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PNEUMOLOGIA | Victória Ribeiro de Medeiros DEFINIÇÃO: • Doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores → aumento da responsividade das vias aéreas → obstrução ao fluxo aéreo recorrente e reversível (espontaneamente ou com tratamento) • Inflamação crônica + hiper-reatividade brônquica + episódios recorrentes de obstrução generalizada das vias aéreas EPIDEMIOLOGIA: • Brasil: prevalência de 10% • Relação hereditária: a probabilidade de uma pessoa ter asma é de 25% caso um dos seus genitores possuírem asma e de 50% caso ambos os genitores sejam asmáticos • Fatores de risco desencadeantes: o Ácaros, pelos de animais, baratas, mofos, pólens o Tabagismo ativo e passivo o Medicações o Alimentos o Fungos o Poluição o Mudanças climáticas o Exercícios físicos FISIOPATOLOGIA • Fatores externos (ambientais e ocupacionais) + fatores individuais (genéticos e psicossociais) • Produção exagerada de IgE específica para antígenos habituais → hiperresponsividade e atopia • Há predomínio de linfócitos Th2 → citocinas → proliferação de mastócitos + produção de IgE por LB + recrutamento de eosinófilos à mucosa respiratória • Substâncias pró-inflamatórias: histamina, bradicinina, prostaglandinas, leucotrienos, e fator de ativação plaquetário → vasodilatação + edema de mucosa + broncoconstrição • Leucotrienos: aumento da produção de muco + redução da atividade ciliar • O estreitamento brônquico é causado pela contração do músculo liso, pelo edema da mucosa e pela hipersecreção mucosa • Hiperresponsividade brônquica = resposta broncocostritora exagerada ao estímulo que seria inócuo em pessoas normais • Inflamação crônica = ciclo contínuo de agressão e reparo → alterações que podem se tornar irreversíveis (remodelamento das vias aéreas) CLÍNICA: • Episódios recorrentes de sibilância + dispneia + aperto no peito + tosse, particularmente à noite e ao despertar • Desencadeamento: infecções, exposição a alérgenos, mudanças climáticas, fumo, exercício físico, fármacos e estresse emocional • Crise asmática: taquipneia, tiragem costal, tiragem supraclavicular, batimento de asa do nariz, repiração abdominal → sinais de esforço respiratório! PNEUMOLOGIA | Victória Ribeiro de Medeiros CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE DA ASMA INTERMITENTE PERSISTENTE LEVE PERSISTENTE MODERADA PERSISTENTE GRAVE FREQUÊNCIA DOS SINTOMAS 2X/semana ou menos Não diariamente, mas mais 2x/semana Sintomas diários Diários e contínuos FREQUÊNCIA DESPERTARES NOTURNOS 2x/semana ou menos 3 a 4x/mês Mais que 1x/semana Quase diários NECESSIDADE DE MEDICAÇÃO DE ALÍVIO 2x/semana ou menos Menos de 2x/semana Diária Diária LIMITAÇÃO DE ATIVIDADE Nenhuma Limitação nas exacerbações Limitação nas exacerbações Limitação nas atividades contínuas EXACERBAÇÃO/ANO Uma ou nenhuma Pelo menos 2/ano Pelo menos 2/ano Pelo menos 2/ano VEF1 ou PFE ≥ 80% do previsto ≥ 80% do previsto 60-80% do previsto ≤ 60% do previsto VARIAÇÃO VEF1 ou PFE < 20% < 20-30% > 30% > 30% DIAGNÓSTICO: • Critérios clínicos e funcionais: anamnese + exame físico + exames de função pulmonar • Crianças de até 5 anos → diagnóstico é clínico (difícil realizar a prova funcional) • Anamnese: sibilância recorrente, tosse, dispneia, aperto no peito → iniciam/pioram à noite ou ao despertar; são desencadeados por irritantes específicos ou aeroalérgenos; investigar história parenteral, presença de autópsia • Exame físico: geralmente é inespecífico nos asmáticos o Sibilos → obstrução do fluxo aéreo; pode não estar presente o Esforço respiratório durante as crises • Espirometria: estabelece o diagnóstico +documenta a gravidade da obstrução ao fluxo aéreo + monitora o curso da doença/resposta ao tratamento o Volume expiratório forçado no 1º segundo (VEF1) → reduzido na crise; pode estar reduzido no período intercrítico; aumento após prova broncodilatadora = critério diagnóstico o Capacidade vital forçada (CVF): pode estar diminuída o Pico de fluxo expiratório (PEF) ou Peak Flow: maior fluxo gerado por esforço expiratório após inspiração máxima o Índice de Tiffenau (VEF1/CVF): define doença obstrutiva → presente na asma o Fluxo expiratório forçado entre 25 e 75% do ar expirado (FEF25-75%) → bastante reduzido; exame funcional com maior sensibilidade para o diagnóstico de asma e DPOC • Teste de broncoaspiração: mede a hiperresposividade das vias aéreas através da inalação de substâncias broncoconstritoras ou exercício físico; é útil para os casos em que a espirometria está normal • Medidas seriadas de pico de fluxo expiatório (PFE): forma mais simples, mas menos acurada de diagnosticar a limitação ao fluxo aéreo na asma TRATAMENTO • Redução da exposição aos fatores desencadeantes • Treinamento de tácnica inalatória e explicação dos sinais de alerta → piora dos sintomas e/ou aumento do uso de B2CA PNEUMOLOGIA | Victória Ribeiro de Medeiros Beta-2-agonistas de curta duração (B2CA): reversão do broncoespasmo durante crises asmáticas; broncodilatação de início imediato. Beta-2-agonistas de longa ação (B2LA): broncodilatação por até 12h; precaução: pode haver agravamento das crises, principalmente se associado a corticoide. Corticoides inalatórios: (CI): tratamento da asma crônica sintomática. Corticoides sistêmicos: pacientes com asma grave. Prednisona e Prednisolona. Inicial: Asma intermitente: medidas não-farmacológicas gerais + B2CA para alívio. Persistente leve: medidas não-farmacológicas gerais + CI dose média diário + B2CA para alívio. Persistente moderada: medidas não farmacológicas gerais + CI dose média a alta diária + B2CA para alívio + acompanhamento com pneumologista Persistente grave: medidas não farmacológicas gerais + CI dose alta diária + B2CA para alívio + B2LA 1-2x/dia quando estável + acompanhamento com pneumologista. Exacerbação da crise: oxigenoterapia (se necessário, meta Sato2 ≥ 93%) + corticoterapia oral + broncodilatador de curta duração Doses BECLOMETASONA: Dose média: 500 a 1000mcg/dia Dose alta: 1000 a 2000mcg/dia PREDNISONA Adultos: 40 a 60mg/dia VO 5 a 7 dias Crianças: 1 a 2mg/kg/dia VO SALBUTAMOL (B2CA): 100 a 9600mcg/dia via inalatória