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Kawanny Arruda, FITS. OBJETIVO 1) Conhecer a anatomofisiologia da vesícula biliar e as estruturas anatômicas envolvidas Trato biliar compreende: 1. Canalículos biliares intra-hepáticos; 2. Ductos biliares intra-hepáticos; 3. Ductos hepáticos direito e esquerdo; 4. Ducto hepático comum; 5. Colédoco; 6. Vesícula biliar; 7. Ducto cístico; 8. Ampola de Vater. Vias biliares é o conjunto de condutos orgânicos que conectam fígado e vesícula biliar ao duodeno. Esses condutos, foram anatomicamente desenvolvidos para conduzir a bile produzida no fígado até a segunda porção duodenal. Temos as vías biliares intrahepáticas (formada pelos canalículos biliares ⇒ drenam a bile até os ductos biliares⇒se unem e formam ducto hepático direito e esquerdo ) e também as vias biliares extra hepáticas (formadas pela anastomose dos ductos hepático direito e esquerdo, que formam o ducto hepático comum → ele recebe o ducto cístico e abaixo dessa união forma-se o ducto colédoco ⇒ conduz bile até porção descendente do duodeno. O ducto colédoco tem 4 porções: 1. Supraduodenal 2. Retroduodenal 3. Intrapancreática → se anastomosa com ducto pancreático principal → forma a ampola de vater → penetra na porção descendente do duodeno, na sua papila maior que está rodeada pelo esfíncter de oddi. Já a papila duodenal maior, recebe o ducto pancreático acessório. 4. Intraduodenal Vesícula Órgão sacular que tem de 7 a 10 cm de comprimento, e capacidade de 30 a 50 mL, em casos de obstrução, suporta até 300mL (ela se distende). Fica na borda inferior do fígado, na linha que divide o fígado em lobos direito e esquerdo. Não há na vesícula uma camada muscular da mucosa e submucosa. Tem a função de armazenar a bile produzida pelo fígado, armazenamento que se dá nos períodos de jejum. Possui 4 partes: 1. Fundo: parte menos vascularizada → por isso é local de perfuração nos casos de colecistite⇒ é a única parte palpável. 2. Corpo: há concentração de armazenamento da bile →nessa região há maior tecido elástico. 3. Infundíbulo;área de transição entre corpo e colo. 4. Colo. Possui: 1. Ducto cístico ⇒ se une ao ducto hepático e forma o ducto colédoco. 2. Tem esfíncter em torno da ampola⇒ ele se fecha quando o intestino delgado está vazio, fazendo com que a bile produza retorno pelo ducto cístico e seja armazenada na vesícula biliar. Kawanny Arruda, FITS. Fígado É considerado a maior víscera do corpo, pesando 1,3kg. Fica sob o diafragma ocupando grande parte do HD. ➔ Possui uma cápsula fibroelástica resistente que o circunda⇒ Cápsula de Glisson. ➔ É dividido em 2 grandes lobos (DIR e ESQ) e 2 lobos menores (CAUDADO e QUADRADO). ➔ O fígado recebe 25% do débito cardíaco de um indivíduo em repouso. Dentre todos os órgãos abdominais, ele é o que possui irrigação sanguínea dupla, ele tem circulação venosa (por meio da veia porta hepática) e circulação arterial (através da artéria hepática). O volume sanguíneo que chega no fígado, é 25% proveniente da artéria hepática e 75% chegam por meio da veia porta (não tem válvula) → o sangue venoso que vem da veia porta hepática é fruto do sistema digestório e de principais órgãos abdominais → por isso essa circulação sanguínea traz nutrientes e substâncias tóxicas absorvidos no intestino + células sanguínea e produtos de decomposição do baço + insulina e glucagon secretados no pâncreas. Já em relação a drenagem venosa, ela é feita pelas veias hepáticas sem válvulas ⇒ elas drenam para a veia cava inferior. ➔ O sangue originado na veia porta oferece 75% do oxigênio necessário ao fígado. ➔ A diferença de pressão entre veia porta e veia hepática permite ao fígado armazenar 500 a 1.000 ml de sangue → ele pode ser devolvido a circulação sistêmica em condições de hipovolemia e choque. Possui unidades funcionais, que seriam os lóbulos, uma estrutura cilíndrica. No fígado, há de 50.000 a 100.000. Cada lóbulo está organizado em torno de uma veia central → essa veia drena para as veias hepáticas → que drenam para a veia cava. Na periferia do lóbulo, teremos ductos biliares terminais e ramos da veia porta e artéria hepática. Também são notadas placas de células hepáticas que se irradiam como os raios de uma roda → separando essas placas temos capilares sinusoidais largos e paredes finas (sinusóides). Sinusóides são irrigados por sangue da veia porta e da artéria hepática ⇒ eles estão em contato direto com os hepatócitos e permitem troca de substância entre sangue e células hepáticas. Entre o revestimento do sinusóide e o hepatócito, está o espaço de Disse → produz linfa que é drenada para espaços portais e também tem no seu interior as células estreladas (de Ito) → participam no metabolismo e acumulam vitamina A. Sinusóides são revestidos por: 1. Células endoteliais capilares típicas ⇒ formam a parede do sinusóide e tem poros que permitem trocar fluidos e partículas entre sangue e o espaço de Disse. Kawanny Arruda, FITS. 2. Células de Kupffer: removem e fagocitam hemácias envelhecidas e anormais. Além de bactérias e outros materiais estranhos ⇒ ação fagocitária! Nessas células temos endotoxinas que liberam TNF, citocinas e enzimas. Possui unidades funcionais, que seriam os lóbulos, uma estrutura hexagonal. Na periferia, têm-se os espaços portais e no centro a veia centrolobular. Nós temos o ácino dividido em em 3 zonas (periportal, mediozonal e perivenular). ★ Zona 1: predominam neoglicogênese e reprodução celular, as mitocôndrias são mais numerosas e volumosas; ★ Zona 3: predominam lipogênese → formação de pigmentos e reações de biotransformação → concentram se desidrogenase e o citocromo P-450 ⇒ recebe sangue pouco oxigenado → mais suscetível a isquemia. Kawanny Arruda, FITS. Secreção, armazenamento e esvaziamento da vesícula biliar O fígado também possui função exócrina e endócrina. A função exócrina corresponde à SECREÇÃO DA BILE, cerca de 600 e 1.000 mililitros por dia. Ela tem 2 funções importantes: 1. Digestão e absorção de gordura⇒ ácidos biliares emulsificam grandes partículas de gordura do alimento → deixa elas menores e assim as enzimas lipases no suco pancreático podem fazer seu trabalho. Também auxilia na absorção de produtos finais de gordura digerida. 