Buscar

Monografia Feliciano 7(1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

3
 Feliciano Augusto Cumbe
INFLUÊNCIA DAS DANÇAS MAPIKO E NYAU NA PRESERVAÇÃO DA CULTURA MACONDE E NYANJA NA LOCALIDADE DE CHINJINGUIR-HOMOINE
Licenciatura em Ensino de História
Universidade Save
Maxixe
2021
Feliciano Augusto Cumbe
INFLUÊNCIA DAS DANÇAS MAPIKO E NYAU NA PRESERVAÇÃO DA CULTURA MACONDE E NYANJA NA LOCALIDADE DE CHINJINGUIR-HOMOINE
 (
Monografia 
C
ientífica apresentada no Departamento de 
Ciências Sociais e Filosóficas 
como requisito para obtenção do 
G
rau 
A
cadémico 
de 
Licenciatura em 
Ensino de História 
Supervisor: MA Arsénio 
Chilengo
)
	
Universidade Save
Maxixe
2021
Declaração
Declaro que esta monografia é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final. 
Declaro ainda que este trabalho, nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para a obtenção de qualquer grau académico. 
Maxixe _____ de _______________ de 2021.
_________________________________________
(Feliciano Augusto Cumbe)
Dedicatória 
A minha esposa Florência Alfiado Matusse e aos meus filhos. 
Agradecimentos
A presente Monografia constitui o culminar dos estudos de Licenciatura em Ensino de História, pela Universidade Save-Maxixe e esta pesquisa só foi possível graças ao apoio de vários que aqui vou agradecer.
Em primeiro lugar, agradecer ao meu supervisor, MA. Arsénio Chelengo, pelo acompanhamento e pela força que deu durante a realização do trabalho. 
Agradeço também aos praticantes das danças Mapiko e Nyau, que me permitiram e acompanharam me no processo de recolha de dados no campo e que também compartilharam em informações que ajudaram no processo de estudo de caso. 
A minha gratidão estende se aos meus colegas do curso de Licenciatura em Ensino de História e a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho de pesquisa.
Resumo
O presente estudo, cujo tema é“ Influência das danças Mapiko e Nyau na Preservação da Cultura Maconde e Nyanja na Localidade De Chinjinguir-Homoine”, tem como pano do fundo compreender a influência das danças tradicionais na preservação da cultura autóctone dos emigrantes no espaço de emigração. Para o efeito, descrevemos e analisamos as características culturais peculiares dos emigrantes reforçados através da prática das danças Mapiko e Nyau em Chinjinguir, distrito de Homoíne para encontrarmos a relação entre as a prática de danças tradicionais e a vontade colectiva de preservar traços culturais de povos Maconde e Nyanja no espaço de emigração. Em termos metodológicos, a pesquisa é qualitativa tendo como método de abordagem o método indutivo. Quanto aos objectivos, esta pesquisa é descritiva tendo como procedimento técnico o método monográfico. Para a colecta de dados, optamos pela observação directa e entrevista. Usamos a amostragem intencional que é composta por 08 participantes dos quais 2 são chefe dos grupos 4 praticantes das danças e 02 nativo que acompanham a evolução destas actividades. Os resultados da pesquisa feita indicam que a prática das danças tradicionais contribui para a preservação dos traços culturais dos emigrantes. Nota-se, portanto, a prevalência das próprias danças (Mapiko e Nyau) como manifestação cultural dos emigrantes embora observe-se algumas alterações na indumentária dos dançarinos, e nos instrumentos musicais. Ademais, nestes grupos é mantida a ordem cultural sancionada pelos ritos de iniciação, tendo os seus os bailarinos já iniciados. Tal como na região de origem, as danças fazem parte dos ritos de morte “Maliro ou Malilo”, na invocação de espíritos dos antepassados bem como as cerimónias de casamento. No entanto, alguns aspectos peculiares da dança e cultura sofrem um processo de miscigenação com a cultura local no que tange aos momentos de exibição, a local do “surgimento” do bailarino quer no Mapiko quer no Nyau.
Palavras-Chave: Dança Tradicional, Cultura, Preservação, Mapiko, Nyau
Introdução 
A cultura compreende vários aspectos inerentes aos modos de vida dos seres humanos, desde a sua maneira de convivências, a sua forma de comunicar-se até na sua maneira de expressar sentimentos ou mesmo emoções. Assim esses aspectos podem ser tomados como chaves na preservação da cultura, desde a língua até mesmo as representações culturais, que se podem notar a partir de canções e/ou danças tradicionais de uma determinada região. É neste quadro que a presente monografia intitulada“ Influência das danças Mapiko e Nyau na Preservação da Cultura Maconde e Nyanja na Localidade de Chinjinguir-Homoine”enquadrada na linha de pesquisa sobre a História local, tem como o objectivo geral a compreensão da influência das danças tradicionais na preservação da cultura autóctone dos emigrantes deslocados em consequência do conflito armado. 
A proposta de análise das danças tradicionais na preservação da cultura, parte de referenciais teóricos relacionados ao estudo da importância das danças tradicionais na manutenção e preservação da cultura, tendo como finalidade a imortalização das danças típicas de cada região do país, bem como o seu valor histórico-cultural. 
O trabalho, para além dos aspectos contextuais do tema apresentados na introdução, como é o caso de objectivos, justificativa, problematização e hipóteses está organizado em três (3) capítulos: O primeiro Capítulo é composto pela revisão de literatura que faz um percurso à volta da preservação da cultura, danças tradicionais, cultura e migração cultural. O segundo capítulo é inerente a metodologia de estudo, onde são apresentadas as abordagens metodológicas usadas desde ao tipo de estudo ate a definição da amostra, colecta de dados e também faz se ainda, uma caracterização física geográfica da área de estudo e a localização e divisão administrativa, objectivando mostrar como se comporta a base cultural dos habitantes da área da região de Chinjinguir. O terceiro e último capítulo faz análise e interpretação de dados recolhidos para o estudo. Na última parte de trabalho são apresentadas as conclusões da pesquisa, a bibliografia e os instrumentos de pesquisa em apêndices. 
Objectivos
Objectivo Geral
· Compreender a influência das danças tradicionais Mapiko e Nyanja preservação da cultura autóctone dos emigrantes no espaço de emigração.
Objectivos específicos
· Identificar os tipos de danças tradicionais praticadas em Chinjinguir
· Descrever as características culturais dos emigrantes reforçados através da prática das danças Mapiko e Nyau em Chinjinguir - Homoine.
· Analisar o grau de influência das danças Mapiko e Nyau praticadas na zona de emigração na preservação da cultura autóctone.
Justificativa
A opção pela temática sobre as danças tradicionais surge âmbito da realização de trabalhos de pesquisa na área de história moçambicana que motivou com mais profundidade, o interesse para pesquisa sobre as danças tradicionais moçambicanas, em particular as danças Mapiko e Nyau emigrantes na zona sul de Moçambique. 
Ainda, pesquisar sobre as danças Mapiko e Nyau e o seu contributo para a preservação da cultura autóctone, deve-se ao facto de conhecer uma dinâmica de preservação de uma cultura vindoura, desde o período da Guerra colonial até a actualidade na localidade de Chinjinguir. Trata-se ainda de desenvolver referência que em vista de escassez de informação história sobre as danças tradicionais na localidade em alusão, servirá de base para a compreensão do cenário cultural actual.
A escolha da localidade de Chinjinguir como área de estudo, fundamenta-se pelo facto de querer perceber a importância das danças tradicionais, Mapiko e Nyau, na preservação da cultura na base das informações colhidas nos praticantes dessas danças que, estes são igualmente ex-combatentes da guerra de libertação do país.
Sob ponto de vista pessoal, justifica-se por se tratar de um trabalho queexige uma pesquisa directa no campo, o que poderá fortalecer a minha formação académica, a partir do momento em que poder-se-á colocar em prática todas as teorias ligadas a pesquisa por mim assimiladas durante o curso.
Sob ponto de vista académico, esta pesquisa poderá trazer conteúdos teóricos sobre as danças tradicionais e o seu contributo na preservação da cultura, de forma particular no distrito de Homoíne e no País inteiro. Poderá ainda, apresentar-se como subsídio para futuras pesquisas sobre a temática. 
A nível social, o estudo justifica-se pelo facto de trazer detalhes sobre as danças tradicionais praticadas na Localidade de Chinjinguir, o que consequentemente apresenta-se como forma de valorização do conhecimento local para o ensino e para o desenvolvimento do território. 
Problematização
A prática das actividades culturais é a manifestação das crenças de cada comunidade, servindo de base para a preservação dos seus valores culturais. Trata-se de uma situação que prevalece quando as comunidades de prática vivem no território de origem. Porém, numa condição de deslocação, a pressão da situação de emigração dos povos praticantes pode abrir espaço para realização ou não das práticas culturais autóctones. Considerando emigrações decorrentes da situação de guerra, muitos aspectos culturais estruturantes dos emigrantes perdem espaço no lugar de emigração onde prevalece a cultura local para dar espaço ao novo processo de socialização. Devido a guerra civil em Moçambique, a localidade de Chinjinguir testemunhou o estabelecimento de soldados emigrantes vindos da região norte do país. Nota-se, portanto que a região sul de Moçambique apresenta sua matriz cultural da qual os emigrantes tiveram que observar, mas que depois de constituir e estabelecer-se com suas respectivas famílias, introduziram suas danças tradicionais no espaço de emigração. Tal é o caso de Mapiko e Nyau.
