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Unip- Universidade Paulista Vinicius Allan Santos Empirismo Brasília - DF 2021 Vinicius Allan Santos Empirismo Relatório final, apresentado a Universidade Paulista, como parte das exigências das práticas como componente curricular. Local, ____ de _____________ de _____. ________________________________________ Vinicius Allan Santos 1. Introdução Sendo a Idade Moderna um período de grandes transformações, tanto nas áreas tecnológicas como em áreas sociais, com grandes revoluções nos pensamentos científicos e filosófico buscando a aquisição do conhecimento verdadeiro da realidade, agora em busca de respostas mais concretas e factuais sobre o conhecimento como um todo, sendo esta nova normativa em busca de respostas essenciais para a ciência, a ética e epistemologia. Para fazer-se valer como nova linha de estudo a grande ideia da era moderna era confrontar o pensamento de Aristóteles que tinha a supremacia dentro da doutrina da Igreja, na Idade Média, assim com essa ruptura houve um novo método de conceber e compreender o conhecimento. Durante o século XVII viu-se nascer também o método experimental com a possibilidade de explicação mecânica e matemática do Universo, dando origem à ciência moderna. A partir mudanças surgiram as duas vertentes do pensamento filosófico moderno o racionalismo e o empirismo. Tendo como objeto de estudo deste trabalho o empirismo, vamos tentar compreender melhor como este pensamento se deu ao longo dos anos através de alguns de pensadores, como Francis Bacon e seus conceitos de ídolos, John Locke com conceito de tabula rasa e David Hume abordando seu ceticismo. O Empirismo tem como principal ideia que o conhecimento humano provém da nossa percepção do mundo aliada a nossa capacidade mental, sendo de grande valia a experiência sensível e concreta como forma de conhecimento e investigação, por tanto o conhecimento vem da razão, da verdade e das ideias racionais, mas sempre de forma que eles estejam de alguma forma aliado à experiência, pois ideias provem de conhecimentos adquiridos ao longo da vida mediante a experiência sensorial e sua reflexão sobre isto. O método empirista então vai se basear em formulação de hipóteses previas baseadas em observação dos fenômenos e assim posteriormente fazendo a verificação de hipóteses com base nos experimentos que reproduzem os fenômenos observados. Por isso o empirismo é um marco na revolução cientifica, a partir da valorização da experimentação agora o conhecimento científico, que antes se contentava em contemplar a natureza apenas, a faz dominá-la, buscando reproduzir seus fenômenos e resultados práticos. 2. O pensamento Empirista Se fosse para definir o empirismo com uma palavra, ela com absoluta certeza seria experiência, a base deste pensamento é que somente o experimentar através de percepções sensoriais é nos trará a luz respostas concretas sobre os conhecimentos e sobre a consciência da realidade como colocado por Hume. Assim como a ciência do homem é o único fundamento sólido para as outras ciências, assim também o único fundamento sólido que podemos dar a ela deve estar na experiência e observação. [...] Parece-me evidente que, a essência da mente sendo-nos tão desconhecida quanto a dos corpos externos, deve ser igualmente impossível formar qualquer noção de seus poderes e qualidades de outra forma que não seja por meio de experimentos cuidadosos e precisos, e da observação dos efeitos particulares resultantes de suas diferentes circunstâncias e situações. [...], ainda assim é certo que não podemos ir além da experiência. E qualquer hipótese que pretenda revelar as qualidades originais e últimas da natureza humana deve imediatamente ser rejeitada como presunçosa e quimérica. (T, Introdução, XVI, XVII, XIX). Esta ideia de experimentação se dá após o homem adquirir um considerável poder sobre a natureza e realidade podendo através da ciência reproduzir experimentos que antes só ocorriam de forma natural nascendo a ideia da experimentação como forma de produção de conhecimento construindo a ideia que agora o homem pode ter domínio técnico sobre tanto a natureza quanto a sociedade, surgindo assim um novo conceito de ciência já que agora a realidade pode ser inteiramente representada e reproduzida de certa forma pelos conceitos elaborados, havendo a possibilidade de intervir e alterar essa realidade. Sendo que ao longo do sec. XVII houve a separação entre ciência e filosofia, graças a este pensamento a temos a base da ciência que