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Aula 4 areas CARE

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AULA 4 
Profª Iracema de Almeida Benevides 
ANTROPOSOFIA 
APLICADA À SAÚDE 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O objetivo da quarta aula deste curso de introdução à Medicina e Terapias 
Antroposóficas é apresentar como esse sistema de caráter multiprofissional pode 
contribuir para o cuidado em saúde, de forma integrada e complementar à 
abordagem convencional em saúde. 
Ao longo de um século de existência, a Medicina antroposófica alcançou 
ser desenvolvida em todas as áreas da saúde e da medicina, compreendendo os 
níveis de atenção à saúde primário, secundário e terciário, conquistando bons 
resultados e reconhecimento. Essa situação é possível exatamente pelo fato de 
tratar-se de uma ampliação da própria medicina convencional e ser praticada por 
profissionais com formação acadêmica prévia. 
Recentemente, a Seção Médica no Goetheanum, órgão responsável pela 
coordenação, desenvolvimento e aperfeiçoamento da Medicina Antroposófica em 
âmbito mundial, vem buscando identificar as maiores necessidades dos nossos 
tempos e áreas em que essa abordagem possa contribuir de forma mais relevante 
e oportuna, com seu olhar ampliado para o ser humano e os temas de saúde e 
doença. 
Foi então desenvolvido o conceito de áreas “CARE”, que na língua inglesa 
significa “cuidado”. Cinco áreas foram consideradas como aquelas em que a 
Medicina e Terapias Antroposóficas possuem uma compreensão clara e 
estratégias de abordagem bem definidas e validadas, podendo contribuir de 
maneira decisiva e com recursos acessíveis, para um resultado melhor. 
São elas: 
• CARE 1: Gravidez, nascimento e primeira infância. Pessoas com 
deficiência; 
• CARE 2: Tratamento de febres e infecções febris, tendo em vista a 
resistência a antibióticos; 
• CARE 3: Distúrbios do sono, formas comuns de ansiedade e depressão, 
distúrbios de estresse pós-traumático; 
• CARE 4: Oncologia; 
• CARE 5: Cuidados paliativos, terapia da dor, acompanhamento de 
pacientes que estão morrendo. 
Esta aula contemplará uma introdução aos tópicos CARE. 
 
 
3 
TEMA 1 – CARE 1: GRAVIDEZ, NASCIMENTO E PRIMEIRA INFÂNCIA. 
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 
Esse tema tem relação com o começo da vida, considerando a vida 
intrauterina e os primeiros anos, em especial os primeiros sete anos. Considera 
ainda o cuidado e apoio ao desenvolvimento das crianças e pessoas com 
deficiência. 
1.1 Gestação e nascimento 
As contribuições da Medicina e Terapias Antroposóficas nessa fase da vida 
da mãe e do bebê são muito amplas. Trata-se de uma fase em que o corpo físico 
da criança está sendo formado, abrigado no interior do corpo materno. 
A primeira perspectiva apresentada aqui será a da criança que está sendo 
gerada. A partir da Antroposofia pode-se compreender que o ser humano, com 
sua dimensão espiritual, é o artista e autor que vai moldar sua própria casa futura, 
usando o “material” genético dos pais, o aconchego e a nutrição maternos. 
Na Aula 2, foi apresentado como o ser humano é constituído por quatro 
dimensões ou elementos constituintes: corpo físico, corpo vital ou etérico, corpo 
astral e “Eu”. 
Estes quatro elementos constituintes estão presentes desde a gestação: 
• O saco vitelino está intimamente ligado ao aspecto físico do corpo (nutrição, 
hereditariedade). 
• O âmnio e o líquido amniótico representam uma proteção vital para o feto, 
criando uma atmosfera “antigravitacional”. O relacionamento do âmnio com 
a organização da vida humana, o corpo etérico, é uma conclusão óbvia. 
• O alantoide e as estruturas derivadas deste – vasos umbilicais e bexiga 
urinária - estão claramente conectados à organização chamada corpo 
astral. 
• O córion e a placenta realizam a conexão com a mãe, formando uma 
unidade ‘materno-fetal”. A relação com o calor pode ser observada 
facilmente e, nesse sentido, é um envoltório relacionado com o Eu humano. 
A segunda perspectiva a ser apresentada é a materna, da mulher que vai 
vivenciar essa condição especial da gravidez por 9 meses e depois, a 
maternidade, que se estende até a vida adulta dos filhos. 
 
