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Fotografia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Claudemir Nunes Ferreira Revisão Textual: Profa. Ms. Fátima Furlan Da Fotografia Pós-Moderna às Tendências Contemporâneas • Refotografia • Fotografia Encenada • Pós-Produção • Guerras da Cultura • Escola de Dusseldorf · Conhecer os aspectos conceituais, históricos e estéticos das tendências da fotografia contemporânea e de seus desdobramentos; desenvolver e realizar pesquisas para atualização e autoformação. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta Unidade, vamos conhecer alguns dos segmentos de fotografia, bem como fotógrafos significativos do Pós Modernismo e da Fotografia Contemporânea. Leia o conteúdo do material com atenção e não deixe de ampliar seus estudos consultando os materiais complementares e pesquisando mais imagens dos fotógrafos apresentados, conheça um pouco mais sobre cada um deles para enriquecer seu repertório. Registre suas dúvidas, converse com seu professor-tutor, assista à videoaula e não deixe de acessar a pasta de atividades onde encontrará as Atividades de Avaliação e uma Atividade Reflexiva. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. ORIENTAÇÕES Da Fotografia Pós-Moderna às Tendências Contemporâneas UNIDADE Da Fotografia Pós-Moderna às Tendências Contemporâneas Contextualização O Pós-Modernismo pode ser definido como as características socioculturais e estéticas que marcam o capitalismo da era contemporânea, originado pelas profundas modificações tecnológicas, pelos novos setores de produção, por mercados de trabalho mais flexíveis e pelo consumismo global que se desenvolveram a partir da década de 50, marcando o fim do Modernismo, até os dias atuais. Caracterizando-se essencialmente pelo declínio das vanguardas artísticas e por sua negação; pelo desmedido apelo consumista; pela indústria cultural e pelos meios de comunicação de massa; pela globalização e pelas novas formas de produção e circulação. O homem passa a ser guiado pela ética do prazer imediato, pelo individualismo, pelo provisório, temporário e pela liberdade extrema, com a recusa de ideias pré-concebidas e dogmáticas. Nas artes visuais, o Pós-Modernismo adotou uma ampla variedade de estilos, práticas e mídias que substituíram os ideais modernistas de originalidade, singularidade, autenticidade e autoria pela apropriação, cópia e citação, com a defesa da superficialidade, de elementos pré-existentes e com ênfase na descontinuidade, fragmentação, desumanização, falta de sentido e desestruturação. O objeto de arte único e autônomo (produção Modernista) foi dando lugar à imagem apropriada, geralmente tirada da cultura visual de massa (reprodução Pós-Modernista), a fotografia assumiu um papel de destaque sendo utilizada por muitos artistas para desmistificar os sistemas de representação existentes. 6 7 Refotografi a “O BOM DO PÓS-MODERNISMO é que ele pode ser praticamente qualquer coisa que se queira. Por outro lado, o que é realmente chato no pós-modernismo é que ele pode ser praticamente qualquer coisa que se queira. (…) Para eles, se havia uma resposta – (…) ela seria encontrada na miscelânea do que existira antes: uma coleção do “melhor de” roubada de movimentos e ideias anteriores. A partir desses fragmentos eles criariam uma nova taquigrafia cheia de referência à história da arte e alusões à cultura popular; uma mistura indigerível que eles tornavam mais palatável afetando um ar brincalhão e uma falta de autoconfiança irônica. (GOMPERTZ, Will, 2012,368) Desde o final da década de 70, o termo apropriação foi incorporado definitivamente à arte, artistas identificados como pertencentes ao Picture Generation passam a usar essa estratégia como meio formal de produção de imagens. Novos significados e conceitos são abordados