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Thaís Pires 1 Malária 1. Estudar a Malária: a. Epidemiologia b. Ciclo de vida c. Etiopatogenia d. Quadro Clínico e. Diagnóstico da Malária f. Diagnóstico das complicações g. Diagnóstico diferencial h. Tratamento i. Profilaxia Malária – é uma doença FEBRIL INFECTOPARASITÁRIA causada por um protozoário do gênero Plasmodium sp. Epidemio – é uma doença ENDÊMICA em diversas partes do mundo, principalmente nas regiões TROPICAIS e SUBTROPICAIS onde há uma grande aproximação do SER HUMANO para o HABITAT NATURAL do mosquito do gênero Anopheles!! Dos 300-500 milhões de casos no mundo, cerca de 90% ENCONTRAM-SE NA ÁFRICA, sendo os outros 10% em regiões como Índia, BR. No brasil, a incidência maior de malária ocorre na REGIÃO DA BACIA AMAZÔNICA, onde estão 99% dos 300.000 casos anuais!! Transmissão Pelo Vetor – a malária é quase sempre transmitida por vetores, como os MOSQUITOS ANOFELINOS (Anopheles darlingi). O risco de contrair a doença depende da presença do homem em um ambiente geográfico que propicie a proliferação do mosquito e a evolução do plasmodium. Por exemplo, em ambientes frios, a transmissão só ocorre quando a umidade relativa é >60% e a temperatura >16°C, ou seja, são necessários climas QUENTES E ÚMIDOS. Ocupação desordenada de regiões malarígenas, exposição da pele pelo calor, moradias sem paredes. Transmissão Parenteral – Dessa forma, o protozoário transmitido é o MEROZOÍTA, uma vez que se dá pela corrente sanguínea do indivíduo infectado. Hemotranfusão, Drogas IV, Transplante de órgãos e Congêniya. Ciclo Evolutivo - No gênero Plasmodium existem cerca de 5 ESPÉCIES que podem infectar o homem: VIVAX, FALCIPARUM, MALARIE, OVALE (restrito à África) e KNOWLESI (restrito ao sudeste asiático). Das 5 espécies, o FALCIPARUM é o causador da forma GRAVE DE MALÁRIA, causando cerca de 1,5-2 milhões de mortes por ano. O plasmodium é um protozoário da classe ESPOROZOÁRIO, ou seja, que é AFLAGELADO e tem DUAS FORMAS DE REPRODUÇÃO: ESQUIZOGONIA/assexuada no hospedeiro definitivo/homem; e ESPOROGONIA/sexuada no hospedeiro intermediário/mosquito 1) Ciclo Pré-Eritrocitário (hepático) – ao inocular o conteúdo salivar no humano, o Anopheles injeta os plasmodiums na forma de ESPOROZOÍTA, que passa a circular livremente na corrente sanguínea por 30-60 mins. Depois disso, o protozoário atinge os HEPATÓCITOS, ligando-se a uma proteína de revestimento chamada CSP (circunsporozoite protein) e, consequentemente, penetrando na célula. No seu interior, há uma alteração na sua forma, sendo agora um CRIPTOZOÍTA, a forma que INICIA A ESQUIZOGONIA. Essa forma de reprodução é marcada pela DIVISÃO NUCLEAR sem, entretanto, a divisão citoplasmática, originando a forma ESQUIZONTE (vários núcleos contidos em um citoplasma). A esquizogonia termina quando o citoplasma envolve individualmente cada núcleo formando várias células-filhas = MEROZOÍTA → todo esse processo equivale ao período de INCUBAÇÃO DA MALÁRIA = 6-16 DIAS! Após a forma merozoíta se acumular no interior do hepatócito, ele se ROMPE nos SINUSOIDE HEPÁTICOS, permitindo a INFECÇÃO DAS HEMÁCIAS!!!! Esporozoíta → Criptozoíta → Esquizonte → Merozoíta 2) Ciclo Eritrocitário – os merozoítas liberados, de acordo com a espécie de plasmodium, interagem com receptores específicos das hemácias, penetrando-as. Já no seu interior, há o início do ciclo ESQUIZOGÔNICO ERITROCITÁRIO – os merozoítas adquirem uma nova forma vacuolada em anel = TROFOZOÍTA EM ANEL, que Thaís Pires 2 crescem e originam os TROFOZOÍTAS AMEBOIDES, aqueles que propriamente irão fazer a reprodução assexuada, originando os ESQUIZONTES ERITROCITÁRIOS = MERÓCITO = ROSÁCEA. Depois