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1 . UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS Curso de Medicina Tutorial Beatriz Lima da Costa PORTFÓLIO Araguaína /TO 14 de dezembro de 2020 Beatriz Lima 2 QUESTÕES DISCURSIVAS Atividade apresentada para a disciplina Tutorial no curso de Medicina, da Universidade Federal do Tocantins. Prof. Cláudio Medlig Sousa Cravo Araguaína /TO 14 de dezembro 2020 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................4 2. DESENVOLVIMENTO............................................................................................................ 4 2.1 SISTEMA ENDÓCRINO........................................................................................................4 2.1.1 Eixo Hipotálamo-Hipófise................................................................................................................4 2.1.2 Tireoide............................................................................................................................................7 2.1.3 Paratormônio, Calcitonina, Metabolismo do Cálcio e Fosfato, Vitamina D, Ossos e Paratireoide...........................................................................................................................................................8 2.1.4 Adrenais........................................................................................................................................10 2.1.5 Pâncreas.......................................................................................................................................12 2.2 SISTEMA REPRODUTOR...................................................................................................13 2.2.1 Sistema Reprodutor Feminino.......................................................................................................13 2.2.2 Sistema Reprodutor Masculino.....................................................................................................16 2.2.3 Fisiologia da Gravidez, Lactação e Parto......................................................................................19 2.3 SISTEMA EXCRETOR........................................................................................................21 2.3.1 Anatomia, Histologia e funções renais..........................................................................................21 2.3.2 Hemodinâmica Renal e Filtração glomerular................................................................................23 2.3.3 Reabsorção e Secreção tubular renal ..........................................................................................25 2.3.4 Equilíbrio Ácido-Base....................................................................................................................26 2.3.5 Doenças Renais e tratamentos.....................................................................................................27 2.4 SISTEMA TEGUMENTAR...................................................................................................30 2.4.1 Anatomia, Histologia e Fisiologia do Sistema Tegumentar.......................................................30 3. BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................34 4.AUTO ANÁLISE.....................................................................................................................35 4 O seguinte trabalho tem como objetivo, representar os conteúdos estudados durante 2020.1, para os alunos do Segundo Período do Curso de Medicina da Faculdade Federal do Tocantins, na matéria Tutorial, no qual os alunos são divididos em 3 grupos, para que dessa forma possam estudar e compartilhar seus conhecimentos com os colegas de grupo. SISTEMA ENDÓCRINO EIXO HIPOTÁLAMO – HIPÓFISE O hipotálamo, apesar de constituir menos de 1°/o do volume cerebral, é um centro de integração de funções que visam a manter a homeostase do organismo animal. Homeostase é a manutenção das propriedades físico-químicas e metabólicas do meio interno. Não existe função no organismo que, direta ou indiretamente, não seja controlada pelo hipotálamo. A região tuberal do hipotálamo contém neurônios que secretam substâncias (neuro-hormônios) que, via sistema porta-hipotálamo-hipofisário, modificam a síntese e a secreção dos hormônios da adeno-hipófise. Controla também as funções neuro-hipofisárias, principalmente por meio da liberação de ocitocina e vasopressina, hormônios produzidos nos núcleos paraventriculares (NPV) e supra-ópticos (NSO), relacionados com homeostase hidroeletrolítica, gravidez, parto e lactação. A hipófise localiza-se no interior da sela túrcica, no osso esfenóide na base do crânio, sendo conectada com o hipotálamo pela haste hipofisária, que passa por um hiato presente no diafragma selar, uma prega de dura- má ter situada entre os processos clinóides. No ser humano, a hipófise é dividida em dois lobos, o lobo anterior ou adeno-hipófise (constituindo 80°/o do volume total da glândula) e o lobo posterior ou neurohipófise, com origens embriológicas distintas. As células acidófilas secretam prolactina e hormônio de crescimento que são hormônios protéicos; as basófilas secretam os honnônios glicoprotéicos: hormônios gonadotróficos (LH e FSH) e hormônio tireotrófico (TSH). O LH, o FSH e o TSH possuem duas cadeias peptídicas: alfa, comum a esses hormônios, e beta, que confere a especificidade hormonal. Na hipófise anterior as células cromófobas sintetizam o ACTH a partir da pró-opiomelanocortina (POMC). Esta, uma vez clivada, dá origem ao ACTH e à 13-endorfina. No lobo intermediário da hipófise a POMC dá origem ao a-MSH, ACTH (1-13) e CLIP (ACTH 18-39). O infundíbulo se estende do hipotálamo em direção à margem superior da hipófise, imediatamente posterior ao quiasma óptico, posiciona-se na linha média e tem tamanho constante. A haste hipofisária é composta de três porções: glandular (porção tuberal), vascular e neural. O componente vascular consiste em artérias que levam o suprimento sanguíneo pelo sistema porta-hipofisário até a hipófise. A porção neural da haste hipofisária, composta pelos tratos supra-óptico-hipofisário e para ventricular- hipofisário, é constituída por fibras não-mielinizadas. A eminência mediana (EM) é a região onde a haste hipofisária se insere na base do hipotálamo, limitada ventralmente pela porção tuberal do lobo anterior da hipófise e cranialmente pelo terceiro ventrículo. A EM é constituída de três zonas: (1) ependimária (mais interna); camada de células ependimárias que revestem o assoalho do terceiro ventrículo cerebral; (2) paliçada interna ou camada fibrosa, atravessada pelo feixe supra-óptico-hipofisário em direção ao lobo neural; (3) paliçada externa, onde as fibras oriundas do trato túbero-infundibular liberam seus neuro-hormônios no sistema porta. ADENO-HIPÓFISE A adenohipófise secreta hormônios que regulam uma ampla variedade de atividades corporais, desde o crescimento até a reprodução. A liberação de hormônios da adenohipófise é estimulada por hormônios liberadores e suprimida por hormônios inibidores do hipotálamo. Sendo assim, os hormônios hipotalâmicos constituem uma ligação importante entre os sistemas nervoso e endócrino Hormônios hipotalâmicos que liberam ou inibem hormônios da adenohipófise chegam à adenohipófise por meio de um sistema porta. Em geral, o sangue passa do coração, por uma artéria, para um capilar, daí para uma veia e de volta ao coração. Em um sistema porta, o sangue flui de uma rede capilar para uma veia porta e, em seguida, para uma segundarede capilar antes de retornar ao coração. Acima do quiasma óptico há grupos de neurônios especializados chamados de células neurossecretora. Essas células sintetizam os hormônios hipotalâmicos liberadores e inibidores em seus corpos celulares e envolvem os hormônios em vesículas, que alcançam os terminais axônicos por transporte axônico. Impulsos nervosos promovem a exocitose das vesículas. Depois disso, os hormônios se difundem para o plexo primário do sistema porta hipofisário. Rapidamente, os hormônios hipotalâmicos fluem com o sangue pelas 5 veias portohipofisárias para o plexo secundário. Essa via direta possibilita que os hormônios hipotalâmicos atuem imediatamente nas células da adenohipófise, antes que os hormônios sejam diluídos ou destruídos na circulação geral. Os hormônios secretados pelas células da adenohipófise passam para os capilares do plexo secundário, que drenam para as veias portohipofisárias anteriores e para fora na circulação geral. Os hormônios da adenohipófise viajam até os tecidosalvo ao longo do corpo. Os hormônios da adenohipófise que atuam em outras glândulas endócrinas são chamados de hormônios tróficos ou trofinas. Controle da secreção pela adenohipófise A secreção dos hormônios da adenohipófise é regulada de duas maneiras. Na primeira, células neurossecretoras no hipotálamo secretam cinco hormônios liberadores, que estimulam a secreção de hormônios da adenohipófise, e dois hormônios inibidores, que suprimem a secreção de hormônios da adeno- hipófise. Na segunda, o feedback negativo na forma de hormônios liberados pelas glândulas alvo diminui secreções de três tipos de células da adeno-hipófise. Nessas alças de retroalimentação negativa, a atividade secretora dos tireotrofos, gonadotrofos e corticotrofos diminui quando os níveis sanguíneos dos hormônios das suas glândulasalvo se elevam. Por exemplo, o ACTH estimula o córtex das glândulas suprarrenais a secretar glicocorticoides, principalmente cortisol. Por sua vez, o nível elevado de cortisol diminui a secreção tanto de corticotrofina quanto de hormônio liberador de corticotrofina (CRH) pela supressão da atividade dos corticotrofos da adenohipófise e das células neurossecretoras do hipotálamo. -Hormônio tireoestimulante O hormônio tireoestimulante (TSH) estimula a síntese e a secreção