por meio da montagem, manipulação e pela refotografia com referências da cultura visual de massa. Para essa nova geração, a originalidade e a autenticidade esgotaram-se no período modernista e o novo tempo permitiu a exploração de uma fronteira entre as imagens originais e suas reproduções. Richard Prince, Barbara Kruger, Sherrie Levine e Cindy Sherman são alguns dos artistas mais importantes dessa geração. O artista e fotógrafo americano Richard Prince, desde o final da década de 70, utiliza refotografias de imagens publicitárias e de entretenimento retiradas de revistas populares, pornografia leve, anúncios comerciais de móveis, joias, roupas, carros e cigarros, agregando-lhes um status artístico e redefinindo a ideia de autoria e originalidade. Entre seus trabalhos mais conhecidos destacam-se suas refotografias dos anúncios da marca de cigarros Marlboro que usava em suas campanhas publicitárias o ícone mítico do cowboy americano. Usando como estratégia os cortes, os desfoques e a ampliação, a obra Cowboy de 1989 (Figura 01) retirou o logotipo e o texto do anuncio original e foi vendida por US $1,3 milhão em 2005. Em 2014, Prince apresentou na Gagosian Gallery a mostra Novos Retratos, composta por 37 imagens retiradas (apropriadas) das contas do Instagram de diversas pessoas, ampliadas e impressas em lona. A polêmica mostra trouxe à tona novamente a discussão sobre os direitos autorais e a livre expressão artística. 7 UNIDADE Da Fotografia Pós-Moderna às Tendências Contemporâneas Figura 1 - Richard Prince. Cowboy, (1989) Fonte: metmuseum.org Figura 2 - Sam Abell. Tear Sheet (Original Marlboro) Fonte: guggenheim.org Figura 3 - Richard Prince. New Portraits, 2014 Fonte: huffingtonpost.com A americana Barbara Kruger adotou a fotografia após uma carreira na revista Mademoiselle dedicada às artes gráficas. Apropriando-se tanto das imagens quanto da retórica da propaganda, realizou fotomontagens com imagens extraídas de revistas e jornais e textos próprios e diretos que imitam os slogans publicitários, porém, desconstroem as ideais que as imagens publicitárias estavam vendendo ao abordar questões do feminismo, consumismo e da representação estereotipada das mulheres nos meios de comunicação, além de temas como violência e saúde. Alguns de seus projetos incluem propostas de instalação. 8 9 Figura 4 - Barbara Kruger. I shop therefore I am (Eu compro consequentemente), 1987 Fonte: artnet.com Figura 5 - Barbara Kruger. Your body is a battleground (Seu Corpo é um campo de batalha), 1989 Fonte: thebroad.org Figura 6 - Barbara Kruger. Installation view of self-titled solo exhibition at Mary Boone Gallery, NYC, 1991 Fonte: theartstory.org Com a premissa de questionar tanto os conceitos modernistas de originalidade e subjetividade quanto a posição venerada do fotógrafo modernista masculino. Sherrie Levine refotografou imagens clássicas do século XX, realizadas por consagrados fotógrafos como Walker Evans, Edward Weston e Alexander Rodchenko. Suas apropriações, principalmente as da série Depois de Walker Evans (1981), tornaram- se um marco do pós-modernismo ao desafiar a autenticidade e o ideal de arte como objeto único e exclusivo. Suas refotografias, com evidente qualidade inferior a das originais, foram reproduzidas de catálogo. 