Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1º VARA CRIMINAL DA COMARCA DE FLORIANÓPOLIS/SC Autos n° xxx DANIEL, nascido aos 02/04/1990, Filho de Rita, já qualificado nos autos do processo crime que lhe move o Órgão de Execução do Ministério Público, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, apresentar em forma de MEMORIAIS, as pertinentes ALEGAÇÕES FINAIS - MEMORIAIS, com fulcro no art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos: 1. DOS FATOS Conforme consta a exordial acusatória o acusado praticou o furto de um carro do seu patrão com intenção de passear pelo quarteirão com sua namorada, sendo que devolveria o veículo logo após o passeio sem que os patrões percebessem a falta deste, ocorre que foi surpreendido por policiais que efetuaram sua prisão alegando a prática de furto, sendo logo após denunciado pela pratica do crime. 2. DA PRELIMINAR 2.1 DA PRESCRIÇÃO Partindo do início Excelência, cabe inferir que do tempo do fato até o momento atual já se passaram mais de 05 anos e, conforme será demonstrado há o instituto da prescrição da pretensão punitiva do Estado, ou seja, a extinção da punibilidade é medida a ser reconhecida e adotada no caso em tela. A pena máxima do crime tipificado ao autor é de 04 anos, sendo que segundo o art. 109, inciso IV do Código Penal, prescreve em 08 anos os crimes cuja pena máxima é superior a 02 e não excede a 04. Nesse diapasão, no tempo em que ocorreu o fato 02/01/2010, o acusado nascido aos 02/04/1990 era menor de 21 anos, então, de acordo com o art. 115, do Código Penal, será reduzida pela metade o tempo da prescrição quando o criminoso era ao tempo do ocorrido menor de 21 anos, ou na data da sentença, maior de 70 anos. Diante das alegações expostas, requer de Vossa Excelência o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva do Estado, bem como, seja declarada extinta a punibilidade do acusado. 3. DO MÉRITO 3.1 DO FURTO DE USO Na declaração do acusado, o mesmo confessa a pratica do ato, mas que sua real intenção seria apenas de passear pelas ruas do quarteirão com sua namorada, de modo que devolveria o carro logo após o passeio, bem como o lugar onde foi abordado pela polícia (na garagem da casa), evidenciando a intenção de devolver o veículo. Então Excelência, não resta dúvidas que estamos diante de um furto de uso, sendo este bastante conhecido pela doutrina e jurisprudência e, para a caracterização do crime de furto deve haver o dolo de subtrair o bem para si, o que não tinha o acusado, tanto é, que até o combustível do automóvel foi restituído pelo acusado, logo não há crime na situação em comento, tendo em vista preencher os requisitos para a caracterização do cognominado furto de uso. Caso Vossa Excelência não entenda dessa forma, que fixe a pena-base no mínimo legal, visto que o acusado preenche todos os requisitos legais e, conforme entendimento da Súmula nº 444 do STJ que dispõe que ações em curso não justificam o reconhecimento de maus antecedentes, o que viola o princípio da presunção de inocência. Vale ressaltar que deve ser levado em consideração o disposto no art. 65, I, do Código Penal, congruente a atenuante da menoridade penal relativa, tendo em vista o acusado ser menor de 21 anos ao tempo do ocorrido. Nesse diapasão, se for entendido que é caso de condenação, o juízo deve observar a atenuante da confissão, conforme dispõe o art. 65, III, “d” do Código Penal, tendo em vista que o acusado confessou o fato. Quanto ao regime de cumprimento de pena, cabe ao acusado o regime aberto, tendo em vista a pena não exceder a 04 anos, ser o réu primário e de bons antecedentes. Cabe ainda ao emérito julgador a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, tendo em vista que o réu preenche os requisitos do art. 44 do Código Penal. 4. PEDIDOS Ante ao exposto, pugna a Defesa: a) Seja reconhecida a pretensão punitiva do Estado, bem como a extinção da punibilidade, como preliminar, nos termos do art. 107, IV, 109, IV, c/c ART. 115, ambos do Código Penal. b) A absolvição do acusado pela caracterização da atipicidade da conduta, segundo os termos do art. 386,III, do CPP; c) A aplicação da pena-base no mínimo legal, tendo em vista o preenchimento dos requisitos dispostos na legislação. Bem como o reconhecimento e aplicação das atenuantes de menoridade penal relativa e confissão espontânea. A aplicação do regime aberto para início de cumprimento de pena, e a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. Termos em que, pede deferimento. Local/Data Advogado/OAB
Compartilhar