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PSICOLOGIA CONSTRUTIVISTA ESTUDO SOBRE PROVA PIAGETIANA CONSERVAÇÃO DE MASSA E DESENVOLVIMENTO DO GRAFISMO E COGNITIVO PEDAGOGIA CAMPUS SWIFT Introdução Conforme solicitado pela professora Adriana Pelissari, realizado pelas alunas: Hemillyn Alencar, Juliana Pinheiro, Larissa Santos, Tamires Ferreira e Thainara Scabello, neste trabalho iremos relacionar os estágios: pré- operatório e operatório concreto nos estudos da Psicologia Construtivista. Neste presente trabalho, também iremos analisar as teorias de Jean Piaget, Georges Henri Luquet e Viktor Lowenfeld com base em grafismos de duas crianças, sendo elas pertencentes ao estágio pré-operatório e operatório concreto, logo, de três e sete anos. Pré-Operatório O estágio pré-operatório ocorre na primeira infância, a partir dos dois anos e se estende até os sete anos em que a criança muda de fase e avança para o estágio operatório-concreto. Neste estágio, a criança desenvolve a linguagem, formando pequenas frases, se entra na fase dos “porquês”. Além do desenvolvimento da linguagem, nesse estágio, algumas características como egocentrismo, em que a criança é vista como o centro do mundo e tudo pertence a ela, a representação simbólica, o excesso de fantasia e animismo são evidentes. Quando a criança se encontra no pré-operatório, os desenvolvimentos que obteve no estágio sensório-motor não são esquecidas. A cada estágio avançado, a criança se desenvolve e evolui cada vez mais, assim sucessivamente. A coordenação motora ainda está em desenvolvimento, mas a criança já obtém maior precisão ao segurar o lápis e realizar movimentos no papel. Mediante os estudos de George Henry Luquet, Jean Piaget e Viktor Lowenfeld, analisamos os conceitos primordiais que foram contribuídos para o estudo do desenho infantil e que foram relacionados às fases do desenvolvimento da criança. Jean Piaget, em seus estudos tenta compreender a forma que a criança pensa e enxerga a sua realidade através dos seus desenhos e assim, facilita a compreensão de qual fase a criança se encontra. Piaget dividiu em estágios o desenvolvimento do desenho infantil, que se relacionam com as fases do desenvolvimento. No estágio pré-operatório, Piaget denomina a garatuja ordenada, em que a criança entende o controle que tem no movimento ao criar o desenho. A criança começa a desenvolver a concentração utilizando cores diferentes, tamanhos e espaço dos rabiscos. Há muito simbolismo nas garatujas ordenadas e embora não tenham forma, as crianças conseguem enxergar significado em todas elas. Georges Henri Luquet, foi um pioneiro no estudo do desenho infantil e entende que o desenho está ligado a como a criança interage com o meio e associa as suas ideias. Segundo Luquet, a criança pré-operatória, se encontra no estágio realismo fortuito, que tem início a partir dos dois anos de idade. Nesse estágio há dois ciclos: o desenho voluntário e involuntário. No desenho voluntário a criança transfere para o desenho as suas percepções do mundo. Mesmo que este desenho seja apenas alguns rabiscos, ela consegue enxergar a semelhança entre o seu desenho e algo que ela já tem conhecimento. Ao ser indagada sobre o que ela desenhou, ela terá uma resposta e um nome para ele. Assim como Piaget e Luquet, Viktor Lowenfeld também se dedicou ao estudo dos desenhos infantis. Os estágios estudados por ele, facilita a compreensão do desenvolvimento da criança, porém não há facilidade em constatar o avanço de cada etapa pois os estágios podem ser diferentes para cada criança. A rabiscação desordenada ou garatuja, é a primeira fase do desenvolvimento do desenho infantil segundo Lowenfeld. Esta etapa revela a falta de intencionalidade no desenho, ela não se preocupa em desenhar ou escrever, apenas em se divertir e sentir prazer ao rabiscar a folha. A criança, inconscientemente transfere os seus sentimentos para os desenhos. Com base nesses estudos, observamos a criança Ana Luísa, de três anos desenhar em uma folha de papel, um desenho livre com diversas cores de giz de cera, o que tornou essa atividade mais prazerosa e estimulando a sua criatividade. Ana Luísa se encontra no estágio pré-operatório, e observando o seu desenho e ao relacionar com os estudos de Piaget, Lowenfeld e Luquet, ela obtém todas as características citadas acima de acordo com a sua fase de desenvolvimento atual. Ao desenhar os rabiscos, A.L sempre indagava sobre qual cor poderia pegar, quando não sabia o nome da cor, perguntava e repetia para si mesma, memorizando-a, comprovando os estudos sobre pré-operatório já que as crianças ao desenvolver a linguagem e atenuando a sua curiosidade, perguntam sobre tudo e querem absorver o máximo de conhecimento