temos hoje, baseada em comprovações por métodos. O debate entre empirismo como antítese do racionalismo é antigo, colocando um pensamento em oposição direta ao outro dando a entender que apenas uma destas visões de mundo se faz possível, haja vista que o racionalismo tem como premissa apenas a razão como fonte de conhecimento, partindo de logicas dedutivas como pressuposto teórico para formulação de suas teses e já no empirismo temos a experiência como premissa básica do conhecimento e formulação teórica a partir destes fatores, mas que devem ser comprovadas e reproduzidas, sendo que ao se dar ênfase na experiência não indica um abandono total da razão, sendo muitas vezes com a pratica sendo complementada pelo raciocínio logico é o que nos faz gerar o conhecimento. Para tanto vamos analisar os fundamentos de alguns dos principais autores empiristas. 3. John Locke Nascido na Inglaterra em 1632, Locke era filho de um advogado e capitão da cavalaria, estudou e se formou-se em filosofia e medicina, pela Christ Church College, da Universidade de Oxford, sendo grande estudioso dos pensamentos de descartes, que o influenciou a estudar a teoria do conhecimento chegando a se tornar membro da academia cientifica da sociedade real de Londres. Tendo que se afastar de Londres alguns anos depois devido a divergências políticas contra o monarca Carlos II e Jaime II, Locke se refugia nos Países baixos retornando a seu país logo após a coroação do rei Guilherme III e a instauração de um regime de monarquia constitucional ao qual ajudou a redigir. Muito se atribui a Locke o conceito de que uma criança é como uma “tabula rasa”, mesmo não havendo nada em seus escritos diretos possuindo estes termos, sendo sua principal referência a este conceito encontrado em seu livro Alguns pensamentos sobre a Educação. Mas tendo aqui apenas algumas visões gerais tendo como alvo a educação, em referência ao fim principal, e estas tendo sido planejadas para o filho de um cavalheiro, o qual, sendo tão pequeno, eu considerei simplesmente como um papel em branco, ou cera, para ser moldado e arrumado como se preferir(Locke, 2000) Este conceito está ligado ao contraponto colocado por ele em relação doutrina cartesiana de ideias inatas sendo colocado como base do conhecimento as experiências sensíveis, sendo as ideias complexas apenas fusões e combinações destas experiências em relação as suas percepções sensoriais, rejeitando os pontos de vista metafísicos anteriormente colocados pelos racionalistas Para Locke, existem dois tipos de conteúdo da nossa experiência e só um deles advém da interação com o mundo mas não somente deste exclusivo processo, deve-se entender que outra fonte de experiência é a reflexão, sendo o conhecimento só sendo efetivamente formado após a reflexão acerca do que foi experimentado, este processo não é unicamente externo à mente que pensa, a mente possui um conjunto de ideias estabelecidas em experimentações anteriores e assim sendo através desta fonte de ideias é que um novo conceito ou conhecimento éadquirido, como descrito por Locke. É sobre estas impressões, provocadas pelos objetos exteriores nos nossos sentidos, que a mente parece primeiramente aplicar-se, nesse tipo de operações que chamamos perceber, recordar, considerar, raciocinar (LOCKE, 2010, p. 125) Apesar do conceito de tábula rasa tradicional não estar presente em sua obra literalmente, observa-se que este conceito ainda está atrelado as ideias de Locke, mesmo que majoritariamente em seu sentido educacional e não diretamente a ordem lógica e epistemológica de suas ideias, sendo colocado que em nenhum momento há a presença de uma mente totalmente vazia em si, seja nos primeiros momentos da vida, haja vista, que havendo consciência todo ser recebe estímulos de seu meio externo(ainda que seja um feto) e sendo assim há influência de seu meio externo, não havendo uma presença de uma mente totalmente vazia. Portanto o que podemos perceber é que para Locke estas concepções iniciais presente na mente em formação que antes eram colocadas como ideias inatas na mente, sendo inerentes a outros fatores, para ele eram na verdade uma percepção sensível e sua reflexão a certa daquilo, mesmo que de maneira indireta, assim sendo adquiridos os conhecimentos por parte do indivíduo. Essa tese então sobre uma mente totalmente branca, ou uma mente livre de conhecimento, não deve ser visto como verdadeira no sistema Lockeano. 