙ Δ𝐿2 + (2𝐿)2 ∙ Δ𝐴2 Portanto: Δ𝑉𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 = 0,62 𝑚 𝑠 𝑒 𝑉𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 = 23,67 𝑚 𝑠 Portanto: 𝑉𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 = (23,67 ± 0,62) 𝑚 𝑠 De forma análoga, chegamos ao valor da velocidade de propagação na segunda montagem (𝑚 = 201,7 ± 0,5 𝑔), com a corda mais tensionada. Δ𝑉𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 = 0,17 𝑚 𝑠 𝑒 𝑉𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 = 30,31 𝑚 𝑠 Novamente: 𝑉𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 = (30,31 + 0,17) 𝑚 𝑠 Tendo em mãos a velocidade de propagação da onda na corda, através da relação (1), podemos determinar novamente a densidade linear de massa 𝜇, de uma forma independente da primeira (𝜇 = 𝑚 𝐿 𝑒 Δ𝜇 = ( 1 𝐿 ) ∙ Δ𝑚). Assim, 𝑉 = √ 𝑇 𝜇 . : 𝜇 = 𝑇 𝑉2 Sendo a tração (𝑇) uma força causada para equilibrar, na corda, a ação da força peso (𝑃 = 𝑚𝑔), portanto, para o peso menor: 𝜇 = 𝑚𝑔 𝑉2 Δ𝜇2 = ( 𝑔 𝑉2 ) 2 ∙ Δ𝑚2 + (− 2𝑚𝑔 𝑉3 ) 2 ∙ Δ𝑉2 Δ𝜇 = 0,09 𝑔 𝑚 𝑒 𝜇 = 1,71 𝑔 𝑚 Logo: 𝜇 = (1,71 ± 0,09) 𝑔 𝑚 Analogamente para o peso maior: Δ𝜇 = 0,03 𝑔 𝑚 𝑒 𝜇 = 2,15 𝑔 𝑚 Novamente: 𝜇 = (2,15 ± 0,03) 𝑔 𝑚 Conclusão Dessa forma, com um experimento simples fomos capazes de analisar variáveis importantes relacionadas a ondulatória, determinar fórmulas matemáticas que regem o fenômeno de ondas estacionárias, e analisar visualmente o padrão estacionário. Fomos capazes também de encontrar a velocidade de propagação da onda na corda, e vimos que as fórmulas (1) e (3) são qualitativamente equivalentes (para uma mesma corda – 𝜇 constante - 𝑉 e 𝑇 são proporcionais, e, portanto, a corda tracionada com um peso maior possui uma velocidade de propagação maior). 𝑉𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 = (23,67 ± 0,62) 𝑚 𝑠 𝑉𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 = (30,31 + 0,17) 𝑚 𝑠 Determinamos a partir de duas maneiras distintas também, a densidade linear de massa da corda utilizada (𝜇). 𝜇1 = (3,30 ± 0,20) 𝑔 𝑚 Determinado a partir da fórmula 𝜇 = 𝑚 𝐿 𝜇2 = (1,71 ± 0,09) 𝑔 𝑚 Determinado a partir do experimento com menor massa. 𝜇3 = (2,15 ± 0,03) 𝑔 𝑚 Determinado a partir do experimento com maior massa. Apesar de termos encontrado valores matematicamente compatíveis (mesma ordem de grandeza), os valores diferem entre si de maneira considerável. Atribuímos a essa inconsistência novamente fatores que não foram considerados durante a análise mecânica do processo (atrito), processos comoa distensão da corda elástica durante tensionamento (o que explicaria em parte a redução da densidade durante os experimentos, uma vez que a distensão aumentaria o comprimento dela, para uma mesma massa), entre outros fatores. Em suma, vimos em prática muitos ensinamentos teóricos, e como as grandezas características de ondas se relacionam neste padrão. Atingimos também o objetivo de determinar a velocidade de propagação da onda no meio (corda elástica).
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