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Aula 6 (Diagrama de Bloco e de Processos – continuação) – Operações Unitárias Professor Marcos Makoto Toyama - 25/09/2020 PROCESSOS QUÍMICOS • Analysis, Synthesis, and Design of Chemical Processes TURTON, Richard.; BAILIE, Richard C.; WHITING, Wallace B.; SHAEIWITZ, Joseph A. Prentice Hall International, 3 ed., 2010 • Conceptual Design of Chemical Processes DOUGLAS, James M. McGraw-Hill International Edition, 1998 • Princípios Elementares dos Processos Químicos FELDER, Richard M.; ROSSEAU, Ronald W. LTC, 3 ed., 2005 • Engenharia Química: Príncipios e Cálculos HIMMEBLAU, David M.; RIGGS, James B. LTC, 7 ed., 2006 Bibliografia: I . Introdução Definição: Processo químico é qualquer operação ou conjunto de operações coordenadas que causam uma transformação física ou química em um material ou misturas de materiais. http://mecalor.com.br/ ▪ O objetivo dos processos químicos é a obtenção de produtos desejados à partir de matérias primas selecionadas ou disponíveis. Natureza da síntese e análise de processos Aspectos criativos do projeto de processos O propósito da engenharia é a criação de novos produtos rentáveis; Através da transformação química ( ou biológica ) e/ou separação de materiais; O processo e o projeto de plantas industriais é uma atividade criativa; Ideias são traduzidas em equipamentos e processos; Aumentar o valor dos materiais existentes e redução de custos; Aspectos criativos do projeto de processos • Produzir matérias primas; • Converter resíduos em produtos com valor agregado; • Criar um material/produto completamente novo; • Encontrar uma nova maneira de produzir materiais já conhecido; • Desenvolver novas tecnologias (Biotecnologia ) • Desenvolver novos materiais de construção Tentar gerar novas ideias para, quando possível: Medida do Sucesso Poucas ideias são aproveitadas; As chances de comercialização durante o estágio de pesquisa são de aproximadamente 1 a 3%, no estágio de desenvolvimento 10 a 25 % e no estágio de planta piloto, ao redor de 40 a 60 %; Síntese de Processos Exemplo: um químico descobre uma nova reação química para um determinado produto ou um novo catalisador para uma reação já existente, e nós queremos transformar essa descoberta em um novo processo. Só conhecemos algumas informações da química, como a condição de reação. P T Q Isto é síntese de processos Existem muitos caminhos que podemos considerar(~10000) Encontrar alternativas de processo que sejam: • as de menor custo • técnica e ambientalmente seguras • fácil de operar e de simples inicialização da planta. DESENVOLVIMENTO DE PROCESSO Desenvolvimento de processo Em muitos casos usamos regras que possibilitam eliminar certas alternativas de processo, mas em muitos casos é necessário o projeto dessas alternativas e a comparação de seus custos. AGENDA • Desenvolvimento de processos – Método de engenharia para projetos conceituais de processos ➢ Informações iniciais ➢Níveis de decisão PROJETO CONCEITUAL DE PROCESSOS II. Desenvolvimento de Processo – Método de Engenharia para Projeto Conceitual de Processos (DOUGLAS,1988 e TURTON et al., 2012). Hierarquia de decisão: Nível 1 – Batelada X contínuo Nível 2 de decisão – Estrutura de entrada e saída do processo Nível 3 de decisão – Estrutura de reciclo do processo Nível 4 de decisão – Estrutura geral do sistema de separação Nível 5 de decisão – Integração de energia do processo II.1 – INFORMAÇÕES INICIAIS As informações que são normalmente avaliadas no estágio inicial do projeto do processo são: a) Condição da reação ou condições das reações a.1) Estequiometria dos reagentes a.2) Faixa de pressão e temperatura a.3) Fase do sistema reativo a.4) Conversão x tempo a.5) Distribuição de produtos x conversão – seletividade a.6) Catalisador: atividade, desativação, regeneração b) Taxa de produção desejada c) Taxa de pureza do produto ou informação sobre o preço versus pureza d) Informações sobre a matéria-prima e) Taxa de reação e desativação do catalisador f) Restrições do processo g) Dados sobre outras plantas ou sites h) Propriedades físicas de todos os componentes i) Informações sobre toxicologia, segurança e impacto ambiental das matérias- primas envolvidas j) Informações sobre custo: produtos, equipamentos e utilidades II.2 - Nível 1 DE DECISÃO II. 2. 1. PROCESSO BATELADA Processo Batelada é aquele no qual uma quantidade finita de produto é produzido durante um período de poucas horas ou dias. O processo é alimentado, a operação é executada, o produto é descarregado e reinicia-se outro ciclo. Tempo do ciclo: carga, reação, descarga, limpeza II. 2. 