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RELATÓRIO ESTÁGIO BÁSICO I-converted

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1 
 
UNIVERSIDADE TIRADENTES 
 PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
LUANA SANTANA SANTOS 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aracaju 
2018 
2 
 
UNIVERSIDADE TIRADENTES 
PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
LUANA SANTANA SANTOS 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado à disciplina Estágio 
Básico I do curso de Psicologia, sob a 
orientação da Preceptora de Psicologia da 
Saúde Juliana Andrade Passos Prado, como 
pré-requisito para avaliação da I Unidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aracaju 
2018 
 
3 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 04 
2. ESTÁGIO EM PSICOLOGIA..........................................................................................06 
3. EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL E 
IMPLEMENTAÇÃO DO SUS.............................................................................................08 
3.1 REFORMA PSIQUIATRICA NO BRASIL E A CONSTRUÇÃO DA REDE DE 
SERVIÇOS SUBSTITUTIVOS.........................................................................................11 
3.2 A INSERÇÃO DA PSICOLOGIA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE 
MENTAL: DESAFIOS DA ATUAÇÃO E MUDANÇA DE 
PERSPECTIVA..............................................................................................................13 
4. A ATUAÇÃO DA (O) PSICÓLOGA (O) NA POLÍTICA DO CAPS: 
DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DA PRÁTICA E INTERVENÇÃO NA 
CULTURA......................................................................................................................16 
5. UTILIZAÇÕES DE GRUPOS TERAPÊUTICOS COMO ESTRTATÉGIAS DE 
INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL - DESAFIOS DA CLÍNICA AMPLIADA.....................20 
6. RELATO DAS ATIVIDADES.............................................................................................24 
 REFERÊNCIAS......................................................................................................................34 
 ANEXOS......................................................................................................................35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1. INTRODUÇÃO 
Configurando-se como elementos constituintes e indispensáveis para formação 
profissional, os estágios compõem a grade curricular de Psicologia sendo um dos momentos 
mais esperados pelos discentes. Trata-se de uma prática obrigatória que integra o currículo do 
curso de graduação e propõe ao estudante um contato inicial com o exercício profissional, 
reduzindo a distância entre o campo de atuação do psicólogo e a sala de aula. Para que este 
processo seja eficaz, é importante a participação ativa do estagiário e a observação das 
condições objetivas em que se desenvolve essa formação. 
Com fundamento em aspectos da Psicologia Sócio histórica, como atividade, 
mediação, aprendizagem e desenvolvimento e consciência, discute-se que os estágios devem 
ser considerados para além da mera aplicação da teoria, devem ser concebidos como uma 
oportunidade de atividades que favoreçam a formação profissional por um prisma crítico e 
reflexivo, deve possibilitar uma formação articulada, que supere a neutralidade dos currículos 
tradicionais, levando os discentes a se conscientizarem da realidade e trabalhar de forma 
contextualizada e comprometida. 
Em decorrência do cenário do estágio, faz-se uma breve síntese da evolução das 
políticas de saúde mental no Brasil, como subsídio para uma melhor compreensão dos 
aspectos históricos que influenciaram a constituição do Sistema Único de Saúde (SUS) e o 
processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil, entendida como um amplo e intenso movimento 
de contestação à ciência psiquiátrica e responsável pela instituição do modo de atenção 
psicossocial, que possui como característica principal um modo de cuidar do sofrimento 
psíquico utilizando-se de espaços produtores de relações sociais. Para atender a essa nova 
demanda de cuidado, construiu-se os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), como serviços 
de atenção especializada, estão inseridos na comunidade e atuam de forma interdisciplinar, 
com a responsabilidade de cuidar de pessoas que sofrem de transtorno mental severo e 
persistente e/ou abuso de álcool e outras substâncias psicoativas. 
Percebe-se, atualmente, que essas transformações vêm exigindo não somente a 
reestruturação de serviços de saúde, mas também a adequação do cardápio de competências e 
habilidades do profissional de saúde. A Psicologia em particular, fortemente relacionada à 
prática clínica individual na atenção aos processos de adoecimento, deveria dar espaço a uma 
atuação inovadora, multidisciplinar, de reabilitação psicossocial, relacionada à potência da 
5 
 
saúde de cada sujeito, convergentes às mudanças no campo da saúde pública e do sistema de 
saúde nacional. Assim busca-se compreender a relação histórica da Psicologia com as 
Políticas Públicas no âmbito da Saúde Mental, destacando a inserção da Psicologia na Saúde 
Pública e abordando ainda os desafios da sua atuação nos serviços substitutivos, mais 
especificamente nos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, estando as suas práticas 
voltadas não para um fazer da Psicologia privativa desta ciência, mas para as necessidades em 
saúde do sujeito histórico que é determinado socialmente. 
Este relatório apresenta as experiências do Estágio Básico I em Saúde Mental, 
realizado no Centro de Assistência Psicossocial – CAPS I Renato Bispo de Lima, localizado 
na Rua Antônio Dutra, n° 111, no município de Itabaiana/SE, sob a orientação do Supervisor 
do local Jardel Silva Oliveira de Jesus e a Preceptora de Psicologia da Saúde Kelyane 
Oliveira. O CAPS I – Renato Bispo de Lima foi inaugurado no dia três de Novembro do ano 
de dois mil e três, na Administração do Prefeito Luciano Bispo de Lima e tendo como 
Secretário Municipal de Saúde Salviano Mariz. O nome dado à instituição foi em homenagem 
a um morador portador de transtorno mental muito conhecido no município, chamado Renato 
Bispo de Lima, conhecido por “Catanha”. 
Os usuários atendidos contam com o apoio de um quadro de funcionários composto 
por: uma assistente social, um psicólogo, uma coordenadora institucional, duas cozinheiras, 
um auxiliar de serviços gerais, uma recepcionista, uma enfermeira, dois técnicos de 
enfermagem, um segurança, um médico psiquiatra, e uma educadora física. O horário de 
funcionamento da instituição é das 07h00min às 17h00min, das segundas às sextas-feiras. A 
instituição apresenta em sua estrutura física salas de atendimentos clínicos, oficinas 
terapêuticas, banheiros, cozinha, refeitório, e uma área ao ar livre. 
Compactuando com as transformações da atenção em saúde mental, é discutida a 
importância de desenvolver os estágios em serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico, 
destacando aqueles que vêm compondo a Rede de Atenção em Saúde Mental: Atenção 
Básica, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), ambulatórios especializados, hospital-dia, 
urgência e emergência psiquiátricas, leitos em hospital geral e serviços residenciais 
terapêuticos. A escolha a estes serviços se apoia na oferta de ações de cuidado inclusivos, 
orientadas pelas premissas da reabilitação psicossocial do indivíduo em sofrimento mental. 
 
6 
 
2. ESTÁGIO EM PSICOLOGIA 
Mello (2010) já alertava que os cursos de Psicologia eram marcados por modelos que 
dicotomizavam a ciência e a técnica, o que dificultava a aproximação entre as reflexões 
teóricas, acadêmicas e o exercício profissional. Posteriormente, outros estudos também 
apontaram as dificuldades ao longo do processo formativo de promover articulações entre a 
teoria e a prática (Cruces, 2006; Seixas, 2014), colocando em destaque a discrepância, nas 
propostas curriculares, entre a reflexão, a produção do conhecimento e as práticas ofertadas 
nesse processo. 
Tais circunstâncias foram consideradasnos debates para a formulação das DCNs e 
resultaram em importantes mudanças quanto ao Currículo Mínimo, principalmente, em 
relação à organização e à prática do estágio, que agora preconiza a oferta de Estágios Básicos 
e Específicos. As reformulações são significativas para reflexão acerca dos modelos de 
formação do psicólogo, porém devem vir acompanhadas de discussões para construção de um 
olhar crítico acerca do papel do estágio na formação, o destinando para além de uma execução 
da prática em compatível com as regras do mercado. 
Na perspectiva da Psicologia Sócio histórica, o estágio é concebido como uma 
atividade que não estabelece a dissociação entre a formação científica e a profissionalização, 
buscando ser superado o modelo de prática como aplicação de saberes e sendo priorizados a 
produção do conhecimento e o processo de conscientização. Segundo Sirgado (1990), através 
do trabalho, o homem relaciona-se com a natureza. Nessa relação, ele age sobre a natureza, 
transformando-a, e sendo, ao mesmo tempo, transformado nessa ação. Assim, com base nessa 
abordagem, pode-se compreender que o processo formativo dos estagiários é afetado pelo 
estágio, posto que este engendre a aprendizagem na medida em que pressupõe o 
desenvolvimento de atividades. 
As relações entre os estagiários e os seus campos de atuação são centrais para 
propiciar aprendizagens. É por meio dessa interação existente que o estagiário vai se apropriar 
do seu estágio, do fazer do profissional, aprendendo, colaborando e obtendo novos 
conhecimentos. Podendo, na sua inserção ao campo, auxiliar na promoção de mudanças no 
contexto, e ao mesmo tempo ser modificado por este. Sendo uma relação de troca, de 
apropriações, de desafios, de oportunidade, e de crescimento mútuo. Nessa relação, o 
7 
 