2. É meio de excreção ⇒ bilirrubina (produto final da destruição da hemoglobina) e excesso de colesterol. 2 ESTÁGIOS DE SECREÇÃO DA BILE Hepatócitos fazem secreção inicial → tem ácidos biliares + colesterol → é secretada em canalículos biliares que estão entre as células hepáticas → (estágio 2) → bile flui nos canalículos e vai para os septos interlobulares → os canalículos desembocam nos ductos biliares terminais → ducto hepático → ducto biliar comum ⇒ se esvazia diretamente no duodeno OU é desviada para a vesícula biliar por meio do ducto cístico. Enquanto passa nos ductos biliares, a bile sofre acréscimo de Na+ e HCO3- que é secretada pelas células epiteliais do ducto ⇒ quem estimula essa liberação é a secretina (está nas células S → ficam inativas por um tempo). ARMAZENAMENTO DA BILE A vesícula biliar vai armazenar e concentrar a bile produzida, até que o duodeno necessite dela. Ela pode conter de 30 a 60 ml, podendo ser armazenada por até 12 horas. Substâncias mais abundantes: sais biliares. Menos abundantes: bilirrubina, colesterol, lecitina e eletrólitos. Enquanto a bile está concentrada na vesícula, ocorre reabsorção da mucosa deste órgão de água e eletrólitos (menos íons cálcio) ⇒ porém, sais biliares, colesterol e lecitina, não são reabsorvidos, eles se concentram na bile. Pressão máxima de 35 cm de água; Normal: de 10 a 20. Vesícula de porcelana ⇒ cálcio que não é absorvido ⇒ malignidade pra CA de vesícula. Lama: precipitação do colesterol; ESVAZIAMENTO DA VESÍCULA BILIAR Se dá pela colecistoquinina (CCK), é ativada na presença de alimentos gordurosos no duodeno → causa contrações da vesícula biliar. Basicamente, quando os alimentos começam a ser digeridos no trato digestivo superior, a vesícula biliar começa a se esvaziar, sobretudo quando alimentos gordurosos chegam no duodeno ⇒ se tem contrações da parede vesicular+ relaxamento simultâneo do esfíncter de oddi. A vesícula biliar também é estimulada menos fortemente pelas fibras nervosas secretoras de acetilcolina do sistema vago e do sistema nervoso entérico intestinal. Elas são os mesmos nervos que promovem a motilidade e a secreção em outras partes do trato digestivo superior. Em resumo, a vesícula biliar esvazia seu estoque de bile concentrado no duodeno, principalmente em resposta ao estímulo CCK, que é iniciado principalmente por alimentos gordurosos. Quando a gordura não está na comida, a vesícula biliar se esvazia mal, mas, quando quantidades significativas de gordura estão presentes, a vesícula biliar normalmente esvazia-se completamente em cerca de 1 hora. Kawanny Arruda, FITS. Funções dos sais biliares na digestão e na absorção de gordura Células do fígado vão produzir 6 gramas por dia de sais biliares, sendo o seu precursor o colesterol → ele é fruto de dieta ou é produzido nas células do fígado durante o metabolismo da gordura. Colesterol⇒ convertido em ácido cólico⇒ se combinam com glicina e taurina⇒ formam ácidos biliares glicoconjugados e tauroconjugados⇒ os sais desses ácidos, como os sais de sódio, são secretados na bile. AÇÕES DOS SAIS BILIARES 1. Ação detergente sobre as partículas de gordura dos alimentos; 2. Ajudam na absorção de ácidos graxos, monoglicerídeos, colesterol e outros lipídios → ajudam na absorção ao formarem as micelas. 3. A maior parte da bile é água. Fígado - funções metabólicas METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS: células hepáticas conseguem armazenam muita glicose na forma de glicogênio, quando tem pouca glicose no sangue, o glicogênio é convertido em glicose por glicogenólise. No jejum, o fígado consegue produzir glicose por meio de aminoácidos, glicerol e outros. Também converte excesso de carboidrato em triglicerídeos que são armazenados no tecido adiposo. SÍNTESE DE PROTEÍNAS E CONVERSÃO DE AMÔNIA EM UREIA (Converte amônia em ureia → esta é menos tóxica → é excretada na urina.): albumina, fibrinogênio e fatores de coagulação. ★ Degradação de medicamentos e toxinas. ★ Função de inativação de alguns hormônios, estrogênio e aldosterona. ★ Armazena vitaminas e sais minerais → ativa vitamina D. BILE NÃO CONTÉM ENZIMA DIGESTIVA ⇒ A bile não faz digestão da gordura, mas sua presença facilita a digestão. OBJETIVO 2) Entender as causas da icterícia (metabolismo da bilirrubina) FORMAÇÃO DA BILIRRUBINA ★ Bilirrubina é um pigmento amarelo que é produto final do metabolismo do heme; A maior parte é fruto da destruição fisiológica das hemácias pelo sistema fagocítico mononuclear. Hemácias ficam por 120 dias no sangue → são rompidas → ocorre liberação de hemoglobina que, por sua vez, libera globina que se liga ao núcleo heme → a enzima heme-oxigenase abre o núcleo e libera o átomo de ferro do seu interior, forma BILIVERDINA. A biliverdina sofre ação da biliverdina