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DIETOTERAPIA CUIDADO NUTRICIONAL NA AIDS A AIDS é chamada de síndrome porque é formada por um conjunto de sintomas característicos da doença, ou seja, todas as pessoas que tiverem a doença terão aqueles sintomas. A AIDS não é uma doença só, ela é uma fase de uma infecção, causada pela infecção do vírus HIV, ela é uma das fases, a fase mais avançada da infecção causada pelo vírus HIV. O individuo pode ser infectado pelo vírus HIV e não desenvolver a AIDS, propriamente dita. A AIDS é a fase mais avançada causada pela infecção do HIV, essa infecção pode ser sintomática e pode ser assintomática. Por definição AIDS é: síndrome da imunodeficiência adquirida, embora se considere um único vírus na verdade, existem dois tipos de vírus HIV, existe o vírus, HIV 1 e o vírus HIV 2. Predominantemente a AIDS é causada pelo HIV1. QUAL A DIFERENÇA DO HIV 1 DO HIV 2???? A diferença é que o HIV1 provoca uma doença cujo os sintomas são mais acentuados do que aqueles provocados pela infecção causada pelo vírus HIV2. O HIV1 é o mais difundindo, mas também é o que leva a uma variedade maior de sintomas de leves até muitos graves. Ele tem a capacidade de se replicar muito maior que o vírus HIV2, o vírus HIV2, foi encontrado pela primeira vez no continente africano, sendo lá onde predomina a infecção por ele. Como já mencionado os sintomas podem variar de leve a muito graves, a intensidade de que esses sintomas vão acontecer, vai depender principalmente de dois aspectos: a carga viral, ou seja, quanto que aquele vírus se multiplicou no individuo, quanto que ele se replicou, e quanto maior a replicação, maior o comprometimento do S. imunológico e consequentemente mais avançado os sintomas. Outro aspecto importante é a, genética do hospedeiro, o individuo que tem uma genética que possibilita que o seu S.I. ele seja mais deprimido, será uma pessoa que automaticamente, irá desenvolver mais rapidamente os sintomas e vai desenvolver os sintomas mais graves. Quando se fala que as manifestações irão depender da carga viral, se deve pelo motivo de que, o vírus HIV, para se replicar, o vírus HIV ele utiliza duas portas de entrada importantes em uma célula, ele só irá conseguir adentrar, células que tenham essa porta de entrada, essas portas são duas glicoproteínas: CD4 e também o receptor CCR5 que é um receptor de quimiocinas (são citocinas que tem a capacidade de atrair outras células para a resposta imunológica), então para se multiplicar ele pode utilizar como células, se apropriar do núcleo genético dessas células (DNA), principalmente acima de tudo Linfócitos TCD4,mas também Macrófagos e células dendríticas ( células que apresentam antígenos) Como o vírus utiliza principalmente linfócitos TCD4 para se multiplicar, pode- se dizer que paciente infectado pelo vírus HIV é um paciente imunodeprimido, sendo a imunidade celular a mais prejudicada. QUANTO TEMPO LEVA PARA UMA PESSOA QUE FOI INFECTADA PELO VIRUS HIV VEM A TER O ESTADO DE IMUNIDADE CELULAR COMPROMETIDA???? Isso irá depender da quantidade de vírus que irá se replicar e da genética do hospedeiro, mas na maioria das vezes, a depressão nos níveis de linfócito TCD4 irá demorar de 8 a 10, após a infecção. EXPLICANDO A FIGURA: Externa se observa o envelope viral ou cápsula viral, constituída prioritariamente por gordura e também de uma glicoproteína chamada: GP120 (os pontinhos azuis), e cada GP120 está ligado a uma outra glicoproteína, que não fica apenas na superfície, entra mais na profundidade da membrana do vírus, é chamada de GP41, gp120 é ligada a GP41. Na parte interna do vírus tem o envelope do capsídeo viral, o capsídeo viral é a estrutura do vírus que está mais próximo do núcleo genético dele. O vírus HIV é um retrovírus, pois ele não tem DNA, ele tem RNA, por isso a hélice única, e não a dupla hélice. A última proteção do núcleo genético do vírus HIV é dada por o capsídeo viral. No núcleo genético do vírus tem ainda, três enzimas que são fundamentais para o processo de multiplicação do vírus, a transcriptase reversa e integrasse e a protease. O mais importante de se saber da estrutura é: que tem um RNA que é envolvido por uma estrutura de proteção chamado capsídio viral, que serve como proteção para o RNA e para as enzimas que estão no núcleo genético. EXPLICANDO A FIGURA: A figura representa um linfócito TCD4, quando o vírus chega na proximidade do TCD4, a primeira etapa do trabalho dele é o