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Ambulatório – cálculos biliares Anatomia Fígado O fígado é o maior órgão do corpo. Está localizado no quadrante superior direito do abdome, abaixo da parte inferior do gradil costal direito, encostado no diafragma e projetando-se por uma extensão variável no quadrante superior esquerdo. O órgão é mantido em sua posição por inserções ligamentares ao diafragma, peritônio, grandes vasos e órgãos gastrintestinais superiores. O fígado recebe um duplo suprimento sanguíneo; cerca de 20% do fluxo sanguíneo consistem em sangue rico em oxigênio proveniente da artéria hepática, enquanto 80% consistem em sangue rico em nutrientes proveniente da veia porta a partir do estômago, intestinos, pâncreas e baço. A maioria das células no fígado é constituída de hepatócito, que representam dois terços da massa hepática. Os demais tipos celulares são células de Kupffer (elementos do sistema reticuloendotelial), células estreladas (células de Ito ou de armazenamento de lipídeos), células endoteliais e dos vasos sanguíneos e células dos ductos biliares e das estruturas de suporte. Quando é examinado por microscopia óptica, o fígado parece estar organizado em lóbulos com áreas portais na periferia e veias centrais no centro de cada lóbulo. Entretanto, do ponto de vista funcional, o fígado está organizado em ácinos, com o sangue hepático tanto arterial quanto portal penetrando no ácino a partir das áreas portais (zona 1) e, a seguir, fluindo através dos sinusoides até as veias hepáticas terminais (zona 3). Os hepatócitos intercalados constituem a zona 2. A vantagem de considerar o ácino como unidade fisiológica do fígado é que essa perspectiva ajuda a explicar os padrões morfológicos e a zonalidade de muitas doenças vasculares e biliares, que não podem ser explicadas pela organização lobular. Os espaços portais do fígado consistem em pequenas veias, artérias, ductos biliares e linfáticos organizados em um estroma frouxo de matriz de sustentação e pequenas quantidades de colágeno. O sangue que flui para dentro dos espaços portais distribui-se através dos sinusoides, passando da zona 1 para a zona 3 do ácino e drenando para as veias hepáticas terminais (“veias centrais”). A bile secretada flui na direção contrária – isto é, em padrão de contracorrente da zona 3 para a zona 1. Os sinusoides são revestidos por células endoteliais específicas, que têm fenestrações amplas de tamanho variável, o que torna possível o fluxo livre do plasma, porém não dos elementos celulares. Por conseguinte, o plasma está em contato direto com os hepatócitos no espaço subendotelial de Disse. Os hepatócitos mostram polaridade distinta. O lado basolateral do hepatócito reveste o espaço de Disse, sendo guarnecido ricamente por microvilosidades; esse lado demonstra atividade de endocitose e pinocitose com captação passiva e ativa de nutrientes, proteínas e outras moléculas. O polo apical do hepatócito forma as membranas canaliculares, por meio das quais são secretados os componentes da bile. Os canalículos dos hepatócitos formam uma rede delicada, que se funde com os elementos dos dúctulos biliares próximo dos espaços portais. Em geral, as células de Kupffer estão localizadas dentro do espaço vascular sinusoidal e representam o maior grupo de macrófagos fixos do organismo. As células estreladas estão localizadas no espaço de Disse, porém em geral não são proeminentes, a menos que tenham sido ativadas, quando passam a produzir colágeno e matriz. As hemácias permanecem no espaço sinusoidal, enquanto o sangue flui através dos lóbulos; todavia, os leucócitos podem migrar ao longo ou ao redor das células endoteliais para dentro do espaço de Disse e, a partir daí, para os espaços portais a partir dos quais podem retornar à circulação por meio dos linfáticos. Os hepatócitos desempenham numerosas funções vitais à manutenção da homeostase e da saúde. Essas funções incluem a síntese da maioria das proteínas séricas essenciais (albumina, proteínas carreadoras, fatores de coagulação, muitos fatores hormonais e de crescimento), produção de bile e seus carreadores (ácidos biliares, colesterol, lecitina, fosfolipídeos), regulação dos nutrientes (glicose, glicogênio, lipídeos, colesterol, aminoácidos), e metabolismo e conjugação dos compostos lipofílicos (bilirrubina, ânions, cátions, fármacos) para excreção na bile ou na urina. A medida dessas atividades para avaliar a função hepática é complicada pela multiplicidade e variabilidade de funções. As provas de “função” hepática mais usadas consistem nas determinações dos níveis séricos de bilirrubina e albumina, e do tempo de protrombina. O nível sérico de bilirrubina é uma medida da conjugação e excreção hepáticas, enquanto o nível sérico de albumina e o tempo de protrombina são medidas da síntese proteica. Anormalidades da bilirrubina, albumina e tempo de protrombina são típicas da disfunção hepática. A insuficiência hepática grave é incompatível com a vida e as funções do fígado são complexas e diversificadas demais para que possam ser desempenhadas com eficiência por uma bomba mecânica, membrana de diálise ou combinação de hormônios, proteínas e fatores de crescimento infundidos. Vesícula biliar A vesícula biliar é um órgão em formato de pera aderente à superfície inferior do fígado no sulco que separa os lobos direito e esquerdo. O fundo projeta-se 1 a 2 cm abaixo da borda hepática e frequentemente pode ser palpado quando o ducto cístico ou o colédoco está obstruído. Em poucos casos é totalmente coberta por peritônio, mas, quando essa variação ocorre, a vesícula fica predisposta a infarto ou torção. A vesícula biliar contém cerca de 50 mL de bile quando totalmente distendida. O colo da vesícula afunila-se para o ducto cístico estreito, que se conecta com o ducto colédoco. O lúmen do ducto cístico contém um septo delgado formado por mucosa, a válvula espiral de Heister, que oferece leve resistência ao fluxo de bile. Em 75% dos indivíduos, o ducto cístico penetra no ducto colédoco, formando um ângulo. Nos demais, ele corre paralelo ao ducto hepático ou gira ao seu redor antes de unir-se ao ducto colédoco. No ligamento hepatoduodenal, a artéria hepática fica à esquerda do ducto colédoco e a veia porta, posterior e medialmente. Em geral, a artéria hepática direita passa atrás do ducto hepático para, então, dar origem à artéria cística antes de penetrar no lobo direito do fígado, mas variações são comuns. O epitélio da mucosa dos ductos biliares varia de cuboide, nos dúctulos, a colunar, nos ductos principais. A mucosa da vesícula biliar forma sulcos destacados quando o órgão colaba e volta a ficar plana quando há distensão. As células colunares longas da mucosa da vesícula biliar são cobertas por microvilosidades na sua superfície luminal. Canais amplos, com papel importante na absorção de água e eletrólitos, separam as células. As paredes dos ductos biliares contêm pequenas quantidades de musculatura lisa, mas a extremidade do ducto colédoco é envolvida por um esfíncter muscular complexo. A musculatura da vesícula biliar é composta por feixes entrelaçados de fibras dispostas em espiral e no sentido longitudinal. A árvore biliar recebe inervação parassimpática e simpática. A primeira contém fibras motoras para a vesícula biliar e fibras secretoras para o