disso, há formação do merozoíta novamente que será liberado – esse ciclo eritrocitário tem duração de cerca de 48-72h!!!! A medida que o plasmodium se reproduz na hemácia, ele METABOLIZA A HEMOGLOBINA, dando origem ao PIGMENTO MALÁRICO = HEMOZOÍNA, que é liberado e pode ser encontrado em outros tecidos. Merozoíta → Trofozoíta em Anel → Trofozoíta Ameboide → Ezquizonte/Merócito/Rosácea → Merozoíta 3) Reprodução Sexuada – Mosquito – Alguns merozoítas ao infectarem as hemácias não iniciam a esquizogonia, mas se diferenciam em elementos sexuais = GAMETÓCITOS (micro e macro). Essas formas, ao atingirem o estômago do Anopheles, diferentemente dos merozoítos indiferenciados, se diferenciam em GAMETAS (micro e macro), sendo o microgameta (masculino) flagelado o que irá se mover até o macrogameta e fecunda-lo → ZIGOTO. Esse zigoto irá ser maturado após 18-24h e irá se chamar OOCINETO, que é capaz de atravessar a mucosa gástrica, alojando-se externamente ao órgão. Ao redor do oocineto irá surgir uma membrana limitante, denominando-o agora OOCISTO, sendo a forma que irá sofrer MEIOSE/ESPOROGONIA dando origem a forma ESPOROZOÍTA INFECTANTE!!! Merozoíto + Gametócito → Gameta → Zigoto → Oocineto → Oocisto 4) Especificidades das Espécies! a. Hipnozoíta – as espécies VIVAX E OVALE, ao invadirem o hepatócito podem formar uma nova forma do protozoário = HIPNOZOÍTA, sendo ela a responsável pelos episódios de REICIDIVA DA DOENÇA, uma vez que essa forma pode ficar latente no hepatócito e desencadear uma nova esquizogonia depois de muitos anos. Devido a isso, é importante identificar a espécie de Plasmodium, já que os fármacos utilizados tem como alvo, principalmente, os MEROZOÍTAS. Então, em infecções por VIVAX ou OVALE, é importante adicionar um medicamento específico hipnozoíta → PRIMAQUINA b. Moléculas de Ligação – O VIVAX utiliza o FATOR DUFFY da membrana eritrocitária para se ligar a ela, por isso os NEGROS AFRICANOS COM DUFFY NEGATIVO são relativamente imunes a essa espécie! O FALCIPARUM utiliza a GLICOFORINA A c. Duração da Esquizogonia Eritrocitária – Difere entre as espécies, sendo importante para definir os sintomas! O VIVAX e FALCIPARUM tem uma esquizogonia eritrocitária de 48h, por isso a febre ocorre a cada 3 DIAS – FEBRE TERÇÃ, que é dividida em FEBRE TERÇÃ BENIGNA (vivax) e FEBRE TERÇÃ MALIGNA (falciparum). O MALARIAE tem uma esquizogonia eritrocitária de 72h – FEBRE QUARTÃ. • Vivax – Terçã Benigna • Falciparum – Terçã Maligna • Malariae – Quartã Patogênese Aspectos Gerais – em todas as espécies do Plasmodium, as duas características marcantes da malária são ANEMIA E CRISES FEBRIS. A febre é indiretamente produzida pela liberação em massa de conteúdo citoplasmático das hemácias associada a liberação da HEMOZOÍNA, que estimula a produção de CITOCINAS PIROGÊNICAS (IL-1 e TNF-alfa). A fisiopatologia da ANEMIA não se restringe à HEMÓLISE INTRAVASCULAR – se a carga parasitária for grande, pode causar hemoglobinúria com colúria – mas também tem causas na HEMÓLISE EXTRAVASCULAR, principalmente no que tange ao SISTEMA RETICULOENDOTELIAL HIPERATIVADO (esplenomegalia e hieresplenismo), que pode destruir até mesmo as hemácias não parasitadas! Esse fator extravascular é importante causador da ANEMIA CRÔNICA, que, caso esteja associado a uma carência de ácido fólico, provoca uma CRISE MEGALOBLÁSTICA. Embora seja esperada uma resposta da medula óssea frente à hemólise, as CITOCINAS produzidas principalmente nas formas graves (falciparum) prejudicam a ERITROPOIESE e reduzem a liberação de ERITROPOIETINA pelas células renais → ANEMIA DA DOENÇA CRÔNICA! Thaís Pires 3 Forma Grave (Falciparum) – Uma dos principais determinantes da gravidade dessa