estudante precisa estar ativo, percebendo a realidade material a qual está inserido e todas as 
suas contradições sociais e históricas. . 
A supervisão faz-se necessária em uma formação para além da técnica por favorecer 
condições de mediação, sendo oportunizando um espaço de fala e de ressignificações para o 
estagiário. Segundo Sirgado (1990) - O que caracteriza a atividade do homem é a mediação 
existente entre o homem e seu objeto - assim, a atividade realizada no estágio tem no contexto 
da supervisão elementos para essa mediação. A partir disso, entende-se que o contexto de 
supervisão permitirá mediações das relações concretas dentro do estágio, e possibilitará novos 
aprendizados e reflexões sobre a atuação do psicólogo e demais elementos pertinentes ao 
campo de estágio, os quais compõem um processo dialético entre as práticas desenvolvidas e 
as perspectivas teóricas sobre o trabalho em foco. 
O papel do estágio é, então, proporcionar experiências para os estudantes, nos quais as 
atividades a serem desenvolvidas produzam aprendizagens sobre a Psicologia, seus saberes e 
fazeres. O estágio calcado em um modelo tecnicista que prevê somente a aplicação das 
teorias aprendidas em sala de aula isola aspectos centrais que não podem ser desassociados, 
como a reflexão crítica sobre as relações entre teoria e a prática. Atualmente, tenta-se 
solucionar essa cisão entre a reflexão e a produção do conhecimento e as práticas realizadas 
na formação, uma vez que tais elementos compõem uma unidade que, quando afastada, perde 
sua força e seu significado resultado em ações descompromissadas com a realidade social. 
Desta maneira, defende-se o estágio como uma atividade considerada em um prisma 
sócio histórico. Sendo propiciada a constituição de consciência crítica e favorecendo outras 
reflexões e possibilidades de ação. Através deste, é possível os estagiários tecerem 
articulações entre a teoria e prática, na busca de situar as discussões em sala de aula, com a 
realidade encontrada nas instituições, nas comunidades. Compreende-se, portanto, que o 
estágio, deve possibilitar uma formação articulada, que supere a neutralidade dos currículos 
tradicionais, levando os discentes a se conscientizarem da realidade e trabalhar de forma 
contextualizada e comprometida. 
 
 
 
8 
 
3. EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL E 
IMPLEMENTAÇÃO DO SUS 
No nosso país, a situação crítica no enfrentamento dos problemas de saúde da 
população impôs a necessidade de mudanças e desencadeou, a partir do final da década de 70, 
o processo da Reforma Sanitária, que culminou com a construção do Sistema Único de Saúde, 
garantido pela Constituição Federal de 1988, no seu capitulo II que trata da Seguridade 
Social, especificamente na seção II que trata do direito à saúde - art. 196 a 200 (Brasil, 1988). 
A estruturação e a implementação desde então é um processo dinâmico e permanente. 
Concomitante a este processo, impulsionada pelo Movimento de Luta Antimanicomial, foi 
implementada uma nova política de Saúde Mental, com o foco prioritário na construção de 
uma rede substitutiva aos Hospitais Psiquiátricos. 
Tanto a saúde mental quanto a reforma psiquiátrica, na resposta que dão à demanda 
social, correm sempre o risco de servir à normalização dos sujeitos, quando descuidam de 
questionar os discursos que em nome da boa saúde, propõe a anulação das diferenças, a 
produção da igualdade, não dos direitos, mas dos comportamentos, como saída exitosa de um 
tipo de tratamento. De todo modo, é preciso reconhecer que o Ministério da Saúde fez uma 
priorização, por meio da política e do processo da Reforma Psiquiátrica, de atender a 
população com sofrimento mental com quadros clínicos mais graves, levando em conta os 
princípios da equidade do SUS. Considera-se que a saúde mental é um conceito muito mais 
abrangente e abarca uma serie de outras pessoas com sofrimento mental que também 
merecem cuidados, bem como intervenções em diversos projetos da saúde pública e outros 
projetos de políticas sociais. 
Segundo Somarriba (1984), nos séculos XVI e XVII, as ações de saúde eram quase 
inexistentes como ações estatais e existia um número irrisório de médicos. Práticas dos 
curandeiros, parteiras e afins eram predominantes em nossa sociedade. Em relação à saúde 
mental, existiam algumas instituições, do tipo abrigos, que eram gerenciados pela Igreja 
Católica e que abrigavam os chamados loucos, muito embora, em grande parte, essas pessoas 
eram assimiladas e toleradas nas relações sociais cotidianas. Essa situação se estende até o 
período imperial, quando se instalam no Brasil as primeiras instituições hospitalares e o 
desenvolvimento de práticas científicas de saúde. 
9 
 
 Em meados do século XIX, mais precisamente em 1852, ainda no Brasil imperial, foi 
criado pelo Estado o primeiro hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro, o Hospital Dom Pedro 
II. É nesse contexto que o Brasil vai reeditar, num primeiro momento, em certa medida aquilo 
que representou nos países europeus ao longo do século XVII a grande internação, como 
prática de recolhimento daqueles que representam a desordem, a partir de um projeto de 
controle social. Gradativamente e com o desenvolvimento e o fortalecimento da presença do 
saber psiquiátrico e de outras ciências afins na organização da instituição médica recém-
inaugurada, essas práticas se especializam e ganham cada vez mais cientificidade, 
aprimorando-se diagnósticos e práticas médicas voltadas à cura da doença mental. 
Do ponto de vista da saúde mental, o advento da República vai concretizar e 
intensificar a perspectiva de transformação da loucura em doença mental e, portanto, objeto 
de saber médico especializado. O Hospício Pedro II passa a se chamar Hospital Nacional de 
Alienados e é transformado em instituição pública em 1890. Sua natureza assistencial e seu 
caráter religioso perdem espaço para o caráter científico e para o projeto médico curativo 
orientado pela perspectiva da ciência positivista. Também em 1890 é criada a “Assistência 
Médica e Legal dos Alienados” para organização da assistênciapsiquiátrica no Brasil. Em 
1903 temos a primeira Lei Federal de Assistência aos Alienados. Percebe-se a clara 
institucionalização e cientificização do tratamento à loucura no Brasil. 
Na Terceira Fase da República (1946-1964) destaca-se a Constituição de 1946. Em 
relação à assistência psiquiátrica, é preciso afirmar a existência, nesse momento, de 
experiências de contestação em relação ao modelo hegemônico até então existente. Apesar 
disso, as críticas então formuladas em relação aos modelos de assistência não foram 
suficientes para sua reversão. A partir de 1950, Institutos de Aposentadoria e Pensões 
incorporam internação psiquiátrica em sua cobertura assistencial, utilizando-se principalmente 
da rede hospitalar privada. A partir da metade da década de 1950, a disponibilidade das 
drogas psicotrópicas no mercado e a necessidade de reparação de mão de obra para o 
desenvolvimento capitalista vão tensionar a alteração das estruturas asilares. (ROSA, 2003). 
Na Quinta Fase da República (1986-período atual), com o fim da ditadura, passa-se à 
construção do Estado Democrático de Direito. É nessa fase que se tem o fortalecimento e 
visibilidade social do Movimento da Reforma Sanitária e o Movimento de Reforma 
Psiquiátrica no Brasil. A partir desse Movimento, a abordagem dos problemas de saúde se 
constitui como a base teórica e ideológica de um pensamento médico-social que, ao olhar para 
10 
 
o processo saúde-doença, aponta para os problemas estruturais no Brasil. Portanto, os anos de 
1970 são anos de denúncias e críticas. Diversos segmentos sociais se organizaram nessa 
época, ao longo do processo de redemocratização do país. 
Instaurou-se a partir de então, uma série de debates e seminários sobre a realidade das 
instituições manicomiais. Era preciso modificar, reformular e, principalmente, humanizar os 
hospitais psiquiátricos. Em dezembro de 1987 aconteceu a realização do II Congresso 
Nacional dos Trabalhadores de Saúde Mental, em Bauru, São Paulo. Na ocasião, foi proposta 
uma radicalização do movimento de trabalhadores, a partir da constatação de que a 
humanização dos hospitais, com a criação de programas ambulatoriais (constituição de 
equipes de saúde mental em unidades básicas), não havia sido suficiente para dar conta de 
produzir uma relação diferente da sociedade com o fenômeno da loucura. Esse movimento se 
ampliou e passou a ser denominado de Movimento da Luta Antimanicomial. Desde então, o 
Movimento se instituiu como um ator e um interlocutor de fundamental importância para o 
Estado implementar políticas públicas que atendam realmente às necessidades das pessoas 
com sofrimento mental, criando condições para a sua inclusão social. 
As conquistas do movimento da Reforma Sanitária levaram à reformulação da política 
de saúde expressa na VIII Conferência Nacional de Saúde, a qual estabeleceu os princípios e 
as diretrizes do Sistema de Saúde Brasileiro. O conceito de saúde foi redefinido como sendo 
um direito inalienável das pessoas e que diz respeito à sua qualidade de vida, transcendendo, 
portanto, às doenças, estando muito mais relacionada com as condições gerais de existência, 
como moradia, saneamento básico, alimentação, condições de trabalho, educação e lazer. 
 Sendo a saúde um direito do cidadão e um dever do Estado, compete a este último a 
construção de um Sistema Único de Saúde (SUS) predominantemente público, 
descentralizando, hierarquizado, equânime, com a participação e controle da população na 
implantação das políticas de saúde e com a destinação adequada de recursos para o setor. As 
políticas de Saúde Mental estão submetidas a esses princípios e diretrizes, bem como sofrem 
pressões e influências de organismos internacionais. Assim, em 1990, a Declaração de 
Caracas estabeleceu a reestruturação da assistência psiquiátrica na América Latina, de forma a 
assegurar o seu desenvolvimento em benefício das populações da região. Em 17 de Dezembro 
de 1991, a Organização das Nações Unidas propôs em assembleia a proteção das pessoas 
portadoras de enfermidade mental e a melhoria da assistência. 
11 
 