 
4 
De maneira resumida, a Medicina Antroposófica vai buscar incentivar, 
nesse período: 
1. Que a mãe, e idealmente, o casal, procure desenvolver uma relação 
amorosa e espiritual com o ser da criança que está a caminho, dentro de 
sua compreensão e prática religiosa, caso tenham; 
2. Que o casal e, em especial, a mãe, procure compreender o máximo 
possível os benefícios do parto natural, vaginal. E que busquem preparar-
se emocional e fisicamente para isso; 
3. Que os pais e familiares compreendam o melhor possível como cuidar de 
crianças pequenas, auxiliando-os na obtenção de informações e 
preparação interna e também prática para essa fase. Que esse ambiente 
de chegada seja sereno e silencioso, adequado a quem chega em condição 
bastante frágil e que está ainda sendo formado; 
4. Incentivo ao aleitamento materno – além de todos os aspectos já 
conhecidos e enfatizados pela medicina convencional, destacamos a 
relevância do calor e do contato da criança com o sistema rítmico da mãe 
– sentir o pulsar do coração e o balanço da respiração – essas percepções 
conectam o bebê com seu próprio sistema rítmico e contribuem para o seu 
amadurecimento funcional; 
5. Alguns recursos medicamentosos e terapias antroposóficas podem ser 
muito benéficos no apoio à gestante com relação às náuseas, refluxo 
gastresofágico, lombalgias, sensação de peso nas pernas, obstipação 
intestinal etc. Também na fase de lactação, existem recursos que 
possibilitam obter um melhor desempenho. O mesmo é válido para as 
cólicas do lactente e outras situações comuns nessa fase. 
Em resumo, o momento da chegada é bastante delicado e exige uma 
educação dos pais e familiares. Os principais aspectos são o calor (físico, anímico 
e espiritual), a proteção (sentidos abertos ao mundo), a nutrição (aleitamento 
materno sempre que possível), a educação dos ritmos dia e noite e demais ritmos 
do organismo. 
Médicos e enfermeiros com formação em Antroposofia aplicada à Saúde 
vão saber avaliar cada caso individualmente e definir, em conjunto com o casal, 
ou a mãe, a conduta e as informações mais adequadas.
 
 
 
5 
1.2 Primeira Infância – “O mundo é bom” 
O olhar da Antroposofia para a primeira infância é bastante especial, 
considerando que nos primeiros sete anos o sistema nervoso e também alguns 
outros órgãos da criança ainda estão em fase de desenvolvimento. 
Até o final dos primeiros três anos de vida a criança vai conquistar três 
habilidades essencialmente humanas, e que serão decisivas para a sua biografia: 
Andar – a marcha, conquista geralmente ao final do primeiro ano, está 
relacionada ao sistema metabólico motor; 
Falar – a fala, conquistada geralmente durante o segundo ano, ou antes, 
está relacionada com o âmbito do sistema rítmico; 
Pensar – o pensar de forma mais conexa começa a manifestar-se 
geralmente ao terceiro ano e a criança começa a perceber a si mesma como 
separada de seus pais. 
Conforme apresentado anteriormente, o sistema rítmico é o sistema da 
saúde e da recuperação, que equilibra as polaridades dos sistemas 
neurossensorial e metabólico-motor. 
A educação da criança pequena acontece principalmente pela imitação. As 
crianças são totalmente abertas ao mundo e esse imprime-se em sua constituição. 
Se atentarmos para como criança, em essência, é um ser imitador, ela, 
em certa medida, é um órgão sensorial anímico que, de uma maneira 
corpórea, está entregue ao ambiente que a circunda. Teremos então de 
atentar essencialmente para que, nesta fase da vida, portanto, até à 
troca de dentes, tudo atue verdadeiramente, no ambiente que a circunda, 
de modo que a criança possa assimilar sensorialmente e elaborar em si. 
Teremos como que preparado, na criança, até a troca de dentes, em 
verdade tudo o que se relaciona com os mais importantes impulsos da 
vida. (Rudolf Steiner) 
Assim, todo o ambienteda criança contribui para o seu desenvolvimento 
nesses primeiros sete anos. 
Segundo a Antroposofia, o brincar é tão importante para as crianças quanto 
a alimentação saudável e a proteção afetuosa dos pais. No brincar, a criança vai 
desenvolver sua relação com o mundo e construir as bases para uma vida adulta 
saudável. 
As forças de crescimento (corpo etérico) ligadas à cabeça da criança, ao 
completarem a formação do sistema nervoso, metamorfoseiam-se em 
capacidades para o pensar. Esse processo acontece quase que 
contemporaneamente ao nascimento da dentição definitiva. Assim é que, na 
 