Neste contexto, surge a necessidade de compreender a influência das danças tradicionais, Mapiko e Nyau, na preservação de uma cultura emigrante, isto é, se as danças dos emigrantes típicas de algumas províncias das regiões centro e norte do país - Moçambique, já praticadas, também na região sul tem alguma influência na preservação da cultura dos povos emigrantes. Dai que a presente pesquisa parte da seguinte pergunta de partida: 
· Quais tem sido as influências das danças tradicionais – Mapiko e Nyau, na preservação da cultura Maconde e Nyanja dos ex-combatentes sediados na localidade de Chinjinguir?
1.4. Hipóteses
· Estas práticas de danças têm garantido a manutenção das actividades culturais típicas dos nativos, buscando o Mapiko e Nyau como uma inspiração e um catalisador para a contínua prática das tradições dos povos autóctones e solidificação dos grupos culturais;
· Na região norte e Centro de Moçambique as danças Mapiko e Nyau Serviram como catalisador para repudiar o sistema imposto pelo governo colonial durante a luta de libertação no nosso pais.
CAPÍTULO I: REVISÃO DA LITERATURA
O presente capítulo faz menção a algumas conclusões de estudos de campo realizados por diversos autores em torno da temática referente a cultura, preservação da cultura, danças tradicionais no modo geral assim como as danças tradicionais Moçambicanas.
1. Definição de conceitos – chave
Antes de começarmos a discussão de ideias de autores que estudaram este ou casos similares a este, vamos delimitar alguns conceitos de modo a elucidarmos o entendimento que temos em relação aos mesmos. Diante disto, discutimos em primeiro lugar, à luz de alguns autores, as definições de Cultura e apresentamos a Importância da Preservação da Cultura, falamos de Aspectos a ter em conta para a Preservação da Cultura. Em seguida, discutimos a respeito dos elementos da cultura; conceitos como Danças Tradicionais, fundamentando sobre estes últimos numa visão antiguinicista à moderna.
1.1. Conceito de Cultura
Segundo AURELIO (2004), o termo “cultura” provem do latim “cultura e” que significa “acção de tratar” ou “cultivar a mente e os conhecimentos”. 
Originalmente a palavra “cultura” se originou a partir de outro termo latino “colere” que quer dizer “cultivar as plantas ou acto de plantar e desenvolver actividade agrícola”. Vários são os autores que se debruçam sobre a questão da preservação da cultura, entre tanto importa buscar logo a prior a ideia trazida por TURNER (2002: 17) que afirma que “cultura é um sistema de símbolos que uma população cria e usa para organizar-se, facilitar a interacção e para regular o pensamento”.
Analisando, este conceito deixado por TURNER, não coaduna com o referido por MASSENZIO (2005: 11) ao referir que “a cultura não é uma herança genética, mas o resultado da inserção do ser humano em determinados contextos sociais”. 
É a adaptação da pessoa aos diferentes ambientes pelos quais passa e vive. Através da cultura o ser humano é capaz de vencer obstáculos, superar situações complicadas e modificar o seu habitat, embora tal modificação nem sempre seja a mais favorável para a humanidade, como podemos perceber actualmente. 
Olhando para a definição de LIMA (1991), o Homem nasce no grupo (família, tribo, clã, linhagem, etnia, comunidade, classe, nação, de entre outras). Neste, toma contacto com a natureza, adopta os padrões partilhados e aceitos como correctos pelo grupo, transforma-os e transmite-os aos outros, portanto, sente e satisfaz as suas necessidades no grupo. 
Nesse processo, cria objectos materiais ferramentas, imóveis, indumentárias, etc. e objectos não materiais ideias, normas- etc., de que se serve para sobreviver. 
2.1.1. Importância da Preservação da Cultura
Estudos feitos por CUNHA (2013); BARROS (2007); CANCLINE (2003) e CAVALCANTI (2001) apresentam de uma forma nítida a importância da preservação da cultura ao frisar que a cultura é uma referência da identidade de cada um.
Assim sendo, BARROS (2007: 23) faz nos perceber que, “é importante frisar que a protecção e promoção da diversidade cultural é adopção de medidas políticas, económicas e sociais que criem condições para que todas as culturas floresçam em igualdade de condições”. 
Afirma o mesmo autor que, se nas sociedades contemporâneas “grande parte de nossa presença identitária e de cidadania foi deslocada para as relações de consumo”.A valorização da cultura popular para as culturas populares está inserida no imaginário social, que por sua vez são resgatados nas representações sociais e que, por conseguinte, relacionados à identidade cultural.
Dai, concluímos que existem várias maneiras de valorizar a cultura popular: a primeira pela dimensão de símbolos que possuímos através da comunicação, essa espectacular forma de gestos, mandingas da nossa cultura; a segunda são questões de rivalidades entre as manifestações, a disputa acelera a competição sadia, incentivando a criatividade, e a terceira é afectividade, o afecto faz da manifestação uma divindade. 
2.1.2. Aspectos a ter em conta para a Preservação da Cultura
Segundo SORENSEN (2013: 52),“para que a prática da conservação vire realidade é necessário desenvolver uma cultura de preservação, em outras palavras, é preciso ter a dimensão do quanto esses patrimónios são importantes”.
Nesse sentido, é indispensável o papel da Educação. Uma educação que caminhe a favor da valorização das memórias e dos costumes, buscando o fortalecimento das identidades locais”.
Olhando para a ideia deixada por SORENSEN, LOSSIO e PEREIRA (2007), aferem que para tanto o desenvolvimento local encontra-se em várias esferas, tanto na dimensão de geração de renda como também na questão de atitudes e mudanças. As esferas do desenvolvimento local englobam: religião, cultura, política, economia, saúde, atitudes, lazer, educação entre outros. A cultura por sua vez redimensiona o desenvolvimento envolvendo projectos de políticas culturais, lazer, economia e consequentemente todas as outras dimensões.
Podemos observar ainda que as práticas representam expressões, conhecimentos e técnicas, junto com os instrumentos, objectos,artefactos e lugares culturais que lhes são associados, que as comunidades, os grupos e, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu património cultural. Este património cultural imaterial que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interacção com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
2.1.3. Aspectos a ter em conta para a Preservação da Cultura Com o avanço da tecnologia da informação
Com a tecnologia da informação o tradicional ganho um novo contexto, HALL (2001: 17) refere que, “a reconversão como também a funcionalização redimensionam as manifestações populares no que se refere à construção da identidade dos povos.” A questão é que a lógica social na contemporaneidade está em conflito no campo da construção da sociologia. 
Nessa nova ordem social a identidade segue em confusão, a hibridização contempla esses novos tempos.
Posto isto, HALL (2001: 19) trás a abordagem segundo a qual,
a identidade tem sido discutida nas ciências e o argumento maior está na constatação do declínio de velhas identidades responsáveis pela estabilidade do mundo social por tanto tempo. As implicações desse facto remetem a emergência de novas identidades, fragmentando o indivíduo moderno, até então visto como um sujeito único, culminando na chamada crise de identidade. Portanto, percebe-se que a identidade gera a busca de explicações para identificação de fatos recentes nas sociedades modernas que antecipam a crise e das formas que adquire e as possíveis consequências. 
Tendo como ponto de análise os aspectos acima arrolados, concluímos que"cultura representa um sistema de vida envolvendo um conjunto de características material, intelectual e espiritual se tornando referência para os grupos sociais. Esta se materializa na forma de identidade distinguindo um grupo social de outro. A cultura é a soma dos comportamentos, dos saberes, das técnicas, dos conhecimentos e dos valores acumulados pelos indivíduos durante suas vidas e pelo conjunto dos grupos de que fazem parte".
Em prol da questão inerente a cultura, CUCHE (1998:51),
acredita na existência da cultura sem haver consciência de identidade, e as estratégias de identidade podem manipular uma cultura que terá então pouco em comum com o que ela era anteriormente. A identidade cultural não está directamente relacionada à herança biológica ou a questões étnicas, e sim a um sentimento de identificação a uma colectividade imaginária. 
Importa realçar que“ na era da mundialização, ѐ necessário tornar-se urgente manter e preservar a diversidade interna de cada sociedade, criada por todos os grupos e subgrupos humanos que a constituem e que desenvolvem, cada um, diferenças extrema importância”. 
2.2. Elementos da Cultura
De acordo com THOMAS (2005: 12),“quando criança, observamos o comportamento dos outros e imitamos o que vemos, após termos visto um comportamento igual repetidamente. Logo alguns rituais e modelos de comportamentos são vistos como naturais”. 
Isso tem a vantagem de não precisarmos ficar pensando como se comportar a cada vez que se vai ao restaurante. Padrões culturais possuem uma função orientadora para o nosso próprio comportamento e o dos outros. Esses processos são tão automatizados, que os padrões culturais em nosso próprio comportamento não são mais percebidos como tais e são exigidos automaticamente pelos outros à nossa volta. Compreende-se, portanto, que existem vários elementos de cultura a saber:
· As ideias que são os conhecimentos, os saberes e as filosofias de vida;
· A crença que consiste em tudo aquilo que se crê ou se acredita em comum;
· Os valores, ou seja, a ideologia e a moral que determinam o que é bom e o que é ruim. As normas que englobam tanto as leis, os códigos, como os costumes, aquilo que se faz por tradição;
· As atitudes ou comportamentos, isto é, maneiras de cultivar os relacionamentos com as pessoas do mesmo grupo e com aquelas que pertencem a grupos diferentes;
· A abstracção do comportamento, a qual consiste nos símbolos e nos compromissos colectivos;
· As instituições que funcionam como uma espécie de controle dos comportamentos, indicando valores, normas e crenças;
· As técnicas ou artes e habilidades desenvolvidas colectivamente;
· Os artefactos que são os instrumentos e utensílios usados para aperfeiçoarem as técnicas e os modos de vida (Idem).
