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ESUCRI - ESCOLA SUPERIOR DE ENSINO DE CRICIUMA CURSO SUPERIOR DE PSICOLOGIA CAROLINA DA SILVA MATTOS RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO EM CLÍNICA: TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL CRICIÚMA 2020 CAROLINA DA SILVA MATTOS RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO EM CLÍNICA: TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL Relatório de estágio básico II, referente ao estágio supervisionado obrigatório em Psicologia Clínica na abordagem Cognitivo-Comportamental, para conclusão do Curso Bacharel em Psicologia, sob a supervisão da Professora Aline Castagnetti Borges, CRP-SC 12/14464. CRICIÚMA 2020 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 4 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................... 5 2.1 TERAPIA COMPORTAMENTAL ................................................................................... 5 2.2 A TERAPIA COGNITIVA ................................................................................................. 7 2.3 TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL .......................................................... 9 3. MODELOS DE SESSÕES ........................................................................................................ 12 3.1 PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS ............................................................................... 12 3.2 CRENÇAS CENTRAIS OU NUCLEARES ................................................................... 14 3.3 CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS ..................................................................................... 16 3.4 CONCEITUALIZAÇÃO COGNITIVA ......................................................................... 17 3.5 DISTORÇOES COGNITIVAS ........................................................................................ 18 3.6 REESTRUTURAÇÃO COGNITIVA ............................................................................. 19 3.7 ESTRATÉGIAS COMPENSATÓRIAS ......................................................................... 20 3.8 ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO .................................................................... 20 3.9 QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO ............................................................................. 21 3.10 REGISTRO DE PENSAMENTOS DISFUNCIONAIS (RPD) ................................... 22 3.11 TÉCNICAS DE RELAXAMENTO ............................................................................... 22 4. LOCAL DE ESTÁGIO ............................................................................................................ 25 5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ......................................................................................... 25 5.1 APRESENTAÇÃO GERAL ............................................................................................. 26 5.2. ATENDIMENTOS CLÍNICOS ...................................................................................... 26 5.3 ESTUDO DE CASO .......................................................................................................... 26 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 26 7. AVALIAÇÃO E AUTO AVALIAÇÃO. .................................................................................. 27 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 28 APENDICE A – CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS PSICOLÓGICOS .............................. 32 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 34 ANEXO A – PROTOCOLO DE ATENDIMENTO EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIAS E DESASTRES (COVID-19) ........................................................................................................... 35 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 37 4 1 INTRODUÇÃO O presente relatório tem por objetivo descrever as atividades desenvolvidas no decorrer dos estágios básicos I e II, em psicologia clínica, que tem suas práticas desenvolvidas no SPAE (Serviço de Psicologia Aplicada - Esucri), na cidade de Criciúma, trazendo a Terapia Cognitivo- Comportamental (TCC) como abordagem utilizada no decorrer do estágio. Possui o intuito de descrever alguns conceitos sobre a Terapia Cognitivo-Comportamental, apresentando suas principais concepções. Será realizada uma síntese histórica sobre esta abordagem, assim como suas técnicas e intervenções. O presente relatório tem por objetivo apresentar as atuações ocorridas no estágio em psicologia clínica na abordagem Teoria Cognitivo-Comportamental (TCC), seus principais objetivos estão centrados em desenvolver habilidades teóricas e experiências práticas na abordagem TCC, como também contextualizar e embasar o conhecimento teórico sobre a teoria. Por se tratar de uma abordagem mais estruturada, com metas especificas traçadas entre o paciente e o psicólogo, a TCC é considerada ser uma abordagem com ferramentas mais acessíveis, automática e compreensível, compreendendo um conjunto de intervenções que partilham dos mesmos objetivos (HOFMANN, 2014). A formação em psicologia é composta pela apropriação e entendimento de varias teorias que compõe este universo psicológico, por meio dos quais é possível vivenciar, expandir e praticar o conhecimento adquirido em sala de aula, estruturando e capacitando a atuar na aplicação da abordagem Teoria Cognitivo-Comportamental. Inicialmente toma-se conhecimento do funcionamento e diretrizes que se aplicam ao local, bem como os procedimentos obrigatórios iniciais, assim executando as triagens com as pessoas que procuram o atendimento psicoterapêutico, formulando prontuários, fichas técnicas e demais documentos necessários para os primeiros atendimentos. O presente relatório apresentará um estudo de caso realizado no setting terapêutico com um único paciente, expondo todas as sessões realizadas com objetivo de apresentar a evolução clinica baseada nos atendimentos, tanto quanto sua evolução e técnicas utilizadas ao longo do tratamento. 5 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O estudo discute a partir da análise de aspectos históricos o surgimento da Teoria Cognitivo-Comportamental, onde integra técnicas e conceitos vindos de duas principais abordagens tais como a Terapia Cognitiva e a Comportamental, apresentando desde os primeiros estudos de Pavlov, Skinner, Bandura até a criação da TCC de Aaron Beck. A Psicoterapia em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) abrange intervenções psicoterapêuticas que tem como objetivo: produzir mudanças nos pensamentos, nos sistemas de significados, além de uma transformação emocional e comportamental duradoura; e proporcionar autonomia ao cliente, alcançando assim o alívio ou a remissão total dos sintomas. A cognição, função da consciência relacionada às deduções feitas acerca das experiências de vida, é considerada o principal elemento envolvido na manutenção dos transtornos psicológicos pela teoria cognitiva de psicopatologia e psicoterapia. 2.1 TERAPIA COMPORTAMENTAL Para Caballo (2007), a psicologia voltada para o estudo do comportamento tem muitos autores e assim se ramifica em vários tipos de Terapia Comportamental (TC), Pavlov, Watson, Skinner, Eysenck, Lazarus entre outros, são teóricos que influenciaram a TC. A Terapia Comportamental (TC) tem grande importância no desenvolvimento da psicologia. “Mas foi a partir dos anos 40 que a modificaçãodo comportamento teve seu maior impulso, relacionado, em parte, pela insatisfação de muitos psicólogos com a psicoterapia tradicional vigente, fortemente influenciada pela psicanálise e carente de estudos que comprovassem sua eficácia”. (KAZDIN, 1978 apud BARBOSA; BORBA 2010, p. 63). Schultz e Schultz (2007) descrevem como foram descobertos os primeiros estudos relacionados aos reflexos condicionados e a análise experimental do comportamento descoberto por Ivan Petrovich Pavlov “Trabalhando com as glândulas digestivas de cães, Pavlov empregou o método da exposição cirúrgica para permitir a coleta das secreções digestivas fora do corpo, onde podiam ser observadas, medidas e registradas (p. 20)”. Os autores descrevem que Pavlov percebeu que os cães salivavam antes mesmo de receber o alimento, ao ver ou ouvir o responsável por alimentá-lo, o que tornou uma das áreas da pesquisa o monitoramento da