3.1 REFORMA PSIQUIATRICA NO BRASIL E A CONSTRUÇÃO DA REDE DE 
SERVIÇOS SUBSTITUTIVOS 
O processo de mudança no campo da assistência em saúde mental no Brasil, 
conhecido como Reforma Psiquiátrica, apresenta uma enorme complexidade, seja no campo 
político, assistencial ou cultural a que está referida. A Reforma Psiquiátrica Brasileira tem 
antecedentes históricos distantes e múltiplos, que estão ao mesmo tempo vinculados a 
movimentos sociais, experiências de assistência e transformação de marcos teórico e 
conceitual relativo ao campo. No geral e considerando a pluralidade que constitui essa 
trajetória, temos como marca comum um processo no qual, trabalhadores da saúde mental se 
posicionaram contra as condições de vida e a forma excludente e desumana de atenção a que 
estavam submetidas as pessoas portadoras de sofrimento mental. 
Apesar de termos, com a nova Constituição, uma legislação inovadora e progressista, 
com diretrizes para a criação de políticas fortes, ainda não alteramos significativamente as 
desigualdades sociais para a efetiva criação de uma sociedade mais justa e igualitária no que 
tange principalmente ao acesso e garantia de qualidade das políticas públicas. Os direitos 
sociais ainda estão sendo tratados por áreas ou setores segmentados. Apesar dos avanços de 
uma Constituição que instituiu a seguridade social, afirmando saúde, previdência e assistência 
como áreas integradas de proteção social e exigindo a garantia de proteção a riscos que podem 
atingir indistintamente todos os cidadãos, o que se vê atualmente são setores que funcionam 
ainda de maneira fragmentada. 
Os reflexos dessas formas de estruturação de políticas públicas aparecem 
cotidianamente nos serviços ofertados às populações, especialmente os portadores de 
sofrimento mental, usuários de álcool e outras drogas, idosos, crianças e adolescentes e outros 
grupos vulneráveis de nossa sociedade. O processo de construção das políticas de saúde no 
Brasil vem de um longo período, marcado por um permanente tensionamento entre os anseios 
da sociedade na conquista e garantia de seus direitos e a própria organização e direção política 
do Estado Brasileiro. O direito à saúde é um dos pilares na constituição de uma sociedade 
mais justa e democrática. Efetivá-lo significa ir além dos serviços assistenciais sanitários. 
Saúde é um conceito que expressa um processo complexo e a garantia de seu direito revela 
essa complexidade também na medida em que se torna necessária a construção de políticas 
específicas no interior da política pública de saúde, como é o caso da política de saúde mental. 
12 
 
A conquista da saúde como direito de todos e política pública estatal é, ao mesmo 
tempo, ainda uma luta. Inúmeras resistências se reapresentam a cada momento sob novos 
desenhos. As atuais tendências e o fortalecimento efetivo da perspectiva da privatização, na 
medida em que se realiza em gestões concretas, explicitam dificuldades de avançar o SUS, de 
realizar a qualidade da assistência, de constituir redes, de fazer concretizar os princípios da 
atenção integral e do controle social. Embora afirmada como direito, na construção das 
políticas locais de saúde, estaduais e municipais, assistiu-se uma enorme diversidade, com a 
existência de gestões que resistem à implementação de uma rede pública de saúde e de 
políticas sociais Inter-setoriais, o que se desdobra em inúmeras dificuldades na assistência 
prestada pelos trabalhadores nos serviços existentes. No campo da saúde mental, embora 
exista um redirecionamento e ampliação dos recursos para o setor, existe um constante 
tensionamento em torno da inversão da lógica do modelo assistencial hospitalar para a 
implantação de um modelo assistencial aberto e comunitário. 
A construção da rede de serviços substitutivos (Centrosde Atenção Psicossociais - 
CAPS, Centros de Convivência, Serviços Residenciais Terapêuticos, Núcleos de Trabalhos 
Cooperados, leitos em hospitais gerais, consultórios de rua, atenção à saúde mental na atenção 
básica) tem sido implementada por inúmeros municípios como novos espaços assistenciais, 
que objetivam pôr fim ao silenciamento e à exclusão que milhares de pessoas trazem do 
chamado “tratamento nos hospitais psiquiátricos”. Contudo, há municípios e estados que 
ainda encontram fortes resistências e gestões que insistem em retomar e fortalecer antigos 
modelos e perspectivas, fazendo, por exemplo, coexistir o hospital psiquiátrico, sucateando a 
rede substitutiva, ou reinvestindo em modelos ambulatoriais. O objetivo maior desses novos 
serviços e da rede substitutiva é acolher e resgatar a subjetividade de cada um e, ao mesmo 
tempo, possibilitar a construção de redes relacionais e de convivência social. 
 
 
 
 
 
13 
 
3.2 A INSERÇÃO DA PSICOLOGIA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE 
MENTAL: DESAFIOS DA ATUAÇÃO E MUDANÇA DE PERSPECTIVA 
As mudanças que se desenvolveram no Brasil a partir do final do século XIX, relativas 
principalmente às transformações econômicas, de organização social e seus desdobramentos 
no campo cultural, foram de fundamental importância para a expansão do saber psicológico 
nas áreas da saúde, da educação e do trabalho. O crescimento do processo de urbanização e 
industrialização do país e o agravamento de problemas sociais enfrentados demandaram 
respostas que viriam a se concretizar com a presença da Psicologia e de outras disciplinas 
subsidiando os processos de administração científica do trabalho, da saúde e da educação. 
(ANTUNES, 2001). 
No interior dos hospícios e de instituições médicas, o desenvolvimento e a expansão 
dos conhecimentos psicológicos representavam a contribuição da Psicologia como ciência 
afim à Psiquiatria. A Psicologia subsidiava não apenas a finalidade de higienização social 
como apontava para um conjunto de práticas clínicas, de origens profiláticas e direcionadas 
aos sujeitos considerados normais (ANTUNES, 2001). Sem dúvida, essa direção não 
representava a totalidade de práticas psicológicas destinadas aos chamados loucos, alienados, 
ou doentes mentais. Perspectivas contra hegemônicas, num primeiro momento claramente 
orientado pelas contribuições da Psicanálise, apresentavam-se na direção de resgatar as 
singularidades, os sentidos e as trajetórias expressas nas experiências tomadas e reduzidas 
pelo saber médico-psicológico como doença. 
A significativa inserção dos psicólogos no Sistema Único de Saúde e nos serviços de 
saúde mental do SUS, impulsionados pelo projeto antimanicomial, produziu um 
redirecionamento da Psicologia, ao lado de outras profissões da saúde, em relação à sua 
tradição histórica relativa às orientações éticas, teóricas e metodológicas. O transtorno mental, 
tomado como situação limite de um processo social complexo e problemático, que se expressa 
e se constitui como sofrimento na experiência de sujeitos singulares, força a definição de uma 
nova forma de atuação para a Clínica, exigindo transformações metodológicas e tecnológicas 
para o atendimento em saúde mental. Os transtornos mentais graves com que lidam essa 
clínica são, antes de serem tomados como uma patologia, portanto, doença mental, tomados 
como processos complexos, que implicam a trajetória de vida de sujeitos singulares em 
condições objetivas e concretas de existência. 
14 
 
Disso decorre uma nova direção de intervenção no campo da saúde mental, 
caracterizada pela perspectiva da atenção psicossocial, que se colocou como orientadora do 
desenvolvimento do projeto institucional dos CAPS, como dispositivos estratégicos da rede 
substitutiva de saúde mental. A atenção psicossocial aponta para a necessidade de construir 
dispositivos e redes que representem a superação do modelo asilar, assim como intervenções 
que direcionem a assistência para as transformações necessárias nas configurações subjetivas 
e nos processos de produção social. Do ponto de vista teórico-conceitual, essa perspectiva 
exige a substituição da referência à doença mental e sua cura para uma leitura sobre a 
existência concreta dos sujeitos e seus sofrimentos. Finalmente, a orientação ético-política 
aponta para a construção permanente, dentro e fora dos serviços, da condição de cidadania 
daqueles historicamente invalidados nas relações sociais. Nas palavras de Oliveira Silva 
(2009, p.41): 
 Portanto o paradigma da clínica psicossocial das psicoses pretende devolver à clinica a 
condição de operar com a complexidade do seu objeto, manejando um conjunto 
heterodoxo de recursos e possibilidades que extrapolam os limites disciplinares, 
acadêmicos e/ou corporativos que, tradicionalmente, moldaram de forma 
reducionista os fenômenos sobre os quais pretende intervir, de modo a 
submetê-los às conveniências protocolares das instituições. (DE OLIVEIRA 
SILVA; 2009). 
Desse modo, os psicólogos precisam construir novas leituras, que respondam a essas 
exigências. Leituras que tomem a psicopatologia compreendendo as questões sociais e 
culturais que a atravessam. O psicólogo necessita perceber as dificuldades relativas a cada 
território de convivência e os desafios postos na busca por direitos de cidadania das pessoas 
com as quais trabalha. De certo modo, pode-se dizer que os psicólogos tem como desafio a 
possibilidade de construir a crítica ao discurso médico e à perspectiva reducionista acerca da 
experiência da loucura. O desafio está posto como necessidade para o reconhecimento da 
dimensão cultural que atravessa a existência desses sujeitos e conforma suas subjetividades. 
Tal reconhecimento é essencial para resgatar a dimensão humana do fenômeno da loucura e a 
dimensão do sofrimento que atravessa essa experiência humana. 
Os psicólogos, como outros trabalhadores dessa clínica, não produzem apenas 
intervenções técnicas, mas antes disso disponibilizam acolhimento para dar suporte à travessia 
que o outro deve construir em sua experiência como sujeito humano. Nessa travessia, cada um 
deve encontrar as condições e os lugares possíveis para a afirmação da sua diferença como 
valor positivo. Isso representa a construção de coletivos responsáveis, que assumem posições 
na sociedade em nome de uma direção ético-política, pautada nos valores da igualdade de 
15 
 