de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), que são produzidas pela glândula tireoide. O hormônio liberador de tireotrofina (TRH) do hipotálamo controla a secreção de TSH. A liberação de TRH, por sua vez, depende dos níveis sanguíneos de T3 e T4; níveis elevados de T3 e T4 inibem a secreção de TRH via feedback negativo. Não existe hormônio inibidor da tireotrofina. -Hormônio foliculoestimulante Nas mulheres, os ovários são os alvos do hormônio foliculoestimulante (FSH). A cada mês, o FSH inicia o desenvolvimento de vários folículos ovarianos, coleções em forma de saco de células secretoras que rodeiam o ovócito em desenvolvimento. O FSH também estimula as células foliculares a secretar estrogênios (hormônios sexuais femininos). Nos homens, o FSH promove a produção de espermatozoides nos testículos. O hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) do hipotálamo estimula a liberação de FSH. A liberação de GnRH e FSH é suprimida por estrogênios nas mulheres e pela testosterona (principal hormônio sexual masculino) nos homens por sistemas de feedback negativo. Não existe hormônio inibidor da gonadotrofina. -Hormônio luteinizante Nas mulheres, o hormônio luteinizante (LH) desencadeia a ovulação, que consiste na liberação de um ovócito secundário (futuro ovo) por um ovário. O LH estimula a formação do corpo lúteo (estrutura formada após a ovulação) no ovário e a secreção de progesterona (outro hormônio sexual feminino) pelo corpo lúteo. Juntos, o FSH e o LH também promovem a secreção de estrogênios pelas células ovarianas. Os estrogênios e a progesterona preparam o útero para a implantação de um ovo fertilizado e ajudam a preparar as glândulas mamárias para a secreção de leite. Nos homens, o LH estimula células nos testículos a secretarem testosterona. A secreção de LH, assim como a do FSH, é controlada pelo hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). -Prolactina A prolactina (PRL), junto com outros hormônios, inicia e mantém a produção de leite pelas glândulas mamárias. Sozinha, a prolactina exerce um efeito fraco. Somente depois da preparação das glândulas mamárias promovida pelos estrogênios, progesterona, glicocorticoides, GH, tiroxina e insulina, que exercem efeitos permissivos, que a PRL promove a produção de leite. A ejeção de leite das glândulas mamárias depende do hormônio ocitocina, liberado pela adenohipófise. -Hormônio adrenocorticotrófico Os corticotrofos secretam principalmente hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O ACTH controla a produção e a secreção de cortisol e outros glicocorticoides pelo córtex das glândulas suprarrenais. O hormônio liberador de corticotrofina (CRH) do hipotálamo promove a secreção de ACTH pelos corticotrofos. Estímulos relacionados com o estresse, como glicose sanguínea baixa ou traumatismo físico, e a interleucina1, uma substância produzida pelos macrófagos, também estimulam a liberação de ACTH. Os glicocorticoides inibem 6 a liberação de CRH e ACTH via feedback negativo. -Hormônio melanócitoestimulante O hormônio melanócitoestimulante (MSH) aumenta a pigmentação da pele em anfíbios pela estimulação da dispersão de grânulos de melanina nos melanócitos. Sua função exata em humanos é desconhecida, porém a presença de receptores de MSH no encéfalo sugere que pode influenciar a atividade encefálica. Há pouco MSH circulante em humanos. Entretanto, a administração contínua de MSH ao longo de vários dias produz escurecimento da pele. Níveis excessivos de hormônio liberador de corticotrofina (CRH) podem estimular a liberação de MSH; a dopamina inibe a liberação de MSH. NEURO-HIPÓFISE Embora não sintetize hormônios, a neuro- hipófise armazena e libera dois hormônios. É composta por axônios e terminais axônicos de mais de 10.000 células hipotalâmicas neurossecretoras. Os corpos celulares das células neurossecretoras se encontram nos núcleos paraventricular e supraóptico do hipotálamo; seus axônios formam o trato hipotálamohipofisial. Esse trato começa no hipotálamo e termina perto de capilares sanguíneos na neurohipófise. Os corpos das células neuronais dos dois núcleos paraventricular e supraóptico sintetizam o hormônio ocitocina (OT) e o hormônio antidiurético (ADH), também chamado de vasopressina. Os terminais axônicos na neurohipófise são associados à neuróglia especializada chamada de pituitócitos. Essas células apresentam uma função de suporte similar a dos astrócitos. Controle da secreção pela neurohipófise -Ocitocina. Durante e depois do parto, a ocitocina atua em dois tecidos alvo: Durante o parto, o alongamento do colo do útero estimula a liberação de ocitocina, que, por sua vez, intensifica a contração das células musculares lisas da parede uterina; depois do parto, a ocitocina estimula a ejeção de leite (“descida”) das glândulas mamárias em resposta ao estímulo mecânico produzido pela sucção do bebê. A função da ocitocina em homens e mulheres não grávidas não é clara. Experimentos realizados em animais sugerem que a ocitocina exerça ações no encéfalo que promovem o comportamento parental de cuidado em relação ao filho. Também pode ser responsável, em parte, pelas sensações de prazer sexual durante e depois do intercurso. -Hormônio Antidiurético Como o próprio nome sugere, um antidiurético é uma substância que diminui a produção de urina. O HAD faz com que os rins devolvam mais água ao sangue, diminuindo, desse modo, o volume urinário. Na ausência de HAD o débito urinário aumenta mais de 10 vezes, passando do normal 1 ou 2 dois litros para cerca de 20 ℓ por dia. Muitas vezes, a ingestão de álcool causa micção frequente e copiosa porque o álcool inibe a secreção de hormônio antidiurético. OHAD também diminui a perda de água pela sudorese e causa constrição das arteríolas, o que eleva a pressão do sangue. O outro nome desse hormônio, vasopressina, traduz esse efeito sobre a pressão arterial. CONTROLE DA SECREÇÃO HORMONAL A liberação da maioria dos hormônios ocorre em salvas breves, com pouca ou nenhuma secreção entre as salvas. Quando estimulada, uma glândula endócrina libera seus hormônios em salvas mais frequentes, aumentando a concentração sanguínea do hormônio. Na ausência de estimulação, o nível sanguíneo do hormônio diminui. A regulação da secreção normalmente evita a produção excessiva ou insuficiente de qualquer hormônio, ajudando a manter a homeostasia. A secreção hormonal é regulada por: (1) sinais do sistema nervoso; (2) alterações químicas no sangue; (3) outros hormônios. Por exemplo, impulsos nervosos para a medula da glândula suprarrenal regulam a liberação de epinefrina; o nível sanguíneo de Ca2+ regula a secreção de paratormônio (PTH); um hormônio da adenohipófise (hormônio adrenocorticotrófico) estimula a liberação de cortisol pelo córtex da glândula suprarrenal. A maioria dos sistemas regulatórios hormonais atua via feedback negativo, porém alguns operam por feedback positivo. Por exemplo, durante trabalho de parto, o hormônio ocitocina estimula as contrações do útero que, por sua vez, estimulam ainda mais a liberação de ocitocina, um efeito de feedback positivo. 7 TIREÓIDE A glândula tireoide, em formato de borboleta, está localizada logo abaixo da laringe. É composta pelos lobos direito e esquerdo, um em cada lado da traqueia, conectados por um istmo, anteriormente à traqueia. Cerca de 50% das glândulas tireoides apresentam um pequeno terceiro lobo, chamado de lobo piramidal, que se estende superiormente a partir do istmo. A massa normal da tireoide é de aproximadamente de 30 g. Microscópicos sacos esféricos chamados de folículos da tireoide constituem grande parte da glândula tireoide. A parede de cada folículo é constituída principalmente por células foliculares, cuja maioria se estende até o lúmen do folículo. Uma membrana basal envolve cada folículo. Quando as células foliculares estão inativas, seu formato varia de cúbico a pavimentoso, porém, sob a influência do TSH, passam a secretar ativamente e sua forma varia de cúbica a colunar. As células foliculares produzem dois hormônios: tiroxina, também chamada de tetraiodotironina (T4), pois contém quatro átomos de iodo, e triiodotironina (T3), que contém três átomos de iodo. T3 e T4 juntas também são chamadas de hormônios da tireoide. Entre os folículos, podem ser encontradas algumas células chamadas de células parafoliculares ou células C. Elas produzem o hormônio calcitonina (CT), que ajuda a regular a homeostasia do cálcio. FORMAÇÃO, ARMAZENAMENTO E LIBERAÇÃO DOS HORMÔNIOS DA TIREÓIDE A glândula tireoide é a única glândula endócrina que armazena seu produto secretório em grandes quantidades –normalmente o suficiente para cerca de 100 dias. A síntese e a secreção de T3 e T4 ocorrem da seguinte forma: Retenção de iodeto. As células foliculares da tireoide retêm íons iodeto (I–), transportandoos ativamente do sangue para o citosol. Por conta disso, em geral, a glândula tireoide contém a maioria do iodeto corporal. Síntese de tireoglobulina. Ao mesmo tempo que retêm I–, as células foliculares também sintetizam tireoglobulina (TGB), uma grande glicoproteína produzida no retículo endoplasmático rugoso, modificada no complexo de Golgi e armazenada em vesículas secretoras. As vesículas sofrem exocitose, o que libera TGB para o lúmen do folículo. Oxidação de iodeto. Parte dos aminoácidos na TGB consiste em tirosinas que se tornarão iodadas. Entretanto, íons iodeto com carga elétrica negativa não conseguem se ligar à tirosina até que sofram oxidação (remoção de elétrons) para iodeto: 2 I→ I2. Na medida em que os íons iodeto são oxidados, eles atravessam a membrana para o lúmen do folículo. Iodação da tirosina. Conforme moléculas de iodo (I2) se formam, elas reagem com as tirosinas integrantes das moléculas de tireoglobulina. A ligação de um átomo de iodo produz monoiodotirosina (T1) e a de dois produz diiodotirosina (T2). A TGB com átomos de iodo fixados é um material viscoso que se acumula e é armazenado no lúmen do folículo da tireoide, chamado de coloide. Acoplamento de T1 e T2. Durante a última etapa da síntese dos hormônios da tireoide, duas moléculas de T2 se juntam para formar T4 ou uma de T1 com uma de T2 se unem para formar T3. Pinocitose e digestão de coloide. Gotículas de coloide penetram de novo nas células foliculares por pinocitose e se juntam aos lisossomos. Enzimas digestivas nos lisossomos degradam a TGB, separando moléculas de T3 e T4. Secreção de hormônios da tireoide. Como são lipossolúveis, T3 e T4 se difundem através da membrana plasmática para o líquido intersticial e, em seguida, para o sangue. Em geral, T4 é secretada em maior quantidade que T3, mas T3 é muitas vezes mais potente. Além disso, depois que a T4 entra no corpo celular, a maioria dela é convertida a T3 por remoção de um iodo. Transporte no sangue. Mais de 99% de T3 e T4 se combinam a proteínas transportadoras no sangue, principalmente à globulina transportadora de tiroxina (TBG). 