9 UNIDADE Da Fotografia Pós-Moderna às Tendências Contemporâneas Figura 7 – Sherrie Levine After Walker Evans 4, 1981 Fonte: metmuseum.org Figura 8 - Sherrie Levine After Rodchenko: 1-12, 1987/1998 Fonte: moma.org Na refotografia, o artista não cria uma imagem original, copia uma imagem existente apropriando-se de fotografias artísticas ou de imagens publicitárias veiculadas nos meios de comunicação de massa e reproduzindo-as deliberadamente. Ex pl or 10 11 Fotografi a Encenada Cindy Sherman, também integrante do Picture Generation e uma das principais artistas da atualidade, usou a fotografia encenada para explorar as possibilidades da imagem individual e questionar os conceitos de originalidade e subjetividade. Representando uma grande variedade de papéis femininos estereotipados pelos meios de comunicação de massa, auto fotografou-se emuma série de poses extraídas de novelas, anúncios e filmes de Hollywood. Seu trabalho é um comentário sobre a feminilidade como construção cultural e uma crítica à sociedade contemporânea que obriga seus membros a adotar um estereótipo ao invés de estimulá-los a assumir sua própria individualidade. Figura 09 - Cindy Sherman Untitled Film Still #13,1978 Fonte: moma.org Figura 10 - Cindy Sherman Untitled#86,1981 Fonte: moma.org Figura 11 - Cindy Sherman Untitled #156 Fonte: moma.org Figura 10 - Cindy Sherman Untitled#86,1981 Fonte: moma.org 11 UNIDADE Da Fotografia Pós-Moderna às Tendências Contemporâneas Figura 12 - Cindy Sherman Untitled #66, 1980 Fonte: moma.org Figura 13 - Cindy Sherman Untitled #469 Society Portraits, 2008 Fonte: moma.org A fotografia encenada surge como uma ampliação das estratégias de produção de imagens pós modernas. Essas imagens são elaboradas, construídas e encenadas para câmera, subvertendo o papel documental e de registro da realidade que, geralmente, era atribuído à fotografia. Ex pl or Artistas de várias outras partes do mundo começaram também a explorar a apropriação de imagens e a fotografia encenada como estratégia de criação, por vezes, ressignificando as imagens originais. O artista japonês Yasumasa Morimura iniciou seus projetos fotográficos, no inicio dos anos 80, apropriando-se de ícones da história da arte e da cultura visual de massa e reconstituindo, de forma irônica e caricatural, imagens canônicas. Em seus ensaios, faz uso de maquiagem, figurinos, adereços e próteses para reconstruir obras clássicas da fotografia, do cinema de Hollywood e da história da arte. Suas séries canalizam de forma elegante e camaleônica temas como sexualidade e gênero, masculino e feminino, bem como revisitam e questionam os tipos de beleza por meio de performances e representações paródicas que causam certo desconforto e estreitam as relações fronteiriças entre o ocidente e o oriente, como ao apropriar-se de fotografias de Marilyn Monroe ou de Olympia, de Édouard Manet. Seus projetos, embora por vezes faça uso de recursos digitais, aproximam- se da artista Cindy Sherman, a qual homenageia em sua fotografia To My Little Sister: for Cindy Sherman, 1998. 12 13 Figura 14 - Yasumasa Morimura Olympia (Futago), 1988 Fonte: sfmoma.org Figura 15 - Yasumasa Morimura Red Marilyn, 1996 Fonte: sfmoma.org Figura 16 - Yasumasa Morimura To My Little Sister: for Cindy Sherman, 1998 Fonte: artnet.com Figura 17 - Cindy Sherman Untitled # 96 (1981) Fonte: cindysherman.com Vik Muniz nasceu em São Paulo e depois de se formar em publicidade, na década de 80, foi para Nova York onde iniciou seus projetos artísticos. Suas experimentações que passaram pelo desenho, pintura e escultura, levaram-no à fotografia. Seus principais trabalhos consistem em apropriar-se de fotografias ou obras clássicas, projetar as imagens sobre uma superfície e recompô-las com a interferência de diferentes materiais como açúcar, caramelo, chocolate, manteiga de amendoim, geleia, caviar e, até mesmo, lixo. Após esse processo de construção a imagem trabalhada é finalmente fotografada. Seu processo de trabalho pode ser visto no documentário Lixo Extraordinário, de 2010. 