redutase → é transformada em BILIRRUBINA NÃO CONJUGADA (BNC) ou indireta: é pouco hidrossolúvel, circula no sangue ligada a albumina → chega aos hepatócitos, os quais captam a BNC → vai para o citoplasma e é conjugada com ácido glicurônico e forma a BILIRRUBINA CONJUGADA ou direta. A bilirrubina conjugada é excretada por meio da membrana canalicular dos hepatócitos → é excretada na bile → chega ao intestino delgado e ao cólon ⇒ sofre ação da enzima α-glicuronidase que faz sua desconjugação, retornando então a ser uma bilirrubina não conjugada⇒ ela se transforma em urobilinogênio⇒ que se transforma em estercobilina ⇒ é excretada nas fezes e da cor as mesmas. ➔ A maior parte da bilirrubina é eliminada nas fezes, mas uma pequena parte é eliminada na urina. FISIOPATOLOGIA ★ A bilirrubina conjugada e a não conjugada podem se acumular sistemicamente. Kawanny Arruda, FITS. BILIRRUBINA NÃO CONJUGADA (BNC): insolúvel e se liga a albumina, então ela não pode ser excretada na urina⇒ se os níveis dela aumentarem, a fração não ligada a albumina pode se difundir para tecidos (sobretudo para o cérebro de lactentes, produzindo lesões tóxicas → doença hemolítica do RN (eritroblastose fetal) → pode causar danos graves, como o kernicterus). BILIRRUBINA CONJUGADA (BC): é hidrossolúvel, não tóxica e está frouxamente ligada a albumina⇒ logo, o excesso de BC pode ser excretado na urina. Os níveis séricos de bilirrubina no adulto normal variam entre 0,3 e 1,2 mg/dL. A icterícia torna-se evidente quando os níveis séricos de bilirrubina aumentam acima de 2 a 2,5 mg/dL; ★ níveis elevados como 30 a 40 mg/dL podem ocorrer na doença grave. Bilirrubina não conjugada ou indireta: ★ é lipossolúvel; ★ tem afinidade com o TN, logo, pode causar kernicterus nos RN. Bilirrubina conjugada ou direta: ★ é hidrossolúvel; ★ A icterícia é mais acentuada. Consiste na coloração amarelada da pele e de tecidos profundos. Há basicamente um desequilíbrio entre síntese e eliminação de bilirrubina, se os níveis séricos de bilirrubina ficarem entre 2,5e 3. Neonato: 8 a9. (VER ESSE VALOR PARA CRIANÇA TAMBÈM) , a icterícia se torna perceptível. Como a bilirrubina tem maior afinidade com tecidos elásticos, um dos principais sinais se dá pela esclerótica do olho (tem alto teor de fibra elástica). 5 causas principais: 1. Destruição excessiva de hemácias; 2. Captação reduzida de bilirrubina pelas células hepáticas; 3. Conjugação reduzida de bilirrubina; 4. Obstrução do fluxo de bile nos canalículos dos lóbulos hepáticos ou nos ductos biliares intra-hepáticos e extra-hepáticos; 5. Produção excessiva de bilirrubina. ICTERÍCIA POR EXCESSO DE OFERTA DE BNC: ela acontece nos casos de hemólise (eu tenho hemácias sendo destruídas numa taxa maior que a capacidade do fígado de remover a bilirrubina do sangue). ★ Anemias hemolíticas, exemplo: eritroblastose fetal. ★ insolúvel e se liga a albumina, então ela não pode ser excretada na urina⇒ se os níveis dela aumentarem, a fração não ligada a albumina pode se difundir para tecidos (sobretudo para o cérebro de lactentes, produzindo lesões tóxicas → doença hemolítica do RN (eritroblastose fetal) → pode causar danos graves, como o kernicterus). ICTERÍCIA POR DEFEITOS NA CONJUGAÇÃO DE BILIRRUBINA: falta da enzima UDP-glucuronil transferase → doença de Crigler-Najjar. Ou, se não for a falta, pode ser sua inibição (pelo estrógeno no leite materno). Doença de Crigler-Najjar tem 2 tipos: 1. herança autossômica recessiva. Atividade nula da enzima. BC está ausente da bile e BNC níveis acima de 25 (como a BNC é insolúvel e está ligada a albumina, ela não vai pra urinar e se difunde para tecidos). Crianças morrem devido ao kernicterus ⇒ única forma capaz de salvar a criança: transplante hepático. MAIS GRAVE. 2. herança autossômica dominante. Níveis séricos de BNC menor que 25 e fenobarbital têm resposta terapêutica. Junto com a fototerapia, a criança pode chegar a fase adulta. MENOS GRAVE. Doença De Gilbert: níveis de BNC entre 1 a 4, sem consequências clínicas. Há pequena deficiência na enzima. ICTERÍCIA POR ALTERAÇÕES NA EXCREÇÃO DE BILIRRUBINA CONJUGADA: devido a obstrução mecânica das vias biliares, impedindo que a BC chegue ao intestino. Acontece: ➔ Interrompe o fluxo biliar ⇒ ocorre refluxo para o sangue de todos os componentes da bile (não só da bilirrubina); ➔ Pigmentos biliares não chegam ao intestino⇒ acolia fecal (fezes descoradas) e colúria (pigmento biliar na urina, já que BC é hidrossolúvel); ➔ Icterícia, prurido; ➔ Aumento de γ-glutamil-transpeptidase (γ-GT) e fosfatase alcalina (FA). Kawanny Arruda, FITS. ➔ Causas: (a) obstrução de grandes ductos biliares, caracterizando a colestase extra-hepática, que requer tratamento cirúrgico; (b) alterações nas microestruturas do polo biliar de hepatócitos ou colangíolos/pequenos ductos, resultando em colestase intra-hepática, com terapêutica clínica. Sob o ponto de vista anatômico, a icterícia pode ser classificada em pré-hepática, intra-hepática e pós-hepática. PRÉ-HEPÁTICA INTRA-HEPÁTICA OU HEPATOCELULAR PÓS-HEPÁTICA OU OBSTRUTIVA 1) HEMÓLISE: Corresponde a destruição excessiva de hemácias → hemácias são destruídasnuma taxa maior que a capacidade do fígado em remover a bilirrubina do sangue. ● Reação hemolítica a transfusão de sangue; ● Esferocitose hereditária (membranas das hemácias não são normais); ● Doença hemolítica do RN. Níveis de BNC: aumentados. Fezes: cor normal. Urina: sem bilirribunia. É fruto de distúrbios que afetam a função hepática