8 PARATORMÔNIO, CALCITONINA, METABOLISMO DO CÁLCIO E FOSFATO, VITAMIA D, OSSOS E PARATIREÓIDE A concentração de cálcio no líquido extracelular é, normalmente, regulada de forma precisa, raras vezes apresentando elevação ou baixa de algumas porcentagens a mais ou a menos do valor normal em torno de 9,4 mg/dL, o que equivale a 2,4 mmol de cálcio por litro. Esse controle preciso é essencial, já que o cálcio desempenha um papel fundamental em muitos processos fisiológicos, incluindo a contração dos músculos esqueléticos, cardíacos e lisos, a coagulação sanguínea e a transmissão de impulsos nervosos, citando apenas alguns deles. As células excitáveis, como os neurônios, são sensíveis às alterações das concentrações do cálcio iônico; assim, aumentos da concentração deste elemento iônico acima do normal (hipercalcemia) provocam depressão progressiva do sistema nervoso, enquanto a diminuição dessa concentração (hipocalcemia) causa mais excitação desse sistema. Uma característica importante da regulação extracelular do cálcio repousa no fato de que apenas 0,1% deste elemento corporal total encontra- se no líquido extracelular, cerca de 1% nas células e suas organelas, e o restante é armazenado nos ossos. Portanto, os ossos podem servir como amplos reservatórios, liberando cálcio em caso de queda na concentração do líquido extracelular e armazenando o cálcio, em casos de excesso. Aproximadamente 85% do fosfato corporal se encontram armazenados nos ossos, 14% a 15% nas células e menos de 1% no líquido extracelular. Embora a concentração de fosfato no líquido extracelular não seja tão bem regulada como a concentração de cálcio, o fosfato desempenha diversas funções importantes, sendo controlado por muitos dos fatores reguladores do cálcio. A variação dos níveis de fosfato, no líquido extracelular, para valores bem abaixo do normal até duas a três vezes a mais, não provoca efeitos imediatos importantes no organismo. Em contraste, até leves aumentos ou quedas do íon cálcio no líquido extracelular podem causar efeitos fisiológicos extremos e imediatos OSSOS E SUAS RELAÇÕES O COM CÁLCIO E O FOSFATO O osso é composto por uma matriz orgânica resistente, fortalecida por depósitos de sais de cálcio. O osso compacto médio contém, por peso, cerca de 30% de matriz e 70% de sais. Já o osso recém-formado pode ter porcentagem consideravelmente maior da matriz em relação aos sais. Matriz Orgânica Óssea. A matriz orgânica do osso apresenta 90% a 95% de fibras colágenas, enquanto o restante corresponde a meio gelatinoso homogêneo, denominado substância fundamental. As fibras colágenas se estendem, principalmente, ao longo das linhas da forçade tensão e conferem ao osso sua vigorosa resistência à tração. A substância fundamental constitui-se de líquido extracelular acrescido de proteoglicanos, especialmente sulfato de condroitina e ácido hialurônico. A função exata de cada um desses proteoglicanos não é conhecida, embora eles ajudem a controlar a deposição dos sais de cálcio. Sais Ósseos. Os sais cristalinos depositados na matriz orgânica do osso são basicamente compostos por cálcio e fosfato. A fórmula do sal cristalin predominante, conhecido como hidroxiapatita, é a seguinte: Ca10(PO4)6(OH)2 Cada cristal — com cerca de 400 angströms de comprimento, 10 a 30 angströms de espessura e 100 angströms de largura — tem formato semelhante a uma placa achatada e longa. A relação cálcio/fósforo pode variar acentuadamente, sob condições nutricionais distintas, e em base ponderal varia de 1,3 a 2,0. Os íons magnésio, sódio, potássio e carbonato também estão presentes entre os sais ósseos, embora os estudos de difração por raios X não consigam demonstrar os cristais finais formados por eles. Portanto, acredita-se que esses íons sejam conjugados aos cristais de hidroxiapatita e não organizados em cristais distintos próprios. Essa capacidade de muitos tipos de íon se conjugarem aos cristais ósseos estende-se a muitos íons normalmente estranhos ao osso, como estrôncio, urânio, plutônio, os outros elementos transurânicos, chumbo, ouro e outros metais pesados. A deposição de substâncias radioativas no osso pode causar irradiação prolongada dos tecidos ósseos, e, se uma quantidade suficiente for depositada, pode ocorrer o desenvolvimento de um sarcoma osteogênico (câncer ósseo). VITAMINA D A vitamina D tem potente efeito de aumentar a absorção de cálcio no trato intestinal; além disso, apresenta efeitos significativos na deposição e absorção ósseas, como será discutido adiante. Contudo, essa vitamina, em si, não é a substância ativa real indutora desses efeitos. Em vez disso, a vitamina D deve passar por uma 9 série de reações no fígado e nos rins, convertendo-se no produto final ativo, o 1,25-di-hidroxicolecalciferol, também conhecido como 1,25(OH2)D3. A forma ativa da vitamina D, o 1,25-di-hidroxicolecalciferol, apresenta diversos efeitos nos intestinos, rins e ossos, como aumento da absorção de cálcio e fosfato para o líquido extracelular e auxílio na regulação dessas substâncias por feedback. Receptores de vitamina D estão presentes na maioria das células do corpo e localizados, principalmente, no núcleo das células-alvo. Similar aos receptores de esteroides e hormônios da tireoide, o receptor de vitamina D forma complexo com outro receptor intracelular, o receptor de renitoide X, e esse complexo se liga ao DNA e ativa a transcrição na maioria dos casos. Em alguns casos, porém, a vitamina D suprime essa transcrição. Apesar de o receptor de vitamina D ligar diversas formas de colecalciferol, sua afinidade com 1,25-di- hidroxicolecalciferol é mais ou menos 1.000 vezes maior que a do 25-hidroxicolecalciferol, o que explica suas relativas potências biológicas. PARATORMÔNIO O paratormônio representa um potente mecanismo para o controle dasconcentrações extracelulares de cálcio e de fosfato, mediante redução da reabsorção intestinal, da excreção renal e do intercâmbio desses íons entre o líquido extracelular e o osso. A atividade excessiva da glândula paratireoide provoca rápida liberação de sais de cálcio dos ossos, com a consequente hipercalcemia; de modo inverso, a hipofunção das glândulas paratireoides gera hipocalcemia, muitas vezes com resultante tetania. O PTH apresenta dois efeitos para mobilizar o cálcio e o fosfato no osso. Um deles corresponde à fase rápida que se inicia em minutos e aumento progressivo por algumas horas. Essa fase resulta da ativação das células ósseas já existentes (principalmente os osteócitos), para promover a liberação de cálcio e fosfato. A segunda fase é muito mais lenta, exigindo alguns dias ou até semanas para seu pleno desenvolvimento; tal fase provém da proliferação dos osteoclastos, seguida pela reabsorção osteoclástica muito acentuada do próprio osso, e não meramente da absorção óssea dos sais de fosfato cálcico. CALCITONINA A calcitonina, hormônio peptídico secretado pela glândula tireoide, tende a diminuir a concentração plasmática do cálcio e, em geral, tem efeitos opostos aos do PTH. No entanto, o papel quantitativo da calcitonina nos seres humanos é bem menor que o do PTH na regulação da concentração do cálcio iônico. A síntese e a secreção da calcitonina ocorrem nas células parafoliculares, ou células C, situadas no líquido intersticial entre os folículos da glândula tireoide. Essas células constituem apenas cerca de 0,1% da glândula tireoide humana e representam os resquícios das glândulas ultimobranquiais de peixes, anfíbios, répteis e aves. A calcitonina é um peptídeo com 32 aminoácidos e peso molecular de aproximadamente 3.400. PARATIREÓIDE Normalmente, existem quatro glândulas paratireoides em seres humanos, situadas bem atrás da glândula tireoide — uma atrás de cada polo superior e inferior da tireoide. Cada glândula paratireoide tem, aproximadamente, 6 milímetros de comprimento, 3 milímetros de largura e 2 milímetros de espessura, apresentando aspecto macroscópico semelhante à gordura, de coloração marrom-escura. Durante as intervenções cirúrgicas na tireoide, a localização das glândulas paratireoides não se mostra tarefa fácil, pois muitas vezes elas se parecem com um outro lóbulo da glândula tireoide. Por essa razão, antes do reconhecimento da importância de tais glândulas, o procedimento de tireoidectomia total ou subtotal frequentemente resultava na remoção também das glândulas paratireoides. A retirada de metade das glândulas paratireoides não costuma provocar grandes anormalidades fisiológicas. Todavia, a remoção de três das quatro glândulas normais causa hipoparatireoidismo transitório. Mas até mesmo uma pequena quantidade de tecido paratireóideo remanescente, em geral, é capaz de apresentar hipertrofia satisfatória, a ponto de cumprir a função de todas as glândulas. A glândula paratireoide do ser humano adulto, contém basicamente células principais e um número pequeno a moderado de células oxifílicas, mas estas últimas estão ausentes em muitos animais e humanos jovens. Acredita-se que as células principais secretem grande parte do PTH, se não todo. A função das células oxifílicas não está esclarecida, mas acredita-se que sejam células principais modificadas ou depletadas que não secretam mais o hormônio. 