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FACULDADE CATÓLICA SANTA TERESINHA CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS ISAIAS LOPES DANTAS ÉTICA PROFISSIONAL: UMA ANÁLISE ACERCA DO CONHECIMENTO E DA PRÁTICA DA CONDUTA ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE CONTABILIDADE DA CIDADE DE CAICÓ/RN. CAICÓ/RN 2017 ISAIAS LOPES DANTAS ÉTICA PROFISSIONAL: UMA ANÁLISE ACERCA DO CONHECIMENTO E DA PRÁTICA DA CONDUTA ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE CONTABILIDADE DA CIDADE DE CAICÓ/RN. Monografia apresentada ao Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis da Faculdade Católica Santa Teresinha como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientadora: Prof. Esp. Tatiane de Lourdes Azevedo da Cunha Bezerra. CAICÓ/RN 2017 CATALOGAÇÃO NA FONTE Faculdade Católica Santa Teresinha ISAIAS LOPES DANTAS ÉTICA PROFISSIONAL: UMA ANÁLISE ACERCA DO CONHECIMENTO E DA PRÁTICA DA CONDUTA ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE CONTABILIDADE DA CIDADE DE CAICÓ/RN. Monografia apresentada ao Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis da Faculdade Católica Santa Teresinha como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientadora: Prof. Esp. Tatiane de Lourdes Azevedo da Cunha Bezerra. MONOGRAFIA APROVADA EM ___/___/2017 BANCA EXAMINADORA ______________________________________ Prof. Esp. Tatiane de Lourdes Azevedo da Cunha Bezerra. Faculdade Católica Santa Teresinha Orientadora ______________________________________ Prof. Esp. Faculdade Católica Santa Teresinha Examinador Dedico este trabalho as pessoas que acreditam em mim. Em especial ao meu Pai, Francisco Das Chagas Dantas, um homem de poucas palavras e de mente brilhante. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ter me dado o dom da vida, a capacidade de raciocinar e por me proporcionar todos os momentos bons e ruins durante toda minha caminhada até aqui. Agradeço também aos meus professores orientadores, Tatiane de Lourdes Azevedo da Cunha Bezerra e Sônia Azevedo de Medeiros por ter me guiado até aqui e ter ajudado a construir este trabalho. Agradeço aos meus colegas por terem esses quatros longos anos de caminhada longa e árdua que é a vida acadêmica. E por fim agradeço aos meus familiares e minha noiva, por ter me apoiado todo esse tempo e por ter tido paciência comigo nos momentos mais estressantes e inquietos da minha caminhada. 2 "Tudo me é permitido", mas nem tudo convém. "Tudo me é permitido", mas eu não deixarei que nada domine. (I Cor 6, 12) RESUMO A presente pesquisa procurou analisar se os profissionais de contabilidade conhecem e atuam de acordo com o Código de Ética do Profissional Contador, cujo tema foi escolhido por se tratar de um assunto bem presente nos dias atuais no Brasil, vendo que a corrupção é algo bem corriqueiro. O estudo se propõe a responder o quanto o código de ética do contador influencia na atuação profissional, tendo como objetivo geral analisar o nível de conhecimento e a atuação dos profissionais de contabilidade da cidade de Caicó/RN acerca do seu código de ética e como objetivos específicos, conhecer o código de ética que rege o exercício da profissão contábil; compreender se o código de ética influencia na postura e atuação destes profissionais e averiguar o nível de influência do Código de Ética do Profissional Contador na postura e atuação dos profissionais de contabilidade na referida cidade. A importância cientifica deste trabalho se encontra no fato de que pode servir como fonte de pesquisa para outros estudantes e demais pesquisadores em busca de novas ideias e conhecimentos acerca desta temática. A pesquisa tem caráter qualitativo, aplicada aos profissionais de contabilidade da cidade de Caicó/RN, onde foi aplicado um questionário em várias empresas contábeis, a fim de obter informações que pudessem chegar nos resultados almejados, visando responder a problemática acima mencionada. Para esta pesquisa, foram revisadas bibliografias de grandes autores como Durant (2000), Lisboa (2011) e Sá (2013), tendo como principais aspectos o estudo filosófico do conhecimento e da prática do Código de Ética do Profissional Contador na atuação dos profissionais caicoenses. Palavras-chaves: Ética, Ética Profissional, Código de Ética do Profissional Contador. ABSTRACT The present research sought to analyze if accounting professionals know and act according to the Professional Code of Ethics, whose theme was chosen because it is a very present subject in Brazil today, seeing that corruption is something very common. The study aims to answer how much the accountant's code of ethics influences the professional performance, having as general objective to analyze the level of knowledge and the performance of accounting professionals of the city of Caicó/RN about its code of ethics and objectives knowledge of the code of ethics governing the exercise of the accounting profession; to understand if the code of ethics influences the posture and performance of these professionals and to ascertain the level of influence of the Code of Ethics of the Professional Accountant in the position and performance of accounting professionals in said city. The scientific importance of this work lies in the fact that it can serve as a research source for other students and other researchers in search of new ideas and knowledge about this subject. The research is qualitative, applied to the accounting professionals of the city of Caicó/RN, where a questionnaire was applied in several accounting firms, in order to obtain information that could arrive at the desired results, aiming to respond to the aforementioned problems. For this research, bibliographies of great authors such as Durant (2000), Lisboa (2011), and Sá (2013) were reviewed, having as main aspects the philosophical study of the knowledge and practice of the Code of Ethics of the Professional Contador in the work of professionals caicoenses. KEYWORDS: Ethics, Professional Ethics, Code of Ethics of the Professional Accountant. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – O que você entende por ética? 39 Gráfico 2 – O que você considera agir de forma não ética, na profissão contábil? 40 Gráfico 3 – No seu ambiente de trabalho o que leva você agir eticamente? 41 Gráfico 4 – Você conhece o código de ética que rege a sua profissão? 43 Gráfico 5 – Se você conhece o código de ética, onde você teve acesso ou conhecimento a respeito do mesmo? 44 Gráfico 6 – Quais dessas punições você conhece? 45 Gráfico 7 – O Código de Ética do Profissional Contador (CEPC) influencia na sua postura profissional? 47 Gráfico 8 – Você considera que existe negligencia quanto a Fiscalização da profissão contábil? 48 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 11 2 REFERENCIAL TEÓRICO 15 2.1 ÉTICA 15 2.1.1 Ética, Conduta e Moral 16 2.1.1.1 A Ética segundo uma visão micro e macroética 17 2.1.2 Ética Profissional 18 2.1.2.1 Ética nas Empresas 20 2.2 ÉTICA CONTÁBIL 22 2.2.1 O Código de Ética do Profissional Contador (CEPC) 23 2.3 ÉTICA, CONSCIÊNCIA E COMPORTAMENTO 30 2.3.1 A Influência do Código de Ética naPostura e Atuação Profissional 33 3 METODOLOGIA 36 3.1 TIPO DE PESQUISA 36 3.2 LÓCUS DA PESQUISA 37 3.3 SUJEITOS DA PESQUISA 37 3.4 INSTRUMENTOS PARA PESQUISA 38 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS 39 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 50 REFERÊNCIAS 53 APÊNDICE 57 11 1 INTRODUÇÃO O conhecimento ético dos profissionais influencia na atuação, na imagem da profissão e no seu desempenho enquanto profissionais, por isso se faz necessário analisar a influência do código de ética na atuação profissional desenvolvida em algumas organizações de Caicó/RN em que a contabilidade é atuante, verificando o conhecimento dos colaboradores acerca das regras de conduta que regem a profissão contábil e principalmente, se estas regras estão sendo respeitadas. Atenta-se também, que durante todo o curso de Ciências Contábeis os alunos ouvem sobre as rotinas dos escritórios, como também de órgãos do setor público, o que na região do Seridó são os ambientes organizacionais mais comuns de atuação para os contadores. Esses alunos recebem muitas vezes informações, em sua maioria informações nunca antes vistas para os aspirantes dessa ciência, chegando a deixá- los amedrontados sobre tais ações rotineiras. As informações que os professores transmitem para os alunos, são acerca de como as coisas são diferentes fora das paredes da academia, demonstrando o quanto é possível se deparar com situações que põem em risco a integridade moral, levando à reflexão em relação ao quanto os conhecimentos adquiridos no tocante aos valores morais podem vir a ser deixado de lado, seja motivado pela exigência de superiores, clientes ou até mesmo em benefício próprio. Assim, estudar a ética é imprescindível para aquisição do conhecimento nesta área e muito importante para o amadurecimento dos futuros profissionais, pois em tempos em que a corrupção se torna assunto frequente no meio público, e que os representantes dos três poderes que regem a república brasileira se envolvem constantemente em escândalos de corrupção, fica nítido que esta crise não é somente política, financeira e econômica, mas também de caráter, o que se faz necessário saber o quão relevante é a ética tendo em vista que a moral e a imagem do Brasil perante o mundo estão cada vez mais negativas. O meio profissional é o cenário que envolve os maiores conflitos relacionados ao tema e nas áreas em que a contabilidade atua a realidade não é