2. PROCESSO CONTÍNUO Neste tipo de processo as entradas e saídas fluem continuamente ao longo do tempo total de duração do processo. As paradas totais do processo se realizam em intervalos de um ano ou mais. Tempo de operação: 24 horas/dia, 7 dias/semana II.2.3. Comparação entre os dois tipos de processo Há muitas variáveis a se analisar para decidir entre processo batelada e contínuo, mas as principais são: tamanho de escala e flexibilidade x Tabela com as principais características: Batelada X Contínuo Batelada Contínuo 1) Baixa taxa de produção (< 500 t/ano) 1) Alta taxa de produção (> 5000 t/ano) 2) Diferentes produtos a partir de diferentes matérias- primas (até 100 produtos diferentes em uma mesma planta). Equipameno flexível 2) Um produto principal a partir de um tipo de matéria- prima 3) Baixo investimento de capital 3) Alto custo de investimento 4) Alto custo de operação e de utilidades (difícil controle, regime transiente) 4) Baixo custo de operação (estado permanente) 5) Indústrias: Bebidas, alimentos, farmacêuticas, cosméticos, etc. 5) Indústrias: petroquímicas, siderúrgicas, cimenteiras, papel celulose, etc. II.3 - NÍVEL 2 DE DECISÃO Estrutura de entrada e saída Nível em que se identificam as entradas com suas características e as saídas. Representação: Reação ou reações SaídaEntrada Considerações envolvidas nesta etapa: Purificação da alimentação e componentes traços Recuperação ou reciclo de subprodutos Reciclo de gases e purga Recuperação ou não de reagentes Número de correntes na saída do processo Um bom processo dever ser capaz de recuperar 99% de todo material de valor. Recuperar e reciclar todo reagente. II.3.1.Purificação da alimentação e componentes traços a) Se a impureza é inerte (não reage formando sub-produto) e não está presente em grande quantidade (10 – 20%), a primeira opção é mantê-la. b) Se a separação da impureza é difícil ou cara, a opção émantê-la. Exemplos: b.1) Impureza forma azeótropo com a alimentação; b.2) A alimentação é um inerte (gasoso) nas condições da alimentação do processo. c) Se a impureza contaminar o catalisador ou for veneno para o catalisador, então purifica-se a alimentação. Ex. Enxofre é veneno para catalisador a base de ferro, cobalto, níquel, paládio e platina d) Se a impureza reage e forma produtos perigosos ou de difícil separação, então purifica-se a alimentação. Ex. A corrente de CO usada para produzir o fosgênio (COCl2), intermediário na produção de poliuretana, não pode apresentar mais do que 1% de H2. e) Se a impureza está em grande quantidade, então purifica-se a alimentação. Exceção: uso de ar (21% O2, 79% N2 em base molar ou volumétrica). O N2 absorve calor, assim modera calor em processos exotérmicos. III.3.2. Recuperar ou reciclar sub-produto Consideração: Reciclar um sub-produto reversível e manter em nível de equilíbrio. Isto aumenta o tamanho do equipamento que recebe o reciclo. Recuperar um sub-produto reversível, paga-se uma penalidade devido ao aumento do custo da matéria-prima (reagente). Portanto a decisão é uma análise econômica que relaciona preço de matéria-prima, sub-produto e reciclo. III.3.3. Reciclo de gases e purga Se existe um reagente leve e uma outra impureza leve,ou um sub-produto leve, é comum o uso de reciclo e uma purga. Obs. Substância leve (Teb < -48 ºC) III.3.4. Definição das correntes de saída do processo Listar todos os componentes que podem sair do reator, ordená-los em ordem crescente por temperatura de ebulição, definir o destino da substância no processo. Referências: • Turton, R.; Bailey, R.C.; Whiting, W.B; Shaeiwitz, J.A. Analysis, Synthesis and Design of Chemical Processes, 4ª ed. New Jersey: Editora Prentice Hall, 2012 • Douglas, J.M. Conceptual Design of Chemical Processes, 1ª ed. Boston: McGraw- Hill, 1988 PROJETO CONCEITUAL DE PROCESSOS II.4. Nível 3 de decisão – Estrutura de reciclo processo Estrutura geral separaçãoreator alimentação saída Reciclo líquido Reciclo gasoso Purga PROJETO CONCEITUAL DE PROCESSOS Decisões que determinam a estrutura de reciclo (DOUGLAS, 1988 e TURTON, 2012) 1) Reciclar matéria-prima é essencial para o custo do processo. O quanto é reciclado depende da facilidade com que essas substâncias que não reagiram são separadas e purificadas dos produtos. Obs. Considera-se o valor dos reagentes, geralmente ar e água não são reciclados PROJETO CONCEITUAL DE PROCESSOS 2) Número de sistemas reativos. Se existirem reações que ocorrem em diferentes condições de temperatura e pressão ou se elas necessitam de diferentes catalisadores, então é usado mais do que um sistema reator. 