A construção da identidade é dinâmica e se produz nos contextos sociais. Esta concepção foi fundamentada por BARTH citado por CUCHE (1998:21) pois, em análise, o fenómeno da identidade deve ser compreendido pelas relações que se processam entre os grupos sociais. “Uma cultura particular não produz por si só uma identidade diferenciada: esta identidade resulta das intenções entre os grupos e os procedimentos de diferenciação que eles utilizam em suas relações” (Idem).
2.3. Danças Tradicionais
O termo dança deriva do vocabulário francês “dança”, procedente supostamente do germânico“dintjan”, que se refere ao movimento de lado ao outro, como ocorre nesta prática. A origem alemã desta palavra pode ser explícita pelos povos germânicos que reintroduziram as danças após serem proibidos pelo cristianismo.
A dança na compressão de DIAS (1962: 55), 
é uma criação pessoal que através do corpo possibilita a pessoa construir seus próprios movimentos; conforme a criatividade, cada qual tem seu jeito de dançar e criar seu próprio movimento. A expressão corporal é uma linguagem através da qual o ser humano expressa sensações, emoções, sentimentos e pensamentos com seu corpo, integrando assim as suas outras linguagens expressivas como a fala, o desenho e a escrita.
Para OSSONA (1984), é uma das raras actividades humanas em que o ser humano está totalmente engajado: corpo, espírito e coração. Por isso, a arte de imitar a natureza através de movimentos rítmicos e repetitivos é uma virtude que torna o conhecimento definitivo e inesquecível. Além do mais, a dança é para todos. 
As histórias que ela conta são de domínio público e pertencem ao campo da participação geral, da colaboração instintiva. A dança, que nasceu e cresceu nas civilizações comunitárias e que se estilizou nas civilizações individualistas, nos dias de hoje pode contribuir significativamente para realização da síntese pela qual nossa época espera: a de uma sociedade aberta, onde o comunitário não se degradasse em totalitário nem a expressão da pessoa em individualismo, mas ao contrário, onde o ser humano pudesse conjugar sinfonicamente, como numa dança bem dançada, sua dimensão social e sua criatividade, em um sistema consciente de sua relatividade e aberto para o futuro, para suas profecias e suas utopias.
É importante compreender que é pelo corpo que a cultura também se estabelece e se manifesta. De modo a reforçar esse aspecto, MASUS (1974: 41) diz que “estas formas de manifestação da cultura se expressam nas técnicas corporais especificas que no marcam desde o nascimento até a morte, por ser o corpo o primeiro e mais natural instrumento do homem”.
Tendo em conta os aspectos apresentados pelos autores acima citados, percebe-se deste modo que nele são escritas as formas com as quais cada grupo social recorre para identificar suas formar de fazer de fazer, de interagir com o outro e com o meio, de construir-se como pessoa com competências técnicas adequadas ao seu meio. 
Ainda sobre o mesmo assunto MAUSS (1974:42) refere que “as técnicas corporais são assim formas de expressão de cada grupo social específico, e a partir delas podemos tanto identificar um grupo ou diferenciá-lo”. Ainda, diz GRANDO (2004), as técnicas como o correr, andar, falar, dançar etc., expressa significações que ultrapassam o puro acto repetitivo e mecânico da expressão corporal, e portanto, cada técnica expressa, conforme o grupo social que a produziu e a reproduz, seu próprio sentido e significado, pois são construídas na relação como outro e o meio; ao serem apropriadas, no corpo, constituem-se como formas de identificação de cada pessoa. O meio social complexo, no qual as pessoas da cidade se constituem culturalmente, reflecte as relações históricas com um espaço geográfico privilegiado que possibilitou o intercâmbio entre diferentes formas de ser.
2.3.1. A dança Tradicional na Antiguidade
É importante perceber que a História da Civilização Humana regista a prática primitiva do ritual sagrado da dança da caça e da pesca, que mantinham a supremacia e a sobrevivência das comunidades, clãs e tribos. Como refere CANETTI (2005: 30),
o ritual cultural distinto, com variante e especificidade para cada comunidade, o culto da dança se configura numa herança milenar, comum à toda civilização humana. Movimento, ritmo, cadência, som, são alguns elementos essenciais à dança, atrelados a observação e ao treino. O conhecimento “do outro” constituíra-se então, num potencial defensivo.
Ainda sobre os primórdios da dança BONETTI (1998: 27) refere que “as danças tradicionais dos povos são consideradas por alguns estudiosos como danças circulares sagradas. Assim como danças étnicas. No tocante à classificação de circulares sagradas, observamos que, nas culturas primitivas as danças tinham um carácter sagrado”. 
Portanto, as danças étnicas são tradições vivenciadas por um povo que expressam sua história e seus sentimentos por meio da dança. Com essas práticas, os povos disseminam a preservação de ensinamentos de uma cultura, sem o carácter de apresentação pública com trajes típicos.
Posto isto, devemos concordar com a posição de HEBLING (2006. 58) que refere que “o acto de dançar é humano”. Em análise, a dança está relacionada a diferentes aspectos da vida humana aprendizagem, comunicação, crenças, relações sociais e políticas chegando a interferir no desenvolvimento da raça humana; quando suprimida, por qualquer razão (moral, religiosa ou política), ocorrem interferências na essência do homem. 
De acordo com a conclusão de RODRIGUES (2016), a cultura de tradição popular sofre, em sua maioria, discriminação por sua origem, preconceito por quem a pratica, desconhecimento dos seus valores históricos e patrimoniais como um bem da humanidade e dos direitos humanos. Praticada por segmentos da periferia, as danças tradicionais dos povos não é uma cultura reconhecida por alguns “eruditos” que teimam em ignorá-las devido às suas origens e suas raízes. Estas evidências despertaram a necessidade de ponderarmos sobre a importância de aprofundarmos o estudo do valor teórico e desconhecermos mais a prática cultural das Danças Tradicionais dos Povos enquanto instrumento da educação formal.
Contudo, importa procuramos entender o relacionamento que as danças tradicionais dos povos enquanto cultura que legou às diferentes concepções do ser humano e com o ambiente natural, bem como entender que precisamos valorizar a natureza de suas práticas nos diversos momentos históricos, e na veiculação de tradição multicultural das festas, dos ritos, das danças, das cantigas de roda e da dança tipicamente indígena, e outras.
2.3.2. A Dança Tradicional e a sua Influência na Vivencia da Comunidade
Ao falar da dança tradicional e a sua influência na vivência da comunidade, vamos perceber que OSSANA (1984) trás nos uma concepção que liga a questão de dança aos sentimentos, ao afirmar que sem dúvida, por uma necessidade interior, muito mais próxima do campo espiritual que do físico. Seus movimentos, que progressivamente vão se ordenando em tempo e espaço, são a válvula de liberação de uma tumultuosa vida interior que ainda escapa à análise. 
Em definitivo, constituem formas de expressar os sentimentos: desejos, alegrias, pesares, gratidão, respeito, temor, poder, etc.
Afirma ainda o mesmo autor que esses sentimentos estão intimamente relacionados com a necessidade material do grupo humano primitivo. Necessidade de amparo, abrigo, alimento, defesa e conquista; de preocupação, saúde e comunicação. Tais requisitos levam-no, primeiro, a observar a natureza e a relação que existe entre os fenómenos naturais propícios ou contrários à sua necessidade.
Em análise, ao aprofundar mais as conclusões de OSSONA (1984) este faz nos perceber que tudo na vida é movimento: 
· O Universo move seus sistemas, e cada sistema seus sóis, estrelas, planetas e satélites;
· As estações se sucedem ritmicamente, assim como o dia segue a noite, a Lua ao Sol;
· A vegetação evolui em ciclos rítmicos, sobem e baixam as marés, o ser nasce, cresce, decresce e morre. 
Portanto, o ser humano é testemunha e participe de todo esse movimento que o maravilha, e expressa em danças seu assombro, sua necessidade de compreensão.
2.3. Danças Tradicionais Moçambicanas
De forma genérica ao se debruçar sobre as danças tradicionais, pode se buscar o conceito trazido por SILVA (2014: 14) que afirma que “a dança é uma forma de manifestação cultural e de socialização. Não existe povo sem dança. A dança marca as tradições, as crenças e os valores de um povo. A dança faz parte da vida, portanto dançar é viver”. 
2.3.1. Danças Tradicionais de Natureza Guerreira
Em função deste conceito apresentado, ao olhar para a realidade moçambicana, o autor ARPAC (2018), que assegura-nos que as danças tradicionais de natureza guerreira nomeadamente Ndlama, N’qai, Xigubo e Ngalanga, devido a sua conexão com os símbolos do poder, bem como, a sua intrínseca ligação com a tradição combativa dos grupos etnolinguísticos nguni (Ndlama, N’qai e Xigubo) e copi (Ngalanga), depois do declínio do Império de Gaza e implantada a estrutura administrativa colonial, foram as primeiras visadas pelas medidas proibitivas. Estas danças e outras manifestações performativas de cunho guerreiro ou sofreram alterações ou foram abafadas.
Afirma ainda que para tal, torna-se relevante a exposição do poder simbólico que as danças tradicionais veiculam, um exercício que nos ajuda também a desafiar o crescente senso que olha para as danças como uma simples prática cultural cuja utilidade é apenas de entreter as pessoas, menosprezando a dinâmica que elas imprimem em outras esferas sociais, tais como, a economia e a política.
De forma distinta, HANNA (1987:47) traz-nos a percepção segundo a qual, “as danças tradicionais têm significado mais profundo, pois é inerente a elas a possibilidade de exercitar o corpo e, através disso comunicar relações de poder; ou seja, adequa-se a fins políticos”. 
A dança valida e cria líderes e é um veículo de competição pelo poder, de controlo social, de lidar com a subordinação, de restrições ao exercício do poder, ou de reparação e de transformação. Essa eficácia parece assentar numa combinação de factores: primeiro, porque funciona como um sistema autónomo, eminentemente multissensorial, que causa excitação, medo ou prazer, tanto para o praticante como para o observador.