diferente. Seguir uma conduta dentro dos padrões éticos é fator imprescindível para qualquer profissão, porém o desvio do profissional ainda acontece e muitas vezes motivados por seus próprios clientes na tentativa de burlar a legislação como forma de minimizar os gastos 12 e sua responsabilidade diante das obrigações, seja para com os empregados, clientes e principalmente, para o governo. A ética é a linha entre cometer fraudes e agir de forma correta perante as situações, é ela que diz quando e como se deve agir. Para tanto os profissionais Contábeis precisam conhecer o seu código de ética e a boa conduta da profissão, para que a sociedade tenha profissionais íntegros e que sejam exemplos para outras classes de trabalhadores. Com base no exposto surge para embasar o presente estudo, o seguinte questionamento: Os profissionais de contabilidade da cidade de Caicó/RN conhecem e atuam conforme o código de ética que rege a profissão? Afim de responder tal questionamento, este trabalho traçou como objetivo geral analisar o nível de conhecimento e a atuação dos profissionais de contabilidade da cidade de Caicó acerca do seu código de ética. Para que se chegue a tal ponto foram propostos objetivos específicos que irão dar um direcionamento mais preciso para que se alcance o objetivo geral e por conseguinte responda a questão problema, tais objetivos específicos são: conhecer o código de ética que rege o exercício da profissão contábil; compreender se o código de ética influencia na postura e atuação destes profissionais e, averiguar o nível de influência do Código de Ética do Profissional Contador na postura e atuação dos profissionais de contabilidade na cidade de Caicó/RN. Ao final desse caminho traçado, que deu o suporte necessário para que se alcance e responda o questionamento acima mencionado, alcançou-se todos os objetivos e culminou no resultado ensejado e na resposta para o problema. Em virtude da problemática relatada anteriormente, a ética profissional foi escolhida como área temática para este estudo por ser de fundamental importância quando se trata de comportamento profissional onde a justificativa mais coerente e coesa para a conduta de qualquer ato profissional é o julgamento do que é justo. Todo comportamento relacionado a atuação profissional tem sua legislação específica, ou seja, seu código de ética, que regulamenta e ampara a atuação do cotidiano profissional e norteia o que os profissionais devem ou não fazer perante as situações que permeiam as relações entre colegas, clientes e estado. Para este pesquisador o estudo tem grande importância, pois no meio contábil, assim como em todas as profissões, existem profissionais bons e outros que não atuam como deveriam, e estudar esse assunto contribuiu para o seu crescimento profissional e pessoal, vendo que as situações que o rodeiam o fazem refletir sobre o 13 nível de comprometimento que os profissionais têm para com a ordem e o progresso desse país a partir desse estudo sobre a ética. Esta pesquisa também tem sua contribuição para a comunidade contábil pois estudar a ética só melhora o ambiente organizacional de qualquer entidade, seja ela de primeiro, segundo ou terceiro setor, já que os efeitos da ética é uma das consequências diretas nas relações interpessoais, sejam entre os colaboradores, sejam entre estes e seus clientes. A academia também recebe o seu benefício, haja visto que os estudantes, durante sua formação acadêmica, aprendem e absorvem os conhecimentos que lhe são repassados em cumprimento da grade curricular específica de cada curso, onde no de Ciências Contábeis, por exemplo, vê-se o estudo da ética como fonte de conhecimento importante para o meio e, este trabalho por sua vez, pode contribuir reforçando o aprendizado sobre o assunto, podendo vir a gerar pesquisas futuras acerca da temática. Como toda obra tem sua estrutura, esta pesquisa também tem uma. Para a construção do trabalho foi utilizada a seguinte sequência, visando um maior esclarecimento sobre cada aspecto referente ao tema abordado: no primeiro capítulo tem-se a introdução onde é possível apresentar a contextualização do assunto, a problemática que o envolve, os objetivos (geral e específicos), e a justificativa. O referencial teórico é o tópico seguinte a introdução, onde nesta parte do trabalho será apresentada alguns conceitos sobre Ética, Conduta e Moral, a Ética contábil, como também o Código de Ética do Profissional Contador, encerrando esse capitulo com aspectos da Ética, Consciência e Comportamento e a Influência do Código Ética propriamente dito. No terceiro capítulo, tem-se a metodologia utilizada na pesquisa como também na elaboração do referencial teórico. Nesse tópico será demonstrado o que foi utilizado na construção do trabalho e de qual forma foi feito, tendo em vista por base outros estudos sobre a área em questão. Em seguida, no quinto capítulo, é demonstrado a análise dos resultados encontrados com a aplicação do questionário aos profissionais da referida cidade, sendo essa parte o ponto alto da pesquisa, pois é nesse momento em que se terá uma resposta para a questão abordada. Por fim, podem-se verificar as considerações finais acerca do assunto em questão, estabelecendo uma análise final sobre os resultados encontrados. Essa 14 parte vem abordar o que realmente foi encontrado a partir de toda a análise dos dados e de todoo levantamento teórico da pesquisa. 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 ÉTICA Como a maioria das ciências, a ética também nasceu na antiguidade onde seus estudiosos viveram muito antes de Cristo, como os filósofos Aristóteles, Platão e Sócrates, que fizeram suas primeiras reflexões acerca dessa ciência. Entretanto tal ciência, apesar de ser uma ciência antiga, os seus estudos são aplicados nos dias atuais. Assim, a ética pode ser considerada uma área científica dos tempos atuais, já que se tem estudiosos dedicados ao assunto nesses últimos séculos, como Nietzsche, Kant e Rousseau. Esta ciência surge de acordo com cada problema advindo dos relacionamentos entre os homens e suas respectivas épocas, onde Sánchez Vázquez (2012, p. 269) diz que as doutrinas éticas fundamentais nascem e se desenvolvem em diferentes épocas e sociedades como respostas aos problemas básicos apresentados pelas relações entre os homens, e, em particular, pelo seu comportamento moral efetivo. Dessa forma, compreende-se que a ética, além de surgir de acordo com cada problema durante a história, acaba se moldando segundo o contexto da época, em virtude dos fatos sociais que incluem a relação do comportamento humano e a moralidade de cada tempo. É uma ciência onde não existe uma área especifica do conhecimento, pois não é possível distinguir exatamente a sua especificidade, já que não existe um segmento do conhecimento que seja imune a influência da ética. A afirmação de Nalini (2013, p. 162) confirma exatamente isso, ou seja, “não existe área do conhecimento imune à influência ética. Mais importante do que diferenciar é incutir a relevância da vivência ético-moral nas criaturas”. Com essa confirmação, ele acrescenta que se deve mostrar a influência de tal ciência nos seres humanos e para eles, de modo que se perceba a atuação de cada um e seus reflexos em sociedade. Por ser uma ciência que abrange um grande espaço no mundo do conhecimento, existem vários fatores que a ética está diretamente relacionada, o que por sua vez se torna o objeto de estudo de tal ciência. Dessa forma, o tópico a seguir 16 vem tratar de assuntos que estão envolvidos nos estudos da ética, vem falar sobre a ética, conduta e moral no qual constituem um estudo voltado ao comportamento humano e por conseguinte é a estrutura do caráter e personalidade do homem e a influência em suas ações. 2.1.1 Ética, Conduta e Moral Um ramo científico estuda fatores de algum determinado tipo de ambiente, população ou organismos. Estuda um objeto ou algo afim de trazer alguma verdade sobre aquilo está sendo estudado. No campo da ética, isso não é diferente. Esta ciência estuda fatos e tem como objeto de estudo a conduta humana. Sánchez Vázquez (2012, p. 22) afirma que “a ética estuda uma forma de comportamento humano que os homens julgam valioso e, além disto, obrigatório e inescapável”, ou seja, o comportamento é algo essencial e não evasivo; o indivíduo segue mesmo que não queria ou de maneira impulsiva, pois faz parte da ordem natural. O comportamento humano é fator essencial no desenrolar das relações interpessoais, seja ele individual ou coletivo, pois é através das relações que se encontram os tipos de comportamento e, por conseguinte o objeto de estudo da ética. Assim, essa conduta que envolve as relações é um conjunto de ações, conceitos morais e atitudes que o homem responde a uma determinada situação por já ter aquilo preconcebido em seu caráter e sua mente, como afirma Sá (2013, p.15) em seu conceito genérico sobre conduta, quando diz que “a conduta do ser é sua resposta a um estímulo mental, ou seja, é uma ação que se segue o comando do cérebro e que, manifestando-se variável, também pode ser observada e avaliada”. Portanto, sempre que o indivíduo tende a se comportar de uma determinada forma, é em resposta ao estímulo que ele recebeu antes de agir. Com isso, entende-se que os fatores que formam a conduta de um indivíduo são antecedidos por um julgamento das coisas, que em sua consciência é avaliada como justas para o ponto de vista pessoal do ser ou do grupo ao qual está inserido. Por se tratar de um julgamento, essa racionalização é um problema, pois ao tentar julgar o que é justo pode-se acontecer que este não seja o ideal para todos ou até para si mesmo. Durant (2000) diz que o julgamento do que é justo é a justificativa para os atos cometidos pelo homem e que se torna o grande problema para a ética. 