13 UNIDADE Da Fotografia Pós-Moderna às Tendências Contemporâneas Figura 18 - Vik Muniz Valentina. Tehe Fastest, 1996 Fonte: vikmuniz.net Figura 19 - Vik Muniz Frankenstein. Pictures of Cavier, 2004 Fonte: vikmuniz.net Figura 20 - Vik Muniz After Hans Namuth. Pictures of Chocolate, 1997 Fonte: vikmuniz.net Figura 21 - Vik Muniz Marat. Sebastião, 2008 Fonte: vikmuniz.net Assista com seus alunos ao documentário Lixo Extraordinário (aproveite também para discutir junto com professores de outras áreas alguns dos temas apresentados no documentário, como problemas sociais ou relacionados a sustentabilidade). Peça para que os alunos façam uma selfie (autoretrato), projete a imagem sobre um suporte fixado na parede e, com uma caneta porosa, desenhem os traços mais significativos da imagem, principalmente os contrastes entre luz e sombra. Com o suporte alocado no chão, peça aos alunos para recompor as imagens dos elementos matéricos (objetos, terra, lixo etc). Use uma camera de fotografia ou aparelho celular para fazer o registro fotográfico. A imagem final pode ser impressa ou compartilhada em sites como Flickr, Facebook ou Pinterest. Ex pl or 14 15 Pós-Produção O fotógrafo canadense Jeff Wall, um dos principais artistas da fotografia encenada, encontrou na pós-produção o equilíbrio perfeito entre a imaginação e a fotografia. Seu trabalho consiste em produzir imagens cuidadosamente pensadas e detalhadas, para tanto, faz uso de atores para construir cenas aparentemente cotidianas e, como estratégia fundamental, explora os recursos das novas tecnologias digitais. O que Wall denomina de fotografia montada ou cinefotografia, onde ele faz o papel do diretor. Jeff Wall brinca com conceito do artista romântico pictórico ao ser comparado com um pintor exímio e habilidoso, pois o projeto de uma foto pode levar anos. Como os artistas anteriores, Wall busca suas inspirações ou referências em cenas famosas da história da arte, mas recria e ressignifica as imagens investindo em complexas fotografias contemporâneas apresentadas em caixas de luz (backlights) de grandes dimensões. Em Mimic (1982), por exemplo, Jeff Wall atualiza Dia Chuvoso (1877) de Gustave Caillebotte, tomando como referência o casal passeando numa rua de Paris. A aproximação e a semelhança estrutural entre as composições é clara, mas em sua concepção contemporânea, a imagem de Wall reflete certa tensão social ao representar as diferenças raciais no cotidiano (referência a uma cena que havia testemunhado). Sudden Gust of Wind (after Hokusai) traça um paralelo histórico entre o ocidente e o oriente ao tomar como referência a gravura de Katsushika Hokusai. A imagem foi construída digitalmente a partir de 100 imagens e ao longo de um ano de trabalho. Wall sintetiza em suas fotografias o alinhamento entre as técnicas de estúdio, a fotografia encenada e a manipulação digital. Figura 22 – Jeff Wall Mimic, 1982 Fonte: tate.org.uk/ Figura 23 - Gustave Caillebotte. Paris Street, Rainy Day, 1877 Fonte: artic.edu 15 UNIDADE Da Fotografia Pós-Moderna às Tendências Contemporâneas Figura 24 – Jeff Wall A Sudden Gust of Wind, after Hokusai, 1993 Fonte: tate.org.uk Figura 25 - Katsushika Hokusai Ejiri in Suruga Province, 1830–32 Fonte: tate.org.uk Figura 26 - Jeff Wall Milk, 1984 Fonte: tate.org.uk/ Figura 27 - Jeff Wall After “Invisible Man” by Ralph Ellison, the prologue, 2000 Fonte: moma.org A fotografia de pós-produção caracteriza-se como qualquer interferência ou tratamento digital efetuado após a fotografia ter sido realizada. A estratégia é possível graças a inúmeros softwares de manipulação e tratamento digital, um número significativo e quase ilimitado de procedimentos que vão desde uma edição simples, como um ajuste de cor ou retoque básico, por exemplo, até manipulações complexas como fusões para a construção de imagens a partir da combinação de originais diversos. Ex pl or Guerras da Cultura Embora o corpo e a sexualidade figurem nas obras de artes há séculos e reflitam o ambiente cultural, religioso e político em que foram criadas, no final da década de 80, fotografias de Robert Mapplethorpe e Andres