saliva 6 secretada involuntariamente por cães. “Esses reflexos psíquicos eram despertados no animal por estímulos que não o original (o alimento). Pavlov percebeu que isso acontecia porque esses outros estímulos (tais como a visão e os sons do assistente) tinham sido com frequência associados à ingestão de alimentos” (SCHULTZ; SCHULTZ, 2007, p. 226). O destaque do início do behaviorismo e as principais ideias iniciaram-se com o primeiro behaviorista explícito John B. Watson em 1913. “Watson lançou uma espécie de manifesto chamado A Psicologia tal Como â Vê um Behaviorista. Como o título mostra, ele não estava propondo uma nova ciência, mas afirmando que a Psicologia deveria ser redefinida como o estudo do comportamento (SKINNER, 1974, p.8-9)”. Baum (2006), afirma que os estudos de Watson relatam que, uma teoria que visa estudar o comportamento humano e também dos animais, torna explicito que o comportamento é ordenado, pode ser previsto e com os meios corretos pode ser controlados, assim não dando ao indivíduo o livre-arbítrio, sendo o comportamento determinado pelo ambiente e pela hereditariedade, esta noção ficou conhecida como determinismo. Watson naturalmente destacou os resultados mais passíveis de reprodução que pôde descobrir, e muitos deles foram obtidos com animais - os ratos brancos da Psicologia animal e os cães de Pavlov. Parecia estar implícito que o comportamento humano não tinha características distintivas. E, para apoiar a sua afirmação de que a Psicologia era uma ciência, e para preencher o seu livro, ele fez empréstimos da anatomia e da fisiologia. Pavlov adotou a mesma linha ao insistir em que seus experimentos sobre o comportamento eram, na realidade, "uma investigação da atividade fisiológica do córtex cerebral", embora nenhum dos dois pudesse apontar qualquer observação direta do sistema nervoso que esclarecesse o comportamento (SKINNER, 1974, p. 9). Para Skinner (1974), este foi um movimento conhecido onde tudo que era interno ao ser humano como sentimentos, emoções, cognições eram descartados das pesquisas para focar exclusivamente no comportamento e as influências do ambiente. Segundo Schultz e Schultz (2007) Skinner é, como uma renovação do modelo comportamentalismo de Watson, sendo o behaviorismo mais voltado para o estudo das respostas, Skinner descrevia elas e não buscava explicá-las, ocupado somente com os comportamentos observáveis. Para ele se acontecia entre o estímulo e a resposta não era relevante, o seu „programa‟ não visava nenhuma entidade interna ao ser humano. “O organismo humano, dizia Skinner, é uma máquina, e o ser humano, como qualquer outra máquina, se comporta de maneiras 7 previsíveis e regulares em resposta às forças externas, os estímulos, que o afetam” (SCHULTZ SCHULTZ, 2007, p. 280). Depois de muitos estudos e aperfeiçoamentos, Lettner (1989) afirma que a TC tem como objetivo definido resolver ou amenizar qualquer problemática psicológica que um indivíduo possa ter experimentando e de reestabelecer o funcionamento psicológico adequado e satisfatório para este indivíduo. Um aspecto extremamente relevante do comportamento humano são as emoções (medo, alegria, raiva, tristeza, etc.). Muitas dessas emoções que sentimos são respostas reflexas a estímulos ambientais. As emoções surgem em função de determinadas situações, de determinados contextos. Não sentimos medo, alegria ou raiva sem motivo; sentimos essas emoções quando algo acontece. Mesmo que a situação que causa uma emoção não seja aparente, isso não quer dizer que ela não exista, podendo ser até mesmo um pensamento, uma lembrança, uma música, uma palavra, etc. (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 30). Por este motivo a TC foca no tratamento das queixas apresentadas além dos mecanismos psicológicos funcionalmente envolvidos no desenvolvimento e na manutenção desta problemática. Portanto, é necessário um entendimento mais amplo e específico do paciente em termos de seu funcionamento atual e da história de vida que resultou no quadro atual. A Terapia Comportamental foca inicialmente nas queixas atuais do paciente, buscando ajudá-lo modificar sua forma de funcionamento atual, porém não deixando de lado as consequências que o fizeram chegar até o momento em ele buscou tratamento. 2.2 A TERAPIA COGNITIVA A história da terapia cognitiva inicia-se em 1956 quando Aaron Beck realizou um trabalho de pesquisa com o intuito de verificar os pressupostos psicanalíticos acerca da depressão. De acordo com Beck e Alford (2000) Os estudos de Beck o levaram a deparar-se com resultados de outra natureza: alguns pacientes apresentaram melhoras em resposta a algumas experiências bem sucedidas e não resistiram a estas mudanças, contrariando o esperado. Segundo Beck (2013), ao analisar os sonhos de seus pacientes deprimidos, percebeu que os temas dos sonhos eram mais voltados ao fracasso do que a hostilidade como o conceito psicanalítico defendia, a maneira como os pacientes de Beck enxergavam os acontecimentos, ou seja, a maneira como eles percebiam-se no mundo, estava relacionada não apenas as coisas que 8 aconteceram ou aconteceriam nas suas vidas, mas sim a maneira como eles interpretaram esses acontecimentos. Beck (2013, p. 25), afirma que “Enquanto o Dr. Beck ouvia seus pacientes no divã, percebia que eles ocasionalmente relatavam duas vertentes de pensamento: uma vertente de livre associação e outra de pensamentos rápidos de qualificações sobre si mesmos.” Com essa percepção, a relação entre acontecimentos e pensamentos automáticos e emoções começou a ser estabelecida. Dr. Beck percebeu que todos os pacientes tinham “pensamentos automáticos” sobre si e que esses pensamentos estavam intimamente ligados com as suas emoções (BECK, 2013). Isto fez com que Beck e demais pesquisadores iniciassem uma sequência de novos estudos sobre depressão na qual esta passou a ser vista como um transtorno, cuja principal característica seria uma tendência negativa. Segundo Beck (1997) as pessoas deprimidas apresentavam frequentemente, expectativas negativas com relação aos resultados de seus comportamentos do contexto em que está inserida e de seus objetivos, a partir disso os demais estudos prosseguiram de forma a testar estratégias de modificação de tais tendências negativas existentes na depressão, desta maneira um trabalho diferente começou a ser feito, mostrando eficácia na evolução de seus pacientes, dando início a terapia cognitiva. Beck lançou mão de inúmeras e diferentes fontes quando desenvolveu essa forma de psicoterapia, incluindo os primeiros filósofos, como Epiteto, e teóricos como Karen Horney, Alfred Adler, George Kelly, Albert Ellis, Richard Lazarus e Albert Bandura. O trabalho de Beck, por sua vez, foi ampliado por pesquisadores e teóricos atuais dos Estados Unidos e do exterior, numerosos demais para serem aqui mencionados (BECK, 2013, p. 22). Segundo Beck (1964), os indivíduosatribuem significado a acontecimentos, pessoas e sentimentos, com base nisso comportam-se de determinada maneira e constroem diferentes hipóteses sobre o futuro e sobre sua própria identidade. As pessoas reagem de formas variadas a uma situação específica podendo chegar a conclusões deferentes devido as vivencias subjetivas da sua vida. Beck (1987 apud Beck 2013, pg. 51), afirma que “não é a situação em si que determina o que a pessoa sente, mas como ela interpreta uma situação”. Desta forma acreditasse que em que alguns momentos a resposta habitual pode ser uma característica geral dos indivíduos dentro de determinada cultura, em outros momentos estas respostas podem ser derivadas de experiências particulares e peculiares a um indivíduo. 9 Para Bahls (1999), a teoria cognitiva tem como objeto de estudo principal o processamento de informação que é o ato de atribuir significado a algo como também descrever resultados de processos cognitivos envolvidos em determinada psicopatologia de maneira que quando ativados dentro de contextos específicos podem caracterizar-se como disfuncionais. O objetivo da terapia cognitiva seria, ainda, o de fornecer estratégias capazes de corrigir estes conceitos idiossincrásicos. Abreu e Guilhardi (2004) apresentam a principal diferença nas duas visões da psicologia cognitiva, a visão objetivista é voltada para um entendimento do mundo exterior, estímulos, e com representações internas, para esta visão a função da mente e o entendimento dos conceitos do mundo exterior em sua plenitude. Os modelos embasados na visão construtivista o conhecimento não vem unicamente da logica pessoal em relação com o meio, mas sim de estruturas corporal-emocionais, sendo esta visão relacionada mais com as emoções do que a razão. 