4. Francis Bacon Francis Bacon nasceu, em 1561 em York House, Inglaterra filho de nobres pertencentes a realeza. Tendo uma formação acadêmica humanística, formou-se em direito, havendo estudado na Universidade de Cambridge, sendo político absolutista participou ativamente de cargos públicos em varia áreas do campo do direito e até mesmo participou do parlamento inglês. Sendo acusado de corrupção e suborno, foi condenado e perdeu seus direitos políticos e a partir daí dedicou-se inteiramente ao estudo da filosofia cientifica e as ciências políticas sendo principal obra foi uma coleção de 58 ensaios, publicada, na sua versão completa, em 1612. Sendo um forte entusiasta da ciência a inspirado por grandes evoluções tecnológicas, para Bacon a ciência poderia e teria obrigação de transformar a vida da humanidade. Sendo assim fez uma grande revisão de conceitos e estudos sobre filosofia buscando compreender o motivo por que a filosofia não estava diretamente ligada e motivada em melhorar as condições da vida humana. Neste sentido que Bacon formula a teoria dos ídolos. Usando a ideia de ídolos para designar as ilusões ou as falsas noções que impedem e afastam o home do conhecimento real, sendo o caminho para este se libertar destes ídolos para alcançar o verdadeiro conhecimento. Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto humano e nele se acham implantados não somente obstruem a ponto de ser difícil o acesso da verdade, como, mesmo depois de seu pórtico logrado e descerrado, poderão ressurgir como obstáculo à própria instauração das ciências, a não ser que os homens, já precavidos contra eles, se cuidem o mais que possam (Bacon, 1997, p. 39) Dentro deste conceito de ídolos ele atribuiu quatro distinções entre eles, sendo Ídolos da tribo, Ídolos da caverna, Ídolos do fórum ou do mercado e Ídolos do teatro. Sendo estes a grande barreira entre o homem e o real conhecimento filosófico e científico sólido e seguro e sua remoção levaria a construção do verdadeiro saber. Sendo ídolo da tribo as noções intrínsecas relativas a natureza humana, surgindo ao se buscar a natureza das coisas pelos olhos do homem, e não pela própria natureza em si, criando-se assim paralelos que não existem, pois cria-se aí a uma teoria a luz de sua própria percepção e moldando suas concepções e fazendo com a natureza se ajuste a vontade do homem, e não o contrário como observado na fala de Bacon(1997, p. 40) “Os ídolos da tribo estão fundados na própria natureza humana, na própria tribo ou espécie humana. É falsa a asserção de que os sentidos do homem são a medida das coisas”. Se contrapondo ao pensamento filosófico de Protágoras. Fazendo alusão ao mito da caverna de Platão, o Ídolo da caverna é diretamente ligado a noções falsas decorrente das características individuais de cada um, como sua constituição física e mental e até mesmo pelas influências do meio ao qual o indivíduo está inserido sócia e culturalmente. Sendo ilusões individuais que os fazem perceber o mundo através de crenças individuais e assumindo-as como a verdade observada no mundo buscando evitar ideias alheias que confrontem sua visão de mundo, assumindo assim sua interpretação da realidade como verdade real, ou seja “Os ídolos da caverna são os dos homens enquanto indivíduos”. (Bacon, 1997, p.40) Uma vez que como seres sociais, ou seja, precisamos interagir de alguma forma com outros indivíduos como em mercado ou praça temos o conceito de Ídolos do fórum ou do mercado sendo este oriundo de falsas noções ligadas as relações entre os indivíduos através de interações de qualquer tipo, forçando o homem em a distorcer sua percepção da realidade e acreditando em suas “fantasias mentais”. Isto está ligado a imperfeições da comunicação humana ou até mesmo a má conduta em dialogo, causando assim uma interpretação errônea da natureza a sua volta, como dito por Bacon (1997, p. 41) “...as palavras forçam o intelecto e o perturbam por completo. E os homens são, assim, arrastados a inúmeras e inúteis controvérsias e fantasias”. Ideias derivadas de doutrinas filosóficas e científicas que partem de premissas falsas, geralmente ligadas as tradições antigas geram uma sensação de autoridade sobre o indivíduo e assim nublando sua visão real sobre o mundo a sua volta em nome de uma fé ou tradição sendo asa impressões da realidade geradas por premissas falsas e criando um mundo de ficção teatral, sendo assim este é considerado o ídolo do teatro. Aqui devemos ressaltar que Bacon está relacionando aqui as tradições antigas a mitos ou até mesmo fabulas utilizadas como fonte primaria de explicação para acontecimentos da realidade, muitas