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Fisiopato Patologia celular do SNC Alterações neuronais - O tecido nervoso apresenta reações e lesões celulares que dependem do tipo, da intensidade e da duração do agente agressor, das características morfológicas e funcionais de seus componentes celulares e da integridade das comunicações intercelulares - As lesões do corpo celular podem ser mínimas, graves, agudas, crônicas, específicas ou inespecíficas - São elas: 1. Cromatólise - Ocorre pela descontinuidade dos axônios, processo chamado de axôtomia (o axônio sofre uma lesão e é “rompido”) - A axôtomia resulta em um desarranjo do RER e aumento na quantidade de ribossomos para promover a síntese de proteínas no intuito de recuperar o axônio - É caracterizada pela dispersão dos corpúsculos de nissel em torno do núcleo - Processo: axotomia -> corpo neuronal tenta se adaptar -> RER é fragmentado -> há um aumento na produção de ribossomos -> dispersão dos corpúsculos de nissel em torno do núcleo 2. Tumefação celular - Ocorre em processos isquêmicos ou de injúria que causam modificação na membrana plasmática e na bomba de sódio- potássio, resultando em aumento intracelular de sódio e água - Pode ocorrer nas doenças neurodegenerativas 3. Degeneração espongiforme - É uma forma de tumefação mais avançada - É caracterizada por uma tumefação que assume um aspecto vacuolar e se estende para o neurópilo (região onde se encontram os prolongamentos neuronais e das células da glia) - Ocorre em infecções por príons (ex: encefalopatia espongiforme) - Processo: os corpos neurais sofrem tumefação por um processo isquêmico/ degenerativo -> a tumefação evolui, assume um aspecto vacuolar e se estende até o neurópilo Fisiopato 4. Atrofia neuronal - Ocorre com o envelhecimento ou por atrofia transináptica (lesão em um neurônio que acarreta em outro neurônio) - É caracterizada por retração do corpo neuronal com basofilia citoplasmática e hipercromasia nuclear (aspecto chamado atrofia neuronal simples) 5. Atrofia pigmentar - Ocorre com o envelhecimento - É caracterizada por uma atrofia neuronal simples com depósito de lipofucsina 6. Neurônio isquêmico/vermelho (necrose isquêmica) - Ocorre de 12-24h depois de um processo isquêmico - Pode ocorrer como evolução da tumefação celular - É caracterizado por neurônios com hipereosinofilia, retração do corpo celular, cariopicnose e cariólise (processo chamado de neurônio vermelho) 7. Doenças do armazenamento de substâncias . Doença de Niemann-Pick - É caracterizada pelo acúmulo de esfingolipídeos (do tipo gangliozídeos), deslocamento do núcleos para a periferia e alteração balonizante dos neurônios - O material armazenado é PAS+ . Doença de Lafora - É caracterizada pelo acúmulo de polímeros de glicose (denominados corpos de lafora) - O material armazenado é PAS+ . Doença de alzheimer - Ocorre uma reorganização dos prolongamentos neuronais (mudança no citoesqueleto) - É caracterizada pela presença de corpos de hirano (corpúsculos eosinofílicos com aspecto em bastão formados pelo acúmulo de Fisiopato moléculas do citoesqueleto, surgem pelo processo de envelhecimento ou pela degradação do citoesqueleto) e degeneração granulovacular (ocorre quando as moléculas do citoesqueleto são degradadas no lisossomo) - Pode haver também corpos de lewy (aglomerados da proteína alfa-sinucleína) . Doença de pick - É caracterizada pela presença dos corpos de pick (aglomerados da proteína tau) e pelos emaranhados neurofibrilares de alzheimer 8. Corpúsculos de inclusão - Podem ser inclusões nucleares (ex: encefalite herpética) ou citoplasmáticas (ex: corpúsculo de negri) - Ocorrem por infeções virais 9. Lesão dos dendritos - É caracterizada pela redução da ramificação dendrítica - Ocorre com o envelhecimento, na doença de alzheimer e após axotomia 10. Lesões do axônio - A degeneração walleriana do SNP ocorre por axotomia no SNP e pode haver cromatólise e acúmulo de citoesqueleto - A degeneração walleriana do SNC ocorre por axotomia primária seguida de axotomia secundária (axotomia primária -> interrupção do fluxo neuronal -> axotomia secundária -> ruptura/degeneração do axônio) Fisiopato 11. Lesões de astrócitos - Ocorre em resposta á injúria, hiperplasia e hipertrofia astrocitária - É caracterizada por astrocitos gemistacíticos (astrocitos reativos que estão sofrendo hipertrofia) com núcleo excêntrico, citoplasma abundante, deposição hialina e prolongamentos que evoluem para astrócitos fibrilares (em decorrência do acúmulo de proteína GFAP) - Há também áreas com fibras de rosenthal (inclusões formas dentro da célula através de processo antigos de gliose + acúmulo de proteínas GPAF em forma de cenoura) * Proteína GPAF = proteína fibrilar ácida da glia * Gliose = reparo e cicatrização do cérebro 12. Lesões da microglia - Caracterizada por células em bastão isoladas e nódulos microgliais Edema cerebral - São resultado da saída aumentada de líquido dos vasos sanguíneos ou de lesão nas várias células do SNC - São eles: 1. Edema cerebral vasogênico - Causas: hemorragia cerebral, infarto cerebral, neoplasias intracranianas, traumatismos cranioencefálicos, crises convulsivas, encefalopatia hipertensiva, radiação e intoxicação por chumbo - Processo: alteração das proteínas do endotélio -> extravassamento para o interstício -> acúmulo na substância branca Fisiopato 2. Edema cerebral citotóxico - É um edema isquêmico - Causas: hipóxia, isquemia, hiperamonemia (aumento de