2.3 TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL Tendo como base um conjunto de teorias bem desenvolvidas e elaboradas para dar sustentação a formulação de estratégias de tratamento e orientações, a terapia cognitivo- comportamental usa como modelo e técnicas que garantem sua aplicabilidade com extrema eficiência. Conforme Carvalho (2001), a terapia cognitivo-comportamental (TCC) deriva de uma diversa gama de atividades científicas e formas de atuação, integrando técnicas e conceitos vindos de duas principais abordagens tais como a cognitiva e a comportamental. O conceito comportamental foi introduzido à teoria cognitiva por Aaron Beck e colaboradores ao perceber a necessidade da ativação comportamental nos tratamentos de ansiedade e depressão. No início, era “uma psicoterapia breve, estruturada, orientada ao presente, para depressão, direcionada a resolver problemas atuais e a modificar os pensamentos e os comportamentos disfuncionais (BECK, 1997, p. 17)”. Para Wright, Basco e Thase (2008), as técnicas foram pensadas e desenvolvidas para atuarem na percepção, modificação, reestruturação destes pensamentos, criando uma nova visão de mundo, do eu e do futuro, é uma terapia de curta duração, voltada para o presente, direcionada para a solução de problemas atuais, e a modificação de pensamentos inadequados. 10 O modelo cognitivo foi originalmente construído de acordo com pesquisas conduzidas por Aaron Beck (1964) para explicar os processos psicológicos na depressão, em uma tentativa de provar a teoria freudiana de depressão como hostilidade “retrofletida reprimida”. Segundo Beck (2013) o modelo cognitivo baseia-se no entendimento de que um evento captado pelos sentidos desencadeia pensamentos, podendo eles ser funcionais ou disfuncionais, estes pensamentos disfuncionais geram algum tipo de sentimentos e posteriormente influenciam reações psicológicas e comportamentais. Segundo Beck (1997), três níveis de cognições são identificados pela TCC, sendo eles: pensamentos automáticos (PAs), crenças intermediárias e crenças centrais. Os PAs fazem parte de um fluxo de processamento cognitivo subjacente ao processamento consciente. Geralmente, são particulares ao indivíduo e ocorrem de maneira rápida através da avaliação do significado de episódios de sua vida. Para Wright, Basco e Thase (2008), a TCC é uma terapia de curta duração, voltada para o presente, direcionada para a solução de problemas atuais, e a modificação de pensamentos inadequados. As técnicas foram pensadas e desenvolvidas para atuarem na percepção, modificação, reestruturação destes pensamentos, criando uma nova visão de mundo, do eu e do futuro, faz uma compreensão particular de cada paciente, estruturando, conceituando e produzindo varias formas de mudanças cognitivas e comportamentais através da modificação no sistema de crenças do paciente, com isso as mudanças se tornam mais efetivas e duradouras. Beck (2013), afirma que muitos pacientes precisam apenas receber uma explicação lógica, ter orientação na escolha e no planejamento das atividades e obter respostas a pensamentos automáticos disfuncionais que poderiam interferir em situações do seu dia a dia. Existem vários tipos de modelos comportamentais dentro da abordagem, podendo ser aplicadas durante os atendimentos psicoterapêuticos e também tarefas de casa. A mesma autora ainda afirma que muitos pacientes precisam apenas receber uma explicação lógica, ter orientação na escolha e no planejamento das atividades e obter respostas a pensamentos automáticos disfuncionais que poderiam interferir em situações do seu dia a dia. Segundo Wright, Basco e Thase (2008), a TCC concentra-se na identificação e mudanças dos pensamentos automáticos, porque entende que essas cognições exercem uma forte influencia nas emoções e nos comportamentos, assim os terapeutas da terapia cognitivo- 11 comportamental explicam para seus pacientes logo no inicio da psicoterapia que esses processos normalmente, não são percebidos e reconhecidos, ajudando–os a se darem conta destes pensamentos com o uso de algumas técnicas como a descoberta guiada. Os pensamentos automáticos são um fluxo de pensamentos que coexistem com um fluxo de pensamentos mais manifesto (Beck, 1964). Esses pensamentos não são peculiares unicamente a pessoas com sofrimento psicológico; eles são uma experiência comum a todos nós. Na maior parte do tempo, quase não temos consciência desses pensamentos, embora com um pouco de treino possamos trazê-los facilmente à consciência. Quando obtemos a percepção dos nossos pensamentos, podemos fazer automaticamente uma verificação da realidade, caso não estejamos sofrendo de uma disfunção psicológica. (BECK, 2013, p. 163). Segundo Lima e Wielenska (1993), a Terapia Cognitivo-Comportamental centra-se nos problemas que estão sendo apresentados pelo paciente no momento em que este procura a terapia, sendo que o objetivo do terapeuta é sempre orienta-lo a aprender novas estratégias para atuar no ambiente de forma a promover mudanças necessárias na vida pessoal, emocional ou no meio em que o paciente está inserido. A metodologia utilizada na terapia é de uma cooperação entre o terapeuta e o paciente de forma que as estratégias para a superação de problemas concretos são planejadas em conjunto. Shinohara (1997), afirma que na Terapia Cognitivo-Comportamental procura-se definir claramente objetivos, especificando-os de acordo com os problemas e questões trazidas pelo paciente. O ponto de partida do tratamento é a fonte de sofrimento do cliente, ou seja, a partir das distorções que estão ocorrendo na forma do sujeito avaliar a si mesmo e ao mundo. Durante a terapia procura-se explorar cada um destes níveis de organização, partindo dos pensamentos automáticos até chegar ao sistema de crenças do sujeito. Então as crenças são testadas a partir de argumentos e propostas de exercícios que o paciente realizará durante a terapia e em demais contextos. A abordagem científica adotada pela terapia comportamental contribuiu com diversos procedimentos e estratégiasterapêuticos, como a estrutura da sessão, a maior atividade do terapeuta, o estabelecimento de objetivos do tratamento para toda a terapia e de uma pauta para cada sessão, a formulação e teste de hipóteses, a obtenção de feedback, o uso de técnicas de solução de problemas e treinamento de habilidades sociais, a prescrição de tarefas de casa e experimentos entre as sessões, e a medição de variáveis mediacionais e desfechos (BECK, 2013, p. 28)”. 12 Segundo Rangé (2001), a terapia cognitiva identifica três níveis de pensamento: o pensamento automático, as crenças intermediárias e as crenças centrais, que serão clarificadas a seguir. 3. MODELOS DE SESSÕES Beck (2013), afirma que no início das sessões, o terapeuta irá estabelecer a aliança com o paciente, checar o humor, os sintomas e experiências do paciente durante a semana que passou e pedir que nomeie os problemas que mais deseja ajuda para resolver. As sessões de psicoterapia são planejadas e estruturadas para focar no tratamento dos sofrimentos que afetam o presente do indivíduo, não sendo uma regra utilizar as estruturas, mas sim um norte para o processo psicoterápico. Beck (2013, p. 79) ressalta que “a maioria dos pacientes se sente confortável quando você lhes diz como e por que gostaria de estruturar as sessões. Fazer isso desmistifica o processo de terapia e mantem o tratamento no caminho”. Beck (2013) traz três tipos bem diferenciados de sessões, sendo o primeiro tipo para avaliação do paciente, geralmente a primeira sessão. Uma para conceituação inicial do caso e informações importantes do processo que está iniciando, geralmente a segunda. E as demais a psicoterapia, propriamente dita. A Terapia Cognitivo-Comportamental busca compreender o funcionamento e a demanda do paciente tanto pelo modelo cognitivo quanto utilizando de técnicas de intervenção cognitivas e comportamentais, para assim conseguir estruturar melhor as sessões. As técnicas dentro do processo psicoterapêutico são muito importantes, podendo ser aplicadas de acordo com a demanda que a paciente trás. As técnicas buscam dar ao paciente uma forma mais clara de autopercepção, podendo o mesmo melhor compreender seus pensamentos e crenças, propondo ao paciente bem-estar físico e psicológico. 