direitos e do respeito às diversidades e cabe aos profissionais, o questionamento permanente 
acerca da direção da transformação que estão construindo na realidade por meio de sua 
atuação. 
Por isso, é necessário recusar referências que reduzem o sujeito à condição de objeto 
da investigação científica, assim como é preciso recusar perspectivas a partir das quais o saber 
científico tenha primazia sobre a garantia de direitos dos usuários. Também é preciso recusar 
teorias que apontem no sentido da normalização e da mera adaptação dos sujeitos. É 
necessário, no lugar disso, buscar referenciais que subsidiem a perspectiva de atuar para 
produzir saúde, transformar subjetividades e emancipar os sujeitos. O referencial teórico deve 
ser capaz de responder a um projeto ético. Esse projeto ético está orientado para a 
possibilidade da convivência, da diversidade, da sustentação de diferentes existentes, 
garantida a condição de uma cidadania. 
A cidadania não é fazer do louco não louco, não é fazer do louco um sujeito de razão, 
mas é compreender um campo da cidadania constituído como espaço da pluralidade. A 
universalidade do acesso aos direitos deve comportar as singularidades. É preciso afirmar o 
compromisso do profissional psicólogo se perguntar, na busca de referenciais teóricos no 
campo da Psicologia (considerando, sobretudo, sua construção histórica), que respostas esses 
referenciais lhe oferecem no encontro com a loucura, suacoerência com os princípios 
orientadores da Reforma e sua possibilidade de subsidiar as práticas da atenção psicossocial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
3.3 A ATUAÇÃO DA (O) PSICÓLOGA (O) NA POLÍTICA DO CAPS: 
DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DA PRÁTICA E INTERVENÇÃO NA CULTURA 
Do mesmo modo que as teorias, os referenciais relativos às práticas e às técnicas 
desenvolvidas no serviço devem estar submetidos às diretrizes do SUS, da Reforma 
Psiquiátrica e a ética do projeto antimanicomial. Dentre as atividades realizadas pelos 
psicólogos nessas instituições está o acolhimento, discussão de casos em equipe, 
psicoterapias, atendimento às crises, elaboração de planos individuais de cuidado, grupos e 
oficinas, atividades dirigidas diretamente à reinserção social, dentre outras. No que tange ao 
destaque de práticas ou experiências inovadoras, apresentam-se estratégias para aproximação 
do serviço aos usuários em regiões rurais, experiências de atividades em contato direto com a 
comunidade, oficinas com utilização de diferentes recursos (música, leitura e escrita, cuidados 
com corpo e beleza, informática), programas de geração de trabalho e economia solidária, 
dentre outros. 
As práticas serão tanto mais exitosas quanto mais responderem às exigências e 
desafios de cada contexto, na direção da atenção psicossocial referenciada. Do mesmo modo, 
a inovação das práticas deve ter como critério a produção de respostas diante da necessidade 
de intervenções dos projetos terapêuticos individualizados e as condições de cada território. 
Do ponto de vista das intervenções tradicionalmente consolidadas no campo da Psicologia, 
isso deverá representar uma reinvenção de práticas e de tecnologias de intervenção. Na clínica 
da saúde mental, os psicólogos devem construir diagnósticos que se apresentem como ponto 
de orientação num percurso a ser construído na história do sujeito. Ele deve significar a 
possibilidade, muito menos de responder sobre uma doença e muito mais de indicar as 
possibilidades de projetos a partir do que se identifica como um modo do sujeito atuar na 
vida, estabelecer relações e constituir sua experiência subjetiva. 
Os chamados serviços substitutivos, e os CAPS são um destes serviços, possuem uma 
dupla missão: a de serem lugares de cuidado, sociabilidade e convívio da cidade com a 
loucura que a habita. Lugares de tratamento e convívio entre diferentes, de realização de 
trocas simbólicas e culturais, enfim, lugares e práticas que desconstroem, em seu fazer 
cotidiano, uma arraigada cultura de exclusão, invalidação e silenciamento dos ditos loucos, ao 
promover intervenções no território que revelam possibilidades de encontro, geram conexões, 
questionam os preconceitos e fazem aparecer a novidade: a presença cidadã dos portadores de 
sofrimento mental. 
17 
 
Os CAPS – Centros de Atenção Psicossocial - são uma das invenções deste processo 
que se articulam e ganham potência no pulsar da rede na qual se inserem, e cumprem, dentro 
da arquitetura aberta, livre e territorializada da reforma, um importante papel. Cabe a este 
estratégico serviço a resposta pela atenção diária e intensiva às pessoas com sofrimento 
mental, oferecendo acolhimento, cuidado e suporte desde o momento mais grave a crise, 
senha de ingresso no manicômio, até a reconstrução dos laços com a vida. Materializando 
uma máxima psicanalítica, cabe aos CAPS, suas equipes e recursos clínicos, não recuar frente 
à loucura ou ao sofrimento psíquico, tomando posição e se contrapondo à exclusão como 
método de tratamento, mas também oferecendo ao estrangeiro da razão (LIMA, 2002) 
hospitalidade, manejos criativos e singulares para fazer contorno à dor intensa e assegurar ao 
sujeito os direitos de um cidadão. 
. Liberdade e responsabilidade são, portanto, conceitos orientadores da prática clínica 
dos serviços substitutivos e dos CAPS, em particular. A responsabilidade foi problematizada 
pela reforma psiquiátrica e a grande novidade foi a introdução do reconhecimento da vontade 
e da responsabilidade na experiência da loucura. Ao modular a internação – artigo 4º da lei 
10216 de 2001 dá a esta o estatuto de um recurso entre outros e não mais o recurso, a ser 
usado quando os demais houverem se esgotado. Deste modo, produziu um corte em relação às 
práticas de sequestro da loucura. Além disso, distinguiu a aplicação jurídica da terapêutica. 
No campo do tratamento, a internação pode se dar em acordo com a vontade do sujeito, 
voluntariamente, e em desacordo com seu querer, involuntariamente. E visando minimizar os 
riscos de possíveis abusos da razão no uso do poder sobre a loucura, o responsável por este 
ato fica obrigado a prestar contas do mesmo, informando-o ao Ministério Público, instância 
convocada pela lei, a avaliar e decidir quanto a pertinência da decisão e os efeitos que 
provocou no exercício da cidadania do sujeito à mesma submetido. Este é o sentido dado pela 
Lei da Reforma Psiquiátrica a internação involuntária. O projeto antimanicomial é 
comumente compreendido como uma ética que apenas beneficia as pessoas com sofrimento 
mental. 
 Uma “leitura simplista e equivocada, que confunde direito com privilégio, 
dimensão que a luta antimanicomial jamais reivindicou para os ditos loucos. 
A defesa do direito à liberdade e a cidade para os portadores de sofrimento 
mental, reconhece a exclusão de que eles foram e ainda são vítimas e reclama 
o seu direito por cidadania por compreender que esta é uma condição 
preliminar para a clínica”. (SILVA, 2010, pg. 147) 
Neste ponto é preciso destacar outro importante conceito: o vínculo ou a transferência 
e um desdobramento ou efeito deste, a referência. Mais que qualquer outro recurso, o que a 
18 
 
