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Fichte - Coleção os Pensadores

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Os Pensadoiés
O s P e n s a d o i é s
Fk*liír
"A douTnna-da-cidncia, como 
mostra a Composição da palavra, deve 
se* uma doutrina, uma teoria do sabor, 
teoria esta que sem dúvida « funda so 
bre um sabet tf o saber, o engendra 
ou. em uma palavra — n á .1'
FICh TE 4 douíríntKÍti<iértCia e u su 
b#r absoluto
"Saber e liberdade estio m-sopara- 
velmente unificado*, Embora os distin- 
gama*, (...) não são entretanto sepjrã
vt'i- !tJ elelrvidade, mas sáô pura o 
simplesmente um sõ: algo livre iníim- 
íamente vivo, que 6 pára*tf— um pa- 
ra-si que contempla <ua Infinidade: u 
ser e a liberdade dessa luz em sua fu 
>áo íntima t* o sabor absoluto A lur li - 
■.re, que se avisrj como sendo; aquilo 
que está sendo e repousa sobre si, 
como livre — este é seu ponto-de- 
apoio,"
FICHTE: A doutrina-da-ci^itçia <■ o ■■■>■
ber jbtolulo
"Conhecimento ú imagem do ser 
— de Dous: mís náo u conheumenlo 
que pôe nutra vtv um ser a partir de si 
mesmo, ç vim o que põe um v/r •£*#«■. 
a imagem da liberdade eterna minte 
criadora, pairando acima, com suas 
leis que se enunciam por toda eternida­
de em cqnçeitos puros — este é o mun­
do; e querer satisbuor-sc com um mun­
do inferior o um disparate deplorá­
vel,"
FICHTE: Introdução ã teoria do Estado
O s P e n s ad o ié s
C3P■ Brj&il. t j U{ugjtçàn-iu Publivagão 
Cfimira llraKtlcini do Livro, SP
Rfkwi 
3, cd
f:ieh(£. Jnhpjtri GpltHdf. I7A2-IKI4
A iíniitrinu-dü-tfivíidu dc 1794 c uti[ru> cwctltus. ■ Jolumti Gol- 
iliíb rivisiv . sdcçáo lK it\K'.s trjJuçjjo £ nuias de Ktjl>ens Rodri­
gues Tdna — 2. cmI. — 5âo Puulo : AbriE Cullunil, j líK-i..
(Os peitôadore$)
tnclui vida iihfit tk Fkluc.
SibÍQgwfi.i
I Cuflliocimcnto, leoriii 2 J »Josofcíi almy 2. Liberdade ! 
rdflft& Ftlli-c?, Rutwrci Rodriguc:., 1^2- II. Tílujo. UE Série.
83-1274
CDD-193
-121
-123
índia» para catálogo sistemático:
1. Conhecimento Teom : Filosofia 121
2. FiJosotia alemã 393
3. I.ibtrrdadt Mttyli-íica - l iloíoftd 123 
4 TíUírLa do cítjiliiícamcütíí : filosofia 121
JOHANN GOTTLIEB FICHTE
A DOUTRINA-DA-CIENCIA
DE 1794
E OUTROS ESCRITOS
ScI^ ílo dc iujüíís. traduzo c notas dü 
Rufara Rodrfgnts Turres Filho
1984
E D IT O R : V I C T O R C I Y I T A
Tilukrs originais:
Vharden Begriff der Wissenschaftslehre od?.r der wxenannten Fhii&sophie 
(trumtía^e der gesammffrt Wisxçrtzchaftslcfirf 
Versuch fiitcr neuren Darsieliung der Wüsdntchafííirkre 
' Sti: rec/lS Jahren Iteg d\e Wisstn&chnftàthre. . . '
ônncfiiUirrr firrrchi an das grâxser* PMikum iihfr daí eijrc-nilirhf 
Wíifrr der neuestçir WWÍwqpAjV 
Parsieliung der Wíx.wnscbtffnlithty
Dte. StaatStehre, wfer úhtr das Verhãttnhs des Ofituvtes mm VerruatftreKhcn
*0 Copyfíghl Ahrtl S.A Puliuntl, 
Sács PauJÕ, Ií>g0. 2 ‘ cdSçáú 19S4.
Direitos cachMiVúS wjfcre ’ 'Fkphlc — Vaia e Obra'
Abril S.A. Cultura] Sâo Paul».
nirritas exdiKivas sobre as traduçiV.. desce volume. 
Abril S .A . Cultural, São Paul».
FICHTE
V I D A E O B R A
Consultoria: Rubens Rodrigues Torres Fílbo
Nu manhã de 1-1 dc [ulho de 1 7Ô9, o povo francês invadiu d Bastilha i> libertou todos os prisioneiros políticos que ali se 
encontravam; na noite do mesmo dia, acenderam-se fogueiras por to 
da o cidade, para comemorar o acontecimento. Estourava, assim, a 
Revolução Francesa. "primeiro triunfo prático da filosofia", no dizer 
dc* Frfedrii.h von Gcmz (17G4-T632).
Na Alemanha os estudantes da Universidade de f jdttinp.cn carro- 
riam em coro a MarAelhesa, Friodrich Schlegef (1772-1829) proclama­
ria ser j revolução gma das "linhas mestras de nosso tempo" c G o o 
lhe I I 749*1832) saudaria, nos versos de Hermann e Dorotdia, o adven­
to do primado da justiça e da liberdade.
! ntre os cnuasiasi.is cncontrava-SE- um moço de 27 unos, Johartn 
Gottfieb Ftchte, que escreveu e publicou, em 174! as Comrihufçôés 
a Rnttfifàçào dos fuúos do Público sobre ,i Revolução Francesa. 
onde procurava demonstrar a verdadeira natureza do processo revolu­
cionário. Pura de, a Revolução Francesa constituía expressão dos vín­
culos indissolúveis entre o direito à liberdade e a própria existência 
do homem, enquanto ser ativo r inteligente1.
A idéia dè liberdade, romo raiz mais profunda da essência huma­
na, há muito tempo vinha sendo cultivada por Fichfo. Desde multo 
antes cie próprio vivia a experiência da liberdade pussoal, sofria as 
consequências de sua incansável procura é* fn/m dela " cerne de sua 
vida o de scru pensamento. N.i adolescência, quando aluno du colé­
gio de Pfona, gravou para sempre no espírito uma frase de Lessirig 
11729-1781): "Ser livre nao e nada, tornar-se livre, íhs 0 réu' Forma­
do em teologia pela Universidade de Leip/ig, uos 22 anos de idade, 
Tichte recusou-sc u seguir ,i carreira do sacerdócio e, por causa disso, 
perdeu a pensão que recebia de sua tu Iara Passou então a viver co­
mo um pobre* preceptor c chegou a passai fome. Impedido dc pubtl- 
uma obra intitulada critica de ioda a Revelação, escrita em 1791 
e dedicada a Kant, índignou-sc e redigiu a Reivindicação p eb Liher, 
dade de Pensar, que lhe v jle rí.i a reputação de j.u übíno Quando já 
era professor famoso na Universidade de fona, em 1799, redigiu um 
artigo sobre O Fundamenta de Nessa Crença em uma O/vma Provi­
dência c foi acusado de ateísmo o conspiração contra n redime, res­
pondeu com um Apele ao Público e foi obrigado, pelas autoridades, 
n abandonar a cidade. No inverno de 18U7-1EÍÜ8, quiindo as tropas 
rLãpoleônicüs ocupavam Berlim, ergueu um praça piibliUâ sua voz in­
flamada, pronunciando seus Discursos à NâÇào Alemã Denunciou
VIII FFCHTE
Nfüpolcãu como traidor dos ideais de liberdade da Kevoluçáo e como 
ínstaurador do primado da autoridade.
Instituir a -autoridade coma critério da vi-dy moral e da verdade 
teórica;, destruindo, d^im, a espontaneidade do eu e a liberdade que 
nele se radica. Constitui, ao> olhos de Fichte, uma imoralidade: equi­
vale a negar a própria essência do homem. Animada pelo mais radi­
cai idealismo ético, a filosofia fichtiana procura ser uma "demonstra­
ção cientifica ria liberdade", nas palavras do historiador Emílc Bré- 
hier.
O ponto de partida: Kant
O itinerário de Frchfe, no sentido de construir um sistema filosófi­
co da liberdade, começou com a descoberta do pensamento de Kart. 
A investigação da natureza òo conhecimento. realizada por Kan1 nos 
Prolegãmenos a toda Metaffaca Futura que Queira se Apresentar co­
mo Ciência c n j Crítica tia Razão Pura, mostrara que só é válido, en 
quanto conhecimento objetivo, aquele que resulta da aplicação das 
formas e categorias aprionsíicas do sujeito aos dados empíricos, Co­
nto consequência, Kant demonstrara também que a metafísica não po­
dería pretender valide/ teórica, rm virtude de passar por cima das for­
mas da sensibilidade e aplicar us categorias do entendimento díreta- 
mento à coisa-cm-sr. Segundo a Crítica fia Razão Pura, não é passível 
provar teoricamente a existência de Deus, a imortalidade du alma e a 
liberdade. Quando tenta fazer isso, a razão é conduzida a tintmnnrías 
involúveh, sendo possível provar tanto essas teses quanto as suas corv 
trárias: o próprio mundo c eterno, a alma 6 tão mortal quanto o cor­
po, etc.
Ua/encte à lona a verdadeira natureza das elaborações teóricas 
dã metafísica, ou seja, de todas as abordagens da vuisa-ern-&i e da es­
sência última da realidade, e mostrando a falta de solidez dc tais cons­
truções, Kani procurou, contudo, outros fundamentos para j metafísi 
Cê tss.i tarefa é realizada na Crítica da Razão Prática, obra em que 
Kant procura mostrar como toda metafísica é resultado das exigências 
práticas, isto é, morais, do homem Diante da imensidão do mundo, 
o homem reconheu* sua própria incapacidade de compreender-se 
dentro do todo, utilizando apenas os conhecimentos científicos Fn- 
grndra então explicações para a cotsa-cm-si: elabora interpretações 
da estrutura da realidade em si mesma e tema ultrapassar o mundo 
meramente fenomemeo.
Em síntese, segundo Kant, não é a metafísica uma certa coo 
cepçãu do que sejao mundo c todas as coisas que se encontram nele 
— o fundamento da ordem moral. Pelo contrario, são as exigências 
da razão prática que geram a metafísica e constituem seus postuia 
dos. Consequentemente, a filosofia kantiana estabelece que a razão 
prática, o mundo moral por ela instituído e. sobretudo, a liberdade 
que está em sua essência são independentes da teorízaçáo produzida 
pela razão pum. Manifestam, além disso, a própria rarz do homem.
A idéia da autonomia moral formulada por Kant foi saudada por 
Fichte, com o entusiasma peculiar à sua personalidade. Kant parecia 
indicar-lhe o caminho a ser seguido para fundamentação teórica de
VIDA E OBRA IX
Seus anseios concrelos de liberdade. Com base? cm Kant, parecia pos­
sível construir um sistema de idealismo ético Para realizar tal proje­
to, Fichte procurou solucionar as dualidades que persistiram na obra 
de Kam: eoisa-em-si c aparência, conteúdo e forma, absoluto o práti­
co, formal e material, inteligência c coração, razão prática c razão pum.