2.3.2. Danças Tradicionais no Contexto Moçambicano
Na perspectiva de CAMINADA (1999: 01) “a dança é entendida como cópia ou interpretação de movimentos e ritmos inerentes ao ser humano, é tão antiga quanto o homem”. 
Esta, pouco a pouco começou a ser submetida a regras disciplinares e a assumir o aspecto de uma cerimónia formal; instalou-se a preocupação com a coordenação estética dos movimentos, até então naturais e instintivos do corpo, colocando o homem diante das chamadas danças espectaculares, ou seja, do “espectáculo”.
Ao abordar os mesmos aspectos referentes a inicialização das actividades de dança, ALBINO (2013: 15), elucida-nos que,
o homem sempre procurou, através dos tempos, se expressar e deixar sua marca no planeta. Antes de chegarmos ao que se convencionou chamar de civilização, os primitivos habitantes da terra nos legaram sua arte rupestre, pintada nas pedras e paredes, com cenas danças, caça, pesca e da vida quotidiana.
Ainda em torno a sua periodicidade, LANDGARF (2014: 88), afere que “apenas na segunda metade do século XX esta perspectiva é contraposta a outra, que dá início à antropologia social e à antropologia política”. 
Portanto, nestas, o termo culturatem abrangência mais ampla, passando a significar o campo de trocas simbólicas, dotado de uma estrutura específica e singular. A criação colectiva da linguagem, as manifestações artísticas e do lazer (danças), o sistema de relações sociais, particularmente o parentesco e relações de poder, são todos âmbitos do emergir, vivenciar e criar cultural.
De acordo com LANDGARF (2014: 21), 
a partir de então, a cultura é compreendida como campo no qual uma comunidade institui as relações entre seus membros e a natureza, conferindo-lhes sentido ao elaborar signos, práticas e valores, ao definir para si própria o possível e o impossível, a linha do tempo (passado, presente e futuro), as distinções no interior do espaço, o justo e o injusto, o permitido e o proibido, a relação com o visível e o invisível, o sagrado e o profano, a guerra e a paz, a vida e a morte.
Na visão de GARAUDY (1980: 85) referir que “a dança é um modo de existir. Não apenas um jogo, mas a celebração, participação e não espectáculo, ela está presa a religião, ao trabalho e a festa, ao amor e a morte, a guerra e a paz, o casamento e os funerais, a semeadura e a colheita”. 
2.3.3. Importância da Dança Tradicional Moçambicana (Mapiko e Nyau)
Em seus estudos PANTOJA (2010) conclui que a dança nos dias de hoje pode contribuir significativamente para realização da síntese pela qual nossa época espera: a de uma sociedade aberta, onde o comunitário não se degradasse em totalitário nem a expressão da pessoa em individualismo, mas ao contrário, onde o ser humano pudesse conjugar sinfonicamente, como numa dança bem dançada, sua dimensão social e sua criatividade, em um sistema consciente de sua relatividade e aberto para o futuro, para suas profecias e suas utopias.
Olhando especificamente para da dança Mapiko, de acordo com MAHUMANE (2012: 87) percebe-se que o “elemento central do mapiko é o lipiko, dançarino principal”, este deve estar, necessariamente, envolto em panos e mascarado”. 
A máscara, tanto pode representar figuras de animais (coelho, leão, cão, leopardo, hiena), como também pode representar uma figura humana, que simboliza o espírito de um defunto a ser invocado. Da cintura para cima todo corpo do dançarino fica coberto de guizos. 
De acordo com MAHUMANE (2012), a dança inicia com o tocar do batuque, likuti, e é acompanhada por um coro formado pela assistência, que se dispõe de modo a formar um corredor por onde deve passar o lipiko. Na extremidade, surge o dançarino que, à grande velocidade, entra no recinto de dança e se atira contra o muro formado pela assistência, que recua assustada. O coro canta e dialoga, através de gestos, com o lipiko.
Por sua vez, a Dança Nyau foi certificada pela Organização das Nações Unida para Educação Ciência e Cultura (UNESCO) em Novembro de 2005, como uma obra-prima do património oral e intangível da humanidade A dança Nyau, constitui a cultura dos habitantes da província de Tete, que exige bastante agilidade do seu dançarino, duma máscara de madeira e a dança tabu de ritos de iniciação MICHEL (2002: 23). 
De acordo com MAHUMANE (2012) como tradição dos habitantes da província de Tete, usam certos símbolos de seus hábitos e costumes, como símbolos de maniqueira, que representam matéria-prima para fazer sumo, doces, bebidas alcoólicas e alimentação, e o de cabrito que representa fonte de riqueza. Como uma indumentária deste povo, para mulheres” chithero”, capulana com blusa “bhaju” mesmo tecido e os homens ”ngonda” tecido branco denominado “tchiria” para os adultos. Os mitos, Deus da chuva considerado “nsato”.
Por seu turno MAHUMANE (2012:06) em seus estudos apresenta um relato de um espectador: 
O Nyau estava forte. A princípio chegara um homem alto, tão alto que tocava com a cabeça as últimas folhas dos eucaliptos. Por detrás dele vinha uma jibóia. A seguir veio um contingente de dançarinos. Todos traziam máscaras medonhas, de animais e aves. Estavam nus. Os seus corpos eram pintados de um branco forte que lembrava a cal. Empunhavam azagaias, chuços, catanas, machados. Alguns tinham os flancos cobertos com pequenas esteiras de bambu, à primeira vista, poder-se-ia julgar que tinham os movimentos presos. Mas a agilidade é a condição primária do Nhau.
2.3.4. A ligação da Comunidade e a Dança Tradicional
Desta forma, DIAS (1962: 56), segundo a qual “a dança, foi desde os princípios remotos uma necessidade espontânea, seja como expressão natural da vibração física, seja como meio de exteriorizar estas forças interiores da vida e impressionar ou influenciar o ambiente”. 
Este influenciar estendia-se sobre o ambiente visível, como confirmação da própria existência, por meio de ruído, como meio de defesa (dança de guerreiros, defesa contra os perigos do mato), assim como sobre o ambiente invisível que teria sido a ´´força suprema`` e todo o mundo dos antepassados e espíritos de todas as espécies.
Ainda de acordo com DIAS (1962), a dança pode ter em muitas destas culturas um carácter sagrado, e em África ainda o tem, embora o conceito do ´´sagrado`` difira do conceito europeu, que é cunhado por uma outra religião. Dançar, pôr o corpo em movimento, em vibração, significa uma espécie de comunhão com as forças vitais, com tudo o que adoram, e o que temem; e, além disso, une e reforça neste intuito a comunidade. Dançar é uma necessidade que liga até os vivos aos espíritos dos antepassados mortos e que facilita a comunhão com eles.
Analisando, dança moçambicana está profundamente enraizada na terra, não procura gestos que abstraiam da vida natural e exprimam formas abstractas, estáticas e estéticas. Os gestos da dança moçambicana não tomam posse de um vasto espaço diagonal, restringem-se mais a uma posição básica, onde o tronco é levemente inclinado para a frente, as pernas com uma ligeira quebra nos joelhos, na posição de maior prontidão de reacção, e os braços fazendo equilíbrio. À volta desta posição surgem as oscilações e, às vezes, ondulações e torções, sustentados pelos passos rítmicos. Os dançarinos preenchem esta posição, às vezes aparentemente parada, com virtuosismo de tremuras parciais dos músculos.
2.4. Características Culturais dos Maconde.
Conforme as ilustrações de MANUPA (2014), Mapiko é tradição de Maconde desde aquele tempo, tempo dos velhos. Não é nós que começamos esse Mapiko não. Desde muito tempo os velhos nasceram aquele tempo de atrás. Então aquilo é tradição Maconde para, tradição para dizer que criança não pode crescer sem saber que isto Mapiko é o que Mapiko começa a respeito das pessoas.
Na abordagem relativa a cultura Mapiko, LOPES (2012: 26) refere que “o Mapiko consiste em mistura de dança, teatro e música. Revela relações sociais com a dramaticidade que o mascarado expõe suas coreografias e máscaras, e traz à tona o sagrado com a sua ligação ao mundo espiritual”. 
O Mapiko é elemento da identidade cultural do povo Maconde, é veículo da cultura onde se perpetuam experiências passadas e situações quotidianas. Os artistas Macondes que fazem parte do Mapiko (escultores, cantores, músicos, dançarinos) são responsáveis pela preservação e transmissão da tradição.
De acordo com NARCISO (2016: 22) “um maconde não se compreende apenas pelo mapiko, mas pela sua relação com o corpo”. Refere-se:
· As escarificações e tatuagens que constroem uma linguagem visual através da qual a pessoa pode comunicar e ter uma função mágica e sobrenatural;
· Os estigmas corporais que ajudam o indivíduo a construírem uma identidade única e social, a preservação da sua identidade, como também a arte deste povo: cerâmica, máscaras traduzindo os seus anseios, usos e costumes e superstições, a estatuária e muitas outras formas de exteriorização cultural que elevam o nível de afectos e representações reais da natureza.
Conforme o LOPES (2012: 10) “os Macondes viviam organizados em sociedade de clã matrilinear, ou seja, os jovens que deixavam as casas de seus pais para viver na casa dos irmãos de suas mães (tios maternos) recebiam terra, dinheiro e bens para vidas adultas”.
Assim sendo, grupos de Mapiko desta épocaeram compostos por homens da mesma linhagem e chefiados pelos mais velhos. Tendo assim, o que se pode chamar de verticalização do poder, onde o mais velho está acima do mais novo. Tais grupos davam preferência à base espiritual do Mapiko. As máscaras representavam tipos de Macondes. As coreografias eram frenéticas, agressivas e desestruturadas.