17 Porém, existe a sociedade onde o ser humano atua em comunidade e nela obviamente existem regras acerca do que se pode fazer e do que é coletivamente aceitável, constituindo uma moral na qual o homem se baseia para tomar decisões. Como fala Lisboa (2011, p. 114) “a palavra moral vem do latim mos, moris e significa costume. A moral estabelece regras de ação para o homem e só pode ser entendida quando observada duas realidades: a liberdade e o bem”. É no sentido da palavra que se explica o motivo da moral ser aceita pelo coletivo, porque sabe-se que o costume é algo em que todos estão habituados a fazer. Assim, a moral é a forma que o homem encontra para agir em sociedade, encontrando um juízo do que é bom e libertador para ele como também para o todo, tendo por base essas normas que são impostas por todos e para todos e as quais precisam ser respeitadas para a condução de uma vida em sociedade. 2.1.1.1 A Ética segundo uma visão micro e macroética Diante de algumas considerações já expostas, sabe-se que a ética é o conjunto de comportamentos, atos e pensamentos que o indivíduo julga ser valioso para si, levando-o a pensar que muitas vezes o julgamento feito acerca de determinada situação pode não ser aceito pelos demais indivíduos, gerando um certo comportamento individualista, pois cada um irá pensar e julgar da forma que mais lhe convém e que mais irá lhe agradar, levando a ética para o lado mais pessoal, ou seja, individual do ponto de vista egocêntrico. É por isso que o que é considerado correto para uns não significa que assim o será para os outros. Ninguém é ético somente para si mesmo, mas principalmente, em relação a um outro ser, e são essas pequenas relações interpessoais que são consideradas como a microética (Pegoraro, 2005). Assim, a microética demonstra que nas pequenas relações, apesar de sua exiguidade, devem existir o laço das boas condutas que a ética permeia, devendo levar em consideração o próximo, ou seja, o respeito ao outro. Já a Macroética, por sua vez, é diferente. Ela constitui-se das “ações coletivas da ordem econômica, tecnológica, industrial, científica, política e todas as decisões tomadas em grupos e entidades” (PEGORARO, p. 101, 2005). Este conceito vem explicar as relações que os indivíduos têm e que envolve grandes decisões, ou seja, o julgamento perante o coletivo, o motivo pelo qual se age em função do todo e de 18 todos. Exemplo disso são as eleições, onde um indivíduo, se eleito pela maioria, se propõem a governar perante o coletivo, tomando decisões em função do bem comum. Essas visões sobre a ética mostram o quanto a mesma influencia na tomada de decisão, podendo assim dizer que tanto nas relações interpessoais, seja de pequenos ou grandes grupos, a ética tem um impacto relevante sobre tais relações, tanto para as pessoas que tomam as decisões como as que tem que lidar com o efeito das mesmas. 2.1.2 Ética Profissional A ética, como já afirmado anteriormente, é uma ciência que estuda o comportamento humano, sendo este postulado por normas, leis e costumes. Pode assim dizer que a ética é o estudo do comportamento dos indivíduos enquanto sociedade. Nalini (2013, p. 33) reforça que a ética “é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade”. Contudo, a ética não se estende somente ao ambiente macro, mas também, as frações da sociedade, ouseja, a ética abrange religião, família, política, profissões e várias outras instituições que necessitam de regras e normas. Ao analisar o contexto exposto acerca da profissão, Borges e Medeiros (2007, p. 64) conceitua a ética profissional “como o conjunto de condutas técnicas e sociais exigidas por uma determinada classe aos membros que a ela são ligados”. Essa ética profissional estuda o comportamento moral de uma profissão acerca do exercício da mesma, ou seja, se uma profissão tem um nível ético baixo ela pode vir a gerar conflitos e consequências para a referida classe, como também para a parcela da sociedade que tal profissão abrange. Sobre isso, Santos e Jesus (2001/2002, p. 7) considera que: Uma profissão em que o nível ético é baixo, é porque os profissionais esqueceram seus compromissos mais básicos com seus semelhantes. Pois uma profissão realiza destino de grandeza quando os profissionais, que são seu patrimônio maior, crescem na dupla escalada do saber e da ética. Logo, se uma profissão ou um profissional tem um nível de ética baixo, os seus compromissos para com os semelhantes foram esquecidos; seus compromissos 19 para com a sociedade, comunidade e clientes ficaram a desejar enquanto realizadores de serviços os quais decidiram prestar e sobre os quais se comprometeram. A profissão, enquanto segmento voltado para a compreensão da ética, abordada na presente pesquisa, é o “trabalho que se pratica com habitualidade a serviços de terceiros” (SÁ, 2013, p. 147). Assim, a profissão é o ato de laborar constantemente a partir dos interesses das pessoas. Nalini (2013, p. 498) acrescenta que “o exercício de uma profissão pressupõe um conjunto organizado de pessoas, com racional divisão do trabalho, na consecução da finalidade social: o bem comum”. Assim, entende-se que a profissão é o trabalho prestado a serviço de terceiros, de forma organizada, sistemática e racionalmente lógica, com objetivo de satisfazer uma necessidade, desejo e/ou bem comum, onde o profissional além de trabalhar para si próprio e para terceiros, também contribui significativamente para o bem social. Em relação a profissão exercida oriunda da Ciência Contábil, Sá (2013, p. 148-149) diz que: a profissão contábil consiste em trabalho exercido habitualmente nas células sociais, com o objetivo de prestar informações e orientações baseadas na explicação dos fenômenos patrimoniais, ensejando o cumprimento de deveres sociais, legais, econômicos, tão como a tomada de decisões administrativas, além de servir de instrumentação histórica da vida da riqueza. Isso mostra que os profissionais da ciência contábil além de contribuírem com informações que ensejam a tomada de decisão nos ambientes organizacionais, contribuem também com as esferas sociais, de modo que sua conduta profissional seja exemplo para a sociedade e demais classes trabalhadoras, sendo por essa razão considerada uma ciência social. Assim pressupõe-se que toda ramificação da ética estuda uma área específica, porém o seu foco sempre é o mesmo, o comportamento. A ética profissional estuda o comportamento dos profissionais no exercício de determinada profissão, de determinada atividade laboral, a qual se tem postulado um código de ética específico para a classe trabalhadora em questão, e isso significa dizer que existem normas próprias as quais os profissionais de cada categoria devem seguir. 20 2.1.2.1 Ética nas Empresas Na sociedade como um todo existem tipos de relações entre as pessoas, seja ela profissional, social, familiar e/ou política. As relações se constituem em sua maior parte do tipo interpessoais, que são relações do indivíduo com outros indivíduos. Segundo o Portal Educação (2017)1, as relações interpessoais é a interação compartilhada entre duas ou mais pessoas, ou seja, é a capacidade que o indivíduo tem de se relacionar com os demais. No ambiente das empresas, também existem vários tipos de relacionamentos, e como já relatado, o indivíduo é um ser ético que julga o que é mais justo para si ou para com o todo, portanto os relacionamentos são permeados pelas dimensões que a ética alcança, tendo em vista até que ponto um comportamento pode atingir ou ser influenciado por outrem. Com isso entende-se que a dimensão em que a Ética alcançar começa quando outra pessoa aparece no cenário em que os indivíduos estão inseridos. Eco (2002, p. 9 apud COSTA, 2004 p. 19) diz que “a dimensão ética começa quando entra em cena o outro”, ou seja, em todo relacionamento existe a ética, seja ele em pequenos ou grandes grupos, nos quais as dimensões e os alcances de cada indivíduo são aparentes, como também suas opiniões e pensamentos permeando e conduzindo a convivência a qual deve estar alicerçada pelo princípio do respeito para com o próximo, pois sempre haverá formas de pensar e agir que serão divergentes uns dos outros em algum momento dos relacionamentos, mas que devem ser encaradas com benéficas e proveitosas para o enriquecimento de opiniões que elevam as ações sociais. No ambiente interno das empresas existe uma diversidade de tipos de relacionamentos, seja de colaborador para colaborador, colaborador e empresa ou empresa e clientes, o que torna os relacionamentos interpessoais e éticos constantes e presentes. Sabendo-se que na atualidade a crise que assola o Brasil não é somente política, econômica e financeira e que os cidadãos estão exigindo cada vez mais compromisso ético e moral, as empresas também devem seguir essas exigências. Por isso existem, pesquisadores que dizem que a maioria das empresas que seguem bons 1 Disponível em: < https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/relacionamento-interpessoal/22867 >. Acesso em: 21 set. 2017. 