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1 Tárcia Alfaia Visceral Também conhecida por doença do cachorro, febre dundun ou calazar. É uma doença causada por protozoários do gênero Leishmania, do complexo Donovani, especificamente pela Leishmania infantum, transmitida pelo mosquito- palha. A leishmaniose visceral, dada sua incidência e alta letalidade, principalmente em indivíduos não tratados e crianças desnutridas, é também considerada emergente em indivíduos portadores da infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV). Epidemiologia Mais frequente em crianças menores de 10 anos, sendo 41% dos casos em menores de 5 anos. O sexo masculino é o mais afetado. A razão da maior susceptibilidades das crianças é explicada pela imaturidade imunológica agravado pela desnutrição, além de uma maior exposição ao vetor no peridomicilio. Os principais reservatórios são: cães domésticos e raposa influencia do hábito de manter cachorro em casa durante a noite e construção de galinheiros que atraem raposas. Quando doente o cão apresenta emagrecimento, queda de pelos, nódulos e ulcerações na pele, paralisia dos membros posteriores e cegueira. Ambiente característico e propicio à ocorrência da LV é o de baixo nível socioeconômico, pobreza, promiscuidade, prevalente em grande medida do meio rural e na periferia das grandes cidades. Entretanto, essas características vem se modificando e indo para áreas mais urbanizadas. É caracterizada como infecção oportunista em pacientes imunossuprimidos pós transplante, usuários de corticoide e outras doenças imunossupressoras. Agente etiológico São protozoários tripanosomatídeos do gênero Leishmania, parasita intracelular obrigatório do sistema fagocítico monoculear, com forma flagelada ou promastigota encontrada no tubo digestivo do vetor e outra aflagelada ou amastigota nos tecidos vertebrados. Reservatórios: cão na área urbana, raposa na área silvestre. Vetores: insetos flebotomíneos, conhecidos como mosquito-palha, tatuquiras, birigui, entre outros. Modo de transmissão Não ocorre transmissão direta da LV de pessoa a pessoa. A transmissão ocorre enquanto houver o parasitismo na pele ou no sangue periférico do hospedeiro. Período de incubação: No homem é de 10 a 24 dias, com média de 2 a 6 meses. No cão vai de 3 meses a vários anos com média de 3 a 7 meses. Diagnóstico laboratorial Pode variar desde as manifestações clinicas discretas (oligossintomaticas), moderadas e graves e que se não tratadas podem levar o paciente à morte. Hemograma Pancitopenia: anemia normocitica e normocromica + leucopenia acompanhada de neutropenia e linfocitose relativa e eosinopenia + plaquetopenia 3 séries baixas. Inversão albumina-globulina: queda de albumina sérica e elevação das globulinas às custas da fração gama Discreta elevação de transaminases 2 Tárcia Alfaia Proteinúria, leucocitúria e hematúria “poliesculhambúria” glomerulonefrite por deposição de complexos imunes. Exames específicos Padrão ouro é aspirado esplênico, mas como o baço é muito friável existe alto risco de hemorragia. Cotidianamente é feito o aspirado de medula óssea. (exame parasitológico) O teste Montenegro (hipersensibilidade tardia) não é utilizado para diagnostico da forma clássica, é um bom marcador de infecção, útil para estudos epidemiológicos. Leishmania pode ser isolado através de meios de cultura específicos, com amostras de biopsia e sangue periférico. O CRUDE é um teste realizado com um macerado de leishmanias, sendo menos específicos devido a reação cruzada com a doença de Chagas. Exame sorológico: detecção mais fácil para o diagnostico: imunofluorescencia e Elisa. Na imunofluoresncencia indireta é considerado positivo a partir de diluição 1:80. Manifestações clinicas É caracterizada por febre irregular de longa duração, emagrecimento, intensa palidez cutâneo-mucosa, pancitopenia e Hepatoesplenomegalia. Forma assintomática: comum nas áreas endêmicas sendo diagnosticada pelo teste intradérmico (Montenegro) e/ou métodos sorológicos. Forma oligossintomática: pacientes apresentam febre baixa, retardo do crescimento e adinamia, além de hepatomegalia. A maioria dos casos tem resolução espontânea. Forma clássica: após o período de incubação surge febre insidiosa e irregular, podendo ser elevada, diária e persistente no período inicial. Associado a febre surgem sintomas gerais como anorexia, apatia, diarreia, prostração, palidez progressiva, tosse podendo ser seca ou produtiva, plenitude pós prandial, perda de peso e aumento do volume abdominal. Pode haver micropoliadenopatia, hepatite intersticial. Ao longo dos meses a progressão da doença conduz o paciente a um estado de desnutrição acentuada com palidez cutânea, tórax e braços emagrecidos, abdômen volumoso, cabelos quebradiços e sem