reconhecimento, consiste em, vê se a célula é uma célula ou não, na qual ele pode se replicar, o pré- requisito para que o vírus possa se replicar em uma célula humana, é que a célula possua o CD4 ou receptor TCR5. Dessa forma de acordo com a figura, a célula tem a CD4, então a glicoproteína GP120 do vírus, reconhece o CD4, feito a reconhecimento a próxima etapa é a etapa de fusão, quando há uma adesão forte entre linfócito TCD4 e vírus HIV, a GP41 é quem garante a adesão forte. Consequentemente com a adesão o vírus irá conseguir penetrar na célula. Uma vez dentro da célula o próximo passo é dominar o núcleo genético para que ele se transforme em um DNA e a medida que ele se transforma em DNA, ele poderá dá origem a novos vírus. Esse processo ocorre da seguinte forma: penetrou, o vírus irá liberar o seu RNA no citoplasma da célula, a enzima transcriptase reversa do vírus é responsável por transformar o RNA viral em DNA viral, ela faz isso, duplicando o RNA, ou seja, o RNA vai ganhar a dupla hélice se transformando em DNA. Entra outra enzima a integrasse, ele vai se ligar ao DNA formado e transportá-lo até o DNA da célula, a junção do DNA do vírus com o DNA da célula, vai originar um DNA pró-viral, esse DNA pró-viral é quem vai fazer com que o vírus inicial dê origem a vários outros vírus, e entra em ação outra enzima, chamada, protease, ele vai fazer com que o DNA pró-viral sintetizar novas glicoproteínas, sendo que a própria protease depois cliva (quebra) essas glicoproteínas para que uma única glicoproteína só ela seja constituinte de vários vírus diferentes. O próximo processo é o envelopamento, é quando todas as glicoproteínas vão dá origem a uma estrutura só, que é um vírus. E depois vão ser liberados para a circulação sanguínea para contaminar e se replicar em outras células do sistema imunológico do indivíduo. Dessa forma o que acontece com a célula que foi inicialmente infectada é a perda da função, ou seja, o linfócito TCD4 que foi inicialmente contaminado, perdeu a função, pois foi utilizado pelo vírus para dá origem a outros vírus. Cada vez que um vírus consegue infectar um linfócito TCD4 e se replicar nele, o individuo tem um TCD4 a menos. ONDE SERÁ ENCONTRADO MAIOR CONCENTRAÇÃO DESSES NOVOS VÍRUS??? Não se pode dizer que o vírus HIV está presente apenas nessas secreções, mas nessas secreções é que ele se encontra em quantidade suficiente, capaz de gerar doença. DIAGNÓSTICO Existem formas diferentes de se fazer o diagnóstico, que são: • TESTE ELISA: é a forma mais recomendada, tem o objetivo de testar se o indivíduo que está sendo avaliado produziu anticorpos contra o vírus HIV, pois se ele tiver produzido significa que ele foi infectado. É também conhecido como teste rápido, realizado da seguinte forma: tem um kit e nesse kit tem várias placas, essas placas é como se fossem casca de ovo, tem vários buraquinhos, nesse kit ELISA, além da placa vem um reagente que são antígenos do vírus HIV, ou seja, são glicoproteínas que já são conhecidas como sendo estruturais do HIV, exemplo: GP120, GP41... esses antígenos então são jogados sobre a placa de ELISA, então irá pegar o sangue da pessoa que está sendo avaliado, e jogar sobre a placa, automaticamente se a pessoa Liquido cefalorraquidiano produziu anticorpos quando o sangue dela for jogado sobre a placa de ELISA vai se formar um complexo antígeno-anticorpo,depois essa placa é lavada para retirar os anticorpos que não se ligaram, se pega uma anti-imunoglobulina, que seria um anticorpo contra um anticorpo que o indivíduo produziu, esse anticorpo está ligado a uma enzima e na hora que o anticorpo com a enzima se liga ao anticorpo do soro sanguíneo da pessoa, vai gerar uma reação de cor e se houve mudança de cor significa que o individuo realmente está infectado pelo HIV, pois houve a formação do complexo antígeno-anticorpo; • DETECTANDO O ANTÍGENO: se pesquisa no sangue da pessoa se existe o antígeno, ou seja, se existe GP120, GP41 ou se existe outros componentes do vírus no sangue do indivíduo; • VERIFICAR SINAIS E SINTOMAS: no entanto não é uma boa alternativa, pois para se chegar em um estágio, onde os sintomas são específicos do vírus HIV é necessário ter passado muitos anos, pois no início do processo infeccioso os sintomas são muitos semelhantes a uma doença mais simples, por exemplo uma gripe. AIDS: FASES Infecção aguda: acontece de duas a quatro semanas após o individuo ter contato com o vírus HIV, os sintomas não