21 padrões éticos são empresas bem-sucedidas. Aguilar (1996, p. 12) afirma que “as empresas éticas são em geral mais bem-sucedidas”, isso demonstra claramente que, as empresas que levam a conduta, moral e ética a sério têm mais chances de se sucederem justamente pelo motivo de mostrarem ao público que o compromisso da organização é o de estar preocupado com o bem-estar dos seus clientes e colaboradores, visando uma satisfação por meio da boa conduta ética. Isso mostra o quanto a ética é algo bom, é o melhor caminho para se alcançar bons resultado e o sucesso da organização. De modo a reforçar tal compromisso ético das empresas, a legislação trabalhista brasileira também abre espaço para as organizações postularem normas éticas, a partir de regulamentos que normatizem o ambiente interno organizacional como um todo. No Brasil esse tipo de regulamento interno é amparado por lei, que em suma Brasil (1943) no 2Decreto Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943, em seu art. 444 diz que As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes. Essa parte da legislação dá o direito aos empregadores de imporem regimentos internos de como os seus empregados devem atuar na organização. Tal regimento é legal desde que não contrarie nem uma outra legislação, regulamento ou norma já imposta pelos órgãos fiscalizadores ou sindicatos. Assim, os regulamentos internos são definidos como textos reguladores que visam estabelecer uma relação do que deve ou não ser feito dentro das organizações. (ESTÊVÃO, AFONSO e CASTRO, 1996) Então a partir do momento em que a empresa institui um regulamento ético interno para o funcionamento da organização subtende-se que os valores empregados em tal regra são valores que já governam a empresa, de forma que os mesmos mostrem o que a empresa considera para amparar o comportamento dos seus membros,ou seja, o que é ético para a instituição (NALINI, 2013). Assim, por meio do que se expôs até então, pode-se afirmar que a ética para as empresas, são valores, costumes e comportamentos considerados como base para 2 Este Decreto Lei aprova a Consolidação das Leis Trabalhistas conhecida como CLT. 22 sua administração e continuidade, de tal modo que esses valores norteie a entidade em suas ações nas relações em geral. 2.2 ÉTICA CONTÁBIL A ética, como já exposto, é o conjunto de valores que o indivíduo ou empresa julgam ser ético e dão base para a atuação. A contabilidade tem como objetivo fornecer informações acerca de toda estrutura da empresa aos seus usuários, sejam estes de qualquer natureza organizacional. Isso é reforçado quando Iudícibus e Marion (1999, p. 53) estabelece que: o objetivo da contabilidade é o de fornecer informação estruturada de natureza econômica, financeira e, subsidiariamente, física, de produtividade e social, aos usuários internos e externos à entidade objeto da contabilidade. Assim, compreendendo o objetivo da ciência contábil, cabe adentrar na relação da Ética com a mesma. Viu-se que existe um relacionamento entre a Contabilidade e seus usuários, o qual deve ser amparado pela ética, haja visto o objetivo ora apresentado, onde o contador deve repassar informações reais e fidedignas, coerentes com a situação da entidade, gerando assim uma responsabilidade e compromisso para com o usuário da informação. Cunha e Colares (2012, p. 5) diz que: O profissional contábil assume uma responsabilidade significativa no mundo dos negócios, já que sua função é a de apresentar demonstrações financeira que evidenciem, de maneira fidedigna, a situação econômica das empresas. Caso estas informações estejam incorretas, os seus usuários podem ser prejudicados (bancos, acionistas, fisco, entre outros). Em complemento a isso, Iudícibus, Martins e Carvalho (2005, p. 14) dizem que, “como disciplina eminentemente social, todavia, a Contabilidade não pode ser imoral ou privilegiar, em prejuízo de outros, certos stakeholders3”. Sabendo que as 3 Segundo o Portal Administração, “Stakeholder é uma pessoa ou grupo que possui participação, investimento ou ações e que possui interesse em uma determinada empresa ou negócio”, portanto são investidores que influenciam em um determinado negócio a ponto de esse depender de tais investidores para a sua continuidade. Disponivel em: < http://www.portal- administracao.com/2014/07/stakeholders-significado-classificacao.html >. Acesso em: 21 out. 2017. 23 informações fornecidas pelo profissional contábil podem gerar consequências, sejam boas ou ruins, o contador tem o dever de ser ético. Portanto, a Ética Contábil é a relação entre o profissional da contabilidade e os seus usuários por meio de informações as quais devem transmitir a fidedignidade dos fatos acorridos. Dessa maneira, visando amparar as relações entre profissionais, clientes e a classe contábil em geral, o CFC (Conselho Federal de Contabilidade), em suas atribuições, instituiu o Código de Ética do Profissional Contador (CEPC) (BRASIL, 1996), de modo que tais relações sejam permeadas por uma moralidade justa, uma boa conduta e a ética bem fundamenta nos preceitos já expostos. 2.2.1 O Código de Ética do Profissional Contador (CEPC) Em todas as profissões existe uma norma ou algo que postule o que o profissional deve fazer, como fazer e quando fazer. O código de ética faz menção as normas de relações práticas de conduta para os profissionais e como e quando eles devem agir. Lisboa (2011, p. 58) diz que “um dos objetivos do código de ética profissional é a formação da consciência profissional sobre padrões de conduta”, ou seja, estimular o profissional a construir um pensamento positivo acerca da profissão e de como se age e contribui para o bem comum de toda a sociedade. Para o profissional da contabilidade isto não é diferente! De acordo com a Resolução nº 803/1996 do CFC (BRASIL, 1996) que aprova o código de ética da classe contadora e todas as suas diretrizes, este demonstra o mesmo objetivo que a alusão de Lisboa (2011) retratou anteriormente. Entretanto, se faz necessário dizer que alguns de seus dispositivos foram revogados por três outras resoluções, a Resolução nº 819/1997, a 950/2002 e a 1307/2010. O Código de Ética do Profissional Contador, através da Resolução nº 803/1996 em seu Art. 1º, revogado pela Resolução nº 1307/2010, Art. 2º, ambas do CFC, mencionam o objetivo do referido código como sendo o de fixar a condução do exercício profissional contábil (BRASIL, 1996). Assim, o Código de Ética do Profissional Contador postula diretrizes e normas a serem seguidas no exercício da profissão contábil, sendo considerado a bússola que conduz o profissional a agir conforme a boa conduta profissional da classe, assim como regem os respectivos códigos de ética de outras profissões. 24 Além do seu objetivo, o CEPC4 em seu Art. 2º, inciso I, revogado por Brasil, na Resolução nº 1307/2010 do CFC, nos Artigos 3º e 4º falam sobre os deveres do profissional contábil, dentre os quais tem-se praticar o exercício profissional com honestidade, observando os princípios e normas contábeis (BRASIL, 1996). Observa-se que além de obedecer às normas do CEPC é preciso ainda atentar-se para a legislação vigente, os princípios e as normas brasileiras de contabilidade, fundamentais para o exercício da profissão contábil, pois também, são deveres dos profissionais obedecerem a tais princípios e normas brasileiras, e resguardar os interesses de seus clientes ou superiores. Outro fator relevante que merece destaque é o que está ressaltado no inciso II do mesmo artigo, na Resolução nº 803/1996 do CFC, que fala sobre a importância do sigilo profissional do contador para com os seus clientes (BRASIL, 1996). O sigilo é um ponto importante no processo ético da profissão contábil pois o contador tem uma relação de confiança com seu cliente em função das informações sobre a situação da empresa, incluindo os dados pessoais. Tais informações condizem com a realidade da empresa e das pessoas que a compõem, e a quebra do sigilo a cerca dessas informações geraria conflitos entre as partes e consequentemente problemas que levariam a renúncias quanto a prestação dos serviços contábeis. Cabe destaque também que a ética profissional ampara que o contador, no exercício de suas atribuições, pode renunciar seu trabalho no momento em que o mesmo se achar incapaz de cumprir com suas obrigações enquanto profissional. Isso está bem claro no inciso VI, Art 2º da resolução mencionada anteriormente (BRASIL, 1996). Assim, se o profissional contábil tiver ciência e consciência de que o seu conhecimento técnico e prático não pode alcançar os objetivos e interesses de seus clientes, o mesmo pode comunicar aos mesmos que não é capaz de assumir tal responsabilidade, pois se sente impossibilitado de cumprir as possíveis demandas que o cliente possa exigir. 4Antes de continuar a falar sobre o CEPC, é importante ressaltar que somente serão apresentados alguns pontos da resolução referente ao código de ética pois discorrer sobre toda a resolução não seria interessante para esta pesquisa. Entretanto, é importante ressaltar que todos os pontos a serem tratados a seguir não são mais importantes dos demais que não serão abordados neste trabalho. 