A solução dessas dualidades — pensava Fichte deveria ser bus­
cada num princípio situado cm terreno prévio a toda relação entre su­
jeito e objeto. Em outras palavras, a solução não podería ser alcança­
da "a menos que se encontre um ponto no qual o objetivo o o subjeti­
vo não estejam separados, mas sejam unos". Esse ponto, de onde se 
podería deduzir lodo o saber, serhi o eu.
Os princípios constitutivos da tgoidade.
Q núcleo central designado por Fichte pela palavra eu não devr 
ser confundido com a consciência individual do próprio fích ie ou de 
qualquer pessoa e nem mesmo rom um simples "sujeito" jbstm tç. O 
filósofo não construiu um sistema dc Idealismo subjetivo e afirmou 
claramente: "O eu não deve ser considerado como mero sujeito, co­
mo foi considerado até agora. quase sem exceção, mas como sujeito- 
objeto". A palavra eu (ou, mais exata mente, cur pura uu egoidade) de­
signa uma consciência transcendental, isto é, umn estrutura univer­
sal, independente da;; consciências individuais o tomada como pura 
atividade; encerra em si a esírutum de todo é qualquer conhecimento 
teórico, ao mesmo tempo que o fundamento de toda v qualquer ação 
prática do homem Em outros termos, o eu iechii.ano constitui u iim 
unidade daquilo que Kant separou coma duas razões, a pura e a práti­
ca ioda a obra puramenfe filosófica rir* Fichte procura demonstrar c>s- 
sn unidade radical. Tal tarefa foi considerada por ele corno j formú 
airuvbs da quul se podería elevar a filosofia â condição ds? ciência evi­
dente, saber do saber, conhecimento da razão pola razão. Por isvo 
Fichte empregou a expressão "dgutdna da ciência" para designar sua 
análise rio eu.
A doutrina da ciência aborda o eu mediante urra intuição intelec­
tual, que a precede sua estrutura t* descobre seus princípios.. Essi;s 
princípios sâo três e constituem o fundamento da ação moral <? de to­
do pensa monto d en iífko
0 primeiro princípio constitutivo do ou é uma versão metafísica 
do princípio da identidade lógica, segundo o qual A tv igual a A Apli­
cado por Fichte, o princípio sc formula nos seguintes termos; "O eu 
poe a si mesmo como sendo" Em termos lógicos se diría: o A que d 
é idêntico ao A que é posta; outra forma seria a seguinte: se A é pos­
to, é_
Assim como o primeiro princípio constitutivo do eu é encontrado 
a pdrlir de um princípio lógico (Q da identidade), o segundo também 
é encontrado por Fichte pela análise do pensamento lógico. Em lógi­
ca, os juízos podem scr inclusívo fuma coisa é X) ç exclusivo (aquela 
coisa não é XI. Hessa dualidade decorre o secundo princípio da sua 
doutrina da ciência e da estrutura do eu: "Aí) eu, um nãocu é absolu­
ta mente ü[X)SlOJ',
O terceiro princípio do eu 6 obtido também pela análise da duali­
X FICHlfc
dade dos juízos mdusívo e exclusivo Se afirmação n negação são fa­
cetas do uma mesma experiência, sua oposição não pude ser definiti­
va; sendo aspectos da mesma realidade, não podem, por isso mes­
mo. estar em absoluta contradição Essa constatação leva Fichre a 
enunciar o terceiro princípio do eu nos seguintes termo;: no eu. ao 
eu divisível opõe-se um não-eli divisível A oposição é, assim, inter­
pretada por Fichie como oposição n o interror da consciência e não 
contra a consciência.
Isso significa que o eu possui duns atividades que constituem sua 
estrutura Intima: uma centrífuga Cativai, outra ccntrípgfâ (passiva). Em 
outras palavras, dir-se-ia: a atividade do eu, ou exteriorizar-se. recebe 
Um choque ct, por conseguinte, o eu volta-se sobre mesmo No pri 
meirocaso. a atividade é pmduçãor no segundo, reflexão
A palavra oposição — empregada por Fichlu para exprimir a rela 
çâo do não-eu para com o eu — designa uma relação lógica, mas vig- 
m iira também uma relação dinâmica de luta entre tendências que sç 
enfrentam procurando suprimir-se. Analogamente, a palavra objeto 
designa, em primeiro lugar, algo que e simplesmente conhecido pelo 
sujeito, mas significa lambém aquilo que resiste ao espírito e a ele se 
impõe, Fichle desliza cunimuamiínte do sentido lógico e e stftto ao 
dinâmico, fazendo de toda a sua filosofia uma história abstrata e es- 
quemática das lutas travadas entre duas forças hostis, que procuram 
aníquilar-sc mutuaménte.
Do terceiro principio trio ou, opóe-sc ao eu divivívçf um não-cu 
divisível) decorre a síntese: "O eu põe a si mesmo como determinado 
pelo não-fu", Essa e a base da parti1 teórica Ha doutrina da ciência. 
Mas do terceiro princípio decorre também uma outra proposição 
oposta à anterior e que conuriui o núcleo da parle prática da doutrina 
da ciência: ''O eu pó*1 u não-ni determinado pelo eu’ Por um lado, 
a primeira proposição, decorrente do terceiro princípio, dá ao eu um 
estatuto absoluto, ou infinito, pois séi se limita aquilo que ú autüde- 
pendente. Além do mais, o eu é absoluto na medida em que é limita­
do: o afastamento dos limites reafirma seu grau de absoluto, Por ou­
tro lado, o ou, como inteligência, depende do "choque", isto (\ de 
urii nán-eu indeterminado e indetcrmindvel; somente* através desse 
não-eu, e devido ,i elt?, <> ou é inteligência, Esses dois aspectos do eu 
absoluto, mas, ao mesmo tempo, dependente do não eu t on-;ti
tuem uma contradição que conduz â parir prática da doutrina d j 
ciência. Nesta rncnmra sr fundamentada a idéia de liberdade, na for­
mulação fichtiana
A liberdade como fundamento do eu
Para resolver a contradição existente entre .1 determinação do 
nao-eu pelo eu com a posição infinita do eu, Firhte afirma que n eu 
determina o nao-eu através de esforço permanente c constante, Sc ca­
se esturço levasse ã consecução plena de seu objetivo, desaparecería 
ioda à Lunscíênciâ, todo o sentimento e toda a vida. Para Fichte. o eu 
c rnfiniío na medida em que luta para ser infinito, por outro lado, o 
üu á finito enquanto nãu consegue realizar seu ideal. Alcm diüSO. 0 
sentimento do limite, por parte da eu. é um sentimento de força, pois 
0 limite sò c sentido enquanto se pretende uílrapassá-lo.
VIDA E OBRA
Nl;i doutrina da ciência está implicada, portanto, uma filosofia 
prática, que -se desenvolve de maneira semelhante à filosofia teórica e 
visa a determinar as condições da liberdade moral, Em outros termos, 
a análise efo pü enquanto eslruiura cognitiva tínsvpnd^ também sua 
natureza moral.
"Meu impulso, na medida em que sou parte da natureza, minha 
tendência, enquanto espirito puro ', pefgunta Fichte, "são eles impul­
sos diferentes?" E responde: , 'r<ão: sol? o ponto dc vista irariM enden- 
tal. ambos sno um e o mesmo impulse original, que é a minha nature­
za essencial; só que esse impulso é visto de dois lados diferentes. Em 
outras palavras, cü sou sujeito-ob)elo e meu ser verdadeiro consiste 
na identidade c inseparabilidade desses dois aspectos. Se eu mu consi­
dero como objeto, perfeita mente determinado peíav leis d d percep­
ção sensilivri e do pensamento discursivo, então aquilo que é. na rea­
lidade, meu único impulso torna-se para mim impulso natural. Poisdesse ponto d r vista eu próprio suu natureza, Se mç observo como su­
jeito, então esse Impulso passa n ser, p^ra mim, pura mente espiri­
tual”
Fichte conclui, então, que todos os fenômenos do eu depen­
dem esdiisivamiínk* da interação entro esses dois impulsas p a rnteril- 
ção não seria mais do que a mltífução de um p mesmo rrnpulso cotisi 
go mesmo. Assim obtém se, finalmente, resposta u questão de num 
ser absolut^mentç uno existir uma oposição tão completa quanto a 
que existe entre os dois impulsos. Ambos impulsos constituem, ri ir 
I ichte, um o o mesmo eu c , portanto, devem ser unidas na esfera da 
cOPSCiêncid, Nessa união, o impulso mais elevado deve desistir da pu­
reza dc sua atividade o o mais baixo deve desistir do prazer. O resul 
tá do ulri união será atividade objetiva, t ujo propósito final u a lifierda- 
dc absoluta.
Em sirma, a litosofki In hii.mn afimui que o eu se manifesta 11a o- 
fura prática cumu Lima vontade que necessita dr umg resistência para 
continuar existindo êm essa resistent ia, o eu não podo afirmar sua 
independência e libertar-se; é por M-nlír-su limitada que u vontade po­
de aspirar cpntJfipámetitó à supne ŝip çfé j*?us limites,, A produção dá 
resistência & a í,lntesc da tensão entre ela e a aspiração infinita realí- 
za-se segundo um processo semelhante ju que su v«ri fica na parte 
teórica da doutrina da ciência. Exi*.ie, «ontirdo, uma diferença essen­
cial entre esta t a parte prática. Enquanto a primeira se conduz con­
forme um processo que exige a síntese dialética dos contrários, iwj se­
gunda, isífi i-, nos domínios ria ação prátir a do homem, não v> pode 
chegar ao ponto írnah O riuvw-ser ú atuação infinila o jamais comple­
tada do cu; par isso, ioda meta atingida não é definitiva, mas etapa 
para sv prosseguir na busca de erapás superiores, A vida moral é supe­
ração incessante riu obstáculos, wm interrupções c desfalecí mentas; 
toda parada na vida do ospírilu ú culposa. A atividade do eu é ativida­
de heróica, processo contínuo de libertação na procura incessante de 
um ideal infinito.
A liberdade absoluta é, assim, o fundamento último do eu t* 
doutrina da ciência, que o traz á luz. "é Ho começo ao hm uma análi­
se dr> conceito do liberdade", no dizer do próprio Fichte.
Ü pensamento dc Fichte loi exposto através do magistério univer­
sitário e de grande número dc obras que redigiu ao longo dc sua exis­
tência. Nascido a 19 de mato de 1762, Fichte estudou nas universida-
XI
XIJ FfCHTE
des de jena. Wittenberg e Leipzig. Depois cte ser preceptor, lumou-se 
professor universitário, inicudmente na Universidade de Jena. onde, 
em 1794, substituiu o kantíano Karl Reinhoíd (1753-1823). C into 
anos depois, obrigado j deixar Jena, sob a acusação de ateísmo, irans- 
leriu-iL1 para Berlim, onde passou n lecionar na faculdade do filosofia; 
eíit 1810 foi nomeado decano ria recdm-criada universidade.
Ao falecer em 1814, tinha escrito um grande numero de obras so­
bre a doutrina da ciência. A primeira fora composta em T794, quan­
do iniciou seu magistério em Jena. Uma das mais conher idas traz o tí­
tulo A Doutrina da Ciência, Exposição de J804 e constitui o mais 
completo e elaborado enunciado de seu pensamento, segundo Didrcr 
lufia, um de seus intérpretes modernos.