Serrano criaram grande polêmica e geraram fervorosas discussões sobre a liberdade de expressão artística nos Estados Unidos. Um grupo de políticos republicanos tentou abolir as verbas públicas para as manifestações artísticas que abordassem homossexualidade, feminismo, racismo e outros temas controversos e, no congresso, debates invocaram questões como censura e direito dos artistas. A reação artística à tal intolerância pública refletiu-se no aumento de representações fotográficas de 16 17 lésbicas, gays e transexuais, que também atacavam o silêncio do governo emrelação à crise da AIDS colocando o tema na esfera sociopolítica. Tal polêmica ficou conhecida como as “Guerras da Cultura” e seus principais protagonistas foram Robert Mapplethorpe, Andres Serrano e Nan Goldin. Robert Mapplethorpe tornou-se famoso por suas fotografias de nus masculinos, cheias de erotismo homossexual, depuradas por meio de uma técnica de preto-e-branco sutil e purista que se tornaria sua marca pessoal. Também dedicou-se a uma expressão notável, trabalhando temáticas clássicas como retratos, flores, naturezas-mortas e crianças. Após sua morte, em 1989, seu último livro foi cassado, proibido e retirado das bibliotecas e centros culturais dos EUA. Figura 28 - Robert Mapplethorpe Self Portrait, 1980 Fonte: mapplethorpe.org/ Figura 19 - Robert Mapplethorpe Larry and Bobby Kissing, 1979 Fonte: artsy.net Figura 30 - Robert Mapplethorpe Patrice, N.Y.C.,1977 Fonte: artsy.net Figura 31 - Robert Mapplethorpe Self-Portrait, 1978 Fonte: artnet.com Andres Serrano iniciou sua carreira como diretor de arte e tornou-se reconhecido em seu trabalho artístico por fotografar imagens que apresentam fluídos corporais como leite materno, sangue, urina e fezes. Sua fotografia Mije no Cristo (1987), uma das obras que desencadearam a polêmica da “Guerra da Cultura”, retrata um crucifixo submerso na urina do artista. A imagem foi taxada como sacrilégia e uma afronta à moral, à religião, à família e ao governo. Até hoje, as exposições de Serrano são normalmente recebidas com protestos de grupos fundamentalistas. 17 UNIDADE Da Fotografia Pós-Moderna às Tendências Contemporâneas Figura 32 - Andres Serrano Piss Christ. Body Fluids, 1987 Fonte: artnet.com Figura 33 - Andres Serrano Pneumonia Due To Drowning II. The Morgue,1992 Fonte: artnet.com Figura 34 - Andres Serrano The Curse. The Interpretation of Dreams, 2001 Fonte: artnet.com Figura 35 - Andres Serrano Self-Portrait. Shit, 2008 Fonte: artnet.com Nan Goldin iniciou sua carreira fotográfica aos 15 anos e com um trabalho que parte de sua experiência pessoal, tornou-se famosa por retratar o submundo do sexo e das drogas nos anos 70 e 80 em Nova York. Seu trabalho mais notório, A balada da dependência sexual (1979-1986), é formado por 700 imagens do cenário underground americano e retrata, como um diário intimo e amador, a comunidade gay e de transexuais em NY, suas imagens revelam suas amizades, relacionamentos, solidão e angústias. Em 1989, Goldin organizou a exposição Testemunhas contra nosso desaparecimento, na qual muitas fotografias, sexualmente explícitas, enfocaram o impacto da AIDS sobre o corpo humano. 18 19 Figura 36 - Nan Goldin Rise and Monty Kissing, New York City,1980 Fonte: moma.org Figura 37 - Nan Goldin Nan and Brian in Bed, New York City,1983 Fonte: moma.org Figura 38 - Nan Goldin. Nan One Month After Being Battered (Nan depois de ter apanhado do namorado), 1984 Fonte: moma.org Figura 39 - Nan Goldin Gilles & Gotscho, Paris. Gotscho Kissing Gilles, 1992–1993 Fonte: artnet.com Escola de Dusseldorf Na década de 80, surgiu no cenário artístico internacional um grupo de fotógrafos alemães que, embora apresentem características próprias, compartilham a preferência por pontos de vista objetivos, impressões coloridas e câmeras de grande