em relação a REMOVER BILIRRUBINA DO SANGUE ou CONJUGÁ-LA de forma que possa ser eliminada na bile. Ou seja, ela interfere em todas as etapas do metabolismo da bilirrubina (captação, conjugação e excreção). ● Doença de Gilbert: diminui remoção da bilirrubina. ● Hepatite e cirrose. ● AO, esteróides, anabolizantes, rifampicina. A conjugação é reduzida sempre que há destruição de células hepáticas + quando o transporte da bilirrubina pelas células hepáticas está reduzido + quando as enzimas necessárias à conjugação da bilirrubina estão ausentes. BC e BNC: aumentam. Urina: escura - colúria. FA: ligeiramente elevado. Quando o fluxo da bile é obstruído entre fígado e intestino, sendo essa obstrução localizada na junção do ducto hepático direito ou esquerdo e a área em que o ducto biliar drena dentro do intestino. CAUSAS: ● Estenoses do ducto biliar; ● Cálculos biliares; ● Tumores do ducto biliar ou do pâncreas Níveis de BC: aumentados. Fezes: cor cinza-clara (não tem bilirrubina na bile) ⇒ acolia fecal. Urina: escura ⇒ colúria FA: ligeiramente elevada. Aminotransferase: pouco elevadas. À medida que os ácidos biliares acumulam-se no sangue, o paciente começa a referir prurido. A queixa de prurido precedendo a icterícia é comum nos pacientes com icterícia obstrutiva EXAMES DA FUNÇÃO HEPATOBILIAR -extra!!! LESÃO HEPÁTICA: alanina aminotransferase (ALT → antes era chamada de TGP) e aspartato aminotransferase (AST → antes era chamada de TGO) ⇒ níveis elevados indicam lesão hepática em estágio inicial. ★ ALT está predominantemente no fígado⇒ é um indicador mais específico de inflamação do que o AST (pode estar elevado em doenças que comprometem coração e músculo). ★ Na maioria das doenças hepáticas, a atividade da ALT é maior. Exceto: hepatite alcoólica (álcool exacerba lesão mitocondrial → aumenta liberação de AST mitocondrial no soro), cirrose hepática e carcinoma hepatocelular. Kawanny Arruda, FITS. FUNÇÃO DE SÍNTESE DO FÍGADO: níveis séricos das proteínas e no tempo de protrombina. FUNÇÃO EXCRETORA DO FÍGADO: níveis séricos de bilirrubina, γ-glutamiltransferase (GGT), 59-nucleotidase e fosfatase alcalina. ➔ FA e 59-nucleotidase⇒ nas membranas entre células hepáticas e ducto biliar → liberadas nos distúrbios que afetam os ductos; ➔ GGT ⇒ no retículo endoplasmático dos hepatócitos e nas células epiteliais dos ductos biliares → transporta aminoácidos e peptídeos para as células hepáticas. Indicador de doença hepatobiliar. OBJETIVO 3) Compreender a colelitíase (definição, fatores de risco, fisiopatologia, classificação, quadro clínico, diagnóstico e tratamento -farmacológico e não farmacológico) e citar suas complicações DEFINIÇÃO Corresponde aos cálculos biliares que são depósitos cristalizados formados na maioria das vezes na vesícula biliar, e esses cálculos podem conter colesterol e/ou bilirrubina. FATORES DE RISCO PARA A FORMAÇÃO DOS CÁLCULOS ★ Aumento da idade; ★ Sexo feminino ⇒ independente da idade, é 2x maior. ★ Hereditariedade ⇒ história familiar positiva traz risco. ★ Gravidez⇒ reduz a motilidade da vesícula biliar. ★ Síndrome metabólica e resistência à insulina; ★ Vida sedentária; ★ Obesidade; ★ Rápida perda de peso; ★ Dieta rica em colesterol; ★ Estase da vesícula biliar; ★ Estrogênio e contraceptivos orais ⇒ o estrogênio aumenta tanto a absorção como a síntese de colesterol pelo fígado, levando ao excesso de secreção biliar de colesterol. ★ Diabete. ★ CEFTRIAXONA E DIPIRIDAMOL: são sequestradores de sais biliares ⇒ podem originar precipitados na bile e cálculos biliares. FATORES DE RISCO PARA OS CÁLCULOS BILIARES PIGMENTARES ★ Cirrose hepática; ★ Pancreatite crônica; ★ Anemia hemolítica; ★ Fibrose cística; ★ Doença de Crohn; ★ Ressecção ileal extensa; ★ Infecção biliar; ★ Dietas deficientes em ácido fólico ou vitamina B12; ★ Envelhecimento. FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE SINTOMAS ★ Sexo feminino; ★ Múltiplos cálculos; ★ Cálculos maiores que 10 mm; ★ Idade acima de 50 anos. ★ O risco de colecistite foi calculado em 3,2/1.000 pessoas/ano para homem com um cálculo biliar pequeno, porém, para mulher com múltiplos cálculos e pelo menos um cálculo maior que 10 mm, o risco de colecistite sobe para 23,5/1.000 pessoas/ano. EPIDEMIOLOGIA - EXTRA! ➔ Em países ocidentais: cálculos de colesterol. Nações em desenvolvimento e na ásia: cálculos mistos ou pigmentares. ➔ Terceira causa mais frequente de internação na emergência em cirurgia. ➔ Mulheres são mais afetadas (relação de 3:1). ➔ Somente poucos pacientes com litíase biliar desenvolve sintomas; FISIOPATOLOGIA CÁLCULOS DE COLESTEROL Eles são fruto da conjugação de 3 fatores: Kawanny Arruda, FITS. 1. Saturação da bile por colesterol 2. Aceleração da nucleação 3. Hipomotilidade da vesícula. O colesterol é insolúvel na água, ele precisa de ácidos biliares e fosfolipídios para se tornar hidrossolúvel. Na bile, o colesterol está em micelas, são agregados que contêm ácidos biliares e lecitina que vão fazer o papel de emulsificação. Porém, quando eu tenho excesso de colesterol, eu não tenho agentes emulsificantes o suficiente para mantê-lo na solução, assim a bile acaba saturando, o colesterol começa a se agregar e formar microcristais. Essa agregação, é o que chamamos de nucleação → o principal fator que favorece a nucleação é a mucina ⇒ uma glicoproteína que é produzida na vesícula em situações de supersaturação da bile. Com o tempo, a parede da vesícula começa a absorver a bile supersaturada, causando a hipomotilidade