25 O código de ética elenca também os deveres para o profissional da área contábil, onde dois deles merece destaque. Um deles seria a Educação Continuada que esclarece acerca da importância que os profissionais devem ter em procurar se atualizarem sobre toda e qualquer mudança na legislação e demais assuntos que orientem e/ou interfiramnas atividades profissionais. E o outro seria a respeito da contribuição que a própria classe contadora pode fornecer quanto a fiscalização das atividades desempenhadas. A Resolução do CFC nº 803/1996, em seu Art. 2º, incisos X e XII, alterados pela Resolução do CFC 1307/2010, em seus Artigos 5º e 7º, abordam a importância em relação a educação continuada (BRASIL, 1996), ou seja, o profissional deve está em estudo contínuo das atualizações e mudanças que a profissão possa vir a ter durante o tempo, assim sendo considerado um incentivo para melhorar a qualidade na prestação dos serviços contábeis. Contudo, o contador também é responsável por fiscalizar a própria profissão, em função de denunciar más condutas de seus colegas de classe, sendo portanto, um instrumento fiscal contra a corrupção na contabilidade. O contador ainda que tenha estes deveres relacionados a educação continuada e a fiscalização do exercício profissional, não pode prejudicar ou tolher seus colegas profissionais. Por exemplo, não é permitido fazer propagandas divulgando que seus serviços são os melhores, ou que seus preços são os mais vantajosos, pois isso enseja que os serviços ou preços dos outros contadores são, em geral, malsucedidos ou fora do padrão de mercado. No Código de Ética do Profissional Contador, em relação as suas atribuições, não se deve fazer anúncios que venha a diminuir a classe contábil ou colega. Esta informação encontra amparo no Art. 3º, inciso I, revogado pela Resolução 1307/2010, Art 8º e 9º, do CFC (BRASIL, 1996). Portanto, propagandas de serviços, marketing empresarial da empresa contábil e/ou anúncios de promoções de serviços que possam conter conteúdo que diminuam colegas e a própria classe contábil fica vedado a qualquer profissional. E retomando um pouco ao artigo que trata do dever de auxiliar na fiscalização da profissão, tem-se que as propagandas, marketing e anúncios dolosos a profissão, também são objetos a serem fiscalizados. Ainda nesse sentido de verificar se os contadores estão usando de má fé, má conduta, imoralidade ou sendo antiéticos no exercício de suas atividades, Brasil (1996) em seu o Art. 3, inciso II, diz que “assumir, direta ou indiretamente, serviços de 26 qualquer natureza, com prejuízo moral ou desprestígio para a classe”, quer dizer que o profissional da contabilidade não pode assumir uma responsabilidade de forma leviana, podendo levar a uma prestação de serviços de má qualidade e trazer para a classe uma visão socialmente antiética e imoral. O inciso VII deste mesmo artigo, vem com um texto referente aos honorários de serviços prestados por terceiros, portanto o artigo mostra que “valer-se de agenciador de serviços, mediante participação desse nos honorários a receber”, ou seja, facilitar a prestação de serviço para outrem afim de receber parte dos honorários do labor do profissional que prestou o serviço em si, é uma infração ao código. Pode- se dizer que isso é ganhar em cima do serviço de terceiro. Durante as rotinas dos escritórios, empresas e clientes em geral que são assistidos pelos serviços contábeis, ocorrem situações em que os profissionais da contabilidade se veem em uma posição na qual podem levar os usuários da contabilidade a fazerem o correto ou errado. Devido a isso, o contador deve ter consciência e conhecimento do que ele vai aconselhar, por isso que o Art. 3º, Inciso XIII, revogado pela Resolução do CFC nº 1.307/10, veda ao profissional que aconselhe os clientes empregadores a agirem de modo que vá de encontro a legislação e os princípios contábeis (BRASIL,1996). Esse tipo de ocorrência, muitas vezes acontece para agradar os desejos do cliente, porém é um ato de imprudência e imperícia dos profissionais, ao assumirem determinadas responsabilidades sem terem dimensão do quão complexo pode ser o serviço, fazendo isso pelo motivo de ter o cliente como seu credor. Esse fato de imprudência e imperícia é previsto no Código de Ética do Profissional Contador, em seu Art. 3º, inciso XXIV, revogado pela Resolução do CFC 1307/2010 em seu Art. 13º, que fala a respeito da prestação de serviços que demonstram incapacidade técnica, ou seja, o profissional não está apto a desempenhar os serviços mas ainda assim força a atuação, comprometendo toda a classe contábil. Desse modo, o contador não pode exercer a profissão demonstrando a incapacidade técnica, e isso remete ao Art. 2º no inciso VI do CEPC, que já foi citado anteriormente. Conclui-se a partir disso, que além de ser um dever do contador renunciar os seus serviços caso reconheça ser incapaz, é também uma proibição assumir serviços com o mesmo caráter. 27 Ainda segundo Brasil (1996), na resolução que aprova o código de ética, no seu Art. 6º e seus 5incisos, revogado pela Resolução do CFC nº 1.307/10 no seu Art. 17º, orienta que os honorários contábeis devem ser previamente fixados segundo alguns requisitos, levando em consideração a complexidade dos serviços, a dificuldade, o tempo, o resultado, a peculiaridade, o local e a possibilidade de ficar impedido de prestar os serviços acordados. Sabendo que o Código de Ética institui tais orientações, os profissionais que não obedecê-las poderão estar incorrendo em um ato de má fé. Este tipo de conduta pode acontecer, por exemplo, quando em épocas de declaração de imposto de renda da pessoa física, os profissionais, na tentativa de auferir mais clientes, institui um preço abaixo da tabela, contrariando o que regulamenta o 6Sindicato dos Contabilistas do Estado Rio Grande do Norte, cujo preço para esse tipo de serviço é de 10 (dez) a 20 (vinte) por cento do piso da categoria. Assim, além de descumprir o CEPC, gera um prejuízo no carácter ético e profissional da categoria contábil em geral. Ao relacionar o artigo citado anteriormente, e o Art. 8º da mesma resolução, que foi revogado por Brasil (1996) na Resolução do CFC nº 1.307/10 em seu Art. 20º, tem-se que é vedado competir ou oferecer serviços a partir dos preços de seus honorários, configurando assim uma concorrência desleal. A relação entre essas duas diretrizes está no fato dos descumprimentos dos elementos para a fixação dos honorários, pois o profissional pode reduzir os seus honorários para atrair ou fixar o cliente. Isso acontece em licitações, que exigem muitas vezes o menor preço, fazendo com que os licitantes entre em competição para garantir a sua receita mensal, mesmo que os honorários não sejam de acordo com os requisitos ou com o estabelecido pelo sindicato da classe. Apesar das vedações apresentadas, o profissional precisa atentar-se aos deveres em relação as normas de conduta, considerando seus colegas de profissão. O Art. 10 da resolução que aprova o CEPC, revogado pela Resolução CFC nº 1.307/10, em seu Art. 22 demonstra tais deveres perante as normas de conduta profissional (BRASIL, 1996). Assim, o profissional não deve fazer referências que prejudique os demais, é vedado aceitar cargos que comprometam o interesse e a imagem da classe e não 5 Embora a redação do art. 6 do CEPC tenha sido revogada, os seus incisos não foram alterados pela Resolução CFC nº 1.307/10. 6 Tal tabela de honorários está disponível para o acesso em: < http://sindcontrn.org/wp- content/uploads/2016/07/TABELA-HONORARIOS-SINDCONTA-2017.2018.pdf >. 28 deve se apropriar de trabalhos e ideias dos colegas. Por fim, tem-se o mais básico dos deveres para manter qualquer tipo de relacionamento, evitar desentendimentos entre os profissionais, de modo que não ocorra desrespeito e não impossibilite a constituição de alguma relação, seja ela profissional ou até mesmo pessoal. Em relação à classe, há de se observar os deveres relacionados ao conjunto de profissionais apresentados no Art. 117 do código de ética da classe contábil, revogado por Brasil (1996) na Resoluçãonº 1.307/10 do CFC, em seu Art. 23, onde o profissional Contábil deve prestar concursos, zelar pelo prestígio da classe, do profissional e de suas instituições, aceitar cargos de dirigente em entidades da classe, acatar as resoluções eleitas pela classe em todos os âmbitos, além de cumprir e zelar o CEPC. Não deve julgar a classe de forma que a deprecie, ou seja, os profissionais devem contribuir com as investigações de órgãos competentes acerca da má administração das entidades de classe e por fim, jamais usar cargo de dirigente em entidades de classe em seu próprio benefício. Em relação as práticas que vão contra as diretrizes deste CEPC, estas geram punições para o profissional, as quais estão previstas na Resolução do CFC nº 803/1996, em seu Art. 12, incisos I, II, III, dispostas segundo a gravidade da infração ao código de ética (BRASIL,1996). A primeira penalidade fala em advertência reservada, a qual seria comunicar ao profissional que cometeu ato infrator resultante de transgressão ao código de ética e se cometido novamente poderá ocasionar em outra penalidade, que pode ser a segunda na sequência do referido artigo supracitado. A segunda penalidade é a censura reservada, que segue o mesmo sentido da primeira, porém o comunicado é feito de forma incisiva, fazendo uma repreensão particular ao profissional a respeito de suas práticas não se repetirem e por fim, tem- se a censura pública, que como o próprio nome diz, é um comunicado público onde todos têm consciência de que o contador infrator é antiético e as práticas dele geram consequências, dentre elas a perda do registro no Conselho Regional de Contabilidade (CRC). Além dessas penalidades, existem as aplicações de sanções, consideradas atenuantes ou agravantes, segundo o Art. 12, em seu § 1º, incisos I, II e III, alterados pela Resolução do CFC 1307/2010, no Art. 24 (BRASIL, 1996) 7 Salienta-se que a redação do artigo foi revogada mais os seus incisos continuam com a mesma redação. 