forma é o GRAU DE PARASITEMIA, que costuma ser bastante elevado! Associado a isso, há uma não predileção por espécies de hemácias – enquanto o vivax só infecta as formas jovens, o falciparum infecta QUALQUER UMA, podendo chegar a 50% das hemácias infectadas! Então, com MAIS PARASITOS, MAIS HEMÁCIAS SÃO ROMPIDAS, MAIOR A ANEMIA, maior o consumo de glicose pelos plasmodium, causando HIPOGLICEMIA E ACIDOSE LÁTICA! Imunidade – Embora reaja frente a infecção parasitária, o sistema imune não é capaz de conterTOTALMENTE a parasitemia, isso se deve por 4 motivos: DIVERSIDADE ANTIGÊNICA ENTRE ESPÉCIES; ENTRE FORMAS PROTOZOÁRIOS; a própria infecção pode alterar o sistema imune ao ponto de prejudicá-la; as formas INTRAERITROCITÁRIAS estão protegidas do reconhecimento imune!! RN de áreas HIPERENDÊMICAS estão naturalmente PROTEGIDOS devido a transmissão vertical de IgG da mãe e à resistência da Hemoglobina Fetal ao plasmodium – RN RARAMENTE adoece no primeiro trimestre, mas entre 3 MESES – 5 ANOS pode haver!!! Proteção Natural (Talassemia; Falcemia) – Sabe-se que há uma proteção contra malária em indivíduos com ANEMIA FALCIFORME, sendo grande parte dos casos localizados no “cinturão africano”. Isso é justificado pois se trata de uma REGIÃO MALARÍGENA que, por seleção natural, tem grande população de linhagem sobrevivente de infecção por P. falciparum. A proteção dada é devida a dificuldade de esquizogonia eritrocitária pelo formato da célula, causando uam forma branda da doença, embora fosse da espécie falciparum. Quadro Clínico Geralmente o quadro inicia com um PRÓDROMO INESPECÍFICO seguido de ACESSOS FEBRIS PERIÓDICOS, ANEMIA e HEPATOESPLENOMEGALIA. Geralmente, as formas causadas pela VIVAX e MALARIAE são de CURSO BENIGNO e dificilmente fatais, enquanto as do FALCIPARUM tem um curso GRAVE e eventualmente FATAL, principalmente em crianças 3m-5ª, gestantes e visitantes. 1) Malária P. Vivax – Terçã Benigna a. Pródromo – igual para todas as espécies – sintomas inespecíficos como MAL-ESTAR, FADIGA, NÁUSEAS, FEBRÍCULA, CEFALEIA b. Crises Febris – nas fases iniciais, a febre pode ser diária, uma vez que existem diversos parasitas em diversos estágios de amadurecimento, então todo tempo tem uma hemólise acontecendo e causando febre. Com o evoluir da infecção, uma população de protozoários em certo estágio de amadurecimento prevalece sobre as demais, causando HEMÓLISES A CADA 48H – ACESSOS FEBRIS: i. Período do Frio – 30-60 mins - inicia abruptamente – intenso calafrio, tremores, náuseas, vômitos e mialgia ii. Período do Calor – 4-8h – grande sensação de calor e febre de até 41°C iii. Período de Sudorese – temperatura cai em CRISE, estabelecendo uma SUDORESE INTENSA c. Sintomas em ordem decrescente: febre, calafrios, esplenomegalia (58%), hepatomegalia (53%), palidez, icterícia, vômitos d. Laboratório i. Anemia Normocítica Normocrômica – leve a moderada ii. Leucopenia – talvez desvio para esquerda iii. Sinais Indiretos de Hemólise – hiperbilirrubinemia indireta; aumento LDH e. Hipnozoítas – Quadro clínico igual ao da primo-infecção; ANEMIA E ESPLENOMEGALIA mais acentuadas 2) Malária P. falciparum – Terçã Maligna a. Gravidade – depende da parasitemia, que, por sua vez, é reflexo da IMUNIDADE – indivíduos SEMI- IMUNES (imunidade adquirida) e COM TRAÇO FALCÊMICO (imunidade natural) geralmente apresentam a FORMA BRANDA da doença; os NÃO IMUNES costumam ter parasitemia MUITO ELEVADA! b. Pródromo e Crises Febris – iguais ao da vivax – a febre pode estar acompanhada de CONFUSÃO MENTAL E CONVULSÕES – a anemia costuma ser mais grave c. Reicidiva – nada a ver com os hipnozoítas, mas sim com a incapacidade de eliminação total dos protozoários