vesicular → como a vesícula fica parada, os microcristais e colesterol começam a se unir e formar os cálculos. De acordo com o aspecto macroscópico e composição química, podemos dividir os cálculos em 2 grupos: 1. Cálculos de colesterol: tem 75% de incidência. São amarelados, únicos ou múltiplos, e medem geralmente de 1 mm a 4 cm⇒ excesso de colesterol em relação a capacidade carreadora → pode ser excesso absoluto de colesterol ou menor concentração de solubilizantes, como os sais biliares. A bile tem seu limite excedido quanto a capacidade de solubilizar o colesterol, ela fica supersaturada ou litogênica. Como o colesterol é insolúvel em água, ele precisa de uma dispersão aquosa em micelas ou vesículas, precisando de um segundo lipídio para solubilizar. Se tiver excesso de colesterol em comparação com os fosfolipídios, as vesículas ricas em colesterol instáveis se unem em vesículas maiores e precipitam cristais. 2. Cálculos pigmentares: tem 25% de incidência. São os cálculos de cálcio e bilirrubina. Podem ter cor preta ⇒ chamados de bilirrubinato de cálcio → associados a hemólise crônica. Podem ser marrom → bilirrubinato + ácidos graxos. Os cálculos de pigmento se formam quando a bile contém alta concentração de bilirrubina não conjugada na árvore biliar, como pode ocorrer em pacientes com hemólise extravascular crônica ⇒ presente em algumas anemias clássicas; como a anemia falciforme, a esferocitose hereditária e a talassemia.. Os precipitados são, em grande parte, sais de bilirrubinato de cálcio insolúveis. CÁLCULOS DE COLESTEROL CÁLCULOS DE PIGMENTO ➔ Origem exclusiva na vesícula biliar; ➔ 50 a 100% de colesterol; ➔ Cálculos de colesterol puro: amarelo-claro; ➔ Proporções crescentes de carbonato de cálcio, fosfatos e bilirrubina: branco-acinzentada a preta. ➔ São ovóides e firmes; ➔ Geralmente são múltiplos; ➔ A maioria é radiolucente, mas 20% pode ter carbonato de cálcio suficiente para ser radiopaco. ➔ Origem: qualquer lugar da árvore biliar; ➔ Cálculos pretos: estão na bile estério da vesícula biliar ⇒ geralmente são pequenos, numerosos e friáveis ao toque ⇒ geralmente radiopacos. ➔ Cálculos castanhos: em ductos intra-hepáticos ou extra-hepáticosinfectados ⇒ tendem a ser únicos ou em número reduzido. Tem consistência macia, oleosa ⇒ geralmente radiolucentes. Kawanny Arruda, FITS. Cálculos de colesterol. A parede da vesícula biliar está espessada e fibrótica devido à colecistite crônica CLASSIFICAÇÃO Os cálculos biliares são classificados em cálculos de colesterol e cálculos pigmentares. Os de colesterol são subdivididos em puros e mistos, sendo os mistos os mais prevalentes. Os únicos cálculos biliares formados fora da vesícula biliar são os cálculos pigmentados castanhos. Esses cálculos formados nos próprios ductos biliares definem a coledocolitíase primária, sendo responsáveis por apenas 10% dos casos de coledocolitíase. QUADRO CLÍNICO Antes de tudo, 70 a 80% dos indivíduos que possuem cálculos biliares ficam assintomáticos. Na minoria: ★ Dor epigástrica ou no QSD → pode ser constante (principalmente) ou espasmódica⇒ e fruto da obstrução da vesícula ou árvore biliar ou devido a própria colecistite. Dor persistiu por mais de 3h? pensar em colecistite aguda. ★ Complicações mais graves: empiema (pus no espaço pleural),perfuração, fístulas, inflamação da árvore biliar (colangite), colestase obstrutiva e pancreatite. ★ Ocasionalmente, um cálculo grande pode erodir/corroer em uma alça vizinha de intestino delgado → gera obstrução intestinal → íleo do cálculo biliar. DIAGNÓSTICO Método de escolha: USG abdominal → é o mais sensível e mais específico. Características da USG: ➔ Cálculos biliares são móveis, únicos ou múltiplos; ➔ Aumento de ecogenicidade que vão projetar uma sombra acústica posterior; ➔ Pode ser visualizada a lama biliar⇒ é uma imagem ecogênica, mas sem sombra acústica; ➔ Caso tenha colecistite associada, será visto espessamento das paredes da vesícula biliar; ➔ Cálculos em ducto biliar comum algumas vezes não são visualizados, principalmente se houver excesso de gases intestinais ao exame. ➔ Caso não sejam observadas alterações na ultrassonografia e a litíase biliar seja a suspeita diagnóstica do paciente, prossegue-se com a colecistografia oral e prova motora. Exames laboratoriais podem ser solicitados: ➔ Na colelitíase, na maioria das vezes são normais. Mas, pode ocorrer pequena elevação transitória e discreta da bilirrubina sérica (função excretora),, aminotransferase (lesão hepática) e fosfatase alcalina (função excretora). ➔ Presença de colangite ou pancreatite ⇒ pode ter leucocitose. ➔ Obstrução ⇒ proteina C reativa. Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE): ➔ É útil em alguns casos; ➔ Melhor exame para ver a via biliar e pancreática; ➔ Avalia complicações, como a coledocolitíase. A colangiorressonância tem sido usada mais frequentemente no diagnóstico das complicações. É um exame não invasivo, sem necessidade de contraste, para avaliar ducto biliar intra e extra-hepático além do ducto pancreático. Possui sensibilidade e Kawanny Arruda, FITS. especificidade de 95 e 97%, respectivamente, para diagnosticar obstrução de ducto biliar. A ultrassonografia endoscópica também pode ser útil para diagnosticar cálculos no ducto biliar comum e para detecção de microlitíase, embora seu uso seja apenas em crianças maiores devido a restrições de tamanho do endoscópio. A CPRE é uma técnica que utiliza simultaneamente a endoscopia digestiva, procedimento que