prática nos CAPS revela de mais potente é que é o vínculo o recurso que melhor trata o 
sofrimento. É esta ferramenta, se quisermos assim nomear, que reveste todos os recursos 
disponíveis e possíveis de serem utilizados de sentido terapêutico e os tornam potentes na 
resposta. Assim, um remédio tem tanto valor de alívio quanto um simples passeio, ou uma 
festa, ou ainda, a conquista de condições dignas de vida, a elaboração ou a subjetivação da 
experiência do sofrimento e a construção de um saber sobre a mesma. E aqui é preciso 
considerar as dimensões singular e coletiva dos vínculos. No plano micro, a importância do 
vínculo com um técnico específico e no coletivo ou macro, o vínculo com um serviço 
Não mais assentada sobre o princípio único da totalização e homogeneização, 
buscando respostas singulares e complexas, a prática nos CAPS assume o desafio de construir 
seu conhecimento na partilha dos saberes. Um trabalho, portanto, coletivo, fruto de diferentes 
perspectivas que se orienta pelo saber do louco e neste se baseia para desenhar o projeto de 
tratamento a ser ofertado. Sempre singular e distinto, na medida mesma da singularidade de 
cada experiência de sofrimento e do momento de vida de cada usuário, esta metodologia 
introduz na prática clínica um operador – o projeto terapêutico singular, que articula o sentido 
dos recursos colocados à disposição de cada um. 
O projeto terapêutico singular articula os recursos colocados à disposição pela política, 
mas também aqueles que nos trazem cada usuário, seus familiares e suas referências. 
Instrumento mutável que busca responder às necessidades, naquele momento e para cada 
usuário, sendo ainda a expressão e o espaço de inscrição das soluções e estratégias criadas por 
cada um na reconstrução de sua história e vida. Para um, a permanência diária e hospitalidade 
noturna farão o contorno ao sofrimento; para outro, a oferta de uma ida ao cinema e ao teatro, 
a participação na assembleia e na festa; o medicamento e a terapia, a negociação e a acolhida 
dos familiares ou, a conquista de uma moradia, o acesso ao trabalho; e para todos a porta 
aberta que permiteo acesso direto e no momento que uma questão fizer urgência e 
desorganizar o ritmo do viver, sem mediações e burocracias. 
O acesso ao serviço, à proteção e à palavra para fazer valer os direitos e a 
subjetividade. Mas, a clínica dos CAPS distancia-se, e muito, da ideia corrente que referencia 
a percepção social acerca do fazer clínico. Conjuga elaboração subjetiva e reabilitação no 
processo de construção da autonomia e da capacidade de cada usuário. Por isso, agrega à 
psicoterapia e ao medicamento, a potência de outros recursos e intervenções. Oficinas, 
assembleias, permanência, hospitalidade, mediação das relações entre os sujeitos e seus 
19 
 
familiares, suas referências e redes têm tanto valor quanto os recursos da ciência e da técnica. 
Tratar - para esta clínica, é construir as condições de liberdade e capacidade de se inserir na 
cidade, de fazer caber a diferença - sempre singular, no universal da cidadania, com cada 
usuário. 
A convocação à responsabilidade do sujeito não se dá pela imposição da autoridade, 
nem, apenas, no momento da recuperação da saúde. Passa, pela descoberta da lucidez e da 
capacidade de decisão, mesmo no momento da crise, o que joga por terra e desconstrói a 
crença de que a crise é momento onde a capacidade de decidir e responder por seus atos 
encontra-se suspensa e o sujeito necessita, sempre, de tutela. A necessidade do manicômio 
como resposta para alguns casos é hoje um dos argumentos que desafiam a capacidade 
criativa, criadora ética de um CAPS. Quase sempre os casos supostos como impossíveis para 
um CAPS apresentam maior fragilidade dos laços, ou uma situação de abandono e ausência 
de referências. Para estes, a prévia receita da exclusão. . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
3.4 UTILIZAÇÕES DE GRUPOS TERAPÊUTICOS COMO ESTRTATÉGIAS DE 
INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL - DESAFIOS DA CLÍNICA AMPLIADA 
A atenção psicossocial direciona suas ações para a construção da cidadania, da 
autoestima e da interação do indivíduo com a sociedade. Nesta realidade, a reprodução social 
do sujeito em sofrimento psíquico perpassa a prática clínica e constitui um processo 
complexo. Assim, a prática clínica exercida na rede de atendimento requer instrumentos e 
estratégias para a efetivação de ações resolutivas. Nesse sentido, o desenvolvimento das 
abordagens terapêuticas no trabalho em saúde mental ocorre com vistas a melhorar o 
enfrentamento do transtorno psíquico (Amarante, 2007; Oliveira, Ataíde, Silva, 2004). 
No Brasil, a prática de psicoterapia de grupo expandiu-se a partir do contexto da 
Reforma Psiquiátrica (Guanaes, Japur, 2001). Nesse contexto da desinstitucionalização, fez-se 
necessária a elaboração de novas abordagens terapêuticas que vislumbrassem a dimensão 
psicossocial do sofrimento e que levassem em consideração a subjetividade humana e a 
inclusão social, por meio da cidadania e da autonomia. As novas abordagens constituem uma 
tentativa de compreender a doença mental de forma diferente, com ênfase na pessoa doente, 
na sua forma de vida, na realidade em que está inserida, e não na doença em si, 
diferentemente da prática constante nos últimos séculos (Amarante, 1996). 
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2004), o trabalho em grupo é o 
principal eixo do tratamento utilizado na proposta do CAPS. As atividades grupais podem 
distinguir‐se de acordo com seus objetivos e formações de cada técnico, sendo assim, são 
caracterizadas por grupos operativos, atendimento clínico em grupo e oficinas terapêuticas. 
As oficinas terapêuticas são atividades em grupo conduzidas por qualquer técnico da equipe 
multiprofissional, monitores e/ou estagiários. São realizadas de acordo com as possibilidades 
dos profissionais e com as necessidades de tratamento e interesse dos usuários. Possuem 
como objetivos possibilitar maior integração social e familiar, expressão dos sentimentos e 
problemas, realização de atividades produtivas, dentre outros (BRASIL, 2004). 
O grupo terapêutico potencializa as trocas dialógicas, o compartilhamento de 
experiências e a melhoria na adaptação ao modo de vida individual e coletiva. Para Cardoso e 
Seminotti (2006), o grupo é entendido pelos usuários como um lugar onde ocorre o debate 
sobre a necessidade de ajuda de todos. No desenvolvimento das atividades, os participantes 
fazem questionamentos sobre as alternativas de apoio e suporte emocional. Contudo, alguns 
21 
 
pacientes sentem dificuldade de interagir com o grupo, sobretudo por estarem diante de 
pessoas desconhecidas; apesar desse entrave, acham importante ouvir as experiências de vida 
dos colegas e aprender com os relatos (Peluso, Baruzzi, Blay, 2001). 
No tratamento do portador de transtorno mental também é fundamental o apoio da 
família e da comunidade. Ao compreenderem a terapêutica e colaborarem com seu 
desenvolvimento, essas pessoas estarão mais aptas a cuidar, de forma adequada, do sujeito 
(Jorge et al., 2006). De modo geral, o grupo terapêutico possibilita o compartilhamento de 
experiências entre os participantes, propicia escuta, orientação e construção de projetos 
terapêuticos condizentes com as necessidades dos sujeitos. Ao mesmo tempo, a vivência em 
grupo favorece maior capacidade resolutiva, por possuir vários olhares direcionados para um 
problema em comum (Schrank, Olschowsky, 2008). Essa vivência enseja a construção de 
novas visões e sentidos capazes de proporcionar mudanças significativas na percepção de vida 
de seus integrantes (Guanaes, Japur, 2005). 
Em serviços de atenção psicossocial como os CAPS, o acolhimento desenvolvido pela 
equipe multidisciplinar compromete-se com a escuta do sujeito, empenha-se na resolução de 
seus problemas. Tem a finalidade de qualificar a relação entre equipe e usuário, com vistas à 
integralidade do atendimento ao sujeito. De acordo com determinados autores, a 
intensificação de práticas acolhedoras é um passo fundamental para se alcançar a efetivação 
da produção do cuidado, contribuindo para uma clínica mais humana e cidadã (Santos et al., 
2007; Franco, Bueno, Merhy, 2006). 
Desse modo, pode-se chegar à integralidade, a se iniciar na organização do processo 
de trabalho, que envolve uma assistência desenvolvida pela interdisciplinaridade da equipe e 
conta com acolhimento e vínculo, além da responsabilização do cuidado (Franco, Magalhães 
Júnior, 2006). Tal como outras iniciativas, as oficinas terapêuticas também são realizadas 
dentro de um contexto grupal. São atividades desenvolvidas pelos profissionais da terapia 
ocupacional e incluem: pintura, colagem, modelagem, trabalhos com sucata, papel reciclado e 
carpintaria. Complementarmente, com o auxílio dos profissionais da nutrição, os usuários se 
reúnem para fazer saladas de frutas. Há também o cuidado com a horta, além de momentos de 
descontração, quando eles participam de bingos, jogos, assistem à televisão e ouvem músicas. 
Ao ser observado tais práticas, evidenciam-se a satisfação e a interação de alguns 
usuários; outros já não são tão ativos, mas dão sua contribuição na dinâmica grupal. Essas 
22 
 