Com seu trabalho universitário e com Ioda a obra que escreveu, 
centralizada na procura e na formulação de uma teoria da liberdade 
absoluta, Fii híe deu expressão filosófica aos idcai> românticos de seu 
tempo. Foi por isso que Frjcdrich Schlegcl, seu amtgo pescai e lirlcr 
da escola ramaniica alema atrrmou: "A Revolução Francesa, o t-V*í 
lhelm Meister do Gocthe ú a Doutrina dei Oé/icicl de Fichte Consti­
tuem as linhas mestras de nosso tempo"
Cronologia
176-2 — Ftchie easce vm Kammenau, a 19 de maio
1766 -- NascimpíWíJ rir Ihornas Rubcrt Malthus
I77IJ — Nas.fi' Fte*‘lhov<n,
1772 — Noscom Friedrich âchlejjel, Novalls e DavJd Ricardo,
1775 - Nascimento Ue Srhelling.
1776 — Declaração de Independência dos btados Unidos rtj América. 
Acfdrn SmiTfi publica A Miquec.i V.jçóc Funda-se o primeiro sindicato 
operdriu na Inglaterra.
17B1 É publicada i Crítica da h\u'0o Pura, dr KanE.
1784 — Fiefilt complete seus estudos de teologia.
17841 — Vem á luz o Crftid da Razão Prática, do Kant.
T739 — A 14 de julho o povo Francês toma a Bastilha inlcla-se a Revolu­
ção,
1790 — Goetlse publica fragmentosdo Fausto.
1793 Nasce Nicolui lvnnovn.fi Loharhevski, pioneiro da moderna geome­
tria.
1794 Fichte puhlica Os Princípios Fundamentais da Doutrina da Ciência 
em $eu conjunto e *w L rçõas sobre ,i Desliniçdo do S.lhfo,
1707 - Scliflling edita Meias para ur?Tá Filosofia da Natureza Nasce Scliu- 
bert.
1798 — f publicado 0 Sistema da Ética segundo os Principias tia Doutrina 
da Ciência, de I n htc. Ndsce Cumre,
1801 — Publicarse a Gspcrdção da Doutrma da Ciência, de Nchtc, que será 
conhecida tamod Doutrina da Ciência de 1801.
1804 — Edite-$v A Doutrina da Ciênc ia, F vposíç.Ks de 1804, Oh ez a ubrj 
mais importante de Fichte
i«06 — nerrata de Napoleão na Rússia, A Prússia declara guerra á J rança.
1807 — Fichte publica os Discursos á Nação Alemã
1614 — Fichte falece no dia 29 de janeiro
VIDA E OBRA xm
Bibliografia
Líoh. X, Fichfe et Iempsr 1 vgds., Armsnd Colin, Pansr 1954-1959.
Talhot. E, B.: The Fundamentei Principie of Fichte ŝ Phlíasaphy, Th o* Macmil- 
lan Connpany, Nova Vork; 19D6.
B̂ èhiek. É .. Historia de At F/teo ft, 3 /ub,, Edrcurial Sudarnerícana, Buenos Ai­
res. t962.
I Lu ia. D.: Fichte, Presscs IJnruerdlaires de Fr^nce, Paris, 1%4.
Bo l«r.trjts. B.: L'írie.d!yme de Fichte. Prosscs Univcrsítaines de France Paris, 
19(.8.
Hewsoeih, H.. Ftchle, Revisa de Qccidwite, Madri, 1931
ULwnsCH. G. : Fichtes System der Konkreten Elhik, Tijtiingçn, 1924.
Wi imiti, VI Fírhlc. Frortlmúr VeHüg, Stull^ari, 1927.
Pakevson, L .; Frchte, Edteiont di '"'Fl lo&Cífiü". Torino, 1950.
rbcHER K.; Fichte und sdnr Vorgditvgeç Carl Wmiers Universilaetsbuchhjnd- 
lung, HeideiberE, I8C9
Gulkouli. M.: £ Êvolufion cr /a Vroeture de !j Doc.trino de h Science ede/ 
Ftehle. 2 vo Is. , Rellts Latires, Stíasbourg, 1930.
VüàitMKM, j.. CHédtage KaflUon eí h fiòsoiulion Capemicivnnc. PresstS Uni- 
vtrs iiairei de Fiance, Par is, 1954.
TüRKts Eiihü, R. R : O íspiWíO e d Letra; A Critica da Imaginação Pura em
hchic, Alica, São Paulo,, 1975,
NOTA DO TRADUTOR
Os textos de F lC H T E , aqui tncfuídos. enanitraM-se na edição princcps das suua Obrus Com­
pletas iSiimmdíclK’ WcrluiK organizada pvt seu filho . Im manuel)t intimai H c ftie fS v&fuwes ■ 
Editora Veii und í o.. Berlim, US45 - reedição em fac simiL1 de rua sucessora, FAUnru Woltcr dc 
Gruyicr urkl f_ o , Bèrlírth 1965J — raia exceção Jn terror Sobre l> pf n r̂arun da 
dou truta -da -cicncki.
Seguindo a praxe das edições, reproduzímos na margem do texto a paginaçâo ürigi 
nüi. para maior facilidade dc consulta e referência.
?
SOBRE
O CONCEITO DA 
DOUTRINA-DA-CIÊNCIA
OU
DA ASSIM CHAMADA 
FILOSOFIA
11794)
Tradução c de 
Rubens RoUtijíucs Torres Filho
P r e fa c io oa Prim eira E d ição
Com u leitura do.s novos céLicos. em particular de Encsidcmo c das excelentes obras 
dc Müimon, o autor êteste trahnlho convenceu se pie na mente de aipo que ja antes lhe 
parecia altamente provável: que a filosofia, mesmo com os recentes esforços dos homens 
mais penetrantes, ainda não se elevou n çaiegorin de ciência evidente. Acredita ter desço 
berto o fundamento disso e encontrado um caminho fácil para responder de maneira ple 
niururitlu satisfatória a todas as exigências. dc resto muito legítimas, feitas petos céticos 
n filosofia ■wrítica; c pura unificar cm geral t> sistema dogmático e o sistema crítico etn 
suas pTCtcnsòes conflitantes, do mesmo modo que a filosofia crítica unificou as preten 
sòcs conflitantes dos diversos sistema* dogmáticos.1 Não estando habituado a falar Je 
coisas que ainda nào fez. teria executado seu projeto, ou então ficado caindo parti sempre 
a respeito dele. se a presente ocasião nuò lhe tivesseparecido ser uma exigência para 
prestar contas dc como empregou seus lacres ate agora e dos trabalhos a que pretende 
dedicar se no futuro.
A investigação seguinte não precisa pretender ter nenhuma outra validade, n não ser 
hipotética. Mas isso nào quer di/er que o autor nào seja capa/ dc fundamentar suas afir 
mações em algo mais do que meras pressuposições não demonstradas: nem que não 
devam ser. contudo, o resultado de um sistema firme e de profunda penetração. É certo 
que o autor só pode prometer-se apresentar esse sistema ao publico, em uma forma digna 
dele. daqui a anos: mus desde ju espera, como c justo, que nada do que propõe sem recu­
sado antes que se tenha examinado o todo
A prim eira ím enção desiti* página*, era co locar os jovens estudantes da escola sitpe 
rior. para a qual o autor foi convidado, cm condição de julgar se se confiariam á sua 
direção no caminho da primeira dentre as ciências e se poderíam esperar que este fosse 
capaz dc lançar tttnta luz sobre esta quanta necessitam para seguir esse caminho sem tro­
peços perigosos; a segunde, angariar os juizos de seus protetores e amigos sobre seu 
empreendimento.
Àquele» que Jiio se incluem nem entre ns primeiros nem entre os segundo*, caso 
este escrito venha a eaír-lhc-s nas mãos, são dirigidas as observações seguintes,
x iv..
tn
1 A çpnlrovársta qu«? propriflnKtf tç rdnsi çnire .irnboil - cn« qual 0 chiço, com ioda i.i/ào. «e colbeCUi dp 
lado cJo ík^nishieo e, tom vslc. <lo lado do cntcndimciilo cumum, qLK, decerto não como jui7, ma* como ces 
icmunha por artigos, deve sar muito levado em eansideféçio hem podeda düc* ríípeiiA a conexão dr 
«íj.v.vii ixn/teciitHMlu cvm umu acirxu em .ví. «i essa cuntmv2;-ua hvm pode ri a %er «Ifcididu. nu mu toiura dou t ri 
ii.i U.i cjin.via. pela verificação dc que nosso conhecimento não tem por orno, unia onncrsào iniedima. |«;la 
icpicsetUiivüo, com u coisa cm si. m.ut a tem nrdi.ilamente pelo sentínteniu; de que, com tculi ecnc/.a. as
coisas são. representadas mera mente como fenômenos, raas. tw w wisas-cm-sl. são sentidas; dc que sem sen 
lirritmo uãu scriu possível nenhuma representação: mus de que a coisa çm st sú é connecida suòjeiivcmetm, 
istoé, só na medida em que atua sohre nosse: sentimento. (Trecho suprimido na 1* edição.)
fl FICHTE
0 amor es-íã. até agora, práTuridamcnCe convencido de que nenhum entendimento 
humano pode ir além do limite a que chegou Kant, em particular em sua Critica do 
Juizo, embora este nunca nos lenha apresentado eãse limite deierniiriadameme. nem 
como o último limite do sabtír finito, Sabe que nunca poderá dizer algo sobre o qual 
Kant já nao lenha. Imediata ou mediatamente, clara ou obscutamente, dado uma indica 
ção. Deixa para as épocas futuras avaliar o gênio do homem que. a partir do ponto cm 
que encontrou n Juízo filoso fonte, condu/iu-o. muitas ve>.es como que guiado por ama 
mspjraçào superior, tão poderosa mente cm direção a seu fim ultimo.
Do mesmo modo. está profundamente convencido de que. depois cto espirito genial 
de Kant, nenhum presente mais alto podería ler sido feito à filosofja do que pólo espirito 
sistemático de Remhoid: e acredita conhecer v lugar dc honra que. mesmo por ocasião 
doa íuivos progressos que a filosofia. seja em que mão estiver, necessariamente fará. 
deverá sempre ser atribuído a iilo&ófia elementar deste- úkimo. Não csiàctn seu modo de 
pertsar ignorar orguíhosmncnte qualquer méritn que seja, ou querer diminui-lo: acredita 
perceber que cada degrau que a ciência jã subiu unha de ser galgado antes que ela pudes 
se passar para um degrau superior: na verdade, não considera um mérito pessoal ler sido. 
por um feliz acaso, chamado à obra depois de trabalhadores excelentes: e sabe que todo 
mérito, que podería haver nqtii, nao repousa na sorte da descoberta, mas na lealdade da 
procura, c que. quanto a esta. cada uin e u único que póde julgar-se í rccompcn&ar se. 
Não dir isto cm rntençào desses grandes homens e daqueles que lltes são semelhantes, 
mas para outrem homens não ú o grandes. Quem acha supérfluo que isto seja dito nao 
está entre aqueles para us quais é dito.
Além desses homens sérios há lambem, ainda, homens brincalhões, que previnem os 
filósofos, aconselha nt.ln-os a não se tornarem ridículos com expectativas exageradas 
quanto .n Mia ciência. Não quero decidir se Iodos riem do fundo do coração, por terem 
umu jovialidade mata: ou se não hã alguns dentre des qac apenas forçam o riso, para 
desencorajar o pesquisador mg&iuu de um empreendimento que, por razoes compreensí 
veis. não veem com bons olhos (Matls rident alienis),7 Jã que eu. ao que sei. até agora 
não dei alimento ao scu liumor pela manifestação de tais altas expectativas, talvc/. rm- 
seja permitido, antes de tudo. não parti defender os filósofos, c muito menos a filosofia, 
mas para seu próprio bem, pedir-lhes que segurem « riso pelo menos ate que o emprecn 
Jimcnto fracasse formalmemç c sejn abandonado. Poderão zombar de nossa fc na hum a 
nidndc. á qual des próprios pertencem, c de nossa esperança quanto ás suas grandes 
disposições; poderão então repetir sua frase çonsOladora A humanidade não tem 
remédio; sempre foi assim e Assim sempre será, , . toda vez que precisarem de 
consolo!