pelo sistema imune, então o que ocorre são RECUDESCÊNCIAS. d. Complicações Thaís Pires 4 i. Malária Cerebral – presente em 30% dos casos, de início súbito ou gradual – delirium, cefaleia, convulsões e coma – A fisiopatologia envolve o BLOQUEIO DA MICROVASCULATURA pela aderência das hemácias infectadas, causando EDEMA CEREBRAL E LCR EM ALTAS PRESSÕES. Além disso, a hipoglicemia, hipertermia grave e uremia contribuem. ii. Malária Renal – ocorre em 60% dos casos, sendo mais frequente em adultos – Hipovolemia, vasoconstrição, hemoglobinúria, deposição de imunocomplexos atuam de forma a causar INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA – marcada por OLIGÚRIA, ELEVAÇÃO DE UREIA E CREATININA iii. Malária Hepática – nas formas graves, há uma NECROSE CENTROLOBULAR que leva a uma HEPATITE MALÁRICA com consequente ICTERÍCIA. A hiperbilirrubinemia predomina a fração conjugada; aminotransferases elevadas iv. Malária Intestinal – malária álgida – extenso comprometimento do tubo digestivo – DIARREIA PROFUSA (as vezes sanguinolenta), PROSTRAÇÃO – geralmente afebril v. Malária Pulmonar – a complicação mais RARA E GRAVE – edema pulmonar não cardiogênico, hemorragia intra-alveolar, TAQUIPNEIA, INSUF RESPIRATÓRIA / RX mostra infiltrados pulmonares bilaterais e difusos vi. Hipoglicemia – complicação comum da malária grave, que contribui para MORTALIDADE POR MALÁRIA CEREBRAL. Em crianças, a hipoglicemia é reflexo da INTERRUPÇÃO DA GLICONEOGÊNESE HEPÁTICA e do AUMENTO DO CONSUMO DE O2 pelos tecidos periféricos em hiperatividade. Em adultos, a hipoglicemia é decorrente da HIPERINSULINEMIA decorrente do estímulo do plasmodium. Consumo de O2 pelo plasmodium, depleção do estoque de glicogênio, diminuição da ingesta alimentar em pródromo. vii. Acidose Lática – diminuição de O2 muda o metabolismo de aeróbio para anaeróbio, produzindo ac. Lático 3) Malária por P. Malariae – Febre Quartã a. Rara no BR – tem período de incubação maior!! b. Quadro clínico – igual, só muda a periodicidade dos acessos maláricos 72h c. Recrudescência Thaís Pires 5 d. Síndrome Nefrótica – depósito de imunocomplexos nos glomérulos Diagnóstico É confirmado pela HEMATOSCOPIA, que pode ser por ESFREGAÇO ou GOTA ESPESSA Esfregaço – coleta de uma gota de sangue em lâmina, depois passa outra lâmina em 45° para deixar uma fina camada de sangue. Depois secar a lâmina agitando em ar livre – Coloração por GIEMSA, WRIGHT ou MAY-GRUNWALD- GIEMSA Gota Espessa – coleta uma gota de sangue em lâmina, encosta a ponta de um estilete para desfibrinar (evita a coagulação) e depois deixa secar em local arejado – a gota seca e adere a lamina e faz-se AZUL DE METILENO → é bom para a CONTAGEM DE PARASITAS Imunotestes Rápidos – são aqueles testes imunocromatográficos realizados em fitas – diferem falciparum e todas as outras espécies – uteis em regiões onde é difícil processar a hematoscopia Testes Moleculares – detectam o MATERIAL GENÉTICO do plasmodium (ex por PCR) – muito caro! Tratamento 1) P. vivax e P. ovale – a droga de escolha é a CLOROQUINA VO por 3 dias, sendo a dose total de 25mg/kg tanto para adultos quanto para jovens – É uma droga bem tolerada e segura para a GESTAÇÃO, sua toxicidade ocular não é problema na terapia antimalárica pelo curto tempo – Seu mecanismo de ação é o ataque aos ESQUIZONTES ERITROCITÁRIOS, revertendo a parasitemia → NÃO ELIMINA OS HIPNOZOÍTOS – para eles, indica-se PRIMAQUINA VO 0,5mg/kg 1X/7DIAS – efeitos colaterais: hemólise em pcts com deficiência de G6PD, metemoglobinemia → NÃO DEVE SER USADA NA GESTAÇÃO Thaís Pires 6 2) P. falciparum a. Não Grave – a ARTEMISININA é uma substância isolada de origem vegetal que INIBE A ENZIMA ADENOSINA- TRIFOSFATASE