atividades desempenham um papel importantíssimo para a reabilitação do paciente. Como 
mostra a realidade, as necessidades de saúde não se limitam aos transtornos mentais elas são 
bem maiores e envolvem questões financeiras, sociais e culturais. Dentro desses espaços, 
essas necessidades são amenizadas: há alimentação, interação com as outras pessoas, 
acolhimento, vínculo. Fora deles, alguns os usuários ainda enfrentam fome, desprezo e 
preconceito. Neste sentido, as práticas, os procedimentos e as orientações da clínica oficial 
são insuficientes para abordar toda a variedade de dimensões que compõem as demandas e as 
necessidades de saúde das pessoas. Para ir além, por conseguinte, é essencial 
instrumentalizar-se de ações coletivas fortalecidas pela intersetorialidade e pela rede de 
referência e contrarreferência eficiente (Fracolli,Zoboli, 2004). 
Inegavelmente, o trabalho em equipe traz novas possibilidades de atuação, sobretudo 
por contribuir para uma melhor qualidade do serviço, pois atua no planejamento de ações 
mais efetivas, estabelecendo prioridades na realização das práticas, além de intervenções mais 
criativas no processo de trabalho (Pinho, 2006). Segundo Pinto (2008), o desenvolvimento do 
projeto terapêutico deve procurar respeitar a singularidade de cada sujeito. Produzir cuidado 
não é atuar de forma burocrática e mecanicista, e sim perceber que o caráter individual do 
sujeito tem importante relevância no dinamismo do cuidado. Com vistas a ações integrais e 
efetivas, muitas vezes é preciso criatividade do profissional, além de uma boa comunicação 
tanto com o usuário, quanto com os demais profissionais da equipe. Um bom profissional 
deve saber que angústias não são padronizadas e que pessoas não são fragmentadas. Portanto, 
as práticas e os saberes de toda a equipe serão mais resolutivos do que a individualização do 
conhecimento (Ciuffo, Ribeiro, 2008). 
Para Campos (2007), o vínculo se constitui na troca entre a oferta do serviço de saúde 
dos trabalhadores e a demanda da resolução do sofrimento do usuário. É uma troca de afetos, 
na qual a equipe e o usuário precisam acreditar na resolubilidade do tratamento para que esse 
vínculo não se torne “paternalista”. Deve-se estimular o usuário a também participar da 
resolução de seus problemas, ou seja, deve haver corresponsabilização no projeto terapêutico. 
Segundo o autor, “a prática de uma clínica com qualidade é o fortalecimento de vínculos entre 
paciente, famílias e comunidade com a equipe e com alguns profissionais específicos que lhes 
sirvam de referência” (Campos, 2007, p.68). 
O vínculo permite o compartilhamento de saberes e vivências entre equipe e usuário, 
ampliando as potencialidades dessas pessoas. Permite o desenvolvimento de 
23 
 
corresponsabilização do projeto terapêutico, para que esse projeto não seja desenvolvido de 
forma única e absoluta pelo profissional, nem movido apenas pelas vontades e anseios dos 
usuários (Santos et al., 2008). Como propõe a literatura, a adoção de práticas e processos 
voltados para a saúde mental requisita elementos da subjetividade e condição humana, e, para 
se obter um estado de equilíbrio sistêmico e psicológico, a corresponsabilização terapêutica e 
os momentos de escuta e diálogo entre o terapeuta e o paciente são necessários (Bechelli, 
Santos, 2006; Campos, 2006). 
Como observado, os espaços terapêuticos possibilitados pela expansão da rede de 
saúde mental promovem a aplicação das atividades interdisciplinares com o propósito direto 
de favorecer a reabilitação psicossocial. Nesse sentido as práticas terapêuticas grupais 
desenvolvidas são importantes para a reabilitação psicossocial, e a equipe deve utilizar 
dispositivos para a produção do cuidado, tais como: vínculo, acolhimento, 
corresponsabilização e autonomia. Ao cuidar do paciente, a equipe deve busca entender sua 
complexidade e subjetividade. Trabalhar em sintonia e procura ter uma visão integral de cada 
caso. Portanto, o cuidado produzido pela relação entre equipe e usuário não deve se restringe 
à administração de psicofármacos nem à realização de psicoterapias; vai além e constrói 
novas possibilidades de vida. 
A utilização das terapias grupais na abordagem aos usuários possibilita a atuação 
interdisciplinar condizente com a prática clínica humana, equânime e resolutiva. Diante desta 
justificativa, o trabalho com grupos terapêuticos deve ganhar espaço nos serviços e 
instituições da rede de atenção à saúde, pois se trata de uma ação relevante no planejamento 
de intervenções clínicas, já que apresenta resultados positivos no acompanhamento de 
diversos agravos e doenças. Muitos limites ainda devem ser superados no processo de 
transformação desse cenário. Para haver mudança, é essencial a participação e a mobilização 
de todos na construção de novos espaços, estratégias e soluções. Mas, inegavelmente, o 
crescimento teórico e a intensificação da habilidade prática proporcionam aos profissionais 
uma chance de ampliarem a relação com os usuários pelos dispositivos da produção do 
cuidado. 
 
 
 
24 
 
4. RELATO DAS ATIVIDADES 
DIÁRIO DE CAMPO: DIA 16/08/2018 
HORÁRIO: 08h00min ÀS 12h00min 
 
Ao chegar ao local, o CAPS I da cidade de Itabaiana/SE, foi realizada a minha 
apresentação como estagiária de Psicologia para os funcionários e usuários dos serviços. 
Sendo informado que de início seria realizada observações acerca das demandas do local e 
que posteriormente iria ser realizado e desenvolvido um projeto. Entre os profissionais 
presentes estão uma Educadora Física, uma enfermeira e uma técnica de enfermagem, um 
clínico, um psicólogo, um psiquiatra, uma terapeuta ocupacional, um auxiliar de limpeza, um 
auxiliar de serviços gerais, uma recepcionista, duas cozinheiras, duas assistentes sociais, e 
destas uma exerce função de coordenadora do local. O psicólogo encontra-se no período de 
férias estando sob a supervisão da coordenadora do local, não há nenhum estagiário no local. 
Os principais serviços que são oferecidos no local são oficinas de desenho, de pintura, de 
exercícios físicos, de alfabetização, atendimento psicológico individual e coletivo, visitas 
domiciliares, acolhimentos com profissionais, tratamento medicamentoso, e também 
ocasionalmente são oferecidas palestras que visam discussões sobre diversos temas. Há cerca 
de aproximadamente 600 usuários que estão registrados para tratamento, estes devem ter entre 
18 a 60 anos, os principais transtornos são: Esquizofrenia, Depressão grave e/ou severa, casos 
agudos de ansiedade, transtorno de pânico, etc., não é recebido usuários em crise, caso haja 
são encaminhados para os hospitais de urgência psiquiátrica, os casos leves são encaminhados 
para ambulatórios de psiquiatria ou SESP. Tanto os pacientes quanto os funcionários em geral 
são atenciosos e abertos a diálogo. Em uma conversa com funcionários estes alertaram a 
importância de conhecer os pacientes e estar próximo para compreendê-los. Em uma conversa 
uma usuária do serviço relatou que sentia falta da antiga psicóloga que realizava roda de 
conversas somente com as mulheres. 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
DIÁRIO DE CAMPO: DIA 22/08/2018 
HORÁRIO: 08h00min ÀS 12h00min 
 
Ao chegar ao local estava sendo realizada oficina de Educação física, sendo notada grande 
mobilização dos usuários para participação desta, e sendo realizados danças e exercícios 
físicos. Eram novos usuários então novamente foi realizada a minha apresentação e conversa 
com eles. Todos se mostraram receptíveis, uma usuária relatou que admira muito a psicologia 
sendo uma profissão linda e que contribui bastante para o seu tratamento, informando também 
que naquele momento sua irmã necessita de um acompanhamento psicológico. Sendo 
informada a esta que junto com um profissional poderia ser realizado o seu acolhimento e 
atendimento. 
 
 
DIÁRIO DE CAMPO: DIA 24/08/2018 
HORÁRIO: 08h00min ÀS 12h00min 
 
Ao chegar ao local estava sendo realizada oficina de pintura com a Terapeuta Ocupacional, 
havia presença de muitos usuários no local- cerca de 40 usuários. Novamente foi realizada a 
minha apresentação e conversa com os novos usuários. Foi realizado e acompanhado um 
acolhimento com uma usuária que possui o transtorno depressivo havendo um melhor 
entendimento acerca do seu quadro. Em uma conversa realizada com uma mãe de um usuário 
que relatou os cuidados que tem com o seu filho e o quanto foi difícil o início do tratamento e 
os momentos de crise em que ele se mostrava agressivo, esta se emocionando ao relembrar 
todo o percurso do tratamento informando o quanto o CAPS foi e é importante para o 
tratamento de pessoas com algum transtorno mental. Em reunião os funcionários discutiam o 
quanto eles estão participantes nas atividades.26 
 