* Riem diis matõ alhricK (HorãeioX (N, do L, i
a ? m
P r e f a c i o d a S e g u n d a E d i ç ã o
Este tivtíniio havia-se esgotado. Eu precisava dele para rcícrir nte a de cm minitaa 
aulas: além disso, cie é, tirante alguns artigos publicados no Jornal Filosófico de uma 
Associação de Fsíudiosos Alemães, o único texto em que se filosofa sabre o próprio 
filosofar da doutrina da ciência e que. por isso. serve de introdução a esse sistema. Essa* 
razões mc levaram a cuidar de uma nova edição.
A própria finalidade e o estatuto deste texto, nâo obstante a clareza de seu título c 
de seu conteúdo, foram frequentemente mal entendidos, e toma-se necessária, na segunda 
edição, coisa que rta primeira eu havia considerado totalmemc desnecessária, uma expli­
cação precisa sobre esse ponto, cm um prefácio.
A saber: sobre a própria metafísica, que precisnmente não deve ser uma doutrina 
das pretensas coisas em si. ma* uma dadução genética daquilo quç aparece cm nossa 
consciência, pode-se <Jc novo filosofar — podem ser instauradas investigações sobre a 
possibilidade, g significação própria, as regras de ml ciência; c c muito proveitoso para 
a elaboração da própria ciência que Uço ocorra. Um sistema dtr Lais investigações cha 
ma-sc. do ponto de vista filosófico, critica; pelo menos, devcr-sc-in, designar com esse 
nome apenas o que foi indicado. A critica não c a própria meutfistca. mas está ac:ma 
dela; está para a metafísica exatamente como esta está para o ponto de vista habitual do 
entendimento natural, A metafísica explica esse ponto cie v isia .e e por sua vez suplicada 
na critica. A critica propriamente dita critica o pensamento filosófico; sc a própria filo 
Sofia também fiií chamada de critícu, só sc pode dizer que ç|a critica o pensamento natu­
ral, Uma critica puni a kantíapg, por exemplo, que se anunciava como Crítica, não é 
nada pura, mas é em grande parte propriamente inemÍLska: ora critica o pcnsAmenio 
filosófica, orrt o pensamento natural; o que, por ü sã», nào constituiría um» Centura con 
tra ela, desde que deixasse clara em geral 9 distinção quc acaba de ser feita e, nus investi 
gações particulares, indicasse em que domínio se encontram — tuna critica pura. dign 
cu, rufo contêm nenhuma investigação metafísica imíseitída nela. Uma metafísica pura 
as elaborações da doutrina-da-clêncta. que se anunciava como metafísica, até agora 
não são, desse ponto de víslu, puras, nem poderíam ser puras, uma vez que só com o 
auxílio cliis alusões criticas incorporadas a cias esse modo de pensar mabimal podería 
aspirar a tomar-se acessível — uma metaÊsica pura, digo eu. não contém mais nenhuma 
critica, aiém daquela que, ameriormente a d a , jã deve Ler chegado A clareza.
O que acaba tte ser dito determina com precisãou estatuto do tvxto seguinte. Ele ê 
uma parte da critica da douinm-da-dência, mas não ò a própria doutrina-da-eiêftcia, ou 
uma parte desta.
È uma paru: dessa critica, disse eu. Ocupa-se, em particular, eom a exposição da 
relaçtiü da dnutnna-da-ciencia com o saber comum c com as ciências possíveis do pomo
f? F1CHTF
dc vista desse último. segundo a matéria do saber. MfiS há ainda outra consideração, que 
pade contribuir muito paru engendrar um conceito correto de nosso sistema, protege do 
contra mal entendidos e tomado acessível: õ a que se refere à relação entre o pensamento 
transcendental e o pensamento comum segundo u forma, isto ç, a descrição do ponto de 
vista a partir du qual o filósofo transcendental contempla todo saber e de sua disposição 
mental na especulação. O autor acredita ter-se explicado com alguma ctareiiL sobre esse 
ponto nas duas introduçòos a uma nova exposição da doutriiu-da-ciência ino jornal 
supracitado, no ano de I 7971 - Uma ciência c sua crítica se sustentam e explicam
mutuamenie, Somente quando n exposição puni da própria doutrina-da-tièncin tornar se 
passível será fácil dar conta, de maneira sistemática c completa, dc seu procedimento. 
Que c público perdoe ao autor esies trabalhos provisórios e incompletos, até que um dia 
dc mesmo, ou um outro, possa chegar i perfazer essa exposição!
Nesta nova edição Io ram modificadas apenas algumas íarrmiktções e expressões 
que não crain sufteientemente precisas, e suprimidas algumas notas de rodapé, que cnvol 
viam o sistema cin polemicas que dc ainda não pode solucionar, além tio terceiro capi­
tulo inteiro (divisão hipotética da dvutrína-da-cicneia). que mesmo cm sua redação pri 
meirn trnlia aptnas uma rírialidadc provisória, c cujo conteúdo foi poslenomicnte 
apresentado dc maneira mais exaustiva e clara na Fundaçao dc Toda a Doutrina dv 
C iru cia .
Ao reeditar «s|e livro, cm que anunciei pela primeira vez meu sistema. udvc? não 
seja inadequado acrescentio algo a respeito da história da acolhida que esse sistema tem 
encontrado ate acor.i Poucos acataram o critério mais razoável dc calar sc provisória 
mertit* ç , antes, meditar um pouco; a maioria deixou transparecer sem acaiiharncnto seu 
tolo assombra diuruc do novo fenômeno. recebcndo-o com risos aparvalhados c zomba 
rias insípidas: os ntrtis ousado* dentre estes queriam acreditar, para desculpai o uutot. 
que tudo não passava dc uma piada dc mau gasto, enquanto outros faziam seria mente 
planos sobre a maneira dc tratada. ” mtcrnado em certos csuibelcaimomos moderados" 
Resultaria na mais instrutiva comritniiçiu» para ir história do espirito humano se se 
pudesse narrar como certos filosofemas foram acolhidos quando dc sua primeira apiiri 
ção: é verdade ira mente num pena que não existam mais os jufro» emitidos iwlos cunlcm 
fxirânoos. no primeiro espanto, sobre alguns sistemas nuns antigo* Quanto ao sistema 
kimtiano. ainda é tempo dc organizar uma coletânea das primeiras resenhas sobre ele 
encabeçadas [tela que saiu na renomada gazeta erudita de Góttingen ■ c conserva In*, 
parn os séculos futuro* como raridades. No caso du doutrina da ciência, eu mesmo gos­
taria dc fazer esse trabalho: c. para começar, anexo a este escrito duas das resenhas anui* 
notáveis que lhe furam assacados evidertemente, sem comentários. Para o público 
filosófico, que inutilmente está mais âmi.iarizadn com meu sistema, esses comentários 
sao dispensáveis, c para os autores das resenhas já c bastante infelicidade terem dito o 
que dizem nelas.3
Não obstante essa recepção truculenta, logo cm seguida este sistema teve, contudo, 
sorte mais propicia do que pnderiu wr encontrado qualquer outro. Muitas cabeças moças 
e brilhantes adotaram-no com ardor. *.* um veterano muito meritório da literatura filo só 
11ca. depois dc um exame demorado e maduro, deu-lhe sua adesão, C de se esperar, dó
3 A-. i!utii resenhas opre-sunUivbui no apêndice mencionada referiana-se su» ICMO dc Schelling — S o b re et
PoMiNtitiutif rfu tunnu de ttnm tth.wjiti rtrt Geral y ap de Fichtr Stibrç <j 0'»:rtiln th Dtwtritte-da 
Ctíncíu, ambas reimpressas dos "AJi;p, FlSoStifioas' de Jarob. Inmn |V IA IX. Aqui foram oniiiidas. 
tNuiu de Jmmnnucl Heroiann )
P R H / Á C 10 9
esforço conjunto de lamas cabeças admiráveis, que deniro em breve, exposto sub tnúlii- 
plus; aspectos e amplamcntc aplicado, ele provocará a modificação que visa. no filosofar 
c, por imerni cdiu deste. na atividade científica em geral Nâo obsíànte a semelhança de 
sua primeira acolhida cbm a acolhida que teve, antes dclc, aquele Outro sistema — como 
acreditam bons conhecedores — ou aquela ou ira exposição tíesne mesmo sistema — 
como eu. por certo não sem boas razões, igualai ente admito (embora abdique solene- >6 
mente dc dãrpuLar mais sobre t-sie ponto): não obstante essa semelhança e embora 
como è de se esperar áa parte de kantiano.s. a acolhida da doutrina-da-cienein tenha sido 
bem mais grosseira e vulgar do que íl dos escritos de Kaut — . é de se esperar que ambos 
OS sistemas ou exposições não terão O mesmo ê.viti» em formar um bando de reeiladores 
serviv e brutais. Em pane* é de se acreditar que os alemães tenham ficado intimidados 
com n triste espetáculo que acabam de dar e não queiram carregar duas vezes seguidas 
o jugo do psííacisrao; an parte, parece que não sõ a apfexentaçãu até agora escolhida, 
que evita urna letra rígida, mas também o próprio espirito interior desta doutrina a pre 
serva cont i a rociiadurcs sem pensamento; além disso, nãn 0 de se esperar que os amigos 
desta ciêtlda, acolham bem tal homenagem
Para perfazer o sistema Jiâ ainda indescritívclntemc muito que fa/.er. Pur ora, mal 
está assentado 0 fundamento., mal foi iniciada u construção: c o aulor quer que todos os 
seu* trabalhos até agora sejam considerados cotlio apenas provisórios. A firme espe- 
luiiça.quc pode doravante alimentar, de não ter mais, como antes temia. de deixar seu 
sistema, cm letra? mortas, entregue à sua iorte. ru forma individual cm que se apresentou 
a ele pela primeira vez* para alguma época futura que podería compreendé-lo. mas dc 
entender-sc já «obre ele com seus cortiempOrâiioos. dc discuti lot dc ve lo ganhar, pclíi 
elaboração comum de alguns, uma forma mais universal, e dc legá Io vivo no espírito c 
no modo de pensar dé sun épocn. aliem o plano que tinha prescrito n s: mesmo no anun­
ciá-lo pda prtmeiru vc i A saber, não prosseguirá mais. por ora, na execução sistemática 
do sistema, mas procurará, antes, expor sob múltiplo* aspectos o que foi descoberto uié 
ágora c tomá-lo pknameme claro e evidente r;ir:i lodrí leitor impurçiíil llm começo 
desse trabalho já foi feita* no jornal mcnciumido acima, o será cüntrnuado. assim que 
minhas ocupações mais imediatas, como docente acadêmico, mc pinpt>ici<iri;irviti o In/ur 
pnra isso. Segundo algumas declarações que chegaram u ueu conhecimento. aquele* 
artigos provocaram cm alguns um rcltuice dc compreensão, v. ic o modo dc pensar 
do público «tare :t nova dou m na não *v modificou universaímenre. é porque aquele 
jornal, ao que parece., não é mui tu difundido. Para u mesmo firri pretendo* lác lOjjta 
meu tempo o permitir, editar em novo ensaio de exposição rigorosa v purnmentc sistema 
tsía da fundação da dom ,rinu tia ciência.
feria. M issa de fido Afigttei. f 798.