epitélio ductal. As fibras aferentes nos nervos simpáticos transmitem a dor da cólica biliar. Fisiologia Bile A bile formada nos lóbulos hepáticos é secretada para dentro de uma complexa redede canalículos, pequenos dúctulos biliares e ductos biliares maiores que se estendem juntamente com os vasos linfáticos e os ramos da veia porta e da artéria hepática nos tratos portais localizados entre os lóbulos hepáticos. Esses ductos biliares interlobulares reúnem-se para formar ductos biliares septais maiores, que se unem para formar os ductos hepáticos direito e esquerdo que, por sua vez, reúnem-se e formam o ducto hepático comum. Este último é alcançado pelo ducto cístico da vesícula biliar, para formar o ducto colédoco (DC [ducto biliar comum]) que penetra no duodeno (na maioria das vezes, depois de unir-se ao ducto pancreático principal) pela ampola de Vater. A bile hepática é um líquido isotônico com composição eletrolítica semelhante à do plasma. A composição eletrolítica da bile vesicular difere da bile hepática, pois a maioria dos ânions inorgânicos (cloreto e bicarbonato) já foi removida pela reabsorção por meio do epitélio da vesícula. Como resultado da reabsorção da água, a concentração total de solutos na bile aumenta de 3 a 4 g/dL na bile hepática para 10 a 15 g/dL na bile da vesícula. Os principais solutos da bile (em moles percentuais), consistem em ácidos biliares (80%), lecitina e traços de outros fosfolipídeos (16%), além de colesterol não esterificado (4%). No estado litogênico, o nível do colesterol pode alcançar níveis de até 8-10%. Outros componentes são bilirrubina conjugada, proteínas (todas as imunoglobulinas, albumina, metabólitos de hormônios e outras proteínas metabolizadas no fígado), eletrólitos, muco e, com frequência, fármacos e seus metabólitos. A secreção basal diária total de bile hepática é de cerca de 500 a 600 mL. Muitas substâncias captadas ou sintetizadas pelos hepatócitos são secretadas nos canalículos biliares. A membrana canalicular forma microvilosidades e está associada a microfilamentos de actina, microtúbulos e outros elementos contráteis. Antes de sua secreção para dentro da bile, muitas substâncias são captadas e penetram no hepatócito, enquanto outras (p. ex., fosfolipídeos, parte dos ácidos biliares primários e do colesterol) são sintetizadas de novo no hepatócito. Três mecanismos são importantes para a regulação do fluxo da bile: Transporte ativo dos ácidos biliares dos hepatócitos para dentro dos canalículos biliares Transporte ativo de outros ânions orgânicos Secreção colangiocelular. Este último processo é um mecanismo mediado pela secretina e depende do AMP cíclico, resultando na secreção de líquido rico em sódio e bicarbonato lançado nos ductos biliares. A secreção vetorial ativa dos componentes biliares do sangue portal para o interior dos canalículos é acionada por um conjunto de sistemas de transporte polarizados ao nível dos domínios das membranas plasmáticas basolateral (sinusoidal) e apical canalicular do hepatócito. Sais biliares Sais biliares, lecitina e colesterol formam cerca de 90% dos sólidos na bile, sendo o restante bilirrubina, ácidos graxos e sais inorgânicos. A bile na vesícula biliar contém cerca de 10% de sólidos e concentração de sais biliares entre 200 e 300 mmol/L. Os sais biliares são moléculas esteroides formadas a partir do colesterol nos hepatócitos. Sua taxa de síntese é controlada por retroalimentação (feedback) e pode aumentar, no máximo, cerca de 20 vezes. Dois sais biliares primários – colato e quenodesoxicolato – são produzidos pelo fígado. Antes de sua excreção na bile, são conjugados à glicina ou à taurina, o que aumenta sua solubilidade. Bactérias intestinais alteram esses compostos para produzir sais biliares secundários, desoxicolato e litocolato. O primeiro é reabsorvido e entra na bile, mas o litocolato é insolúvel e excretado nas fezes. A bile é formada por 40% de colato, 40% de quenodesoxicolato e 20% de desoxicolato, conjugados à glicina ou à taurina na razão de 3:1. As funções dos sais biliares são: Induzir o fluxo da bile Transportar lipídeos Ligar íons cálcio na bile. A importância desta última não está esclarecida. As moléculas de ácidos biliares são anfipáticas – ou seja, elas possuem polos hidrófilos e hidrofóbicos. Os sais biliares permanecem no lúmen intestinal em todo o jejuno, onde participam da digestão e da absorção das gorduras. Ao alcançar o segmento distal do intestino, eles são reabsorvidos por um sistema de transporte ativo localizado nos 200 cm finais do íleo. Mais de 95% dos sais biliares que chegam ao jejuno são transferidos por esse processo para a circulação porta; o restante vai para o colo, onde é convertido em sais biliares secundários. Todo o conjunto de 2,5 a 4 g de sais biliares circula 2 vezes pela circulação êntero-hepática a cada refeição, e 6 a 8 ciclos são realizados a cada dia. A perda diária de sais biliares nas fezes chega a 10 a 20% e é reposta pela síntese hepática. Função da vesícula e esfíncteres No estado de jejum, o esfincter de Oddi (EO) constitui uma zona de alta pressão de resistência ao fluxo de bile do ducto colédoco para dentro do duodeno. Essa contração tônica serve para evitar o fluxo do conteúdo duodenal para dentro dos ductos pancreáticos e biliares; promover o enchimento da vesícula biliar. O principal fator que controla o esvaziamento da vesícula biliar é o hormônio peptídico colecistocinina (CCK), que é liberado pela mucosa duodenal em resposta à ingestão de gorduras e aminoácidos. A CCK causa os seguintes efeitos: Contração vigorosa da vesícula biliar, Redução da resistência do EO e Ampliação do fluxo do conteúdo biliar para dentro do duodeno. A bile hepática é “concentrada” dentro da vesícula biliar pela absorção transmucosa de água e eletrólitos graças a um mecanismo que depende de energia. Quase todo o reservatório de ácidos biliares pode ficar sequestrado na vesícula depois de um jejum noturno, para ser lançado no duodeno com a primeira refeição do dia. A capacidade normal da vesícula biliar é de cerca de 30 mL de bile. Bilirrubina Cerca de 250 a 300 mg de bilirrubina são excretados diariamente na bile, 75% dos quais originados da decomposição de hemácias no sistema reticuloendotelial e 25% da renovação de heme hepático e hemoproteínas. Primeiro, o heme é liberado da hemoglobina, e ferro e globina são retirados para reutilização pelo organismo. A biliverdina, o primeiro pigmento formado a partir do heme, é reduzida à bilirrubina não conjugada, a chamada bilirrubina de reação indireta no teste de van den Bergh. A bilirrubina não conjugada é insolúvel em água e transportada no plasma ligada à albumina. A bilirrubina não conjugada é extraída do sangue pelos hepatócitos, onde é conjugada ao ácido glicurônico para formar o diglicuronídeo de bilirrubina, a bilirrubina direta hidrossolúvel. A conjugação é catalisada pela glicuroniltransferase, uma enzima do retículo endoplasmático. A bilirrubina é transportada no interior dos hepatócitos por proteínas citosólicas ligantes, que rapidamente transportam a molécula à membrana canalicular para secreção ativa na bile. Na bile, a bilirrubina conjugada é, em grande parte, transportada associada às micelas lipídicas mistas. Após sua entrada no intestino, a bilirrubina é reduzida por bactérias intestinais a