vezes entrando em contradição com a própria ciência pragmática, como visto no trecho. Por parecer que as filosofias adotadas ou inventadas são outras tantas fábulas, produzidas e representadas, que figuram mundos fictícios ou teatrais. Não nos referimos apenas às que ora existem ou às filosofias e seitas dos antigos. Inúmeras fábulas do mesmo teor se podem reunir e compor, porque as causas dos erros mais diversos são quase sempre as mesmas. Ademais, não pensamos apenas nos sistemas filosóficos, na sua universalidade, mas também nos numerosos princípios e axiomas das ciências que entraram em vigor, mercê da tradição, da credulidade e da negligência (Bacon, 1997, p. 41; grifos do autor) Este conceitos dos ídolos importante para a ciência como um todo, pois antes mesmo de promover uma teoria deve-se fazer uma auto reflexão e estar atento às reais e possíveis falhas humanas dentro dos processos e assim reduzi-las sempre buscando o verdadeiro conhecimento, assim sendo todo produtor de saber deve sempre estar ciente que ele está à mercê destes seus ídolos considerando sempre que aquilo que ele produz não representa o autêntico saber, sendo o conhecimento sistemático o melhor caminho para a aproximação entre o saber real e o saber produzido, deve ser partir de experiências particulares e a partir daí encontrar padrões universais, sendo este o método cientifico hoje mais utilizado conhecido como método indutivo. 5. David Hume Nascido em 1711, David Hume era originário da Escócia filho de um prestigiado advogado. Hume era um grande prodígio tendo entrado na universidade com apenas 13 anos, estou direito na universidade de Edimburgo, mas abandonou o curso após 2 anos, buscando o seu estudo individualmentee se voltando ao estudo da área da filosofia, matemática, história e ciências naturais. Em 1734, viaja a França, tendo como objetivo se aprofundar em seus estudos e depois ao retornar a Inglaterra inicia seu trabalho junto ao general S. Clair como secretário e em 1752 se torna bibliotecário na biblioteca de Edimburgo, onde escreveu a maioria de suas obras. Sendo um dos principais expoentes da corrente filosófica empirista, Hume propõe que todo conhecimento se origina a partir dos sentidos, indo de encontro direto ao pensamento cartesiano presente nos racionalistas, que acreditavam que o conhecimento viria da razão, para ele as sensações despertam emoções assim sendo as ideias derivam-se desta combinação sensorial e emocional, ou seja, se tornam como impressões gravadas na memória, entendo que estas emoções são mais importantes na construção de conhecimento, colocando as ideias como uma forma fraca de conhecimento, já que elas são armazenadas na mente a partir de imagens ou imaginários pré-existentes, sendo assim são relembrados de forma mais branda e não possuem tanto impacto direto na nas reflexões especialmente quando se trata de temas não relacionados diretamente ao indivíduo em questão. podemos, pois, dividir aqui todas as percepções da mente em duas classes ou tipos, que se distinguiram pelos diferentes graus de força e vivacidade. As menos intensas e vivas são comumente designadas pensamentos ou idéias. O outro tipo carece de nome em nossa língua […] usaremos, pois, de um pouco de liberdade e chamemo-lhes de impressões. (HUME, 1998, p. 24) Assim sendo, todo conhecimento para Hume é sempre baseado na experimentação e nos sentimentos, partindo e derivando das mesmas, havendo por tanto impacto direto na ciência moderna que muito se baseia nos ideais empiristas. A ciência gira em torno de experimentos e partir deles(experimentação) é que se formulam teorias, sendo estas comprovadas através de demais reproduções destes mesmos experimentos, concluindo assim a prova da teoria e consolidando a eficácia de seus pensamentos. As ideias de Hume o classificam como um pensador extremamente cético, sendo ele mesmo que se autodenomina um cético no final do livro I do Tratado caracterizando seus preceitos filosóficos como céticos (cf. HUME, 2000, p.178 e 413). Está ideia de ceticismo sobre a razão, se dá ao fato de que mesmo as regras sendo certas e infalíveis dentro das ciências demonstrativas, os indivíduos que as estudam são falíveis e incertos, muitas vezes cometendo erros. Precisamos, sempre de um segundo julgamento onde duvidamos da execução procedimental durante os experimentos, podendo este segundo julgamento ser feito junto com os colegas ou apenas um reflexão própria. Tanto quanto mais revisões feitas temos um aumento gradativo na segurança sobre que está