Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

RECREAÇÃO E LAZER
LAZER E QUALIDADE DE VIDA
Prof. Me. Luciana Letícia Sperini Rufino dos Santos
1
Conceitos, Valores e Parâmetros
A expressão qualidade de vida pode ser nova, mas o conceito deste termo já está presente na história da humanidade há muito tempo, apenas ganhando uma nova roupagem em meio às novas características e demandas da sociedade contemporânea.
Nos habituaram, não há muito, à expressão ‘qualidade de vida’, que assume aos olhos de cada observador os contornos desenhados pela sua sensibilidade, sua cultura, seus meios econômicos e, quantas vezes, por alienações e frustrações.
(ROSÁRIO, 2001. p. 158)
2
Conceitos, Valores e Parâmetros
A expressão “qualidade de vida” aparece significativamente na década de 1980;
Condicionada, de forma geral, às questões relativas à pobreza, exclusão e desigualdade social em esfera mundial;
3
4
Conceitos, Valores e Parâmetros
Os paradigmas de qualidade de vida parecem estar associados à forma como cada grupo encontra-se organizado, à sua relação com o meio em que está inserido e de acordo sua evolução no tempo, ou seja, a qualidade de vida está situada historicamente, no tempo e no espaço;
Busca por melhores condições de vida;
Quantitativo
Qualitativo
Conceitos, Valores e Parâmetros
A expressão qualidade de vida ficou associada às melhorias ou “alto padrão de bem-estar na vida das pessoas, sejam elas de ordem econômica, social ou emocional”;
Ainda não há um único significado à expressão;
Associados a uma perspectiva de melhoria da vida.
5
6
Conceitos, Valores e Parâmetros
O final da primeira década dos anos 2000 já incorporara o discurso da qualidade de vida de maneira polissêmica, mas com um apelo significativo às questões da saúde e do estilo de vida, tanto no ambiente de trabalho quanto fora dele.
ERGONOMIA
Segurança no trabalho;
Ginástica Laboral.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Agita São Paulo;
ATIs
MÍDIA
Campanhas;
Programas;
Consumidores.
1
7
Conceitos, Valores e Parâmetros
Quantidade tão variável de significados para a mesma expressão;
Betti (2002) buscou realizar uma análise semântica, iniciando pelo termo qualidade;
Seria possível dizer se algo é bom ou ruim, pautando-se pela qualidade.
O problema é que o aspecto da qualidade, portanto, é extremamente subjetivo.
POLISSEMIA
Conceitos, Valores e Parâmetros
Qualidade de vida está recheada de um aspecto subjetivo que pode sofrer modificações ao longo da vida de cada pessoa. Fatores que hoje podemos associar a uma melhor qualidade de vida podem não ser tão mais significativos daqui alguns anos.
8
9
Conceitos, Valores e Parâmetros
Existe um consenso em torno da ideia de que são múltiplos os fatores que determinam a qualidade de vida de pessoas ou comunidades;
A combinação desses fatores que moldam e diferenciam o cotidiano do ser humano, resulta numa rede de fenômenos e situações que, abstratamente, pode ser chamada de qualidade de vida.
Estado de Saúde
Longevidade
Satisfação no Trabalho
Relações Familiares
Lazer
Salário
Disposição
Prazer
Espiritualidade
Conceitos, Valores e Parâmetros
Indústria Cultural
Modernidade Líquida
(BAUMAN, 2005)
Individualidade
10
Modernidade Líquida
[...] estamos agora passando da fase “sólida” da modernidade para a fase “fluida”. E os “fluidos” são assim chamados porque não conseguem manter a forma por muito tempo e, a menos que sejam derramados num recipiente apertado, continuam mudando de forma sob a influência até mesmo das menores forças. [...] Autoridades hoje respeitadas amanhã serão ridicularizadas, ignoradas ou desprezadas; celebridades serão esquecidas; ídolos formadores de tendências só serão lembrados nos quizz shows da TV; novidades consideradas preciosas serão atiradas nos depósitos de lixo; causas eternas serão descartadas por outras com a mesma pretensão de eternidade [...] carreiras vitalícias promissoras mostrarão ser becos sem saída.
(BAUMAN, 2005, p. 57-58)
11
PARA REFLETIR
12
Como afirmar os valores atrelados à subjetividade da qualidade?
Quais as grandes preocupações da humanidade neste início de século XXI?
Enaltecemos o individualismo ou estamos percebendo que precisamos reconstruir o senso de coletividade?
É possível tratar de qualidade apenas do ponto de vista individual?
2
13
Qualidade de Vida, Corporeidade e Lazer
AUTONOMIA
Atitude ativa, crítica, reflexiva e não apenas conformista, consumista.
O consumo é importante, o problema é sua exacerbação que redunda em alienação.
Lazer
Qualidade de Vida
Qualidade de Vida, Corporeidade e Lazer
O lazer não pode ser tratado isoladamente de outras esferas da vida;
“parcialmente enganoso entender o lazer como uma promoção do bem-estar porque o lazer também precisa de qualidade para ocorrer” (PIMENTEL, 2003, p. 79).
Ele promove o bem-estar, mas requer uma atitude positiva, ativa, atrelada a outras esferas da vida.
14
Qualidade de Vida, Corporeidade e Lazer
Elementos fundamentais para a ação dos recreadores:
A atitude ativa implica ao menos periodicamente, uma participação consciente e voluntária na vida social. Opõe-se ao isolamento e ao recolhimento social ao que Durkheim chama de “anomia”. [...] Essa participação diz respeito à família, à empresa, ao sindicato, à vida civil, a todos os grupos e modos de vida.