diversos compostos, como os urobilinogênios, que são subsequentemente oxidados e convertidos a urobilinas pigmentadas. O termo urobilinogênio frequentemente é utilizado referindo-se à urobilina e ao urobilinogênio. Colelitiase Os cálculos biliares são formados em razão da composição anormal da bile. Existem dois tipos principais: cálculos de colesterol e cálculos pigmentares.Cálculos de colesterol Os cálculos biliares de colesterol resultam da secreção de bile supersaturada de colesterol pelo fígado. Sob a influência de diversos fatores presentes na bile, o colesterol sofre precipitação na solução e os cristais recém- formados crescem para produzir cálculos macroscópicos. Exceto nos casos com dilatação ou obstrução parcial do ducto colédoco, os cálculos nessa doença formam- se quase exclusivamente no interior da vesícula biliar. Os cálculos encontrados nos ductos geralmente chegam a essa localização após terem passado pelo ducto cístico. Conforme observado anteriormente, o colesterol é insolúvel e, na bile, deve ser transportado no interior de micelas de sais biliares e em vesículas de fosfolipídeos (lecitina). Quando a quantidade de colesterol na bile excede a capacidade de transporte, começa a ocorrer precipitação de cristais de colesterol a partir das vesículas de fosfolipídeo. Quando há excesso de colesterol em relação aos fosfolipídeos e ácidos biliares, observa-se a persistência de vesículas instáveis ricas em colesterol, que se agregam em grandes vesículas multilamelares a partir das quais ocorre a precipitação dos cristais do colesterol. Os sais biliares efluem o colesterol da membrana do hepatócito durante a passagem pelo canalículo biliar. Com maior débito de sais biliares, a quantidade de colesterol relativa à de sais biliares que entram é reduzida. Isso significa que nos períodos de baixo fluxo biliar (p. ex., em jejum), a capacidade de transporte de colesterol fica mais saturada do que nos períodos de alto fluxo. Em resumo, a doença causada por cálculos de colesterol ocorre em função de várias alterações, inclusive: 1. Supersaturação da bile com colesterol; 2. Nucleação do monoidrato de colesterol com subsequente retenção de cristais e crescimento do cálculo; 3. Função motora anormal da vesícula biliar com esvaziamento retardado e estase 1. Supersaturação Embora a supersaturação da bile com colesterol seja um importante pré-requisito para a formação de cálculos biliares, em geral isso por si só é insuficiente para causar precipitação do colesterol in vivo. A maioria dos indivíduos com bile supersaturada não desenvolve cálculos, porque o tempo necessário para que os cristais de colesterol possam sofrer nucleação e crescer é maior que o período durante o qual a bile permanece na vesícula biliar. 2. Nucleação Um mecanismo importante é a nucleação dos cristais de monoidrato de colesterol, que está muito acelerada na bile litogênica humana. A nucleação acelerada do monoidrato de colesterol na bile pode ser causada pelo excesso de fatores pró-nucleação ou pela deficiência de fatores antinucleação. A mucina e certas glicoproteínas não mucina, principalmente as imunoglobulinas, parecem ser fatores pró-nucleação, enquanto as apolipoproteínas A-I e A-II, assim como outras glicoproteínas, parecem ser fatores antinucleação. É possível que partículas pigmentares sejam importantes como fatores de nucleação. Em uma análise genômica ampla dos níveis séricos de bilirrubina, a variante genética da síndrome de Gilbert uridina- difosfato-glicuroniltransferase 1A1 (UGT1A1) foi associada à presença de doença da vesícula biliar. Como a maioria dos cálculos biliares associados à variante UGT1A1 era de cálculos de colesterol, essa observação aponta para o papel de partículas pigmentares na patogênese de cálculos da vesícula biliar. A nucleação dos cristais de monoidrato de colesterol e o crescimento dos cristais ocorrem provavelmente dentro da camada de gel de mucina. A fusão das vesículas forma cristais líquidos que sofrem nucleação e transformam-se em cristais sólidos de monoidrato de colesterol. O crescimento contínuo dos cristais ocorre por nucleação direta das moléculas de colesterol a partir das vesículas uni ou multilamelares de bile supersaturada. Lama biliar é um material mucoso espesso que, ao exame microscópico, revela cristais líquidos de lecitina- colesterol, cristais de monoidrato de colesterol, bilirrubinato de cálcio e géis de mucina. A lama biliar forma uma camada semelhante a um crescente na porção mais baixa da vesícula biliar, sendo reconhecida por ecos característicos à ultrassonografia. A presença de lama biliar sugere duas anormalidades: Distúrbio do equilíbrio normal entre secreção de mucina pela vesícula biliar e sua eliminação, Nucleação dos solutos biliares. Várias observações evidenciaram que a lama biliar pode ser uma forma precursora de doença calculosa. 3. Funçao motora anormal Um terceiro mecanismo importante para a formação dos cálculos biliares de colesterol é a hipomotilidade da vesícula biliar. Quando a vesícula esvazia-se completamente da bile supersaturada ou que contém cristais, não pode haver desenvolvimento de cálculos. Um percentual alto dos pacientes com cálculos biliares tem anormalidades do esvaziamento da vesícula. Exames de ultrassonografia mostram que pacientes com cálculos biliares apresentam aumento do volume da vesícula durante o jejum também após uma refeição- teste (volume residual), e que o esvaziamento percentual depois da estimulação da vesícula diminui. A incidência de cálculos biliares está aumentada em condições associadas ao esvaziamento infrequente ou reduzido da vesícula biliar (inclusive jejum, nutrição parenteral ou gestação) e em usuários de fármacos inibidores da motilidade da vesícula biliar. Cálculos de pigmento Os cálculos pigmentares pretos são compostos por bilirrubinato de cálcio puro ou por complexos semelhantes a polímeros com cálcio e glicoproteínas mucinas. Esses cálculos são mais comuns nos pacientes com estados hemolíticos crônicos (com aumento da bilirrubina conjugada na bile), cirrose hepática, síndrome de Gilbert ou fibrose cística. Os cálculos pigmentares marrons são compostos por sais de cálcio de bilirrubina não conjugada com quantidades variáveis de colesterol e proteínas. Esses cálculos são causados pelas quantidades aumentadas de bilirrubina não conjugada insolúvel na bile, que se precipita e forma cálculos. Fatores que predispõe a formação de cálculos de colesterol e de pigmento: Cálculos de colesterol Fatores demográficos/genéticos: prevalência mais alta nos indígenas norte- americanos, índios chilenos e hispânicos de origem chilena; mais alta no Norte da Europa e nos Estados Unidos do que na Ásia; mais baixa no Japão; predisposição familiar; aspectos hereditários Obesidade, síndrome metabólica: pool e secreção normais de ácidos biliares, porém secreção biliar aumentada de colesterol Perda de peso: a mobilização do colesterol tecidual resulta em aumento da secreção biliar de colesterol, enquanto a circulação êntero-hepática dos ácidos biliares é reduzida Hormônios sexuais femininos o Os estrogênios estimulam os receptores de lipoproteínas hepáticos, aumentam a captação do colesterol dietético, assim como a secreção de colesterol biliar o Os estrogênios naturais, outros estrogênios e os anticoncepcionais orais