3.1 PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS Os pensamentos automáticos (PAs) são cognições espontâneas e superficiais do indivíduo baseadas em suas crenças centrais que atuam na mudança de humor, comportamento e reações fisiológicas, de difícil percepção. Os PAs estão relacionados à cognição da pessoa, ou 13 seja, na maneira como elas interpretam os acontecimentos nas vidas, podendo eles ser moldados quando há verificação da veracidade feita pela própria paciente ou com ajuda da psicoterapeuta cognitivo-comportamental. Pensamentos automáticos são específicos para determinadas situações e considerados o nível mais superficial da cognição do ser humano. Há pensamentos nas fronteiras da consciência que ocorrem espontânea e rapidamente e são uma interpretação imediata de qualquer situação. São chamados de pensamentos automáticos e são distintos do fluxo normal de pensamentos observado no raciocínio reflexivo ou na livre associação. São geralmente aceitos como plausíveis, e sua acurácia é aceita como verdadeira (KNAPP, 2008, p. 4). O tratamento inicial é focado no aumento da consciência por parte do paciente de seus pensamentos automáticos, e um trabalho posterior terá como foco as crenças nucleares e subjacentes. O tratamento pode começar identificando e questionando pensamentos automáticos, o que pode ser realizado de maneiras diferentes. O terapeuta pode orientar os pacientes a avaliar seus pensamentos automáticos. Figura 1 - Modelo Cognitivo Fonte: Judith Beck, 2013. De acordo Gabbard, Beck e Holmes (2007), os pensamentos automáticos por afetarem tão diretamente a emoção dos pacientes, estão intrinsecamente relacionados à saúde. Pensamentos automáticos causados por crenças centrais e intermediárias desadaptativas geram emoções adversas. Nesse sentido, diversos transtornos psicológicos seguem um padrão cognitivo peculiar, ou seja, são mantidos por certas crenças centrais disfuncionais que acabam por desencadear pensamentos automáticos que comprometem a qualidade de vida. Deste modo Beck (2011), afirma que a detecção da cognição disfuncional, que constitui o substrato dos distúrbios psicológicos de acordo com o modelo da terapia cognitiva, pode ser 14 feita de várias maneiras. Além da entrevista terapêutica e de algumas técnicas específicas, existe a possibilidade de se avaliar a ocorrência e intensidade dos pensamentos automáticos por meio de instrumentos psicológicos. Nesse contexto, algumas escalas vêm sendo criadas no intuito de discriminar padrões disfuncionais que podem ser preditivos para distintos distúrbios psicológicos. 3.2 CRENÇAS CENTRAIS OU NUCLEARES Logo no início da infância, os seres humanos, criam ideias específicas sobre os outros, o ambiente e sobre si mesmos. São compreensões solidificadas na experiência, tornam-se duradouras, fundamentais e verdadeiras que dificilmente serão contestadas, estando totalmente desarticuladas do processo consciente (BECK, 2013) “A pessoa considera essas ideias como verdades absolutas - é como as coisas são (BECK, 1987, apud BECK, 2013, p. 30)”. De acordo com Beck (2013), essas ideias, compreensões, verdades absolutas chamadas de crenças centrais e também exercem ação psicológica nas regras, atitudes e pressupostos que formam as crenças intermediárias, influenciando também a manifestação de pensamentos automáticos. Distorcem o significado e visão de uma determinada situação alterando os pensamentos, emoções e comportamentos. Para Beck (1997), as crenças são formadas a partir da relação estabelecida entre os indivíduos e o mundo no qual eles se encontram inseridos, a partir das quais eles interpretam as situações de vida. A crença, contudo, não pode ser confundida com o sentimento, ou com a emoção, ou memória apreendida, ou com a sensação. De acordo com Beck (2007), pessoas com crenças centrais distorcidas negativamente a respeito de si próprio podem apresentar, de maneira geral, conceitualizações dentro das seguintes categorias de crenças: desamparo, desamor e desvalor. 15 Figura 2 - Categorias de Crenças Centrais Fonte: Psicóloga Nora Nadir Soares - CRP 12/06649. (2020) As categorias acima citadas podem aparecer isoladas ou combinadas de diferentes maneiras. A fim de favorecer um planejamento positivo para a psicoterapia, os terapeutas devem reunir dados a fim de elaborar hipóteses a serem confirmadas ou não pelo paciente para identificar quais são seus tipos de crenças. De acordo com Beck (2005), os indivíduos não apresentam apenas categorias de crenças centrais negativas sobre si, apesar destas ser o foco central da intervenção psicoterapêutica. As crenças centrais negativas se encontram normalmente ativadas quando o paciente chega para a intervenção, mas é fundamental que o terapeuta esteja ciente de que existem as crenças centrais que expressam ideias exatamente contrárias às expostas acima. O que fará com que estas ou aquelas sejam disfuncionais é a ativação fora de um contexto baseado em evidências. De acordo com Beck et al. (1997) ressaltam ainda que as crenças centrais representam os mecanismos desenvolvidos pelas pessoas para lidar com as situações cotidianas, ou seja, a maneira como os indivíduos percebem a si mesmos, aos outros e ao mundo, e ao futuro, sendo esta percepção chamada de tríade cognitiva. A tríade cognitiva consiste na visão negativa de si mesmo, na qual a pessoa tende a ver-se como inadequada ou inapta, na visão negativa do mundo, incluindo relações, trabalho e atividades e na visão negativa do futuro, o que parece estar cognitivamentevinculado ao grau de desesperança. Os pensamentos mais típicos e expressões 16 verbais sobre a visão negativa do futuro incluem: "As coisas nunca vão melhorar”, "Nunca vou servir para nada” ou "Nunca serei feliz”. Quando tais pensamentos se associam à ideação suicida, a desesperança torna-os mais intensos, e a morte pode ser compreendida pelos pacientes depressivos como alívio para a dor ou sofrimento psicológicos ou como saída diante da percepção de uma situação como impossível de ser suportada. Beck et al. (1997), observaram que o paciente deprimido elabora sua experiência de maneira negativa e antecipa resultados desfavoráveis para seus problemas. Esta forma de interpretar os eventos e as expectativas funcionam como uma espécie de propulsor de comportamentos depressivos que, por sua vez, ratificam, após nova interpretação, os sentimentos pessoais de inadequação, baixa autoestima e desesperança. As crenças podem estar relacionadas não apenas com a visão que o paciente tem sobre si próprio, mas também com relação aos outros e ao mundo, essas crenças são conteúdos dos esquemas cognitivos, mal adaptativos que afeta a percepção do paciente, fazendo com que o paciente veja apenas um ponto de vista (equivocado, distorcido). Beck (2005) ressalta ainda que não são as crenças centrais em si que são disfuncionais, e sim sua forma de ativação que se torna disfuncional em alguns casos, quando esta não está condizente com o contexto e com as evidências. Desta maneira, de acordo com teoria dos modos, todos os indivíduos podem apresentar todas as crenças e estas não serem disfuncionais, até o momento em que sua ativação se torne disfuncional, quando o contexto e as evidências não derem base para aquela ativação. 3.3 CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS Beck (2013), afirma que metodologicamente posicionadas entre outras duas classes de expressões cognitivas, sendo influenciada por uma e ativadora da outra frequentemente não articulada, adquirida nos primeiros estágios de desenvolvimento em forma de atitudes, regras e pressupostos estão às denominadas crenças intermediarias, constituídas nas interações com o mundo e as outras pessoas, influenciadas por predisposição o genética, propiciam entendimento e significação os quais podem variar em sua precisão e funcionalidade. As crenças centrais acabam influenciando o desenvolvimento das crenças intermediárias, que consistem em atitudes, regras e suposições. Segundo Rosen, (1988, apud Beck, 2013), suas interações com o mundo e as outras pessoas, influenciadas pela sua predisposição genética, conduzem a determinados entendimentos: 17 suas crenças, as quais podem variar na sua acurácia e funcionalidade. Um aspecto muito significativo para o terapeuta cognitivo-comportamental é que as crenças disfuncionais podem ser desaprendidas, e novas crenças baseadas na realidade e mais funcionais podem ser desenvolvidas e fortalecidas durante o tratamento. 