(DUMAZEDIER, 2014. p. 257-258)
15
Qualidade de Vida, Corporeidade e Lazer
Elementos fundamentais para a ação dos recreadores:
2. Ao menos periodicamente, a atitude ativa implica uma participação consciente e voluntária na vida cultural. Opõe-se à submissão às práticas rotineiras, às imagens estereotipadas e às ideias preconcebidas de determinado meio social. [...]
(DUMAZEDIER, 2014. p. 257-258)
16
Qualidade de Vida, Corporeidade e Lazer
Elementos fundamentais para a ação dos recreadores:
3. Finalmente a atitude ativa exige sempre um progresso pessoal livre pela busca, na utilização do tempo livre, de um equilíbrio, na medida do possível pessoal, entre o repouso, a distração e o desenvolvimento contínuo e harmonioso da personalidade.
(DUMAZEDIER, 2014. p. 257-258)
17
Qualidade de Vida, Corporeidade e Lazer
Por tanto, o caráter ativo, caracterizado pela participação na vida social e cultural e pelo progresso pessoal livre, e marcado pelas possibilidades de descanso, divertimento e desenvolvimento, está intimamente ligado à autonomia;
No entanto, em muitos momentos, há a tendência, na perspectiva do que a ciência moderna favoreceu, de uma supervalorização do racional em detrimento do existencial;
Neste sentido, a atividade, pode ficar relegada à dicotomia corpo/alma, razão/emoção.
18
3
19
Qualidade de Vida, Corporeidade e Lazer
LAZER ATIVO
Privilegia-se o contato com a natureza e atividades em que haja prazer da realização
Lazer ativo não é todo aquele em que há atividade ou exercício físico;
A caracterização de a	o
tivo ou passivo para
l	a
azer está mais ligada um padrão de autonomia;
Prática de atividade física como direito;
Atitude que o indivíduo assumir com relação às atividades decorrentes do próprio lazer
(DUMAZEDIER, 2014)
Qualidade de Vida, Corporeidade e Lazer
Discutir a relação lazer e qualidade de vida requer que superemos a tendência de a realizarmos apenas pelo olhar biológico, mas construindo um consistente alicerce cultural;
O lazer em aproximação com a qualidade de vida necessita se reaproximar, do conceito de corporeidade, substituindo a concepção de corpo, que está permeada pela visão dualista.
E lidar com a corporeidade não como mero conceito, mas como um modo de crescimento, superação e autonomia.
20
Qualidade de Vida, Corporeidade e Lazer
Uma vivência corporal com qualidade requer que voltemos a compreender e valorizar o corpo não numa perspectiva meramente funcional, mas existencial;
Qualidade de vida sob a ótica do lazer;
O lazer não pode, mesmo com odiscurso da melhoria da qualidade de vida, assumir a responsabilidade de meramente preparar o corpo para interesses que explorem seu potencial.
21
Qualidade de Vida, Corporeidade e Lazer
As ações no e pelo corpo são, antes de mais nada, localizadas no tempo e no espaço:
Entender o corpo historicamente situado na sociedade capitalista ocidental é buscar desvendar o processo que o determinou como produto histórico e cultural.
22
Qualidade de Vida, Corporeidade e Lazer
As linhas de pensamento filosófico tenderam a dicotomizar ou até tricotomizar a forma de entender o ser humano e a realidade em geral;
Por vários séculos o pensamento em nossa civilização nutre-se do dualismo psicofísico, ou corpo-espírito, em suas diferentes versões;
Pensamento cartesiano.
23
Qualidade de Vida, Corporeidade e Lazer
A compreensão da vida com base na concepção cartesiana permeia-se da falsa possibilidade de se tratar de assuntos relativos ao corpo, separados da alma, bem como do espírito;
Entretanto, uma reflexão ou investigação que envolva o ser humano deve entendê-lo como uno, numa dinâmica social, histórica e cultural complexa;
24
4
Qualidade de Vida, Corporeidade e Lazer
Princípio da totalidade;
Projeto de mudança social e ressignificação do corpo;
Alienação do corpo.
25
Qualidade de Vida, Corporeidade e Lazer
Agir de acordo com nossa própria concepção de corpo é criticar nossas ações diárias sobre ele, entendendo os porquês de cada atitude e ação;
A lógica do capital não facilita a relação qualidade de vida, corporeidade e lazer na medida em que o lazer passa a ser pensado como meio para a qualidade de vida;
construir um conceito claro de qualidade de vida associada à corporeidade e ao lazer requer a recuperação do processo de normatização do corpo para determinados fins e a sua superação para um referencial mais humano.
26
Lazer, corporeidade e qualidade de vida têm, portanto, uma relação fundamental. Qualidade de vida pressupõe o fruir de uma vida boa, do prazer, do bem-estar, da alegria, de justiça, de conceber novos, sonhos e projetos, pessoais e coletivos, enfim, valores tão prementes à humanidade.
O lazer, como almeja Dumazedier (2014), poderá significar rompimento de imposições, de repressões, advindas das obrigações, tantas vezes exacerbadas na vida, bem como um reavaliar do cotidiano, vivências, preconceitos, ideias prontas que impedem um exercício de esperança e da criatividade, tão favorecidas pelo espírito lúdico.
27
5

Mais conteúdos dessa disciplina