Conforme as alegações de SABINGA (2003: 20) “actualmente o Mapiko ainda é realizado para marcar o fim de iniciações masculinas, mas acontece com frequência em competições que são organizadas por grupos de diferentes aldeias semanal ou mensalmente”. 
Analisando as citações acima arroladas, também pode-se assistir o Mapiko em celebrações funerárias e festas de feriados nacionais. No planalto de Mueda existem muitos grupos de Mapiko, portanto, as notícias sobre tais eventos viajam rápido ao longo das estradas e caminhos conectando as cidades e aldeias. O Mapiko parece ainda cumprir uma de suas antigas funções, a de estabelecer uma relação entre aldeias vizinhas.
De acordo com as abordagens de LARANJEIRA (2017) a transformação da produção escultórica makonde em objecto de arte é abordada pelos escultores naturais do Planalto de Mueda. Em entrevista com os artistas desta cultura, ambos relataram que a escultura produzida pelos makonde de Moçambique foi concebida como arte, dotada de valor comercial, somente a partir do contacto com os portugueses. 
Estes passaram a encomendar modelos específicos de escultura em pau-preto, madeira muito mais resistente que o ntene, bastante leve e de cor clara, utilizadas para a fabricação das máscaras mapiko. Além das máscaras, usadas principalmente no contexto religioso dos ritos de iniciação masculinos, os objectos utilitários em madeira também atraíam a atenção dos coleccionadores estrangeiros, como é o caso do mtete, denominação em shi-makonde para as tampas de frascos de medicamento. 
Características culturais dos Nyanjas.
De acordo com MANJATE (2014) o Nyau na região dos Nyanja é considerado também como rito de iniciação e/ou de passagem. O Nyau enquanto rito de iniciação reveste-se de características peculiares, assumindo relevância na educação dos jovens e na preservação dos valores socioculturais da comunidade. 
A sua prática compreende várias fases, dentre as quais se destacam: 
· A candidatura;
· As provas de resistência e sacrifício; 
· A aprendizagem dos preceitos da irmandade secreta e da comunidade (instrução) e;
· A integração na irmandade (membro de pleno direito) (Idem).
Ainda na visão de MANJATE (2014: 21) “a candidatura de um indivíduo na sociedade secreta do Nyau incorpora características de uma iniciação de adolescentes à vida adulta, sendo voluntária e limitada a indivíduos do sexo masculino”. 
· O processo deste ritual começa com os sinais fisiológicos da puberdade, entre os 8 e os 12 anos de idade, tais como, a tonalidade da voz, o aparecimento da barba e dos pêlos púbis e a emissão precoce de esperma;
· Seguidamente, uma vez na posse destas indicações, os pais do adolescente socorrem-se de um padrinho (phungo), para a entrada do seu filho nos ritos de iniciação. Percebe-se, portanto, que à semelhança da maioria dos povos situados ao Norte do rio Zambeze, os NYAU, são matrilineares, o que significa que os descendentes e as relações de parentesco seguem a via maternal (Idem).
De acordo com DAVA (2009) a um acontecimento interessante na organização social Nguni, que mais tarde viria a relacionar-se com o Nyau. Estes, de organização patrilinear por excelência, com o tempo, viriam a converter-se à sociedade matrilinear, característica dos Chewa. As razões desta transformação não estão ainda claras, no entanto, são associadas ao facto dos guerreiros Nguni não terem incorporado muitas mulheres nas suas longas, difíceis e pesadas marchas migratórias, fugindo à perseguição de Tchaka Zulu. Assim, uma vez estabelecidos nestes territórios, tiveram de se casar, naturalmente, com mulheres locais, o que os levaria a conversão a matrilineares, alguns, passando a praticar o Nyau.
2.5. A migração e Preservação Cultural
As migrações, na visão de FERREIRA (2012: 77) avançam que “são movimentos de grupos ou pessoas, vindos de outras zonas que cruzam as fronteiras de determinado país com o objectivo de se fixar definitivamente ou temporariamente nesse país”. 
Contudo, quando falamos de emigração, imigração ou migração, há um actor comum às três definições, o indivíduo, o emigrante ou o imigrante, pois sem este, não poderíamos discutir e opinar sobre esta temática que tanta atenção nos merece.
Em seus estudos CASTLES e MILER (1998) concluem aspectos que vão ao encontro da ideia apresentada anteriormente, ao referir que por causa da dinâmica actual vivemos actualmente o multicuralismo. Hoje vivemos num mundo em permanente mobilidade e o multiculturalismo pode significar o afastamento do mito, estados-nação homogéneos e monoculturas, pode ser uma forma inteligente de controlar as diferenças étnicas, não pondo em causa o princípio territorial e contribuir para a fixação de imigrantes e proporcionar que as gerações futuras se fixem também necessidades de convívio e de manter relações sociais com pessoas que se identifiquem entre si.
Ao se debruçar sobre a migração de culturas, LUSSI (2017: 38), acrescenta que “os migrantes e refugiados contribuem de modo importante para o desenvolvimento e o enriquecimento dos povos é a cultura, nas suas diferentes formas e expressões”. 
Portanto, a cultura é também um canal particularmente favorável para a integração e a convivência intercultural em contextos nos quais as diversidades culturais muitas vezes são consideradas factores de ameaça à qualidade de vida, à convivência e à paz. A cultura tem “poder de transformar vidas e contribuir para a inclusão e para a coesão social, promovendo o conhecimento, o diálogo, a tolerância e o respeito”.
A arte, a cultura dos povos, a dança e a gastronomia, as cores e os ritmos que as migrações fazem encontrar, partilhar e intercambiar podem melhorar a vida de quem migra e, sobretudo, incidir nos contextos de interacção com seu poder transformador e mobilizador, favorecendo o encontro e a valorização da alteridade que os migrantes trazem consigo, assim como a emersão, o respeito e o reconhecimento das particularidades e riquezas de todas as diversidades que as comunidades encerram e transmitem, de geração em geração.
De acordo com as conclusões de VITORIANO (2005), o movimento migratório proveniente de vários Estados do Nordeste foi inevitável, sendo que os peregrinos que para lá se deslocaram não foram movidos somente pela fé, mas pela vontade de aprender um ofício e reverter a difícil situação na qual viviam. Ao lado do incentivo dado pelo Padre Cícero às actividades ligadas ao cultivo da terra, ele aconselhava também que praticassem uma “arte”. Os conselhos dispensados aos mais necessitados fizeram com que se espalhassem pela nova cidade centenas de tendas, onde funcionavam oficinas de ferreiros, ourives, seleiros, fabricantes de redes e relógios. 
Além disso as conclusões de VITORIANO (2005), refere que a região conta com um fórum de cultura e turismo muito organizado e actuante. 
Ao contrário da região dos Inhamuns, por exemplo, que apesar de realizar anualmente o Festival de Bonecos, Circo e Teatro de Rua, não conseguiu até hoje organizar seu fórum de cultura e turismo. Os Tesouros Vivos da Cultura representam várias categorias/linguagens da Cultura Tradicional Popular. Como não existe uma uniformização dessas categorias/linguagens vou utilizar a metodologia feita no Encontro Mestres do Mundo para distribuir as “rodas” de conversa entre os mestres, que são as actividades ligadas ao corpo, aos sons, as mãos, a oralidade e ao sagrado.
CAPÍTULO II: METODOLOGIAS DE ESTUDO
Este capítulo reserva-se a descrição de um conjunto de procedimentos ou caminhos metodológicos e técnicas a serem usados durante a realização desta pesquisa científica.
São apresentados neste capítulo, o tipo de pesquisa (quanto aos objectivos, abordagem e procedimentos),o método e técnicas de pesquisa, a população, a amostra e a caracterização física geográfica socioeconómico da área de estudo, a localização, divisão administrativa e a cultura, objectivando mostrar como se comporta a base cultural dos habitantes da região de Chinjinguir
2.1. Tipos de pesquisa
De acordo com GIL (2009), as pesquisas sociais podem ser classificadas obedecendo três (3) critérios a saber: 
· Quanto aos objectivos; 
· Quanto a abordagem do problema e;
· Quanto aos procedimentos técnicos.
2.1.1. Tipo de pesquisa quanto à abordagem do problema
Segundo GIL (2009:31), “quanto à abordagem, a pesquisa pode ser qualitativa e quantitativa”. 
A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc. A pesquisa qualitativa preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais.
A pesquisa quantitativa diferentemente da pesquisa qualitativa os seus resultados podem ser quantificados. A pesquisa quantitativa se centra na objectividade. A pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenómeno, as relações entre variáveis, etc. 
Nesta pesquisa optamos pela pesquisa qualitativa, pois, os dados foram descritos qualitativamente na compreensão da influência das danças tradicionais na preservação da cultura autóctone dos emigrantes na localidade de Chinjinguir-Homoine
2.1.3. Tipo de pesquisa quanto aos objectivos
De acordo com GIL (2009:32), com base nos objectivos, é possível classificar as pesquisas em três grupos: 
· Pesquisa exploratória: este tipo de pesquisa tem como objectivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. 
· Pesquisa descritiva: este tipo exige do investigador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar. Esse tipo de estudo pretende descrever os factos e fenómenos de determinada realidade. São exemplos de pesquisa descritiva: estudo de caso, análise documental, pesquisa ex-post-facto;
· Pesquisa explicativa: este tipo de pesquisa preocupa-se em identificar os factores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenómenos. Ou seja, este tipo de pesquisa explica o porquê das coisas através dos resultados oferecidos.