3) Deve verificar se há a necessidade de sistema de separação entre os sistemas reativos. PROJETO CONCEITUAL DE PROCESSOS 4) Definir se haverá reagente em excesso na entrada do reator. 5) Definir como será a operação do reator. (isotérmico ou adiabático) 6) Como o custo do reator afeta o potencial econômico do reator. PROJETO CONCEITUAL DE PROCESSOS Referências: • Turton, R.; Bailey, R.C.; Whiting, W.B; Shaeiwitz, J.A. Analysis, Synthesis and Design of Chemical Processes, 4ª ed. New Jersey: Editora Prentice Hall, 2012 • Douglas, J.M. Conceptual Design of Chemical Processes, 1ª ed. Boston: McGraw- Hill, 1988 PROCESSOS QUÍMICOS - Sistemas de Separação PROJETO CONCEITUAL DE PROCESSOS II.5. Nível 4 de decisão – Estrutura de separação Sistemas de separação: operações unitárias que tem como objetivo separar as substâncias que saem do reator e “produzir” as correntes de produtos com pureza aceitável, as correntes de reciclo de matérias primas que não reagiram e as correntes de sub-produtos. PROJETO CONCEITUAL DE PROCESSOS Os sistemas de separação geralmente são definidos ao se propor o Diagrama de Fluxo de Processo (PFD) a partir do Diagrama de Bloco Genérico, como o representado a seguir: separação reator alimentação saída Reciclo líquido Reciclo gasoso Purga 1 ESTRUTURA DE SEPARAÇÃO Para se propor o sistema de separação é necessário conhecer a fase ou as fases e a composição da saída do reator, bem como o valor das variáveis de processo (pressão, temperatura) e se necessário adequá-la. No Diagrama de Blocos Genérico, o bloco indica a preparação da corrente para o sistema de separação, geralmente um resfriamento. Tipos de resfriamento antes da separação: 1 • Trocador de calor: unidade de processo através da qual duas correntes fluidas de diferentes temperaturas escoam pelos lados opostos de uma barreira metálica. Geralmente se utiliza água de resfriamento. • Quenching (resfriamento direto): resfriamento rápido de uma corrente de processo, geralmente gasosa, pelo contato com um líquido que é aspergido. ESTRUTURA DE SEPARAÇÃO Se a corrente efluente do reator é: 1) Líquida: Avalie a necessidade de resfriamento. O efluente é enviado para a área de sistema de separação de líquidos (SSL), onde essas operações, geralmente, são: Destilação: Coluna de destilação Um processo no qual uma mistura de líquidos miscíveis alimenta uma coluna vertical. O vapor que sai pelo topo da coluna é condensado: parte dele é retirado como produto de topo e o resto volta para a coluna como refluxo. O líquido que sai pelo fundo da coluna é parcialmente vaporizado e volta para a coluna e o restante é retirado como produto de fundo. ESTRUTURA DE SEPARAÇÃO Extração líquida: Um processo no qual uma mistura líquida de duas espécies (o soluto e o solvente da alimentação) é posta em contato, em um misturador, com um líquido (o solvente) que é imiscível ou quase imiscível com a alimentação. Quando os líquidos são misturados, o soluto se transfere do solvente da alimentação para o solvente. Coluna de extração ESTRUTURA DE SEPARAÇÃO Cristalização: Um processo no qual uma mistura líquida é resfriada ou o solvente é evaporado até que se formem cristais sólidos de soluto. Os cristais na lama (suspensão de sólidos em um líquido) que sai do cristalizador podem subsequentemente ser separados do líquido em um filtro ou em uma centrífuga. Cristalizadores ESTRUTURA DE SEPARAÇÃO Se a corrente efluente do reator é: 2) Gasosa (gás/vapor) Primeiramente resfria-se a mistura até uma temperatura conveniente e separa-se gerando uma corrente líquida e outra gasosa (vaso separador). Em seguida a corrente líquida é enviada para o SSL e a corrente gasosa é enviada para o sistema de recuperação de vapor (SRV), que podem ser: ESTRUTURA DE SEPARAÇÃO Condensação parcial (baixa temperatura e/ou alta pressão): Condensador Um processo no qual um gás é resfriado e/ou comprimido, provocando a liquefação de um ou mais dos seus componentes. Os gases não condensados e o condensado líquido deixam o condensador como correntes separadas. ESTRUTURA DE SEPARAÇÃO Absorção: Coluna de absorção Um processo no qual uma mistura gasosa é colocada em contato com um solvente líquido e um componente (ou vários) do gás se dissolve no líquido. Em