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introdução à semiologia geral

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1 Semiologia Geral | Prof° Carlos Magno | Medicina Veterinária UFPA 2019 | @drabichinho 
Ciência que pesquisa as manifestações clínicas das doenças e seus mecanismos de ação, avaliando-os para construir 
um diagnóstico e deduzir um prognóstico.
 Divisão da semiologia: 
• Semiotécnica: quando o examinador utiliza de 
recursos para examinar o animal enfermo. 
o Física: quando se faz exame físico do 
órgão ou tecido por palpação, percussão, 
auscultação, etc. 
o Funcional: determina as alterações 
funcionais por meio de registros gráficos. 
Ex = ECG, EGG 
o Experimental: promove alteração 
orgânica para se comprovar diagnóstico. 
Ex = tuberculinação 
• Clínica propedêutica: avaliação crítica e 
criteriosa das manifestações observadas. 
• Semiogênese: explica o mecanismo de 
formação dos sinais. 
CONCEITOS GERAIS 
 Sinais clínicos: todo fenômeno anormal, orgânico 
ou funcional, pelo qual as doenças se manifestam. 
Classificam-se em: 
• Locais: claramente circunscrito e em relação 
com um órgão/tecido 
• Gerais: resulta em um comprometimento 
como um todo 
• Principais: é o que fornece informação sobre 
o provável sistema orgânico afetado 
• Reflexos: quando o sintoma não é no local que 
está afetado. Ex: sudorese e comportamento. 
• Patognomônicos: quando o sintoma é 
característico de uma doença. PORÉM, é um 
conceito antigo 
• Iniciais: são os primeiros sintomas observados 
ou os sintomas reveladores da doença 
• Tardios: quando aparecem no período de 
estabilização ou declínio da enfermidade 
• Residuais: quando se verifica uma aparente 
recuperação do animal 
 Conceitos de doença: 
• Saúde: estado do indivíduo cujas funções 
orgânicas, físicas e mentais se acham em 
situação normal 
• Doença: evento biológico caracterizado por 
alterações anatômicas, fisiológicas ou 
bioquímicas, isoladas ou associadas 
• Síndrome: conjunto de sinais observados em 
vários processos patológicos sem origem 
definida. 
 Diagnóstico: é a identificação e constatação da 
doença. 
• Clínico: determinação da doença que o caso 
representa 
• Anatômico: determinado local do corpo 
• Funcional: indica estado de funcionamento 
dos órgãos 
• Etiológico: indica a etiologia da doença 
• Diagnóstico terapêutico: aquele que resolve o 
problema, mas não define bem o diagnóstico. 
 Prognóstico: é uma previsão do que acontecerá 
com o paciente, baseado no diagnóstico. Pode ser 
dividido em: bom, mau e reservado. 
 Indicação: meio utilizado para combater a 
enfermidade. Pode ser: cirúrgico, farmacológico ou 
dietético 
MARCHA DO EXAME CLÍNICO 
 Identificação do animal: determinadas 
características têm valor diagnóstico e 
prognóstico. Exemplos: 
• Raça: carcinoma de olho (Hereford), doença 
da novilha branca (Raça Shortorn), 
Condrodisplasia (Raça Dexter) 
• Aptidão: distúrbios digestivos, laminite 
(Animais de engorda), distúrbios Metabólicos 
e de locomotor (vacas leiteiras). 
• Padrão de cor: áreas despigmentadas 
(Sensibilidade à luz solar). 
• Sexo: metrite, endocardite, pneumonia, 
Cetose 
• Idade: verminose (animais jovens), 
tuberculose, leucose (animais adultos). 
• Peso: avaliação do desenvolvimento e 
nutrição, cálculo de dosagem de 
medicamentos 
 Anamnese: deve fornecer ao MV os antecedentes 
sobre a natureza da doença e circunstâncias 
concomitantes. Isso determinará o exame 
subsequente, em que se obterá mais informações 
sobre antecedentes. 
 Exame geral do animal: 
• Postura: aparência geral do animal pela 
expressão anatômica 
• Comportamento: aparência geral do animal 
pelo aspecto sensorial e motor, manifestada 
por variações normais ou patológicas em 
relação a várias situações de vida. 
o O que notar? ingestão de comida e água, 
ruminação, defecação, micção, levantar, 
caminhar, deitar. 
 
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▪ Exemplos de distúrbios: inquietação, andar em círculos, pressionar focinhos e cabeça contra 
objetos, tremor, ranger de dentes, paralisia, depressão, paresia, apatia, sonolência. 
• Estado nutricional: julgado pela inspeção e palpação. 
 
