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Leishmaniose Visceral Internato de Medicina de Família e Comunidade Interno: Breno Vasco Gonçalves Zenha Orientador: Prof. Dr. Otto Gerardo Mojica Veras Leishmaniose é uma doença causada por protozoário parasita intracelular (gênero Leishmania) transmitido pela picada de flebótomo fêmea infectado (vetor). Agente Etiológico: Leishmania 2 doenças causadas por Leishmania: Calazar (LV) Leishmaniose Tegumentar Doença crônica e sistêmica que, quando não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos. Definição Protozoário Cientista no Japão que identificou LV 2 Protozoários Agente Etiológico Espécie de protozoário mais relevante nas Américas (Brasil) 3 Agente Etiológico Promastigota- tem flagelo (tem mobilidade, importante no mosquito)- forma sexuada Amastigota- não tem flagelo ( tem importância no ciclo no homem) importância diagnóstica procurar no intestino quando faço colonoscopia (ou encontrar na medula, gânglios linfáticos e baço) 4 Prevalência Doenças prevalentes em países subdesenvolvidos o que dificulta os investimentos em pesquisa nessas doenças 5 Prevalência Brasil Regiões onde tem o vetor que transmite o protozoário 6 Lutzumya longipalpis Mosquito-palha Birigui Tatuquira Lutzumya cruzi (MT e MS) Hábitat Regiões secas Ambiente urbano Vetor Muito pequeno, menor que o Aedes 7 Urbano: cães Problema (o tratamento não tem boa resposta) Regiões urbanas com cães infectados Silvestre: raposas, roedores e marsupiais Reservatórios dos protozoários O sacrifício ainda é uma medida (para tentar intorrempor a transmissão em certas regiões) (mesmo sendo criticado por sociedades protetoras dos animais) Áreas de desidade populacional aumentada 8 Ciclo Evolutivo Vão ficar na medula, linfonodos, baço 9 Imunidade Dependente Leishmanias: parasitam apenas macrófagos Não há liberação de citocinas, por isso os macrófagos não são ativados A doença só progride se resposta Th2 e não Th1 Só pequena parcela da população infectada apresenta sinais e sintomas da doença Patogênese Como acontece a hanseníase Relacionada a imunidade humoral- imunidade celular (Th1) não deve ser boa, para evoluir para doença- crianças, idosos, imunodeprimidos (HIV, desnutridos- baixa condição socioeconômica) Sem sinais e sintomas- não serão notificados 10 Período de incubação: 2 a 6 meses; Depende da resposta celular Fase inicial (aguda): febre, diarreia, dor abdominal, tosse; Pode ser oligossintomático, com duração de aprox. 15 dias; Quadro Clínico Quanto pior a imunidade celular, pior serão as complicações Fase aguda pode ser confundida com uma GECA, e passa desapercebido 11 Fase de estado (crônica): emagrecimento, palidez, hepatoesplenomegalia (febril e persistente), acomentimento maior do estado geral; Quadro clínico mais arrastado >2 meses; Quadro Clínico Palidez cutâneo mucosa 12 Fase final: Evolui com piora do estado geral; Desnutrição, edema de MMII e anasarca; Hemorragia, icterícia e ascite; Podendo evoluir com óbito, secundário as infecções bacterianas ou hemorragia; Quadro Clínico 13 Infecções secundárias: Otite média aguda, piodermites, infecções dos tratos urinário e respiratório. S. pneumoniae e H. influenzae- bactérias capsuladas, por causa da imunodepressão Fenômenos Hemorrágicos Pneumonite intersticial Nefrite intersticial Complicações Paciente que tem imunidade celular ruim, facilita as infecções secundárias// Fenômenos hemorrágicos secundários à plaquetopenia Secundária a formação de imunocomplexos- nefrite intersticial (podendo levar até a IRA) 14 Hemograma: pancitopenia (anemia, plaquetopenia, leucopenia); Eletroforese de proteínas: inversão da relação albumina/globulina (hipergamaglobulinemia); Aminotransferases: aumentadas; Bilirrubinas: aumentadas; U/C: podendo estar discretamente aumentados; Diagnóstico-Inespecíficos Hiperesplenismo+Medula pobre em produção porque está ocupada pelos protozoários 15 Diagnóstico 16 Padrão-ouro: encontro do protozoário (na medula); Mielograma: 90 a 95% sensibilidade (exame de escolha); Outras possibilidades: fígado, baço, linfonodos, sangue periférico; Diagnóstico-específicos Notificação Compulsória! Devo informar ao