3.4 CONCEITUALIZAÇÃO COGNITIVA A conceitualização cognitiva é uma técnica utilizada por terapeutas cognitivo- comportamentais para compreensão do caso e de adesão ao tratamento por parte do paciente, ou seja, traçar um plano de ação para a partir do entendimento de como o paciente funciona propondo uma intervenção terapêutica de forma eficaz, para isso o terapeuta precisa ter conhecimentos sólidos da teoria e domínio das técnicas, formulando hipóteses e diagnósticos de como o paciente aderiu os problemas e transtornos, começando a montar o plano desde o primeiro contato com o paciente e ao longo do tratamento. A conceituação já começa no primeiro contato com o paciente e é aprimorada a cada contato posterior. Você levanta hipóteses sobre o paciente com base não somente na formulação cognitiva do caso, mas também nos dados específicos que o paciente lhe apresenta. Você confirma, rejeita ou modifica suas hipóteses à medida que o paciente apresenta novos dados. A conceituação, portanto, é variável. Em momentos estratégicos, você vai checar diretamente com o paciente as suas hipóteses e a formulação (BECK, 2013, p. 64). A conceitualização cognitiva, formulação de caso, funciona como um mapa que orienta o trabalho a ser realizado com o paciente. Segundo Beck (1997), o terapeuta a utiliza a fim de obter a estrutura para o entendimento de cada paciente em sua subjetividade, o que o auxilia no planejamento das estratégias terapêuticas que são utilizadas ao longo do tratamento. Kuyken, Padesky e Dudley (2010) definem a conceitualização de caso como um processo no qual terapeuta e cliente participam visando, inicialmente, descrever e, em seguida, explicar as dificuldades apresentadas pelo cliente. Sua função principal é orientar a terapia para suavizar o sofrimento e desenvolver a resiliência do cliente. Além disso, a conceitualização de caso é uma proposta de adesão do cliente à terapia, uma vez que após a concretização da mesma, observa-se um aumento da motivação e da compreensão de todo o processo psicoterápico por parte do cliente e do terapeuta. Antes de 18 iniciar o processo de conceitualização com o cliente, é fundamental que o terapeuta verifique se este compreendeu o modelo cognitivo e a inter-relação entre pensamento, emoção e comportamento, para que o mesmo possa dar início ao processo de compreensão da conceitualização de seu sistema de crenças. A psicoeducação sobre o modelo cognitivo é o primeiro passo de uma conceitualização cognitiva eficaz. 3.5 DISTORÇOES COGNITIVAS As distorções cognitivas são compreendidas como erros sistemáticos na percepção e no processamento de informações, os pacientes tendem a cometer erros persistentes no seu pensamento. Frequentemente, existe uma tendência negativa sistemática no processamento cognitivo de pacientes que sofrem de algum transtorno psiquiátrico. Segundo Beck (2013), as distorções decorrem de regras e pressupostos, que são padrões estáveis adquiridos ao longo da vida do indivíduo, essas regras e crenças são sensíveis à ativação de crenças e que levam a estratégias interpessoais ineficazes. Uma proposta de categorização de distorções cognitivas amplamente conhecida é apresentada por Beck (1997), segundo a qual as distorções podem incluir categorias de pensamento. Rosa e Lopes (2013) apresentam os modelos de distorções tais como: Personalização quando nos sentimos responsáveis pelos acontecimentos. Filtro mental consiste em focarmo-nos nos aspectos negativos e ignorar o resto da informação, ou seja, concluir algo baseando-se apenas em uma pequena parte de dados. Maximização e minimização essa distorção cognitiva consiste em maximizar os nossos próprios erros e os acertos dos outros e, minimizar os próprios acertos e os erros dos outros, ou seja, avaliar distorcidamente a importância relativa dos eventos, sendo para mais ou para menos. Pensamento dicotómico essa distorção cognitiva tende a classificar as pessoas ou a si mesmo em categorias rígidas, extrema valorização dos acontecimentos, sem levar em conta os aspectos intermediários. Catastrofização ocorre quando prevemos o futuro negativamente sem considerar outros resultados mais prováveis. Generalização ocorre quando generalizamos de um caso, para todos os casos, mesmo que seja apenas ligeiramente idêntico. Raciocínio emocional refere-se à suposição de que as nossas emoções refletem as coisas como elas são é acreditar que o que sentimos no momento é o correto e verdadeiro. Afirmações são crenças rígidas e inflexíveis de como nós ou os demais deveríamos ser. 19 As mesmas autoras afirmam que as exigências concentradas em nós próprios favorecem a autocrítica, enquanto as dirigidas aos outros favorecem a raiva, a ira e a agressividade. Leitura da mente consiste em afirmar que determinadas suposições são certas, mesmo que não exista nenhuma evidência que a comprove. Acreditarque se sabe o que os outros pensam e o motivo de se comportarem como se comportam. Predição do Futuro consiste em afirmar que determinadas suposições são certas, mesmo que não exista nenhuma evidência para comprová-las, é esperar que nada de certo, sem sequer permitir a possibilidade de que seja razoável ou positiva. Rotulagem utilizar rótulos pejorativos para nos descrevermos, ao invés de descrever os nossos atos e qualidades com objetividade e exatidão . Segundo Leahy (2007), as distorções cognitivas podem ocorrer sob a forma de preocupações. O autor afirma que há cinco áreas mais comuns de preocupação: interações sociais, relacionamentos, saúde, finanças e trabalho. 3.6 REESTRUTURAÇÃO COGNITIVA A reestruturação cognitiva consiste na modificação da maneira como a interpretação cognitiva é construída para diminuir o impacto emocional de uma situação antes que as tendências às respostas emocionais se tornassem ativas, é uma técnica focada nos pensamentos o objetivo é ensinar os pacientes a substituir pensamentos disfuncionais por outros que possam ajudá-lo a diminuir o sofrimento psíquico, portanto, a reestruturação cognitiva é uma das técnicas cognitivo-comportamentais mais sugestivas dentro do repertório de um psicólogo. O modo como os pacientes estruturam as suas experiências de maneira cognitiva exerce uma influência fundamental em como elas se sentem e agem no seu cotidiano, se psicólogos cognitivo-comportamentais conseguirmos modificar os pensamentos dos nossos pacientes, mudará as emoções associadas aos mesmos, os fazendo sentir-se melhor. Segundo Barlow e colaboradores (2009, p. 235), "os pacientes recebem informações em relação às sequelas cognitivas, fisiológicas e comportamentais das reações emocionais e como esses três componentes interagem”. A partir da reestruturação cognitiva pode-se, então, passar à resolução de problemas e possibilitar as escolhas conscientes do paciente, tornando-o autônomo e senhor das suas decisões. Segundo Beck, Emery e Greenberg (1985), basicamente as estratégias de reestruturação cognitiva objetivam ensinar ao paciente as seguintes modificações: observação e controle dos 20 pensamentos irracionais e negativos; exame das evidências favoráveis e contrárias aos pensamentos distorcidos; e correção das interpretações tendenciosas por interpretações calcadas na realidade, o que geralmente resulta em redução sintomática da fobia social. Conforme Clark e Wells 1995), a técnica de reestruturação cognitiva procura desafiar diretamente as crenças irracionais ou disfuncionais, modificando-as ou substituindo-as por outras mais adaptativas. A técnica é aplicada tanto nos pensamentos que ocorrem antes da situação social como naqueles que ocorrem durante e após a situação temida. A psicoeducação é um recurso importante no processo psicoterápico e deve ser o pontapé inicial neste processo. O paciente deve ser informado sobre a funcionalidade ou não das suas reações comportamentais. 3.7 ESTRATÉGIAS COMPENSATÓRIAS Diversas situações de vida podem ativar uma crença disfuncional na vida do paciente, onde o mesmo inconsciente ativa as estratégias compensatórias visando aliviar a negatividade o sofrimento. As estratégias compensatórias são comportamentos nos quais todos se engajam eventualmente. Estas ações causam sofrimento quando são executadas em excesso, em perda de outras estratégias mais funcionais. É fundamental que se realize uma avaliação da influência das estratégias na vida dos pacientes, bem como da flexibilidade das mesmas, pois, dessa forma, torna-se possível criar expectativas realistas na orientação do tratamento (Beck, 2007). As estratégias compensatórias atuam como uma forma de retroalimentar o sistema de crenças, sendo que quando as mesmas são disfuncionais acabam por reforçar e auxiliar a manutenção dos sintomas e o sofrimento dos clientes. 