formato. Todos estudaram na Academia de Artes de Düsseldorf e foram alunos de Bernd Becher, daí o rótulo “Escola de Düsseldorf” que identifica o grupo formado por cinco de seus alunos - Thomas Ruff, Axel Hütte, Thomas Struth, Candida Höffer e Andreas Gursky. Andreas Gursky tem como tema recorrente o mundo contemporâneo ou emblemas da cultura ocidental globalizada, uma critica ao sistema do capitalismo. Em composições complexas, rigorosas e de enormes formatos, a figura humana, por vezes, reduzida ao mínimo, é subjugada por uma vasta multidão, por uma paisagem ou por uma enorme estrutura arquitetônica. Suas obras são reconhecidas mundialmente. 19 UNIDADE Da Fotografia Pós-Moderna às Tendências Contemporâneas Figura 40 - Andreas Gursky, Pyongyang I, 2007. Fonte: c4gallery.com Figura 41- Andreas Gursky Pyongyang V, 2007. Fonte: http://c4gallery.com/ Figura 42 - Andreas Gursky Paris, Montparnasse, 1993 Fonte: artsy.net Figura 43 - Andreas Gursky 99 cent, 1999 Fonte: artsy.net 20 21 Thomas Ruff é reconhecido por suas séries de interiores, pelos retratos em grandes formatos de pessoas comuns e sem expressão, pelas paisagens urbanas sem foco e, a mais polêmica de suas séries, as fotografias retiradas de sites pornográficos e manipuladas digitalmente. Figura 44 - Thomas Ruff Porträt. A. Giese, 1989 Fonte: artnet.com Figura 45 - Thomas Ruff Nudes, 2012 Fonte: artnet.com/ Figura 46 - Thomas Ruff Jpegs, 2006 Fonte: artnet.com Figura 47 - Thomas Ruff Jpeg la01, 2007 Fonte: artnet.com Thomas Struth enfoca a fotografia como um meio de expressão original retratando principalmente museus, paisagens e interiores arquitetônicos. Sua série Fotografias de museu retrata o diálogo da obra de arte com o espectador. A obra de arte (realidade pintada) registrada no espaço da galeria (realidade fotografada), coloca a própria obra de Struth no contexto da tradição pictórica. 21 UNIDADE Da Fotografia Pós-Moderna às Tendências Contemporâneas Figura 48 - Thomas Struth Audience 7. Galleria dell ‘ Accademia, Florenz, 2004 Fonte: artnet.com Figura 49 - Thomas Struth Museo del Prado / Madrid. Room 12, 2005–2009 Fonte: artnet.com Candida Höffer dedica-se a um tema único, os interiores de instituições culturais ou educacionais, registrando a estruturação arquitetônica do conhecimento sempre do mesmo ponto de vista. Figura 50 - Candida Höfer Bayerische Staatsoper in München II, 2005 Fonte: artnet.com Figura 51 - Candida Höfer San Martino Napoli II, 2009 Fonte: artnet.com 22 23 Figura 52 - Candida Höfer Bibliothèque du Sénat Paris, 2007 Fonte: artnet.com Figura 53 - Candida Höfer Neues Museum Berlin XII, 2009 Fonte: artnet.com A temática de Axel Hütte, assim como sua estética, um pouco menos objetiva e mais romântica e pictórica, o diferencia dos demais integrantes do grupo e o torna reconhecido principalmente por suas fotografias de paisagens e cenas noturnas de cidades. Figura 54 - Axel Hütte LAS VEGAS. Rampart, 2003 Fonte: artnet.com Figura 55 - Axel Hütte Rheingau / Nebel-1, 2009 Fonte: artnet.com Bernd e sua esposa Hilla Becher são artistas conceituais que retrataram “restos” de edifícios industriais abandonados. Salvaguardando testemunhos de desenvolvimentos passados em forma de documentos “legíveis” para a posteridade. As imagens de estruturas que captaram ao longo de 40 anos constituem o mais importante trabalho de tipologias de edifícios, normalmente expostas em grandes sequências. As suas composições não contêm alusões ou mensagens e caracterizam uma “Nova Objetividade” do Pós-guerra. Ex pl or 23 UNIDADE Da Fotografia Pós-Moderna às Tendências Contemporâneas Figura 56 - Bernd and Hilla Becher Kies- und Schotterwerke. Gravel Plants, 2006 Fonte: artnet.com A inquietude dos artistas em transformar a linguagem fotográfica e desafiar os modelos tradicionais existentes amplia