DIÁRIO DE CAMPO: DIA 29/08/2018 
HORÁRIO: 08h00min ÀS 12h00min 
 
Ao chegar ao local estava sendo realizadas as aulas de Educação física, havia cerca de 20 
usuários os quais demonstravam gostar e participavam ativamente da atividade, nas aulas 
eram feitos exercícios com música. Também estava sendo realizada a Oficina de 
Alfabetização, havia cerca de doze usuários, estes demonstravam pouca participação e a 
profissional de enfermagem também demonstrava ser pouco ativa, utilizando como método de 
ensino o caça palavra e não motivando o empenho e a participação dos usuários. Em conversa 
com alguns usuários um destes estava realizando a confecção de uma cesta de papel reciclado 
relatando que adora fazer este tipo de arte, além de saber fazer várias outras coisas como 
bichos com papéis, revistas e jornais, diz que irá fazer um para me presentear, informou que já 
está há muito tempo no CAPS e que tem familiares que também frequentam o local como a 
sua irmã e a cunhada que a acompanha. Em conversa com outro usuário este relatou ter 27 
anos e frequentar o CAPS desde os 19 anos, relatou que sofreu muito nos seus momentos de 
crise que durante sete meses permaneceu em hospital internado afirma ter sido os piores 
meses da sua vida e que está bem melhor agora, informou que concluiu o 2º Grau e até iria 
prestar vestibular para engenharia, porém adoeceu e hoje já não acha mais que tem capacidade 
e paciência para fazer uma faculdade. Em outro momento, uma usuária que já havia 
conversado muito veio informar que havia sido aprovada em um curso de Técnico em 
Logística. Em conversa com os familiares, mãe relata que sempre vem com seu filho como 
acompanhante, pois ele não é casado e também não possui filhos, também informou que cuida 
dele desde o início de sua doença e que vê muitos familiares que abandonam os seus filhos 
nesse momento o que considera errado, informou que sofria muito nos momentos de crise que 
o encontrava caído no chão, que por vezes ficou internado em hospital psiquiátrico, mas logo 
foi transferido para o CAPS onde segundo esta é tratada muito bem pelos profissionais e onde 
frequenta já há muitos anos e não apresenta mais episódios de crise. Em conversa com outra 
mãe esta relatou que sua filha já tentou suicídio muitas vezes, que esta ouve vozes pedindo 
para se matar, que quebra todas as coisas dentro de casa nos momentos em que está em crise, 
mas que se encontra um pouco melhor e que está desenvolvendo as atividades no CAPS há 
muitos anos. Alguns usuários informaram gostar das atividades de pintura, dança, música, 
leitura, artes, um grupo de homens em sua maioria fica boa parte do tempo jogando dominó 
em um espaço recreativo. Outros relataram que a medicação receitada pelo psiquiatra dá sono 
e preguiça para realizar as atividades. Os usuários possuem um momento de lanche no turno 
27 
 
da manhã às 9 horas e almoço às 12 horas da tarde, poucos ficam para o almoço, a maioria são 
pacientes de interiores da cidade como Campo do Brito, Areia Branca, Pinhão, Malhador etc. 
Além da observação das atividades, também foi realizado acompanhamento de atendimentos, 
sendo em sua maioria pedido de receita e solicitação de medicação. 
 
 
DIÁRIO DE CAMPO: DIA 30/08/2018 
HORÁRIO: 08h00min ÀS 12h00min 
 
Ao chegar ao local estava sendo realizada oficina de dança com a educadora física, havia 
cerca de 30 usuários, também foi dados auxílio e orientação na oficina de desenho que havia 
cerca de 20 usuários. Em conversa com eles, foi notado que havia um novo usuário no local 
que foi transferido do CAPS-AD III da cidade, este informando que gosta de estar lá, que dá 
para comer, descansar e dormir, afirmou também que adora se divertir que sua irmã o leva 
sempre para as festas que são realizadas na cidade. Em conversa com outra usuária, esta 
pergunta se sua irmã também pode estar com a mesma doença que a sua, pois está grávida e 
não consegue dormir, sua gravidez é indesejada e toma medicação para dormir, afirma que 
sua mãe e sua avó também são doentes. Em conversa com a avó de uma usuária esta afirma 
que sua neta é um fracasso, que sua doença iniciou aos 16 anos e hoje está com 18 anos, não 
fala com ninguém, nem com o psicólogo do local, somente em casa em alguns poucos 
momentos, informou que possui outro filho que também tem a doença, relata que a neta 
deveria estar na escola já realizando o vestibular, porém ao apresentar a doença deixou de 
frequentar a escola. Na oficina de desenho uma usuária chora, é perguntado se deseja falar, se 
necessita de ajuda, porém esta nega pede apenas um copo de água o bebe e afirma que vai 
para casa. Outro usuário também da oficina de desenho, apresenta-se bem calado, relata que 
gosta de fazer desenhos de pássaros que aprendeu a fazer no CAPS, gosta de ouvir músicas 
religiosas, afirma que sempre quando se sente mal e para baixo vem ao local. Foi observado 
que as enfermeiras do local apresentam pouco envolvimento com os usuários, limitando as 
suas atividades a receita de medicamentos e aplicação de injeções, já os demais profissionais 
como a educadora física, a terapeuta ocupacional, a coordenadora e o auxiliar de serviços 
gerais demonstram envolvimento com os usuários, fazendo acolhimentos e realizando 
atividades. As atividades realizadas no dia foram auxílio na oficina de desenho e observação 
da rotina dos funcionários. 
 
28 
 
DIÁRIO DE CAMPO: DIA 05/09/2018 
HORÁRIO: 08h00min ÀS 12h00min 
 
Houve a volta do Psicólogo das férias, sendo realizada uma reunião para esclarecimento a 
cerca do estágio e do projeto que irá ser desenvolvido. O profissional fez esclarecimentos e 
tirou algumas dúvidas a cerca de como é a atuação do psicólogo no CAPS. Trouxe também 
uma ideia de um projeto já desenvolvido pelo Ministério da Saúde sobre o uso do cigarro 
utilizando a Terapia Cognitiva Comportamental e o uso de goma de mascar e adesivo, 
utilizando a Abstinência como forma de auxiliar no abandono ao vício, diferente do que é 
realizado no CAPS-AD sendo neste trabalhado e utilizado como método a Redução de Danos, 
no CAPS I há uma grande demanda de usuários que utilizam o cigarro, muitos até como 
forma de compensação do transtorno, como ansiedade. Porém foi deixado livre pelo 
profissional a escolha do projeto que irá ser realizado, sendo apresentado somente uma ideia e 
disponibilidade de auxílio e ajuda por parte de todos os profissionais para realização do 
projeto escolhido. Foi realizada apresentação das minhas ideias para desenvolvimento do 
projeto, relacionadas à inclusão de pessoas portadoras de algum tipo de transtorno mental na 
sociedade, apresentando uma conscientização sobre a existência do CAPS e o serviço 
prestado a comunidade. Além disso, na reunião foi questionado a cerca de como está sendo a 
experiência, sendo relatada grande receptividade por parte dos usuários e também dos 
profissionais que apresentaram disposição e ajuda para desenvolvimento do projeto. De início 
foi observado uma pouca relação/contato dos funcionários com os usuários do serviço, sendo 
vista uma demanda de escuta e acolhimento por parte dos usuários podendo isto ser uma 
demanda a ser desenvolvida no projeto. Pensando em tal demanda também obtive ideias para 
realização de Grupos Terapêuticos, como um Grupo com Mulheres, Grupo com Familiares e 
Grupo com Homens, além de ser dada a ideia de um Grupo de Familiares e pacientes, sendo 
trabalhadas as questões familiares envolvidas. Nestes Grupos Terapêuticos poderiam ser 
trazidos temas que além de estarem presentes nas demandas dos usuários, também 
aproximariam os profissionais dos mesmos, tais como as enfermeiras, os clínicos, a 
profissional de educação física e a assistente social, incluindo os mesmos nas atividades e 
possibilitando maior contato destes com os usuários do serviço. 
 
 
 
 
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DIÁRIO DE CAMPO: DIA 06/09/2018 
HORÁRIO: 08h00min ÀS 12h00min 
 
Ao chegar ao localestava sendo desenvolvida atividade de Educação física com cerca de doze 
participantes, e os demais estavam fazendo cestas artesanais com jornais/revistas, e desenho e 
pintura. Foram observados também os atendimentos realizados na recepção, em sua maior 
parte para busca e receita de medicamentos. Foi debatido com o psicólogo e os demais 
profissionais a cerca do projeto a ser desenvolvido, sendo dada a ideia de realizar Grupos 
Terapêuticos divididos em Grupos de Mulheres e da Família junto aos usuários para serem 
debatidos temas que pudessem trazer reflexões para os usuários. Os demais profissionais 
também se prontificaram a ajudar no desenvolvimento do projeto. Em conversa com usuários 
e profissionais do local estava sendo discutido a cerca das condutas do novo psiquiatra. Estava 
sendo discutido também sobre o desfile do setembro amarelo que iria ser realizado 
conjuntamente com os demais serviços como o CAPS-AD e o SESP, serviço de atenção 
básica da cidade. Além disso, foi discutido acerca dos credenciamentos que iriam começar a 
ser realizado na próxima semana, foi alertada pela coordenadora a importância da minha 
participação em tais atividades como forma de aprender e adquirir novas experiências. Nas 
atividades do dia foi percebido pouco desempenho e pouca participação tanto dos 
profissionais como dos usuários. É possível perceber que alguns dias há pouca motivação dos 
usuários para participação nas atividades e também de alguns profissionais para sua 
realização, alguns se encontram centrados nas atividades que competem a sua área de 
formação, embora de maneira geral todos realizem atividades como oficinas e organização de 
eventos como palestras. Muitas atividades na maioria das vezes são vistas como 
responsabilidade do profissional de psicologia, embora as mesmas não sejam somente 
específicas a este, sendo informado pelo profissional que apenas o atendimento individual é 
específico e realizado pelo mesmo quando solicitado pelos usuários para resolução de algum 
conflito e/ou demanda. Houve a volta do clínico das férias, este se mostrou participativo 
conhecendo e mantendo contato com os usuários, realizando atividades junto aos mesmos. 
Dentre os profissionais, o auxiliar de serviços gerais mostra-se muito acolhedor, conversando 
e procurando entender os usuários demonstrando muita dedicação aos serviços prestados. 
 