Esta pesquisa foi descritiva porque descreve detalhadamente os factos que compreendem sobre a influência das danças tradicionais na preservação da cultura autóctone dos emigrantes na localidade de Chinjinguir-Homoine
2.1.4. Tipo de pesquisa quanto aos procedimentos técnicos
Segundo GIL (2009:34), quanto “aos métodos de procedimento, pode ser: Histórico; Comparativo; Monográfico (estudo de caso); Estatístico; Tipológico; Funcionalista e Estruturalista”.
Na presente pesquisa foi utilizado o método monográfico, uma vez que visa fazer um estudo de fenómenos que ocorrem num determinado grupo de pessoas com o objectivo de fazer generalizações do fenómeno investigado.
Segundo os autores acima citados, pelo método monográfico (estudo de caso), estuda-se fenómenos, indivíduos, grupos, instituições, etc., com o objectivo de fazer generalizações a partir de caso ou casos representativos (indivíduos, profissões, condições, etc.) em profundidade, respeitando sua totalidade.
2.2. Método 
Na perspectiva do nosso autor, o método pode ser indutivo; dedutivo; hipotético – dedutivo; etc. De modo a alcançar os objectivos traçados no projecto, foi usado o método de abordagem indutivo que permitiu a abordagem do assunto de uma forma clara e objectiva partindo do particular para o geral. O uso deste método permitiu partir das constatações mais particulares sobre as danças tradicionais (Mapiko e Nyau) e a sua importância para a preservação da cultura, dadas por uma parte dos ex-combatentes, para posterior generalização sobre a localidade de Chinjinguir. 
2.3. Técnicas de Recolha de Dados
Para a colheita de dados, optei pela observação directa e entrevista[footnoteRef:1]. [1: Vide apendice – 1.] 
2.3.1. Observação directa
As observações foram usadas para caracterizar os momentos de dança, bem como todos os aspectos específicos do mesmo, realizada pelos antigos combatentes na localidade de Chinjinguir. 
2.3.2. Entrevista
Entrevista, é a obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou problema (MÁRCONI e LAKATOS, 1995:20).
Acordo com RIBEIRO (2008) esta é a técnica mais pertinente quando o pesquisador quer obter informações a respeito do seu objecto, que permitam conhecer sobre atitudes, sentimentos e valores subjacentes ao comportamento, o que significa que se pode ir além das descrições das acções, incorporando novas fontes para a interpretação dos resultados pelos próprios entrevistadores
Para esta pesquisa foi utilizada a entrevista do tipo semi-estruturada, que se desenvolver a partir de uma relação flexível de perguntas, cuja ordem e redacção sofre alterações de acordo com os contextos.
Esta técnica foi dirigida aos oitos (08) elementos, dos quais 06 ex-combatentes residentes da localidade de Chinjinguir e praticantes da dança Mapiko e Nyau e 2 nativo, que de forma directa tem observado o desenvolvimento destas danças tradicionais. A técnica de inquirição permitira que os entrevistados se expressem à vontade, e que dêem suas opiniões sem influência das nossas perguntas, portanto, estas entrevistas dão uma compreensão mais profunda acerca do assunto a ser tratado.
2.4. População e Amostra
2.4.1. População
Segundo MARCONI e LAKATOS (1995:221), “o universo é o conjunto de seres animados ou inanimados que representam pelo menos uma característica em comum”.
Este universo é definido por aproximadamente oito (08) elementos, dos quais dois (02) ex-combatentes residentes da localidade de Chinjinguir chefe dos grupos (04) são praticantes das danças Mapiko e Nyau e dois (02) nativos, que de forma directa tem observado o desenvolvimento destas danças tradicionais
2.4.2. Amostra
A amostra é o subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se estimular as características desse universo ou população (REIS, 2009: 11).
Para se obter a amostra recorreu-se ao método de amostragem Intencional, que é o método que permitiu a seleccionar a amostra de apenas antigos combatentes que praticam ou já praticaram as danças tradicionais em estudo na pesquisa a ser realizada na localidade de Chinjinguir.
Desta forma, a amostra para a presente pesquisa foi de 06 ex-combatentes e praticantes das danças tradicionais e 02 elementos da comunidade que tem acompanhando este movimento. O critério usado para seleccionar ex-combatentes por inquerir foi a sua inserção nos grupos de dança praticantes de Mapiko e Nyau. Pois, são estes que estão em altura de dar uma informação completa sobre a questão em estudo. 
Tabela 1. Relação entre a População, Amostra, Percentagem (%) e Instrumento de colecta de dados
	Designação
	População (Amostra)
	Percentagem (%)
	Instrumento de colecta de dados
	Ex- combatentes praticantes das danças 
	(06) 
	100%
	Entrevista
	Comunidade envolvente no movimento da dança 
	 (02)
	5%
	Entrevista
	Total
	 (08)
	9.1%
	
2.5. Descrição do Local de Estudo
2.5.1 Localização Geográfica População da Localidade de Chinjinguir
O distrito de Homoíne situa-se a Oeste da Província de Inhambane, a cerca de 87Km da capital provincial, tendo como limites o distrito de Funhalouro a Norte, o distrito de Jangamo a Sul, a cidade da Maxixe a Este, o distrito de Panda a Oeste e o distrito de Morrumbene a Nordeste. 
A localidade de Chinjinguir localiza-se no posto administrativo Sede, a este do Distrito de Homoine, distando a aproximadamente 5 Km da vila sede. Encontra-se entre as coordenadas 23º55´8.69´´e 24º 6º3.01´´ latitude Sul e 35º14´18.29º longitude, apresentando como limites a norte a localidade de Inhamussua, a este a localidade de chizapela e a oeste a localidade Manhica.
2.5.2. Características socioeconómicas da Localidade de ChinjinguirA distribuição das habitações é proporcional a factores socioeconómicos, com maior concentração da população e construção de habitações nas proximidades de infra-estruturas básicas tais como fontes de abastecimento de água, escolas, unidades sanitárias, mercados, entre outras (PDD, 2014:14).
A produção agrícola é praticada maioritariamente pelo Sector Familiar com índices de produção da maioria das culturas muito baixos. De acordo com as condições agro-ecológicas da região, a produção de culturas alimentares é desenvolvida em dois sistemas sendo um de sequeiro e outro de regadio em pequena escala em virtude de ser coberta pela rede de rios e beneficiar de baixas húmidas.
Paralelamente a agricultura, a actividade pecuária também é muito praticada, a destacar a criação de gado bovino, caprino e suíno e animais de pequeno porte, tais como as galinhas e patos. A rede comercial é dominada por comerciantes informais que se dedicam à venda de artigos diversos ao longo da estrada e nas “barracas” instaladas próximo da Estrada.
2.5.3. Cultura 
A População do Distrito de Homoíne é predominantemente Matsua, e possui também originários Bitongas e Machopes. Os Bitongas são oriundos do litoral e os Machopes vieram de Manjacaze e Inharrime enquanto os Matsuas ou Vatsuas, presume-seque tenham vindo com Ngungunhana, ou eram destas terras e, associando-se a ele, estenderam-se até Mambone. Segundo rezam as primeiras crónicas, o nome de “Honwíne” devia de facto de Julho de1907, durante o processo de ocupação efectiva colonial, o primeiro comando militar portuguêsa ser estabelecido no território do então “Honwine”, zona de Cumbula a 7 km da vila sede do Distrito (MAE, 2014: 24).
Em termos de património histórico, o Distrito de Homoíne conta com alguns locais (Governo do Distrito de Homoíne (2011), tais como: As matas e nascentes sagradas nas Localidades de Chizapela, Pembe, Mubécua e Manhica. Nestes locais não se pode cortar nem retirar nada da vegetação existente. O Povoado de Tsangue na Localidade de Pembe onde encontra-se conservado o local onde o Rei Ngungunhane, após uma de suas cruzadas, parou para descansar e acampar com seus guerreiros. A Vala Comum localizada na Vila Sede onde jazem 350 corpos das vítimas do Massacre de Homoíne ocorrida a 18 de Julho de 1987 durante a guerra civil.
CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO, ANALISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
No presente capítulo são apresentados e discutidos os elementos buscados no campo através da ficha de inquérito, abordando aspectos desta da história da dança na localidade de Chinjinguir até aos pormenores da prática e dos instrumentos utilizados durante a sua performance.
De acordo com os dados colhidos da nossa amostra (através da entrevista), em Chinjinguir existem dois grupos que desenvolvem as actividades culturais de dança denominada Mapiko e Nyau. Os dois grupos compostos por ex-combatentes oriundos da região centro e norte de Moçambique foram criados momentos após a luta pela libertação do país. 
3.1. Características da Dança Mapiko
Os entrevistados foram unânimes ao afirmar que as características da dança Mapiko praticada em Chinjinguir são ligeiramente diferentes das características do Mapiko praticado na província de origem dos ex-combatentes. 
De modo a buscar mais elementos específicos referentes as características da dança, entrevistamos o líder do grupo de Mapiko, MANUEL (2020cp), que declarou que, após a fusão de dois povos com culturas diferentes há aspectos que mudaram no que concerne as características da dança Mapiko. Em primeiro lugar nota-se que:
[…],o lipiko compreende três dimensões a partir da indumentaria, fabrico de instrumentos, a musica e a dança a maneira de apresentação tornou-se mais programada, sendo que existe dias específicos em que fazemos as demonstrações, como é caso de dias festivos, casamentos, nas cerimónias fúnebres, investiduras do membro do grupo, nas cerimónias do governo do distrito, os praticantes na região sul são mais restritos e limitados, sendo que não se observa a questão da entrega total ao espírito de lipiko, o qual na região norte chega a ficar vários dias distante da família, nas matas e alimentando-se de frutos silvestres e animais selvagens e a saída do dançarino do lipiko muita das vezes é espontânea
Segundo as declarações do entrevistado entende se que o Mpiko como expressão artística, comporta se em três dimensões desenvolvidas ao nível da: (1) indumentária; (2) fabrico dos instrumentos; (3) música e a dança. Estas dimensões, reflectem a forma como os praticantes expressam as suas emoções, história e cultura, socorrendo-se dos seus valores estéticos em termos de beleza, harmonia e equilíbrio. O mapiko da zona sul fazem as suas demonstrações baseando nos eventos que aparecem quer do governo do distrito, dos eventos sociais e das datas comemorativas.