resultam na diminuição da secreção de sais biliares e conversão reduzida do colesterol em ésteres de colesteril Gravidez: menor esvaziamento da vesícula biliar causado pela progesterona em combinação com a influência de estrogênios, que aumentam a secreção biliar de colesterol Idade avançada: secreção biliar aumentada de colesterol, tamanho reduzido do pool de ácidos biliares, secreção de sais biliares diminuída. A hipomobilidade vesicular resulta em estase e formação de lama o Nutrição parenteral prolongada o Jejum o Gravidez o Fármacos como a octreotida Tratamento com clofibrato: secreção biliar aumentadade colesterol Secreção de ácidos biliares diminuída o Cirrose biliar primária o Anomalia genética do gene CYP7A1 Diminuição da secreção de fosfolipídeos: anomalia genética do gene MDR3 Causas diversas: Dieta rica em calorias e gorduras; Lesão da medula espinal Cálculos de pigmento Fatores demográficos/genéticos: Ásia, ambientes rurais Hemólise crônica Cirrose hepática alcoólica Anemia perniciosa Fibrose cística Infecção crônica do trato biliar, infecções parasitárias Envelhecimento Doença ileal, ressecção ou bypass ileal Sintomas Os cálculos biliares geralmente causam sintomas porque provocam inflamação ou obstrução após migrarem para dentro do ducto cístico ou do ducto colédoco. O sintoma mais específico e característico da colelitíase é cólica biliar – dor constante e, na maioria das vezes, duradoura (ver adiante). A obstrução do ducto cístico ou do ducto colédoco por um cálculo causa elevação da pressão intraluminal e distensão da víscera, que não podem ser aliviadas por contrações biliares repetitivas. Nos casos típicos, a dor visceral resultante é uma sensação contínua de plenitude ou dor intensa no epigástrio ou quadrante superior direito (QSD) do abdome, frequentemente com irradiação para a área interescapular, escápula direita ou ombro. A cólica biliar surge repentinamente e pode persistir com alta intensidade por 30 minutos a 5 horas e, em geral, regride de forma lenta ou gradativa. Náusea e vômitos acompanham com frequência os episódios de dor biliar. Nível elevado de bilirrubina sérica e/ou fosfatase alcalina sugere cálculo do ducto colédoco. Febre ou calafrios (tremores) com dor biliar geralmente indica alguma complicação, isto é, colecistite, pancreatite ou colangite. Esses sintomas são induzidos com frequência em pacientes com ou sem colelitíase biliar, mas são inespecíficos de cálculos biliares. A presença de qualquer um dos seguintes achados implica risco de evolução grave e provavelmente serve como razão para colescistectomia profilática: Cálculos grandes (> 2 cm de diâmetro), porque produzem colecistite aguda com maior frequência do que os menores; Vesícula biliar calcificada, em razão da associação frequente com carcinoma. Diagnostico Ultrassonografia da vesícula biliar Rápida; Identificação precisa dos cálculos biliares (> 95%); Exame simultâneo de VB, fígado, ductos biliares, pâncreas. O exame “em tempo real” permite avaliar o volume e a contratilidade da VB. Não é limitada por icterícia, gravidez; Pode identificar cálculos muito pequenos. Limitações: Gás no intestino; Obesidade extrema; Ascite Procedimento preferido para cálculos Radiografia simples de abdome Baixo custo; Facilmente disponível Limitações: Desempenho relativamente baixo; Contraindicada durante a gravidez Cintilografia com radioisótopos Identificação precisa da obstrução do ducto cístico; Avaliação simultânea dos ductos biliares Limitações: Contraindicada durante a gravidez; Bilirrubina sérica > 103-205 μmol/L (6-12 mg/dL); Colecistograma de baixa resolução Tratamento Tratamento cirúrgico Colecistectomia: A recomendação de realizar colecistectomia -por videolaparoscopia ou minilaparotomia (pouco utilizado) - em um paciente com cálculos biliares deve basear-se provavelmente na avaliação de três fatores: Existência de sintomas suficientemente frequentes ou intensos a ponto de interferir na rotina geral do paciente; Ocorrência de complicação prévia da doença calculosa biliar, isto é, história de colecistite aguda, pancreatite, fístula biliar, etc.; Presença de condição subjacente que predisponha o paciente a maior risco de complicações devidas aos cálculos biliares (p. ex., vesícula biliar calcificada ou de porcelana, e/ou episódio pregresso de colecistite aguda, apesar do atual estado assintomático). Pacientes com cálculos biliares muito volumosos (> 3 cm de diâmetro) e aqueles com cálculos na vesícula biliar que apresentam alguma anomalia congênita também podem ser considerados candidatos à colecistectomia profilática. Colecistectomia laparoscópica: suas vantagens consistem em redução da permanência hospitalar, incapacitação mínima e o custo reduzido, constituindo o procedimento de escolha para a maioria dos pacientes encaminhados para colecistectomia eletiva. Indicações da colecistectomia: Pacientes com sintomas de dor biliar e cálculos. Pacientes com doença biliar complicada. Vesícula biliar em porcelana. Pacientes com vesícula funcionalmente excluída. Litíase assintomática: pacientes com expectativa de vida superior a 30-40 anos; portadores de múltiplos cálculos vesiculares menores que 5mm; indivíduos com alto índice de câncer de vesícula biliar; portadores de cálculos que vivem ou viajam em regiões sem condições de assistência médica; pacientes que por motivos pessoais preferem colecistectomia. Pacientes portadores de litíase nos canais biliares, sintomáticos ou não. Tratamento clinico Dissolução de cálculos vesiculares: por medicamentos usados VO. Não é muito eficaz, sendo indicado apenas para pacientes com contraindicações para cirurgia. De forma a assegurar resultados satisfatórios dentro desse intervalo razoável, o tratamento deve ser limitado aos pacientes com cálculos radiotransparentes com diâmetro < 5 mm. A dose de AUDC (ácido ursodesoxicolico) deve ser de 10 a 15 mg/kg/dia. Cálculos medindo > 10 mm de diâmetro raramente dissolvem. Os cálculos pigmentares não respondem ao tratamento com AUDC. As vantagens e o sucesso da colecistectomia laparoscópica reduziram, em grande parte, o papel da dissolução dos cálculos de pacientes que desejam evitar ou que não são candidatos à colecistectomia eletiva. No entanto, os pacientes com doença induzida por cálculos biliares de colesterol que têm episódios recorrentes de coledocolitíase depois da colecistectomia devem fazer tratamento prolongado com AUDC Colecistite aguda Em 80% dos casos, a colecistite aguda é causada por obstrução do ducto cístico por impactação de cálculo no fundo de saco de Hartmann. A vesícula biliar torna-se inflamada e distendida, produzindo dor abdominal e sensibilidade dolorosa à palpação. Cerca de 20% dos casos de colecistite aguda ocorrem sem que haja colelitíase (colecistite aguda acalculosa). Alguns desses casos são causados por obstrução do ducto cístico por outro processo, como tumor maligno. Sintomas O primeiro sintoma é dor abdominal do quadrante superior direito, algumas vezes associada à dor referida na região escapular direita. Como acontece com a cólica biliar, a dor da colecistite pode irradiar-se para a área interescapular, escápula direita ou ombro. Os sinais peritoneais de inflamação, como agravamento da dor com a movimentação ou respiração profunda, podem ser evidentes. O paciente apresenta-se anorético e, na