10 ADRENAIS As duas glândulas suprarrenais, cada uma localizada em cima de cada rim no espaço retroperitoneal, apresentam formato de pirâmide achatada. No adulto, cada glândula suprarrenal tem de 3 a 5 cm de altura, 2 a 3 cm de largura, um pouco menos de 1 cm de espessura, massa variando de 3,5 a 5 g e apenas metade do seu tamanho ao nascimento. Durante o desenvolvimento embrionário, as glândulas suprarrenais se diferenciam em duas regiões distintas de ponto de vista estrutural e funcional: um córtex da glândula suprarrenal grande, perifericamente localizado, que compreende 80 a 90% da glândula, e uma pequena medula da glândula suprarrenal, localizada centralmente. Uma cápsula de tecido conjuntivo reveste a glândula. As glândulas suprarrenais, assim como a glândula tireoide, são altamente vascularizadas. O córtex da glândula suprarrenal produz hormônios esteroides essenciais à vida. A perda total dos hormônios adrenocorticais leva à morte por desidratação e desequilíbrios eletrolíticos no período de poucos dias a 1 semana, a não ser que se comece prontamente a terapia de reposição hormonal. A medula da glândula suprarrenal produz três hormônios catecolaminas – norepinefrina, epinefrina e uma pequena quantidade de dopamina. Córtex da glândula suprarrenal O córtex da glândula suprarrenal é subdividido em três zonas, e cada uma delas secreta hormônios diferentes. A zona maisexterna, imediatamente profunda à cápsula de tecido conjuntivo, é a zona glomerulosa. Suas células, densamente acondicionadas e distribuídas em grupos esféricos e colunas arqueadas, secretam hormônios chamados de mineralocorticoides, pois afetam a homeostasia mineral. A zona do meio ou zona fasciculada é a mais larga das três zonas e consiste em células distribuídas em colunas longas e retas. As células da zona fasciculada secretam principalmente glicocorticoides, em especial cortisol, assim chamados por afetarem a homeostasia da glicose. As células da zona mais interna, a zona reticular, são distribuídas em cordões ramificados. Elas sintetizam pequenas quantidades de androgênios fracos, que são hormônios esteroides que exercem efeitos masculinizantes. Mineralocorticoides A aldosterona é o principal mineralocorticoide; regula a homeostasia de dois íons minerais – íons sódio (Na+) e potássio(K+) – e ajuda a ajustar a pressão arterial e o volume de sangue. A aldosterona também promove a excreção de H+ na urina; essa remoção de ácidos do corpo pode ajudar a evitar a acidose -pH abaixo de 7,35. Controle da secreção de aldosterona A via reninaangiotensinaaldosterona (RAA) controla a secreção de aldosterona: Desidratação, deficiência de Na+ e hemorragia são estímulos que iniciam a via da reninaangiotensinaaldosterona. Essas condições promovem a diminuição do volume sanguíneo. O volume sanguíneo reduzido promove a queda da pressão arterial. - A pressão arterial mais baixa estimula certas células renais, chamadas de células justaglomerulares, a secretar a enzima renina. - O nível de renina no sangue sobe. - A renina converte a angiotensina, uma proteína plasmática produzida pelo fígado, em angiotensina I. - Sangue contendo níveis mais altos de angiotensina I circula pelo corpo. - Conforme o sangue flui pelos capilares, sobretudo dos pulmões, a enzima conversora de angiotensina (ECA) converte angiotensina I no hormônio angiotensina II. - O nível sanguíneo de angiotensina II sobe. - A angiotensina II estimula o córtex da glândula suprarrenal a secretar aldosterona. - Sangue contendo níveis mais elevados de aldosterona circula para os rins. - Nos rins, a aldosterona aumenta a reabsorção de Na+, que, por sua vez, promove a reabsorção de água por osmose. Em consequência disso, perde-se menos água na urina. A aldosterona também estimula os rins a intensificarem a secreção de K+ e H+ na urina. Com a reabsorção mais intensa de água pelos rins, o volume de sangue aumenta. Na medida em que o volume de sangue aumenta, a pressão arterial se eleva ao normal. A angiotensina II também estimula a contração da musculatura lisa das paredes das arteríolas. A constrição resultante das arteríolas aumenta a pressão sanguínea e, desse modo, ajuda a elevar a pressão de volta ao normal. 11 Além da angiotensina II, um segundo fator que estimula a secreção de aldosterona é uma concentração maior de K+ no sangue (ou líquido intersticial). A diminuição no nível sanguíneo de K+ produz o efeito oposto. Glicocorticoides Os glicocorticoides, que regulam o metabolismo e a resistência ao estresse, são o cortisol, a corticosterona e a cortisona. Desses três hormônios secretados pela zona fasciculada, o cortisol é o mais abundante, responsável por cerca de 95% da atividade glicocorticoide. Os glicocorticoides exercem os seguintes efeitos: Degradação de proteína. Os glicocorticoides intensificam a taxa de degradação de proteína, principalmente nas fibras musculares e, dessa forma, aumentam a liberação de aminoácidos na corrente sanguínea. Os aminoácidos podem ser usados pelas células corporais na síntese de novas proteínas ou na produção de ATP. Formação de glicose. Ao serem estimulados pelos glicocorticoides, os hepatócitos convertem determinados aminoácidos ou ácido láctico em glicose, que será usada por neurônios e outras células para produzir ATP. Tal conversão, de uma substância que não seja o glicogênio ou outro monossacarídio em glicose, é chamada de gliconeogênese. Lipólise. Os glicocorticoides estimulam a lipólise, degradação dos triglicerídios e liberação de ácidos graxos do tecido adiposo para o sangue. Resistência ao estresse. Os glicocorticoides trabalham de muitas maneiras para promover a resistência ao estresse. A glicose extra fornecida pelos hepatócitos oferece aos tecidos uma pronta fonte de ATP para combater inúmeros estresses, inclusive exercício, jejum, medo, temperaturas extremas, altitudes elevadas, sangramento, infecção, cirurgia, traumatismo e doença. Uma vez que tornam os vasos sanguíneos mais sensíveis a outros hormônios que causam vasoconstrição, os glicocorticoides elevam a pressão sanguínea. Esse efeito é vantajoso nos casos de perda significativa de sangue, que faz com que a pressão arterial caia. Efeitos antiinflamatórios. Os glicocorticoides inibem a participação dos leucócitos nas respostas inflamatórias. Infelizmente, os glicocorticoides também atrasam o reparo tecidual; em consequência disso, retardam a cicatrização de feridas. Embora em doses elevadas possam ocasionar transtornos mentais graves, os glicocorticoides são muito úteis no tratamento de condições inflamatórias crônicas como artrite reumatoide. Depressão das respostas imunes. Doses elevadas de glicocorticoides deprimem as respostas imunes. Por esse motivo, os glicocorticoides são prescritos para receptores de órgãos transplantados com objetivo de retardar a rejeição tecidual promovida pelo sistema imune. Androgênios Tanto em homens quanto em mulheres, o córtex da glândula suprarrenal secreta pequenas quantidades de androgênios fracos. O principal androgênio secretado pela glândula suprarrenal é a desidroepiandrosterona (DHEA). Nos homens, depois da puberdade, o androgênio testosterona também é liberado, e em quantidade muito maior, pelos testículos. Dessa forma, a quantidade de androgênios secretada pela glândula suprarrenal masculina é normalmente tão baixa que seus efeitos são insignificantes. Nas mulheres, no entanto, os androgênios suprarrenais desempenham funções importantes. Eles promovem a libido (desejo sexual) e são convertidos em estrogênios (esteroides sexuais feminilizantes) por outros tecidos corporais. Após a menopausa, quando a secreção ovariana de estrogênios cessa, todos os estrogênios femininos são provenientes da conversão dos androgênios suprarrenais. Os androgênios suprarrenais também estimulam o crescimento de pelos axilares e púbicos nos meninos e nas meninas e contribuem para o estirão de crescimento prépuberal. Embora o controle da secreção suprarrenal de androgênio não seja totalmente compreendido, o principal hormônio que estimula sua secreção é o ACTH. Medula da glândula suprarrenal A região interna da glândula suprarrenal, a medula da glândula suprarrenal, consiste em um gânglio simpático da divisão autônoma do sistema nervoso (SNA) modificado. Essa área se desenvolve a partir do mesmo tecido embrionário de todos os outros gânglios simpáticos, porém suas células, que não possuem axônios, formam grupos em torno de grandes vasos sanguíneos. Em vez de liberar um neurotransmissor, as células da medula da glândula suprarrenal secretam hormônios. As células produtoras de hormônio, chamadas de células cromafins, são inervadas por neurônios préganglionares simpáticos do SNA. Uma vez que o SNA exerce controle direto sobre as células cromafins, a liberação de hormônio pode ocorrer com muita rapidez. Os dois principais hormônios sintetizados pela medula suprarrenal são a epinefrina e a norepinefrina, também chamadas de adrenalina e noradrenalina, respectivamente. 