são específicos da doença. Sintomas: febre, feridas na cavidade oral, dores nas articulações, dores musculares, perda de apetite, inflamação da faringe e aumento dos gânglios linfáticos.Geralmente nessa fase de 2 a 4 semanas o vírus tem um potencial de replicação muito rápido, mas não significa que a pessoa vá ter sintomas mais graves, pois após essa fase de infecção aguda, o individuo entra em uma fase de soropositividade, que seria a fase que ele começa a produzir anticorpos contra o vírus e daí ele pode fazer com que a replicação deixe de acontecer naquele momento. A soropositividade pode acontecer nessas 2 a 4 semanas da infecção, mas também pode demorar até três meses para vim acontecer, ou seja, o individuo pode tanto começar a produzir anticorpos tanto nas primeiras semanas após a infecção, como também pode demorar até três meses para começar a produzir. ATENÇÃO: é por isso que quando uma pessoa suspeita que contraiu o HIV e vai fazer o exame quando começa a apresentar os sintomas, pode ser que o resultado ê negativo naquele momento, mas ele precisa ser repetido três meses depois, pois na verdade a pessoa pode ter iniciado os sintomas, mas não ter entrado na fase de soropositividade. O resultado pode ser um falso negativo. Depois de três meses realizado o exame novamente e se dê negativo, aí sim pode-se considerar que realmente o individuo não possuí o vírus HIV. IMPORTANTE: exemplo: uma pessoa acidentalmente se feriu com uma seringa que foi usada em um indivíduo com HIV e no teste rápido feito após o acidente o resultado é negativo, não significa que ela realmente não esteja com o vírus, pode ser que o resultado seja um falso negativo, em decorrência do vírus ainda não ter entrado na fase de soropositividade, então ela fará o uso dos coquetéis anti-retoviral para se caso ela estiver infectado o vírus não se proliferar, após três meses, o teste deverá ser feito novamente, e aí será confirmado se ela tem ou não o vírus HIV, pois nesse período o hospedeiro sempre entra na fase de soropositividade ou seja se depois de três meses o resultado for negativo novamente, então realmente essa pessoa não tem HIV. Infecção crônica assintomática: essa fase dura de poucos meses após a infecção até 10 anos da infecção, então o individuo pode viver durante 10 anos infectado pelo HIV, mas sem ter os sintomas específicos. Há a replicação do vírus, no entanto a replicação é mais lenta, pois a soropositividade já aconteceu. Pode acontecer alguns sintomas, mas que não são específicos da doença, por exemplo: perda de massa magra, deficiência de B12 que acontece quase sempre quando se passa por um processo infeccioso grave, deficiência de ferro, e consequentemente como há uma replicação, embora lenta, ou seja, essa replicação é a custa de linfócitos TCD4, o individuo tem um risco maior de ter uma DTA. Infecção sintomática: acontece de 8 a 10 anos após a infecção pelo vírus e quando a quantidade de linfócitos TCD4 da pessoa for <500 linfócitos TCD4 por mm3 no sangue, quando os linfócitos chegam a esse resultado os sintomas são inevitáveis, começa a se manifestar os sintomas graves da doença, esses sintomas vão decorrer muitos deles por causa que o vírus está infectado os órgãos gerando disfunção daquele órgão infectado, outras vezes é porque como o número de linfócitos TCD4 diminuiu o organismo está mais vulnerável aos mais variados agentes infecciosos, as chamadas infecções oportunistas do HIV, ou seja, quando o nível celular chega a esse nível, a tendência é que a pessoa vá ter mais linfócitos TCD4 deprimidos e consequentemente mais infecções oportunistas. Então os sintomas específicos do HIV eles tandem decorrem da presença do vírus naquele órgão como também da presença dos agentes infecciosos oportunistas naqueles órgãos. São sintomas encontrados nesses indivíduos: febre alta > a 38,5C°, neuropatia periférica (formigamento nas pontas dos dedos dos pés), candidíase principalmente a oral, meningite, provocada pelo vírus HIV localizado nas meninges ou até por outros vírus, pneumonia, sepse, diarreia que vai e volta e que dura mais de 1 mês, tuberculose e CA cervical (provocado por agentes infecciosos que infectaram células da coluna vertebral, medula óssea e que se multiplicaram em uma multiplicação celular desordenada nessa região da coluna cervical). AIDS: é o último estágio da doença e é a fase mais grave dela, nesse estágio o individuo em geral vai está em uma situação em que os linfócitos TCD4 vão estar <200/mm3 de sangue ou se o resultado estiver em percentual <14%. Doenças que normalmente estarão acontecendo no indivíduo: linfoma, sarcoma Kaposi, provocado pelo vírus HVH8 (antes de formar um tumor, aparece umas manchas roxas), tuberculose pulmonar e em outros órgãos além do pulmão, toxoplasmose cerebral, pneumonia refrataria, pode haver também comprometimento da visão. ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS No passado era muito comum encontrar pacientes com AIDS desnutridos, mas atualmente o tratamento medicamentoso faz com o paciente tenha uma menor carga viral, consequentemente uma menor depressão dos linfócitos TCD4, menores sinais e sintomas, mas os antirretroviral mudam a composição corporal, hoje em dia monitora-se muito mais em uma pessoa que é HIV positivo a glicemia, perfil lipídico, CC, do que se fazia antigamente, desse modo a desnutrição ela só será comum em indivíduos que não fazem o tratamento com as drogas de forma correta. Essas pessoas vão estar mais susceptíveis a alteração no EN chamada de síndrome consumptiva ou síndrome de emaciação ou wasting síndrome que é também chamada de síndrome do emagrecimento. Características dessa síndrome: Como é uma síndrome tem um conjunto de sintomas. 1°- perda ponderal >10% do peso habitual; (desde o diagnóstico da doença). 2° perda de massa magra, por qualquer um dos métodos (circunferência, dobras); 3° sensação de fraqueza crônica; 4° número maior que duas e evacuações liquidas por dia, por pelo menos 1 mês; 5° febre constante ou febre que vai e volta no período de pelo menos 30 dias. Se a pessoa tiver uma resposta positiva para todos esses sintomas, ela pode ser caracterizada como portador de síndrome de consumptiva. Desse modo a conduta nutricional deverá ser mais individualizada para esse indivíduo. Nessa situação em que a pessoa entrou nesse estágio da síndrome ou não se caracterizou como síndrome, mas ela já é diagnosticada como uma pessoa HIV+ desnutrida, a conduta vai focar em fazer o registro constante do peso dessa pessoa, as consultas devem ser o mais frequente possível para se realizar o acompanhamento do peso. O registro do peso vai ter o objetivo de não necessariamente se consiga parar a perda de peso, mas pelo menos diminuir a velocidade da perda de peso.CAUSAS DA DESNUTRIÇÃO Além da não utilização da droga (antirretroviral) e ter o SI mais deprimido existem outras causas para a desnutrição no paciente HIV+, como a baixa ingestão calórica, provocada as vezes pela medicação, pois as vezes a pessoa não consegue diferenciar o que é doce, salgado, pois ela tem uma deficiência de zinco, estando com um quadro de infecção. A baixa ingestão também pode ser causada pelas citocinas, pois o Fator de necrose tumoral, vai gerar no hipotálamo perda de apetite e aumento da temperatura corporal, isso aumenta gasto energético e aumenta a perda de peso. A baixa ingestão calórica também pode ocorrer de efeitos adversos da radioterapia ou quimioterapia ou pelo efeito direto do vírus estar localizado no TGI, consequentemente fazendo com que a pessoa tenha dores, desconforto e não tendo interesse de consumir alimentos. Também pode ser causada por uma infecção na cavidade oral, também pode ser em decorrência de uma disfagia, causada pelo próprio vírus ou pelos vírus oportunistas no SNC, se a infecção for na base do crânio, existe um risco alto da pessoa ter problemas na deglutição. Outra causa é a interação droga-nutriente, o paciente não usa só uma medicação, usa mais, e esse fato dela usar mais de um medicamento aumenta o risco da interação droga- nutriente. Outra causa da desnutrição é a diarreia, em geral acontece quando o TCD4 por mm no sangue for inferior a 250 células, ela pode acontecer por vários motivos: vírus HIV, as próprias drogas, antibióticos, redução da albumina, sendo que uma baixa na albumina gera edema, e esse edema pode ser de alça intestinal causando diarreia. Outra causa da desnutrição são as alterações metabólicas, a depender da fase do HIV que a pessoa se encontra o gasto energético pode ser muito aumentado ou pouco aumentado. Por exemplo: uma pessoa que é portadora do vírus HIV, mas que não apresenta sintomas aparente, acredita-se que o aumento do gasto energético seja em torno de, 9 a 10%, entretanto esse aumento do gasto energético pode ser muito maior quando a pessoa tem o HIV com sintomas, quando ela tem o HIV com doenças associadas, então teve doenças associadas faz com que o gasto energético basal ele seja muito mais acentuado do que em um indivíduo sem sintomas. A necessidade de proteína vai aumentar, acredita-se também que só a presença do HIV já aumente em 10% a necessidade de proteína. O fato de ter ou não infecção associada faz com que o gasto energético basal e a necessidade proteica aumentem. ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS E METABÓLICAS Essas alterações também podem acontecer, não necessariamente a desnutrição será um resultado esperado, pois as drogas fazem com que ocorro uma redistribuição de gordura. Em alguns locais o individuo terá uma super deposição de gordura e em outros locais atrofia de células adiposas, por conta da medicação. Até esse momento foi visto fatores que podem levar a desnutrição em um portador de HIV, agora será visto as alterações morfológicas para mais, excesso de peso, dislipidemia, etc. Existem muitas drogas disponíveis para o tratamento, mais de 20 tipos diferentes, porém, hoje em dia se consegue fazer com que o individuo que é portador do HIV ele utilize no mínimo dois, podendo passar o resto da vida usando apenas essas duas drogas. Mas em geral um portador do vírus HIV ele não utiliza drogas apenas de um grupo. QUAIS ESSES GRUPOS??? As drogas antirretrovirais (drogas anti-retro vírus) o objetivo do tratamento é esse, exterminar o vírus ou pelo menos evitar a multiplicação do vírus. • Tipos de drogas: ➢ Inibidores de transcriptase reversa nucleosídeos-nucleotídes (se ligam a transcriptase reversa, mas não vão bloqueá-la, ela vai gerar um DNA defeituoso, ou seja, o vírus não consegue finalizar o processo); ➢ Inibidores de transcriptase reversa não nucleosídeos-nucleotídes (geram bloqueio na transcriptase reversa, fazendo com que ela não consiga duplicar aquele RNA em DNA, não há síntese); ➢ Inibidores de fusão (se ligam ao GP120 impedindo que ele reconheça o CD4 como forma de entrada na célula); ➢ Inibidores de protease (vão bloquear a protease); ➢ Inibidores de integrasse (bloqueiam a ação da integrasse); (Obs.: os três acima tem a mesma função em ciclos diferentes) ➢ Antagonistas do CCR5 (se ligam aos receptores CCR5, impedindo que esse receptor seja utilizado como porta de entrada para o vírus). QUAL O PRE-REQUISITO NA HORA DE CONSULTAR A DROGA?? Que a pessoa que vá utilizar a droga não utilize duas drogas do mesmo grupo, pois usando suas do mesmo grupo corre o risco dela se tornar resistente a todas as drogas desse grupo, além do risco de a droga não fazer efeito. Desse modo o requisito é: que se o paciente usar duas drogas que sejam uma de cada grupo. • CANDIDATOS AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO Nem todo mundo que é HIV positivo estará sempre fazendo o uso de medicação, nem todo portador de HIV vai estar fazendo uso de medicação a vida toda. Desse modo quem fará uso de medicação é: ➢ Quem tem o HIV com sintomas; ➢ Pessoas que estão no estágio assintomático, mas seus níveis de CD4 eles estão iguais ou inferiores a 350/mm3; ➢ Pessoa que sejam assintomática, estejam com os níveis de CD4 não tão baixo >350 mm3, mas o sangue mostre que existe nele mais >100 cópias/ml do vírus, o vírus é percebido pelo RNA, ou seja, houve replicação, de quantidade >100, diagnosticado pelo soro sanguíneo, por conta do RNA desses vírus. • Reações adversas da droga Síndrome de Stevens-Johnson: seria uma reação alérgica grave a medicações. Apenas 10% das lesões não são graves, ou seja, 90% das vezes as lesões são gravíssimas. Nos homens mais comumente essas lesões ocorrem na região genital, podendo levar até a amputação. • Toxicidade renal ou hepática; • No TGI (os inibidores de protease vão causar diarreia porque aumentam a capacidade das células intestinais de produzir muco); • Atrofia ou hipertrofia (existem antirretroviral que podem causar toxidade mitocondrial fazendo com que a lipólise acontece em determinados locais do corpo lentamente- o antirretroviral provoca toxidade mitocondrial e esse toxidade ela vai mais para o lado de fazer com que o processo de lipólise naquele tecido gorduroso aconteça de forma lenta; e existe outros medicamentos que podem provocar a apoptose de adipócitos- em determinados locais o medicamento vai causar perda de adipócitos); • Resistencia a insulina, hiperlipidemia (aumento de LDL, VLDL, aumento de colesterol total). Pode citar que os inibidores de protease são os mais associados com a lipodistrofia, então se pode dizer que a pessoa que faz o tratamento com antirretroviral ela tem um risco maior de sofrer lipodistrofia exatamente porque alguns pontos vão ter maior ou menor deposição de lipídios, mas também entra na lipodistrofia a atrofia, hipertrofia, dislipidemia, resistência à insulina. Sobre essa lipodistrofia os inibidores de protease eles parecem ser a droga mais associada com as alterações no metabolismo de lipídio. E como isso é comprovado? 