sendo estudado. A inferência feita por Hume nesta constante revisão sobre os estudos, não o torna um cético em seu sentido total e literal daqueles colocam tudo como incerto e que toda medida humana é falha, não acreditando em nada. Se assim o fosse ele seria aquele que nunca age, sendo que, a natureza, nos força a agir, pois temos a capacidade de julgamento presente em nossa natureza humana, tanto quanto respirar e sentir, aproximando-se assim de ideias naturalistas e funcionando como alerta contra os dogmatismos fugindo de superstições religiosas tanto quanto contra os sistemas filosóficos abstratos e quiméricos. Este Pensamento de Hume sobre revisão de dados, se tornou fundamenta para ciência experimental de galileu e ainda é utilizado até hoje em trabalhos científicos com orientadores e revisão em pares, fazendo assim que ela se torne cada vez mais distante de crenças e seja mais pautada em sistematizações e aplicações de experimentos com conclusões teóricas sólidas. 6. Considerações finais O embate dos ideais racionalistas e empiristas sobre a origem do conhecimento si parte da diferenciação entre aqueles que creem que a razão (Racionalistas) é a fonte do conhecimento e outros já colocam que a fonte do conhecimento a experiência (Empiristas), mas o empirismo não se resume única e exclusivamente na experimentação e em suas sensações, como observado em 3 diferentes pensadores temos formas distintas de refletir sobre esse conceito. Trazendo a luz o real conceito atribuído a John Locke sobre tabula rasa, é visto o conceito de sensações para ele é anterior até o nascimento, sendo as percepções sensoriais formadoras de opinião presente até no feto, mas aqui compreende-se que o real aprendizado é feito através das reflexões sobre essas sensações experimentadas e não puramente delas em si, sendo assim segundo Locke só real aprendizado quando se faz essa autorreflexão a certa das vivencias. Passando pelo crivo desta autorreflexão pode-se apontar o conceito de Bacon sobre os ídolos, aqui deve-se observar que ter ciências de suas “falhas” humanas é essencial para que a reflexão sobre os fenômenos naturais não seja maculadas pelos nossos ídolos, sempre fugindo deles e possuindo uma visão mais realista e menos humanista na hora de formar as teses após a observação de um experimento e formulação de teses, construindo assim um conhecimento mais puro e real sobre a realidade. Para tentar fugir destes ídolos e refinar o conhecimento pode-se compreender neste sentido o ceticismo proposto por Hume, ceticismo este, moderado que traz a ideia de revisões dos conhecimentos, várias vezes, tantas quantas forem necessárias, haja vista que em seu ideal Hume gostaria que as revisões fossem infinitas, na pratica isto se torna impossível, mas quanto mais revisões mais próximo se está de um conhecimento puro, sem maculação da medida humana. Pode-se entanto concluir que mesmo havendo conceitos distintos entre estes filósofos de alguma suas ideias se complementam muito, tornando assim o pensamento empírico mais crível e real, do que somente algo no campo das ideias, inclusive podendo-se utilizar em certe medida uma complementação entre o pensamento empirista e o pensamento realista. Assim a desqualificação epistêmica das teorias empiristas pode ser minimizada se for entendida de forma mais branda do que literalmente proposto por seus pensadores, assim não fazendo apenas um embate direto de ideias frente ao realismo, mas sim em alguma medida se complementando em seus nuances. Podendo ser o caminho da moderação o segredo para uma boa aplicação do pensamento empírico em outras áreas do conhecimento como posto na The Scientific Image (p. 88) Na medida em que forem além da consistência, da adequação empírica e da força empírica, elas [as virtudes] não dizem respeito a relação entre a teoria e o mundo, mas ao uso e a utilidade da teoria Fornecem razões para se preferir a teoria independentemente das questões sobre a verdade 7. Referências bibliográficas VAN FRAASSEN, B C 1980 The Scientific Image Oxford, Clarendon Press HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano. Lisboa: Edições 70, 1998. HUME, D. (2000) A Treatise of Human Nature. ed. David and Mary Norton. New York: Oxford University Press. BACON, F. Novum Organum ou Verdadeiras Indicações acerca da Interpretação da Natureza; Nova Atlântida. São Paulo: Nova Cultural, 1997. 255p. HUME, David. Investigações sobre o Entendimento Humano e sobre os princípios da Moral. 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