12 PÂNCREAS O pâncreas é uma glândula tanto endócrina quanto exócrina.O pâncreas é um órgão achatado que mede cerca de 12,5 a 15 cm de comprimento. Localiza-se na curvatura do duodeno, a primeira parte do intestino delgado, e consiste em uma cabeça, um corpo e uma cauda. Aproximadamente 99% das células exócrinas do pâncreas estão distribuídas em grupos chamadosácinos. Os ácinos produzem enzimas que fluem para o sistema digestório por uma rede de ductos. Espalhados entre os ácinos exócrinos existem 1 a 2 milhões de minúsculos grupos de tecido endócrino, chamados de ilhotas pancreáticas ou ilhotas de Langerhans. Capilares abundantes irrigam tanto a parte endócrina quanto a exócrina do pâncreas. Cada ilhota pancreática apresenta quatro tipos de células secretoras de hormônio: As células alfa ou A constituem cerca de 17% das células das ilhotas pancreáticas e secretam glucagon. As células beta ou B constituem cerca de 70% das células das ilhotas pancreáticas e secretam insulina. As células delta ou D constituem cerca de 7% das ilhotas pancreáticas e secretam somatostatina. As células F constituem o restante das células das ilhotas pancreáticas e secretam polipeptídio pancreático. As interações dos quatro hormônios pancreáticos são complexas e não completamente compreendidas. Sabemos que o glucagon eleva o nível sanguíneo de glicose e a insulina reduz. A somatostatina atua de maneira parácrina para inibir a liberação tanto de insulina quanto de glucagon das células beta e alfa vizinhas. Além disso, pode funcionar como hormônio circulante para retardar a absorção de nutrientes do sistema digestório. Ademais, a somatostatina inibe a secreção de GH. O polipeptídio pancreático inibe a secreção de somatostatina, a contração da vesícula biliar e a secreção de enzimas digestivas pelo pâncreas. Controle da secreção de glucagon e insulina A principal ação do glucagon é de elevar o nível sanguíneo de glicose que se encontra abaixo do normal. A insulina, por outro lado, ajuda a reduzir o nível de glicose sanguínea que se encontra muito elevado. O nível de glicose sanguínea controla a secreção de glucagon e insulina via feedback negativo: - O nível sanguíneo baixo de glicose (hipoglicemia) estimula a secreção de glucagon pelas células alfa das ilhotas pancreáticas. - O glucagon atua nos hepatócitos, acelerando a conversão de glicogênio em glicose (glicogenólise) e promovendo a formação de glicose a partir do ácido láctico e de determinados aminoácidos (gliconeogênese). - Consequentemente, os hepatócitos liberam glicose no sangue de maneira mais rápida e a glicemia se eleva. Se a glicemia continua subindo, o nível sanguíneo elevado de glicose (hiperglicemia) inibe a liberação de glucagon (feedback negativo). - A glicose sanguínea alta (hiperglicemia) estimula a secreção de insulina pelas células beta das ilhotas pancreáticas. - A insulina age em várias células do corpo para acelerar a difusão facilitada da glicose para as células; para apressar a conversão de glicose em glicogênio (glicogênese); intensifica-se a captação de aminoácidos pelas células e para aumentar a síntese de proteína; para acelerar a síntese de ácidos graxos (lipogênese); para retardar a conversão de glicogênio em glicose (glicogenólise) e para tornar mais lenta a formação de glicose a partir do ácido láctico e de aminoácidos (gliconeogênese). O resultado disso é a queda do nível de glicose do sangue. Quando o nível sanguíneo de glicose cai para abaixo do normal, ocorre inibição da liberação de insulina (feedback negativo) e estímulo à liberação de glucagon. A secreção de insulina também é estimulada por: - Acetilcolina, um neurotransmissor liberado pelos terminais axônicos das fibras parassimpáticas do nervo vago que inervam as ilhotas pancreáticas - Aminoácidos arginina e leucina, presentes no sangue em níveis mais elevados depois de uma refeição rica em proteína - Peptídio insulinotrópico dependente de glicose (GIP),* um hormônio liberado pelas células enteroendócrinas do intestino delgado em resposta à presença de glicose no sistema digestório. 13 SISTEMA REPRODUTOR SISTEMA REPRODUTOR FEMININO Os órgãos do sistema genital feminino incluem os ovários (gônadas femininas), as tubas uterinas, o útero, a vagina e órgãos externos, que são coletivamente chamados de pudendo feminino (também conhecido como vulva). As glândulas mamárias são consideradas parte do tegumento e do sistema genital feminino. Ovários Os ovários, que são as gônadas femininas, são um par de glândulas semelhantes a amêndoas sem casca em tamanho e forma; são homólogas aos testículos. (Neste caso, homóloga significa que dois órgãos têm a mesma origem embrionária.) Os ovários produzem gametas, os oócitos secundários que se desenvolvem em óvulos maduros após a fertilização, e hormônios, incluindo a progesterona e os estrogênios (hormônios sexuais femininos), a inibina e a relaxina. Os ovários, um em cada lado do útero, descem até a margem da parte superior da cavidade pélvica durante o terceiro mês de desenvolvimento. Vários ligamentos os prendem em sua posição (Figura 28.12). O ligamento largo do útero, que é uma prega do peritônio parietal, se insere aos ovários por uma dobra de duas camadas de peritônio chamada de mesovário. O ligamento úteroovárico ancora os ovários no útero, e o ligamento suspensor do ovário os insere na parede pélvica. Cada ovário contém um hilo, o ponto de entrada e saída para os vasos sanguíneos e nervos com os quais o mesovário está ligado. Tubas uterinas As mulheres têm duas tubas uterinas, que se estendem lateralmente a partir do útero (Figura 28.16). As tubas, que medem aproximadamente 10 cm de comprimento, encontram-se no interior das pregas do ligamento largo do útero. Elas fornecem uma via para os espermatozoides chegarem até o óvulo e transportam os oócitos secundários e óvulos fecundados dos ovários até o útero. A parte em forma de funil de cada tuba, chamada de infundíbulo da tuba uterina, está próxima do ovário, mas se abre para a cavidade pélvica. Ela termina em franjas de projeções digitiformes chamadas fímbrias da tuba uterina, que estão ligadas à extremidade lateral do ovário. Do infundíbulo, a tuba uterina se estende medialmente e, eventualmente, inferiormente, e se insere no ângulo lateral superior do útero. A ampola da tuba uterina é a sua parte mais larga e mais longa, constituindo os dois terços laterais do seu comprimento. O istmo da tuba uterina é a parte curta, estreita, mais medial e de paredes espessas, que se une ao útero. Útero O útero serve como parte da via para o espermatozoide depositado na vagina alcançar as tubas uterinas. É também o local da implantação de um óvulo fertilizado, desenvolvimento do feto durante a gestação e trabalho de parto. Durante os ciclos reprodutivos, quando a implantação não ocorre, o útero é a fonte do fluxo menstrual. Situado entre a bexiga urinária e o reto, o útero tem o tamanho e o formato de uma pera invertida. Nas mulheres que nunca engravidaram (nuligestas), tem aproximadamente 7,5 cm de comprimento, 5 cm de largura e 2,5 cm de espessura. O útero é maior em mulheres que estiveram grávidas recentemente, e menor (atrofiado) quando os níveis de hormônios sexuais são baixos, como ocorre após a menopausa. As subdivisões anatômicas do útero incluem uma parte em forma de cúpula superior às tubas uterinas chamada de fundo do útero, uma parte central afilada chamada de corpo do útero e uma parte inferior estreita chamada de colo do útero, que se abre para o interior da vagina. Entre o corpo do útero e o colo do útero está o istmo do útero, uma região de aproximadamente 1 cm de comprimento. O interior do corpo do útero é chamado de cavidade uterina, e o interior do colo do útero é chamado de canal do colo do útero. O canal do colo do útero se abre para a cavidade uterina no óstio histológico interno do útero e na vagina no óstio externo do útero. Histologicamente, o útero é composto por três camadas de tecido: perimétrio, miométrio e endométrio. A camada exterior – o perimétrio ou túnica serosa – é parte do peritônio visceral; é composta por epitélio escamoso simples e tecido conjuntivo areolar. Lateralmente, torna-se o ligamento largo do útero. Anteriormente, recobre a bexiga urinária e forma uma escavação rasa, a escavação vesicouterina.Posteriormente, recobre o reto e forma uma escavação profunda entre o útero e a bexiga urinária, a escavação retouterina – o ponto mais inferior da cavidade pélvica. A camada intermediária do útero, o miométrio, é constituída por três camadas de fibras musculares lisas que são mais espessas na região do fundo e mais finas no colo do útero. A camada intermediária mais espessa é 14 circular; as camadas interna e externa são longitudinais ou oblíquas. Durante o trabalho de parto e parto, as contrações coordenadas do miométrio em resposta à ocitocina da neurohipófise ajudam a expelir o feto do útero. A camada interna do útero, o endométrio, é bem vascularizada e tem três componentes: uma camada mais interna composta por epitélio colunar simples (células ciliadas e secretoras) reveste o lúmen. Um estroma endometrial subjacente é uma região muito espessa de lâmina própria (tecido conjuntivo areolar). Glândulas uterinas se desenvolvem como invaginações do epitélio luminal e se estendem quase até o miométrio. O endométrio é dividido em duas camadas. O estrato funcional (camada funcional) reveste a cavidade uterina e descama durante a menstruação. A camada mais profunda, o estrato basal (lâmina basal), é permanente e dá origem a um novo estrato funcional após cada menstruação. Muco cervical As células secretoras da túnica mucosa do colo do útero produzem uma secreção chamada de muco cervical, uma mistura de água, glicoproteínas, lipídios, enzimas e sais inorgânicos. Durante seus anos férteis, as mulheres secretam 20 a 60 mℓ de muco cervical por dia. O muco cervical é mais propício aos espermatozoides próximo ou no momento da ovulação, porque é menos viscoso e mais alcalino (pH 8,5). Em outros momentos, um muco mais viscoso forma um tampão cervical que impede fisicamente a penetração dos espermatozoides. O muco cervical suplementa as necessidades de energia dos espermatozoides, e tanto o colo do útero quanto o muco cervical protegem o espermatozoide dos fagócitos e do ambiente hostil da vagina e do útero. O muco cervical também pode atuar na capacitação – várias mudanças funcionais pelas quais os espermatozoides passam no