15 - 30% das pessoas que utilizam antirretrovirais apresentam, por exemplo, dislipidemia e 60% dessas pessoas fazem o uso de inibidores protease e 47% dos que utilizam inibidores protease tem resistência à insulina. O RITONAVIR seria o inibidor de protease que está ligado com o aumento do TGL. • As alterações anatômicas mais frequentes são: ✓ Aumento da circunferência da cintura; ✓ A distribuição de gordura na face também se modifica (na região lateral vai ter uma menos deposição de gordura e na nasolabial); ✓ Excesso de gordura no dorso cervical; ✓ Aumento da concentração de gordura na mama e menor nas coxas (mulher); ✓ Nos homens uma menor deposição no glúteo; ✓ Proeminência veias de pernas. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA AIDS Vai depender do estágio da doença.Se for uma pessoa que não faz o uso dos medicamentos vai ser trabalhada com as monitorizações da perda de peso e massa magra. Já se a pessoa faz o uso dos medicamentos, mas se está nessa situação de alterações morfológicas a avaliação nutricional vai monitorar o excesso de gordura corporal, trabalhar com as dobras, biopedância ultrassom e exames bioquímicos. Então, na avaliação nutricional vai se estar sempre fazendo a relação sintomas da infecção com ingestão, fazendo todo o questionamento dos sintomas que a pessoa está sentindo para tentar verificar quais são os sintomas que tem o potencial de prejudicar o consumo de alimentos exatamente para trabalhar em cima desses sintomas para evitar o prejuízo do consumo de alimentos (ex: lesão na língua); Avaliação Subjetiva Global e Recordatório 24 horas é interessante que no R24h se pergunte não só os alimentos, líquidos e suplementos, mas pergunte também se há o uso de fitoterápicos, qual tipo de antirretroviral que está usando, quais os medicamentos sintomáticos que está usando; - Trabalhar com a avaliação antropométrica comparando com os padrões de referência e comparando ao longo do tempo porque o paciente pode não está, por exemplo, com o percentual de massa magra dentro do ideal, mas como está com relação às consultas anteriores. Então, fazer o acompanhamento do peso, % gordura, circunferência da cintura, circunferência do pescoço; - Procurar sinais físicos de deficiência de nutrientes (ferro, zinco); - Com relação aos exames laboratoriais para quem tem o diagnóstico de lipodistrofia (atrofia ou hipertrofia de gordura, RI, dislipidemias) acompanhar periodicamente a albumina, (se tiver a pré-albumina melhor ainda porque responde muito mais rápido as intervenções nutricionais), perfil lipídico, glicemia, insulinemia, função hepática, proteína C reativa (PCR); - Para avaliar o estado nutricional nos indivíduos se dá pela contagem de linfócitos (indivíduos desnutridos tem < CD4), porém, em indivíduos com AIDS a contagem de linfócitos não pode ser utilizada porque a doença por si só ela causa depleção de linfócitos que no caso não essa depleção não seria por conta de desnutrição e sim porque a doença leva a esse quadro de depleção. Então, estando atento a essas limitações, todos os outros métodos de avaliação nutricional podem ser utilizados; - Então, a terapia nutricional tem vários objetivos: ✓ Manter o estado nutricional e proteína visceral ideal, mantendo a massa magra ideal para esse indivíduo. A meta é o peso dele durante todo o acompanhamento corresponda a pelo menos 95% do peso habitual; ✓ Saúde do sistema imunológico (função imune melhor possível); ✓ Prevenir ou minimizar as complicações e efeitos adversos das medicações; ✓ Prevenir e tratar as anormalidades metabólicas; ✓ Melhorar a qualidade de vida. NECESSIDADES NUTRICIONAIS CALORIAS E PTN: - Vai depender da fase que o indivíduo esta (assintomática, sintomático ou AIDS) Então se o indivíduo estar SEM SINTOMAS a recomendação da CUPPINI seria de: ✓ 25-30 Kcal/Kg de peso atual (se é 25 ou 30 vai depender do estado nutricional – obeso mais para 25Kcal, tendência de desnutrição mais para 30Kcal); ✓ Com relação a PTN nessa mesma situação seria de 0,8-1,25g/Kg/d (ver o estado nutricional assim