maioria das vezes, nauseado. Os vômitos são relativamente comuns e podem causar sintomas e sinais de depleção volêmica vascular e extravascular. A icterícia é incomum no início da evolução da colecistite aguda, mas pode ocorrer quando as alterações inflamatórias edematosas acometem os ductos biliares e linfonodos circundantes. Nos casos típicos, a febre é baixa, porém calafrios com tremores são comuns. O QSD do abdome apresenta-se quase invariavelmente hipersensível à palpação. A respiração profunda ou tosse durante a palpação subcostal do QSD geralmente causa aumento da dor e parada inspiratória (sinal de Murphy). É comum haver descompressão dolorosa com hipersensibilidade localizada no QSD. Há dor à palpação no quadrante superior direito, e, emcerca de um terço dos pacientes, a vesícula é palpável (frequentemente em posição mais lateral à normal). Diagnostico O diagnóstico de colecistite aguda é estabelecido habitualmente com base na anamnese característica e em um bom exame físico. A tríade de início súbito de hipersensibilidade no QSD, febre e leucocitose é altamente sugestiva. A ultrassonografia mostra cálculos em 90 a 95% dos casos e é útil para detectar sinais de inflamação da vesícula, como espessamento da parede, líquido pericolecístico e dilatação do ducto biliar. A cintilografia biliar com radionuclídeo (p. ex., HIDA) pode confirmar o diagnóstico se for demonstrado ducto biliar sem visualização da vesícula biliar. A síndrome de Mirizzi é uma complicação rara na qual um cálculo biliar fica impactado no ducto cístico ou no colo da vesícula biliar, causando compressão do ducto colédoco e resultando em obstrução desse ducto com icterícia. O tratamento cirúrgico consiste em remover o ducto cístico, a vesícula biliar doente e o cálculo impactado. O diagnóstico pré-operatório da síndrome de Mirizzi é importante para evitar uma lesão do ducto colédoco. Exames laboratoriais A contagem de leucócitos geralmente está aumentada, entre 12.000 e 15.000/mL. Contagens normais são comuns, mas se a contagem estiver muito acima de 15.000, deve-se suspeitar de complicação. Aumento leve da bilirrubina sérica (entre 2 e 4 mg/dL) é comum, presumivelmente em razão da inflamação secundária do ducto colédoco a partir da vesícula biliar contígua. Valores da bilirrubina acima desses limites indicam a possibilidade de cálculos associados no ducto colédoco. As crises podem ser acompanhadas por aumento leve da fosfatase alcalina. Às vezes, a amilase sérica chega ou supera transitoriamente 1.000 unidades/dL. Exames de imagem A radiografia simples do abdome ocasionalmente revela a sombra da vesícula biliar aumentada. A ultrassonografia revela cálculos biliares, lama biliar e espessamento da parede da vesícula biliar, e o ultrassonografista pode determinar melhor do que o clínico se o ponto máximo de dor se encontra sobre a vesícula biliar (sinal de Murphy ultrassonográfico). Diagnostico diferencial No diagnóstico diferencial, devem ser incluídas outras causas de dor aguda e dor à palpação no abdome superior. Uma úlcera péptica aguda com ou sem perfuração pode ser sugerida por história de dor epigástrica aliviada por alimentos ou por antiácidos. A pancreatite aguda pode ser confundida com colecistite aguda, especialmente se esta for acompanhada por elevação da amilase sérica. A apendicite aguda em pacientes com ceco de localização alta pode simular colecistite aguda. Na peri-hepatite gonocócica (síndrome de Fitz-Hugh-Curtis), é possível haver dor intensa no quadrante superior direito e sensibilidade local à palpação. As pistas para o diagnóstico correto são dor à palpação dos anexos, leucorreia vaginal com esfregaço positivo para Gonococo quando corado pelo gram e disparidade entre a febre alta do paciente e a ausência de toxemia. Complicações As principais complicações da colecistite aguda são empiema, gangrena e perfuração. Epiema Progressão da colecistite aguda com obstrução persistente do ducto cístico para superinfecção da bile estagnada por uma bactéria formadora de pus. No empiema (colecistite supurativa), a vesícula biliar está francamente purulenta e o paciente está toxêmico, com picos de febre alta entre 39 e 40 °C, calafrios e leucocitose acima 15.000/mL. O quadro clínico é febre alta, dor intensa no QSD, leucocitose acentuada e, com frequência, prostração. Gangrena e perfuração A gangrena da vesícula biliar resulta da isquemia da parede e necrose tecidual segmentar ou completa. Em geral, a gangrena predispõe à perfuração da vesícula biliar. A perfuração pode assumir uma de três formas: Perfuração localizada com abscesso pericolecístico; Perfuração livre com peritonite generalizada Perfuração para víscera oca adjacente, com formação de fístula. A perfuração pode ocorrer precocemente até o terceiro dia após o início da colecistite aguda, ou tardiamente na segunda semana. Tratamento Tratamento clinico Meperidina ou um anti-inflamatório não esteroide (AINE) como cetorolaco, ou ainda opioides (i.e., morfina e hidromorfona) geralmente são administrados para conseguir analgesia. Antibióticos intravenosos geralmente estão indicados aos pacientes com colecistite aguda grave, embora seja possível que a infecção bacteriana da bile não tenha ocorrido nos estágios iniciais do processo inflamatório. O tratamento antibiótico é dirigido aos microrganismos Gram-negativos e anaeróbios mais comumente presente. Os antibióticos eficazes são piperacilina com tazobactam, ceftriaxona com metronidazol, ou levofloxacino com metronidazol. A cobertura anaeróbia proporcionada pelos antibióticos como o metronidazol deve ser acrescentada quando há suspeita de colecistite gangrenosa ou enfisematosa. Tratamento cirúrgico A colecistectomia ou colecistostomia urgente (emergencial) é provavelmente apropriada para a maioria dos pacientes com suspeita ou confirmação de complicação da colecistite aguda, como empiema, colecistite enfisematosa ou perfuração. Os pacientes com colecistite aguda sem complicações devem ser submetidos à colecistectomia laparoscópica eletiva precoce, de preferência dentro de 48 a 72 horas depois do diagnóstico. A intervenção cirúrgica postergada deve ficar reservada provavelmente aos seguintes casos: Pacientes cuja condição clínica geral imponha risco inaceitável para a cirurgia precoce, Pacientes cujo diagnóstico de colecistite aguda seja duvidoso. Assim, colecistectomia imediata (dentro de 72 horas) é o tratamento de escolha para a maioria dos pacientes com colecistite aguda. Os pacientes gravemente doentes ou debilitados com colecistite podem ser tratados com colecistostomia e drenagem por tubo da vesícula biliar. Então, a colecistectomia eletiva pode ser adiada. Colecistite crônica A colecistite crônica é a forma mais comum de doença sintomática da vesícula biliar e está associada a cálculos biliares em quase todos os casos. A vesícula biliar de pacientes sintomáticos com cálculos biliares que nunca tenham tido crise de colecistite aguda pode ser de dois tipos: Algumas têm a mucosa ligeiramente aplanada, mas suas paredes são finas e sem fibrose e, exceto pelos cálculos, têm aspecto normal; Outras apresentam sinais evidentes de inflamação crônica, com espessamento, infiltração celular, perda de elasticidade e fibrose. A história clínica nesses dois grupos nem sempre é diferente, e alterações inflamatórias também