consiste na utilização de tubos flexíveis que permitem a visualização de imagens do tubo digestivo em monitores de televisão, e a imagem fluoroscópica para diagnosticar e tratar doenças associadas ao sistema biliar e pancreático. Um endoscópio é inserido na garganta do paciente, passando pelo esôfago e estomago até a primeira parte do intestino delgado. Através desse tubo é injetado um contraste para demarcar o ducto biliar e o ducto pancreático nas imagens de raio X. Por essas imagens é possível visualizar qualquer estreitamento ou bloqueio nos dutos. Embora seja mais invasiva, a principal vantagem é que o médico pode retirar o cálculo que está bloqueando a passagem da bile ou proceder em outras doenças biliares e pancreáticas. COMPLICAÇÃO DA CPRE? Pancreatite aguda. Maior especificidade para 2 mm ⇒ abaixo disso é preferível EDA. Avaliar complicações como a coledocolitiase. TRATAMENTO Geralmente os pacientes são assintomáticos e complicações nesses pacientes são muito incomuns. Como há uma história de benignidade nos cálculos biliares assintomáticos, geralmente os pacientes são manejados de forma conservadora (isso também serve para pacientes com sintomas atípicos, como dispepsia) ⇒ orientações quanto evitar comidas gordurosas e em grande quantidade. Caso exista os sintomas típicos, talvez possa ocorrer complicações ou os sintomas se tornam recorrentes, sendo indicado tratamento cirúrgico. Para os pacientes que possuem cálculos biliares e são assintomáticos, porém possuem alto risco do desenvolvimento de sintomas ou câncer de VB ou pancreatite biliar, existe a opção de colecistectomia profilática. As indicações são: Vesícula em porcelana; Pólipos de alto risco – idade superior a 60 anos, maiores que 1 cm e com crescimento documentado em USG seriada; Cálculos grandes (maiores que 3 cm); Vesícula com anomalia congênita; Anemias hemolíticas; Portadores de um longo ducto após junção do colédoco e ducto pancreático. Crianças Muitos anos na presença física de cálculos Programação da cirurgia bariátrica em obesos mórbidos Alto risco de cálculos biliares de colesterol com risco de sintomas na rápida perda de peso Grandes cálculos biliares > 3 cm Risco aumentado de câncer de vesícula biliar Pólipos de vesícula crescendo ou > 1 cm Risco aumentado de câncer de vesícula biliar Pólipos de vesícula (até < 1 cm) e cálculos biliares Alto risco de câncer de vesícula biliar Indígenas americanos Maior risco de câncer de VB Anemia falciforme Formação de cálculos biliares por hemólise Pequenos cálculos biliares com dismotilidade de vesícula biliar Aumento do risco de pancreatite aguda biliar Conduta nos pacientes sintomáticos: 1. Colelitíase sintomática sem complicações: um ou mais episódios típicos de dor em cólica. Primeira linha: analgésicos não narcóticos de ação rápida, exemplo: AINES - são superiores aos antiespasmódicos. Caso os AINES sejam ineficazes ou contra indicados, utilizar opióides (meperidina, butorfanol, hidromorfona). Kawanny Arruda, FITS. 2. Tratamento definitivo: colecistectomia. Mais seguro: colecistectomia videolaparoscópica (VL) e colecistectomia por pequena incisão (<8 cm de comprimento). 3. Paciente com cólica biliar: colecistectomia dentro de 24 horas; 4. Pacientes com colecistite aguda: 24 a 72 horas → cirurgia deve ser precoce, realizada em cerca de 1 semana do início da dor; 5. Pacientes com pancreatite aguda: em 48 horas. Uso de medicamentos orais para cálculos biliares de colesterol, como o ácido ursodesoxicólico, é sugerido atualmente para um pequeno subgrupo de indivíduos com cálculos de colesterol pequenos (≤ 5 mm de diâmetro ou <1,5cm) e não calcificados, em uma vesícula biliar funcionante, com ducto cístico “patente”, que não podem ser operados. Os ácidos biliares orais são capazes de reduzir a secreção hepática do colesterol biliar e dessaturar a bile da vesícula biliar. ➔ Fazer uso durante 2 anos, no mínimo; ➔ Vesícula precisa estar funcionante; ➔ Alto custo e chance de recidiva. COMPLICAÇÕES DOS CÁLCULOS BILIARES COLECISTITE AGUDA DEFINIÇÃO Inflamação aguda da vesícula biliar em que cálculos ou lama biliar acaba obstruindo o ducto cístico.É raro mas podem ocorrer complicações: empiema, colecistite enfisematosa, gangrena, perfuração, abscesso pericolecístico, peritonite aguda, fístulas colecistoenteréricas e íleo biliar. ★ Aproximadamente 25% dos pacientes com colelitíase desenvolvem colecistite aguda em algum momento da vida (geralmente após surtos repetidos de cólica biliar). ★ O agente mais encontrado nos quadros inflamatórios é Escherichia coli (41%), em seguida, Enterococcus (12%), Klebsiella (11%) e Enterobacter (9%). SINTOMAS São bem inespecíficos: náuseas, sensação de estufamento abdominal e dorno hipocôndrio direito. Acólica biliar é descrita como uma dor intermitente, de forte intensidade, localizada no hipocôndrio direito ou epigastro e ocorrendo 15 a 30 minutos após a refeição, frequentemente com irradiação para o dorso. A dor persiste por cerca de 3 a 4 horas e pode estar associada a náuseas e vômitos. DIAGNÓSTICO Feito com os critérios diagnósticos (A, B e C).A) Sinais locais de inflamação: sinal de Murphy e Massa, dor e plastrão (zona de enduração de um marco inflamatório) no QSD; B) Sinais sistêmicos de inflamação: febre, elevação de proteína c-reativa e leucocitose. C) Exames de imagem sugestivos de colecistite. Suspeita diagnóstica = um sinal do item A e um sinal do item B Diagnóstico definitivo = um sinal do item A e um sinal do item B + C A ultrassonografia abdominal (US) é o teste diagnóstico padrão para a identificação de cálculos. Nos casos em que o paciente apresenta sintomas característicos e US da vesícula e da árvore biliar com cálculos, deve-se priorizar a intervenção cirúrgica. Os exames laboratoriais de colecistite: ★ 12.000 a 15.000 leucócitos/mm3 (se a leucometria for muito alta, suspeitar de perfuração); ★ aumento discreto nos níveis de bilirrubina (se for maior do que 4 mg/dL, suspeitar de coledocolitíase associada); ★ Aumento discreto nos valores de fosfatase alcalina e AST (aspartato amino- transferase) e elevação da amilase sérica, que não indica necessariamente pancreatite aguda. TRATAMENTO Cuidados de suporte, antimicrobianos, monitoramento de parâmetros vitais e hemodinâmica.