Grau Denominação 
Achados de inspeção e palpação 
Gerais Região lombar/anca 
Base da 
cauda/sacro 
1 Ruim Atrofia muscular 
Nenhuma gordura 
aparente no subcutâneo, 
apófises transversas das 
vértebras lombares 
nitidamente visíveis 
Afundamento da 
região perineal, pele 
na região sacral e da 
musculatura da 
garupa bem aderida 
2 Regular 
Superfície corporal lisa, 
pele levemente elástica 
Apófises transversas 
arrodondadas a palpação 
3 Bom 
Pouca diferença entre 
as superfícies corpóreas 
4 Muito bom 
Formas corporais 
arredondadas 
5 Obeso 
Placas de gordura 
anormais 
Acúmulo de gordura nas 
apófises transversas das 
vértebras e ossos não 
palpáveis 
Base da cauda 
imersa em placas de 
gordura e ossos não 
palpáveis 
 
• Condições de higiene: limpeza da superfície 
corporal do animal, no estabulo, comedouro e 
bebedouro. 
• Condição física: compreende a aparência 
externa geral do animal pelo aspecto clínico 
• Frequência respiratória: melhor avaliada a 
distância e pela parte posterior do animal. 
Pode variar fisiologicamente com o clima. 
Classificam-se em: 
o Taquipneia: respiração rápida 
o Bradipneia: respiração lenta 
Frequência respiratória 
Cão 18-36mpm 
Gato 20-40 mpm 
Equino 8-16 mpm 
Bovino 10-30 mpm 
 Suíno 15-30 mpm 
Ovino 
20-30 mpm 
Caprino 
• Pulsação: detectada pela palpação da artéria 
• Frequência cardíaca: deve ser auscutada com 
um estetoscópio 
Frequência cardíaca 
Cão 60-160 bpm 
Gato 120-240 bpm 
Equino 28-40 bpm 
Bovino 60-80 bpm 
Suíno 60-120 bpm 
Ovino 90-115 bpm 
 
• Temperatura corporal: 
Temperatura 
Cão 37,5-39,2 °C 
Gato 37,8-39,2 °C 
Equino 37,5-38,5 °C 
Bovino 37,8-39,2 °C 
Suíno 38,7-39,8 °C 
Ovino 38,5-40 °C 
 
MÉTODOS DE CONTENÇÃO FÍSICA 
 Em bovinos: 
• Contenção de cabeça e cauda: cabresto com 
corda 
• Contenção dos membros, tórax e abdômen: 
o Guilhotina, tronco 
o Métodos de derrubamento: Rueff, 
Burley, Italiano, Madsen e Szabó 
o Contenção química: agentes alfa2-
agonistas (xilasina) 
 Em equinos: 
• Mão de amigo 
• Método antigo (derrubamento) 
• Cachimbo 
• Torcer orelha e puxar pregas do pescoço 
• Química → romifidina 
 
 
 
 
 
 
 
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MÉTODOS DE EXPLORAÇÃO CLÍNICA 
 Inspeção: exame geral que se faz no paciente 
• Direta ou indireta: sem auxílio de aparelhos. 
Utiliza-se a visão 
• Indireta ou mediata: utiliza-se instrumentos 
• Objetivo: avaliar deslocamento, posição ou 
postura patológica, aumento de volumes, 
diminuição ou lesão de partes do corpo, rubor 
em pele ou mucosas, contusões, tumores, 
edemas, etc. 
• Avaliação de secreções: 
o Volume; 
o Coloração: clara, escura, avermelhada 
o Aspecto: transparente e brilhante, 
levemente turvo, turvo, muito turvo; 
turvação: difusa, fina ou grosseira e 
homogeneidade: mistura homogenia ou 
não 
o Viscosidade: aquosa, levemente viscosa, 
bem viscosa, pegajosa 
 Palpação: utilização do tato. Observa-se 
superfície, consistência, sensibilidade, mobilidade 
e temperatura. 
• Superfície: 
o Lisa: pele e mucosas sadias 
o Áspera: pele com sujeira ou exudato 
ressecado, ou pele com hiperqueratose, 
serosa com fibrina 
o Rugosa: berne, papilomas 
o Enrugada ou ondulada: pele sobre 
hematoma reabsorvido e sob feridas em 
cicatrização. 
o Seca: pele depilada normal 
o Pastosa/pegajosa: mucosa oral de 
bovino com febre alta, superfície cutânea 
em exudação. 
o Molhada/úmida: superfície coberta por 
saliva, urina, secreções uterinas. 
• Consistência: 
o Macia: pele normal, com mobilidade 
o Mole: edema de pele e tecido 
subcutâneo 
o Mole elástica: músculo relaxado 
o Fofa: semelhante a um balão, observada 
em processo enfisematosos. 
o Flutuante: hematoma antigo preenchido 
com liquido 
o Crepitante: enfisema sub-cutâneo, 
fraturas 
o Tenso: parede abdominal em caso de 
processodoloroso 
o Tenso flutuante: hematoma recente, 
abcesso 
o Tenso elástico: músculo contraído ou 
linfonodo inflamado 
o Deformável: entre pasta e argamassa → 
camada média do conteúdo ruminal 
o Dura: tendão, cartilagem, flegmão 
o Sólido: osso, dente 
o Flexível: crescimento ósseo 
actinomicótico 
• Delimitação: 
o Livre: móvel em relação aos tecidos 
vizinhos 
o Não delimitável: não móvel 
• Sensibilidade à pressão: 
o Insensível: ausência de reação 
o Normalmente sensível: reação normal 
do animal 
o Sensível: reação exagerada de defesa 
o Hipersensível: encefalopatias (toque e 
som) 
• Temperatura: 
o Fria: orelhas e extremidades, áreas de 
necrose 
o Quente: temperatura normal 
o Muito quente: inflamação 
 Percussão: fundamenta-se na análise do ruído 
produzido ao se golpear uma região do corpo 
• Direta ou imediata: com os dedos 
• Indireta ou mediata: é feita com o martelo 
percussor ou martelo + plexímetro. 
 