são encontradas em pacientes assintomáticos com cálculos biliares. Sintomas A cólica biliar, sintoma mais característico, é causada por obstrução transitória do ducto cístico por cálculo. Náusea e vômitos podem acompanhar a dor. A cólica biliar geralmente é sentida no quadrante superior direito, mas a dor epigástrica e no lado esquerdo do abdome é comum, e alguns pacientes podem queixar-se de dor precordial. A dor pode irradiar-se ao redor da borda costal para as costas ou pode ser referida à região da escápula. A dor no alto do ombro não é comum e sugere irritação direta do diafragma. Durante a crise, é possível haver sensibilidade dolorosa à palpação do quadrante superior direito, e raramente a vesícula biliar será palpável. Diagnostico O primeiro exame complementar deve ser a ultrassonografia da vesícula biliar. O diagnóstico de cólica biliar é fortemente sugerido pela história, mas a impressão clínica deve sempre serconfirmada por exame de ultrassonografia. A cólica biliar pode simular a dor de úlcera duodenal, hérnia de hiato, pancreatite e infarto do miocárdio. Eletrocardiograma (ECG) e radiografia do tórax são indicados para investigar doença cardiopulmonar. Sugeriu-se que a cólica biliar algumas vezes agrave a cardiopatia, mas angina de peito ou ECG anormal raramente são indicações para colecistectomia. A dor radicular do lado direito nos dermátomos T6 a T10 pode ser confundida com cólica biliar. Pode-se indicar estudo radiológico contrastado do trato gastrintestinal para afastar espasmo de esôfago, hérnia de hiato, úlcera péptica ou tumor gástrico. Em alguns pacientes, a síndrome do colo irritável pode ser confundida com desconforto da vesícula biliar. Os carcinomas de ceco ou do colo ascendente podem passar sem diagnóstico, presumindo-se que a dor pós-prandial desses tumores seja causada por cálculo biliar. Complicações A colecistite crônica predispõe a colecistite aguda, cálculo no ducto colédoco e adenocarcinoma da vesícula biliar. Tratamento Tratamento clínico Evitar alimentos agressivos pode ajudar. Dissolução: Em alguns casos, os cálculos de colesterol na vesícula biliar podem ser dissolvidos com tratamento crônico com ursodiol, que reduz a saturação de colesterol na bile, inibindo a secreção de colesterol Na prática, a terapia de dissolução – isoladamente ou associada à litotripsia – é usada muito raramente, exceto para prevenção de cálculo biliar em populações suscetíveis, como pacientes submetidos à cirurgia para perda de peso. Tratamento cirúrgico A colecistectomia é indicada na maioria dos pacientes com sintomas. A colecistectomia é realizada com mais frequência por via laparoscópica, mas quando essa abordagem está contraindicada (p. ex., excesso de aderências) ou não é bem- sucedida, o procedimento pode ser realizado via laparotômica. Colecistite enfisematosa A colecistite enfisematosa é um quadro raro no qual bolhas de gás produzidas por infecção por anaeróbios surgem no lúmen da vesícula biliar, em sua parede, no espaço pericolecístico e, ocasionalmente, nos ductos biliares. Diferentemente da forma comum de colecistite aguda, é provável que essa doença seja uma infecção bacteriana desde o primeiro momento. Em muitos casos, a vesícula biliar não contém cálculos. A doença inicia com dor súbita e rapidamente progressiva no quadrante superior direito. Febre e leucocitose atingem níveis altos rapidamente, e o paciente encontra-se em estado consideravelmente mais toxêmico do que o normalmente encontrado nos casos de colecistite aguda. Ao exame, geralmente é possível palpar uma massa no quadrante superior direito. As radiografias simples do abdome mostram o enfisema tecidual definindo o contorno da vesícula biliar e, em alguns casos, nível hidroaéreo no lúmen. O quadro clínico e o aspecto radiográfico são suficientemente característicos e o diagnóstico, em geral, é evidente. Se as alterações radiográficas não forem conclusivas, a TC provavelmente será esclarecedora. O paciente deve ser tratado com altas doses de antimicrobianos efetivos contra clostrídios e as demais espécies mencionadas. O tratamento cirúrgico de emergência deve se seguir às medidas iniciais de reanimação. A colecistectomia pode ser realizada com segurança na maioria dos casos, mas pacientes em estado crítico devem ser abordados com colecistostomia. As complicações são as mesmas das outras formas de colecistite aguda, mas os quadros são mais graves e a taxa de mortalidade é mais alta. Íleo biliar O íleo biliar é a obstrução mecânica do intestino causada por um grande cálculo biliar alojado no lúmen. Ocorre mais frequentemente nas mulheres, e a média de idade dos pacientes é cerca de 70 anos. Sintomas Em geral, o paciente apresenta-se com obstrução evidente do intestino delgado, parcial ou total. O cálculo que obstrui entra no intestino através de fístula colecistentérica localizada no duodeno, no colo ou, raramente, no estômago ou no jejuno. A vesícula biliar pode conter um ou vários cálculos, mas os que causam o íleo biliar quase sempre têm diâmetro igual ou superior a 2,5 cm. O lúmen do intestino proximal permite que a maioria desses cálculos evolua no sentido caudal até alcançar o íleo. A obstrução do intestino grosso pode se seguir à passagem de um cálculo biliar por fístula na flexura hepática ou pode ocorrer após o cálculo ter atravessado todo o intestino delgado. Na maioria dos pacientes, os achados do exame físico são característicos de obstrução distal do intestino delgado. A obstrução de duodeno ou jejuno pode produzir um quadro clínico intrincado em razão da ausência de distensão. Dor à palpação e massa no quadrante superior direito podem estar presentes em alguns casos, mas talvez haja dificuldade de examinar com precisão o abdome distendido. Diagnostico Além da dilatação do intestino delgado, a radiografia simples do abdome pode revelar cálculo radiopaco e, a não ser que o médico esteja alerta para a possibilidade de íleo biliar, o cálculo ectópico pode ser um achado intrigante. Em cerca de 40% dos casos, o exame cuidadoso da radiografia revelará a presença de gás na árvore biliar, uma manifestação da fístula colecistentérica. Quando o quadro clínico não estiver bem definido, deve-se solicitar estudo radiológico contrastado do trato gastrintestinal alto, que irá demonstrar a fístula colecistoduodenal e confirmar a obstrução intestinal. Tratamento O tratamento apropriado é laparotomia de emergência com remoção do cálculo obstrutivo por meio de uma pequena enterotomia. O intestino proximal deve ser meticulosamente inspecionado para a presença de um segundo cálculo que possa causar recidiva pós-operatória. A vesícula biliar deve ser deixada intocada na cirurgia original. Após a recuperação, há indicação para colecistectomia eletiva caso o paciente tenha sintomas crônicos relacionados com a vesícula biliar. Coledocolitiase É a presença de cálculos nos dutos biliares; pode ocorrer formação de cálculos na vesícula biliar ou nos próprios dutos. O ducto colédoco pode sofrer dilatação nos 2 a 3 cm proximais à obstrução, e ductos verdadeiramente enormes ocorrem em pacientes com tumores biliares. Nos casos de coledocolitíase ou de estenose biliar, a reação inflamatória restringe a dilatação que é, então, menos evidente. A dilatação do sistema de ductos no interior do fígado também pode ser limitada por