sistema genital feminino antes de serem capazes de fertilizar um oócito secundário. A capacitação faz com que a cauda de um espermatozoide se mova ainda mais vigorosamente, e prepara a membrana plasmática do espermatozoide para se fundir com a membrana plasmática do oócito. Vagina A vagina é um canal tubular fibromuscular de 10 cm de comprimento, alinhado com a túnica mucosa que se estende do exterior do corpo até o colo do útero. Ela é o receptáculo para o pênis durante a relação sexual, a saída para o fluxo menstrual e a via de passagem para o parto. Situada entre a bexiga urinária e o reto, a vagina é dirigida superior e posteriormente, onde se insere no útero. Um recesso chamado fórnice da vagina circunda a inserção vaginal ao colo do útero. Quando corretamente inserido, um diafragma contraceptivo se apoia no fórnice, onde é mantido cobrindo o colo do útero. A túnica mucosa da vagina é contínua com a do útero. Histologicamente, consiste em epitélio escamoso estratificado não queratinizado e tecido conjuntivo areolar que se encontra em uma série de pregas transversais chamados rugas vaginais. As células dendríticas na túnica mucosa são células apresentadoras de antígeno. Infelizmente, também participam na transmissão de vírus – como por exemplo o HIV (o vírus que causa a AIDS) – para uma mulher durante a relação sexual com um homem infectado. A túnica mucosa da vagina contém grandes estoques de glicogênio, cuja decomposição produz ácidos orgânicos. O meio ácido resultante retarda o crescimento microbiano, mas também é prejudicial ao espermatozoide. Componentes alcalinos do sêmen, principalmente das glândulas seminais, elevam o pH do líquido na vagina e aumentam a viabilidade do espermatozoide. A túnica muscular é composta por uma camada circular externa e uma camada longitudinal interna de músculo liso, que pode se distender consideravelmente para acomodar o pênis durante a relação sexual e a criança durante o parto. A túnica adventícia, a camada superficial da vagina, é constituída por tecido conjuntivo areolar. Ela ancora a vagina aos órgãos adjacentes, como a uretra e a bexiga urinária anteriormente e o reto e o canal anal posteriormente. Uma fina prega de túnica mucosa vascularizada, chamada hímen, forma uma margem em torno da extremidade inferior da abertura vaginal para o exterior (o óstio da vagina), fechando a parcialmente. Depois de sua ruptura, geralmente após a primeira relação sexual, permanecem apenas remanescentes do hímen. Às vezes, o hímen recobre completamente o óstio da vagina, em uma condição chamada hímen 15 imperfurado. Pode ser necessária uma cirurgia para abrir o óstio da vagina e possibilitar a saída do fluxo menstrual. Glândulas mamárias Cada mama é uma projeção hemisférica de tamanho variável anterior aos músculos peitoral maior e serrátil anterior, e ligada a eles por uma camada de fáscia composta por tecido conjuntivo denso irregular. Cada mama tem uma projeção pigmentada, a papila mamária, que tem uma série de aberturas pouco espaçadas de ductos chamados ductos lactíferos, dos quais emergem leite. A área circular de pele pigmentada ao redor do mamilo é chamada aréola da mama, tem aspecto áspero, porque contém glândulas sebáceas modificadas. Faixas de tecido conjuntivo chamadas ligamentos suspensores da mama correm entre a pele e a fáscia e apoiam a mama. Esses ligamentos tornam-se mais soltos com a idade ou com a tensão excessiva que pode ocorrer na prática prolongada de corrida ou atividade aeróbica de alto impacto. Utilizar um sutiã com bom apoio pode retardar este processo e ajudar a manter a força dos ligamentos. No interior de cada mama está uma glândula mamária, uma glândula sudorífera modificada que produz leite. A glândula mamária consiste em 15 a 20 lobos, ou compartimentos, separados por uma quantidade variável de tecido adiposo. Em cada lobo existem vários compartimentos menores chamados lóbulo, compostos por agrupamentos de glândulas secretoras de leite em forma de uva chamados de alvéolos, embutidos no tecido conjuntivo. A contração das células mioepiteliais em torno dos alvéolos ajuda a impulsionar o leite em direção às papilas mamárias. Quando está sendo produzido leite, ele passa dos alvéolos por vários túbulos secundários e, em seguida, para os ductos mamários. Próximo do mamilo, os ductos mamários se expandem discretamente para formar seios chamados seios lactíferos, onde um pouco de leite pode ser armazenado antes de ser drenado para um ducto lactífero. Cada ducto lactífero normalmente transporta leite de um dos lobos para o exterior. 16 SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Os órgãos do sistema genital masculino incluem os testículos, um sistema de ductos (epidídimo, ducto deferente, ductos ejaculatórios e uretra), glândulas sexuais acessórias (glândulas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais) e várias estruturas de apoio, incluindo o escroto e o pênis. Os testículos (gônadas masculinas) produzem espermatozoides e secretam hormônios. O sistema de ductos transporta e armazena os espermatozoides, auxilia em sua maturação, e libera-os para o meio externo. O sêmen contém espermatozoides mais as secreções produzidas pelas glândulas sexuais acessórias. As estruturas de apoio têm várias funções. O pênis entrega os espermatozoides no aparelho reprodutivo feminino e o escroto contém os testículos. Escroto O escroto, a estrutura que contém os testículos, consiste em pele solta e tela subcutânea subjacente. Ele está pendurado na raiz (parte anexa) do pênis. Externamente, o escroto parece uma bolsa de pele ímpar separada em porções laterais por uma crista mediana chamada de rafe do escroto. Internamente, o septo do escroto divide o escroto em dois sacos, cada um contendo um testículo. A localização do escroto e a contração desuas fibras musculares regulam a temperatura dos testículos. A produção normal de espermatozoides demanda uma temperatura de aproximadamente 2 a 3 °C abaixo da temperatura corporal central. Esta temperatura reduzida é mantida no escroto porque ele está fora da cavidade pélvica. Em resposta temperaturas frias, os músculos cremaster e dartos se contraem. A contração dos músculos cremaster move os testículos para mais perto do corpo, onde eles podem absorver o calor do corpo. A contração do músculo dartos reduz o volume do escroto (de aspecto enrugado), o que reduz a perda de calor. A exposição ao calor inverte essas ações. Testículos Os testículos são um par de glândulas ovais no escroto com aproximadamente 5 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. Cada testículo tem massa de 10 a 15 g. Os testículos se desenvolvem perto dos rins, na parte posterior do abdome, e geralmente começam sua descida para o escroto por meio dos canais inguinais durante a segunda metade do sétimo mês do desenvolvimento fetal. Uma túnica serosa chamada de túnica vaginal do testículo, que é derivada do peritônio e se forma durante a descida dos testículos, recobre parcialmente os testículos. Uma coleção de líquido seroso na túnica vaginal do testículo é chamada de hidrocele. Esta pode ser causada por lesões nos testículos ou inflamação do epidídimo. Em geral, não é necessário tratamento. Internamente à túnica vaginal do testículo, o testículo é circundado por uma cápsula fibrosa branca composta por tecido conjuntivo denso irregular, a túnica albugínea; esta se estende internamente formando septos que dividem o testículo em uma série de compartimentos internos chamados lóbulos dos testículos. Cada um dos 200 a 300 lóbulos dos testículos contêm de 1 a 3 túbulos bem enrolados, os túbulos seminíferos contorcidos, onde os espermatozoides são produzidos. O processo pelo qual os túbulos seminíferos contorcidos dos testículos produzem esperma é chamado de espermatogênese. Glândulas sexuais acessórias Os ductos do sistema genital masculino armazenam e transportam os espermatozoides, mas as glândulas sexuais acessórias secretam a maior parte da porção líquida do sêmen. As glândulas sexuais acessórias incluem as glândulas seminais, a próstata e as glândulas bulbouretrais. Glândulas seminais O par de glândulas seminais são estruturas enroladas em forma de bolsa que medem aproximadamente 5 cm de comprimento e se encontram posteriormente à base da bexiga urinária e anteriormente ao reto. Por meio dos ductos das glândulas seminais, elas secretam um líquido viscoso alcalino que contém frutose (um açúcar monossacarídio), prostaglandinas e proteínas de coagulação, que são diferentes das do sangue. A natureza alcalina do líquido seminal ajuda a neutralizar o meio ácido da uretra masculina e do sistema genital feminino, que de outro modo inativariam e matariam os espermatozoides. A frutose é utilizada para a produção de ATP pelos espermatozoides. As prostaglandinas contribuem para a mobilidade e a viabilidade dos espermatozoides e podem estimular as contrações do músculo liso no sistema genital feminino. As proteínas de coagulação ajudam o sêmen a coagular após a ejaculação. O líquido secretado pelas glândulas seminais normalmente constitui aproximadamente 60% do volume do sêmen. Próstata 17 A próstata é uma glândula única em forma de rosca, aproximadamente do tamanho de uma bola de golfe. Ela mede cerca de 4 cm de um lado a outro, aproximadamente 3 cm de cima a baixo, e cerca de 2 cm de anterior a posterior. Encontra-se inferiormente à bexiga urinária e circunda a parte prostática da uretra (Figura 28.9). A próstata aumenta de tamanho lentamente desde o nascimento até a puberdade. Em seguida, se expande rapidamente até aproximadamente os 30 anos de idade; após esse período, seu tamanho normalmente permanece estável até os 45 anos, quando podem ocorrer novos aumentos. Glândulas bulbouretrais O par de glândulas bulbouretrais mede aproximadamente o tamanho de ervilhas. Elas se encontram inferiormente à próstata em ambos os lados da parte