a cada momento as mais variadas possibilidades de expressão. A produção contemporânea é extremamente vasta, experimental, híbrida e convive com a fotografia tradicional de qualquer gênero. A artista e fotógrafa Rosangela Rennó, que nasceu em Minas Gerais, adotou o Rio de Janeiro como a cidade onde reside e trabalha. Iniciou suas primeiras mostras na década de 80 e, de lá pra cá, realizou um série de incessantes exposições. Sua obra é, por vezes, difícil de definir, já que transitam em uma série de meios entre a literatura e a fotografia. Rennó é uma artista que não publica e uma fotógrafa que não fotografa, mas que mantém uma relação singular entre esses dois meios. Desde suas primeiras experimentações, usa como artifício a apropriação de imagens de textos, ambos especificamente fotográficos, como base intrínsecade seus projetos. Coleciona, cataloga, manipula, desbota, corta, distorce, constrói, projeta e expõe imagens que, antes descartadas, doadas ou achadas, reencontram seu lugar de memória afetiva e a lembrança em projetos diversos como ampliações, livros de artista, objetos e instalações. Num mundo saturado de imagens banais, Rennó trabalha com a memória numa nostalgia contemporânea onde o passado e presente se fundem. 24 25 Figura 57 - Rosangela Rennó. Puzzles, 1994 Fonte: rosangelarenno.com.br Figura 58 - Rosangela Rennó Cicatriz. 1997 Fonte: enciclopedia.itaucultural.org.br Figura 59 - Rosangela Rennó Vulgo. 1998 Fonte: rosangelarenno.com.br Figura 60 - Rosangela Rennó. Red series, 2000 Fonte: rosangelarenno.com.br Explore os fotógrafos Spencer Tunick, Christian Boltanski, Sophie Calle, Sandy Skoglund, Nikki S. Lee, Gillian Wearing, Gregory Crewdson, Rineke Dijkstra. Ex pl or 25 UNIDADE Da Fotografia Pós-Moderna às Tendências Contemporâneas Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Tate http://goo.gl/nEv5Y Rosângela Renno http://goo.gl/o4I0NC Livros O que é Pós Moderno SANTOS, Jair Ferreira dos. O que é Pós Moderno – col. Primeiros passos. Ed. São Paulo: Brasiliense, , 2008. O Ato Fotográficos e outros ensaios DUBOIS, Philippe. O Ato Fotográficos e outros ensaios. Campinas, SP: Papirus. 2000. Isso é Arte? GOMPERTZ, Will. Isso é Arte? 1988-2008-hoje. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. A fotografia – entre documento e a arte contemporânea ROUILLE, André. A fotografia – entre documento e a arte contemporânea. São Paulo: SENAC, 2009. A fotografia como arte contemporânea COTTON, Charlotte. A fotografia como arte contemporânea. São Paulo: Martins Fontes, 2010. Vídeos Cindy Sherman, Untitled Film Still #21, 1978 http://goo.gl/tiu2IL The Ballad of Sexual Dependency- The Tiger Lillies & Nan Goldin [2011] http://goo.gl/5dGFbP Filmes Lixo Extraordinário Direção: Lucy Walker, Karen Harley (2010) Leitura Intervencionismo na Fotografia: as fronteiras entre o real e a ficção na obra de Jeff Wall http://goo.gl/ETpqmq 26 27 Referências BAURET, Gabriel. A fotografia: história, estilos, tendências, aplicações. Lisboa: Edições 70, 2006. COTTON, Charlotte. A fotografia como arte contemporânea. São Paulo: Martins Fontes, 2010. DUBOIS, Philippe. O Ato Fotográfico e outros ensaios. Campinas, SP: Papirus. 2000. FABRIS, Annateresa. O desafio do Olhar. São Paulo: Martins Fontes, 2011. GOMPERTZ, Will. Isso é Arte? In GOMPERTZ, Will. Arte Agora: Fama e fortuna, 1988-2008-hoje. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. HACKING, Juliet. Tudo sobre fotografia. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. ROUILLE, André. A fotografia – entre documento e a arte contemporânea. São Paulo: SENAC, 2009. SANTOS, Jair Ferreira dos. O que é Pós Moderno – col. Primeiros passos. Ed. São Paulo: Brasiliense, , 2008. SOUGEZ, M. L. História da fotografia. Lisboa: Dinalivro, 2001. 27
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