3.8 ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO Os pacientes estão expostos a situações e não conseguem mobilizar esforços saudáveis para lidar com as emoções geradas nesses momentos. É preciso construir estratégias de enfrentamento quando o contexto externo apresenta poucas possibilidades de mudança. De acordo com Aldwin (2009), O estudo das estratégias de enfrentamento de situações adversas é fundamental por permitir explicar os mecanismos psicológicos envolvidos na 21 superação das adversidades e na construção de trajetórias de desenvolvimento saudáveis, e por embasar estudos no campo da resiliência, do bem-estar e da qualidade de vida. 3.9 QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO De acordo com Santos e Medeiros (2017) apontado como essencial para o andamento das sessões em terapia cognitivo-comportamental, o questionamento socrático representa uma das principais técnicas para modificação de pensamentos automáticos. A utilização deve ser feita a partir da identificação dos pensamentos disfuncionais e do encorajamento do paciente a avaliá-los por meio de perguntas que o levem a pensar, e dessa forma, e ter verdadeira compreensão na tomada de decisões racionais fazendo suas próprias observações. Wright, Basco e Thase (2008), citam que o estilo de questionamento socrático usado na terapia cognitiva baseia-se em uma relação empírica colaborativa e tem o objetivo de ajudar o paciente a reconhecer e modificar o pensamento desadaptativo. Conforme afirmam Santos e Medeiros (2017) o paciente e terapeuta fazem juntos exames de evidências que apoiam seu pensamento e das evidências que são contrárias, de modo a encontrar novas possibilidades na interpretação de suas sensações. Ao se utilizar o modo guiado do questionamento, o terapeuta maximiza o envolvimento do paciente nas sessões e em todo o processo terapêutico de modo a reduzir a possibilidade de o terapeuta impor suas ideias e conceitos. Segundo Neufeld e Cavenage (2010) essa formulação socrática pretende que o paciente aprenda a entender e solucionar seus próprios problemas, equipando-se com as habilidades necessárias para lidar com eventuais problemas que possam ocorrer. Desta forma com o aumento das habilidades de solução de problemas por parte do paciente, o terapeuta se desvia mais ativamente em guiar o tratamento, proporcionando assim que paciente se torna seu próprio terapeuta. Isso acontece devido ao processo colaborativo da descoberta guiada, em que o paciente sai da posição passiva e adota uma postura proativa. A técnica do questionamento socrático é estruturada por uma série de questões intencionalmente elaboradas, a partir das definições de objetivos no decorrer da terapia. 22 Descortina-se assim um processo de cuidado de aspectos da vida, visando o equilíbrio do ser em foco, o paciente, de forma a estabelecer o equilíbrio da saúde deste. 3.10 REGISTRO DE PENSAMENTOS DISFUNCIONAIS (RPD) Segundo Neufeld, Sardinha e Palma (2015) O RPD é uma técnica da terapia cognitiva comportamental que tem o objetivo de fazer com que o indivíduo identifique e analise de forma consciente seus pensamentos, emoções e comportamentos, levando o indivíduo a pensar em respostas adaptativas em relação às suas cognições negativas, para que assim o indivíduo passe a se tornar seu próprio terapeuta, conseguindo lidar com seus conflitos. Afirmam Mercês, Moura e Oliveira (2018) o paciente necessita de treinamento para o uso do diário, sendo capaz de identificar os pensamentos automáticos apontando primeiro os estados emocionais. A aplicação envolve um registro aonde são anotados, sequencialmente, o evento e o pensamento que se sucedeu ao evento – que ocorre quando de uma emoção ou comportamento problemático. Existe uma coluna adicional para o registro de uma nota referente a quanto o paciente acredita que aquele pensamento seja verdadeiro. Esta coluna ajudará progressivamente o indivíduo na identificação dos pensamentos automáticos disfuncionaisque se constituam em foco de atenção mais produtivo. A seguir, registra-se a emoção e avalia-se o grau de emoção (numa escala de 0 a 10 ou 0 a 100). Para ajudar o paciente, comparações com o máximo de emoção (por exemplo, tristeza) podem ser úteis para uma avaliação mais realista. Os registros de pensamentos também incluem uma coluna de evidências, bem como uma coluna para gerar o pensamento alternativo sobre a situação. Finalmente, pede-se ao paciente que quantifique o quanto acredita no novo pensamento, assim como a intensidade da emoção. A utilização do RPD juntamente com outras técnicas, conduz a atenção do paciente para cognições importantes e proporciona um método sistemático e concreto para praticar a identificação de pensamentos automáticos, estimulando constantemente o inquérito sobre a veracidade dos padrões destes (POWELL, ABREU, OLIVEIRA E SUDAK 2008, p. 4). Na Terapia Cognitiva-Comportamental, a partir da compreensão que tem o paciente dos seus pensamentos automáticos, começa a caminhar para o processo de mudança, sendo importantíssimo para o terapeuta utilizar técnicas e procedimentos que auxiliem o paciente nessa compreensão. 3.11 TÉCNICAS DE RELAXAMENTO 23 Os transtornos de ansiedade estão entre os transtornos frequentemente apresentado por pacientes, como transtorno de ansiedade generalizada, fobias sociais, transtorno de estresse pós- traumático, transtorno de pânico, agorafobia e transtorno de fobia específica, porem existe sujeitos que não apresentam diagnóstico para ansiedade, mas possuem sintomas semelhantes e traços significativos. É fundamental que a psicoterapeuta avalie cada caso individualmente para dar seguimento no tratamento, é comum ensinar ao paciente técnicas de relaxamento corporal que ele poderá fazer uso fora do setting terapêutico. Podem-se encontrar diferentes métodos para diminuir a tensão, como os relaxamentos ou a meditação (MENEZES E DELL‟AGLIO, 2009; NETO, 2011). O relaxamento é a técnica mais amplamente utilizada na TCC e tem um efeito positivo sobre os resultados do enfrentamento (VERA E VILA, 2002; RICE, 2007). A tensão e o relaxamento são estados do corpo que correspondem a duas partes do sistema nervoso autônomo (ESCH E STEFANO, 2010). O treinamento em relaxamento supõe a simples questão de que não é possível estar tenso e relaxado ao mesmo tempo, e, dependendo do tipo de ansiedade e estresse, é possível que somente determinados grupos de músculos se tencionem (RICE, 2007). De acordo com Neto (2011), as técnicas de respiração como a respiração diafragmática são recomendadas para controle de sintomas ansiosos. O exercício necessita que o paciente esteja consciente com a atenção voltada para sua respiração, devendo colocar uma das mãos no abdômen e a outra sobre o peito, a respiração deve ser concentrada na região abdominal. Sugere- se que o paciente inspire profundamente contando até três sentindo o ar enchendo os pulmões, segure o ar durante contato novamente até três e expire pela boca esvaziando os pulmões contando ate três, fazendo este exercício até sentir-se mais relaxado. Segundo uma pesquisa desenvolvida na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PCUS/RS por Willhelm, Andretta e Ungaretti (2015), relatou que a respiração diafragmática foi à técnica que mais obteve sucesso em uso com pacientes com traços ansiosos. Este tipo de relaxamento contribui para o bem-estar do individuo, aumento da concentração para o que está acontecendo no momento, redução da tensão muscular, redução da frequência cardíaca e arterial. 