brilho, cílios alongados e MMII edemaciados. Podem também ocorrer sangramentos de graus variados o que acaba agravando a anemia. Mulheres podem ter amenorreia. A icterícia costuma ser rara mas constitui sinal de alerta. Pode ser por hepatite infecciosa ou hiperesplenismo. Fase inicial: febre com duração inferior a 4 semanas, palidez cutâneo-mucosa e hepatoesplenomegalia. Hemograma revela anemia, hemoglobina acima de 9g/dl. O aspirado de medula pode ou não mostrar presença de Leishmania. Fase período de estado: febre irregular, associada a emagrecimento progressivo, palidez cutâneo-mucosa e aumento da hepatoesplenomegalia. Quadro arrastado (2 semanas) com comprometimento do estado geral. Exame complementar alterado/ anticorpos específicos alterados. Fase final: febre continua com comprometimento intenso do estado geral. Desnutrição, edema MMII que pode evoluir para anasarca. Hemorragia, icterícia e ascite. Exame complementar alterado/ anticorpos específicos elevados. Óbito determinado por infecção bacteriana ou sangramento. Diagnostico diferencial Enterobacteriose de curso prolongado (associação de esquistossomose com salmonela ou outra enterobacteria) Malária, febre tifoide, brucelose, esquistossomose hepatoesplênica, chagas aguda, linfoma, mieloma, anemia falciforme. Critérios de cura Geralmente a melhora clinica deve ocorrer ao final da 1° semana de tratamento com: desaparecimento da febre, redução da HEmegalia, melhora dos padões hematológicos, retorno do apetite. Tratamento Antimoniais pentavalentes: glucatime e pentostam. São cardiotóxicos e tem apresentado taxas de 3 Tárcia Alfaia resistência. Na ausência destes fatores são medicamentos da 1° escolha. Anfotericina B desoxicolato: é mais tóxica, mas tem maior capacidade leishmanicida. É usada em casos de refratariedade ou resistência do parasita. Profilaxia: detecção ativa e passiva de casos suspeitos de LV, manutenção de centros capacitados de assistência aos doentes, controle dos vetores através do uso de inseticidas de efeito residual, detecção e eliminação dos reservatórios infectados e uso de coleiras em cães para quebra do ciclo de transmissão. Tegumentar americana - cutânea, mucosa, cutâneo-mucosa Doença infecciosa, não contagiosa de transmissão vetorial que acomete pele e mucosas. O homem é envolvido secundariamente. A doença cutânea apresenta-se classicamente por pápulas, que evoluem para ulceras com fundo granuloso e bordas infiltradas em molduras indolores. Pode se manifestar por placas verrucosas, papulosas, nodulares, localizadas ou difusas. A forma não cutânea se caracteriza por infiltração, ulceração e destruição dos tecidos da cavidade nasal, laringe ou faringe. Pode ocorrer perfurações do septo nasal e/ou palato. O ciclo biológico das leishmanias: formas promastigotas no interior do tubo digestivo do vetor e formas amastigotas no interior dos macrófagos do organismo infectado. Agente etiológico No Brasil tem 7 espécies, sendo 6 do subgênero Viannia e 1 do subgênero Leishmania. As mais importantes são: Viannia Braziliensis L. amazonenses L. guyanensis Hospedeiro e reservatório Mursupiais, roedores, preguiça, tamanduá e outros. São considerados reservatórios as espécies que garantam a circulação da leishmania dentro de um corte de tempo e espaço. Transmissão Pela picada da fêmea flebotomíneo do gênero Lutzomyia, conhecido como mosquito palha (vetor). Incubação No homem em média de 2 a 3 meses, podendo ser curto de 2 semanas e longos como 2 anos. Complicações Forma mucosa grave: disfagia, disfonia, insuficiência respiratória por edema de glote, pneumonia por aspiração e morte. Diagnostico Suspeita clinico-epidemiologica associada a intradermorreação de Montenegro (IDRM) positiva ou demonstração do parasito no exame parasitológico direto em esfregaço ou raspado da borda da lesão. Recomenda-se confirmação do diagnostico por método parasitológico antes do início do tratamento, em especial para casos com evolução fora do habitual ou má resposta a tratamento anterior. Diagnostico diferencial Forma cutânea: ulceras traumáticas, ulceras vasculares, ulceras tropicais, paracoccidioidomicose, esporotricose, cromomicose, neoplasia cutânea, sífilis e tuberculose cutânea. Forma mucosa: hanseníase virchowiana, paracoccidioidomicose, sífilis terciaria, neoplasias. Tratamento Primeira opção é a antimonial pentavalente – é indicado como primeira opção para todas as formas de LTA, com exceção de pacientes coinfectados com HIV e gestantes. 4 Tárcia Alfaia Segunda opção: anfotericina B e o isotionato de pentamidina. Contraindicação As drogas não devem ser aplicadas em cardiopatas, portadores de nefropatias, hepatopatias, doença de Chagas. Se for necessário devem ser monitorados rigorosamente.
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