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Julia Silva IMUNOLOGIA PRÁTICA - TESTE DE ELISA Teste de ELISA (ou teste de imunoensaio ou imunoensaio enzimático) é um teste de ligação primária onde não é observado o efeito 2º da ligação antígeno-anticorpo. A reação antígeno-anticorpo é observável, PORÉM ela não exerce nenhum efeito visível quanto a formação do imunocomplexo. Para analisar se o anticorpo estudado está presente ou não, é usado um conjugado que é um anticorpo quimicamente ligado a uma enzima peroxidase (o anticorpo na região FC está ligado a uma enzima). Quando o conjugado reage com o substrato, a enzima consome esse substrato e vira um produto que pode ser alguma coisa colorida ou um precipitado, entre outros, para permitir a visualização do conjugado. *Quem permite a visualização é a enzima e não o anticorpo! Em geral, os testes de ELISA que acontecem em meio líquido geram um produto que altera o pH do meio e, consequentemente, muda a cor da reação. Ou seja, se ficar colorido significa que o conjugado está presente (positivo), se ficar incolor é negativo. *A enzima peroxidase reage com o peróxido (H2O2), quebrando-o e liberando H2O e O2. O O2 (íon) deixa o meio alcalino. A reação em pH alcalino fica azul. No final da reação, para parar a reação enzimática é adicionado um ácido que vai desnaturar a enzima fazendo com que ela pare de consumir o substrato. A reação em pH ácido fica amarelo. Após a reação, lê-se no espectrofotômetro a intensidade de cor e a absorbância para saber a concentração daquilo que está sendo medido. A partir do conjugado é possível detectar qualquer coisa que se possa produzir um anticorpo contra qualquer microrganismo, patógeno, bactéria, entre outros. Ou seja, qualquer coisa capaz de gerar uma resposta imune contra ela para obtenção de anticorpos e liga-los com enzima, para detectar essas substâncias. Os conjugados detectam: ▪ Drogas (na urina) Julia Silva ▪ Toxinas ▪ Hormônios ▪ Microrganismos ▪ Anabolizantes Na medicina veterinária, o principal uso de ELISA é no diagnóstico de doenças infecciosas. METODOLOGIA: O eleitor de ELISA se lê por debaixo da solução. A primeira coisa a se fazer é colocar o diluente de amostra que é uma solução estabilizadora da reação com pH 7,2 (tampão fosfato). É pipetado 200 microlitros de tampão fosfato em cada pocinho. Em seguida, é colocado o soro controle negativo e positivo. O soro controle negativo é um soro que não tem anticorpo anti-trypanosoma cruzi. É pipetado 10 microlitros de soro controle negativo no 1º pocinho. No 2º pocinho, é colocado 10 microlitros de soro controle positivo. No 3º pocinho em diante é colocado soro teste e feito uma diluição para observar que esse soro teste muda de cor de acordo com sua concentração. (Em cada pocinho é colocado uma solução que vai decrescendo à medida que vai avançando nos pocinhos: 20 microlitros, 10 microlitros, 5 microlitros, 2 microlitros e 0 microlitros). A reação do soro com o antígeno presente na placa é marcada por 25 minutos a 37ºC. Tipos de ELISA: 1. ELISA direta: detecta antígeno ➢ Pega-se uma amostra com suspeita de parvovirose e extrai o extrato líquido. Nesse extrato líquido, se for positivo, conterá o Julia Silva parvovírus. Isso vai para a placa com os pocinhos e depois para a estufa a 37ºC. ➢ Se o resultado for positivo, o vírus estará presente na placa. (O plástico poliestireno tem afinidade com substâncias orgânicas, ex: proteína, por isso não pode ser reaproveitado, é sempre descartado). ➢ Na sequência, é adicionado um tampão com salina fosfatada e o anticorpo anti-parvovírus, e depois adiciona o conjugado. Se tiver o vírus na placa, o conjugado se liga no vírus. A placa é lavada para retirar o conjugado livre (aquele que não se ligou em nenhum anticorpo), retirando o sobrenadante. Essa lavagem é feita por 5x. ➢ Se tiver vírus, o conjugado estará ligado com o antígeno. Caso contrário, será achado todo o conjugado livre. Com o conjugado ligado é adicionado o substrato onde a enzima peroxidase vai consumir o substrato e gerar uma cor. → Se ficar colorido, a reação é positiva. ➢ Quando a enzima consome o substrato todo, a cor permanece constante. Mesmo que a concentração de conjugado seja alta ou baixa, sempre consome todo o substrato. A concentração da enzima determina se a reação demora ou não. 2. ELISA indireta: detecta anticorpo ➢ Na placa contém o antígeno, é adicionado 250 microlitros de tampão, em seguida, é colocado o anticorpo. Se o soro der positivo para o trypanosoma, vai se ligar. É lavado a placa para Julia Silva eliminar o que não estiver ligado. Logo após é adicionado o conjugado anti-globulina (anticorpo anti-anticorpo), ou seja, o anticorpo do corpo contra o anticorpo do estudado. -Em seguida, é colocado o substrato e a enzima ao consumi-lo produzirá uma cor. Se tem cor, tem anticorpo, é positivo. Incolor é negativo. OBS: A diferença entre ELISA direta e indireta é que, na direta se detecta antígeno e usa conjugado anti-antígeno. Já o indireto detecta anticorpo e usa o conjugado anti-anticorpo. 