membranácea da uretra, no interior dos músculos profundos do períneo, e seus ductos se abrem para dentro da parte esponjosa da uretra. Durante a excitação sexual, as glândulas bulbouretrais secretam um líquido alcalino na uretra que protege os espermatozoides que passam ao neutralizar os ácidos da urina na uretra. Também secretam um muco que lubrifica a ponta do pênis e a túnica mucosa da uretra, diminuindo a quantidade de espermatozoides danificados durante a ejaculação. Alguns homens liberam uma ou duas gotas de muco durante a estimulação sexual e a ereção. Esse líquido não contém espermatozoides. Sêmen O sêmen é uma mistura de espermatozoides e líquido seminal, um líquido que consiste nas secreções dos túbulos seminíferos, glândulas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais. O volume de sêmen em uma ejaculação típica é de 2,5 a 5 mililitros (mℓ), com 50 a 150 milhões de espermatozoides por mℓ. Quando a contagem cai abaixo de 20 milhões/mℓ, há probabilidade de o homem ser infértil. É necessária uma quantidade muito grande de espermatozoides para a fertilização ser bem sucedida, porque apenas uma pequena fração por fim alcança o oócito secundário. Apesar da leve acidez do líquido prostático, o sêmen tem um pH ligeiramente alcalino de 7,2 a 7,7, em decorrência do pH mais elevado e maior volume do líquido proveniente das glândulas seminais. A secreção prostática confere ao sêmen um aspecto leitoso, e os líquidos das glândulas seminais e glândulas bulbouretrais lhe dão uma consistência pegajosa. O líquido seminal fornece aos espermatozoides um meio de transporte, nutrientes e proteção do ambiente ácido hostil da uretra masculina e da vagina feminina. Uma vez ejaculado, o sêmen coagula em menos de 5 min, em decorrência da presença de proteínas de coagulação das glândulas seminais. O papel funcional da coagulação do sêmen não é conhecido, mas as proteínas envolvidas são diferentes daquelas que causam a coagulação do sangue. Depois de aproximadamente 10 a 20 min, o sêmen se reliquefaz, porque o antígeno prostático específico (PSA) e outras enzimas proteolíticas produzidas pela próstata quebram o coágulo. A liquefação anormal ou tardia do sêmen coagulado pode causar uma imobilização completa ou parcial do espermatozoide, inibindo desse modo o seu movimento ao longo do colo do útero. Depois de passar pelo útero e tubas uterinas, os espermatozoides são afetados pelas secreções da tuba uterina em um processo chamado de capacitação. A presença de sangue no sêmen é chamada de hemospermia. Na maior parte dos casos, é causada pela inflamação dos vasos sanguíneos que revestem as glândulas seminais; geralmente é tratada com antibióticos. Pênis O pênis contém a uretra e é uma passagem para a ejaculação do sêmen e a excreção de urina (Figura 28.10). Ele tem uma forma cilíndrica e é composto por um corpo, uma glande e uma raiz. O corpo do pênis é constituído por três massas cilíndricas de tecido, cada uma circundada por tecido fibroso chamado de túnica albugínea. As duas massas dorsolaterais são chamadas de corpos cavernosos do pênis. A massa médioventral menor, o corpo esponjoso do pênis, contém a parte esponjosa da uretra e a mantém aberta durante a ejaculação. A pele e uma tela subcutânea envolvem todas as três massas, que consistem em tecido erétil. O tecido erétil é composto por diversos seios sanguíneos (espaços vasculares) revestidos por células endoteliais e circundados por músculo liso e tecido conjuntivo e elástico. A extremidade distal do corpo esponjoso do pênis é uma região um pouco aumentada, em forma de bolota, chamada de glande do pênis; a sua margem é a coroa. A uretra distal aumenta no interior da glande do pênis e forma uma abertura terminal em forma de fenda, o óstio externo da uretra. Recobrindo a glande em um pênis não circuncidado está o frouxamente ajustado prepúcio do pênis. A raiz do pênis é a porção deinserção (porção proximal). Consiste no bulbo do pênis, a continuação posterior expandida da base do corpo esponjoso do pênis, e o ramo do pênis, as duas porções separadas e cônicas do corpo cavernoso do pênis. O bulbo do pênis está ligado à face inferior dos músculos profundos do períneo e é 18 fechado pelo músculo bulboesponjoso, um músculo que auxilia na ejaculação. Cada ramo do pênis se dobra lateralmente para longe do bulbo do pênis para se inserir no ísquio e ramo púbico inferior, e é circundado pelo músculo isquiocavernoso. O peso do pênis é suportado por dois ligamentos que são contínuos com a fáscia do pênis. O ligamento fundiforme do pênis surge a partir da parte inferior da linha alba. (2) O ligamento suspensor do pênis surge a partir da sínfise púbica. Após a estimulação sexual (visual, tátil, auditiva, olfatória ou imaginada), fibras parassimpáticas da porção sacral da medula espinal iniciam e mantêm uma ereção, o alargamento e o enrijecimento do pênis. As fibras parassimpáticas produzem e liberam óxido nítrico (NO). O NO faz com que o músculo liso das paredes das arteríolas que irrigam o tecido erétil relaxe, o que possibilita que estes vasos sanguíneos se dilatem. Isso, por sua vez, faz com que grandes volumes de sangue entrem no tecido erétil do pênis. O NO também faz com que o músculo liso do tecido erétil relaxe, resultando em dilatação dos seios sanguíneos. A combinação de fluxo sanguíneo aumentado e dilatação dos seios sanguíneos resulta em uma ereção. A expansão dos seios sanguíneos também comprime as veias que drenam o pênis; a desaceleração do fluxo de saída do sangue ajuda a manter a ereção. 19 FISIOLOGIA DA GRAVIDEZ, LACTAÇÃO E PARTO Gravidez Na gravidez, a placenta forma quantidades especialmente grandes de gonadotropina coriônica humana, estrogênios, progesterona e somatomamotropina coriônica humana, e as três primeiras, e provavelmente também a quarta, são essenciais à gravidez normal. A menstruação normalmente ocorre em mulher não grávida cerca de 14 dias depois da ovulação, época em que grande parte do endométrio uterino descama-se da parede uterina e é expelido para fora do útero. Se isso ocorresse após a implantação do ovo, a gravidez seria terminada. Entretanto, essa descamação é evitada pela secreção de gonadotropina coriônica humana pelos tecidos embrionários em desenvolvimento. Simultaneamente ao desenvolvimento das células trofoblásticas do ovo recém-fertilizado, o hormônio gonadotropina coriônica humana é secretado pelas células trofoblásticas sinciciais para os líquidos maternos. A secreção desse hormônio pode primeiro ser medida no sangue, 8 a 9 dias após a ovulação, pouco depois do blastocisto se implantar no endométrio. Em seguida, a secreção aumenta rapidamente, atingindo nível máximo em torno de 10 a 12 semanas de gestação e diminuindo novamente a valor mais baixo, por volta de 16 a 20 semanas, continuando nesse nível pelo restante da gravidez. A placenta, assim como o corpo lúteo, secreta tanto estrogênios quanto progesterona. Estudos histoquímicos e fisiológicos mostram que esses dois hormônios, como a maioria dos hormônios placentários, são secretados pelas células sinciciais trofoblásticas da placenta. Perto do final da gestação, a produção diária de estrogênios placentários aumenta em cerca de 30 vezes o nível de produção materna normal. Entretanto, a secreção de estrogênios pela placenta é bem diferente da secreção pelos ovários. E, o mais importante, os estrogênios secretados pela placenta não são sintetizados de novo a partir de substratos básicos na placenta. Em vez disso, eles são formados quase inteiramente dos compostos esteroides androgênicos, desidroepiandrosterona e 16- hidroxidesidroepiandrosterona, formados tanto nas glândulas adrenais da mãe quanto nas glândulas adrenais do feto. Esses fracos androgênios são transportados pelo sangue para a placenta e convertidos pelas células trofoblásticas em estradiol, estrona e estriol. (Os córtices das glândulas adrenais do feto são extremamente grandes, e cerca de 80% consistem na chamada zona fetal, cuja função primária parece ser secretar desidroepiandrosterona durante a gravidez.) A progesterona é também essencial para uma gravidez bem-sucedida; na verdade, é tão importante quanto o estrogênio. Além de ser secretada em quantidade moderada pelo corpo lúteo no início da gravidez, é secretada posteriormente em quantidades enormes pela placenta. Os efeitos especiais da progesterona, essenciais à progressão normal da gravidez, são os seguintes: 1. A progesterona faz com que células deciduais se desenvolvam no endométrio uterino. Essas células têm papel importante na nutrição do embrião inicial. 2. A progesterona diminui a contratilidade do útero grávido, evitando, assim, que contrações uterinas causem aborto espontâneo. 3. A progesterona contribui para o desenvolvimento do concepto mesmo antes da implantação, pois especificamente aumenta as secreções das trompas de Falópio e do útero, proporcionando material nutritivo apropriado para o desenvolvimento da mórula (massa esférica, de 16 a 32 blastômeros, formada antes da blástula) e do blastocisto. Existem ainda razões para acreditarmos que a progesterona afeta a clivagem celular no embrião em desenvolvimento inicial. 