uma coluna de absorção o solvente entra pelo topo da coluna, escoa para baixo e sai pelo fundo, enquanto que o gás entra pelo fundo, escoa para cima e sai pelo topo. ESTRUTURA DE SEPARAÇÃO Adsorção: Adsorvedor Um processo no qual uma mistura gasosa ou líquida entra em contato com um sólido (o adsorvente) e um componente da mistura (o adsorbato) adere à superfície do sólido. ESTRUTURA DE SEPARAÇÃO Separação por membranas: Menbranas Uma fina película líquida ou sólida através da qual ums ou mais espécies em uma corrente de processo podem permear. ESTRUTURA DE SEPARAÇÃO Se a corrente efluente do reator é: 3) Mistura de duas fases (líquida e gasosa) Separa-se as fases em tanques separadores e em seguida a corrente líquida segue para o SSL e a corrente gasosa é enviada para o SRV. ESTRUTURA DE SEPARAÇÃO Regra geral: • Utilize a destilação, como primeira escolha, para a separação de líquidos miscíveis quando é exigido produtos puros (topo e fundo) • Utilize a absorção para remover componentes traços de uma corrente gasosa • Considere e a adsorção para remover contaminantes em pequena concentração de correntes gasosas ou líquidas • Considere a adsorção por equilíbrio de pressão para purificar as correntes gasosas, especialmente quando um dos componentes tem um ponto de ebulição criogênico • Considere usar separação por membranas para separar gases com ponto de ebulição criogênico e vazões relativamente baixas ESTRUTURA DE SEPARAÇÃO Continuação: • Escolha uma alternativa à destilação se os pontos de ebulição estiverem muito próximos ou se os calores de vaporização são muito altos • Utilize a extração como uma opção para purificar um líquido de outro líquido • Use a cristalização para separar dois sólidos ou purificar um sólido de uma solução líquida • Use a evaporação para concentrar uma solução de um sólido em um líquido • Use a centrifugação para concentrar um sólido contido em uma lama • Use a filtração para remover um sólido quase seco de uma lama • Use o peneiramento para separar sólidos de diferentes tamanhos de partículas ESTRUTURA DE SEPARAÇÃO Continuação: • Use flotação para separar sólidos de densidade diferente de uma mistura de partículas puras • Considere utilizar osmose reversa para purificar um líquido de umasolução de sólidos dissolvidos • Use lixiviação para remover um sólido de uma mistura sólida • Considere a cromatografia para purificação final de produtos de alto valor (como proteínas) de meios diluídos Potencial Econômico de Processos Processo Químico Industrial Processo químico MATÉRIAS- PRIMAS MÃO-DE- OBRA RECURSOS PRODUTO RESÍDUOS Quais reações acontecem Quais substâncias entram como alimentação (matéria-prima) e quais saem como produto Análise econômica básica sobre margem de lucro (PE1), ou seja, o Potencial Econômico Básico. Processo Químico Industrial Informações que podem ser obtidas para um processo utilizando o diagrama de entrada e saída: Processo Químico Industrial Análise Econômica Básica: Processo Químico Industrial Análise Econômica Básica: A rentabilidade potencial de um processo deve ser avaliada e uma decisão de prosseguir com o processo pode ser tomada. Se a margem de lucro ou potencial econômico for um número negativo, significa que o processo não apresenta potencial para ganhar dinheiro. OBS: os preços das substâncias sofrem alterações de acordo com algumas situações econômicas. Tabela de preços de alguns produtos químicos: Substância Preço (US$/kg) Acetaldeído 1,033 Acetona (99% pureza) 0,948 Ácido acético 1,090 Ácido sulfúrico 0,090 Benzeno 0,349 Ciclohexano 1,43 Cloro 0,375 Dimetileter 0,948 Estireno 1,543 Etanol anidro 0,937 Etanol hidratado 0,703 Fonte: CMR (Chemical Market Reporter), citado no livro do Turton (2009) Obs. No Brasil preços no anuário da Abiquim Tabela de preços de alguns produtos químicos: Substância Preço (US$/kg) Etilbenzeno 1,069 Etileno 1,202 Hidrogênio 0,721 Hidrogênio c/ 3% impur. 0,600 Isopropanol (99%) 1,378 Isopropanol hidratado 1,075 Metano 0,293 Metanol 0,294 Propileno 1,014 Tolueno 0,322 Óxido de etileno 1,764 Fonte: CMR (Chemical Market Reporter), citado no livro do Turton (2009) Obs. No Brasil preços no anuário da Abiquim Diagrama de Bloco com Estrutura de Entrada e Saída Exemplo 01: Processo de produção de Benzeno por Hidrogenação do Tolueno (ex. 1 da lista 01). PROCESSOC2H8; H2 C6H6; CH4 Determinar o potencial econômico do processo para uma produção de 10.000 toneladas/ano de benzeno. C7H8 (g) + H2 (v) → C6H6 (g) + CH4 (g)