hematologista que uma das HDs é LV (além de investigar linfoma) Punção hepática e esplênica é mais perigosa por conta do risco de sangramento (trombocitopenia) 17 Sorologias (RIFI): título igual ou > 1/80 S e E: 90% Cuidado! Falso Positivo Teste de Montenegro: Intradermoreação Normalmente negativo Positivo apenas na L. tegumentar Testes rápidos (Kalazar Detect): pesquisa do rK39 Melhor que sorologias RT-PCR: pesquisa na medula e no baço; Diagnóstico-específicos Sorologias: ELISA ou Imunofluorescência Indireta Vê títulos de anticorpos relacionados à leishmanias de forma geral (mas tbm pode dar positivo para outras doenças- neoplasias e dçs reumatológicas) T. Montenegro: NORMALMENTE NEGATIVO pois não possui boa resposta celular (hipersensibilidade tardia) T. Rápido: adquirido pelo MS para áreas de Risco 18 Esquitossomose Malária Diagnósticos Diferenciais Infecciosas Não Infecciosas Linfoma Leucemias Macroglobulinemia de Waldenstrom Policitemia vera As não infecciosas não terão mielograma positivo As 2 últimas não cursam com febre 19 Idade: <6 meses e >65 anos Desnutrição prévia grave Comorbidades (HIV, DM)+1 das condições a seguir: Icterícia Fenômenos hemorrágicos (exceto, epistaxe) Edema generalizado Sinais de toxemia (letargia, má perfusão, cianose, taquicardia ou bradicardia, hipovetilação ou hiperventilação e instabilidade hemodinâmica) Sinais de Gravidade para LV Risco de infecção secundária por germes capsulados e maior chance de evoluir com letalidade 20 Características que aumentam a letalidade 21 Glucantime Antimonial pentavalente; Droga de 1° escolha; 20 mg/kg/dia por via EV/IM; 20-40 dias; Fazer o tratamento com paciente internado- monitorização (pode ser feito ambulatorialmente); Efeitos colaterais: IRA, hepatotoxicidade, pancreatite e alteração do intervalo QT; Tratamento 81mg/ml Efeitos colaterais principalmente em idosos 22 Anfotericina B Lipossomal 3 mg/kg/d por 7 dias ou 4mg/kg/d por 5 dias (EV); Efeitos colaterais: nefrotoxicidade, hipoK, hepatotoxicidade e cardiotoxicidade; Anfotericina Desoxicolato é mais nefrotóxica; Tratamento Lipossomal pode ser dado uma dose mais alta do que a Anfotericina convencional com menor toxicidade 23 Pendamidina 3° opção; Não disponível SUL/ SUDESTE; Está em desuso; Efeitos colaterais: alteração pancreática, hipotensão; Tratamento Pentamidina pode causar hipo e hiperglicemia Pentamidina mais usada na LT 24 Cessar febre (2° ao 5° dia pós-medicação); Diminuição da hepatoesplenomegalia nas primeiras semanas; Melhora da pancitopenia (2° semana); Ganho de peso (é lento); Eosinófilos em sangue periférico (imunidade melhor); Melhora dos sintomas que permanecem por 12 meses após fim do tratamento (seguimento com 3, 6 e 12 meses); Nessa situação, o controle com exame parasitológico é dispensável; Critérios de Cura São clínicos Exames sorológicos podem permanecer aumentados para o resto da vida, não sendo utilizados para controle/recidiva. 25 Controle do vetor; Vacina para cães- reservatórios (2009); Sacrifício de animais contaminados; Profilaxia Em áreas endêmicas pp Recomendado pelo MS-sacrifício 26 Leishmaniose Tegumentar É uma doença infecciosa, com baixa letalidade, não contagiosa, causada por protozoário do gênero Leishmania, tendo como principais espécies no Brasil a Leishmania (leishmania) amazonensis, L. (Viannia) guyanensis e L. (V.) braziliensis; Úlcera de Bauru; Zoofílica- cães e animais silvestres; Homem: hospedeiro acidental DESMATAMENTO; Período de incubação médio de dois a três meses (varia de 2 semanas a 2 anos); Transmitida ao homem pela picada de flebótomo fêmea infectado, que é o vetor da doença. Leishmaniose Tegumentar AmericanaEstima-se incidência anual de aproximadamente 2 milhões de casos novos e 12 milhões de pessoas infectadas no mundo. A LT ocupa o 2º lugar entre as protozooses transmitidas por vetores, superada apenas pela malária; É de notificação compulsória; Perfis de Transmissão: Silvestre; Ocupacional ou Lazer; Periurbana ou rural: em ascensão; Epidemiologia Etiopatogenia -Resposta TH1 (celular) -Pouca produção de Anticorpos (TH2) -Resposta TH2 (humoral) -Muitos Anticorpos Forma abortada (infecção subclínica) Forma cutânea