P rtm etro C a p i t u l o
Sobre o conceito da doutrina da ciência em geral
§ L Conceito da doutrina■da-ciêncta, estabflãctdrt hipotettcúmenfe
Pura conciliar facções divididas, o mais seguro é partir daquilo cm qitc Iodas 
concordam.
A filosofia é uma ciência: nisto to das as descrições da filosofia estão de
acordo, assim como estão divididas na determinação tio objeto dessa ciência. F se esse 
desacordo proviesse de Que O próprio conceito de ciência, que conferem por unanimidade 
à filosofia, não tivesse sido lotalmcntc desenvolvido'' E se a determinação desse único 
atributo, admitido por todos, fosse plenarmmte suficiente para determinar o conceito dn 
própria filosofia?
Uma ciênciatem forma sistemática; iodas as proposições contidas nela estão cm 
concxào com um único principio, c neste unificam-se em um todo — isto também todos 
admitem ttnivcraliwnte, Mas isso esgota o conceito de ciência?
Sc, sobre uma proposição sem fundamento e indcmottstrávc] — por cscmplo: que 
ha no ;u criaturas com inclinações, paixões e conceitos humanos, mas corpos eiferaot 
alguém construísse uma história natural, muito sistemática, clcsscs espíritos aéreo», u que 
cm si é perfeita mente possível, reconheceriamos tai sistema, por mais rigorosas que fos­
sem as inferências ode contidas, e por mais intimamerm encadeados entre s.E que estives 
sem suas partes ringulnnes, como uma ciência? Inversamcnte. sc alguém emite uma única 
proposição teórica — por exemplo, o artesão mecânico a propnsiçim: que uma coluna 
estpbcEccidnt cm ângulo reto sohrc umn superfície horizontal fica perpendicular a, itteümo 
prolongada indéfinidarneme. mio sc inclinara para nenhum dos dois lados: algo que uma 
ve* ouviu ç. numa multiplicidade de roporiendas. verificou que era verdadeiro * tudo:- 
admitirão que ele icm cicncía d<> que disse: embora nfu» possa derivar sistematicamente 
a prova geométrica de sua proposição a punir do primeiro principio dessa ciência. Por 
que nüo chamamos de ciência aquele sistema firme que repousa sobre uma proposição 
mdemostrada e tndemostrável; e por que chamamos dc ciência o conhecimento deste 
segundo, que, cm seu entendimento, não esli em conexão com nenhum sistema?
Üem dúvida porque o priivudi u, ccun todu a sua forma acadêmica, não contém nada 
que .vc possy iaber; c o segundo, sem nenhuma forma acadêmica, dtz algo que efetiva- 
meme sab&c poda .«iÂPr,
A essência da ciência consistiría portanto, ao que parece, na índole de seu conteúdo 
c na relação deste com a consciência daquele dc quem se diz que sabe; c a forma sistema 
tica sm a rmrameníe contingente para a ciência: não seria seu fim, mas meramente — 
digamos — um meio para esse fim,
* Ou 0 camponês inculto o fara de que o hktoriador judeu José viveu no tempo <lu dCSUuiçãú de Jerusalém.. 
(Suprimido ti» 2P edição .1
Isso pode provisoriamente ser pensado assim: Set ôventuatirtcrue. por uma causa 
qualquer. o espírito luimano pudesse saber com certeza apenas muito pouco, masquamo 
ao resto apenas opinar, supor, pressentir, admitir arbitrariametUe. ç no entanto, igual- 
irientc por urna causa qualquer, nào pudesse satisfazer se com esse conhecimento estrei- 
tamenie limitado ou inseguro, não thc restaria entSo nenhum uutro meio pura ampliá-lo 
c torná-lo seguro, a não ser comparar os conhecimentos incertos com os certos e. a partir 
da igualdade ou desigualdade - seja mc permitido empregar, provisoriamente, estas 
expressões, até que tenha tempo de explicá-las — . a partir da igualdade ou desigualdade 
dos primeiras com os segundos, inferir a certeza ou incerteza daqueles. Se fossem iguais 
a tinia proposição e e r i a„ então cte podería admitir seguramente que Lambem seriam 
certos; sc Fossem opostos a d a , etc sabería doravante que seriam falsos e estaria garan 
tido contra uma ilusão mais prolongada a seu respeito, Tería ganho, não a verdade, mas 
pelo menos a libertação Jo erro,
Vou ser mais claro, — Uma ciência deve scr una. um todo, A proposição que diz. 
que uma coluna estabelecida em angulo reto sobre uma superfície horizontal fica 
perpendicular5 é, para aquele que não iem nenhum conhecimento sistemático da 
geometria.6 sem dúvida um todo. e nessa medida uma ciertcia.
M as consideramos também que a geometria ' cm seu conjunto é uma ciência, embo­
ra contenha ainda muitas outras proposições além daquela. — Como c mediante o que, 
então, um agregado dc proposições, cm si cxtrcmamcntc diferentes, sc tomam uma cién 
cia. mm c o ijiesmo todo?
Sem dúvida peln Tatu de que as proposições .singulares, cm geral, não chegam a sei 
ciência. mas só sc tornam ciência no todo. por sua colocação rio lodo e sua retaçào com 
o todo. Mas por uma rhera composição de partes nào pode nunca surgir algo que julo 
seja rnronlrãvel cm uma das partes do todo. Sc absolutftmeflk nenhuma dentre as propo 
siçòcs vinculadas tivesse certeza, então lambem o todo surgido pela vinculaçào delas não 
a teria.
l*or conseguinte, pelo menos unia das. proposições teria dc ser certa, e esta comuni­
caria sua certeza às demais: de lat modo que. se c na medida cm que esta primeira c 
côrtn. também uma segunda tem de scr certa; e sc c na medida em que esta segunda é 
cerca. tarabêm uma terceira tein de mjv cenu: c assim por diante I* dessa modo diversas 
proposições, em a talvez muito riifavnics. jiiMUtmcntc por serem toda$ doiatlas d t Certe­
za, c dc igual certeza, teriam cm COftlürR uma ,vi.» CcrtCZâ e jÇQitl (Sso se tornariam uma
sti ciência.
A proposição que acabamos dc chamai dc pura c -Mmplcsmcnie certa admitimos 
apenas uma proposição assim não pode adquirir su;t certeza mediante a vinculaçào 
com ris. domais, mas deve ié Ia unteriormem* a cwsu vinculaçáo: pois da unificação dc vá 
ria - parto não pode surgir nuidn que nào esteja cm nenhuma da* partes. Mas todas as dc 
mais ter iam dc receber dela a suy certeza, hils lería dc ser ccrtn e estipulada atues de toda 
vinculação. Porém, nenhuma das demais o podería ser antes da vinculação. mas só 
mediante a vinculaçàü,
Com isto fica claro desde logo que u hipótese admitida acima era a única correia e 
que cnri uma ciência ,vn pode haver uma proposição que seja certa e csiipulndn anterior 
mente á vírcnlação. St: houvesse várias proposições assim, então l>u mio seriam abSiV 
lutamcrttc virtcuEudna com. as Outras, e nesse caso não pertçntrermm uo mesmo todo, mna 
Constitui ruim um ou vários todos separados; ou seriam vinculadas com elas.. Mas as 
proposições não podem scr vinculadas a não ser mediante uma c a mesma certeza: se
* Ou que José vpoi ro tciiapu Ju ctesituição ã: Jerusalém. ISupriimíto na 2,A edição.) 
ü Ou tia liisiuru. (Suprimido na 2.“ edição.)
' o,,ntavriu- (Suprimido na 2* míicátt.l
O CONCEITO DA DOUTRINA DA CIÊNCIA 13
uma proposição é certa, cjthu outra também tom de ser ceniL e. se a prancua nio é certti 
tâmbèm a outra rtão pode ser certa; o exclusiva mente essa rciação <Jc ccricza de uma com 
a outra deve determinar sua conceito. Hso não podería valer para uma proposição que 
tivesse uma certeza independente das demais proposições; se sua certeza è independente, 
então cta é «eria irte$mo se as outras não são cerltis. Por conseguinte. não estaria em 
geral vinculada com elas mediante a tertezci — Uma tal proposição, cerlu unteriormente 
ã vincuEação e independente dela. chama-se proposição fundamental ou princípio. Toda 
ciência tem de ter um principio; é certo que pnderia pcrfcitnmentc. por seu caráter intcr 
no. consistir em uma única proposição, cem cm si mas que então seiR duvida não 4 
podería chamar se proposição fundamental., porque não funda riu nada. Mus também não 
ptideria ter mnisde ama proposição rúndamcntal, pois do contrário não constituiría uma. 
mas várias ciências.
Uma ciência pode conter, além du proposição ca ta anlcriormcntc ã vinculaçâo, 
ainda vãrcrts proposições, que somente pela vinculaçuo com aquela são conhecidas cm 
geral como certas. e como certas do metano moda e no mesmo grau que aquela, A vincu 
lação consiste, como acaba de ser lembrado, cm mostrar; .se a proposição A c certa, a 
proposição B também tem de ser curta, e sç csía c certa a proposição C lambem Icni de 
ser certa, l- assim pot diante: e ésla vmcuíaçào c \\ forma sistemática do todo. que surge 
das partes singulares. — Pura que. então, essa vinculaç-ío? Sem dúvida não para criar 
una virtuosismo no vincular, ntas paia transmitir certeza a proposições que em si não s 
têm: e assim a forma sistemática não é o fim da ciência, mas o meio. contingente e só* 
aplicável sob ;; condição de a ciência ser constituída de várias proposições. para alcançai 
sclj fina. Não ê a essência da ciência, mas apemis uma propriedade contingente dela. - 
Suponha-se que a ciência seja um edifício;c que o litn principal desse edifício seja ;i fir 
meta. 0 fundiimcnLo é firme. e. iàn lopo ele esteja assentado, o fim estaria alcançado. 
M as. çprno no mero alicerce não se pode morar nem. apenas com dc. proteger-se. seja 
contra o assalto voluntário do inimigo, seja contra os assalto* involuntário* da* condi 
ções atmosféricas. edificam se emão sobre c!e paredes laterais, c sobro estas um leio. 
Todas as partes do edifício são ajustadas com 0 fundamento e umas com as outras, e 
com isso o iodo toma se firme, Mas não se constrói um edifíeto firme paru podei ajustar 
.o parte*; ajustam se us partes para que o «dilicio se corne llrrrtc; e ele c firme na medida 
cm que todas ns suas partes repousam sobre um fundamento firme
O fundamento é firme, c não está fundado cru nenhum novo fundamento: está sobre a 
u terra firme, Sobre que queremos então cdiilcar o fundamento de nossos edifícios 
científicos? Os princípios de nosso* sistemas devem ser c têm dc ser certo* antes 
do sistema. Sita ceocza não püde ser demonstrada no âmbito dos dstiimns, mas toda 
prova possível no interior destes já n pressupõe. Se ok princípios são certos, então sem 
dúvida tudo o que se segue ddes também é certo: mas de que rfecom sua própria 
certeza?