como no de Kcal) ou a autora recomenda também 120:1Kcal não-PTN/g de nitrogênio. Existe também outra recomendação de ESCOTT-STUMP que fala que a presença do vírus HIV (como falado nas alterações metabólicas acima) mesmo que o indivíduo não apresente os sintomas o GEB aumente 10% utilizando o fator injúria de 1,1. Então: ✓ GEB por HB x FA x 1,1 provavelmente vai suprir as necessidades do indivíduo; ✓ PTN: se peso adequado – 0,8g/Kg se o peso não for adequado (desnutrido) a tendência é aumentar a oferta de PTN. No caso de o indivíduo SER SINTOMATICO (APRESENTAR SINTOMAS) OU AIDS PROPRIAMENTE DITA tem-se duas recomendações: ✓ (CUPPINI) as necessidades energéticas seriam de 35-40 Kcal/Kg/d (bem hipercalórica). A PTN 1,5-2g/Kg/d (também bem mais hiperPTN). A autora trás no mesmo capitulo, citações de outros autores como para calorias - 35Kcal/Kg/d (independente do estadp nutricional) e para proteína 2-3g/Kg/d; ✓ (ESCOTT-STUMP) fala que no caso da AIDS sintomática tem-se um aumento do gasto energético basal de 20-50% (por isso o FI de 1,2-1,5) GEB HB x FA x 1,2-1,5 e as recomendações de PTN de acordo com as comorbidades (quais recomendações para quem tem comprometimento hepático, renal, lipodistrofia, dislipidemia). No caso da emaciação vai se ter de recomendação: ✓ 40-50Kcal/Kg de peso atual ou GEBxFAxFI + 500Kcal; ✓ PTN: 1,5-2g/Kg/d. As literaturas colocam que essas recomendações são iniciais, se perceber que a pessoa precisa de mais ao longo do tratamento pode ir além da recomendação e o estado nutricional do paciente vai dizer se precisa aumentar ou manter. LIPIDIOS: A oferta de lipídio vai depender se o indivíduo tem situação de diarreia ou não e se essa diarreia é na forma de esteatorréia (gordura encontrada nessas fezes for > que 7% da gordura consumida no dia) ou não. Então, para indivíduos que: ✓ Não tem esteatorréia à oferta de LIP vai ser normal – de 25-30% do VCT ou adaptado as comorbidades; ✓ Para indivíduos que tem esteatorréia a oferta vai ser hipolipídica – de 20%VCT - substituindo essa gordura por uma gordura de mais pronta absorção (TGL de cadeia média até tratar a esteatorréia) que terá melhoria até mesmo nas dores, pois ele vai melhorar a contração intestinal. Com relação ao uso de imunomoduladores, um importante imunomodulador seria o ômega-3 (substituir parte da gordura da dieta por ômega-3) não só porque ele tem uma atividade antinflamatória (reduzindo as citocinas pró inflamaórias e consequentemente febre, anorexia) mas também porque ele vai reduzir o TGL nos indivíduos que usam antirretrovirais e também melhora a eficiência do ganho de massa magra. A recomendação seria o uso de ômega-3 no período de 3 meses para que ele possa mostrar resultado (cápsula, forma liquida). A glutamina e arginina são moduladores sugeridos que não tem 100% de eficiência, mas pode apresentar resultados interessantes em algumas pessoas. A glutamina seria nos casos de diarreia (em geral, não só no caso de esteatorreia) ou nos casos que não se tem diarreia, mas se tem depressão do sistema imune porque a glutamina é um nutriente importante para as células de rápida proliferação (ex: linfócitos T e B). E a arginina é o principal nutriente para linfócitos do tipo T que são os mais acometidos no paciente HIV positivo e, além disso, associado com a melhora de massa magra. MICRONUTRIENTES: Não há evidencias de o uso de megas doses tragam benefícios. Pelo contrario, ultrapassar a UL de micronutrientes pode prejudicar o sistema imunológico para quem é HIV positivo, então, a recomendação seria: ✓ Dieta e suplementação ofereçam 100% das DRIs; ✓ Com relação à vit. A, E, B6, B12 e Zn os estudos apontam que o excesso desses micronutrientes já é comprovado como um acentuador da progressão do HIV, ou seja, traria prejuízos imunológicos; ✓ As vitaminas do complexo B que não tenham UL (B1 e B2) a recomendação é que utilize em torno de 02 vezes que a RDA determina. LIQUIDOS: Seria o normal: 30-35ml/kg a não ser que aconteça diarreia, vômitos que aí a oferta vai acima de 35 ml. No caso das febres refratárias tem que se atentar a reposição de sódio, potássio, cloro e aí a água de coco seria interessante para estar fazendo essa reposição de líquidos e de potássio. Quanto ao cloreto de sódio, adicionar um pouco mais de sal. LIPODISTROFIA: Nos casos de lipodistrofia as distribuições de macronutrientes vão obedecer às recomendações especificas para disfunções como: ADA (DM) e AHA, NCEP ou o uso das dietas: mediterrâneo, DASH e outra orientação seria a prática de atividadefísica. CONTROLE DE SINTOMAS X DIETA O controle dos sintomas (efeitos adversos de medicações) vão ser os mesmo de outras situações em que eles acontecem. ANOREXIA: ✓ Refeições mais fracionadas, a cada 2-3h e com alta intensidade calórica e PTN; ✓ Em geral, o apetite do indivíduo com HIV positivo que apresenta anorexia vai ser maior no período da manhã, então, concentrar calorias nesse horário; ✓ Atender as preferências do paciente; ✓ Sempre que possível, ofertar as medicações (drogas) com líquidos que tenham > densidade calórica ao invés de água (sucos, leite, suplementos, mas sempre dando uma olhada na bula para não haver interação droga nutriente); ✓ Orientar o paciente a praticar atividade física antes, principalmente, das principais refeições (10-15min) para aumentar a fome; ✓ Evitar líquidos durante as refeições; ✓ Realizar refeições em ambientes tranquilos. As vezes a anorexia nos estágios avançados é tão forte que é necessário o suporte medicamentoso (estimulantes do apetite), porém, cada estimulante do apetite vai agir de forma diferente, por exemplo: ✓ ACETATO DE MEGESTROL ele leva não só no aumento de peso total, ele leva a um aumento muito maior de gordura; ✓ DRONABINOL já tem um efeito melhor sobre o apetite então não mexe na composição corporal (então seria interessante); ✓ ANABOLIZANTES como o GH seria interessante, pois ele leva ao aumento de gordura corporal, mas ele leva também ao aumento de massa magra e aumento do apetite. NÁUSEAS E VÔMITOS: ✓ As refeições também vão ser mais fracionadas e com menor volume; ✓ Evitar frituras e líquidos durante as refeições; ✓ Orientar o paciente que após o uso de medicamentos e após de alimentar deitar- se com um intervalo de pelo menos 1h; ✓ Evitar alimentos quentes ou muito gelados (temperatura ambiente ou frio) para não induzir vômito; ✓ Dar preferência ao consumo de cereais secos e salgados (ex: acordou nauseado, comer cereais secos ou salgados); ✓ Ofertar alimentos que sejam de fácil digestibilidade (pastosos); ✓ Geralmente as frutas melhoram as náuseas como maçã, pera e banana-maçã. DOR, LESÕES DE BOCA, FARINGE E ESÔFAGO: ✓ Alimentos úmidos e macios (dieta pastosa); ✓ Evitar alimentos apimentados, ácidos ou salgados; ✓ Evitar temperaturas extremas (quentes ou gelados demais); ✓ E evitar preparações com altas concentrações de Kcal e nutrientes. XEROSTOMIA: ✓ Refeições com molhos; ✓ Líquidos durante e depois das refeições; ✓ Manter a higiene oral para evitar infecções, fazendo o uso de enxaguantes bucais; ✓ E utilizar chiclete sem açúcar ou bala de menta para estimular a salivação. DISPINEIA: ✓ Dieta líquida ou pastosa de acordo coma tolerância (se tolerar pastosa, melhor porque a densidade calórica é maior). DIARREIA E CONSTIPAÇÃO: ✓ A restrição de glúten só vai ser utilizada nos casos que são intratáveis (que já se tentou tratar diarreia com todo tipo de método e não obteve sucesso – essa pessoa pode ter intolerância ao glúten); ✓ A literatura não contraindica probióticos. FADIGA: ✓ Orientar a pessoa sobre a qualidade do sono (dormir regularmente), sugerir terapias (ioga, acupuntura) e a pratica exercício físico; ✓ Ficar atenta a oferta de micronutrientes prioritariamente aqueles associados coma fadiga como A, C, E, folato, B12, Zn e ferro; ✓ Contraindicar o uso de álcool e cigarro ou pelo menos reduzir o uso; VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DA DIETA A via oral sempre é a preferencial, então, antes de pensar em utilizar uma sonda, o ideal seria fazer a suplementação oral. No geral, uma pessoa que estar consumindo 66-75% do que ela deveria estar consumindo, essa pessoa pode se beneficiar do uso de suplemento. A partir do momento que ela não consegue consumir nem 60% (que seria o “ideal”) ai a opção é a passagem de sonda. ✓ TNP não seria uma via prioritária. Deve-se retardar o máximo possível dessa oferta, porque é um indivíduo que já tem o sistema imune deprimido e não seria ideal colocar mais uma porta de entrada para infecções; ✓ A TNE nos casos de não ser possível à via oral, pode ser utilizada. ORIENTAÇÕES ADICIONAIS Com relação à imunomodulação, as diretrizes brasileiras vão recomendar como imunomoduladores para melhoria da função imunológica: ✓ Ômega-3 por um período de 03 meses, glutamina nas situações de diarreia e melhoria dos linfócitos T e o uso de suplementos conjuntos.
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