 
6 
pedagogia Waldorf, inspirada nos ensinamentos de Rudolf Steiner, procura-se 
alfabetizar a criança, preferencialmente após essa fase. 
O brincar da criança é a manifestação mais profunda do impulso que 
conduz ao fazer, sendo que nesse fazer o homem tem a sua verdadeira 
essência humana. Não seria possível imaginar uma criança que não 
desejasse ser mais ativa, como o é quando brinca, pois o brincar 
representa a liberdade de uma atividade que deseja se libertar do cerne 
do ser humano. (Rudolf Steiner) 
1.3 Vivendo com deficiência 
A visão materialista e utilitarista conduziu a humanidade a cometer erros 
graves ao lidar com as pessoas com deficiência, aquelas que possuem alguma 
forma de limitações em sua estrutura física, suas funções corpóreas ou cognitivas. 
A Antroposofia desenvolveu uma abordagem única para lidar com essas 
crianças e adultos, denominada Pedagogia Curativa ou, como mais recentemente 
passou a ser chamada no Brasil, Educação terapêutica. Com o apoio de cuidadores 
e de uma comunidade, esses indivíduos são acolhidos e estimulados a 
desenvolverem-se ao ponto máximo que conseguirem. Cada pequena conquista 
significa uma grande transformação e é comemorada com alegria. 
A diferença nessa abordagem é a compreensão das dimensões humanas, 
ou seus elementos constituintes – mesmo que esse indivíduo, criança ou adulto, 
manifeste limitações que o impeçam de atuar com autonomia física ou psíquica, a 
dimensão humana está sempre presente. Trata-se de um ser humano completo e 
íntegro, que temporariamente não apresenta uma manifestação física habitual. 
Compreende-se como uma etapa no desenvolvimento dessa individualidade, que 
nessa encarnação precisará de mais apoio e por mais tempo que o habitual. 
No Brasil, existem algumas iniciativas que trabalham com essa orientação e 
que realizam também a formação de profissionais em Educação Terapêutica: 
• Associação Beneficente Parcifal (São Paulo - SP): Disponível em: 
<http://parsifal.org.br/>. Acesso em: 18 dez. 2019. 
• Associação Solar Ita Wegman (Curitiba-PR): Disponível em: 
<http://www.itawegman.org.br/>. Acesso em: 18 dez. 2019. 
• Associação Ita Wegman (Belo Horizonte-MG): Disponível em: 
<https://www.facebook.com/associação-ita-wegman-mg-
188611028604003/>. Acesso em: 18 dez. 2019. 
 
 
 