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Tipos de som 
Som mate/maciço 
Som produzido ao percutir regiões do corpo desprovidas completamente de ar. É de pouca 
ressonância, curta duração, intensidade fraca e matidez absoluta. 
 Observado em: 
• Pulmão sem ar 
• Edema pulmonar 
• Pulmão hepatizado 
• Ascite 
Som claro 
Som produzido ao percutir regiões do corpo ou órgãos que contenham ar que possa vibrar. 
O som é caracterizado por maior intensidade, duração e ressonância. Fisiologicamente é 
produzido ao percutir pulmão sadio. 
 Observado em: 
• Alças Intestinais distendidas por gases 
• Enfisema pulmonar 
Som timpânico 
Som produzido ao percutir órgãos ocos com grandes cavidades que contém ar. 
 Observado em: 
• Rúmen com timpanismo 
• Abomaso e ceco deslocados. 
Som sub-maciço 
Se localiza entre o som mate do órgão maciço e o som claro do órgão alveolar, zona 
oca/sólida. 
 Observado em: 
• Focos broncopneumônicos 
Som metálico É ouvido ao percutir cavidades cheias de gás e com paredes distendidas 
Ruído de panela 
rachada 
Ocasionado pela saída de ar contido em cavidades, através de pequenos orifícios. 
 Fisiológico: percussão forte do pulmão, saída de ar pela glote 
 Patológico: pneumotórax e enfisema pulmonar 
 
• Auscutação: utilizar o sentido da audição para examinar o animal. Pode ser: 
o Imediata ou direta: sem uso de instrumentos 
o Mediata ou indireta: com uso de instrumentos 
 
Ruídos e tipos de sons captados 
Tipo de 
auscutação 
Intensidade dos 
ruídos e sons 
Descrição apropriada Encontrado em: 
Fonendoscopia 
Batidas 
• Buu (longo, profundo/abafado,alto) 
• Dup (curto, muito claro, baixo) 
Auscutação do 
coração: primeiro 
e segunda bulha 
Sopro Fluxo rápido e forte de um líquido 
Auscultação do 
coração com 
endocardite 
Grasnar Rosnado de agressão de gato/ganso 
Silibo Saída de vapor por uma válvula 
Zumbido Rotação em alta velocidade 
Chapinhar 
Vibração da parede interna de uma cavidade que 
contenha liquido/ar/gás devido ao funcionamento 
do órgão 
Auscultação do 
coração com 
pericardite 
purulenta Ploc (sucussão) Retirada de um objeto de um pântano 
Roce 
Esfregar a mçao sobre uma superfície lisa ou 
levemente rugosa 
Auscultação do 
coração (sincronia 
cardíaca): 
pericardite 
fibrinosa 
Auscultação do 
pulmão: 
pericardite 
Atrito Ralar legumes ou madeiras 
Esfregadela Limpar pés no capacho 
Arranhadura Esfregar as pontas das unhas 
 
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Ruído respiratório 
laringo-traqueal 
CH pronunciado na expiração forte e áspera 
Auscultação do 
pulmão e vias 
respiratórias 
Ruído respiratório 
traqueo-brônquio 
CH com força média 
Ruído respiratório 
brônquio-
bronquiolar 
CH fraco 
Ruído respiratório 
anormalmente 
aumentado 
Ruído respiratórios falados anteriormente, porém 
mais altos 
Auscultação de 
laringe ou traqueia 
estenosadas 
patologicamente 
ou de áreas 
pulmonares sem 
presença de ar 
Crepitação fina e 
grossa 
Ruído de explosão curto, não contínuo, não 
musical, sem intensidade reconhecível 
Auscultação 
pulmonar, 
liberação 
repentina de uma 
via respiratória 
antes obstruída. 
Crepitação/marulhar 
Mistura de crepitação, marulho, roce e leve 
grunhido 
Auscultação 
ruminal: atividade 
normal dos pré-
estômagos 
Gorgorejo 
Ruído de gás/bolhas de ar sob pressão em uma 
cavidade muito contraída 
Auscultação 
ruminal: 
movimentos 
ruminais em 
estenose vagal 
(síndrome de 
Hoflund) 
Auscutação 
com 
balotamento e 
auscultação 
com percussão 
Retumbar Semelhante a tambor 
Som metálico Semelhante a um sino 
Chapinhar 
Vibração da parede de uma cavidade contendo 
líquido/ar/gás causa

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