24 Outra técnica de relaxamento utilizada em terapia cognitivo-comportamental é chamada de Relaxamento Muscular Progressivo, desenvolvida por Edmund Jacobson em 1929 com intuito de ajudar pacientes com diagnóstico de ansiedade através do relaxamento profundo muscular. Afirma Novaes e Santos (2016) através da soltura muscular, alcança-se alteração no estado emocional. É basicamente a contração e descontração muscular, aumentando o grau de auto-observação e consciência corporal a fim de obter a sensação de bem-estar. Junqueira e Ribeiro descrevem como aplicar corretamente a técnica de Relaxamento Muscular Progressivo de Jacobson: Prepare-se para fazer o relaxamento. Procure estrar em posição confortável. Comece dobrando lentamente a ponta dos pés levando-os em direção ao corpo. Procure sentir a tensão, mantenha os pés contraídos por alguns segundos. Relaxe. Faça a seguir, o movimento contrário, esticando os pés. Sinta nesse momento a tensão na região da barriga da perna. Fique por alguns segundos. Relaxe. Aproveite esse momento para perceber a sensação causada pelo relaxamento. Em seguida, contraia o calcanhar e sinta os músculos da região da perna contraídos. Conserve esses músculos contraídos por alguns segundos. Relaxe. Em seguida faça a contração dos músculos das nádegas e do ânus. Conserve a contração por alguns segundos. Relaxe. Realize o movimento de expansão do abdome. Mantenha o movimento. Relaxe. Solte o ar. Tranquilize-se. Contraia os músculos da região das costas. Imagine que seus músculos estão se soltando suavemente. Agora eleve os ombros na direção das orelhas, sinta a tensão. Relaxe. Levante os braços estendidos rumo ao teto, com as mãos contraídas para trás, como se fosse “segurar o teto”. Mantenha. Relaxe. Deixe cair os braços no colchonete. Observe o efeito. Relaxe. Feche os olhos, mantenha. Relaxe. Procure franzir as sobrancelhas sem fechar os olhos, sinta a tensão dos músculos da testa. Conserve por alguns segundos. Relaxe. Agora focalize a tensão na região da boca. Mantenha. Relaxe. Mantenha os maxilares separados e os lábios soltos. Passe a língua nos dentes. Concentre-se e perceba a respiração que entra e sai pelas narinas. Solte o ar lentamente. Relaxe. Vou agora contar de cinco (05) até um (01) numa contagem regressiva, quando eu falar o nº 01, você pode dar por concluído o relaxamento. Imagine, em seguida, o seu corpo sendo banhado por uma cor azulada, começando no alto da cabeça indo até os pés. Relaxe Agora abra lentamente os olhos, olhe para o teto, para os lados, para baixo, para cima. Relaxe. Espreguice. Vire-se para o lado e coloque a mão dominante (esquerda ou direita) apoiada no colchonete, firme-se e levante-se. Observe como se sente. Caso esteja se sentindo bem, pode esticar-se. Dê uma volta pela sala, reconhecendo todo o ambiente. Caso esteja sentindo alguma sensação ruim ou dificuldade para se levantar, fale comigo. Agora se sente na cadeira, pegue os lápis de cor e faça um desenho de figura humana. Conte uma história sobre o desenho, mencionando o tipo de atividade corporal desenvolvida por essa pessoa que foi desenhada e a reação corporal dela, diante das atividades realizadas. (JUNQUEIRA E RIBEIRO 2006, p. 21). Existem muitas técnicas de relaxamento o terapeuta deve saber considerar as demandas e particularidades de cada indivíduo, os objetivos a serem alcançados a melhor técnica que o paciente se adapta e o momento certo de se utilizar. 25 4. LOCAL DE ESTÁGIO O estágio Clínico é realizado no Serviço de Psicologia Aplicada Esucri (SPAE). Os interessados em iniciar atendimentos devem morar em Criciúma e região e ter renda per capita familiar de dois salários mínimos. Os agendamentos devem ser feitos através dos telefones: (48) 3431-3775 ou (48) 98488-0391 ou pelo e-mail: psicologia@esucri.com.br. O atendimento é realizado na Unidade VIII (Anexo ao ginásio das Faculdades Esucri) Rua Borba Gato, Centro, Criciúma. O Horário de atendimento do SPAE é de segunda à sexta-feira das 8h ao meio dia e das 14h às 18h. A clínica conta com três salas específicas de atendimentos e possui uma brinquedoteca para o acolhimento do público infantil. Os atendimentos são realizados pelos estagiários da sétima e oitava fase de psicologia, sendosempre orientados pelos seus supervisores de Estágios. A clínica disponibiliza um Psicólogo responsável pelo SPAE, que auxilia os estagiários e acolhe casos mais específicos onde existe a necessidade de encaminhamento para outras instituições de órgão competente. No SPAE os atendimentos são realizados em ambiente privado, a fim de acolher o paciente, oferecendo o suporte necessário, abordando sempre a questão do sigilo presente no código de ética do psicólogo no seu artigo 9º (2005, p. 13), “É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional”. O Objetivo do Serviço de Psicologia Aplicada Esucri (SPAE) é oferecer atendimentos psicológicos gratuitos aliados à formação de profissionais de Psicologia. Por meio de psicoterapias individuais ou em grupos de pacientes a partir dos 6 anos de idade, o serviço já beneficiou mais de mil pessoas da cidade e região. Dentro do SPAE é possível ter acesso aos seguintes atendimentos: Psicodiagnóstico; Psicoterapia Infantil; Adolescentes; Adulto; Terceira Idade e Famílias; Orientação Vocacional e Planejamento de Carreira; Psicoterapia Breve para Acadêmicos e Colaboradores da Faculdade; Orientação em grupos de dependência Química. 5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS mailto:psicologia@esucri.com.br 26 Foram desenvolvidas atividades como estudos teóricos e práticos, triagens, atendimentos psicoterapêuticos, encaminhamentos para pacientes com necessidade de tratamento medicamentoso com o médico psiquiatra, e também supervisão de atendimentos. 5.1 APRESENTAÇÃO GERAL Nº de triagens Nº de pacientes (Quantidade de pacientes atendidos em psicoterapia) N° de encaminhamentos 09 03 04 5.2. ATENDIMENTOS CLÍNICOS Nº de pacientes Identificação Nº de sessões Procedimento Período 01 10 Em tratamento Setembro/Março 02 04 Em tratamento Novembro/Dezembro 03 04 Em tratamento Junho/Julho 5.3 ESTUDO DE CASO 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A psicologia tem como objetivo de estudo a aprendizagem do desenvolvimento humano, visa orientar os pacientes em suas dificuldades encontradas no decorrer da vida, compreendendo o processo de subjetividade de cada individuo e contribuindo para soluções das dificuldades por toda extensão, evidenciando a influência do meio familiar, social, cultural na evolução deste desenvolvimento cognitivo ou comportamental. A realização do estágio clínico supervisionado trouxe a proximidade indispensável entre teoria e prática, a teoria aprendida com a abordagem Terapia Cognitivo-Comportamental trás uma grande gama de material, artigos, livros e técnicas disponíveis para serem usadas nos atendimentos práticos, são através desses que conseguimos realizar tarefas como conceituar o 27 caso, desenvolver rapport, familiarizar e educar o paciente, identificar problemas, coletar dados e testar hipóteses. Os materiais teóricos ofertados pela orientadora ao longo de todo o estágio clínico, foi de extrema importância para os estudos e investigações das demandas trazidas pelas pacientes tanto quanto aos estudos de casos trabalhados com a professora, os atendimentos realizados proporcionam a oportunidade de por em prática os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo dos estudos aplicando-os empiricamente, contribuindo para a orientação de sofrimento psíquico que os pacientes trazem para o setting terapêutico, aliados as sessões de supervisão consolidaram inúmeros aprendizados os quais serão fundamentais para os desafios da realidade clínica. A supervisão faz o embasamento necessário proporcionando a aluna experiência, confiança e segurança nos atendimentos, é através da troca de informação com a professora orientadora que somos capazes de cobrir as necessidades do nosso paciente e oferecer a ele um atendimento de qualidade. 