 Entretanto entende se que não há entrega total do lipiko quando se analisa o local da saída do bailarino e os dias que levava no mato fora das suas famílias alimentando das frutas silvestres e animais selvagens. Deste modo, a identificar melhor as características vamos observar de modo separando a questão de indumentária, instrumentos e usados durante a performance do Mapiko na localidade de Chinjinguir. Em analise, observei que, a maneira de apresentação das danças foi ficando cada vez mais modernizada, assim como, com o passar do tempo os praticantes da dança foram ficando modificando que selvagens no que concerne a forma dos movimentos da dança.
3.3.1. Indumentária e Instrumentos
Deste modo, a identificar melhor as características vamos observar de modo separando a questão de indumentária, instrumentos e usados durante a performance do Mapiko na localidade de Chinjinguir. Em analise, observei que, a maneira de apresentação das danças foi ficando cada vez mais modernizada, assim como, com o passar do tempo os praticantes da dança foram ficando modificando que selvagens no que concerne a forma dos movimentos da dança.
De acordo com o Líder do grupo Mapiko MANUEL (2020cp), 
[…]o Mapiko quanto aos instrumentos usados na zona de origem e de emigração é Chiganga, Nea, Lingoma e Mapiko. Portanto estes instrumentos são usados geralmente para a acompanhar a performance do dançarino obedecendo o tipo de representatividade feita no dia da apresentação. Os instrumentos são produzidos pelos próprios praticantes da dança, durante os períodos que não há apresentações, onde fazem-se ate as florestas de modo a colher todo o tipo de material necessário. Na região sul como tal, há escassez de alguns materiais usados tipicamente para a indumentária dos dançarinos, o que nos obriga a usar dos instrumentos e vestes possíveis de produzir de acordo com o material local, como é o caso de uso de bambus, capulanas, barro, chifres,
FIG. nº1. Foto de Mapiko durante a apresentação em Chinjinguir
 (
1-Mascara de Barro
2
-Veste de Capulana
3
-Pantaloda feita a capulana
4
-Pescote de Missanga
)
Fonte: Extraída pelo autor (25.12.2019)
 1- Mascara do Barro
 2- Veste de Capulana
	3- Pantaloda feita a capulana
	4- Pantalonas e ceroulas
Fig. 3 Fonte: MANJATE, 2014.
Em análise, observa que, a maneira de apresentação das danças foi ficando cada vez mais modernizando, ao passar do tempo os praticantes da dança foram ficando modificando no que concerne a forma dos movimentos da dança.
Apesar de haver escassez do material na zona sul têm usado o material possível encontrar localmente como é o caso de bambus, barro e chifres. Assim pode se afirmar que os instrumentos que usam são os mesmos da região de origem.
Portanto, o mapiko praticado em chinjinguir, tem alguns aspectos similares, mas há algumas diferenças entre a postura assim como a indumentária dos praticantes, pelo que passamos a apresentar a comparação das imagens. Na região norte apresenta se com mascara de barro, veste a capulana, na cintura tem veste de capulana feita a capulana, pantaloda e pantalona e ceroulas, nas mãos apresenta alguns instrumentos que usava no mato para caçar os animais selvagens paraa sua alimentação no momento da sua estadia fora da família. E região sul apresenta se com mascara de barro, veste de capulana, pele do animal, pantaloda feita de capulana, e nos pés tem pescote de missanga que vai acompanhar a performance no momento da dança.
Fig. 3 Fonte: MANJATE, 2014.		Fig.4 Fonte: Extraída pelo autor (25.12.2019)
3.4. Características da Dança Nyau
A prática desta dança foi desde o seu início uma forma de reencontro com as raízes dos praticantes (nativos de Tete) os quais vêem na dança uma das formas específicas de preservar os seus traços culturais no novo espaço de migração. Estes aspectos são reforçados por TOMANE (2019cp), quando afirma que:
 […], a dança Nyau sempre foi uma das maiores formas de representação cultual, onde desde a infância as crianças são colocadas em contacto com esta pratica, a qual vai se consolidar mais nos ritos de iniciação, onde os adolescentes começam a praticar a aprendem igualmente a produzir os materiais de dança bem como a indumentaria. Para a representação da sua cultura o bailarino saiem do cemitério para um rio ,seguia, para aldeia ,na regiao sul só saímos do rio para aldeia. Por este motivo sempre continuamos com a prática do Nyau mesmo durante o período de conflito militar colonial a revendicar o sistema em vigor, onde momentos após a independência fazemos sempre representações desta cultura em datas comemorativas e sempre e recepção de dirigentes do estado.
Portanto, da entrevista, pode se aferir que a prática destas danças é tida como uma forma de preservação das suas culturas e garantir a transmissão do legado cultural para os mais novos, as crianças, os adolescentes que nas suas declarações estes começam a praticar, a aprendem e produzir os materiais de dança bem como a indumentária. 
Deste modo, os bailarinos do nyau para exibição das suas danças saiem do cemitério para o rio e de seguida se deslocam para aldeia para actuarem. Mesmo com a sua actual localização, existe uma vontade de manter e preservar os seus hábitos culturais.
Importante referir que esta dança era praticada no período colonial como uma forma de preservação da cultura, mas também como um gesto contra o governo colonial, onde apresentava-se com um instrumento de resistência a ideologia colonial.
3.4.1. Indumentária e Instrumentos
 De acordo com TOMANE (2019cp) a maioria dos materiais usados para a produzir peças de indumentária é encontrada localmente, em espaços públicos, porém, a sua recolha é feita por um iniciado, sem despertar suspeitas, quanto à sua origem e finalidade. Nesta produção artística, nota-se o interaccionismo através da combinação dos valores ancestrais e, novos, decorrentes de dinâmicas sociais.
Estes aspectos acima são esclarecidos na entrevista com um dos praticantes da dança MALAI (2019cp), quando afirma que,
[…] Existe alguma diferença entre os itens usados nos seus locais de origem na produção das máscaras do Nyau resultam três tipos, a saber: kapoli (máscaras de plumagem), kampini (máscaras de madeira) e dzwirombo (figuras zoomórficas). Os que são usados na localidade de chinjinguir, devido a disponibilidade desses materiais é Kapoli feito a penas (mascaras de plumagem), lenço-pange, timakulau e ceroulas Quanto aos instrumentos a nível local tanto de origem são os mesmos usa-se mais pange, timakalau, hondowenw e gondokulo, o tempo de duração da produção depende do instrumento que em média pode levar 2 a 3 dias. Porem percebendo-se que há um novo destaque pata questões como o tipo de penas usada, a textura para a montagem assim como as vestes.
FIG. nº4. Foto de Nyau durante a apresentação em Chinjinguir (
1
-Kapoli feito a penas
2
-Lenço-pange
3
-Timakulau
4- Ceroulas
)
Fonte: Extraída pelo Autor (25.12.2019)
1-Mascara de Barro e chifres
2 -Veste de Capulana/ farrapos
3- Catana
4- Ceroulas
5- Pescote de Missanga e farrapos
Fig. 5. Fonte: MANJATE, 2014.
Fig. 5. Fonte: MANJATE, 2014.	 Fig. 6. Fonte: Extraída pelo autor (25.12.2019)
Olhando de igual forma para o Nyau há alguns aspectos que se diferem entre os praticantes na província de origem e na localidade de Chinjinguir, pelo que passamos a apresentar as imagens comparativas a seguir: De modo geral, na região centro a produção das máscaras do Nyau resultam três tipos, a saber: kapoli (máscaras de plumagem), kampini (máscaras de madeira) e dzwirombo (figuras zoomórficas), veste de capulana e farrapos, e pescotes de missangas e farrapos. O tempo que dura o fabrico depende do seu tipo, levando em média três dias, apresenta se com uma catana nas mãos como um instrumento que tem usado nas mata durante a produção do material e degolar os animais silvestres. Na região sul os praticantes da dança Nyau em Chinjinguir produzem, mascaras de plumagem e de madeira, devido a disponibilidade do material no local onde estes encontram-se, na cabeça apresenta se com Kapoli feita a penas, timakulau nos braços tanto nos pés, nas mãos tem apresentado com farrapos.
3.3.3. Constituição dos Grupos e Música
De acordo com líder de Mapiko MANUEL (2020cp) e líder do Nyau MATEVE (2019cp), tanto a região de origem e de emigração, os dois grupos de dança de Mapiko e Nyau, respectivamente, são compostos por vários elementos, sendo apresentados numa média de 30 para cada grupo, onde são constituídos por praticantes desde os seus 14 anos de idade até aos adultos. Portanto, não é admissível a prática desta dança para crianças ou menores de 14 anos, devido as questões culturais, as quais só possibilitam a prática da dança para os adolescentes em uma idade pós ritos de iniciação.
Por sua vez, as canções ficam ao cargo dos homens na dança mapiko na região norte devido aos aspectos cultural da própria dança. No entanto na região sul esta ao cargo das mulheres para as duas culturas (Maconde e Nhanja), as quais entoam cânticos em línguas maternas. As canções usadas têm sempre alguma mensagem que a coreografia procura representar danças de indicação de luta pela colonização, as acções contra a fome que aflige as comunidades e outros momentos de exaltação da cultura de norte e centro do país. 