4. A progesterona, secretada durante a gravidez, ajuda o estrogênio a preparar as mamas da mãe para a lactação. A mais aparente dentre as diversas reações da mãe ao feto e os altos níveis de hormônios da gravidez é o aumento de tamanho dos vários órgãos sexuais. Por exemplo, o útero aumenta de aproximadamente 50 gramas para 1.100 gramas, e as mamas quase dobram de tamanho. Ao mesmo tempo, a vagina aumenta, e o introito se expande mais. Além disso, os diversos hormônios podem causar mudanças acentuadas na aparência da gestante, às vezes resultando no desenvolvimento de edema, acne e traços masculinos ou acromegálicos. Como consequência de maior secreção de muitos hormônios durante a gravidez, incluindo a tiroxina, hormônios adrenocorticais e hormônios sexuais, o metabolismo basal da gestante aumenta cerca de 15% na última metade da gravidez. Por conseguinte, frequentemente ela tem sensações de calor excessivo. Além 20 disso, devido à carga extra que ela está carregando, precisa despender mais energia do que o normal na atividade muscular. Parto Parto significa o nascimento do bebê. Ao final da gravidez, o útero fica progressivamente mais excitável, até que, por fim, desenvolve contrações rítmicas tão fortes que o bebê é expelido. Não se sabe a causa exata do aumento da atividade uterina, mas pelo menos duas categorias principais de eventos levam às contrações intensas, responsáveis pelo parto: (1) mudanças hormonais progressivas que aumentam a excitabilidade da musculatura uterina; e (2) mudanças mecânicas progressivas A progesterona inibe a contratilidade uterina durante a gravidez, ajudando, assim, a evitar a expulsão do feto. Por sua vez, os estrogênios têm tendência definida para aumentar o grau de contratilidade uterina, em parte porque elevam o número de junções comunicantes entre as células do músculo liso uterino adjacentes, mas também devido a outros efeitos pouco entendidos ainda. Tanto a progesterona quanto o estrogênio são secretados em quantidades progressivamente maiores durante grande parte da gravidez, mas, a partir do sétimo mês, a secreção de estrogênio continua a aumentar, enquanto a de progesterona permanece constante ou até mesmo diminui um pouco. Por isso, já se postulou que a produção estrogênio-progesterona aumenta o suficiente até o final da gravidez para ser pelo menos parcialmente responsável pelo aumento da contratilidade uterina. Durante grande parte da gravidez, o útero sofre episódios periódicos de contrações rítmicas fracas e lentas, denominadas contrações de Braxton Hicks. Essas contrações ficam progressivamente mais fortes ao final da gravidez; então, mudam subitamente,em questão de horas, e ficam excepcionalmente fortes, começando a distender o colo uterino e, posteriormente, forçando o bebê através do canal de parto, levando, assim, ao parto. Esse processo é denominado trabalho de parto, e as contrações fortes, que resultam na parturição final, são denominadas contrações do trabalho de parto. Lactação As mamas, começam a se desenvolver na puberdade. Esse desenvolvimento é estimulado pelos estrogênios do ciclo sexual feminino mensal; os estrogênios estimulam o crescimento da parte glandular das mamas, além do depósito de gordura que dá massa às mamas. Além disso, ocorre crescimento bem mais intenso durante o estado de altos níveis de estrogênio da gravidez, e só então o tecido glandular fica inteiramente desenvolvido para a produção de leite. Durante toda a gravidez, a grande quantidade de estrogênios secretada pela placenta faz com que o sistema de ductos das mamas cresça e se ramifique. Simultaneamente, o estroma das mamas aumenta em quantidade, e grande quantidade de gordura é depositada no estroma. Quatro outros hormônios são igualmente importantes para o crescimento do sistema de ductos: hormônio do crescimento, prolactina, os glicocorticoides adrenais e insulina. Sabe-se que cada um desses hormônios tem pelo menos algum papel no metabolismo das proteínas, o que, presumivelmente, explica a função deles no desenvolvimento das mamas. Embora o estrogênio e a progesterona sejam essenciais ao desenvolvimento físico das mamas durante a gravidez, um efeito especial de ambos esses hormônios é inibir a verdadeira secreção de leite. Por outro lado, o hormônio prolactina tem o efeito exatamente oposto na secreção de leite, promovendo-a. A prolactina é secretada pela hipófise anterior materna, e sua concentração no sangue da mãe aumenta uniformemente a partir da quinta semana de gravidez até o nascimento do bebê, época em que já aumentou de 10 a 20 vezes o nível normal não grávido. 21 SISTEMA EXCRETOR ANATOMIA FUNCIONAL E FORMAÇÃO DA URINA PELOS RINS A maioria das pessoas está familiarizada com uma função importante dos rins — eliminar do corpo o material indesejado que é ingerido ou produzido pelo metabolismo. Uma segunda função, especialmente crítica, é a de controlar o volume e a composição dos eletrólitos dos líquidos corporais. Para a água e praticamente todos os eletrólitos do corpo, o equilíbrio entre o ganho (devido à ingestão ou à produção pelo metabolismo) e a perda (por excreção ou consumo metabólico) é mantido, em grande parte, pelos rins. Essa função regulatória dos rins mantém o ambiente interno estável, necessário às células para a realização de suas várias funções. Entre elas: •Excreção de produtos indesejáveis do metabolismo e de substâncias químicas estranhas. •Regulação do equilíbrio de água e dos eletrólitos. •Regulação da osmolalidade dos líquidos corporais e da concentração de eletrólitos. •Regulação da pressão arterial. •Regulação do equilíbrio ácido-base. •Regulação da produção de hemácias. •Secreção, metabolismo e excreção de hormônios. •Gliconeogênese. Os rins são os meios primários para a eliminação de produtos indesejáveis do metabolismo que não são mais necessários ao corpo. Esses produtos incluem ureia (do metabolismo dos aminoácidos), creatinina (da creatina muscular), ácido úrico (dos ácidos nucleicos), produtos finais da degradação da hemoglobina (tais como a bilirrubina) e metabólitos de vários hormônios. Esses produtos indesejáveis devem ser eliminados do corpo tão rapidamente quanto são produzidos. Os rins também eliminam a maioria das toxinas e das outras substâncias estranhas que são produzidas pelo corpo e ingeridas, tais como pesticidas, fármacos e aditivos alimentícios. Para a manutenção da homeostasia, a excreção de água e eletrólitos deve ser cuidadosamente combinada com os respectivos ganhos. Caso o ganho exceda a excreção, a quantidade de água e de eletrólitos no corpo aumentará. Caso o ganho seja menor que a excreção, a quantidade de água e de eletrólitos no corpo diminuirá. Embora possam ocorrer desequilíbrios temporários (ou cíclicos) de água e eletrólitos em várias condições fisiológicas e fisiopatológicas associadas à ingestão alterada ou à excreção renal, a manutenção da vida depende da restauração do equilíbrio de água e eletrólitos. Os dois rins se situam na parede posterior do abdome, fora da cavidade peritoneal. Cada rim de ser humano adulto pesa cerca de 150 gramas e tem o tamanho aproximado de uma mão fechada. O lado medial de cada rim apresenta região indentada chamada hilo. Pelo hilo passam a artéria e veia renais, vasos linfáticos, suprimento nervoso e o ureter, que carreia urina do rim para a bexiga. Na bexiga, a urina é armazenada e periodicamente eliminada do corpo. O rim é revestido por cápsula fibrosa resistente, que protege as estruturas internas, que são mais delicadas. Se o rim for cortado de cima para baixo, as duas principais regiões que podem ser visualizadas são as regiões do córtex externo e da medula interna. A medula é dividida em 8 a 10 massas de tecidos em forma de cone chamados pirâmides renais. A base de cada pirâmide se origina no limite entre as regiões cortical e medular e termina na papila, que se projeta para o espaço da pelve renal, uma estrutura em formato de funil que continua com a extremidade superior do ureter. A borda externa da pelve é dividida em estruturas de fundo-cego chamadas cálices maiores que se dividem em cálices menores, que coletam urina dos túbulos de cada papila. As paredes dos cálices, da pelve e do ureter contêm elementos contráteis que propelem a urina em direção à bexiga, onde a urina é armazenada até que seja eliminada pela micção. 22 Cada rim humano contém cerca de 800.000 a 1 milhão de néfrons, cada um dos quais é capaz de formar urina. O rim não pode regenerar novos néfrons. Portanto, com a lesão renal, doença ou envelhecimento, o número de néfrons reduz-se gradualmente. Após os 40 anos de idade, o número de néfrons funcionais geralmente diminui por cerca de 10% a cada 10 anos; dessa forma, com 80 anos, muitas pessoas têm 40% a menos de néfrons funcionais em comparação à idade de 40 anos. Essa perda não põe risco à vida, porque alterações adaptativas nos néfrons remanescentes os permitem excretar a quantidade apropriada de água, eletrólitos e produtos residuais. Cada néfron contém grupo de capilares glomerulares chamado glomérulo, pelo qual grandes quantidades de líquido são filtradas do sangue; e longo túbulo, no qual o líquido filtrado é convertido em urina, no trajeto para a pelve renal. O glomérulo contém rede de capilares glomerulares que se unificam e se anastomosam e que, comparados a outros capilares, têm pressão hidrostática alta (cerca de 60 mmHg). Os capilares glomerulares são recobertos por células epiteliais, e todo o glomérulo é envolvido pela cápsula de Bowman. O líquido filtrado dos capilares glomerulares flui para o interior da cápsula de Bowman e daí para o interior do túbulo proximal que se situa na zona cortical renal. A partir do túbulo proximal, o líquido flui para o interior da alça de Henle, que mergulha no interior da medula renal. Cada alça consiste em ramos descendente e ascendente. As paredes do ramo descendente e da parte inferior do ramo ascendente são muito delgadas e, portanto, são denominadas segmento delgado da alça de Henle. Após a porção ascendente da alça ter retornado parcialmente de volta ao córtex, as paredes ficam mais espessas e são denominadas segmento espesso do ramo ascendente. No final do ramo ascendente espesso existe um pequeno segmento que tem em sua parede placa de células epiteliais especializadas, conhecidas como mácula densa. Como discutiremos adiante, a mácula densa tem um papel importante no controle da função do néfron. Depois da mácula densa, o líquido entra no túbulo distal que, como o túbulo proximal, se situa no córtex renal. O túbulo distal é seguido pelo
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