L , mesmo que tivéssemos respondido n essa qiu"qàn. nào sc impõe a nós uma mitra, 
inteiramciue diferente dessa primeira? — Na construção dc nosso edifício teórico, 
vamos inferir do seguinte modo: Se a proposição fundamental é oerus. então uma cciru 
proposição determinada lambem é certa tm que se funda esse ‘'então"? O que c que 
funda a conexão necessária entre ambas, mediante a qual deve caber u uma delas a 
mesma cerre*a que cabe à outra? Quais são as condições dessa conexão: c como sabere­
mos que essas são suas condições, e suas condições exclusivas, suas únicas condições? F 
como chegamos a admitir cm ger.il uma conexão necessária entre proposições diferentes, 
e condições exclusivas, mas exausdva*. dessa conexão?
tírn suma: como se funda a certeza do princípio em si; c como se lunda u kgitinü
14 F 1 C H T E
dade de inferir a partir dele, de uni determinado modo, a certeza dc outra* proposições?
Aquilo que o princípio contêm em si mesmo c deve comunicai a iodas as demais 
proposiçoes que aparecem na ciência eu chamo de conteúdo interior do princípio — e da 
ciência em geral: o modo como deve comunica io às outras proposições eu chamo de 
forma da ciência. A questão que fbi colocada ç, portanto, a seguinte: Como são possíveis 
conteúdo e forma de uma ciência em geral, isto é. como c possível a própria ciencia?
Algo no interior do qual essa questão fosse respondida seria cambérn uma ciência, 
t1 aliás a ciência da ciência em gerai.
Antes da investigação não é possível determinar se a resposta aquela questão será 
possível nu nau. isto é. se o conjunto de nosso saber tem um fundamento finrtc e cognos 
d'vel ou se. por mais intimamente encadeadas que possam estar suas partes singulares, 
ele entretanto repousa, no final, sobre nada, ou pelo menos sobre nada para nós. Mas. se 
nosso saber deve ter fundamento para nos. essa questão tem de poder ser respondida c 
tem de haver uma ciência na qual ela é respondida; c se hu tal ciência, nosso saber tem 
um fundamento oogro.scívet Portanto, quanto ao fundamento ou à falta dc fundamento 
dc nosso saber, não è possível dizer nada antes da investigação; e a possibilidade da çien 
eia requerida só pode ser provada por sua efetividade,
A denominação dc tal ciência, cuja possibilidade c ainda meramenu* problemática, 
é arbitrária. Se entretanto vier a vertfiçar-sc que o território que — segundo toda expe­
riência ate agora é utilizável para a edificação dc ciências já está ocupado pelas cíên 
cias correspondentes e que só há ainda um pedaço de terra nuo construído, a saber, o que 
está reservado para a ciência das ciências ent geral: se. atem disso, sob um nome já 
conhecido (o de filosofia) sc encontrar a idéia de uma ciência, que também quer ser ou 
tornaf-Se ciência, mas que não conseguiu decidir-se quanto ao local onde deverá edifi- 
car sc: então nâo seria inadequado indicar-lhe o lugar vazio que acaba de ser cncon* 
irado. Sc até agora, com n palavra filosofia, se pensou justamentu isso ou nuo, absoluta 
mente não vem ao caso: mas então essa ciência. desde que sc tivesse tornado ciência, 
deixaria dc lado. não sem razão, um nome que até agora travia pnr uma modéstia nada 
exagerada o nome dc um amadorismo, de um virtuosismo, de um diletantismo. A 
nação que encontrar essa ciência merecería dar-lhe um nome tirado dc sua língua;* cia
" Merecería lambí m dar Jhe >-• detniu* ecprosôes técnica* nraílnh dc sua finguti; c a própria língua, c a 
naçfio cjuc i i ii.i-.-rt. adquiri riu w m ísmj uniu prtsptuiácriftciadíeiaiva sobre litdn» as outras Iíurims r nnçfies 
(Nota <i.i Io d ie i» > >
tr« mesmo um úMcma da tcrminotojua iltosófica, ncctssáno segundo todas tis suas partis derivadas e 
eiija necessidade está por icrimnermr, mediante <• progresso rcgyíiir segundo as tris da designação metafb 
rien dos conceitos trAflsceiidcncats: pressupondo merumenw uni signo Mindamenral copio arbitrária, pois 
necessariamente ioda língua parte do arbítrio Desse modo a filosofia. que segundo seu conteúdo vale para 
mda rtuài». wrna-se, segundo sua dcsiptação, inidruirifliif naeianjil; eulhidn <D mais Intimo d.i nação que 
fahi c.ssu linK«a c por sua ver aptrrfdçpandn essa língua mè u supre-mu predaito, Mus «via nacional icrmi 
ndtugm sssteOlálica niui deve xcr entobckcida enquanto o próprio sóicm.i da riwai?, uunu vegutitlu seu âmbito 
qtíu nio na COnglruçio integral de todas ns suas pane-,, nãn estiver completago, Cõtn a determinação dessa 
terminologia.* Juíxo niosofimte termina sua obra; uma obra une. citi mito o seu âmbito, podeeia faeilrüeiile
ser grande dentais par.-i um« vjdn tnimrina-
Esla é a razão pela qual a autor núo txeçviau até agor» aquilo que, na nota acima, parece prometer, c è por 
isso que se serve d&* palavras lAcnteau mis «.imo as <tnc<mlru,qucr sejam hIcüüh, latinas mi grega*. Pura dc, 
roda terminologia é apt-ru-is. provisória» «té que um dia — seja qnç esta obra caiba a ele mesmo, uu a um 
outro possa .s«» fixada como universal c dilkta para sempre. Poí u n h c s i por causa disso que, dç modo 
gtrat, dedicou pouco cuidado .1 Sun tormlnulo^ip e cvittSy dar-lhe uma determinação fiea l- IbJ também por 
fuso que nào faz. peasoataiaitc, nenhum uso dc aJ ûinsus qãscrvuçòs pertinentes de ontFOs subre este ponta 
fpor «xura.plU| quanto a uim iliaiuiçãf.i ;t st!í feita enwe ilngmalíSmo ç dogmaiseistrrok m is q w entáo nó s3o 
pertinente- p; tn <• estado presente da ciência. Continuarú a dar « *eu çnsifiílmcnici a Ci.iroí.n <■ -l determiflida 
de que, dc iwdiS <C7, feirem requeridos para seu piopõssio. por perifrases e pel* multiplicidade das formula 
ç<ie.s, (Ni.ua da 2." edição.)
0 C O N C E IT O D A D O IJT R IN A -D A -C IÊ N C IA 15
podería então chamar mt simplesmente die Wissenschcgi (a Ciência) ou die Wisxen- , 
ichqfístehre (.a Douírtna-da-CiêrciaJ. À até Agora assim chamada filosofia seria. portan 
to. a ciência de uma çíênCui cm geral.
5 2. Desenvolvimento do conceito da doutrina -da-ciência
Não se deve inferir 3 partir de definições: isío só pode significar que, a partir da 
possibilidade rfe pensar sem contradição um cerLo aLributo. na descrição dc uma coisa 
que existe itidepcitdentemente de nossa descrição, na o se deve. sem mais nenhuma razão, i 
inferir que por isso ele tem de ser encontrado na coisa efetiva; nu então que. cm se tra 
tando de unia coisa que deve ser produzida apenas por nós. sugundo um concedo que for­
mamos dela c que exprime seu fim, não se deva inferir, da pcnsabilidade desse Fim. ainda 
a possibilidade de executá-lo na efe Li v idade; mas jamais pode querer dizer que não se 
deve. em seus trabalhos espirituais üu corporais, propor nenhum fim nem procurar tor­
ná-los claros para si, ames mesmo de começar a trabalhar, e abandonar então ao jogo de 
sua imaginação ou deseus dedos aquilo que eventualmcintc possa resultar deles. O ínvçn 
tor do balão aerostático podia bem calcular sclj tamanho c a relação entre o ar encerrado 
nele c o ur atmosférico e. n partir dai, também ,t velocidade do movimento de si»a máquina; 
e isso antes mesmo dc saber se encontram um tipo de ar que Fosse mais levç, io tirau 
requerido, do que n aimoslencoi 0 Arquimedes podia calcular a máquina mm « qual 
movería o globo terrestre de seu lugar, embora soubesse com certeza que nãoencontraríí» 
nenhum ponto no exterior de vur! forçu de atração, n partir do qual poderip po Io em 
funcionamento. — Assim a ciência que acabamos de descrever: Ela c. como tttl. não 
ttlj!t> que existisse imlcpcmlcnterticntc de nós e sem nossa intervenção. mus, pch» contrário, 
nlgO ipie só pode >cr produzido pela liberdade dc m?s$o espírito auiandn segundo uma 
direção determinada — sec que há uma t.*il liberdade dc nosso espírito, como igualmcntc 
ainda niio podemos saber. Determinemos prcviantciiic ci»a direção; laçamos um coneei 
to claro daquilo que deve tornar-sc nossa obra, Se podemos ou não produzi Io. é algo 
que só sc verificará u- cfctivftmcote o produz.irmos. Agora riflo w truta disso, truta sc 
de saber o que queremos pmpr iameme 1'uzcr. c issn determina nossa definição.
11 A ciência descrita deve. em primeiro lugar, ser uma ciência da ciência cm gerai 
roda dèntia possível icm um princípio, que hão pode sçr demonstrado no interior dela. 
mau tem de ser certo arateriormcnlí a cia. Onde, então, deve ser demonstrado esse pnnea 
pio? Sem duvida naquela dencia que tem dc fundar todu.s u.a ciências possíveis. — A este 
respeito a doutrina da-ciência tem duas coisas u fazer. Em primeiro lugar. Fundar a po*si 
biltdade dos prindprog em geral: mostrar como, em que medida, sob que condições e ml 
vez Cm que graus algo pode ser certo c 0 que quer dizer, cru geral — ser ceno; cm segui 
da. « r ia de demonstrar em particular os princípios dc todas as ciências possíveis, que 
não podem ser demonstrados no interior delas internas
Toda ciência, desde que não seja uma única proposição destacada, mas um todo 
constituído de várias proposições, tem fôrma sistemática. Essa forma, n condição da 
çoncjíão das proposições derivadas com o principio è o fundamento do direito de inferir. -> 
a partir dessa conexão, que aquelas slo necessariamente tào certas quanto este. não ptxk 
ser provada na ciência particular, sc é que esta tem unidade e não se ocupa com coisas: 
alheias, não pertencentes a seu âmbito, do mesmo modo que não ü jkk Ic ser a verdade de 
seu principio; é, pelo ■contrário, um pressuposto da própria possibilidade de sua forma. 