★ Colecistectomia precoce não pode ser realizada em até 72h do início dos sintomas? esperar após 6 semanas → risco de morbidade. COLECISTITE CRÔNICA DEFINIÇÃO É uma complicação frequente, secundária a episódios recorrentes de colecistite aguda ou presença prolongadade cálculos biliares. Kawanny Arruda, FITS. TRATAMENTO MANEJO) Colelitíase sintomática sem complicações: um ou mais episódios típicos de dor em cólica.Primeira linha: analgésicos não narcóticos de ação rápida, exemplo: AINES - são superiores aos antiespasmódicos. Caso os AINES sejam ineficazes ou contra indicados, utilizar opióides (meperidina, butorfanol, hidromorfona). ★ O tratamento cirúrgico indicado na colecistite crônica é a VL COLEDOCOLITÍASE DEFINIÇÃO Seria a presença de cálculos biliares no ducto biliar comum. Pode ser algo exclusivo do ducto biliar comum, ouseja, uma condição primária. Mas, também pode ser complicação secundária → cálculo da vesícula biliar que migrou. ★ A pressão ductal biliar normal é de 7 a 14 cmH2O; quando a pressão intraductal excede 25 cmH2O, pode ocorrer refluxo colangiovenoso e colangiolinfático, levando a bacteremia e endotoxemia. ★ Complicação primária ⇒ estase e infecção biliar secundária (formados por pigmento biliar devido à desconjugação bacteriana da bilirrubina). SINTOMAS CLÍNICOS Dor em hipocôndrio direito, icterícia, colúria, acolia fecal, prurido e sinais de infecção sistêmica. DIAGNÓSTICO Estudos laboratoriais anormais sugestivos de infecção e de obstrução biliar, com exames de imagemcom dilatação de via biliar, confirmam o diagnóstico. ● Hiperbilirrubinemia (predomínio da fração direta), em geral oscilando entre 2 e 5 mg/dL. ● O valor da enzima que mais se eleva é o da fosfatase alcalina (> 150 U/L), mas aumentos moderados dos níveis das transaminases (> 100 U/L) também são registrados e podem ocasionar falso diagnóstico de doença hepática. TRATAMENTO VL com colangiografia intraoperatória, com ou sem CPRE pós-operatória, parece ser a abordagemmais custo-efetiva. PANCREATITE BILIAR AGUDA DEFINIÇÃO A doença biliar, particularmente microlitíase, é uma das principais causas de pancreatite aguda.★ Ultrassonografia endoscópica e CPRM são as técnicas de imagem preferidas para detectar cálculos no ducto biliar em pacientes com pancreatite biliar em risco de coledocolitíase. ★ A CPRE precoce (dentro de 24 horas após a admissão) com papilotomia para remover cálculos no ducto biliar é recomendada se houver presença de pancreatite aguda biliar e colangite concomitante. ➔ Síndrome de Mirizzi: quando um cálculo impacta no ducto cístico ou na bolsa de Hartmann e leva a compressão e obstrução do ducto hepático comum ou do ducto biliar comum. ➔ Carcinoma vesicular ➔ Vesícula em porcelana ➔ Colangite recorrente biliar OBJETIVO 4) Diferenciar colecistite e colangite (definição, etiopatogenia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento) COLECISTITE COLANGITE AGUDA DEFINIÇÃO Inflamação aguda da vesícula biliar em que cálculos ou lama biliar acaba obstruindo o ducto cístico. É raro mas podem ocorrer complicações: empiema, colecistite enfisematosa, gangrena, perfuração, abscesso pericolecístico, peritonite aguda, fístulas colecistoenteréricas e íleo biliar. ★ Aproximadamente 25% dos pacientes com colelitíase desenvolvem colecistite aguda em algum momento da vida (geralmente após surtos repetidos de DEFINIÇÃO É uma síndrome clínica em que são observadas: febre + icterícia + dor abdominal devido a estase (estagnação) e infecção do trato biliar. Ocorre, principalmente, pela obstrução do trato biliar. É uma infecção bacteriana da bile fruto de obstrução da via biliar que é quase sempre devido ao cálculo no colédoco. Kawanny Arruda, FITS. cólica biliar). PATOGÊNESE Cálculo impactado no infundíbulo da vesícula ou no ducto cístico⇒ isso distende a vesícula e gera fortes contrações⇒ causam a cólica biliar. O cálculo comprime a mucosa ⇒ gera edema e ulceração local. Parede da vesícula produz fosfolipase-A2⇒ ela vai agir nas lecitinas da bile ⇒ produz lisolecitina (irrita a mucosa) e prostaglandinas⇒ desencadeando o processo inflamatório. A inflamação aumenta o edema da vesícula e comprime circulações (venosa e linfática). Também ocorre liberação de prostaglandinas. CLASSIFICAÇÃO Edematosa: 2 a 4 dias de evolução; Necrotizante: 3 a 6 dias de evolução; Supurativa: 7 a 10 dias. CLASSIFICAÇÃO Alitiásica: a litíase não é fator desencadeador; Xantogranulomatosa Enfisematosa PATOGÊNESE Para que a colangite se desenvolva, são necessárias duas condições: 1. existência de bactérias no trato biliar; 2. obstrução parcial ou completa. As bactérias originam-se devido à ascensão do duodeno, invadem o sistema porta e alcançam o trato biliar. Embora o sistema