7. AVALIAÇÃO E AUTO AVALIAÇÃO. A psicologia é um campo do conhecimento humano essencial para articulações dos saberes e fazeres de forma a atender aos indivíduos em suas necessidades. O estágio clinico busca proporcionar um bem estar a cada individuo, fazendo-se necessário as descobertas guiadas, intervenções, diagnósticos, psicoeducações e orientações clinicas, para que haja um novo olhar na forma de como os pacientes lidam com suas particularidades, o objetivo é fazer com que o mesmo saia de ciclos viciosos que geram tanto sofrimento. Mediante as problemáticas trazidas pelos pacientes ao longo de todo estágio e pelos estudos de casos trazidos em supervisões, foi possível a partir das observações, testes aplicados, anamnese realizadas, atividades realizadas em supervisões, orientações e trocas com a professora ampliar o olhar em torno dos aspectos abordados e trabalhados durante todo o estágio, possibilitando a criação vínculos com os pacientes que contribuíram positivamente para proporcionar condições aderentes ao desenvolvimento dos pacientes em suas relações. A oportunidade de realizar processos de triagem ajudou a compreender o quão importante se faz o processo das entrevistas iniciais na clínica, tendo uma visão mais ampliada de como é importante 28 para o paciente este acolhimento inicial e como devemos encaminhar e classificar os riscos dos mesmos de forma particular. Foi possível conhecer na prática com os estudos de casos tanto trazidos pela orientadora quanto trazido pelos colegas de supervisão conhecimento sobre patologias como transtornos psicóticos, transtornos de humores, transtorno de personalidades, transtornos relacionados ao uso de substâncias, transtorno do neurodesenvolvimento, juntos buscamos soluções a fim de fornecer ao paciente um bem estar ideal, a singularidade de cada caso me proporcionaram grandes oportunidades de aprendizado, o que descrevo como de suma importância para meu futuro. O estágio impulsiona uma experiência ajudando a profissional aprendente a adquirir conhecimentos práticos e como lidar com as situações a partir das teorias aprendidas no decorrer de todo o curso, houve de minha parte grande empenho por conhecer, discutir e compreender os casos relatados. Portanto o ideal proposto no inicio do semestre acredito ter sido alcançado aprimorando meus conhecimentos para uma futura prática profissional, o estágio em psicologia realizado na abordagem terapia cognitiva-comportamental foi fundamental para a minha construção enquanto psicóloga, trabalhado de forma que despertasse interesse em aprendizagem mais aprofundada da abordagem escolhida, resgatando valores essenciais para se conquistar confianças, autonomias e competências. REFERÊNCIAS ABREU, C. N. GUILHARDI H.J.. Terapia comportamental e cognitivo-comportamental: Práticas clínicas. São Paulo: Roca, 2004. ALDWIN, C. M. Estresse, enfrentamento e desenvolvimento: Uma perspectiva integrada. New York: The Guilford Press, 2009. BAHLS, S. C. Depressão: uma breve revisão dos fundamentos biológicos e cognitivos. Interação 3, p. 49-60, 1999. BARLOW, D. H. Manual clínico dos transtornos psicológicos: tratamento passo a passo. Porto Alegre: Artmed, 2009. BAUM, W. M. 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A relevância da técnica de questionamento socrático na prática Cognitivo-Comportamental. Arch Health Invest. São Paulo. 2017. Disponível em: <file:///C:/Users/User/Desktop/1940-7438-4-PB.pdf>. Acesso em: 14/07/2020. SOARES, NORA. Crenças Centrais. Psicologia Previtali.com. 2020. Disponível em: <https://www.psicologiaprevitali.com.br/crencas-centrais/> >. Acesso em: 21/11/2019. SHINOHARA, H. O. Conceituação da terapia cognitivo-comportamental. Em: R. A. Banaco (Org.) Sobre comportamento e cognição: aspectos teóricos, metodológicos e de formação em análise do comportamento e terapia cognitiva, V. 3 (p. 1-5) São Paulo: Editora Arbytes, 1997. SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2007. SKINNER, B. F. Sobre o Behaviorismo. Tradução Maria da Penha Villalobos. São Paulo: Pensamento-Cultrix, 1974. VERA, M.N.; VILA, J. Técnicas de relaxamento. In: V.E. 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APENDICE A – CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS PSICOLÓGICOS Observa-se que nos últimos anos houve um aumento de desastres naturais a nível mundial, e que em decorrências desses eventos traumáticos surgiu um novo campo a ser trabalhado na psicologia, conhecida como psicologia dos desastres, a qual atende à demanda de situações de emergências que está nitidamente relacionada aos desastres e catástrofes naturais, ocasionando sofrimento psíquico gerado por situações externas (PARANHOS; WERLANG, 2015). file:///C:/Users/User/Desktop/1940-7438-4-PB.pdf https://www.psicologiaprevitali.com.br/crencas-centrais/ http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cclin/v8n1/v8n1a09.pdf 33 Franco (2015) compreende que este novo campo da psicologia é atual, atuando no âmbito da saúde mental e nas necessidades psicossociais do indivíduo que vivenciou algum trauma ocasionados por um desastre ou catástrofe. Para melhor elucidar sobre esses dois fenômenos Paranhos e Werlang (2015, p. 560) descrevem Os desastres, para os autores, exigem maior infraestrutura para prestar ajuda aos feridos que se encontram em maior quantidade, bem como já existe um grau de destruição em uma área maior, levando também a um custo socioeconômico mais elevado. Já as catástrofes, consideradas os eventos mais graves nesta escala, tratam-se de um desastre massivo, que irá acionar mais recursos humanos e materiais em um esforço coordenado para sanar as necessidades das pessoas envolvidas. Situações de desastres, catástrofes, emergências ou acidentes podem ser classificados como eventos desencadeadores de estresse, por seu caráter imprevisível e pelo perigo imediato que representam à integridade física e emocional das pessoas envolvidas, requerendo, desta forma, ações imediatas. As situações expostas dão origens a inúmeros danos psicológicos muitas vezes associados a traumas por eventos naturais. Ocorre que essa visão mais acolhedora no tocante a esses sinistros só teve sua valia a partir da década de 1970, quando deixaram de tratar apenas lesões físicas e começaram a zelar pelos danos psicossociais do sujeito (MELLER, 2015). Neste cenário, cabe ressaltar as consequências que se refere aos danos psicossociais. Nessas situações é de suma importância colocar em ação um dos princípios dos primeiros socorros psicológicos, que é verificar quais as necessidades imediatas do indivíduo, ou seja, se o mesmo possui local para ficar, mantimentos, vestimentas e apoio psicológico. Este amparo psicológico serve tanto para o indivíduo em socorro como para os envolvidos diretamente na situação (PARANHOS; WERLANG, 2015). Os autores entendem que a busca pelos profissionais da psicologia nestas ocasiões está relacionada com as alterações psicossociais em decorrências de traumas físicos e emocionais que os indivíduos sofreram ocasionados por fenômenos externos. Para Trindade e Serpa (2013), é de suma importância que o psicólogo atue e intervenha em todos os estágios de uma situação de catástrofes, isto é, no pré ocorrido, neste estágio a intervenção ocorre em ações de prevenção a novas possibilidades de desastre e no pós ocorrido, nesta situação o psicólogo irá auxiliar os afetados na reorganização dos danos ocasionados pelo desastre. 34 Os autores ressaltam que o objetivo do trabalho do psicólogo é controlar os danos psicológicos ocasionados pela situação de catástrofes, ou seja, conter a ansiedade, ajudar a manter o equilíbrio biopsicossocial, por intermédio de técnicas comportamentais a intervenção visa promover uma restauração da vivencia traumática do sujeito (TRINDADE; SERPA, 2013). É interessante salientar que para ocorrer uma intervenção com resultados iminentes nas situações já citadas, cabe ao psicólogo possuir conhecimento nas seguintes temáticas, conforme descreve Franco (2015, p. 54): Processos de formação e rompimento de vínculos; Luto e morte; Desastres e trauma; Técnicas de comunicação; Técnicas de debriefing, defusing e desmobilização psicológica; Técnicas de enfrentamento e manejo de estresse; Manejo de burnout; Psicoterapia e dinâmica de grupo; Técnicas de intervenção comunitária; Recuperação de redes de suporte social; Resolução de problemas em situação de estresse; Técnicas de atendimento em situação de crises; Estratégias para manejo da raiva. A atuação do psicólogo em situações que requerem que sejam utilizados os primeiros socorros psicológicos está se fazendo cada vez mais necessário nos dias atuais, em decorrências dos desastres e catástrofes naturais que assolam o mundo. Quando essa intervenção ocorre, a chance daqueles que vivenciaram a mesma, ficarem com traumas diminui conforme os danos psicológicos são trabalhados. REFERÊNCIAS BEJA, Maria João; PORTUGAL, Alda; CÂMARA, Joana; BERENGUER, Cláudia; REBOLO, Ana; CRAWFORD, Carlota; GONÇALVES, Dinis. Primeiros Socorros Psicológicos: Intervenção psicológica na catástrofe. Psychologica. v. 61 n. 1, 2017. Disponível em: < file:///C:/Users/usuario/Downloads/Primeiros%20Socorros%20Psicologicos.pdf >. Acesso em 19 maio 2.020. FRANCO, Maria Helena Pereira. A intervenção psicológica em emergências: fundamentos para a prática. Rio de Janeiro: Summus editorial, 2015. file:///C:/Users/usuario/Downloads/Primeiros%20Socorros%20Psicologicos.pdf 35 MELLER, Vanessa. Primeiros auxílios psicológicos para indivíduos envolvidos em situações emergenciais e desastres. Revista da sociedade de psicologia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, v. 15, p. 56-59, 2015. 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