ureia), encefalite e lesão axonal difusa - Ocorre secundário á dano celular direto nos astrócitos, nos neurônios e nos oligodentrócitos - Processo: ocorre uma redução no fluxo de O2 -> redução de ATP -> bombas de ATPase param de funcionar -> sódio fica retido na célula -> acúmulo de água dentro da célula (tumefação celular + neurônio vermelho) 3. Edema intersticial - Causa: hidrocefalia obstrutiva - Processo: ocorre um processo obstrutivo na região dos ventrículos -> o LCR fica retido e aumenta a pressão intraventricular -> o LCR começa a passar entre as células ependimárias e atinge a região da substância branca (espaço periventricular) 4. Edema hiposmótico - É um edema intracelular e intersticial - Ocorre quando há uma diminuição da osmolaridade plasmática por infusão intravenosa de grande quantidade de solução salina ou glicosada - Processo: hiponatremia -> correção rápida de situações de hiperosmolaridade -> cetoacidose (para corrigir a alteração aumenta a produção de moléculas, aumenta osmolaridade e as células começam a reter líquido) -> desidratação -> hipernatrêmia (neurônios do SNC retém o líquido infundido rapidamente) Hérnia cerebral - A pressão intracraniana elevada também pode reduzir a perfusão do encéfalo, com posterior exacerbação do edema cerebral - Se a expansão for suficientemente grave, a herniação pode ocorrer em múltiplas localizações anatômicas - São elas: Fisiopato 1. Hérnia do giro do cíngulo (subfalcina) - É expansiva e se localiza na região frontoparietal de um hemisfério cerebral - Há deslocamento lateral do giro do cíngulo para o lado oposto, por baixo da borda livre da foice do cérebro - É bem tolerada clinicamente em alguns casos - Resulta em infarto no cortéx frontoparietal parassagital (pois afeta oas artérias e ramos) 2. Hérnia transtentorial (uncinada ou mesial tempral) - O úncus (porção anteromedial do giro para- hipocampal) ou todo o giro para-hipocampal, localizado no lobo temporal, deslocam-se para o compartimento infratentorial através do espaço entre a borda da incisura do tentório - É a hérnia mais frequente e importante - Resulta na compressão do nervo oculomotor e de artérias, gerando hemorragias de duret e infarto calcarínico - Pode ser a causa da hérnia das tonsilas cerebelares - Macroscopia = hemorragias de duret e entalhos de de kernohan 3. Hérniadas tonsilas cereberales - Há deslizamento do bulbo e das porções paramedianas da face inferior do cerebelo através do forame magno (por esse motivo Fisiopato essa hérnia é conhecida também como cone de compressão das tonsilas cerebelares) - A compressão e distorção do bulbo produzem perturbações respiratórias que podem culminar em parada respiratória (apneia), por compressão dos centros respiratórios, resultando em coma por hipóxia Síndrome de hipertensão intracraniana - A HIC pode se originar de lesões neurológicas cerebrais de origem traumática, infecciosa ou metabólica - A HIC se instala quando a pressão medida no compartimento liquórico ultrapassa 15 mmHg - Doutrina de monroe-kellie -> VLCR + V sanguíneo + V cerebral = V intracraniano Compensação espacial . Aumento da absorção de LCR . Redução do volume sanguíneo Causas 1- Crescimento de lesões que ocupam espaço na caixa craniana 2- Obstrução da circulação liquórica (hidrocefalia) 3- Aumento de líquido nos espaços intersticial e/ou intracelular encéfalo (edema cerebral) 4- Ingurgitamento da microcirculação (aumento do volume sangüíneo intracraniano) Manifestações clínicas principais . Cefaleia (decorrente do estiramento da dura mater e compressão das artérias focais com nociceptores) . Vômito (decorrente da compressão do IV ventrículo) . Papiledema (decorrente da tumefação da papila do nervo óptico) Manifestações clínicas decorrentes da distorção do mesencéfalo e da formação de hérnias cerebrais . Tríade de cushing (bradipneia, bradicardia e hipertensão) . Hipertensão arterial secundária ao aumento da atividade simpática . Hemorragia subendocárdica . Necrose miocárdica focal de origem isquêmica . Distúrbios do ritmo respiratório (por comprometimento do tronco encefálico caudal) Fisiopato . Edema pulmonar neurogênico . Lesões agudas da mucosa gastroduodenal Hidrocefalia - É o acúmulo excessivo de LCR no interior do sistema ventricular - Pode ser esporádica (quando decorrente de tumores, cisticercos intraventriculares, fibrose da leptomeninge ou aumento da secreção liquórica) ou congênita (quando decorrente de malformações) - Tipos de hidrocefalia: 1. Hidrocefalia comunicante - Causas = diminuição da reabsorção promovida por meningites (o que resulta em fibrose da leptomeninge), hemorragias, infeccões, anomalias da base do crânio - O fluxo do LCR é normal (sem obstrução) e há dilatação ventricular enorme 2. Hidrocefalia obstrutiva - Causas = tumores, cisticercos intraventriculares, malformações, hemorragia ventricular - Há obstrução de regiões de fluxo (geralmente entre o III e IV ventrículo) ou absorção de LCR 3. Hidrocefalia ex vacuo - Causa = dilatação ventricular - Há alargamento do espaço subaracnóideo secundário á atrofia cerebral de qualquer natureza - Ocorre na senelidade e não há HIC Fisiopato 4. Hidrocefalia congênita - Causas = estenose do aqueduto cerebral, síndrome de bickers-adams e síndrome de arnold-chiari e de dandy-walker - Há acúmulo no ventrículo e compressão do parênquima - Manifestações clínicas = expansão da calota craniana (não houve fusão), dilatação da pupila e olho para baixo (olho de sol ponte)