Forma mucosa Forma mucocutânea Classificação Clinicoimunopatológica Formas com hiper-reatividade celular: Formas com hipo-reatividade celular: Forma cutânea difusa primária (forma virchowianoide) Forma cutânea difusa secundária (leishmanoide pós-calazar) Forma visceral (calazar) Forma Boderline 31 Lesão de inoculação acontece em áreas expostas (mais frequente em MMII e MMSS): Em geral única; Pode ser apenas um eritema com edema e infiltração, pápula, verrucosidade ou úlcera; Mede de mm a cm; Pode surgir linfangite centrípeta discreta. Quadro Clínico Úlcera: indolor, circular, bordas elevadas e infiltradas, fundo com granulação grosseira e exsudato geralmente discreto. Involui espontaneamente após 6 a 15 meses, deixando cicatriz atrófica e apergaminhada Úlcera em moldura 32 Podem surgir meses ou anos após o início da doença, em uma fase em que já não há lesões cutâneas; A mucosa pode estar espessada, edematosa, friável, dolorosa e com odor fétido; Quadro Clínico Acometimento Mucoso DEFORMIDADES: fácies tapiroide; nariz em bico de papagaio; aspecto gangosiforme; 33 Quadro Clínico Difusão de lesões por toda a pele, de aspecto predominantemente infiltrativo e tuberoso; Como se fosse a forma virchowiana da HANS; Evolução crônica; Comprometimento discreto ou ausente de mucosas; Ausência de comprometimento visceral; Resistência à terapêutica; Cutânea Difusa Anérgica 34 Paciente residente ou exposto à área de transmissão, juntamente com: Caso suspeito de LT cutânea: presença de lesões de pele ulceradas ou não com 3 semanas ou mais de evolução. Caso suspeito de LT mucosa: presença de lesão mucosa de vias aéreas superiores, principalmente nasal. Definição de Caso Suspeito 35 Diagnóstico PESQUISA DIRETA DA LEISHMÂNIA: material da borda da lesão (Giemsa); revela as formas amastigotas no interior dos macrófagos; Dificilmente positivo nas lesões mucosas; ISOLAMENTO EM CULTIVO IN VITRO: o parasita multiplica-se sob a forma promastigota; A cultura de lesão é difícil centro especializado (pouco usada) 36 Diagnóstico EXAME HISTOPATOLÓGICO: Disseminadas: macrófagos com amastigotas Úlceras: Granulomas+ Plasmócitos Plasmócitos: Lupus, LUES, Lyme, Leish T 37 Diagnóstico INTRADERMORREAÇÃO DE MONTENEGRO: 0,1 mL intradérmico com suspensão de 10 milhões de leptômonas por mL; Baixo VPP – em áreas endêmicas pode ser positivo em 25% das pessoas sem doença atual; sempre negativo nas formas disseminadas ; Tende a ser positivo nas formas cutâneas (imunidade celular); REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR): pode ser extremamente útil, sobretudo nos casos mucosos IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA: Os títulos variam e passam a ter valor diagnóstico a partir de 1/80; Títulos se correlacionam com número de lesões ; Positivo em pacientes com resposta TH2; Positiva se pápula >1cm 38 Resumo 39 Diagnóstico da LT Cutânea 40 Diagnóstico da LT Mucosa 41 Diagnósticos Diferenciais Paracococcidioidomicose; Sífilis 3°; Neoplasias; Hanseníase Virchowiana; Esporotricose; 42 1° linha de tratamento: Antimoniais Pentavalentes. Glucamina (Glucantime); Via sistêmica: IV (diluição em 100 ml de SG 5% e administração em 30 minutos) ou IM (optar por região glútea, alternância); Evitar em gestantes; Efeitos adversos: em doses elevadas pode atingir o limiar de toxicidade, levando a alterações cardíacas, renais, hepáticas ou pancreáticas que indiquem mudança na terapêutica. 2° linha de tratamento: Anfotericina. Contraindicada em insuficiência renal ou casos de hipersensibilidade. Usada em pacientes HIV ou Gestantes; Tratamento 43 Antimonial Pentavalente 44 Tratamento-MS 45 Critérios de Cura CUTÂNEA Epitelização das lesões ulceradas, com regressão total da infiltração e do eritema, até 3 meses após a conclusão do esquema terapêutico. Regressão de todos os sinais e comprovado pelo exame otorrinolaringológico, até 6 meses após a conclusão do esquema terapêutico. MUCOSA 46 Referências AZULAY, R. D. Dermatologia I Rubem David Azulay, David Rubem Azulay, Luna Azulay Abulafia. - 6. ed., rev. E atual. - [Reimpr.] - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
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