cirrose. A cólica biliar resulta do aumento rápido na pressão biliar, independentemente de o bloqueio ocorrer no ducto colédoco ou no colo da vesícula biliar. A obstrução gradual do ducto – como no câncer – raramente produz o mesmo tipo de dor encontrada na litíase biliar. Fisiopatologia A grande maioria de cálculos ductais é representada por cálculos de colesterol formados na vesícula biliar que, a seguir, migram para a árvore biliar extra-hepática através do ducto cístico. Os cálculos primários recém-formados nos ductos em geral são cálculos pigmentares marrons que se desenvolvem nos pacientes com: Parasitismo hepatobiliar ou colangite recorrente crônica; Anomalias congênitas dos ductos biliares (em especial, doença de Caroli); Ductos dilatados, esclerosados ou estreitados; Anomalia do gene MDR3 (ABCB4), que acarreta secreção biliar alterada de fosfolipídeos (colelitíase de colesterol associada a baixos níveis de fosfolipídeos). Os cálculos de colédoco podem permanecer assintomáticos por anos, ser eliminados espontaneamente e entrar no duodeno, ou (na maioria das vezes) manifestar-se com cólica biliar ou uma complicação. SintomasA coledocolitíase pode ser assintomática ou produzir colangite toxêmica súbita, levando rapidamente à morte. A gravidade do quadro é proporcional ao grau de obstrução, ao período de evolução e à extensão da infecção bacteriana secundária (ver seção sobre colangite, anteriormente). Cólica biliar, icterícia ou pancreatite podem ser achados isolados ou ocorrem em combinação junto com os sinais de infecção (colangite). A cólica biliar causada por obstrução do ducto colédoco não pode ser diferenciada da causada por cálculos na vesícula biliar. A dor pode ser localizada na região subcostal direita, no epigástrio ou, até mesmo, na região retroesternal. A dor referida à região escapular direita é comum. A possibilidade de coledocolitíase deve ser cogitada em caso de calafrios intermitentes, febre ou icterícia acompanhando a cólica biliar. Alguns pacientes observam escurecimento transitório da urina durante as crises, mesmo quando não há icterícia evidente. O prurido geralmente resulta de obstrução persistente por longo prazo. É mais intenso no clima quente, quando o paciente transpira, e geralmente é pior nos membros do que no tronco. É muito mais comum com obstrução neoplásica do que naquela produzida por cálculos biliares. É possível que haja sensibilidade dolorosa à palpação do quadrante superior direito, mas geralmente não é tão evidente quanto nos quadros de colecistite aguda, úlcera péptica perfurada ou pancreatite aguda. É possível haver aumento doloroso do fígado. Diagnostico O diagnóstico de coledocolitíase geralmente é confirmado por colangiografia, seja no pré- operatório por colangiografia retrógrada endoscópica (CRE) ou CPRM, seja no intraoperatório, durante a colecistectomia. Os cálculos de ducto colédoco devem ser considerados nos pacientes com cálculos biliares que apresentam qualquer um dos seguintes fatores de risco: História de icterícia ou pancreatite; Testes anormais da função hepática; e Evidência ultrassonográfica ou por CPRM de ducto colédoco dilatado ou cálculos no ducto. Exames laboratoriais Na colangite, é comum haver leucocitose de 15.000/mL e valores acima de 20.000/mL são comuns. Com frequência, ocorre elevação da bilirrubina sérica nas 24 horas após o início dos sintomas. O nível absoluto mantém-se abaixo de 10 mg/dL e, na maioria dos casos, varia entre 2 e 4 mg/dL. A fração direta é maior que a indireta, mas esta última está aumentada na maioria dos casos. De fato, a icterícia flutuante é tão característica da coledocolitíase que serve, com razoável confiabilidade, para diferenciar obstrução benigna de obstrução maligna. O nível sérico da fosfatase alcalina geralmente está elevado e talvez seja a única alteração bioquímica nos pacientes sem icterícia. Observam-se aumentos discretos na AST e na alanina aminotransferase (ALT) com obstrução extra-hepática dos ductos; em poucos casos, a dosagem de AST alcança 1.000 unidades transitoriamente. Diagnóstico diferencial Na rotina diagnóstica, devem ser consideradas as mesmas hipóteses descritas no diagnóstico diferencial de colecistite. Níveis séricos de amilase acima de 500 unidades/dL podem ser causados por pancreatite aguda, colecistite aguda ou coledocolitíase. Outras manifestações de doença pancreática devem ser comprovadas antes que seja aceito o diagnóstico de pancreatite. O paciente com cirrose ou hepatite alcoólica aguda pode apresentar-se com icterícia, dor do quadrante superior direito e leucocitose. A diferenciação da colangite pode ser impossível apenas com os dados clínicos. A história recente de libação sugere doença hepática aguda. A biópsia hepática percutânea pode ser específica. A colestase intra-hepática por medicamentos, gravidez, hepatite crônica ativa ou cirrose biliar primária pode ser difícil de distinguir de obstrução extra-hepática. A CPER é um exame apropriado para a distinção, particularmente quando outros (p. ex., ultrassonografia) não tiverem sido capazes de evidenciar cálculos biliares. Se a icterícia persistir por 4 a 6 semanas, é provável que uma obstrução mecânica seja a causa. Os tumores biliares geralmente produzem icterícia intensa sem cólica biliar ou febre, e, uma vez instalada, a icterícia raramente sofre remissão. Complicações A infecção duradoura dos ductos pode produzir abscessos intra-hepáticos. Insuficiência hepática ou cirrose biliar secundária podem ocorrer caso a obstrução não seja aliviada e dure muito tempo. Como a obstrução geralmente é parcial e intermitente, a cirrose ocorre apenas após vários anos de doença sem tratamento. Raramente, um cálculo no ducto colédoco produz erosão da ampola resultando em íleo biliar. A hemorragia (hemobilia) também é uma complicação rara. Colangite: A colangite pode ser aguda ou crônica, e os sintomas resultam de uma inflamação geralmente causada pela obstrução ao menos parcial do fluxo biliar. Bactérias estão presentes na cultura da bile em cerca de 75% dos casos de pacientes com colangite aguda no início da evolução sintomática. A manifestação típica da colangite aguda envolve dor biliar, icterícia e picos febris com calafrios (tríade de Charcot). As hemoculturas frequentemente são positivas e a presença de leucocitose é característica. A colangite aguda não supurativa é extremamente comum e pode responder com relativa rapidez às medidas de suporte e ao tratamento com antibióticos. Porém, na colangite aguda supurativa, a presença de pus sob pressão em um sistema ductal completamente obstruído origina sintomas decorrentes de toxemia grave – confusão mental, bacteremia e choque séptico. Icterícia obstrutiva: A obstrução gradativa do ducto colédoco durante um período de semanas ou meses costuma induzir manifestações iniciais de icterícia ou prurido sem sintomas associados de cólica biliar ou colangite. A icterícia indolor pode ocorrer nos pacientes com coledocolitíase, porém é muito mais característica da obstrução biliar secundária a uma neoplasia maligna da cabeça do pâncreas, ductos biliares ou ampola de Vater. Nos pacientes cuja obstrução é secundária à coledocolitíase, a colecistite crônica calculosa associada é muito comum e a vesícula biliar, nessas circunstâncias, pode ser incapaz de distensão. A obstrução