Recai, portanto, sobre :t doumna-díL-eicncia universal a incumbência de fundar a forma 
sistemática, de todas as ciências posaveis,
2) A doutrina da^ièneia é, ela mesma, uma ciência. Portanto, também da deve ter. 
em primeiro lugar, um principio, que não pode ser demonstrado no interior dela. mas é
16 F tC H T H
pressuposto em vista de sua possibilidade como ciência. Mas esse princípio também nào 
pode ser demonstrado cm nenhuma outra ciência superior; pois nesse caso e-ssa ciência 
superior s que seria a doutrína-da ciência- e aquela cuja proposição fundamental teve de 
s.er demonstrada não o seria. Esse princípio — dít doutrina da-ciéneia e, por seu tntenmê 
dio, de Uitlgs s.s ciências. e de lodo saber — nào õ. país, suscetível dc absoluta mente 
|:‘ nenhuma prova, isto é. não pode ser remetido a nenhuma proposição superior Ja qual, 
cm sua relação com esse prindpio^ decorresse a sua certeza. Contudo, deve fornecer a 
fundação de toda certeza; devc„ pois, apesar disso, ser certo, c aitás ser certo em si 
mesmo, c cm função de si mesmo, c por si mesmo. Todas as outras proposições serão 
certas por poder mostrar-se que. sob algum aspecto, lhe são iguais: esta proposição Lcm 
de ser certa ntei arnenté por ser igual a si mesma. Iodas as ouir&s proposições terão apu 
tias uttta certeza mediuin c derivada dela; cia tem de ser imcdiatamentc certa. Nela se 
funda todo saber, ç sem ela ruão seria possível cm geral nenhum saber; mas ria nào se 
funda em nenhum outro saber, c e h proposição do saber pura e simplesmente. — Fssa 
proposição é pury e simplesmente certa, a saber. c certa porque 0 ccrL;;.0 F o fundamento 
dc toda certeza, a saber, tudo o que ê certo é certo porque tk i c certa; c não ha nada 
certo. sc ele não for certa. L o íundarrleniu de lodo sílber. isto c. sahc sç o que da enuncia 
porque cm geral se sabe: saJbe-sc imediaütmeiuc isso. tío logo sc saiba qualquer outra 
Coisa. Fía. acompanha todo sabei , está contida cm todo saber, c todo saber a pressupõe.
A dsjiEtrina da-ctència. na medida em que cln mesma ê umn cíêndu — dt.vdc que 
não consista mera mente cm seu princípio, mas cm várias proposições (e pode-se prever 
que seiá assim, pois ela tem de estabelecer princípios para outras ciências) -. deve ter 
forma sfsJemtuica. Ora, não pode tomar emprcstudn essa forma Sistemática de nenhuma 
outra dt-neíru segundo sua dQlenninaçãi), nem recorrer, segundo .1 valldadi, .1 unia 
(icmoivuração dessa forma cm outra uériem porque da propríti tem dc estabelecer, priru 
todas iut outras cicncíu», não somente princípios, e com isto seu conteúdo interior, mas 
também a forma, 0 COrti isto 11 possibilidade de vinculaçâo de várias proposições no inte­
rior delas. Logo. devç ter essa forma cm sí mesma e furuM-Ui por sj mesma.
Basra esmiuçarmos um pouco este ponto para vermos o que loi dito propriamente.
Aqiiilu Je que sc sabe algo sç cJtitmn, nísca medida. 0 conteúdo, e aquilo que sc 
sabe dele. a torma da proposição (Na proposição; ‘'O ouro c um corpo", aquilo dc 
que se sabe algo é o ouro e o corpo: aquilo que >e sabe deles é que são iguais sob 
certo aspecto e nessa medida um pode scr posio no lugar do nutro. ({ uma proposição 
afirmmivH. e eosn referencia ç .sua forma.)
Nerihuinu proposição e pos«vd sem conteúdo ou sem forma. I era de haver algo dc 
que se sahe algo e aipo que se sabe desse algo. A primeiro proposição de toda a doutrí- 
n:i du ciêncíu tem. portanto. de ter a ambos. GOnletido o forma. Além disso, tem dc ser 
curta imodmtarmmte e por m mesma, c isso só pude querer dizer que seu cometido deter­
mina sliil forma u. invvisumcntc. »ua forma determina sou conteúdo, Kssa forrn só pode 
convir aquele conteúdo e cs.sc conteúdo sõ podo convir a essa forma: qualquer outra 
forma para esse conteúdo suprime a própria proposição eetnn ela indo saber, e qualquer 
Oulro conteúdo para essa forma suprime iguãlmcnte a própria proposição c com cia lürío 
saber. A forma do primeira princípio absoluto da Joairrna da-ciópufri, porumo, não só 
é dada por ela. pda própria proposição fundamental, mas também estabelecida como 
pum e símpleimenie valida para o seu conteúdo. Sc. além desse único ahsot utiimentc pri 
íiiciro. houvesse ainda vários princípios da doutrina da-cícnda. que 1 criam de ser apenas
Nái> -.l- pule, sem contradição, p. rr, mar prfw (untíanuífita dc mjíi ucnezn. < Adendo mnrpina!fl« .iuum-õ
O CONCEITO DA DOUTRINA DA-CIÊNCTÁ 17
em parte absolutos, mas cm pane condicionados pelo primeiro c supremo. 10 porque do 
contrário não haveriu um umeo principio então o que seria ubsoluiaincnic primeiro 
nele.' sú podería aer o conteúdo ou n forma. e o que seria condicionado igualmcnte só 
podería ser n conteúdo <m u forma. Suponham que n cometido - i.i o iíieondicionítdO; 
nesse caso. o princípio 3 bso lutar tente primeiro — que tem de condicionar algo no segun -.1 
do, pois do contrário não seria principio absolutamcTitc primeiro — determinará sua 
form a; c com isso sua Forma seria determinada na própria doutrina da-ejeneia e por dn 
C por seu primeiro principio. Ou suponham. inversamenli;, que a forma seja O incondicío- 
nade: nesse caso, u conteúdo dessa forma c necessariamente determinado pelo primeiro 
princípio, portanto mcdiatamcnlc também a Forma. na medida cm que deve ser forma de 
um conteúdo: assim , mesmo nesse caso a lurnia seria determinada pela doutrina-da-ciência, e aliás poi seu princípio. Mas um principio que não fosse determinado nem 
segundo sua forma nem segundo seu conteúdo pelo princípio absulutamente primeiro 
não pode haver, se é que há um principio úbíohitamcnre primeiro e uma doutrina da 
ciência e, em geral + um sistema tk> saber humano. Por conseguinte, lambétn não padefia 
haver mais proposições fundamentais do que tres: uma determinada nbsolulamente, pura 
e simplesmente por si mesma, tatuo segundo a for mu quanto segundo 0 conteúdo; urna 
determinada por si mesma segundo a forma e uma determinada por si mesma segundo o 
conteúdo.
Se há ainda várias proposições n:i doutrina-tla -ciência, então todas estas têm de ser 
determinados, tanto segundo a forma quanto segundo 0 conteúdo, pela proposição 
fundamental. Uma doutrina-da-cièifofo tem» portanto, lIc determinar a forma <k todas as 
vuas proposições, na medida cm que estas são consideradas em sua singularidade. Mas 
tal determinação das proposições singularo flüoc possível de Outro mrxío. :i não ser por 
determinação recíproca entre cias. Coda proposição, porém, tem de ser completamenw 
determinada, isto é, sua forma Win de convir unicamente ;i seu conteúdo e a nenhum 
outro, e esse conteúdo tem de convir u mea mente ã forma em que se encontra c a centra 
mu outra. pois do contrário ti proposição nào suriu igual à proposição fundamental na 
medida em que esta í certa (lembrem se daquilo que UC3Ò& de ser dito). c. por conse­
guinte. não seria certa. Ora, se todas as proposições de umu doutrina dã-Cienaa 
forem diferentes em st como de fulo tem de ver. pois do contrário não seriam proposi­
ções, mas uma e u mesma proposição várias vezes repetida . nesse caso nenhuma 
proposição pode adquirir sua determinação u não ser através de uma única dentre todas 
a.s dentais; c com isto então a série inteira das proposições é compietiuncntc determinada, >1 
é nenhuma delas pode ficar em outro lugar nu série tio que aquele em que se* encontra. 
Cada proposição Uít dOutrina da-Ciéncia tem seu lugar dítcmtbwdo por uma outra 
proposição, e determina por sua vez 0 lugar de uma determinada terceira. A doutrina* 
dudenoia, por conseguinte. determina, por si mesma, u forma de seu iodo
Kssa forma dn doutrina-dn-ciência tem validade necessária paru seu conteúdo. Pois o 
principio nbsolnLamentc primeiro era imediutamenre certo, isto é» se sua forma só corna 
nha para seu conteúdo e seu conteúdo somente para .-;uu forma, e se todas as proposições 
seguintes são determinadas por de, mediata ou imedíatamente, segundo o conteúdo ou a 
forma — se estas, como que ja íc encontram contidas ndc . então rcra de valer para 
estas o mesmo que valia para aquele; que sua forma sò convenha para seu conteúdo e seu 
conteúdo somente para sua forma. Isto quanm às proposições singulares; mas ;t forma
1,1 Porque, no primeiro casa, não «riam nroposfou:- fundamimuiis. «»« dwiviulu-s; penque, rui segunde 
eíiio.do efintráno, ítc, (Adenda mní.piital do .uuor.l
F IC H T Eis
do todo nado tnais c do que a forma das proposições singulares pensada em sua unidade, 
e aquilo que vale para cada uma delas tem de valer lambem para todas, pensadas cm sua 
unidade.
Mas a düutrina-da cièncta não deve dar apenas a si mesma, mas também a todas as 
demais ciências possíveis* sua forma, e garantir a validade dessa forma para iodas elas. 
Ora. isso não pode ser pensado dc outro modo, a não ser sob a condição de que tudo o 
que deve ser proposição dc uma ciência qualquer ju esteja contido em uma proposição 
qualquer da doutrina da crénria c. portanto, jã estabelecida nesta cm sua devida forma, 
k isto nos abre um caminho fácil para retornarmos ao conteúdo do principio ab&oluu- 
menie primeiro da doutrina-da ciência. do qual podemos agora dizer algo mais do que 
podíamos anteriormente.
Admita-se que saber com certeza nada mais significa do que ter uma visão que 
penetra a inseparabilidiule entre um determinado conteúdo e uma deujrrmnuda forma (o 
que não deve scr mais do que uma explicação nominal, já que uma explicação real do 
saber é absoluiamenLe impossível}: assim versa possível perceber desde já de que modo, 
determinando sua forma mcramcnie por seu comendo e seu conteúdo mera mente por sua 
forma, o prindpio absolu Lamente primeiro de todo saber pode determinar a forma para 
todo conteúdo do saber: a saber, .se iodo conteúdo possível estivesse comido no seu. Por 
conseguinte, se nossa pressuposição é correia e ha um principio absolutuntienie primeiro 
tle lodo saher, o conteúdo dessa proposição lundum em tal! ter ia de ser aquele que conii 
vesse cm si lodo conteúdo possível, mas qtae por su:i vcv. não estivesse contido cm ne 
nhirm outro conteúdo, Serio. u conteúdo pura e simplesmente, o conteúdo íibnoluíú.
fc fácil notar que, ao pressupor a possibilidade dc tal doutrina-<Ja ciência cm geral, 
assim oonio cm particular a possibilidade dc seu prindpio, pressupòú-ve sempre que no 
saber humuno há efetivametuc um sistema. Sc há nele tal sistema, cruão também è possí 
vd demonstrar, irdependentemente dc nossa descrição da doutrina da ciência. que tem 
dc haver tnl prindpio absolutamente primeiro.