DE CÁLCIO, essencial para o metabolismo do parasita → ESQUIZONTICIDA que elimina o parasita em 24- 48h. O artemeter pode estar em comprimido ou solução oleosa em ampola e em associação com LIMEFANTRINA. O artesunato tem apresentação em comprimido, cápsula, ampolas / EFEITOS ADVERSOS – síndrome do chinchonismo (zumbido, déficit auditivo transitório, distúrbios visuais discretos, tremores, hipoglicemia grave e arritmias cardíacas) b. Forma Grave – é potencialmente fatal, sendo a NEGATIVAÇÃO DO PARASITA o objetivo. i. Primeira Escolha – Derivados da Artemisinina 1. Artesunato EV – 2,4mg/kg EV seguido de 1,2mg/kg após 12h e 14h da dose de ataque. Manter por 6 dias. 2. Artemeter IM – 3,2mg/mg IM; 24h depois 1,6mg/kg/dia por 4 dias 3. Clindamicina – associada as duas terapias em 20mg/kg/dia EV ii. Segunda Escolha – Quinina EV + Clindamicina EV 1. Quinina - quinina endovenosa, na dose de 20 mg/kg de dicloridrato de quinina (dose de ataque), diluída em10 ml/kg de solução glicosada a 5% (máximo de 500 ml de SG 5%), por infusão endovenosa, durante quatro horas. Após oito horas do início da administração da dose de ataque, administrar uma dose de manutenção de quinina de 10 mg de sal/kg, diluídos em 10 ml de SG 5%/kg, por infusão endovenosa (máximo de 500 ml de SG 5%), durante quatro horas. Essa dose de manutenção deve ser repetida a cada oito horas, contadas a partir do início da infusão anterior, até que o paciente possa deglutir; a partir desse momento, deve- se administrar comprimidos de quinina na dose de 10 mg de sal/kg a cada oito horas, até completar um tratamento de sete dias. 2. Clindomicina - dose de 20 mg/kg/dia, endovenosa, diluída em solução glicosada a 5% (1,5 ml/kg de peso), infundida gota a gota, em uma hora, durante sete dias. Se o paciente estiver em condições de deglutir, a dose diária pode ser administrada em comprimidos, por via oral 3. Medidas de Suporte – j Deve-se atentar para a reposição de glicose, já que a hipoglicemia é bastante frequente tanto pela forma grave da malária quanto pelo uso de quinino. A anemia grave sintomática, geralmente com Ht < 20% ou Hb < 5,0g/dl, deve ser tratada com reposição de concentrados de hemácia. A insuficiência renal oligúrica pode ser inicialmente abordada com uma prova de volume, seguida pela administração de diuréticos de alça. Nos casos graves, indicamos diálise. 3) P. malariae – idêntico ao vivax e ovale, exceto pelo uso de primaquina! Profilaxia Contra o Mosquito - Para limitar o contato do homem com o vetor, deve-se levar em conta os hábitos dos anofelinos, que NÃO PICAM POR SOBRE AS ROUPAS e geralmente possuem atividade CREPUSCULAR-NOTURNA E PERIDOMICILIAR. O alojamento seja em locais que tenham paredes completas com janelas e portas teladas, além da utilização de mosquiteiros e de inseticidas domésticos – geralmente do grupo das piretrinas (permetrina, daltametrina) ou o DDT. A utilização de calças compridas e camisas longas limita a área corporal exposta ao mosquito, mas esta medida é difícil de ser adotada nas zonas malarígenas, pois são de clima bastante quente e úmido. O uso de repelentes é uma medida eficaz na profilaxia da malária Thaís Pires 7 Quimioprofilaxia - Em primeiro lugar, devemos ressaltar que a QUIMIOPROFILAXIA NÃO PREVINE COMPLETAMENTE A DOENÇA. Ela simplesmente visa reduzir a chance de adoecer por malária ou, caso isso aconteça, que os sinais e sintomas sejam mais brandos. Ela deve ser reservada para situações específicas, nas quais o risco de adoecer de malária grave por P. falciparum for superior ao risco de eventos adversos graves relacionados ao uso das drogas quimioprofiláticas.
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