das vias biliares causa dilatação progressiva dos ductos biliares intra-hepáticos, à medida que as pressões intrabiliares aumentam. O fluxo de bile hepática é suprimido e a reabsorção e regurgitação da bilirrubina conjugada para a corrente sanguínea resultam em icterícia acompanhada de urina escura (bilirrubinúria) e fezes de coloração clara (acólicas). A hipótese de cálculos do colédoco deve ser levantada em qualquer paciente com colecistite apresentando níveis séricos de bilirrubina > 85,5 μmol/L (5 mg/dL). Somente em casos raros, o nível máximo de bilirrubina excede > 256,5 μmol/L (15 mg/dL) nos pacientes com coledocolitíase, exceto na presença de hepatopatia ou nefropatia concomitante, ou diante de outro fator qualquer que resulte em hiperbilirrubinemia acentuada. Níveis séricos de bilirrubina maiores ou iguais a ≥ 342 μmol/L (20 mg/dL) devem sugerir a possibilidade de obstrução neoplásica. O nível sérico de fosfatase alcalina quase sempre está elevado na obstrução biliar. A elevação da fosfatase alcalina geralmente precede à icterícia detectável clinicamente e pode ser a única anormalidade das provas de função hepática de rotina. Pode haver também elevação de 2 a 10 vezes nas aminotransferases séricas, sobretudo quando associada à obstrução aguda. Pancreatite: A doença do trato biliar é o distúrbio detectado com mais frequência em pacientes com pancreatite não alcoólica.A coexistência de pancreatite deve ser considerada nos pacientes com sintomas de colecistite que manifestam dor na coluna dorsal ou à esquerda da linha média abdominal; vômitos prolongados com íleo paralítico; ou derrame pleural, sobretudo no lado esquerdo. O tratamento cirúrgico da doença calculosa biliar costuma estar associado à resolução da pancreatite. Cirrose biliar secundaria: A cirrose biliar secundária pode complicar a obstrução ductal prolongada ou intermitente, com ou sem colangite recorrente. Embora possa ser detectada nos pacientes com coledocolitíase, essa complicação é mais comum nos casos de obstrução prolongada por estenose ou neoplasia. Uma vez estabelecida, a cirrose biliar secundária pode ser progressiva mesmo depois da correção do processo obstrutivo, e a cirrose hepática progressivamente mais grave pode causar hipertensão portal ou insuficiência hepática e morte. A obstrução biliar prolongada pode estar associada também a deficiências clinicamente relevantes das vitaminas lipossolúveis A, D, E e K. Tratamento Os pacientes com colangite aguda devem ser tratados com terapia antimicrobiana sistêmica e outras medidas, conforme descrito nas seções precedentes; essa conduta geralmente controla a crise em 24 a 48 horas. Se o quadro do paciente se agravar, ou quando não for observada melhora em 2 a 4 dias, há indicação para esfincterotomia endoscópica ou cirurgia para exploração do ducto colédoco. Os pacientes com cálculos no ducto colédoco que tenham sido previamente submetidos à colecistectomia devem ser tratados por esfincterotomia endoscópica. Complicações pós colecistectomia Colecistectomia é um procedimento cirúrgico que consiste na retirada da vesícula biliar, que é o órgão localizado próximo ao fígado. A função da vesícula é ajudar na digestão de gorduras. Além disso, também é onde se concentra a bile, líquido gerado pelo fígado que é despejado no intestino, próximo ao duodeno. As complicações iniciais da colecistectomia incluem atelectasia e outros distúrbios pulmonares, formação de abscesso (na maioria das vezes, subfrênico), hemorragia externa ou interna, fístula enterobiliar e extravasamentos de bile. Icterícia pode indicar absorção de bile a partir de um acúmulo intra-abdominal pós- extravasamento biliar ou obstrução mecânica do ducto colédoco pela presença de cálculos retidos, coágulos sanguíneos intraductais ou compressão extrínseca. Em resumo, a colecistectomia é uma cirurgia muito bem-sucedida que proporciona alívio total ou parcial dos sintomas pré-operatórios em 75 a 90% dos pacientes. A causa mais comum dos sintomas persistentes pós- colecistectomia é um distúrbio sintomático não biliar despercebido (p. ex., esofagite de refluxo, ulceração péptica, pancreatite ou, mais frequentemente, síndrome do intestino irritável). Porém, em alguns pacientes, um distúrbio dos ductos biliares extra-hepáticos pode resultar em sintomatologia persistente. As denominadas “síndromes pós- colecistectomia” podem ser devidas aos seguintes fatores: Estenoses biliares Cálculos biliares retidos Síndrome do coto do ducto cístico Estenose ou discinesia do EO Diarreia ou gastrite induzida por sais biliares. Síndrome do coto do ducto cístico: Na ausência de cálculos retidos demonstrados pela colangiografia, os sintomas que se assemelham à dor biliar ou à colecistite no paciente pós- colecistectomia são atribuídos com frequência à doença de um remanescente de ducto cístico longo (> 1 cm) (síndrome do coto do ducto cístico). Entretanto, uma análise minuciosa revela que as queixas pós-colecistectomia podem ser atribuídas a outras causas em quase todos os pacientes cujo complexo sintomático tenha sido originalmente considerado resultante da existência de um coto de ducto cístico longo. Desse modo, convém pesquisar com muito cuidado o possível papel de outros fatores na produção dos sintomas pós- colecistectomia, antes de atribuí-los à síndrome do coto do ducto cístico. Estenose e discernia do esfíncter de oddi e discernia biliar: Sintomas de cólica biliar acompanhada de sinais de obstrução biliar intermitente recidivante podem ser causados por colecistopatia acalculosa e por estenose ou discinesia do EO. Admite-se que a estenose papilar resulte da inflamação aguda ou crônica da papila de Vater, ou da hiperplasia glandular do segmento papilar. Os cinco critérios usados para definir estenose do EO são: Dor no abdome superior, geralmente no QSD ou na região epigástrica; Anormalidades nas provas de função hepática; Dilatação do ducto colédoco à CPRM ou CPRE; Drenagem retardada (> 45 minutos) do contraste presente no ducto; Pressão basal alta no EO. Os distúrbios do EO biliar caracterizam-se por três critérios: dor biliar, Inexistência de cálculos no ducto biliar ou outras anormalidades, e elevações das enzimas hepáticas ou dilatação do ducto colédoco, mas não de ambas simultaneamente. Diarreia e gastrite induzidas por sais biliares: Depois da colecistectomia, os pacientes podem apresentar sintomas de dispepsia atribuídos ao refluxo duodenogástrico de bile. Entretanto, faltam dados concretos capazes de relacionar tais sintomas à gastrite biliar subsequentemente à remoção cirúrgica da vesícula biliar. A colecistectomia causa alterações persistentes do trânsito intestinal que acarretam modificação perceptível dos hábitos intestinais. A colecistectomia reduz o tempo de trânsito intestinal porque acelera a passagem do bolo fecal pelo cólon, com intensa aceleração no cólon direito, acarretando aumento do débito colônico de ácidos biliares, assim como desvio da composição de ácidos biliares para suas formas secundárias causadoras de diarreia (i.e., ácido desoxicólico). A diarreia suficientemente grave (i.e., 3 ou mais evacuações líquidas por dia) pode ser classificada como diarreia pós- colecistectomia, que ocorre em 5 a 10% dos pacientes submetidos à colecistectomia eletiva.
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