 
 
 
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DIÁRIO DE CAMPO: DIA 11/09/2018 
HORÁRIO: 08h00min ÀS 12h00min 
 
Ao chegar ao local estava sendo realizado atendimento com o psiquiatra, em relação ao 
funcionamento e atendimento das consultas, estas são realizadas todas as terças feiras, havia 
cerca de quinze usuários, foi observado que o psiquiatra procura receitar as medicações como 
forma de auxílio no tratamento juntamente com os demais profissionais, procurando não 
tornar o paciente dependente da medicação e somente continuar o seu uso até onde houver a 
necessidade, podendo ser retirada a medicação aos poucos, até o paciente apresentar melhora 
e estabilidade do quadro. Porém em relação a isso muitos usuários estão apresentando 
rejeição, informando que após a suspensão feita pelo médico de alguns medicamentos os 
usuários estão apresentando piora no quadro devendo retornar o seu uso e realizar novamente 
outra consulta. Foi observado no aguardo para atendimento uma criança acompanhada com 
um familiar, esta se apresentava bem inquieta, e em alguns momentos apresentava 
irritabilidade, alguns profissionais relataram que a mãe tinha suspeitas de diagnóstico de 
autismo, sendo dada prioridade para o seu atendimento e após ser realizada a consulta, caso 
seja confirmado o diagnóstico, seu quadro seria encaminhado para setor responsável e 
especializado em atendimento a crianças, uma vez que o CAPS I não é responsável por tais 
casos. Nos atendimentos também foi observado à queixa de um familiar acerca de um usuário 
do local, sendo informado a sua piora e relatado pelo familiar que este afirma estar sendo 
perseguido, que está preso em casa sem querer visitas, após ter sido encontrado na delegacia 
da cidade prestando queixa desta perseguição. Sendo questionado pelo familiar como deveria 
proceder nesta situação, sendo informado que caso não houvesse possibilidade de diálogo 
com o paciente deveria ser acionado o SAMU e o corpo de bombeiros para a sua contenção e 
posterior tratamento. Além disso, foi feito o acompanhamento do Matriciamento realizado em 
um povoado da cidade chamado Cajaíba. Foi explicado pelo supervisor do local como 
acontece o matriciamento, bem como ocorre todo o procedimento, o deslocamento para os 
locais é cedido pela prefeitura da cidade. No matriciamento é apresentado aos postos de saúde 
dos povoados os serviços do CAPS I e do CAPS-AD. É apresentado aos profissionais como 
enfermeiro, médico, e agentes comunitários os serviços que são realizados nos CAPS, bem 
como também é mostrado os casos de usuários do local/povoado que são atendidos na cidade, 
o seu andamento, e auxílio de como os agentes devem proceder de acordo com a demanda 
apresentada, seja esta de transtorno mental e/ou de álcool e drogas. Foi feita a apresentação 
dos profissionais e discutido a cerca de eventos e palestras que serão apresentados a 
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comunidade em dias e horários agendados em parceria com a Secretaria da Saúde. Tais 
palestras serão realizadas em escolas e igreja do local, com temas referentes ao setembro 
amarelo e aos serviços oferecidos a comunidade, será aberta ao público, e principalmente para 
usuários e familiares que fazem uso dos serviços. 
 
 
DIÁRIO DE CAMPO: DIA 13/09/2018 
HORÁRIO: 08h00min ÀS 12h00min 
 
Foi realizado atendimento individual com três usuárias do serviço, o atendimento é solicitado 
pelos usuários e marcado uma data para ser realizado sendo isto estabelecido pelo profissional 
como forma de organizar o serviço, uma vez que, segundo o mesmo, o serviço é muito 
solicitado e caso contrário não haveria tempo para realizar as demais atividades. Foi realizado 
o acompanhamento do atendimento sendo notado o quanto é importante o atendimento para 
os pacientes, muitos relatando que sentiram muita falta do profissional quando este se 
ausentou nas suas férias. No atendimento é retomado como está o quadro do paciente, se 
houve melhora ou piora, sendo observados os medicamentos que estão sendo utilizados pelo 
paciente, se houve modificação e se está ocorrendo reações adversas, quando foi o ultimo 
atendimento com o psiquiatra e caso necessite é remarcado outra consulta. No atendimento 
também é tratado acerca de conflitos trazidos pelos usuários e é posto pelo profissional uma 
reflexão acerca do mesmo e se há alguma intervenção que possa ser feito por outros serviços 
como CRAS, a depender da demanda como, por exemplo, em casos de violência verbal, física 
ou sexual que possa estar ocorrendo com a usuária. Além destes são realizados os 
atendimentos com novos usuários que iniciaram seu tratamento no serviço, para entendimento 
do seu quadro e da sua queixa determinando como será seu tratamento junto aos demais 
profissionais. Nos atendimentos realizados tratava-se de quadros de bipolaridade e depressão 
grave com presença de alucinações. Foi percebida uma necessidade de mudança de 
medicamento uma vez que este não estava apresentando melhora sendo remarcada para isso 
uma consulta ao psiquiatra. Foi necessário também um agendamento de visita domiciliar para 
certificar ou não se a paciente está sendo mantida em cárcere privado e caso constatado 
devendo ser acionado o CRAS, serviço responsável para condução destes casos. Foi 
observado que em grande parte dos casos estão presentes conflitos inicias relacionados a 
relações familiares, como perda de um familiar, e/ou relação abusiva, sendo desencadeante ou 
agravante do quadro. Foi percebido o vínculo entre o profissional e os usuários, havendo o 
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acolhimento e a possível melhora do conflito,sendo atentado que o usuário retorne para outra 
consulta de devolutiva acerca dos casos. 
 
DIÁRIO DE CAMPO: DIA 14/09/2018 
HORÁRIO: 08h00min ÀS 12h00min 
 
Foi realizada palestra para os usuários a cerca da prevenção ao suicídio tema abordado no 
setembro amarelo. A palestra foi realizada pelo psicólogo, foi apresentadas informações como 
o porquê do evento, como iniciou a campanha a cerca da prevenção ao suicídio, estatística dos 
casos ocorridos no Brasil e no mundo, como ocorre grande parte dos casos, taxa de incidência 
em pacientes com transtornos mentais, mitos e verdades de quem comete o ato, como 
proceder diante de familiares e/ou amigos que apresentam a queixa, o porquê e qual objetivo 
de quem o comete, ao final sendo realizada uma dinâmica com bexigas, que deve ser 
estourada pelos usuários e contendo frases positivas e reflexivas sobre a vida, que são lidas 
pelos mesmos como forma de atenuar possíveis conflitos internos trazidos pelo tema tratado 
na palestra. Ao decorrer da palestra os usuários apresentavam seus próprios casos trazendo 
grande comoção, ao final foi percebida grande receptividade por parte dos usuários muitos 
relatando a importância do debate sobre o tema e o quanto ajuda no seu tratamento. Muitos 
informaram ter gostado muito e agradeceram pelo evento realizado. Logo após foi feito o 
lanche e posteriormente retomado as atividades com os usuários, sendo realizada a oficina de 
desenho. Após a palestra foi auxiliado o preenchimento do prontuário daqueles que estavam 
presentes na palestra, sendo informado que a atividade é feita todo ano e na maioria das vezes 
realizado somente pelo psicólogo, não havendo essa iniciativa por parte dos demais 
profissionais. Alguns usuários da residência terapêutica da cidade estão realizando algumas 
atividades no CAPS, sendo notado seu entrosamento e participação nas atividades realizadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIÁRIO DE CAMPO: DIA 19/09/2018 
HORÁRIO: 08h00min ÀS 12h00min 
 
Foi realizada novamente a palestra a cerca da prevenção ao suicídio, tema abordado no 
setembro amarelo, agora para a comunidade e para os funcionários do Centro de Saúde Dr. 
Vladimir de Souza Carvalho, localizado na cidade, no Bairro Miguel Teles de Mendonça. A 
palestra foi realizada pelo psicólogo, foram apresentadas novamente as informações de 
prevenção, como o que é o Suicídio/Violência Auto Infligida, sua Avaliação dos fatores de 
Risco, de Proteção e de Necessidades, o que dever ser feito no caso de familiares e amigos 
que se encontram sob o risco de suicídio, como identificar alguns sinais de alerta como 
expressão de ideias ou intenções de morte, isolamento social, entre outros sinais que foram 
alertados, os mitos e verdade sobre o suicídio, onde buscar ajuda, apresentação dos serviços 
de saúde responsáveis pela demanda como os CAPS, Unidades Básicas de Saúde (Saúde da 
Família, Postos e Centros de Saúde), Centro de Valorização da Vida – CIV e Emergência 
como SAMU, Pronto Socorro e Hospitais. Ao decorrer da palestra duas participantes 
apresentaram seus casos familiares trazendo grande comoção. Logo após foi realizado uma 
festinha como forma de agradecer pela atenção e a participação da comunidade e dos usuários 
e funcionários que estavam presentes. Após a palestra foi realizado acompanhamento dos 
atendimentos feitos na recepção, sendo em sua maioria para solicitação de medicação e para 
orientação de como e em quais horários devem ser utilizados os medicamentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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Vasconcelos. O psicólogo no caps: um estudo sobre oficinas terapêuticas. ECOS – 
Estudos Contemporâneos da Subjetividade. Vol. 5. nº 2 maio/jun. 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ANEXOS 
 
LISTA DE FREQUÊNCIA 
 
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