7 
 1.4 Medicina Escolar 
Esse cuidado especial que a Antroposofia tem para com a primeira infância 
estende-se também à escola. A Medicina Escolar ou Pedagógica compreende 
uma formação para médicos que os habilita a acompanharem o desenvolvimento 
das crianças de maneira mais individualizada e em conjunto com professores, no 
âmbito escolar. 
A função do médico escolar abrange o diagnóstico evolutivo, 
acompanhamento, aconselhamento, estímulo desde a primeira infância 
até o final do período escolar, bem como conhecimentos básicos de 
prevenção e salutogênese. Uma parte integrante essencial dessa 
atividade é a disponibilidade para adquirir os fundamentos da Pedagogia 
Waldorf e trabalhar junto aos pedagogos e pais. A formação tem duração 
mínima de três anos, em módulos com duração de dois dias e um um 
módulo intensivo mais longo anual, bem como o trabalho prático numa 
escola ou jardim de infância Waldorf, com acompanhamento de um 
mentor. Curso de formação em Medicina Pedagógica Sociedade 
Antroposófica no Brasil. Disponível em: <http://www.sab.org.br/portal/>. 
Acesso em: 13 dez. 2019. 
1.5 Medicina 
A Pedagogia Waldorf foi desenvolvida por Rudolf Steiner, juntamente com 
professores, em 1919, visando uma educação para a liberdade e, considerando a 
dimensão espiritual do ser humano. De maneira resumida, a Pedagogia Waldorf 
vai considerar a globalidade do desenvolvimento da criança e dos jovens, 
desenhando um currículo que acompanhe cada fase do pensar, sentir e agir 
(querer). 
Saiba mais 
Para saber mais, acesse: 
<http://www.sab.org.br/portal/pedagogiawaldorf>. Acesso em: 13 dez. 2019. 
TEMA 2 – CARE 2: TRATAMENTO DE FEBRES E INFECÇÕES FEBRIS, TENDO 
EM VISTA A RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS 
As doenças infecciosas e inflamatórias são mais características do início 
da vida, em especial da infância e, a maturidade é caracterizada pelas doenças 
crônicas, “frias”. Na perspectiva da Medicina Antroposófica, uma das 
interpretações para esse processo é fato de o corpo vital ser mais abundante na 
infância e juventude, possibilitando reações de caráter mais inflamatório, ao passo 
que seu declínio com o envelhecimento conduz a processos de enrijecimento, 
desgaste, cristalização. 
 
 
8 
2.1 Abordagem da febre 
A abordagem da febre na medicina convencional considera seu papel como 
imunomoduladora, ou seja, responsável pelo funcionamento adequado do sistema 
imunológico. A febre é gerada, comumente, no organismo por delicados e 
complexos mecanismos fisiológicos, em resposta a situações de estresse ou 
infecção, que desencadeiam a elevação da temperatura e concomitante aumento 
da atividade do sistema imunológico. A literatura aponta que a febre é um 
mecanismo benéfico e salutar. No caso das doenças infecciosas, vírus e bactérias 
atuam como agentes estranhos, que precisam ser combatidos. 
É importante também que os pais e adultos consigam medir 
adequadamente a temperatura das crianças. 
Na abordagem pela Medicina Antroposófica a febre ganha uma valorização 
ainda maior. Em todas as aulas anteriores o tema do calor vem sendo apresentado 
como um elemento vinculado ao Eu humano, à individualidade. Assim, a elevação 
da temperatura é uma manifestação do Eu que assume a liderança no 
reestabelecimento da condição de saúde. 
Frente às febres, médicos com formação em Medicina Antroposófica vão 
avaliar uma série de fatores, como idade, condição geral da criança ou adulto, 
diagnóstico provável e recursos de cuidado e autocuidado disponíveis, além da 
avaliação de risco de vida. Vão buscar, dentro do possível, controlar a elevação 
da temperatura com recursos sem medicamentos (compressas) e também com 
alguns medicamentos específicos (apis, beladona). 
Na primeira fase da febre recomenda-se ingestão de bebidas aquecidas e 
aplicações externas também aquecidas. No caso de temperatura corporal alta e 
com grande desconforto, as compressas na temperatura corporal podem ajudar. 
Não aplicar frias pois podem dar reação rebote. 
Remédios domésticos simples podem ser usados para melhorar o bem-
estar sem diminuir a febre usando medicamentos: 
• Recomenda-se fatias de limão nas panturrilhas e solas dos pés para reduzir 
a dor de cabeça, especialmente quando as pernas estão frias; 
• Em febre alta com desconforto: compressas mornas na panturrilha (nunca 
frias), de preferência com rodelas finas de limão; 
 