29 Essas sanções ocorrem para que possa defender a melhoria da profissão, como também são feitas em função de não ter uma punição ética anterior a aplicação da sanção; e outra parte que as sanções atenuantes abrangem é em relação a prestação de serviços a classe contábil, isso quer dizer que as sanções podem ser em favor do profissional ou não, sendo portanto uma forma positiva de incentivar ou uma forma de reprimir que determinada situação se repita. Já as sanções agravantes estão estabelecidas no § 2º, Art. 12, também alterado pela Resolução do CFC 1307/2010, que diz o seguinte: § 2º Na aplicação das sanções éticas, podem ser consideradas como agravantes: I – Ação cometida que resulte em ato que denigra publicamente a imagem do Profissional da Contabilidade; II – punição ética anterior transitada em julgado. (BRASIL, 1996) Pela leitura desses dois parágrafos, tem-se que as sanções atenuantes são para infrações antiéticas menos graves e que são passíveis de redução de penas aplicáveis. Já a aplicação de sanções agravantes, são para as infrações muito graves não passíveis de redução das penas aplicáveis. Seja qual for a sanção, esta segue a linha de somente reprimir os atos que denigram a classe contábil. Apesar disso, o próprio código de ética ainda prevê que se o profissional entender que houve alguma injúria pública ou injustiça, o mesmo pode requerer ao CRC que seja revisto tal ato e ainda seja desagravado, ou seja, ele pode pedir uma revisão de sua punição por perceber que houve algum exagero na pena que foi aplicada. Isso vem formulado no Art. 14 de Brasil (1996), Resolução do CFC 803/1996, revogada por Brasil na Resolução do CFC 1307/2010, Art. 26. O último artigo do código de ética do profissional contador diz que este é aplicável tanto aos contadores, quanto aos técnicos em contabilidade, assim instituído por Brasil (1996) na Resolução do CFC 803/1996, em seu Art. 15, criado pelo Art. 28 de Brasil, Resolução do CFC 1307/2010. Art. 15. Este Código de Ética Profissional se aplica aos Contadores e Técnicos em Contabilidade regidos pelo Decreto-Lei nº. 9.295/46, alterado pela Lei nº. 12.249/10. Assim, todo e qualquer profissional da contabilidade, seja ele técnico ou bacharel, deve seguir as diretrizes desse código de ética, em função de ser conduzido 30 para a melhoria da prestação de serviços segundo a ética empregada para os contadores através dessa resolução. Após essa explanação sobre o Código de Ética do Profissional Contador (1996), percebe-se que este código apresenta deveres e obrigações a serem fielmente cumpridas, os quais incentivam o contador a agir de maneira correta, colaborando para o seu crescimento enquanto profissional e para a classe, fazendo com que se evite a degradação da profissão. 2.3 ÉTICA, CONSCIÊNCIA E COMPORTAMENTO O homem tem um tipo de comportamento para cada situação especifica, ou seja, cada um age da forma que lhe é conveniente e mais agradável. Para isso acontecer se precede um julgamento, no qual o indivíduo reflete como irá agir, ou seja, como ele irá se comportar. Assim, o indivíduo terá que avaliar os seus conceitos, valores e comportamentos para ter consciência do que é ético, para ter um propósito de agir. Em sua consciência ética, o indivíduo tem que analisar a forma de conduta dos seus semelhantes para uma concretude do que lhe é mais correto, eticamente falando. Então a consciência ética é um estado no qual o indivíduo realiza julgamentos que darão ensejo para uma ação baseada na boa conduta, onde Sá (2013, p. 66) reforça que: A consciência ética, portanto, é esse estado decorrente de mente e espírito, através do qual não só aceitamos modelos para a conduta, como efetivamos julgamentos próprios; ou ainda, nos condicionamos, mentalmente, para a realização dos fatos inspirados na conduta sadia para com nossos semelhantes em geral e os de nosso grupo em particular e também realizamos críticas a tais condicionamentos. Dessa forma, tendo consigo os valores da boa conduta, segundo um julgamento individual que proporcione a consciência do que é ético antes da realização da ação, e vendo que a ética, assim como a conduta e a moral permeiam essas ações, possam guiar o indivíduo em frente aquilo que lhe é posto. O ser humano em questão deve adquirir conhecimento que lhe dê base para suas ações, aspirações e conclusões. Para que o indivíduo adquira tal saber, Matos (2011, p. 42) elenca os pontos do processo para a obtenção do conhecimento, são eles: 31 Informação (como estímulo básico); Conhecimento (como retenção – memorização – da informação relevante); Compreensão (que torna aplicável o conhecimento); Aplicação (significa pôr a prova); Avaliação (implica validar ou não, enriquecer ou corrigir a informação); Nova informação (decorrente do processo avaliativo). O autor demonstra um ciclo de aprendizagem onde o indivíduo obtém a informação, a absorve transformando-a em conhecimento, a compreende, aplica o que aprendeu, avalia o seu resultado para então fornecer um retorno (o feedback), onde começa tudo novamente em busca de uma nova informação a partir do seu resultado. Essa linha de aprendizagem é aplicável também para a aquisição do conhecimento sobre a ética, pois o indivíduo adquire conhecimento dessa ciência a partir dos conceitos já expostos, podendo utilizar a linha de raciocínio de Matos (2011), onde o ser humano reage ao estimulo para obter informações sobre o que está acontecendo e antes de agir tem seu julgamento que é a memorização da informação, ou seja, absolvendo o conhecimento e o compreendendo aquilo que está contido na informação. Em seguida o ser humano põe em prática e aplica o que aprendeu afim de se chegar ao objetivo. Após essas etapas, haverá de acontecer suas consequências a partir de seusatos, sejam elas boas ou más para que o indivíduo possa fazer a avaliação do que praticou. Por fim, tem o resultado das ações, que são as consequências que podem levar a ocorrência de novas ações, por que o resultado gera uma nova informação que pode analisar, absolver, praticar, avaliar as informações e gerar um outro resultado, ou seja, é um ciclo contínuo que o indivíduo se submete para a aquisição de conhecimento. Considerando as ideias expostas, o comportamento humano é o objeto de estudo da ética e isso faz pensar claramente o quanto a ética influencia na conduta, na moral e no julgamento do indivíduo, fazendo-o agir com coerência segundo as normas incorporadas ao seu caráter. Isso se faz importante pelo fato de que é necessário existir a ética para que a sociedade tenha melhor convivência e que as pessoas possam se relacionar umas com as outras. Arruda, Ramos e Whitaker (2003, p. 22) diz que “a ética não é somente uma questão de conveniência, mas também uma condição necessária para a sobrevivência da sociedade”. É, portanto, um dos fatores mais importantes para o comportamento do homem e para a sobrevivência de 32 todos, pois no momento que um indivíduo age dentro de um contexto em que sua conduta ética é moralmente aceita, e os demais também agem da mesma forma, gera uma convivência estável em sociedade. Apesar de cada um ter em mente a sua ética, por assim dizer, um ser individual, o homem tem a necessidade de viver coletivamente com os demais para que possa crescer, não somente pelas suas necessidades, mas pelo desejo de que o próximo cresça junta a ele e possa contribuir para a sociedade da mesma forma que o mesmo contribui, levando o indivíduo a pensar nos problemas sociais e humanitários afim de mostrar que ele é importante para tal propósito. Sobre isso, afirma Camargo (2013, p. 49) expondo que Embora cada pessoa seja uma em sua individualidade, algo irrepetível e até certo ponto insondável, entretanto ela precisa conviver com outras para se desenvolver como ‘ser humano’; isto não só por necessidade física, especialmente nos primeiros anos de vida, mas por uma questão afetiva e intersubjetividade: todas as pessoas sentem necessidade de penetrar na intimidade psíquica de uma outra pessoa e deixar-se penetrar por ela. Apesar da necessidade que o homem tem de conviver em sociedade e de querer se tornar íntimo dos demais, sabe-se que cada ser tem sua interpretação sobre o que é conduta, ética e moral, levando-o a crer que aquilo lhes é mais conveniente e mais correto e que os demais também optam por tal opção, pois assim a consideram. Por isso, a perspectiva da moral sobre as classes sociais mostra que apesar de cada um ter o seu entendimento individual sobre o que é justo, moral e ético, as relações devem ser permeadas com isonomia, ou seja, com limites iguais para todos, sem ninguém impor nada a ninguém, como afirma Barroco (2010, p. 45) quando diz que “nas sociedades de classes, a moral cumpre uma função ideológica precisa: contribui para uma interação social viabilizadora de necessidades privadas, alheias e estranhas às capacidades emancipadoras do homem”. Assim, a função ideológica da moral é equilibrar as necessidades privadas de cada indivíduo, para que tais anseios sirvam de base unificadora para as relações sociais, e que estas estabilizem o bem-estar de todos, como também se torne um dos pilares que sustentem a sociedade. Em síntese, a ética, a moral, a conduta, os princípios e as crenças/costumes do indivíduo, seja enquanto profissional ou enquanto um ser em sociedade, devem 33 contribuir para com o todo, seja a classe dos profissionais ou a sociedade onde está inserida, pois tais elementos são importantes para as próprias convicções e propósitos do indivíduo quanto as convicções e propósitos da sociedade. É devido a isso que a sociedade ainda consegue sobreviver, pois se houvesse uma época ou lugar em que não houvesse preceitos éticos, morais e de conduta, poderia haver a impossibilidade de existência de uma sociedade em que os homens pudessem conviver em harmonia ou não haveria uma sociedade de seres racionais, o que poderia acarretar em consequências desastrosas onde os costumes morais, honestos e éticos acerca de como se deve agir, pensar e se portar nas mais variadas situações profissionais e de convivência humana, se perderiam e a sociedade não seria um ambiente de convivência pacífica. 