3. ELISA sanduíche (imunocaptura): detecta antígeno ➢ Na placa está presente o anticorpo e na amostra tem o antígeno, o conjugado é o mesmo anticorpo que está na placa só que com a enzima peroxidase. ➢ A imunocaptura significa que o anticorpo que está na placa captura o antígeno que está na amostra, prendendo-o na placa. Em seguida, é colocado o conjugado para identificar a presença do antígeno. Qual a vantagem do ELISA sanduíche em relação a ELISA direta? R: A ELISA direta, é colocada a amostra na placa e seca, deixando tudo o que estava na amostra na placa. Mas se caso na amostra conter uma quantidade pequena, pode ser que a parte que fica grudada na placa não tenha o antígeno que está sendo procurado. No caso da ELISA indireta, o antígeno que estiver na amostra o anticorpo irá capturar, aumentando a sensibilidade do teste pois é possível detectar o antígeno mesmo em pequenas quantidades. O que amplifica a reação para ser observada mesmo com pouco antígeno? R: A enzima peroxidase, porque, enquanto houver substrato a enzima vai estar ativa. Julia Silva 4. ELISA por competição (ou competitivo): detecta anticorpo ➢ O antígeno e o conjugado preenchem completamente todos os sítios de ligação do antígeno que está presente na placa. Porém, esse conjugado possui baixa afinidade que significa que se tiver o anticorpo contra esse antígeno, o anticorpo tira o conjugado do sítio de ligação para se ligar no lugar dele. Portanto, quanto mais anticorpo estiver na amostra, mais conjugado ele vai remover. ➢ Resultado positivo: incolor/reação fraca. ➢ O anticorpo é específico para o antígeno, sendo considerado de alta afinidade. Já o conjugado é de baixa afinidade. Com isso, o anticorpo da amostra tem mais avidez do que o conjugado. Então, o anticorpo da amostra irá competir com o conjugado pelo sítio de ligação com o antígeno, retirando o conjugadodo sítio de ligação e se colocando no lugar dele, deixando o conjugado livre. Quando lavar a placa, o conjugado livre sairá e a reação não possuirá cor. ➢ Vantagem: alta sensibilidade, porque qualquer mudança de cor indica que o anticorpo removeu o conjugado do sítio. Qual a diferença na interpretação do resultado com o exame que detecta o antígeno para um exame que detecta um anticorpo? R: No exame que detecta antígeno, caso der positivo, indica que o antígeno está presente, logo o animal é portador da doença. Já no exame que detecta anticorpo, dependendo do tipo de anticorpo e da concentração ele pode já ter contraído a doença ou está com a doença. No teste de ELISA, a leitura do resultado é sempre fruto de uma reação enzimática. Julia Silva A reação enzimática tem limitação em casos de concentrações extremamente baixas (abaixo de micrograma), podendo não ter sensibilidade suficiente para ser observado mudanças de cor em substâncias. A radioatividade pode emitir respostas detectáveis mesmo em concentrações baixas. Com isso, ao invés de colocarem o conjugado com enzima, colocaram com iodo radiativo (125) e inventaram o radioimunoensaio. ➢ Vantagem: detecta tudo em concentrações extremamente baixas. Consegue detectar tanto anticorpo quanto antígeno. ➢ Desvantagem: devido a radiação, o ambiente deve ser equipado adequadamente e a radiação ao longo do tempo perde força, sendo necessário recalcular tudo devido à perca de energia. Lixo radioativo. ➢ Caiu em desuso. Imunoensaio quimioluminescente (ou bioluminescência): reação química que imita luz. Quando o composto reage com o conjugado, ele emite luz. Acabou substituindo o radioimunoensaio, com grandes vantagens: não tem decaimento, não tem lixo radioativo, pode ser feito em qualquer sala e possui alta sensibilidade, PORÉM, não é barato e não é possível ver a reação. Como na quimiluminescência não é possível observar, é utilizado fluorescência. Então, o conjugado ao invés de radioativo, enzimático ou luminescente, ele é fluorescente. A substância fluorescente é aquela que quando incide radiação UV, ela emite luz. A mais comum é a fluoresceína. Um boi morreu numa fazenda com sintomatologia nervosa, o médico recolhe o cérebro, corta-o em 1cm², pega uma lâmina de microscópio e faz um imprint do cérebro na lâmina. Em seguida, fixa a lâmina usando o fogo e incube na lâmina um conjugado anti-virusrabico ligado com fluoresceína e fica 20 min sacudindo. 20 min depois, retira e lava a lâmina com o tampão de lavagem e deixa secar. Julia Silva Logo após secar, coloca a lâmina no microscópio de epifluorescência onde observa um imagem preta e, aonde tiver vírus rábico, vai apresentar luz verde. Imunocomb: é um teste de ELISA indireto para diagnóstico de cinomose. Ele detecta anticorpos contra a cinomose. Era usado para identificar a janela imunológica materna dos filhotes se já estava na hora de vacinar. ➢ Nesse exame, ao invés de fazer a reação na plaquinha com o meio líquido, os reagentes vêm em um estojo e o antígeno vem grudado num pente de plástico. Então era só furar o pocinho, pôr a amostra e o pente. ➢ Tem 3 bolinhas, 1 bolinha é controle positivo e o outro é o teste. A intensidade de cor da bolinha é proporcional à concentração de anticorpo. ➢ Vantagens: pode usar tanto soro quanto sangue total. ➢ Fica azul, significa que tem anticorpo anti-cinomose. Para parar a ação da enzima coloca ácido e fica amarelo. Em seguida, pega a placa, coloca no leitor de ELISA, o leitor emite um feixe de luz, lê a quantidade de luz absorvida na amostra e dá o resultado de absorbância. Qual a diferença entre o amarelo quase invisível para o amarelo mais perceptível? R: Todos os testes que são qualitativos são definidos nos pontos de corte. O ponto de corte é a absorbância que indica se o indivíduo é positivo ou negativo. Normalmente, o ponto de corte é informado pelo fabricante. Julia Silva
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