 
9 
• As compressas na testa (com algumas gotas de suco de limão ou essência 
de Arnica) podem aliviar a dor de cabeça. Cuidado com os olhos. 
(Anthromedics).
Na Alemanha, o pediatra e professor David Martin da Universidade de 
Tübingen está aprofundando bastante o tema e está desenvolvendo a campanha 
“Warm up to fever” (Aquecer até ter febre), debatendo com pais e com a 
comunidade os medos e mitos sobre a febre. Com essa campanha, ele espera 
conseguir mobilizar para que menos antitérmicos venham a ser usados 
precocemente, limitando o potencial de amadurecimento do sistema imunológico 
das crianças. 
2.2 Abordagem das doençasinfecciosas 
A resistência aos antibióticos é um problema de saúde pública internacional 
muito complexo e em contínuo crescimento. A Organização Mundial de Saúde 
estabeleceu essa questão como prioritária e emitiu um alerta para o risco de 
grande aumento de mortalidade por resistência aos antibióticos. Os números são 
alarmantes: potencialmente 10 milhões de mortes por ano até 2050 caso a 
situação não receba abordagem adequada. Entre as estratégias que vêm sendo 
desenvolvidas, considera-se a prescrição “atrasada” – ou seja, aguardar 24 ou 48 
horas, monitorando o paciente, para observar a necessidade concreta do 
antibiótico, combinado com uso de sintomáticos eficazes. 
Esse é um campo com grande potencial para a atuação a partir da Medicina 
Antroposófica e também outras abordagens integrativas como a Homeopatia, 
Medicina Chinesa e Fitoterapia, como alguns estudos já vem demonstrando, que 
apresentam recursos consistentes e eficazes para evitar o uso desnecessário de 
antibióticos. 
Na Medicina Antroposófica existe um leque muito amplo de recursos 
terapêuticos não medicamentosos, em especial as compressas. 
Saiba mais 
O vade-mécum de aplicações externas da Enfermagem Antroposófica, que 
está sendo traduzido para o espanhol, traz orientações muito detalhadas sobre 
diversas compressas e usos de substâncias em aplicações externas: Disponível 
em: <http://www.pflege-vademecum.de/anwendungsformen.php>. Acesso em: 18 
dez. 2019. 
 
 
10 
Igualmente amplas são as possibilidades de utilização de medicamentos 
antroposóficos e homeopáticos pelos médicos para o controle dos sintomas, 
melhora do bem-estar e estímulo da imunidade. 
E para concluir esta aula sobre os Temas CARE 1 e CARE 2, que estão 
muito relacionados com a infância, é importante acrescentar a orientação que a 
Medicina Antroposófica faz aos pais de redução do uso das telas digitais por 
crianças, especialmente as mais pequenas. Existem já estudos consistentes 
apontando que esses recursos hiper-estimulam as crianças e contribuem 
negativamente para o desenvolvimento neurológico e emocional saudável das 
crianças. 
TEMA 3 – CARE 3: DISTÚRBIOS DO SONO, FORMAS COMUNS DE 
ANSIEDADE E DEPRESSÃO, DISTÚRBIOS DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO 
A área temática CARE 3 contempla, de maneira geral, processos 
relacionados à saúde mental. Para facilitar a compreensão da perspectiva 
antroposófica a respeito desses aspectos, faz-se necessário revisar alguns 
conceitos básicos. 
A Aula 2 apresentou os conceitos dos quatro elementos constituintes ou 
quatro organizações que formam uma unidade: 
• Organização física ou corpo físico; 
• Organização vital ou corpo etérico; 
• Organização anímica ou corpo astral; 
• Organização calórica ou Organização do Eu. 
De forma resumida, a compreensão do processo saúde e doença na 
perspectiva desse sistema médico-terapêutico compreende um ou mais desses 
processos abaixo: 
a. Desequilíbrio na relação entre os quatro membros essenciais; 
b. Desequilíbrio nas forças que predominam em cada polo dos sistemas da 
trimembração; 
c. Obstáculos no desenvolvimento biográfico: fases biográficas são 
suprimidas, saltadas ou adiantadas. 
 