2.3.1 A Influência do Código de Ética na Postura e Atuação Profissional A influência da ética vai muito além do simples praticar, pois o processo para adquirir o conhecimento para que se tenha consciência do que é ética, demonstra que o indivíduo necessita estar em convivência para que o saber seja absorvido. Porém, se espera, que o comportamento das pessoas seja fortemente influenciado pelas condições que está ao seu redor, da mesma forma que, pelas informações adquiridas nas experiências da vida em seu cotidiano. (LISBOA, 2011) O conhecimento que cada um tem acerca do que é ser ético ou o que é ética, muitas vezes, pode levar a conflitos por causa dos princípios éticos-morais que o indivíduo tem como valiosos para si. Entende-se que o comportamento que o homem tem é completamente individual, pois o mesmo influencia e é influenciado pelo lugar onde está inserido, mostrando que cada pessoa tem uma reação diferente para a mesma situação, o que se explica pela própria divergência entre os seres e de como estes foram submetidos a ocorrências diárias e contextuais. No meio profissional não é diferente, pois muitas vezes o profissional é posto à prova em relação as suas crenças, considerando situações encontradas no dia-a- dia. Diante dessas situações, muitas vezes, o profissional chega a deixar de lado seus princípios éticos-morais para lidar com o problema em questão, para que possa agir em conformidade com o código de ética daquela classe, pois os seus princípios podem não vir a ser aceitos segundo tal código, levando a ser julgado como não ético. Lisboa reflete acerca do exposto da seguinte forma: 34 Considerando-se que cada pessoa não pode viver sem as demais, torna-se necessário que seus conflitos de interesses sejam ultrapassados e que seja estabelecido um estilo de comportamento que, mesmo não servido a cada um em particular, sirva a todos enquanto sociedade. (LISBOA, 2011, p. 21-22) Isso leva a compreender que em seu exercício profissional, o indivíduo não deve fazer o que acha melhor para si em particular, mas deve agir de forma que seu comportamento seja para o bem comum e sirva de exemplo para todos, contribuindo para a boa conduta e a moralidade dos bons costumes profissionais e éticos estabelecidos em uma sociedade. Como o Código de Ética do Profissional Contador é uma norma que obriga o profissional a agir de acordo com um certo tipo de padrão, o indivíduo fica direcionado a praticar ações que respeitem as normas impostas no referido Código. Assim, quando se tem uma situação em que o indivíduo deve tomar uma decisão que o leve a beneficiar a si próprio ou beneficiar outros, o profissional deve redefinir suas posições para que o CEPC prevaleça e não ocorra infração ao mesmo. Alves (2005, p. 111) explica a relevância em aderir ao código, explicando que: A adesão ao Código de ética é representada pelo cumprimento das normas de conduta profissional. Aderir ao Código significa que o profissional compreende o seu dever em cumprir as normas da profissão. Essa obediência ao CEPC não decorre apenas de seu caráter punitivo, se descumprido, mas principalmente da percepção do profissional de que esse conjunto normativo é útil como guia de conduta e reconhecido, de maneira espontânea, como um importante aspecto da atividade profissional. O autor mostra que a adesão ao código de ética é importante, pois as suas diretrizes são consideradas um guiapara a conduta profissional e proporciona um direcionamento com foco na boa qualidade e em características positivas que servirão de guia para o exercício profissional e o estabelecimento de uma classe atuante no mercado. Entretanto, o autor ressalta também, um ponto importante, ele explica que um dos motivos de adesão ao CEPC, são pelas possíveis punições oriundas do descumprimento do mesmo, mostrando que o caráter, seja pela contribuição e orientação quanto as boas práticas contábeis, não deve desconsiderar a existência 35 de fatores externos que também influenciam na atuação profissional do contador e na aceitação do Código. Porém, estes fatores são considerados insuficientes para que o profissional possa tomar uma decisão acerca das situações do cotidiano. Fatores como escolaridade, experiência profissional, idade, religião e outras variáveis que também influenciam na construção da moralidade do indivíduo e aceitação ou não do código de ética da profissão (ALVES, 2005). As influências proporcionadas pelo código, apesar de serem bastante evidentes nesses conceitos abordados, elas são relativas, pois ao se deparar com as situações do cotidiano o profissional pode agir de acordo com o Código Ética ou de acordo com seus valores. Pois existe a possibilidade de o indivíduo optar institivamente pelos seus valores morais ou pelo próprio código (no caso do profissional da contabilidade) dependendo da situação de que se trata e do ceticismo profissional e pessoal do mesmo. 36 3 METODOLOGIA A metodologia utilizada na elaboração do trabalho em questão deriva de vários pontos que dão estrutura a um método científico e que dá base para construir o objeto que circunda este estudo. Alexandre (2014, p. 3) diz que Um método científico é a forma de proceder para construir um objeto, que não deve ser imposta previamente, mas sim, deve ser construída ou reconstruída durante a própria pesquisa, introduzindo, frequentemente, um ou vários modelos metodológicos de pesquisa já existentes. Por assim dizer, o autor reforça que o método científico é imprescindível para construir o objeto do trabalho e por conseguinte a pesquisa propriamente dita, onde tais métodos possam vir a ser utilizados já que existem e servem de modelos para trabalhos científicos. 3.1 TIPO DE PESQUISA Assim, a natureza dessa pesquisa, é um estudo básico. Pois não há interesses em aplicações práticas e somente envolve verdades e interesses macros, de forma que explana um assunto a nível bastante abrangente, não se delimitando a tão somente uma parcela da população, ou seja, esta pesquisa não se delimita a tratar de uma parcela social, por exemplo a classe contábil. A abordagem desse estudo, pelo ponto de vista do assunto, mostra que esta pesquisa tem caráter qualitativo pois o pesquisador é o instrumento-chave para a análise dos dados coletados no questionamento feitos aos profissionais. Assim, os dados coletados são possíveis de serem traduzidos em números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las e requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas, como por exemplo o percentual (MARTINS e BICUDO, 1989). Ainda pode-se dizer que esta pesquisa é descritiva, pois segundo os seus objetivos, tal pesquisa visa descrever algumas características dos profissionais que responderam o questionamento na referida cidade e envolve o uso de técnicas específicas para os dados, como o questionário, que será o instrumento utilizado nesta pesquisa. 37 Contudo, este estudo também é considerado exploratório, pois envolve levantamento bibliográfico para o embasamento teórico e científico acerca da temática. “O estudo da literatura pertinente pode ajudar a planificação do trabalho e representa uma fonte indispensável de informações” (MARCONI e LAKATOS, 2003, p. 158). Portanto, o estudo dos acervos bibliográficos que esta área científica atua, é imprescindível para a construção deste, de modo que auxilie como fonte e base a fundamentação desta pesquisa. Além disso, este estudo visto pelos procedimentos técnicos é uma pesquisa bibliográfica, pois foi elaborada com fundamentação teórica em materiais publicados, como livros, bibliografia disponíveis na internet, e artigo de periódicos (GIL, 2010). Portanto, a base para a construção desse trabalho são outros estudos aplicados nessa mesma área e afins. 3.2 LÓCUS DA PESQUISA Esta pesquisa foi realizada na cidade de Caicó/RN na qual hoje tem uma população de aproximadamente 70.000 mil habitantes, segundo o site do IBGE8. Assim, a sua grande população foi levada em consideração no momento da escolha do lócus desta pesquisa, pois nessa cidade há uma grande concentração de escritórios de contabilidade que prestam serviços voltados não apenas ao município, mas a toda Região Seridoense do estado, como também a estados vizinhos. 3.3 SUJEITOS DA PESQUISA Foram envolvidos nesse estudo, trabalhadores que colaboram com o desenvolvimento da atividade contábil na cidade de Caicó/RN, cujos profissionais, necessariamente detêm o conhecimento da área contábil, alguns em formação acadêmica e outros já graduados ou pós-graduados. Dentre os profissionais pesquisados, uns devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade e outros não, variando entre contabilistas graduados e técnicos em contabilidade, mas todos trabalhando na área da Ciência Contábil e seus afins. 8 Disponivel em: < https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/caico/panorama >. Acesso em: 15 dez. 2017. 