Se não há tal sistema. somente dois casos podem ser pensados. Ou não há em geral 
nada micdiatâincnte certo; nosso srber fíwirn várias, ou uma serie infinita cm que cada 
proposição c fundada por uma superior, esta dc novo por outra superior, c assim por 
diante. Consentímos nossas habitações sobre li superfície terrestre, eütu repousa xohre um 
elefante, este sobre uma tartaruga, esta sobre quem sabe o que, e as.sim ao infinito. ■ ■ Sc 
esta e .1 índole de nosso saber, sem dúvida não podemos alterada, mus também, nesse 
caso, não lemos nenhum saber firme: conseguimos lalwv retroceder íué certo termo da 
série e até esse ponto encontramos tudo firme: masquem pode garantir-nos que, ao avan­
çarmos mais profundamente. nào acharemos sua falta de fundamento e nào teremos de 
renunciar ti este? Nossa certeza é precária, t nunca podemos contar com da pnra o dia 
seguinte,
Ou então — o segundo caso — nosso saber consiste em séries finitas, mas várias., 
cada serie se conclui em um principio que nào 6 fundado por nenhum outro, mus mera 
meriic por sí mesmo; mus há várias dessas prnposiçoes fundamentais, que. como todas st* 
fundam por si mesmas e tndependeniemenlc de todas ns demais, nào têm nenhuma cone 
x rio entre si o sào totahncnte isoladas. I Ia, eventual mente, várias verdades inatas em nas, 
iodas igualmente inatas, sem que possamos esperar penetrar até mui conexão, pois esLi 
está além dn$ verdades inatas; ou há uma multiplicidade de(elementos) simples nas eoi - 
sas lora de nós, comunicada a nós pela impressão que estas produzem sobre nós, sem 
l|ué possamos penetrar em sua conexão, pois nao poçfc haver, para além do (elemento! 
mais .simples da impressão, nenhum {elemento,I ainda, mais simples, — Se assim c. se o
0 CONC FJTO DA DOUTRINA DA CIÊNCIA m
.saber humano, em si e segundo sua natureza- e .mia colcha dc retalhos, assim como o 
saber efetivo de tantos homens, sc há originariameme cm nosso espírito urna multipli­
cidade de fios que não têm conexão entre si em nenhum ponto nem rodem ser postos em 
COnexão. então, mats uma vez. não podemos luiar contra nossa naiurtòu. Por certo, .até 
onde se estende, nosso saber 0 .«aturo, mas não é urn saher único: são tfíuiias ciências. - 
Por certo, nesse caso. nossa habitação ficaria firme, mas nào seria um único edifício 
interligado, c sim um agregado dc cômodos, sem que pudéssemos pasmar tic um deles ao 
OLitio; seria uma habitação cm que sempre rtos perderiamos c jamais nos sentiriamos em 
casa. Não havería nela nenhuma lu/ e. apesar dc codas as nus.xLis rique/as. permanece­
riamos pobres, pois jamais poderiamos avaliá-la, jamais con sidera Ia corno um todo.ja 
mais saber o que propriamente, possulosunos: não poclerhmios jamais aplicar uma de 
suas parte;; para a melhoria das danais, porque nenhuma dessas partes tería relação com 
as demais. Mais que isso, jamais poderiamos perfa/er nossosaber; diariamente leriamos 
de espernr que sc manifestasse :i nós uma nova verdade inata ou que a experiência nos 
apresentasse um novo (demento 1 simples. Terinmo* de estar .sempre prontos para cons 
truir em algum lugar uma nova casinha. Nesse caso, itín preeisnriamos de nenhuma 
doutrina-da-ctcncia universal para fundar outras ciências. Ciida uniu delas-estaria funda 
da em si mesma. Havería tantas. çrênciii» quantos princípios sinp.illares hmivesse. dotados 
de (xrter.a imediata.
Mas. se porventura não deve huver muameiite mu ou vário» fragmentos de sistema, 
como nu primeiro caso. ou vários sistemas, como no secundo. mu> «m sisiema perfeito 
e nnico no espirito humano. icm dc haver tal principio supremo e abso luta mente primei 
ro. Por mais que. a partir dele. nosso saber « estenda cm muitas séries, e de cada uma 
dessas partam novas, séries, e assim por diuntv. tndn> das tem cuntudo de estar firmados 
em um único do. que nfio CMa fixado CJT Pflila. mas sustenta por sim propriu forço a si 
mesmo e uo sistema Inteiro lémos agura nni globo terrestre que se sustenta por stni 
própria fbrçn d, gnividude. cujo ecntfu utrui poderosantenlü tudo aquilo que tivermos 
construído, desde que efetivamentt em seu âmbito, c nào eventunlmemc no ai, e desde 
que perpendicul.inriciUt, e não digamos — obltquamentc. e nem mn gráoainhn de 
poeira pode ser subtraído de su.i esfera
Se liú um tal -.interna t- o quu ç condiçúu dele um tal principio, e trigo sobre 
o qual nada podemos decidíc ame*. da inve.-uijutçõo. O principio, não somente como 
proposição. mas também como proposição fundamental de todo saber, nào pode ser 
tlcnioiiMcaOo, Tudu depende da icmalivn. Se encontrarmos, uma proposição que tenha 
as condiçòes mternas da proposição fundamental dç iodo saber humano. Inremos então 
umn leototiva pura verificar se também lem as externas: *e tudo o que sabemos ou 
acreditamos saber pode ser reconduzido a elu. Se tivermos cxiio, teremos provado, pelo 
estabelecimento efetivo du ciência, que esta era possível c que há um sistema do sabei 
humano. iie que ela é a exposição. Se nòu tivermos êxito, errtim ou nào ha em geral 
um ml sisicum, ou ximpkhwcntc não o descobrimos, e temos de deixar i.irji dewQbeitu 
para suCCSsorês mais afortunados. Afirmar dirmamciite que não há cnl ecraJ um Utl 
sisu-mu porque mÁ não o achamos seiiu uma arrogância cuja refutação nem C digna 
rie ser seriaipente considerada
S e g u n d o C a p í t u l o
Colocação do conceito da doutrina da ciência
>3 Colocar cienuficamcnte um conceito — c c claro que aqui n io pode tratar se de 
nenhuma outra, senão da mais uIti de toda* as colocações c como eu chamo, quando 
se indica seu lugar no sistema das ciências humanas em geral. i>to é. qunndo se mostra 
qual é o conceito que determina sua posição c qual outro mm a sua determinada por 
de. Mas acontece que o conceito da doutrina d a ciência pode tãy pouco ter um lugar 
no sistema de iodas as ciências qu.anto o conceito do saber em fieraL pdo contrario, 
eJe próprio c ■> lugar de todos os conceitos científicos e indica a estes suas posições 
em si mesmo c por si mesmo, h claro que aqui só se trata de uma colocação hipotética, 
;i saher, a questão e a seguinte: pressuponde» .se que ju haja ciências c que haja verdade
nelns (co isa que a b o lu ta m e n te não se pode sah er antes da d o u trin a d a c iê n c ia um ver 
s ;i l j . qual è :■ rc lflçn o d a J o u ir ím i d v v ic n e in . u ser e stab e lec id a , co m e ssas c iê n c ia s ?
Mesmo essa questão já asiá respondida pelo próprio conceito dessa cténuii. I Mas 
Últimas estão psrn a primeira assim como o furtdado está para seu fundamento: não iruli 
cam a cia sua posição, mas aquela indica a todus cias sua posição em si mesma ' 1 c por 
mesma, Assim sendo, íiqqi sc trata merameme dtr um maior desenvolvimento dessa
resposta.
I l A doutrina via ciência deveria ver u m a cicncia de imlas a , ciências. Aqui surge, 
em prirmno lugar, a questão: Como pode da garantir que funda, não somente todas as 
ciências até agora conhecidas e inventadas, mas também todas »s ciências inventãvèis e 
possíveis, c que esgwou coniplcitimente todo o campo do saber humano1? 1*
2) Ela deveria deste pomo de vista, dar n todas as ciências seu? princípio*. Assim 
slthI o . todas as proposições que sàn fundamentais cm uma ciência particular qualquer 
são, lio mesmo tempo, tambem proposições domésticas da doutrina da ciência; uma c a 
mesma proposição deve ser considerada sob dois aspectos: como proposição contida nu 
doutrina diociência c como proposição fundamental colocada no topo de uma cicncia 
particular. A doutrina dn ciência continua a inferir, a partir dessa proposição, como 
proposição contida nela: ç a ciência particular continua também a inferir a partir da 
mesma proposição como sua proposição fundamental. Portanto: ou o quo c inferido em 
ambas ris ciências é o mesmo e nesse cuso todas as ciências particulares, não apenas 
segundo sou princípio, mas segundo todas as suas proposições derivadas, estão contidas
na doutrino da-ciêneia. e não hã nenhuma ciência particular, nia> apenas partes de uma 
e meamu dt)titrina-;1n-cicneia ou cm ambas as ciências se infere cie modo diferente, 
o que tambem náo è possível, uma vez: que a doutrina da-ciência deve dar n todas as
' S « i iiii própria duíitrirni iía ficncia, ma-, contudo nu .sistema (to saher. do qusi d a c a figuração. (Adcn
do nvmãnfllrlo auutr.)
1J Isto contra EiicsidíITH*. lAtifílÜo niurçiltal vlo .m:or ■
O CONCEITO DA DOUTRINA DA CIÊNCIA 2 L
ciências sua fôrma — ou então ê preciso acrescentar a uma proposição da mera doutri­
na efíL ciência algo mais. que sem dúvida nào pode ser tomado emprestado 3 não ser da 
doutrina da-ciénciâ. para que essa proposição $e torne prindpio de uma ciência particu­
lar. Surge u questão: o qnc c que deve ser acrescentado oti — já que aquilo que deve ser 
acrescentado constitui a distinção — qual é o limite determinado entre a doutrina-da- 
ciênciti cm geral e cada ciência particular1?
3) Além disso, a doutrina-da-dêntia deveria, do mesmo ponto de vista, determinar 
a forma para todas as ciências. Como isso pode ocorrer, já foi mostrado acima. Mas apa­
rece cm nosso caminho outra ciência, sob o nome de lógica, com a mesma pretensão É 
preciso decidir entre ambas, t preciso investigar como a doutnna-da-ci&Lcia se relaciona 
com a lógica.
4 ) A doutrina-dn-Ciência e. ela mesma, uma ciência, e o que dn tem dc elesenipe 
nhar desse ponto de vista já foi determinado acim a. M as. na medida era que é mera ciên­
cia, um saber, no scníidc formal, d a è ciência de algo qualquer: tem um objeto, e, a partir 
do que Foi visto acimu. c cturu que esse objeto nny c outro senão o sistema do saber 
humano em geral. 13 Surge a questão: como está essa ciência, como ciência, para seu 
objeto cnm o tal?
§ 4. Em que medida u dautrína-cla-ciência pode estar segura dc ter esgotada o 
Süber humano cm geral?
O saber humano, verdadeiro ou imaginado, que existiu atâ agora, não è o saber hu 
mano em geral, Supondo que um filósofo tivesse efetivamente abarcado o primeiro c 
pudesse, mediante uma indução exaustiva, provar que ele está contido em seu sistema, 
com isso ainda estaria longe de ter cumprido :i tarefa da filosofia cm geral; pois como 
podería querer, por sua indução a partir da experiência ate agora, demonstrar que mesmo 
no futuro não ptxtera ser feita nenhuma descoberta que não se adapte a seu sistema? — 
Nem mais razoável seria a escapatória de icr cveniualmcme querido esgotar .somente o 
saber possível dentro da esfera presente da existência humana; pois, se sua filosofia vale 
somente para essa esfera, então ele não conhece nenhuma outra csleru possível, portanto 
também não conhece os limitei daquela que deveria ser esgotada por sua filosofia; traçou 
arbitraríamenie um limite, cuja validade mal pode demonstrar por outra coi,*»a que não 
seja íi experiência até agora; a qual sempre podería scr contestada por uma experiência 
futura, mesmo no

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