 
 
11 
 
Crédito: Thyago Macson. 
3.1 Distúrbio do sono 
O sono é uma necessidade vital para a saúde humana e compreende, de 
forma geral, um terço da vida. Diversos processos de regeneração e homeostase 
acontecem durante o sono, permitindo que a pessoa possa sentir a sensação de 
frescor e renovação após algumas horas. Na perspectiva da Medicina 
Antroposófica, durante o dia as quatro organizações estão interligadas e o ser 
humano vivencia os processos relacionados ao estado de vigília: consciência e 
autoconsciência. Essa ligação das organizações anímica e do Eu às organizações 
física e vital promovem desgaste, processos de ‘morte’. 
O sono representa o desligamento dessas organizações ou ‘corpos’. 
Organização do Eu e organização astral distanciam-se do físico-vital permitindo 
que processos regenerativos aconteçam. Os distúrbios do sono podem ter 
diferentes origens e a abordagem de investigação dos mesmos deverá ser sempre 
individualizada. Podem compreender aspectos constitucionais, comportamentais, 
crises biográficas ou desequilíbrio de órgãos específicos. Entretanto, um elemento 
comum é o prolongamento do estado de vigília provocado pelo não desligamento 
ou religamento precoce do Astral e do Eu. 
A abordagem dos distúrbios de sono segundo esse sistema contempla 
muitas possiblidades e vão buscar alcançar um equilíbrio: 
 
 
12 
1) Abordagens não medicamentosas principais: 
• Aconselhamento e autoeducação em relação aos ritmos; 
• Estímulo a mudanças em relação a alimentação e atividade física; 
• Euritmia terapêutica; 
• Escalda-pés e aplicações externas com óleos e pomadas específicos; 
• Abordagem por meio de modalidades de terapias artísticas; 
• Abordagem biográfica. 
2) Abordagem medicamentosa: algumas medicações antroposóficas ajudam 
a organizar o ritmo de ‘liga-desliga’ das quatro organizações e também a 
revitalizar o organismo que sofre cronicamente de insônia. O médico 
antroposófico fará uma escolha de acordo com o diagnóstico ampliado e 
individualizado sobre as origens do problema. Frequentemente, o 
tratamento deverá combinar medidas medicamentosas e não 
medicamentosas. 
3.2 Ansiedade, Depressão e estresse pós-traumático 
A abordagem desses temas deverá ocorrer, idealmente, de forma 
multiprofissional e pressupõe a realização de uma anamnese detalhada pelos 
profissionais de saúde habilitados e estabelecimento do diagnóstico clínico. A 
atuação do médico antroposófico vai dirigir-se à diferenciação do tipo de distúrbio 
e sua gravidade, avaliando a possibilidade de ocorrências de complicações 
psiquiátricas concomitantes ou necessidade de intervenção específica desse 
campo. Contemplará também o diagnóstico constitucional e a participação de 
disfunção de órgãos específicos. Esses aspectos vão orientar quanto ao 
estabelecimento da terapêutica. 
A atuação do psicólogo vai dirigir-se à avaliação das condições emocionais 
e do desenvolvimento anímico e biográfico. Atuando em conjunto, podem formar 
uma imagem comum sobre a condição do paciente, sobre os elementos 
envolvidos e estabelecerem, com a participação do paciente, um plano 
terapêutico. Esse plano terapêutico poderá contemplar, além da abordagem de 
psicoterapia antroposófica, outras modalidades terapêuticas e, também 
medicamentos antroposóficos, fitoterápicos, homeopáticos. Quando necessário, 
medicamentos alopáticos prescritos também. 
 
 
 
13 
TEMA 4 – CARE 4: ONCOLOGIA 
A atuação da Medicina Antroposófica na abordagem complementar do 
câncer remonta aos tempos da médica pioneira, Dra. Ita Wegman, que delineou 
as primeiras estratégias quando a medicina convencional oferecia ainda muito 
poucas possibilidades terapêuticas. 
Ao longo do Século XX e, também XXI, ampliou-se consideravelmente a 
compreensão sobre os mecanismos moleculares envolvidos no câncer, da 
participação dos componentes genéticos e dos fatores ambientais e de estilo de 
vida. Em paralelo, observou-se o desenvolvimento de sofisticados recursos 
terapêuticos, tanto cirúrgicos quanto medicamentosos e de radioterapia que 
contribuíram muito para mudanças no prognóstico da doença, possibilitando a 
reabilitação à vida normal de muitos indivíduos. Concomitante com esses 
avanços, as estatísticas apontam um aumento crescente dos casos 
diagnosticados e da incidência de diferentes tipos de câncer, acompanhando 
diversas mudanças na vida humana. A compreensão molecular foi 
complementada pela visão sistêmica, chegando a uma imagem do papel do 
sistema imunológico como um dos fatores determinantes do desenvolvimento e 
do prognóstico da doença. Essa visão sistêmica e ampliada aponta também as 
relações entre a saúde emocional e o equilíbrio imunológico, o papel da 
alimentação e da atividadefísica balanceados para a preservação da vitalidade, 
além de outros componentes protetores relacionados a estilo de vida. 
A abordagem da Medicina Antroposófica em forma complementar e 
integrada às medidas convencionais, de forma multidisciplinar, pode contribuir: 
• Para o fortalecimento dos mecanismos intrínsecos de conservação da 
saúde e melhoria da vitalidade; 
• Orientação de processos terapêuticos que abarquem a esfera emocional e 
biográfica; 
• Incentivo à compreensão da doença como oportunidade para o 
desenvolvimento anímico e espiritual. 
No campo dos medicamentos, a terapia com viscum album apresenta uma 
trajetória de 100 anos de documentação científica. 
 