38 3.4 INSTRUMENTOS PARA PESQUISA Foi usado nesta pesquisa, como instrumento de coleta de dados, o questionário com questões objetivas, onde o respondente opta por uma das respostas sugeridas nas alternativas da referida indagação. Günther (2003) diz que o questionário é um instrumento importante para a pesquisa pois ele coleta dados, que traduzem o perfil de quem foi entrevistado, portanto demonstrado as características do indivíduo através da coleta de suas opiniões, pensamentos, sentimentos e educação. O questionário é considerado uma ferramenta importante para a pesquisa, e foi escolhido como instrumento pois garante o sigilo acerca das informações coletados. Todas as questões são iguais para todos os profissionais, ao quais responderem proporcionando dados suficientes para auxiliar na análise em busca da resposta para a solução da questão problema, dando uma isonomia para os entrevistados. Por se tratar de um questionário com indagações que em parte é subjetiva, o que caracteriza uma consequente abordagem da pesquisa qualitativa, a forma de análise que será utilizada é a microanálise, que segundo Strauss e Corbin (2008) essa forma de análise é feita a partir de interpretações e exames minuciosos do conteúdo encontrados nos dados coletados. Assim, por meio dos dados obtidos nas respostas do questionário aplicado, foi possível analisar e se chegar a considerações finais acerca da mesma. Para a análise de tais dados foi aplicado o método indutivo, pois o que se busca neste trabalho é apresentar se há ou não a prática da ética por parte dos profissionais de contabilidade da cidade de Caicó/RN e se os mesmos têm algum conhecimento do que é ética ou ser ético. Gil (1987, p. 29) diz que o método indutivo “parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares”, ou seja, este método parte de um princípio que posteriormente será confirmado ou não. E o mesmo autor ainda completa dizendo que o raciocínio desse método deve ir em busca de constatar os fatos e analisá-los para que possa afirmar a sua conclusão com uma base concreta (GIL, 1987). Dessa forma, esse método busca afirmações nas quais só possam ser demonstradascom base em uma pesquisa anterior, para que não dê margem a proclames incertos e irrelevantes para área científica em questão. 39 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS Esta pesquisa foi realizada com trinta colaboradores de diversas empresas de contabilidade da cidade de Caicó/RN, na qual visou-se analisar o nível de conhecimento e a atuação dos profissionais de contabilidade desta cidade acerca do seu código de ética, obtendo assim os resultados expostos a seguir. Na primeira questão foi indagado o que eles entendiam por ética, cujo resultado está apresentado no gráfico abaixo. Gráfico 1 – O que você entende por ética? Fonte: Dados da pesquisa, 2017. Como demonstrado, 10% dos entrevistados afirmaram que ética é uma educação moral, já 23% responderam que ética é uma base para a construção de uma postura comportamental. Dos respondentes em questão, 33% disseram que entendem a ética como sendo regras que orientam o indivíduo em relação a sua forma de agir e por fim, 34% consideram a ética como um conjunto de princípios e valores. Segundo Gomes (2014) a ética pode ser considerada uma ação humana influenciada por valores e princípios ligados ao bem comum. Sendo assim, é possível verificar que 34% dos entrevistados detém esse conhecimento, o que significa um 10% 34% 33% 23% Educação Moral Conjunto de Princípios e Valores Consciência perante a sociedade Regras que orientam o indivíduo em relação a sua forma de agir O que é lícito Base de construção para uma postura comportamental 40 percentual baixo já que a maioria, 67% necessita de uma melhor compreensão do real significado de ética. Após isso foi posto um questionamento sobre o que eles consideram agir de forma não ética, onde as alternativas propostas foram elaboradas com base em alguns pontos do Código de Ética do Profissional Contador, devidamente apresentadas no gráfico 2. Gráfico 2 - O que você considera agir de forma não ética, na profissão contábil? Fonte: Dados da pesquisa, 2017. De acordo com o gráfico acima, 50% dos entrevistados afirmaram que fazer referências prejudicais aos colegas de profissão é o ato considerado mais antiético, entretanto, vale salientar que as demais opções são atos de má conduta profissional, e esses também prejudicam a imagem dos profissionais da contabilidade, ou seja, qualquer situação elencada na questão remete a uma infração antiética, logo uma má conduta profissional. Esse questionamento, como já mencionado, foi baseado no Código de Ética do Contador, isso significa que esses atos não devem ser cometidos em hipótese alguma, embora cada situação em que o indivíduo se envolva exige uma tomada de decisão diferente, pois o mesmo irá avaliar o que é mais conveniente para aquele determinado momento. 23% 50% 17% 10% Oferecer serviços com valores abaixo da tabela de mercado para fins de atrais clientes. Fazer referências prejudiciais ou desabonadoras a colegas de profissão Apropriar-se de trabalhos, inciativas ou soluções encontradas por colegas como se fossem suas. Desentender-se com colega de maneira desrespeitosa no exercício da profissão. Utilizar-se de posição ocupada por colegas em benefício próprio. 41 A ética não é apenas uma teorização do agir, da moral, ela é uma prática que está vinculada diretamente à ação humana na sociedade. Logo, ela evidenciada em contextos diferentes na sociedade, como por exemplo, no político, no social, no econômico e no educacional. Assim contribui de uma forma abrangente no que se requer a uma perspectiva coletiva e não puramente individual. (LEITE, 2009, p. 142) Sabendo que a ética é esse conjunto de particularidades que se vincula as ações humanas, não basta seguir as diretrizes postuladas, deve-se levá-la para o caráter pessoal de forma a contribuir com a sociedade, sendo portanto, uma ética que saia do individualismo e chegue ao próximo, afim de beneficiar a todos sem distinção. Sendo assim, o gráfico a seguir vem evidenciar o que leva os profissionais a agirem eticamente no local em que trabalham, já que a má conduta antiética prejudica a quem é vítima de tal ato. Tais dados encontram-se dispostos no gráfico 3. Gráfico 3 - No seu ambiente de trabalho o que leva você agir eticamente? Fonte: Dados da pesquisa, 2017. Como demonstrado no gráfico, 66% dos entrevistados responderam que as convicções sobre moral é o que os fazem agir de forma ética e 17% responderam que as crenças do que é certo e errado são as bases para eles agirem eticamente. Com o mesmo percentual de 17%, o restante dos respondentes afirmaram que o receio de possíveis punições é o que os levam a agirem corretamente. 17% 66% 17% O receio de possíveis punições As minhas convicções sobre moral As crenças sobre o que é certo ou errado Influencias sociais Outros 42 Essa última informação é preocupante, visto que estes profissionais só agem corretamente por receio de serem punidos, ou seja, suas ações são conduzidas e direcionadas em função das normas, demonstrando um possível desconhecimento sobre ética e conduta moral. Caetano e Silva (2009, p. 53) em sua pesquisa, analisaram que tipo de ética os profissionais consideravam como as que mais influenciavam no cotidiano, e eles entenderam que a ética profissional é de algum modo um prolongamento de uma ética pessoal, dando ênfase a uma perspectiva em que a identidade profissional e pessoal se integram num todo, mais do que se diferenciam segundo diferentes papéis. Em junção da assertiva anterior ao gráfico, tem-se que a ética que rege esses profissionais são o fundamento que eles têm como moralmente correto, portanto pode ser considerado como uma situação inversa do que Caetano e Silva encontraram. Em seguida, procurou-se verificar se os profissionais entrevistados têm algum conhecimento sobre o Código de Ética do Profissional Contador. 43 Gráfico 4 – Você conhece o código de ética que rege a sua profissão? Fonte: Dados da pesquisa, 2017. O gráfico acima demonstra que 40% dos respondentes dizem conhecer o código de ética, além de aplicá-lo no dia-a-dia, o que é um fator positivo ao se considerar que os profissionais apresentam interesse de ser éticos e íntegros em relação ao exercício da sua profissão. Já, 50% dizem que conhecem superficialmente o código de ética e 10% responderam que sabem que existe, mas nunca tiveram interesse em conhecer. Essas evidências mostram que esses profissionais não tiveram interesse suficiente em saber qual o seu padrão de referência ética, agindo conforme lhes são mais convenientes ou até mesmo, da forma que lhes mandam agir. Lisboa (2011, p.61) afirma que além de servir como guia à ação moral, o código de ética profissional possibilita que a profissão do contador declare seu propósito de: a) cumprir as regras da sociedade; b) servir com lealdade e diligência; c) respeitar a si mesma. A partir da afirmação acima, compreende-se que conhecer o CEPC não representa somente a aquisição de certo conhecimento, mas de satisfazer a expectativas esperadas pela sociedade, servir como exemplo para outros profissionais e respeitar a si mesmo. 10% 50% 40% Sei que existe, mas não tive interesse em conhecer Conheço de maneira superficial Conheço e procuro aplicar no dia- a-dia Não conheço e nem tenho interesse Não sei nem que existe 44 Complementando a questão anterior, procurou-se identificar onde os entrevistados tiveram acesso ao referido código de ética, estando exposto os resultados no gráfico 5 a seguir. Gráfico 5 – Se você conhece o código de ética, onde você teve acesso ou conhecimento a respeito do mesmo? Fonte: Dados da pesquisa, 2017. Segundo o gráfico, 73% conheceram o código de ética na faculdade/universidade, o que é um ponto positivo, pois entende-se que a conduta profissional desses entrevistados
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