possível. Quando terminado, perguntamos o que ela havia desenhado, ela nos respondeu que ali no papel estavam a sua mãe, pai, cachorro e sua amiga Laura. Após um tempo, ela mostrou o desenho para a professora, e ao ser questionada sobre o que se tratava, ela mudou a resposta, alegando ter desenhado uma flor, a Tia Ana (nome da sua professora na escola) e a mamãe. Apesar de ter a competência de raciocinar e entender que o seu desenho tem um significado, Ana Luísa não tem um pensamento concreto, o que modifica a sua percepção sobre o mundo, incluindo os seus desenhos. Operatório Concreto Durante o estágio operatório concreto, crianças em média entre sete a onze anos, iniciam a etapa deixando o pensamento ser induzido pelas percepções. Começam a usar a lógica tornando-se capaz de resolver futuros conflitos com sua experiência, nesse estágio a criança passa a ser menos egocêntrica, sendo capaz de ter um conhecimento adaptável e criando uma visão de tudo que o cerca. Desenvolve um sentido moral, pois ela já consegue ter sua autonomia, entender regras, usando raciocínio para solucionar as diversas situações. Passa a organizar os acontecimentos no mundo real, começa a explorar e conhecer os objetos apenas visualizando sem precisar do toque, com facilidade de representar o objeto. Segundo Piaget, o estágio operatório concreto traz o desenvolvimento da criança, com isso ela passa a fazer operações mentais, que exigem o material concreto, tendo o pensamento lógico e já consegue separar o real do imaginário, entendendo que é possível retornar para o ponto de partida. A criança se encontra no estágio esquemático que desenvolve noções de tempo, espaço, conseguindo diferentes aspectos, contendo diferenças da realidade, e com isso o desenho traz uma certa transparência e é representativo. Ao observar a criança operatória concreta, Giulia, de sete anos de idade, demos uma folha e pedimos para que ela fizesse um desenho livre e colorir com lápis de cor, no qual ela desenhou uma coruja em um tronco de uma árvore, contendo ao lado um coração. Com base as ideias de Piaget, nesta fase do desenvolvimento, a criança faz os desenhos com base no que vê, embora contenha notáveis diferenças e exageros. Por exemplo, árvores podem ser coloridas com cores como roxo, rosa, etc. De acordo com Lowenfeld, no estágio operatório concreto, a evolução da criança é vista nesta fase, e com ela vem a transparência, e a criança passa a desenhar em cima de uma base, expressando suas ideias, mas ainda não relaciona os desenhos com seu dia a dia, porém desenha os detalhes por ser uma concepção simbólica, conseguindo relacionar cores e formas. O que antes era desenhado pelas imaginações, agora já passa ser realizado pelo afeto. A criança desenha respeitando o espaço, expressa suas ideias usando referencias, tendo facilidade de traçar figuras geométricas, sempre seguindo uma ordem correta e expressando os seus sentimentos.Luquet afirma que a criança desenha com base na percepção da sua realidade, e dependendo do estágio gráfico os desenhos não seguem os mesmos princípios. Assim foi dividido as etapas gráficas em realismos fortuito, realismo falhado, realismo intelectual e realismo visual. Na faixa etária de cinco a dez anos de idade, se encontra o estágio de realismo intelectual, em que a criança possui maior coordenação motora e consegue representar melhor os objetos concretos. Após observar o desenho de Giulia e seguindo o conceito de Luquet, que se encontra no estágio realismo intelectual, percebemos que ela possui uma boa coordenação motora, e consegue representar facilmente os objetos concretos, seu desenho mantém os mesmos princípios iniciais, como exemplo, o fato de que possivelmente pode ter visto uma coruja e desenhou repetindo o que visualizou. Prova Piagetiana: Conservação de Massa Criança entrevistada: Lívia, 7 anos, operatório concreto. 1. Conhece este material? Já trabalhou com ele? Sim, brinco com massinha em casa e na escola. 2. A massa vermelha tem mais, menos ou a mesma quantidade de massa que a verde? Acho que está igual. 3. E como você pode explicar isso? Porque a verde está igual uma “cobrinha” e a vermelha uma bolinha. 4. E se eu volto a fazer uma bola com esta “cobrinha”, será que ela terá mais, menos ou a mesma quantidade de massa? A mesma, porque agora tem duas bolinhas iguais. 5. Se essas bolas fossem “bolinhos”, nós iríamos comer a mesma quantidade? Sim. 6. Vamos achatar a sua bola dando-lhe uma forma de “mini pizza”. E agora? A mini pizza tem mais, menos ou a mesma quantidade de massa que a bola? A mini pizza é menor. 7. Você pode me explicar por que? Porque a verde está amassada e a vermelha está uma bolinha. 