3.4. Tipo de Música/Canções e Mensagem Transmitida
De acordo com os entrevistados, as canções usadas em ritos de iniciação têm sido em línguas tradicionais, transmitindo ensinamentos aos adolescentes, no que concerne aos modos de vida de devem adoptar a partir desse momento em diante. Esta informação é reforçada por GARIFE (2019cp) a qual refere que,
Sempre as canções na zona sul está ao cargo das mulheres, mas na zona da origem está ao cargo dos próprios homens, as canções entoadas em línguas locais assim como as maternas, tem cantadas como forma de juntar a prática desta cultura e transmitir ao mesmo tempo alguns ensinamentos aos mais novos, sendo que nas canções por nós entoadas apresentamos mensagens como “o homem é o eixo da casa, por isso a mulher deve sempre estar ao seu lado e ajuda-lo a criar de forma melhor os seus filhos, independentemente das circunstâncias, canções de cerimonias fúnebres, investidura do membros do grupo, assim como em ritos de iniciação.
De acordo com os líderes dos dois grupos, a dança esta também presente em momentos tristes, como é o caso de funerais, principalmente quando trata-se da morte de um dos membros do grupo, sendo que procura-se fazer uma homenagem a este, buscando formas de dar suporte emocional a família enlutada. Nestes casos as canções entoadas têm mensagens encorajadoras e que procuram amparar a família. De acordo com MATEVE (2019cp), líder do grupo Nyau, e MANUEL (2020cp) líder do grupo mapiko com as seguintes mensagens:
[…], Temos entoado canções em línguas locais assim como as maternas, apresentando mensagens do seguinte género: “a morte não significa o fim da vida, desaparece apenas o corpo, mas o espírito do nosso irmão contínua connosco e cuidando de nós. Que é a parte que vela pela família e pelo grupo de modo a nos dar mais forca de continuar com a apática da nossa cultura” […]
Analisando as informações dos entrevistados as duas danças de Mapiko e Nyau, as cançõesficam sobre cargo das mulheres, entoado canções em línguas locais assim como as maternas, sendo que estas devem sempre ir de acordo com o tipo de evento pelo qual faz-se a demonstração da dança. Deste modo, destacam-se em Chinjinguir os seguintes tipos de canções:
· Canções usadas em ritos de iniciação.
· Canções de Investiduras de alguns membros dos grupos,
· Canções usadas em cerimónias fúnebres.
Portanto, foi possível perceber que a dança não só esta presente em momentos de rituais tradicionais, mas também para dar ensinamentos as novas gerações partir das suas canções para poder assegurar a sua vida na fase adulta. Sendo que são igualmente praticadas em momentos de investiduras de alguns membros destes grupos, como é o caso de Lipiko, dançarino principal, o qual deve estar necessariamente em volto em panos e mascarado. Deste modo o corpo do dançarino fica totalmente coberto dos pés até a cabeça de guizos e outros materiais característicos de cada tipo de dança (Mapiko e Nyau).
3.5. Público-alvo e Época de Dança
Conforme as declarações dos entrevistados, o publico alvo destas representações culturais é diversificada, visto que dependendo dos momentos pode ser para um alvo da região de Chinjinguir assim como pode ser para espectadores da sede do Distrito assim como para a província no seu todo. De acordo com o líder de Nyau, MATEVE (2019cp) e líder de Mapiko MANUEL (2020cp):
[…], O público-alvo para as nossas representações no quotidiano tem sido a população da localidade de chinjinguir, estes que acompanham desde os momentos de ensaios até as apresentações que são feitas apresentações por datas comemorativas ou outros eventos a nível da localidade. Porem, várias vezes o público tem se estendido para a sede do Distrito, visto que há varias vezes que após períodos de ensaios, as apresentações são feitas na sede, por ocasião de recepção de algum dirigente ou mesmo em datas comemorativas como 25 de Junho que significado histórico, 25 de Setembro e o final do ano simboliza historicamente os facto de Moçambique […].
Deste modo, o publico alvo do Mapiko assim como do Nyau é o mesmo, visto que as duas actividades são praticadas em mesmas épocas e este público pode ser local (de Chinjinguir) assim como tem sido da sede do Distrito, conforme o referido pelos líderes dos grupos. Em suma, o público-alvo tem sido a comunidade e sempre com a intenção de transmitir os conteúdos e as representações inerentes a estes grupos.
No que tange a época da dança, não existe um período específico, porem, existem datas que são de especial atenção, como é o caso do 25 de Junho pelo seu significado histórico, referente a luta pela libertação, que tem sido um dos temas mais representado pelos dois grupos nas suas actuações. Por conseguinte, as apresentações são igualmente sempre levadas ao público em todas as datas do natal e de transição do ano, o que tem condicionado alto número de espectadores que tem se feito ao local para acompanhar estas modalidades de dança.
3.6. Influências da Fusão da Cultura da Região Norte e a cultura Local
De acordo com os entrevistados, não são apenas as danças que continuam sendo praticadas, mas também outros hábitos e costumes referentes aos ritos de iniciação, que são tidos como uma forma de reparar os adolescentes para ter uma vida que não foge dos parâmetros de realidade da sua cultura. Estes aspectos são igualmente salientados por JOSÉ (2019cp) e GARIFE (2019cp), o qual afere que:
[…], O prático do Mapiko e Nyau, desde aos 14 anos de idade, onde aprendemos os primeiros paços nos ritos de iniciação nas zonas de origem e sempre garantimos que os conhecimentos que adquirimos nestas dançam sejam transmitidos para todos os membros das nossas família assim como para a comunidade. Assim, ensinar o Mapiko e Nyau aos nossos descendentes é mais uma forma de ensinar a nossa realidade e garantir que estes continuem com uma prática que trazemos nas nossas terras natais […]. 
A contínua prática de Mapiko e Nyau na localidade de Chinjinguir vem contribuindo muito para que prevaleçam os traços culturais dos ex-combatentes e as suas famílias que vieram emigradas das regiões centro e norte do país para este presente local devido ao período da luta pela libertação do país. Com estes exercícios são vários os aspectos que são inerentes a cultura que se encontram preservados, desde as representações culturais ate mesmo aos mudos vivendo desta comunidade.
Portanto, a prática destes dois tipos de dança (Mapiko e Nyau) tem gerado uma situação de necessidade de se fortificar as danças tradicionais típicas da região sul e especificamente da localidade em estudo. 
De forma geral, o Mapiko e Nyau não só influenciam para a preservação da cultura dos macondes e Nhanja mas também influenciam para a dinâmica da cultura local e a solidificação dos grupos culturais que existe mesmo antes da criação dos grupos dos ex-combatentes. Contudo, percebe-se que há também a questão de inspiração dos grupos que buscam entre se as influenciam umas as outras, por se tratar de grupos que actuam em mesma região, principalmente em casos de representações criadas em datas históricas da sede do distrito assim como em algumas visitas governamentais.
Conclusão
As danças Mapiko e Nyau têm a sua origem na região Centro e Norte do País e, pela dinâmica do período de guerra pela libertação da pátria, viram-se obrigados alguns nativos dessas regiões habitar se no Sul, onde foram inseridos na base localizada na localidade de Chinjinguir-Homoíne, pelo que houve a inserção destes junto com os seus hábitos e costumes, como é o caso destas duas culturas de danças Mapiko e Nyau em Chinjinguir. De salientar que estas danças não admite se crianças menores de 14 anos devido aos aspectos culturais. 
A pratica destas danças na localidade de Chinjinguir tem servido como um grande impulsionador da valorização da cultura e consequente preservação da mesma, visto que trata-se de uma cultura emigrante, que esta sendo praticada longe das suas regiões de origem e mesmo com isso esta ganhando vida a cada ano que passa e vem sendo praticada desde o período colonial. É uma realidade que no seu inicio, foi tida como uma dança de contestação ao colonialismo, entre tanto, actualmente ajuda a alavancar a localidade e o distrito no que concerne a cultura tradicional típica de Moçambique. Deste modo, dá-se fundamento a primeira hipótese do primeiro trabalho segundo a qual “Estas práticas de danças têm garantido a manutenção das actividades culturais típicas dos nativos, buscando o Mapiko e Nyau como uma inspiração e um catalisador para a contínua prática das tradições dos povos autóctones e solidificação dos grupos culturais”.
Não obstante, percebe-se que na localidade de Chinjinguir não observa se a entrega total do lipiko no que concerne a saída do bailarino para o local de actuação quer mapiko quer Nyau, e também há falta de alguns materiais para produção de alguns instrumentos e as pecas indumentaria. Entretanto os que acompanham a evolução destas praticam são as comunidades nativas de chinjinguir e a população do distrito no geral.
Referencias Bibliográficas
ALBINO, I. Artistas querem que a legislação cultural funcione- Verdade Moçambique, 17 de Janeiro de 2013. 
ARPAC. Perspectivas, Análises e Descrições. Ed. Embondeiro. 2018. 
BARROS, J, M. A diversidade cultural, o identitário, o popular e o tradicional. In: Catálogo culturas populares e indentarias na Bahia. 2010.
BARROS, J, M. Cultura, mudança e transformação: a diversidade cultural e os desafios de desenvolvimento e inclusão. 2014
CAMINADA, E. História da dança: evolução cultural. Rio de Janeiro: Sprint, 1999
CANETTI, Elias. Massa e Poder. São Paulo: Cia das Letras, 2005
CASTLES, A, e MILER, R. Repensando a Experiência Indígena nos Dias de Hoje. Ciência e Cultura. Temas e Tendências. Cultura Indígena. 1998.
CAVALCANTI, E. Educação Somática e Danças Tradicionais. FUL. SP. 2001
CLAVAL, M. Cultura: Um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2009, 23ª edição.1999
CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências

Continue navegando