 
 
14 
TEMA 5 – CARE 5: CUIDADOS PALIATIVOS, TERAPIA DA DOR, 
ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES QUE ESTÃO MORRENDO 
Com base em uma visão ampliada do ser humano, que aborda as questões 
de saúde considerando as dimensões física, emocional e espiritual, a Medicina 
Antroposófica acumula experiências relevantes em cada uma dessas temáticas 
CARE 5. 
A abordagem da dor compreende medidas que são dirigidas aos sintomas 
físicos, destacando-se o papel de medicamentos e das aplicações externas e, 
também, recursos para melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento de 
forças internas que permitam a convivência com quadros de dor crônica por meio 
de diversas abordagens. 
• Dimensão físico-vital: reforço global dos processos vitais e de calor, terapia 
com viscum album, uso de outros medicamentos antroposóficos, 
homeopáticos e fitoterápicos de forma individualizada e uso de aplicações 
externas (Disponível em: <http://www.pflege-
vademecum.de/anwendungsformen.php>. Acesso em: 18 dez. 2019). 
• Dimensão anímica-espiritual: as terapias artísticas (artes plásticas ou canto 
e música) e o Aconselhamento Biográfico e exercícios meditativos podem 
contribuir de maneira significativa nos quadros de dor crônica. 
No âmbito dos cuidados paliativos e acompanhamento de pacientes que 
estão morrendo, além de todos os recursos terapêuticos que podem ser usados 
para dar conforto e qualidade nos momentos finais da vida, a relação profissional-
paciente e família ganha uma luz renovada a partir da compreensão desse 
momento como um nascimento da individualidade para a vida espiritual. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
BAARS, E. et al. The Contribution of Complementary and Alternative Medicine to 
Reduce Antibiotic Use: A Narrative Review of Health Concepts, Prevention, and 
Treatment Strategies. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine 
Volume 2019, Article ID 5365608, 29 pages. Disponível em: 
<https://doi.org/10.1155/2019/5365608>. Acesso em: 18 dez. 2019. 
GIRKE, M. Medicina Interna. Fundamentos e conceitos terapêuticos da Medicina 
Antroposófica. São Paulo: João de Barro, 2014. 
GOEBEL, W.; GLÖECKER, M. Consultório Pediátrico: um conselheiro médico 
pedagógico. São Paulo: Antroposófica, 2016. 
KIENLE, G.S.; ALBONICO, H-U.; BAARS, E.; HAMRE, H. J.; ZIMMERMANN, P.; 
KIENE, H. Anthroposophic Medicine: An Integrative Medical System Originating in 
Europe. Global Advances in Health and Medicine, v. 2, n. 6, 2013, p. 20-31. 
MARTIN, D. et al. Anthroposophic approach to fever. International experts’ 
recommendations. Disponível em: <https://www.anthromedics.org/PRA-0815-
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VADEMECUM de Aplicaciones externas en la Enfermería Antroposofica. 
Disponível em: <http://www.pflege-vademecum.de/anwendungsformen.php>. 
Acesso em: 13 dez. 2019. 
 
 
 
	MEDICINA Antroposofia Aplicada À SAÚDE
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