8. E agora, nesses bolinhos há mais, menos ou a mesma quantidade de massa que na sua bola? Tem mais. 9. Como assim? A vermelha tem quatro bolinhas e a verde só tem uma. 10. E se volto a fazer a bola com esses “bolinhos”, sua bola terá mais, menos ou a mesma quantidade de massa que a minha? Ai vai ficar igual. Criança entrevistada: Felipe, 10 anos, operatório concreto. 1. Conhece este material? Já trabalhou com ele? Sim, brinco com massinha em casa com a minha irmã. 2. A massa verde tem mais, menos ou a mesma quantidade de massa que a sua bola? Acho que está igual. 3. E como você pode explicar isso? Porque só mudou o formato. 4. E se eu volto a fazer uma bola com esta massa, será que ela terá mais, menos ou a mesma quantidade de massa? Continua a mesma quantidade. 5. Vamos achatar a sua bola dando-lhe uma forma de “mini pizza”. E agora? A mini pizza tem mais, menos ou a mesma quantidade de massa que a bola? Tem a mesma. 6. Você pode me explicar por que? Porque só amassou a bolinha, se eu enrolar fica igual. 7. E agora, nesses bolinhos há mais, menos ou a mesma quantidade de massa que na sua bola? A mesma. 8. Como assim? Porque só dividiu a massinha. 9. E se volto a fazer a bola com esses “bolinhos”, sua bola terá mais, menos ou a mesma quantidade de massa que a minha? Vai ficar igual. De acordo com as respostas obtidas neste exercício, relacionamos a teoria de Jean Piaget e seu estudo sobre conservação de massa. No estágio operatório concreto, a criança tem a capacidade de entender, independente das formas, uma quantidade, mesmo quando essa massa é alterada com mais ou menos, como feito no exercício. Nesta fase nem sempre as crianças com a mesma idade terão as mesmas respostas diante de certas indagações, como pudemos observar na realização da prova Piagetiana de conservação de massa. No entanto, mesmo tendo a idade para certa fase, algumas crianças podem se encontrar em fases sejam eles anteriores ou posteriores ao padrão. A partir das respostas, realizamos uma relação entre as crianças, ambas pertencentes ao estágio operatório concreto e com as respostas em sua maioria iguais. Percebemos que ao decorrer da entrevista, Lívia, 7, apresentou certa relutância, pensando e olhando fixamente para as massas. Diferente das respostas de Felipe, 10, quando questionado, ele pensava e logo respondia com clareza. Entendemos esse diferencial entre as crianças, mesmo estando na mesma fase de desenvolvimento cognitivo, pois a criança de sete anos obtém o pensamento concreto, porém acabara de ingressar neste novo estágio e a presença do período anterior, pré-operatório ainda estão evidentes. Já a criança de 10 anos, está melhor desenvolvida e está prestes a avançar para o estágio operatório formal, afim de assimilar novas características de uma nova fase do seu desenvolvimento. Conclusão No presente trabalho, foram realizadas duas análises, sendo elas: a reflexão sobre o grafismo em crianças no estágio pré-operatório e operatório concreto, embasando-se nos estudos de Jean Piaget, Georges Henri Luquet e Viktor Lowenfeld, e a realização da prova Piagetiana – Conservação de Massa, realizada com duas crianças no estágio operatório concreto, porém em diferentes idades, logo, sete e dez anos. Ao realizarmos a análise sobre o grafismo das crianças em questão, constatamos que Ana Luísa, 3 anos e pré-operatória, obtém as características da fase em que se encontra. A coordenação motora ainda em desenvolvimento, diversos rabiscos na folha de papel e quando finalizado, a mesma consegue denominar todo o seu desenho, compreensível para essa fase. Giulia, 7 anos e operatória concreta. Observando o seu desenho, notamos que ele é rico em detalhes, cores e sentimentos. Nesta fase, as crianças com maior controle motor, conseguem colocar no papel, o que vivenciam e enxergam com mais exatidão, podendo ser animais, objetos, pessoas e até mesmo sentimentos De acordo com os autores acima citados e estudados, compreendemos que o estudo sobre o desenvolvimento cognitivo da criança facilita o entendimento de cada fase que a criança avança, porém, cada criança é única com seus estímulos, capacidades, dificuldades e facilidades, entretanto, mesmo se a sua faixa etária pertence a uma fase de desenvolvimento, não necessariamente essa criança realmente estará se desenvolvendo nela. Complementando este pensamento, ao realizarmos a prova Piagetiana – Conservação de massa, em que foram entrevistadas duas crianças de diferentes idades, porém pertencentes ao estágio operatório concreto, foram localizadas algumas divergências nas respostas, isso só solidifica o pensamento de que mesmo estando presentes em tal estágio, cada criança é única em seu jeito de agir e de pensar.
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