biliar seja estéril, havendo alguma doença obstrutiva, a estase predispõe esse sistema à colonização e ao crescimento bacteriano. Os organismos mais encontrados no sistema biliar são E. coli, Klebsiella pneumoniae, Enterococcus e Bacteroides fragilis. Contudo, mesmo com altas concentrações de bactérias nas vias biliares, a colangite não se desenvolve sem elevadas pressões intraductais (de 18 a 29 cm H2O). SINAIS E SINTOMAS São bem inespecíficos: náuseas, sensação de estufamento abdominal e dor no hipocôndrio direito. A cólica biliar é descrita como uma dor intermitente, de forte intensidade, localizada no hipocôndrio direito ou epigastro e ocorrendo 15 a 30 minutos após a refeição, frequentemente com irradiação para o dorso. A dor persiste por cerca de 3 a 4 horas e pode estar associada a náuseas e vômitos. SINAIS E SINTOMAS A tríade de Charcot, composta por febre, dor abdominal ou no hipocôndrio direito e icterícia, ocorre em 50 a 70% dos pacientes com colangite em um atendimento de emergência. ● Havendo febre, dor abdominal e icterícia em 90%, 70% e 60% deles, respectivamente. Hipotensão e alteração do estado mental são observadas quando há sepse, formando, junto com o quadro descrito, a pêntade de Reynolds, a qual evidencia uma colangite supurativa (presença de secreção purulenta em alta pressão com estase biliar). Diagnóstico diferencial: ocorrências de colecistite aguda, abscesso hepático piogênico e cisto de colédoco infectado. DIAGNÓSTICO Feito com os critérios diagnósticos (A, B e C) - segundo TG18. D) Sinais locais de inflamação: sinal de Murphy e Massa, dor e plastrão (zona de enduração de um marco inflamatório) no QSD; E) Sinais sistêmicos de inflamação: febre, elevação de proteína c-reativa e leucocitose.F) Exames de imagem sugestivos de colecistite. Suspeita diagnóstica = um sinal do item A e um sinal do item B Diagnóstico definitivo = um sinal do item A e um sinal do item B + C A ultrassonografia abdominal (US) é o teste diagnóstico padrão para a identificação de cálculos. Nos casos em que o paciente apresenta sintomas característicos e US da vesícula DIAGNÓSTICO Achados laboratoriais: 1. Natureza infecciosa e inflamatória: leucocitose com desvio; 2. Obstrução biliar: padrão colestático das enzimas hepáticas ⇒ elevação de transaminases, fosfatase alcalina, GGT (mulheres: 5-27; homens: 7-24) e hiperbilirrubinemia direta); 3. Amilase sérica: elevado 3 a 4 vezes maior que o normal → pode sugerir associação com pancreatite. SEMPRE fazer hemoculturas ⇒ ajudar na escolha do antibiótico. US: visualizar possíveis cálculos e dilatação do colédoco. ★ US endoscópica é outra opção para a visualização de litíase biliar; Kawanny Arruda, FITS. e da árvore biliar com cálculos, deve-se priorizar a intervenção cirúrgica. Os exames laboratoriais de colecistite: ★ 12.000 a 15.000 leucócitos/mm3 (se a leucometria for muito alta, suspeitar de perfuração); ★ aumento discreto nos níveis de bilirrubina (se for maior do que 4 mg/dL, suspeitar de coledocolitíase associada); ★ Aumento discreto nos valores de fosfatase alcalina e AST (aspartato amino- transferase) e elevação da amilase sérica, que não indica necessariamente pancreatite aguda. A síndrome de Mirizzi é uma complicação rara na qual um cálculo biliar fica impactado no duto cístico ou colo da vesícula biliar, causando compressão do colédoco, resultando em obstrução coledociana e icterícia. CPRE (colangiopancreatografia): para confirmação diagnóstica e instituição terapêutica: esfincterotomia, extração de cálculo e colocação de prótese quando for necessário. TRATAMENTO Cuidados de suporte, antimicrobianos, monitoramento de parâmetros vitais e hemodinâmica. ★ Colecistectomia precoce não pode ser realizada em até 72h do início dos sintomas? esperar após 6 semanas → risco de morbidade. ★ Jejum e hidratação parenteral. ★ PARA DOR: BUSCOPAN. ★ PQ NÃO DAR OPIOIDES PARA PACIENTE COM CÓLICA BILIAR? Contração ⇒ esfíncter de Oddi. ★ Terapia antimicrobiana (ciprofloxacino, amoxicilina-clavulanato, ampicilina/sulbactam ou piperacilina/tazobactam). ★ Colecistectomia videolaparoscópica idealmente dentro das primeiras 72 h do diagnóstico Esquema padrão: ceftriaxona + metronidazol TRATAMENTO O tratamento do paciente com colangite deve ter como base dois princípios: controlar o quadro séptico e corrigir a condição subjacente. CONTROLE DO QUADRO (ANTIBIÓTICO INTRAVENOSO) Tratamento com antibioticoterapia intravenosa e monitoração em setor de cuidados intensivos, com suporte de vasopressores quando for necessário. ★ Os antibióticos mais utilizados são aminoglicosídeos, para gram-negativos, ou associação de ampicilina e gentamicina, objetivando eficácia contra Enterococcus. ★ A monoterapia com pipera- cilina-tazobactam, ampicilina-sulbactam, levofloxacino ou imipenem também são opções disponíveis. ★ A maioria dos pacientes responde a essas medidas. (DRENAGEM DAS VIAS BILIARES) Entretanto, as vias biliares obstruídas devem ser drenadas assim que possível. Deve-se realizar descompressão do trato biliar de forma endoscópica, via trans-hepática percutânea ou cirurgicamente. A escolha do tratamento depende do grau e da natureza da obstrução que o paciente apresenta. A colangite aguda está associada a uma taxa de mortalidade de aproximadamente 5%. Quando ela desenvolve-se junto a falência renal, insuficiência cardíaca, abscesso hepático e malignidades, as taxas de morbidade e mortalidade são muito maiores.
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